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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANDERSON MATIAS DOS SANTOS


ARTHUR VICENTINI DE OLIVEIRA
VICTOR AMIR CARDOSO DORNELES

RELATÓRIO GEOLÓGICO DA REGIÃO DE AZAMBUJA,


BRUSQUE (SC)

Curitiba
Outubro de 2018
ANDERSON MATIAS DOS SANTOS
ARTHUR VICENTINI DE OLIVEIRA
VICTOR AMIR CARDOSO DORNELES

RELATÓRIO GEOLÓGICO DA REGIÃO DE AZAMBUJA,


BRUSQUE (SC)

Relatório apresentado como requisito parcial à


disciplina de Relatório Geológico (GC124) e
conclusão do curso de Bacharelado em Geologia,
Setor de Ciências da Terra na Universidade Federal
do Paraná.

Orientadores: Prof. Dr. Elvo Fassbinder


Profª. Drª. Geane Carolina
Gonçalves Cavalcante

Curitiba
Outubro de 2018
“I was served lemons, but I made lemonade.”

Hattie White
AGRADECIMENTOS

A execução deste trabalho não seria possível sem os esforços ao longo de um


ano todo, bem como sem a colaboração de diversas pessoas e instâncias.
Agradecemos, primeiramente, a Universidade Federal do Paraná, pela estrutura
oferecida e a oportunidade de cursar com excelência um curso gratuito em Geologia.
Ao Departamento de Geologia, por nos oferecer o conhecimento durante os cinco
anos de graduação e os materiais necessários para elaboração desse trabalho.
Aos professores que sempre se demonstraram disponíveis e prezaram pelo
desenvolvimento prático-científico dos alunos, em especial aos professores De. Carlos
Eduardo de Mesquita Barros, Dr. Elvo Fassbinder e Dra. Geane Carolina Gonçalves
Cavalvante, pela orientação e discussão acerca do conhecimento geológico.
Às técnicas do LAMIR pelo auxílio na confecção das lâminas; e aos membros do
LPGA pela disponibilização de dados geofísicos.
Aos motoristas da CenTran/UFPR, os quais nos acompanharam nas etapas de
campo e foram sempre solícitos.
À Reserva da Biosfera da Mata Atlântica por nos possibilitar mapear afloramentos
de difícil acesso, mas também por mostrar esse incrível trabalho de conservação e
conscientização do meio ambiente, que o Brasil tanto necessita.
Agradecemos também aos nossos familiares pelo apoio e compreensão pelas
ausências em eventos familiares.
Aos amigos e colegas da turma de mapeamento pelas trocas de informações
geológicas.
E por fim, mas não menos importante, aos demais amigos da Geologia e fora dela,
pelas horas de descontrações proporcionadas e pelo apoio que nos ajudaram a seguir
em frente.
RESUMO

O Complexo Metamórfico Brusque (CMB) compreende uma sequência


metavulcanossedimentar de aproximadamente 75 km de extensão, orientada na direção
NE-SW, situado no Escudo Catarinense, limitado a noroeste pela Zona de Cisalhamento
Itajaí-Perimbó e a sudeste pela Zona de Cisalhamento Major Gercino, sendo intrudido
em sua porção central pelos granitos brasilianos Valsungana, Compra Tudo e Serra do
Macacos. A importância de se estudar tal complexo se dá na contribuição de novas
informações das porções deformadas de cinturões neoproterozoicos do sul do Brasil.
Com base nisso, realizou-se o mapeamento geológico em escala 1:10.000 da região de
Azambuja, localizada no centro-sul da cidade de Brusque (SC), com objetivo de
caracterizar a evolução metamórfica e estrutural da porção central do CMB pertencente
à Fm. Botuverá. As duas etapas de campos foram realizadas com auxílio de
fotointerpretação da região e imagens de radar, além de mapas geofísicos para definir
estruturas e contatos litológicos. Foi identificada na sequência metassedimentar uma
grande variedade de xistos que foram agrupados em dois grandes domínios: um de
predominância quartzo e outro de predominância de muscovita e biotita.
Subordinadamente, há ocorrência de hololeuco -álcali feldspato granitos, estes como
corpos lenticulares intrudidos paralelamente à xistosidade principal. A faixa do Suíte
Valsungana que ocorre na área de estudo possui duas grandes fácies mapeadas:
monzo-sienogranito e quartzo-sienito. No contato entre a sequência metassedimentar e
o granito Valsungana encontram-se rochas hornfélsicas, em uma faixa com ca. de 1 km
de largura. Ocorre a predominância de foliação de xistosidade (S2) em toda a extensão
do CMB, apresentando direção média NE, sendo a S2 localmente intersectada por uma
foliação do tipo clivagem de crenulação (S3). Também foram descritas as foliações S4 e
S5, além de uma foliação milonítica (Sm) de ocorrência incipiente no extremo noroeste
área, definindo a Zona de Cisalhamento Itajaí-Mirim. Também ocorrem vários estilos de
dobras, com diferentes geometrias e atitudes de planos axiais e de charneiras. Essas
estruturas foram formadas pela deformação progressiva anisotrópica das rochas
metamórficas, originada pelo fechamento do Oceano Adamastor e da bacia de Brusque
em consequência da colisão oblíqua dos crátons do Rio de la Plata e do Kalahari, no
ciclo Brasiliano no Neoproterozoico. Já a foliação S5 pode estar relacionada ao colapso
de orógeno, em um regime pós-colisional. Além disso, dois tipos de metamorfismo foram
considerados, um regional de fácies xisto verde causado pela influência das zonas de
cisalhamentos limítrofes e o próprio desenvolvimento do CMB que originou os xistos, e
um termal derivado da intrusão do Valsungana que resultou na geração dos hornfels.
Mesmo com ocorrência de ouro na região, a área possui maior potencial econômico em
produtos voltados à construção civil. Em se tratando de uma região de clima quente e
temperado com índice de pluviosidade alto em todas as estações, foram observados
significativos movimentos gravitacionais de massa em todas as unidades litológicas,
predominantemente na porção granítica, logo, faz-se necessário uma análise de riscos
para a mitigação de futuros desastres na região.

PALAVRAS-CHAVE: MAPEAMENTO GEOLÓGICO, PETROLOGIA METAMÓRFICA,


SUÍTE VALSUNGANA
ABSTRACT

The Brusque Metamorphic Complex comprises of a metavolcanic-sedimentary rocks with


na extension of ca. 75 km, with a NE-SW directional trend, situated at the Catarinense
Shield, limited at northwest by the Itajaí-Perimbó Shear Zone and at southeast by the
Major Gercino Shear Zone, being intruded by the Valsungana, Compra-Tudo and Serra
dos Macacos granites in the center of the complex. New studies at the Brusque Complex
are important to better understand the Neoproterozoic belts at the South region of Brazil.
Based on this, it was realized the geological mapping in a 1:10,000 scale at the Azambuja
region, located at the south of Brusque city at the Santa Catarina state to characterize th
metamorphic and structural evolution of the central portion of the metamorphic complex.
The initial part of the mapping was made with photointerpretation of the área and with
radar images, and also with aerogeophysical maps to delimit structures and lithological
contacts, assiting the two fieldworks done at the first semester of 2018. At those
fieldworks were identified a variety of schists in the metassedimentary sequence which
were grouped within two major domains: one that consists predominantly of quartz and
other that consists of muscovite and biotite. There is a minor ocurrence of hololeucocratic
alcali feldspar granites as lenticular bodies intruded paralel to the schistosity of the
metapelitic rocks. The Valsungana Suite in the area comprises of two mapped facies:
monzo-sienogranite and quartz-sienite, both bearing biotite and with álcali feldspar
phenocrysts with a NE orientation. At the contact of the granites with the schists there is
a zone of hornfels rocks with width of ca. 1 km. The predominant structure in the
metapelites is the main schistosity (S2), with and NE directional trend, commonly
crenulated and folded, and locally the schistosity is intersected by a crenulation cleavage
(S3). Minor restricted structures occurs as a foliation preserved as intra-S2 isoclinal folds,
very subertical NS S4 foliation and sub-horizontal S5 foliation. There is also a milonitic
foliation (Sm) that defines the Itajaí-Mirim Shear Zone, which intersects the extrem
northwest of the area. The area also has a lot of fold styles, with a variety of shapes and
axial plane and hinge measurements. These structures were made by a progressive
anisotropic deformation in the metamorphic rocks, originated by the closure of the ancient
Adamastor Ocean and the sedimentar basin of Brusque, consequence of the oblique
colision of the Rio de la Plata and Kalahari craton during the Brasiliano cycle, at the
Neoproterozoic. During the orogenic colision occured two major metamorphic events: the
first is a regional metamorphism of green schist facies and at the garnet zone that
originated the metapelitic rocks, and the other is the thermal metamorphism by the
intrusion the syn-orogenic I-type Valsungana granites resulting in a zona of hornfels. As
the Brusque region have a hot and temperate climate with high pluviometric levels all the
year, the area is susceptible to gravitational mass movements, which were mapped at
the entire area, especially in the granitic lithology. Risk analysis are necessary to mitigate
future geological disasters.

KEY-WORDS: GEOLOGICAL MAPPING, METAMORPHIC PETROLOGY,


VALSUNGANA SUITE
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização da área IV, região de Azambuja, município de Brusque-


SC. ................................................................................................................................ 20

Figura 2 - Material e métodos do mapeamento da área IV. .......................................... 21

Figura 3 - Mapas aerogeofísicos da área IV. (a) mapa do ternário RGB com R: K, G: eTh,
B: eU, ressaltando os granitoides em tons azulados a esbranquiçados (alto eU e dos três
elementos, respectivamente); (b) mapa reduzido ao polo da inclinação do sinal analítico
do gradiente horizontal total (RTP-ISA-GHT). ............................................................... 22

Figura 4 - Classificação fitoecológica do projeto RADAMBRASIL para a vegetação


brasileira (Manual Técnico Da Vegetação Brasileira – IBGE, 2012). ............................ 24

Figura 5 – Fotografias de unidades geomorfológicas da área de mapeamento. (a) relevo


acidentado da região de Brusque mostrando cristas e cumes; (b) morros de topos
aguçados; (c) ocorrência de ravinamento no ponto 155-IV-2018 .................................. 26

Figura 6 - Modelo digital de elevação da área IV. (a) mapa de elevação da área; (b) mapa
de declividade, com índices de declividade segundo Embrapa (1979). ........................ 26

Figura 7 - Representação esquemática dos crátons e dos cinturões orogênicos durante


a formação do Gondwanaland. Em vermelho está em destaque a Província Mantiqueira.
(Phillip et al., 2016) ........................................................................................................ 27

Figura 8 - Mapa geológico do Escudo Catarinense com a compartimentação do CDF e


em destaque as zonas de cisalhamento que limitam, a norte, a Bacia de Itajaí e, a sul, o
Batólito Florianópolis, proposta por Basei (1985) (modificada de Basei et al., 2011). ... 28

Figura 9 - Mapa geológico do CDF em Santa Catarina, com detalhamento das formações
que compõem o CMB. (1) cobertura sedimentar fanerozoica; (2) granito Subida, de idade
cambriana; (3) Bacia de Itajaí; (4) ZC Major Gercino; (5) granitoides neoproterozoicos
intrudidos no CMB; (6) Complexo Camboriú; (7) granitoides do Batólito Florianópolis;
Complexo Metamórfico Brusque: (8 – 11) unidades metavulcanossedimentares da Fm.
Rio da Areia ; (12 – 14) unidades metassedimentares de grau metamórfico baixo da Fm.
Botuverá, (15 - 17) unidades metassedimentares de grau médio da Fm. Botuverá; Fm.
Rio do Oliveira: (18 - 21) unidades metavulcanossedimentares da Fm. Rio do Oliveira;
(22) embasamento paleoproterozoico; (23) microplaca Luís Alves; (24) lineamentos
estruturais propostos pelos autores como falhas inversas e de cavalgamento (modificado
de Basei et al., 2011). .................................................................................................... 32

Figura 10 - Histograma de idades de U-Pb e Pb-Pb em zircões detríticos do CMB pelo


método SHRIMP. (adaptado de Basei et al., 2008). ...................................................... 33
Figura 11 - Evolução morfológica para os depósitos sedimentares pleistocênicos do Vale
do Itajaí-Mirim, tal como a Fm. Itaipava. (Casseti, 2005). ............................................. 40

Figura 12 - Fotografias da fácies quartzo-mica xisto (NPbqx). (a) Xstosidade crenulada;


(b) xistosidade crenulada e com dobras desarmônicas; (c) amostra de mão de muscovita-
quartzo xisto com granada; (d) dobras levemente assimétricas fechadas em mica-
quartzo xisto. ................................................................................................................. 43

Figura 13 - Fotografias da fácies quartzito-xisto (NPbxqt). (a) Ponto 98-IV-2018, amostra


de mão de quartzito foliado; (b) ponto 106-IV-2018, camadas de quartzito formando
dobras fechadas; (c) ponto 111-IV-2018, amostra de mão detalhando o aspecto
sacaroidal do quartzito, ................................................................................................. 44

Figura 14 - Fotografias da unidade hornfélsica (NPhf). (a) Ponto 48-IV-2018 com detalha
do afloramento na unidade NPhf evidenciando foliação de xistosidade e
sobrecrescimento de muscovita sem orientação, muscovita-quartzo hornfels; (b) amostra
de mão pertencente à seção delgada do ponto 26-IV-2018, com andaluzita finas nas
porções micáceas, classificada como muscovita-biotita-andaluzita-quartzo hornfels. .. 45

Figura 15 - Fotografias da fácies monzo-sienogranito da Suíte Valsungana (NPγmsv). (a)


Detalhe do afloramento 57-IV-2108, notar orientação dos fenocristais de asf; (b) ponto
62-IV-2018, detalhe em afloramento e amostra de mão de biotita monzogranito com
seção delgada; (c) ponto 19-IV-2018 com detalhe de afloramento moderadamente
alterado com fenocristais de afs róseos, plg esbranquiçados e cristais grossos de qtz,
classificado como sienogranito; (d) amostra de mão (57-IV-2018) de biotita monzogranito
com fenocristais de afs róseo esbranquiçado................................................................ 46

Figura 16 – Fotografias da fácies quartzo-sienito da Suíte Valsungana (NPγqsv). (a)


Ponto 173-IV-2018 com porção aflorante da fácies quartzo-sienito; (b) amostra de mão
do mesmo ponto, sendo classificado como biotita quartzo-sienito. ............................... 47

Figura 17 - Fotografias da unidade hololeucogranítica (NPhlag). (a) Ponto 27-IV-2018


com detalhe em afloramento da unidade hololeucogranítica; (b) com ambos
demonstrando fraturas preenchidas por clorita esverdeada e porções centimétricas de
alteração sericítica fracamente pervasiva...................................................................... 48

Figura 18 – Fotografias das ocorrências de diques básicos (Kβab). (a) Ponto 45-IV-2018
com intrusão de diques básicos na unidade NPγmsv; (b) amostra de mão do ponto 41-
IV-2018 de andesi-basalto com microfenocristais de plagioclásio e ao topo xenocristal de
plagioclásio com 1 cm de espessura ............................................................................. 48

Figura 19 – Fotografias da Formação Itaipava (Q1cc). (a) Ponto 125-IV-2018, clastos


orientados e imbricados com 2,8 m de altura, antigo local de exploração de argila; (b)
contato com o CMB e a Fm. Itaipava com cerca de 8 m de altura. Nota-se um forte
processo erosivo com formação de voçoroca ao lado esquerdo; (c) ponto 11-IV-2018,
detalhe dos clastos arredondados de quartzito e feição de demoiselle......................... 50
Figura 20 - Mapa simplificado com detalhe para a localização dos afloramentos (estrelas
amarelas) onde seções delgadas foram confeccionadas. ............................................. 51

Figura 21 - Fotomicrografias referentes à fácies mica-quartzo xisto (NPbqx). (a)


xistosidade (S2) com domínios de clivagens definidos por cristais de muscovita e
micrólitos de quartzo, lâmina 15-IV-2018; (b) dobra na xistosidade, lâmina 15-IV-2018;
(c) foliação S1, definida por alguns cristais de muscovita, sendo obliterada pela foliação
S2, lâmina 35-IV-2018; (d) porfiroblasto rotacionado de granada, na qual é possível
observar a xistosidade S2 como inclusão, lâmina 35-IV-2018. ..................................... 54

Figura 22 - Fotomicrografias referentes à fácies quartzo-mica xisto (NPbmx). (a) textura


localmente decussada pela ação termal de veios, lâmina 73-IV-2018; (b) trilha de
inclusão de minerais micáceos em veio de quartzo, lâmina 73-IV-2018; (c)
fotomicrografia de estilpnomelano, lâmina 135-IV-2018; (d) xistosidade S2 crenulada;
lâmina 135-IV-2018. ...................................................................................................... 56

Figura 23 - Fotomicrografia da lâmina 133-IV-2018, referente ao milonito mapeado. (a)


mica-fish com sentido dextral; (b) porfiroclasto de muscovita e microfalha indicada. .... 57

Figura 24 - Scan e fotomicrografias referentes à lâmina 26-IV-2018 (a) visão geral da


seção delgada em luz polarizada cruzada; (b) texturas granolepidoblástica, representada
pelos cristais finos de quartzo e muscovita Ms1, e decussada, representada pelos cristais
médios de muscovita Ms2, biotita e andalusita; (c) porfiroblasto de andaluzita
sintectônico à xistosidade; (d) porção de biotita e andaluzita; (e) porção quatzosa com
formação de ribbons de espessura milimétrica. ............................................................ 58

Figura 25 – Fotografia e fotomicrografia referentes à amostra e a lâmina do ponto 96-IV-


2018. (a) fotografia da amostra de mão; (b) texturas lepidoblástica definida pela
muscovita Ms1 e decussada pela muscovita Ms2; (c) ocorrência de grafita na xistosidade
s2 e a presença de clivagem de crenulação.................................................................. 59

Figura 26 - Fotomicrografias referentes à unidades de monzo-sienogranito da Suíte


Valsungana (NPγmsv). (a) assembleia parcial de qtz+afs+bt, com sericitazação dos afs,
cloritização da biotita e oxidação da clorita; (b) intercrescimento mirmequítico; (c) kink
bands nos cristais de biotita; (d) bulging em quartzo com a formação de novos grãos no
contato entre subgrãos; (e) rotação de subgrão em cristal de quartzo; (f) migração de
limite de grão entre os cristais de quartzo e microclínio. ............................................... 61

Figura 27 - Fotomicrografias referentes à unidade hololeucogranítica (NPhlag). (a) visão


da seção delgada em nicois paralelos; (b) visão da seção delgada em nicois cruzados;
(c) veio submilimétrico de clorita; (d) fenocristais anédricos de qtz, mc e ms com contatos
interdigitados e poiquilíticos com inclusão de cristais euédricos. .................................. 62

Figura 28 - (a) Afloramento do ponto 121-IV-2018 com o contato do acamamento da


unidade Q1cc e NPbmx marcado em preto. (b) projeção estereográfica do acamamento
da unidade Q1cc (n=10) com plano máximo 21/060. .................................................... 64
Figura 29 - Projeção estereográfica da foliação S0, definida como acamamento
sedimentar das unidades NPbmx, NPbqx e NPbxqt, com densidade das foliações em
tons de vermelho, com seu plano máximo 04/060, (n=22). ........................................... 65

Figura 30 - (a) Afloramento do ponto 95-IV-2018 evidenciando dobra da foliação S1//S0


e a foliação S2 transpondo-as; (b) dobra isoclinal mostrando a orientação de S0/S1 e S2
nos flancos da dobra e S2 oblíqua a S0/S1 na charneira em escala de afloramento
(adaptado de Passchier & Trouw, 2005); (c) fotomicrografia da amostra 35-IV-2018 com
planos micáceos sub-horizontais (S2) e dobras isoclinais de flanco rompido definido por
muscovita nas porções quartzosas; (d) desenvolvimento de uma nova clivagem (S1 e
S2) na progressão de deformação, com microdobras intrafoliais visíveis em lâmina e
exemplificando escala de afloramento. (adaptado de Passchier & Trouw, 2005). ........ 66

Figura 31 - (a) Fotomicrografia da amostra 35-IV-2018 demonstrando o porfiroblasto de


granada rotacionado. (b) projeção estereográfica da foliação de xistosidade (S2) com
seu plano máximo de 16/320 e em azul uma inferida guirlanda regional com seu eixo em
05/075 (n=510). ............................................................................................................. 68

Figura 32 - (a) Ponto 150-IV-2018 demonstrando a presença da clivagem de crenulação


subvertical à xistosidade s2 crenulada; (b) ponto 82-IV-2018 com uma foto de detalhe da
clivagem de crenulação oblíqua à xistosidade .............................................................. 69

Figura 33 - Projeções estereográfica da clivagem de crenulação. (a) Conjunto de


vergência se com dois máximos 1: 50/120 e 2: 33/160, (n=18); (b) conjunto de vergência
WNW com plano máximo em 63/267 (n=21); (c) conjunto com medidas de alto ângulo de
mergulho mostrando direções NS: 83/013 e EW: 83/099, (n=27); (d) esquema de
verticalização da foliação S3 com a aproximação do corredor milonítico. ..................... 70

Figura 34 - (a) Bloco diagrama esquemático das foliações presentes sendo S2:
xistosidade, S3: clivagem de crenulação demonstrando a obliquidade da foliação S4 com
as demais. (b) projeção estereográfica da foliação S4 com plano máximo em 83/257. 70

Figura 35 - (a) bloco diagrama esquemático das foliações presentes sendo S2:
xistosidade, s3: clivagem de crenulação demonstrando a feição de corte sub-horizontal
da foliação S5 com as demais. (b) projeção estereográfica da foliação S5 com plano
máximo em 07/330, (n=5). ............................................................................................. 71

Figura 36 - (a) Ponto 133-IV-2018 detalhe com foliação em geometria de par s-c, típica
em rochas miloníticas, indicando o plano c em vermelho e s em amarelo. falha
transcorrente sinistral de direção NW em azul. (b) ponto 133-IV-2018, vista em planta
marcando a foliação Sm em amarelo e veio sigmoidal de quartzo de regime dextral. (c)
projeção estereográfica da área IV com plano máximo de 67/147, (n=23). (d) projeção
estereográfica da área II com plano máximo de 82/137, (n=119). ................................ 72

Figura 37 - Mapa simplificado destacando as unidades xistosa e dobras com seu


caimento indicado. Projeções estereográficas das dobras (1) dobra suave normal com
eixo 05/235 (n=17); (2) dobra fechada normal inclinada com eixo 45/240 (n=11); (3) dobra
fechada normal inclinada com eixo 17/112 (n=12); (4) dobra fechada a apertada com
eixo 25/255 (n=8)........................................................................................................... 73

Figura 38 - (a) Ponto 73-IV-2018 demarcando uma falha normal com rejeito de 2 cm; (b)
ponto 136-IV-2018 com uma falha transcorrente sinistral com deslocamento com 4 cm;
(c) ponto 174-IV-2018 com falhas normais do tipo “em dominó”; (d) projeção
estereográfica dos polos dos planos de falha com plano máximo de 82/300 (n=22). ... 75

Figura 39 - (a) Mapa dos lineamentos traçados em amarelo no modelo digital de terreno;
(b) projeção estereográfica com os polos das fraturas (n=98) mostrando as duas
principais famílias de direção NE (em vermelho) e NW (azul); (c) diagrama de rosetas de
fraturas (n=98) demarcando as duas famílias. .............................................................. 76

Figura 40 - (a) Ponto 149-IV-2018 com veio de quartzo boudinado; (b) ponto 73-IV-2018
evidenciando veio de quartzo centimétrico paralelo a foliação S2; (c) ponto 35-IV-2018
veio de quartzo branco esverdeado e boudinado. (d) diagrama de rosetas da direção dos
veios com trend direcional em N30-40 (n=25). .............................................................. 77

Figura 41 - Influência da temperatura nos regimes de deformação para diferentes tipos


de minerais. As setas indicam o efeito da taxa de deformação e a porção sombreada
corresponde ao domínio de deformação plástica do cristal, relacionado a presença de
fluido intergranular (retirado de Passchier & Trouw, 2005). .......................................... 78

Figura 42 - Microestruturas deformacionais em granitoides da área mapeada. a) regime


de recristalização tipo bulging com formação de novos grãos nas bordas dos grãos de
qtz, amostra 57-IV-2018; b) regime de recristalização do tipo rotação de subgrãos
elongados de qtz na amostra 57-IV-2018; c) regime de recristalização do tipo migração
de limite de grãos entre os cristais de qtz e afs; d) cristais de biotita fish na amostra 62-
IV-2018 .......................................................................................................................... 79

Figura 43 - Distribuição de minerais metamórficos de metapelitos nas zonas barrovianas


e nos graus metamórficos (modificado de Bucher & Grapes, 2011). ............................ 81

Figura 44 - Diagrama P-T-xFe para a distribuição de assembleias estáveis em um


sistema KFMASH. A linha tracejada representa a composição média de xFe de pelitos e
a área cinza representa a região onde ocorre a fusão da muscovita e onde ela não é
mais presente nas assembleias. Notar a transição das assembleias de Chl para Chl+Bt
e Grt+Bt conforme o aumento das condições de T e P (retirado de Bucher & Grapes,
2011). ............................................................................................................................ 83

Figura 45 - Pseudoseção de P-T retirado para xistos da Fm. Botuverá. As linhas


tracejadas representam, em marrom, a entrada da biotita “Bt-in” do sistema e, em verde,
a saída da clorita “Chl-out” do sistema, com a seção em vermelho representando a área
das prováveis condições metamórficas para o metamorfismo M1 na área. .................. 84
Figura 46 - Diagrama de P e T, com o losângulo vermelho indicando as condições
adequadas para a geração da paragênese mineral da unidade hornfélsica através do
metamorfismo M2 (modificado de Winter, 2014). .......................................................... 85

Figura 47 - Diagramas mostrando a coexistência da almandina com minerais de médio


grau para rochas metapelíticas. (a) Zona de estabilidade entre a biotita e
aluminossilicato; (b) coexistência entre andaluzita e biotita, num sistema com excesso
de quartzo e muscovita; (c) incremento da almandina no sistema estável pelo acréscimo
da temperatura (retirado de Winkler, 2014). .................................................................. 86

Figura 48 - Classificação de granitoides de acordo com o ambiente tectônico baseada


em Pitcher (1983, 1993) e Barbarin (1990). Destacado em vermelho a classificação
geotectônica referente à unidade hololeucogranítica (modificado de Winter, 2014). .... 88

Figura 49 - Projeção estereográfica da orientação dos fenocristais de feldspato alcalino


do batólito sul da Suíte Valsungana na área IV (n=12). ................................................ 90

Figura 50 - (a) Diagrama QAP de Streckeisen (1976) para rochas graníticas da SV,
batólitos norte e sul, observada em lâmina e afloramento das equipes de mapeamento
de Brusque do ano de 2018; (b) diagrama QAP de Streckeisen (1976) com as rochas
graníticas da SV, batólito sul, mapeadas pela equipe IV, com as setas indicando as séries
magmáticas de Lameyre & Bowden (1982): A - alcalina, Sh - shoshonítica, AK - cálcio-
alcalina de alto potássio, MK - cálcio-alcalina de médio potássio, BK - cálcio-alcalina de
baixo potássio, T – toleiítica. ......................................................................................... 92

Figura 51 - (a) Diagrama TAS (Total Alkali Silica) de Middlemost (1994) para classificação
de rochas plutônicas; (b) diagrama multicatiônico R1-R2 de La Roche et al. (1980) para
classificação de rochas plutônicas; (c) diagrama SiO2 x K2O de Peccerillo & Taylor (1976)
para definição química de séries magmáticas; (d) diagrama A/CNK x A/NK de Shand
(1943). ........................................................................................................................... 93

Figura 52 - (a) Spidergram de elementos traço normalizado para condrito (Sun et al.,
1980); (b) spidergram de elementos terras raras normalizado para condrito (Boynton,
1984). ............................................................................................................................ 94

Figura 53 - Seis modelos de ascensão e colocação de magmas graníticos. Nota-se que


todos começam com a “separação” do diápiro e o soerguimento dos líquidos. 1)
Ascensão diapírica contínua sem interferência tectônica; 2) ascensão em um grande
sistema vertical de falhas extensionais até profundidades rasas, se desenvolvendo em
uma caldeira; 3) diápiro estagnado pela mudança de força e viscosidade na
descontinuidade de Moho; 4) ascensão diapírica até a crosta intermediária encontrando
uma zona de falha strike-slip intracrustal gerando plútons alongados e com ballooning
posterior; 5) ascenção diapírica encontrando zona de falha extensional lístrica com a
geração de granitos tabulares lístricos e plútons assimétricos em caldeiras; 6) ascenção
dos líquidos em diápiro interceptando uma zona de cisalhamento vertical transcrustal.
Em todos os modelos a região de fonte é arbitrariamente colocada no manto litosférico
(Hutton, 1988)................................................................................................................ 98

Figura 54 - Empilhamento estratigráfico das unidades mapeadas na área IV. ............. 99

Figura 55 - Mapa esquemático das áreas requeridas no DNPM (acessado em set/2018)


sobrepostas ao mapa litológico e imagem de satélite disponibilizada pelo IMAGERY
(2018). ......................................................................................................................... 103

Figura 56 - Rio Itajaí-Mirim sob a ponte estaiada de Brusque (SC). (a) nível normal do rio
atual: 2,09 m. (foto: Defesa Civil de Brusque); (b) nível máximo do rio em 2017: 7,86 m,
provocando eventos de inundação (foto: Patrick Rodrigues). ..................................... 105

Figura 57 - Evidências de movimentos de massa gravitacionais mapeados em Brusque


(SC). (a) Evidências de deslizamentos translacionais na área de mapeamento; (b)
pequena cicatriz encontrada em xistos da porção noroeste da área; (c) grandes cicatrizes
encontradas em rochas graníticas da porção sudeste; (d) presença de cicatrizes
próximas as residências instaladas nas encostas (seta em amarelo), aumentando o risco
de processos perigosos; (e) residência reinstalada sobre cicatriz; (f) evidência de
reflorestamento sobre antiga cicatriz de deslizamento. ............................................... 106

Figura 58 - Mapa de análise de riscos de enchentes e enxurradas no município de


Brusque. ...................................................................................................................... 107

Figura 59 - Mapa de análise de riscos de deslizamentos de terra na área de mapeamento.


.................................................................................................................................... 108

Figura 60 - Coluna estratigráfica esquemática das rochas metassedimentares da Fm.


Botuverá, referente à porção intermediária da sequência do CMB (adaptado de Basei,
1985). .......................................................................................................................... 109

Figura 61 - Modelo de evolução esquemático para a formação do Complexo Metamórfico


Brusque, Suíte Valsungana e estruturas associadas. Estes eventos ocorreram em um
curto intervalo de aproximadamente 50 Ma (modificado da Equipe V, 2018). ............ 113
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coordenadas UTM dos limites da área de estudo........................................ 20

Tabela 2 - Códigos das fotografias aéreas utilizadas para realização da fotointerpretação.


...................................................................................................................................... 21

Tabela 3 - Dados de isótopos radiogênicos das amostras do valsungana sul. ............. 95

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais características dos granitoides intrusivos no Complexo Metamórfico


Brusque. ........................................................................................................................ 36

Quadro 2 - unidades mapeadas e a evolução da nomenclatura segundo os autores


indicados. ...................................................................................................................... 41

Quadro 3 - Resumo das descrições das seções delgadas com a composição


mineralógica e suas texturas. ........................................................................................ 52

Quadro 4 - Síntese das foliações e suas respectivas características. ........................... 63

Quadro 5 - Características das fases de metamorfismo das unidades metapelíticas. .. 80

Quadro 6 - Resumo de classificações de ambientes tectônicos para as rochas graníticas


da SV. ............................................................................................................................ 96

Quadro 7 - Resumo dos polígonos na área IV segundo DNPM (2018). ...................... 102
LISTA DE ABREVIATURAS

ab albita
apt apatita
ads andesina
and andaluzita
afs/kfs feldspato alcalino
bt biotita
chl clorita
cld cloritoide
crd cordierita
ep epidoto
gr grafita
grt granada
mc microclínio
ms muscovita
ol oligoclásio
op minerais opacos
qtz quartzo
ser sericita
sil sillimanita
st estaurolita
stp estilpnomelano
ttn titanita
tur turmalina
zrn zircão
Retiradas de Siivola & Schmid (2007)
LISTA DE SIGLAS
BF - Batólito Florianópolis

CDF - Cinturão Dom Feliciano

CenTran - Central de Transportes

CMB - Complexo Metamórfico Brusque

CPRM - Serviço Geológico Brasileiro

EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

ETR - Elementos Terras Raras

HSFE - High field strength elements

LAMIN - Laboratório de Laminação

LAMIR - Laboratório de Análise de Minerais e Rochas

LAPEM - Laboratório de Pesquisa em Microscopia

RTP-ISA-GHT - Redução total ao polo da inclinação do sinal analítico do gradiente


horizontal total

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PMP - Província Magmática do Paraná

SDR - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional

SHRIMP - Sensitive High Resolution Ion Microprobe

SPG - Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina

SRTM - Shuttle Radar Topography Mission

SV - Suíte Valsungana

UFPR - Universidade Federal do Paraná

ZC - Zona de cisalhamento

ZCMG - Zona de Cisalhamento Major Gercino

ZCIM - Zona de Cisalhamento Itajaí-Mirim

ZCIP - Zona de Cisalhamento Itajaí-Perimbó


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 19
1.1 Objetivos .................................................................................................... 19
1.2 Localização da área ................................................................................... 19

2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 21


3 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ........................................................................ 24
3.1 Geomorfologia ........................................................................................... 25

4 GEOLOGIA REGIONAL .................................................................................. 27


4.1 Cinturão Dom Feliciano ............................................................................ 27
4.2 Zonas de Cisalhamento ............................................................................ 28
4.3 Complexo Camboriú.................................................................................. 30
4.4 Complexo Metamórfico Brusque ............................................................. 31
4.5 Suítes Graníticas Neoproterozoicas ........................................................ 34
4.5.1 Batólito Florianópolis .............................................................................. 34
4.5.2 Intrusões Graníticas no Complexo Metamórfico Brusque ...................... 35
4.6 Bacia do Itajaí............................................................................................. 38
4.7 Província Magmática do Paraná .............................................................. 38
4.8 Formação Itaipava ..................................................................................... 40

5 UNIDADES MAPEADAS ................................................................................. 41


5.1 Complexo Metamórfico Brusque, Formação Botuverá ......................... 41
5.1.1 Fácies Quartzo-mica xisto (NPbmx) ....................................................... 42
5.1.2 Fácies Mica-quartzo xisto (NPbqx) ......................................................... 42
5.1.3 Fácies Quartzito-xisto (NPbxqt) .............................................................. 43
5.2 Unidade Hornfélsica (NPhf) ...................................................................... 44
5.3 Suíte Granítica Valsungana ...................................................................... 45
5.3.1 Fácies monzo-sienogranito (NPγmsv) .................................................... 45
5.3.2 Fácies quartzo-sienito (NPγqsv) ............................................................. 46
5.4 Unidade Hololeucogranítica (NPhlag) ..................................................... 47
5.5 Diques básicos (Kβab) .............................................................................. 48
5.6 Coberturas Sedimentares ......................................................................... 49
5.6.1 Formação Itaipava (Q1cc) ...................................................................... 49
5.6.2 Depósitos Aluvionares Recentes (Q2a) ................................................. 50
6 PETROGRAFIA................................................................................................ 51
6.1 Complexo Brusque, Formação Botuverá ................................................ 53
6.1.1. Fácies mica-quartzo xisto (15-IV-2018 e 35-IV-2018) ........................... 53
6.1.2 Fácies quartzo-mica xisto (73-IV-2018 e 135-IV-2018) .......................... 55
6.1.3 Milonito (133-IV-2018) ............................................................................ 56
6.2 Unidade Hornfélsica (26-IV-2018 e 92-IV-2018) ....................................... 57
6.3 Suíte Granítica Valsungana ...................................................................... 60
6.3.1 Fácies Monzo-sienogranito (57-IV-2018 e 62-IV-2018) ......................... 60
6.4 Unidade Hololeucogranítica (27-IV-2018) ................................................ 62

7 GEOLOGIA ESTRUTURAL ............................................................................. 63


7.1 Foliações .................................................................................................... 65
7.2 Dobras ........................................................................................................ 73
7.3 Falhas, fraturas e veios ............................................................................. 74
7.4 Microestruturas.......................................................................................... 77

8 METAMORFISMO ............................................................................................ 80
8.1 Metamorfismo Regional (M1) ................................................................... 81
8.2 Metamorfismo Termal (M2) ....................................................................... 84

9 MAGMATISMO ................................................................................................ 87
9.1 Magmatismo dos corpos hololeucograníticos ....................................... 87
9.2 Magmatismo da Suíte Valsungana .......................................................... 90
9.2.1 Taxa de Nucleação e de Crescimento ................................................... 90
9.2.2 Classificações e séries magmáticas ....................................................... 91
9.2.3 Geoquímicas de elementos menores e isotópica ................................... 92
9.2.4 Classificação geotectônica ..................................................................... 95
9.2.5 Possíveis mecanismos de colocação ..................................................... 97
10 ESTRATIGRAFIA........................................................................................... 99
11 GEOLOGIA ECONÔMICA ........................................................................... 102
12 GEOLOGIA AMBIENTAL ............................................................................ 104
13 EVOLUÇÃO GEOLÓGICA .......................................................................... 109
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 114
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 116

ANEXO I: Mapa Geológico da Região de Azambuja, Brusque – SC (1:10.000)


ANEXO II: Mapa Geológico Integrado, Brusque – SC (1:25.000) – Apenas digital
ANEXO III: Tabela de síntese de dados lito-estruturais
ANEXO IV: Fichas de descrição petrográfica
19

1 INTRODUÇÃO

Relatório elaborado como produto final da disciplina de Relatório Geológico


(GC-124) do curso de graduação em Geologia da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), sob orientação dos professores doutores Geane Carolina Gonçalves
Cavalcante e Elvo Fassbinder. Este trabalho é composto pelas informações
geológicas, econômicas e ambientais obtidas a partir do mapeamento geológico
1:10.000 realizado na porção centro-sul do munícipio de Brusque, intitulado Mapa
Geológico da Região de Azambuja, Brusque-SC (Anexo I).
A fase de produção ocorreu entre os meses de fevereiro a outubro de 2018,
iniciados com os trabalhos pré-campo: interpretações de fotografias aéreas, sensores
digitais e confecção de bases topográficas e mapa base; trabalhos de campo, para
coleta de dados; e pós-campo, com análise e interpretação de dados, confecção do
mapa geológico e relatório.

1.1 Objetivos

O objetivo do trabalho foi compreender a história geológica da área mapeada,


de forma a propor um modelo de evolução tectono-estrutural para as unidades
litoestratigráficas descritas, comparando os dados aqui apresentados com aqueles
encontrados na literatura. Além disso, procura-se discutir os aspectos econômicos e
ambientais da região de Azambuja, no município de Brusque, verificando o potencial
metalogenético além de auxiliar em uma análise de risco na região.

1.2 Localização da área

A área de estudo compreende a porção centro-sul do munícipio de Brusque,


no leste de Santa Catarina, e consiste em 30 km², sendo limitada pelas coordenadas
UTM apresentadas na Tabela 1. Todo mapeamento abrange partes dos municípios
de Botuverá, Guabiruba e Brusque, subdividido em áreas I, II, III, IV e V (Anexo II). O
perímetro mapeado da área IV, referente a este relatório, faz contato a norte com a
área II, e a oeste com as áreas I e III.
20

Tabela 1 - Coordenadas UTM dos limites da área de estudo.

X Y
Topo Esquerdo 7000058 703866
Topo Direito 7000058 709660
Base Esquerda 6994687 703866
Base Direita 6994687 709660

As principais vias de acesso da área são as Rodovias BR-486 e SC-108 a


partir do norte e nordeste do estado de Santa Catarina, e também as Rodovias SC-
411, BR-408 e BR-409 vindo da região sul do estado (Figura 1). O acesso aos
afloramentos pode ser feito por transporte automotivo, sendo que, com exceção da
porção nordeste inserida na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO), as
demais porções são de fácil acesso a partir de ruas secundárias do munícipio de
Brusque, que se encontram em sua maioria pavimentadas.

Figura 1 - Mapa de localização da área IV, região de Azambuja, município de Brusque-SC.


21

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os trabalhos de mapeamento e relatório foram divididos em três fases: a de


pré-campo (trabalhos de escritório), os trabalhos de campo (duas etapas) e de pós-
campo (trabalhos de escritório e laboratório). Os materiais e métodos estão resumidos
no fluxograma da Figura 2.

Figura 2 - Material e métodos do mapeamento da área IV.

Na fase pré-campo realizou-se um levantamento bibliográfico acerca da


geologia regional de Brusque (SC), bem como a fotointerpretação de doze fotografias
aéreas em escala 1:25.000 (Tabela 2), com data de 1978, cedidas pela Empresa de
Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e Secretaria
de Estado do Planejamento de Santa Catarina (SPG). Utilizando estereoscópio de
bolso e de espelho, a fotointerpretação teve como objetivo traçar os padrões de
drenagem, lineamentos e estruturas regionais, conforme proposto por Nadalin et al.
(2016). Para complementar a análise aérea, empregou-se o uso de anaglifos, gerados
a partir de imagens de satélites retiradas do Google Earth Pro e tratadas no programa
Zoner Photo Studio X.

Tabela 2 - Códigos das fotografias aéreas utilizadas para realização da fotointerpretação.


FOTOGRAFIAS AÉREAS UTILIZADAS
24569 24568 24567
24641 24640 24639
24700 24699 24698
22

Paralelamente a isto, foram feitos levantamentos de dados planialtimétricos,


a partir de bases topográficas disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), tal como a Carta
Topográfica de Brusque (Folha SG-22-Z-D-II-1). Além disso, foram utilizados dados
do Projeto Aerogeofísico Paraná – Santa Catarina (CPRM, 2011) e processados
mapas aeromagnetométricos e aerogamaespectrométricos de alta resolução, com
linhas de voo e controle espaçadas de 500 m e 10 km, respectivamente, orientadas
nas direções N-S e E-W, ambas em uma altura de voo de 100 m.
Os mapas geofísicos foram elaborados pelo Sistema Oasis Montaj, da
GEOSOFT. A interpretação dos mapas gamaespectrométricos, devidamente
corrigidos, de equivalente de tório (eTh, em ppm) e do ternário RGB (R: K / G: eU / B:
eTh) auxiliaram para delimitar principalmente os contatos das unidades graníticas com
o complexo metamórfico (Figura 3a), e o mapa magnetométrico reduzido ao polo com
inclinação do sinal analítico do gradiente horizontal total reduzido ao polo (RTP-ISA-
GHT) (Figura 3b) auxiliou na interpretação de grandes lineamentos. Todos os dados
obtidos serviram de apoio para a elaboração do mapa base da área, gerado através
do software ArcMap versão 10.4.1, com base no datum WGS84.

Figura 3 - Mapas aerogeofísicos da área IV. (a) mapa do ternário RGB com R: K, G: eTh, B: eU, ressaltando
os granitoides em tons azulados a esbranquiçados (alto eU e dos três elementos, respectivamente); (b)
mapa reduzido ao polo da inclinação do sinal analítico do gradiente horizontal total (RTP-ISA-GHT).
23

A primeira etapa de campo ocorreu entre os dias 14 e 23 de março, enquanto


que a segunda etapa ocorreu do dia 14 a 23 de maio. Foram utilizados material básico
de campo, bem como o aplicativo de celular FieldMove Clino, para auxílio na obtenção
dos dados estruturais de afloramentos. Foram descritos 158 pontos (Anexo III), sendo
117 na primeira etapa e 41 na segunda etapa, com base nos aspectos litológicos,
estruturais, relações de contato e evidências de metamorfismo e alterações. Para o
transporte em campo utilizou-se de veículos da Central de Transportes da UFPR
(CenTran). Coletou-se 51 amostras que foram descritas macroscopicamente e 10
selecionadas para confecção das seções delgadas.
Na fase pós-campo, os dados coletados foram analisados e interpretados,
resultando na confecção de um mapa geológico na escala 1:10.000 acompanhado do
presente relatório. As seções delgadas foram confeccionadas no Laboratório de
Laminação (LAMIN) e Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR). Já a
descrição petrográfica foi realizada utilizando microscópios de luz polarizada do
Laboratório de Pesquisa em Microscopia (LAPEM). A caracterização das foliações em
microscopia foi utilizada a partir da classificação de Passchier e Trouw (2005). Para a
construção dos diagramas estruturais foi utilizado o software OpenStereo 0.1.2 e para
a confecção de seções geológicas e tratamento de imagens usou-se os softwares
CorelDraw X8 e Adobe Illustrator CC 2015. Durante todo o processo de mapeamento
e relatório geológico a pesquisa bibliográfica se manteve presente. Por fim, as
diversas informações coletadas, conclusões alcançadas e modelos evolutivos
elaborados estão detalhados nas seções a seguir.
24

3 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

O munícipio de Brusque, com aproximadamente 283,223 km² de extensão,


está localizado a nordeste do estado de Santa Catarina e possui 131.703 habitantes
(IBGE, 2014). Segundo a classificação do Köppen o clima na área municipal de
Brusque é mesotérmico úmido com verão quente (cfa), quente e temperado, com
temperatura média de 19,9 °C e com pluviosidade média anual de 1.692 mm, elevada
durante todo o ano (Pandolfo et al., 2002).
Assim como todo o território de SC, Brusque está inserida no Bioma Mata
Atlântica, mais especificamente na formação submontana, a qual ocorre em altitudes
inferiores a 400 m (IBGE, 2012). O Projeto RADAMBRASIL subdividiu o bioma em
questão em regiões fitoecológicas, caracterizadas pela presença de gêneros
endêmicos. No caso de Brusque a espécie Araucaria angustifólia permitiu classificar
a região fitoecológica como Floresta Ombrófila Mista (Figura 4), que corresponde
àquela com presença em conjunto de coníferas e angiospermas (IBGE, 2012).

Figura 4 - Classificação fitoecológica do projeto RADAMBRASIL para a vegetação brasileira (Manual


Técnico Da Vegetação Brasileira – IBGE, 2012).
25

Quanto aos solos de Brusque, de acordo com os dados da Secretaria de


Estado de Desenvolvimento Regional (SDR), há uma variação nos tipos presentes:
solos planos hidromórficos gleissolos; solos suave-ondulados e ondulados; solos
declivosos, sendo este o predominante (40% da área); solos rasos e pedregosos e
solos arenosos. Os argissolos vermelho-amarelados, por sua vez, apresentam
abundância de cristais de quartzo, textura binária, drenagem excessiva em superfície
e imperfeitamente drenado na subsuperfície, são provenientes das suítes graníticas
da região. A hidrografia do município conta como rio principal o Itajaí-Mirim, o qual
banha toda a extensão do município, e apresenta ca. de 170 km de comprimento e
área de drenagem de 1300 km2, com sua foz localizada na cidade de Itajaí próxima
ao mar (Collaço, 2003). O solo ao longo do rio Itajaí-Mirim se desenvolve associações
de gleissolos variando de pouco húmico a húmico distróficos e cambissolo eutrófico e
distrófico.

3.1 Geomorfologia

Segundo IBGE (2009), o munícipio de Brusque compreende o domínio


morfoestrutural de cinturões móveis neoproterozoicos, parcialmente encobertos por
bacias sedimentares fanerozoicas. Os cinturões móveis foram definidos como
extensas áreas de planaltos, alinhamentos serranos e depressões interplanálticas
estabelecidos em terrenos dobrados e falhados, incluindo principalmente litotipos
metamórficos e granitóides associados (IBGE, 2009). Dentro desse domínio tem-se
as unidades geomorfológicas, que no caso de Brusque foram identificadas como
predominantemente de serras que correspondem às rochas metamórficas do
Complexo Metamórfico Brusque e às rochas graníticas da Suíte Valsungana.
De acordo com IBGE (2009), as serras constituem um relevo acidentado
formando cristas e cumes (Figura 5a), ou bordas escarpadas de planaltos, podendo
ser modelados por dissecação, marcados pela predominância de morros de topos
aguçados (Figura 5b) e ravinamentos (Figura 5c).
26

Figura 5 – Fotografias de unidades geomorfológicas da área de mapeamento. (a) relevo acidentado


da região de Brusque mostrando cristas e cumes; (b) morros de topos aguçados; (c) ocorrência de
ravinamento no ponto 155-IV-2018

As altitudes da área de mapeamento variam de 16 m, como o ponto mais


baixo, até 280 m acima do nível do mar, como ponto mais alto. A Figura 6a mostra o
mapa de elevação, com base no qual pode-se notar que as porções intermediárias
estão concentradas onde ocorrem os xistos do Complexo Metamórfico Brusque, e as
porções mais altas (com elevação maior que 200 m) estão restritas aos litotipos
hornfélsicos e graníticos. O mapa de declividade (Figura 6b), traz os valores da área
IV, que de acordo com as Classes de Declividade da Embrapa (1979), predomina o
relevo forte-ondulado (20-40%). Entretanto, localmente há declividades acima de
50%, indicando um relevo forte-montanhoso, correspondendo as porções com
substrato de hornfels e granitoides.

Figura 6 - Modelo digital de elevação da área IV. (a) mapa de elevação da área; (b) mapa de declividade,
com índices de declividade segundo Embrapa (1979).
27

4 GEOLOGIA REGIONAL

Neste capítulo estão reunidas sínteses de trabalhos anteriores das unidades


e características geológicas, estruturais e geotectônicas diretamente interligada à área
mapeada assim como de influência regional, de modo a melhor compreender a
história evolutiva da área.

4.1 Cinturão Dom Feliciano

Situado na porção sul da Província Mantiqueira, o Cinturão Dom Feliciano


(CDF) é um importante cinturão de dobramento alongado NS, de idade
neoproterozoica, consistindo de uma grande área com cerca de 180.000 km² e se
estendendo desde o Uruguai até o limite norte do estado de Santa Catarina. Heilbron
et al. (2004) sugerem que a forma alongada do cinturão se deu devido a colisão entre
os crátons Rio de La Prata, Kalahari e Paranapanema, com idades de pico
metamórfico entre 630 e 610 Ma e a evolução magmática entre 650 e 560 Ma, durante
o ciclo orogênico do Brasiliano que originou os cinturões da Província Mantiqueira. A
Figura 7 ilustra a posição da Província Mantiqueira anteriormente às colisões do
terrenos para a criação do supercontinente Gondwana.

Figura 7 - Representação esquemática dos crátons e dos cinturões orogênicos durante a formação do
Gondwanaland. Em vermelho está em destaque a Província Mantiqueira. (Phillip et al., 2016)
28

No Escudo Catarinense, o CDF é representado por três segmentos


delimitados por grandes zonas de cisalhamento (Basei, 1985; Basei, 2000; Basei et
al., 2011). O segmento ao sul é o cinturão de granitoides Batólito Florianópolis,
separado pela Zona de Cisalhamento Major Gercino da porção central, sendo este
composto majoritariamente pelas rochas metavulcanossedimentares do Complexo
Metamórfico Brusque e pela intrusão dos granitoides neoproterozoico e,
subordinadamente, os migmatitos e granitoides do Complexo Metamórfico Camboriú.
Ao norte do Complexo Brusque ocorre a Zona de Cisalhamento Itajaí-Perimbó, que
separa o complexo da Bacia de Itajaí, uma bacia foreland vulcanossedimentar. Na
Figura 8 há um esquema representando as porções do CDF e suas ZCs.

Figura 8 - Mapa geológico do Escudo Catarinense com a compartimentação do CDF e em destaque as


zonas de cisalhamento que limitam, a norte, a Bacia de Itajaí e, a sul, o Batólito Florianópolis, proposta
por Basei (1985) (modificada de Basei et al., 2011).

4.2 Zonas de Cisalhamento

ZONA DE CISALHAMENTO MAJOR GERCINO


A Zona de Cisalhamento Major Gercino (ZCMG) corresponde a um importante
sistema de cisalhamento com direção NE-SW, que afeta a porção pré-cambriana da
região sul-brasileira e uruguaia (Passarelli et al., 1993). Basei (1985), já havia
proposto que essa zona configura uma zona de falhamento inverso, transpressiva,
que separa duas áreas geologicamente diferentes do Cinturão Dom Feliciano, no
estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul: o domínio interno, compreendido por
granitoides (como o Batólito Florianópolis), e o domínio intermediário, supracrustal
29

(Complexo Metamórfico Brusque). Para esse mesmo autor a evolução da ZCMG é


policíclica, sendo desenvolvida em condições de baixa temperatura, de características
dúcteis-rúpteis e movimentação predominantemente dextral, com um importante
componente oblíquo associado
Passarelli et al. (1993) estudaram a porção centro-oeste de Santa Catarina e
puderam refinar que a ZCMG limita os metassedimentos do Complexo Metamórfico
Brusque (mica-quartzo xistos, filitos e quartzitos), a noroeste, de uma zona de
granitoides. Os autores referidos descreveram, a sudeste dos granitoides, uma faixa
milonítica menos espessa (cerca de 500 m), a qual encontra-se cilindricamente
dobrada com eixo principal sub-horizontal, orientado para NE. Também propuseram
que este lineamento possivelmente corresponde a uma ramificação da ZCMG, e o
comportamento da foliação milonítica em sua porção central mostra uma estruturação
compatível a uma flor positiva dobrada paralelamente à faixa.
Basei & Teixeira (1987, apud Passarelli et al., 1993) consideraram a ZCMG
como sendo a principal descontinuidade crustal dos terrenos pré-cambrianos sul
brasileiros, o que sugere uma zona de sutura de subducção do tipo-A. Essa zona de
cisalhamento compõe-se de faixas miloníticas separadas por intrusões graníticas que
por sua vez estão associadas genetica e temporalmente à Major Gercino (Basei et al.,
1995). Basei et al. (1995) apresentou idades U-Pb de zircões de um biotita-
monzogranito que se mostra afetado pela zona de cisalhamento quando próximo a
ela, desenvolvendo intensa foliação milonítica, podendo assim relacionar a idade
obtida como sendo a de cristalização dos zircões e também a de colocação do corpo
granítico, com a idade de 640±59 Ma considerada como a mais antiga para a ZCMG.

ZONA DE CISALHAMENTO ITAJAÍ-PERIMBÓ


A Zona de Cisalhamento Itajaí-Perimbó (ZCIP) foi descrita inicialmente por
Silva & Dias (1981), como Lineamento Itajaí-Gaspar, tratando-se de uma faixa de
descontinuidade crustal, com cerca de 50 km de extensão e direção NE-SW, à qual
os autores propuseram ser análoga às faixas rúpteis do Quadrilátero Ferrífero e
Espinhaço, em Minas Gerais. O nome de Zona de Transcorrência Itajaí-Perimbó, foi
dado por Silva (1991), quando este propõe que o CMB juntamente com seu
embasamento granito-gnáissico é transposto pela ZCIP. Além disso, tal lineamento
apresenta padrão entrelaçado ao longo do qual ocorrem rochas granulíticas e
30

metavulcanossedimentares, com geração de milonitos, ultramilonitos e filonitos


(Schroeder, 2006).
A ZCIP marca o contato entre a Bacia de Itajaí e o CMB (Basei 1985),
apresentando movimentação reversa predominante, bem como deslocamentos
transcorrentes dextrais (Biondi et al., 1992). Entretanto, Rostirolla et al. (2003)
puderam constatar que o desenvolvimento da ZCIP se deu durante o Ciclo Brasiliano,
como uma falha de movimento lateral direito-inversa, vindo a ser reativada como uma
falha de movimento lateral esquerdo ou oblíqua-normal, já durante o desenvolvimento
da Bacia do Paraná no Paleozoico.
Por fim, Phillip et al. (2004) destacaram que a ZCIP, juntamente com a ZCMG,
teve um papel importante na colocação dos granitoides intrusivos do CMB, pois estes
se alocaram paralelamente as estruturas das ZCs e estas, por sua vez, foram
caracterizadas pelos autores como sendo de alta deformação com disposição
subvertical.

4.3 Complexo Camboriú

O Complexo Camboriú é formado por rochas gnáissico-migmatíticas que


ocorrem em meio às rochas do Complexo Brusque na extremidade norte do Cinturão
Dom Feliciano, precisamente à nordeste do estado de Santa Catarina. Compreende
duas unidades, Morro do Boi de migmatitos e Ponta do Cabeço composta por
diatexitos, ou seja, migmatitos homogêneos (Basei, 2000).
Esses corpos migmatíticos possuem formas variadas alinhados em direção
NE com as zonas de cisalhamento Major Gercino e Itajaí-Perimbó, evidenciados
também em suas estruturas bandadas com a mesma direção preferencial. A condição
metamórfica alcança fácies anfibolito médio a superior acompanhado de
migmatização e geração de leucogranitos (Andres, 2015).
Desenvolveu-se em diversos ciclos, segundo Babinski (1997), Basei (1985) e
Andres (2015), com idades U-Pb em zircão, de 2,5-2,16 Ga como ortognaisse
tonalítico; 2,0 Ga como fase granítica/migmatítica foliada; e em 610 Ma uma fase
magmática injetada nos gnaisses, dos quais derivaria por fusão parcial; este último
granitoide, associado à refusão parcial, fora intensamente deformado há 590 Ma.
31

Basei et. al. (2013) aponta que o Complexo Camboriú é provavelmente um


fragmento continental exótico oriundo do Gondwana ocidental durante o fechamento
de uma bacia oceânica neoproterozoica. A relação de contato entre as rochas
gnáissico-migmatíticas do Complexo Camboriú e o Complexo Metamórfico Brusque
são tectônicas, caracterizadas por uma zona de cisalhamento de empurrão que coloca
em contato as duas unidades geológicas (Phillip et al., 2004).

4.4 Complexo Metamórfico Brusque

O Complexo Metamórfico Brusque (CMB) está situado no Escudo


Catarinense, fazendo parte do Cinturão Dom Feliciano, uma unidade geotectônica da
porção sul da Província Mantiqueira. Consistindo de uma área de aproximadamente
180.000 km². O complexo tem a atual denominação definida por Silva & Dias (1981),
substituindo a proposta do nome Grupo Brusque (Schulz Jr. & Albuquerque, 1969;
Trainini et al. 1978).
Segundo Basei et al. (2011), o complexo pode ser subdivida em três
formações: A Formação Rio da Areia, a formação mais recente é composta por rochas
metabásicas e metassedimentares, possuindo a maior porção das rochas
carbonáticas do complexo; a Formação Botuverá, composta principalmente por
metassedimentares siliciclásticas; e a Formação Rio do Oliveira, ocupando a porção
sul do CMB, é a mais velha das três formação e possui rochas metassedimentares,
metavulcânicas-exalativas, como formações de ferro bandadas (banded iron
formations, BIF) e turmalinitos, metavulcânicas básicas e rochas cálcio-silicáticas. A
(Figura 9) é um mapa geológico que detalha as formações do CMB.
32

Figura 9 - Mapa geológico do CDF em Santa Catarina, com detalhamento das formações que compõem
o CMB. (1) cobertura sedimentar fanerozoica; (2) granito Subida, de idade cambriana; (3) Bacia de
Itajaí; (4) ZC Major Gercino; (5) granitoides neoproterozoicos intrudidos no CMB; (6) Complexo
Camboriú; (7) granitoides do Batólito Florianópolis; Complexo Metamórfico Brusque: (8 – 11) unidades
metavulcanossedimentares da Fm. Rio da Areia ; (12 – 14) unidades metassedimentares de grau
metamórfico baixo da Fm. Botuverá, (15 - 17) unidades metassedimentares de grau médio da Fm.
Botuverá; Fm. Rio do Oliveira: (18 - 21) unidades metavulcanossedimentares da Fm. Rio do Oliveira;
(22) embasamento paleoproterozoico; (23) microplaca Luís Alves; (24) lineamentos estruturais
propostos pelos autores como falhas inversas e de cavalgamento (modificado de Basei et al., 2011).

Hartmann et al. (2003) realizou datações de U-Pb de zircões detríticos pelo


método SHRIMP no CMB com idades entre 2094±11 e 2219±8 Ma. A interpretação é
de que a bacia sedimentar precursora ao complexo teve um intervalo de
aproximadamente 2023 Ma até 630 Ma para a sua formação, sendo então fortemente
afetadas tectonicamente e termalmente pelo ciclo Brasiliano a 630-590 Ma, no
Neoproterozoico. Outras datações de U-Pb em zircões detríticos da CMB, também
pelo método SHRIMP, foram realizadas por Basei et al. (2008), com idades entre 2,25
e 1,1 Ga e uma população menor de zircões com idades mais recentes, de 540-570
Ma (Figura 10). As idades entre 2,25 a 1,3 Ga, segundo os autores, indicam que
terrenos arqueanos-paleoproterozoicos foram importantes fontes de sedimentos para
a bacia. No entanto, não são conhecidas as possíveis áreas fontes mesoproterozoicas
no sul-sudeste do Brasil indicadas pelos zircões de idade ~1,2 Ga, sendo estas idades
comuns nos zircões dos cinturões africanos. Os autores propuseram, então, que os
sedimentos dessa idade provavelmente são provenientes de área fontes atualmente
33

localizadas no continente africano. As idades mais recentes, do Neoproterozoico,


também foram associadas pelos autores com a influência do ciclo Brasiliano para a
formação do Complexo Brusque.

Figura 10 - Histograma de idades de U-Pb e Pb-Pb em zircões detríticos do CMB pelo método SHRIMP.
(adaptado de Basei et al., 2008).

FORMAÇÃO BOTUVERÁ
As rochas metassedimentares da Formação Botuverá compreendem três
unidades principais, com metamorfismo de fácies xisto-verde, variando de zona da
clorita até zona da granada (Basei et al., 2011). Segundo Silva et al. (2016), a
deformação e o grau metamórfico aumentam do oeste do município de Botuverá (SC)
em direção a Brusque (SC).
Conforme Basei et al. (2011), a Unidade Metapelítica é composta por sericita
xistos e sericita-clorita xisto, com a alternâncias de bandas milimétricas sericíticas e
quartzíticas. Xistos quartzosos e camadas centimétricas de quartzito se intercalam
com os metapelitos da unidade. Quando atinge condições de médio grau metamórfico
ocorrem granada-biotita-muscovita xistos e granada-biotita xistos na unidade, com as
rochas contendo porfiroblastos de granada.
Os autores também definem a Unidade Metarritmítica como filitos ritmíticos na
porção basal e gradam para ritmitos mais arenosos no topo. São xistos quartzosos
finos e quartzo-sericita xistos intercalados com níveis pelíticos com boudins de
quartzo, e subordinadamente lentes métricas de quartzito com lâminas centimétricas
de metarritmitos. Em metamorfismo de grau médio, ocorre a alternância de biotita-
muscovita xisto com xisto quartzoso, assim como a intercalação quartzitos e granada-
muscovita xistos, podendo haver algumas bandas cálcio-silicáticas locais.
A Unidade Metapsamítica ocorre, para os autores, principalmente à nordeste
de Brusque como dois cinturões de direção NE-SW. Esta unidade é composta
predominantemente por ortoquartzitos e quartzitos micáceos, com alguns sericita
quartzitos podendo ter granada e cloritoide. Em médio grau metamórfico a rocha
34

predominante é um quartzito micáceo rico em granada alternando com granada-


muscovita xistos.

4.5 Suítes Graníticas Neoproterozoicas

O cinturão granítico é o domínio mais interno no Cinturão Dom Feliciano (CDF)


sendo constituído por rochas essencialmente ígneas, com pendentes de teto de
rochas paraderivadas ocorrendo em meio aos granitoides. Os dois maiores
segmentos são os batólitos Pelotas (~610 Ma), no Rio Grande do Sul, e o Florianópolis
(~620 Ma), em Santa Catarina.
O estudo dos granitóides sintectônicos do Cinturão de Cisalhamento Sul-
brasileiro, no trabalho de Bitencourt et al. (2008), estabelece a dominância do
magmatismo cálcio-alcalino alto-K ou toleítico na fase precoce (650-630 Ma), seguido
por associações shoshoníticas (~600 Ma) e associações alcalinas (590-580 Ma).
Granitóides sintectônicos peraluminosos são descritos no intervalo de 630-617 Ma.
Na zona de baixa deformação localizada entre a ZCMG e a ZCIP, o magmatismo
cálcio-alcalino alto-K é amplamente dominante, e as estruturas discutidas por
Peternell et al. (2002) indicam posicionamento sintectônico.

4.5.1 Batólito Florianópolis

O Batólito Florianópolis (BF) é um expressivo cinturão granítico E-NE


localizado na porção leste catarinense. A Zona de Cisalhamento Major Gercino separa
o batólito Florianópolis, em seu limite norte das rochas supracrustais do Complexo
Brusque. O BF pode ser dividido em três suítes principais: Suíte São Pedro de
Alcântara, Suíte Pedras Grandes e Suíte Cambirela, além do Complexo Águas
Mornas (Basei, 1985; Corrêa, 2015).
O complexo Águas Mornas, segundo Bitencourt et al. (2008), ocorre como
pendente de teto do batólito, é constituído por rochas graníticas deformadas como
ortognaisses, subordinadamente paragnaisses. A Suíte Pedras Grandes é composta
por sienogranitos isotrópicos e raros monzogranitos e biotita sieno-monzogranitos
isotrópico; interpretados como uma expressão magmática final do BF por Florisbal
(2011). A Suíte Cambirela formada por hornblenda-biotita monzogranitos, sucessão
riolítica e biotita monzo a sienogranitos com textura alotriomórficas. A Suíte São Pedro
35

de Alcântara intrude o Complexo Águas Mornas com presença de monzogranitos,


granodioritos e tonalitos, considerado geoquimicamente o menos evoluído das suítes.
Datações realizadas em zircão mostram que as idades mais antigas são da
ordem de 640 Ma (granitoides cálcio-alcalinos) e as mais novas por volta de 570 Ma
(granitoides isótropos tardios), tendo possibilidades desse intervalo ser menor pois a
maioria das determinações radiométricas tendem a se concentrar entre 625 e 590 Ma
(Bitencourt et al., 2008).
De acordo com Corrêa (2016) essas rochas indicam que essencialmente
durante o Neoproterozoico houve uma prolongada granitogênese num contexto de
margem continental ativa com subducção. Essas suítes representam um magmatismo
cálcio-alcalino de alto potássio (Corrêa, 2016). O batólito Florianópolis é interpretado
como parte de um arco magmático continental por Silva et al. (2005), parte de um
cinturão orogênico ensiálico (Basei, 1985) ou como raiz de arco magmático (Basei et
al., 2000). Os autores ressaltam em seus trabalhos que, embora crono-correlatos,
esses granitoides são petrografica e geoquimicamente diferentes dos granitoides que
ocorrem intrusivos no Complexo Metamórfico Brusque (CMB).

4.5.2 Intrusões Graníticas no Complexo Metamórfico Brusque

Basei et al. (2011) individualizou o magmatismo granítico que intrudem o


Complexo Metamórfico Brusque (CMB) em três suítes graníticas principais, essas são
a Suíte São João Batista, Suíte Valsungana e Suíte Nova Trento, da mais antiga para
mais nova. Castro (1999) descreve dois batólitos principais com orientação semi-
paralela à orientação de suas encaixantes, tendo como exemplo a Suíte Valsungana,
maior intrusão alongada na direção NE ocorrendo como maior proporção na área.
Ocorrem também intrusões métricas hololeucograníticas no CMB, e Philipp &
Campos (2010) aponta que os principais corpos dessas rochas ocorrem na região de
Itapema-SC, estão deformados e apresentam formas tabulares concordantes com a
xistosidade principal da área. Todos os corpos ocorreram durante o processo
colisional no Brasiliano, são levemente deformados, isotrópicos e com tendência
aluminosa a peraluminosa, de série cálcio-alcalina de alto-K.
A Suíte Nova Trento, um stock menor de duas micas, com variação para
leucogranitoides da Suíte São João Batista (SJB). Basei et al. (2011) defende que a
SJB é constituída por 10 pequenos corpos hololeucocráticos a leucocráticos
36

peraluminosos de afinidade tipo-S, em sua maioria classificados como álcali-feldspato


granitos. Os corpos circundam Valsungana e apresentam contatos definidos e
contatos graduais.
O principal corpo encontrado na região de estudo se refere a Suíte
Valsungana que será detalhada mais à frente. As características principais dessas
intrusões graníticas estão sintetizadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Principais características dos granitoides intrusivos no Complexo Metamórfico Brusque.

Fonte: modificado de Castro et al., 1999.

Phillip et al. (2004) expõe em seu trabalho que houve uma primeira fase de
magmatismo granítico relacionada à evolução metamórfica do CMB que gerou corpos
tabulares de hololeucosienogranitos, orientados de maneira vinculada à foliação
principal das rochas paraderivadas do Brusque. Segundo o autor, esses corpos
variam de espessuras centimétricas a métricas de caráter peraluminoso. Constituídos
por rochas esbranquiçadas a rosadas, de estrutura maciça ou foliada e textura
equigranular hipidiomórfica média, com quantidades diversas de muscovita/biotita, e
37

ocorrências de turmalina e granada. Essas intrusões comumente estão boudinadas,


com foliação de fluxo paralela aos limites dos corpos. Essa foliação está raramente
acompanhada por deformação em estado sólido concordante, caracterizada por
estiramento de grãos de quartzo, cristalização de mica branca e epidoto sobre
feldspatos, e recuperação parcial de cristais de quartzo e feldspato potássico.

SUÍTE VALSUNGANA
Em geral, a Suíte Valsungana (SV) é caracterizada pela presença de dois
batólitos de granitóides porfiríticos alongados na direção NE, diferenciados como
Valsungana Sul e Valsungana Norte. Macroscopicamente são granitos leucrocráticos
cinza-esbranquiçados e porfiríticos médios a grossos, com seus minerais essenciais
de feldspato alcalino (microclínio), plagioclásio (entre oligoclásio e andesina), quartzo,
biotita castanha avermelhada e traços de hornblenda, assim como traços dos minerais
acessários de zircão, apatita, titanita e alanita. (Basei et al., 2011)
O corpo mapeado é uma porção do maciço ao sul, que é predominantemente
citado na literatura como um corpo acinzentado leucocrático a mesocráticos.
Eventualmente apresentam lineação mineral gerada por fluxo magmático bem
desenvolvido com tendência geral para NE assim como os corpos.
Composicionalmente Basei et al. (2011) classifica os granitos do Valsungana
em sua maioria como monzogranitos e algumas partes sienograníticas e quartzo-
monzodiorito. O autor classifica a Suíte Valsungana como magmatismo tardi a pós-
tectônico em função de dados litológicos, estruturais e radiométricos com idade
variando entre 647 ± 12 Ma (U-Pb em zircão) a 500 Ma (K-Ar). Seu magmatismo
ocorreu pós-clímax metamórfico no CMB devido o registro nas fácies de contato.
A intrusão desses extensos corpos no CMB desenvolvera metamorfismo de
contato com sua intensidade variando entre fácies xisto verde, zona da biotita, fácies
anfibolito superior de fácies silimanita e fácies albita-epitodo. Ocorrem tardi a pós
foliação S2 do Complexo Brusque. Suas principais paragêneses são minerais de baixa
pressão como and+sil+-crd atingindo aproximadamente 500 m de espessura. (Philipp
et al., 2004).
Bitencourt & Nardi (2000); Peternell et al. (2010), Basei et al. (2011), Florisbal
et al. (2012) e Martini et al. (2015) consideram a Suíte Valsungana como relacionada
a magmatismo colisional (630 – 590 Ma). Caldasso et al. (1988, apud Castro, 1997),
Caldasso et al. (1995) e Philipp et al. (2004, 2010) também levantam a hipótese de
38

que o magmatismo relacionado à Suíte Valsungana apresenta uma colocação sin-


transcorrência, associada à evolução das ZCs Major Gercino e Itajaí-Perimbó. Teriam
sido, segundo Philipp et al. 2010, alojadas em níveis supracrustais.
Segundo Basei et al. (2011), material crustal teve influência na geração as
três suítes evidenciada por valores negativos de εNd, de acordo com diagrama de εNd
x εSr recalculado para 595 Ma. Os valores gerados pela Suíte Valsungana são mais
homogêneos e com menores valores negativos de εNd comparado às outras duas
suítes, sugerindo uma fonte de composição uniforme de níveis crustais mais rasos.

4.6 Bacia do Itajaí

A Bacia do Itajaí é caracterizada como uma sequência vulcanossedimentar


que faz parte do Cinturão Dom Feliciano, estando localizada na porção nordeste de
Santa Catarina (Fragoso-Cesar et al. (1985), apud Costa & Nascimento, 2015).
Segundo Basei et al. (2000), a formação da bacia derivou da colisão entre o Complexo
Granulítico de Santa Catarina e o CMB, sobre uma região de antepaís, gerando então
essa faixa sedimentar com cerca de 1100 km², e trend NE-SW.
A estratigrafia da Bacia do Itajaí tem sido estudada desde a década de 20,
pelos trabalhos de Ferraz (1921) e Dutra (1926), os quais a denominaram de Série
Itajaí. Posteriormente, diversos trabalhos foram realizados para atualizar essa
definição e por fim, a proposta estratigráfica mais recente foi feita por Basei et al.
(2011). Segundo este autor, a Bacia do Itajaí é formada, da base para o topo, pelas
Formações Baú (composta por ortoconglomerados e arenitos deltaicos); Ribeirão
Carvalho (arenitos e folhelhos turbidíticos proximais); Ribeirão Neisse (arenitos
arcoseanos médios); Ribeirão do Bode (arenitos finos, siltitos e argilitos); e Apiúna
(rochas vulcânicas e vulcanoclásticas).

4.7 Província Magmática do Paraná

A Província Magmática do Paraná (PMP) corresponde ao grande derrame


basáltico (comumente conhecido por Grupo Serra Geral) que recobre cerca de 75%
da Bacia do Paraná, com extensão de aproximadamente 1.200.000 km², indo desde
o sul de Goiás, Paraguai, Argentina até o Rio da Prata no Uruguai (Peate et al., 1992;
39

Arioli & Licht, 2013). A Província também possui os vários diques e soleiras que
intrudem as rochas pré-cambrianas do embasamento cristalino da Bacia do Paraná,
assim como a própria bacia. É uma das maiores manifestações vulcânicas
continentais do mundo, especialmente considerando a porção africana do
magmatismo, com cerca de 80.000 km² de rochas vulcânicas na Angola e Namíbia,
com o conjunto denominando-a Província Magmática do Paraná-Etendeka.
O pico do vulcanismo extrusivo da PMP foi datado por Thiede & Vasconcelos
(2010) pelo método Ar/Ar em plagioclásio como sendo 134,7±1 Ma, no Eocretáceo.
Já os diques da província, pertencentes ao Enxame de Diques Ponta Grossa, foi
datado por Turner er al. (1994) de 134,1±1,3 a 130,4±2,9 Ma, enquanto idades mais
novas foram obtidas por Renne et al. (1996) 131,4±0,5 a 129±0,5 Ma, com alguns
poucos diques localmente perpendiculares ao enxame de idade até 120 Ma, com os
dois trabalhos também utilizado o método Ar/Ar em plagioclásios.
Com relação a origem do magmatismo da PMP, foi proposto por O’Connor &
Duncan (1990) que a província teria conexão com a pluma mantélica de Tristão da
Cunha e a suposta abertura do Oceano Atlântico Sul a partir dela, porém Ernesto et
al. (2002) compilaram dúvidas e problemas que o modelo da pluma de Tristão da
Cunha acarretaria como originado da PMP, com Rocha-Júnior et al. (2013) definindo
que a pluma não fora a fonte do magmatismo utilizando a comparação de elementos-
traço e isótopos de Se, Pb, Nd e Pb da província com os dados de ilhas vulcânicas de
Tristão da Cunha.
O modelo mais aceito atualmente é o modelo de delaminação da crosta
continental inferior, como sugerido por Lustrino (2005), na qual esse processo raso da
delaminação seria causado pelo aumento da espessura crustal e das reações
metamórficas provocadas pela colisão de placas continentais. Marques (2008), com
dados geoquímicos, isotópicos, geocronológicos, geofísicos e paleomagnéticos da
PMP, da ilha de Tristão da Cunha e das cadeias submarinas de Walvis e Rio Grande,
demonstrou que as manifestações vulcânicas da província certamente foram
formadas por fusão mantélica de baixa profundidade.
40

4.8 Formação Itaipava

Bigarella et al. (1975) propôs o termo estratigráfico de Formação Itaipava para


todos os depósitos de terraços e pedimentos de idade pleistocênica formados no vale
do Itajaí-Mirim. Tais depósitos correspondem geomorfológicamente à Fm. Iquererim
descrita por Bigarella et al. (1961), na região de Joinville (SC), sendo esta composta
por pedimentos formados em clima semi-árido.
O Pleistoceno é marcado por no mínimo quatro fases glaciais intercaladas
com fases interglaciais (Casseti, 2005). Bigarella et al. (1975), propuseram que essas
variações climáticas foram responsáveis pela formação dos relevos atuais nas regiões
intertropicais brasileiras. Para os estes autores, nas fases glaciais (clima semi-árido)
prevalecia a morfogênese mecânica, enquanto que nas fases interglaciais (clima
úmido), predominava a morfogênese química.
A morfogênese mecânica, na fase glacial semi-árida, gerou pedimentação ora
pronunciada ora discreta, ao passo que na fase interglacial úmida, registrou-se o
entalhamento da drenagem e processo de coluvionamento (Casseti, 2005). Esse
contraste morfogenético refletiu na composição dos depósitos correlativos: a
desagregação mecânica gera detritos mais grossos, quanto mais próximos da fonte,
reduzindo à medida que se afastam, formando assim o pedimento; na decomposição
química das rochas imposta pela fase úmida, tem-se a formação do coluvionamento.
Portanto, Bigarella et al. (1975), apresenta o modelo de processo presente na Figura
11 como o originador dos depósitos da Formação Itaipava.

Figura 11 - Evolução morfológica para os depósitos sedimentares pleistocênicos do Vale do Itajaí-Mirim,


tal como a Fm. Itaipava. (Casseti, 2005).
41

5 UNIDADES MAPEADAS

A região que compreende toda a área IV mapeada pode ser dividida em três
principais domínios litológico: o domínio de rochas metassedimentares xistosas
(NPbqx, NPbmx e NPbxqt), o domínio de rochas graníticas (NPγmsgv, NPγqsv e
NPhlag) e o domínio de rochas hornfélsicas (NPhf). Os domínios xistosos pertencem
ao CBM de idade neoproterozoica sendo a maior área mapeada (44,92%), tendo uma
porção hornfelsificada próxima a intrusão granítica com menor ocorrência (16,42%).
Os granitoides pertencentes à Suíte Valsungana abrangem uma área de 33,14% com
duas fácies graníticas leucocráticas. Estudos anteriores na área mapearam as
mesmas unidades descritas neste trabalho, como pode ser visto no Quadro 2, o qual
sumariza as unidades correspondentes com as citadas na obra de cada autor.

Quadro 2 - Unidades mapeadas e a evolução da nomenclatura segundo os autores indicados.

5.1 Complexo Metamórfico Brusque, Formação Botuverá

O domínio xistoso encontrado pertence ao Complexo Metamórfico Brusque


(CMB), mais precisamente à Formação Botuverá, com um trend estrutural de direção
NE da xistosidade principal (ver seção 7.1, capítulo 7). Os xistos são rochas formadas
por metamorfismo regional da fácies xisto verde superior, zona da granada, com
texturas lepidoblásticas a lepidogranoblástica nos xistos micáceos e
granolepidoblástica nos xistos quartzosos. O CMB mapeado na área foi dividido em
três principais fácies que serão detalhadas nesta seção.
42

5.1.1 Fácies Quartzo-mica xisto (NPbmx)

A fácies predominante dos xistos representa 9,6 km² da área localizada na


parte centro norte do mapa. Rochas cinza acastanhadas, castanho claro e castanho
avermelhadas ocorrendo como uma intercalação de quartzo-muscovita xisto,
granada-muscovita xisto, biotita-muscovita xisto e, subordinadamente, grafita-
muscovita xisto. Possuem textura lepidoblástica e sua principal foliação determinada
com a orientação preferencial dos filossilicatos, definindo a foliação de xistosidade
(S2) classificada como uma foliação espaçada anastomosada, variando para uma
foliação espaçada paralela, com evidente bandamento composicional. A ocorrência
dispersa de grafita e granada nessa unidade foi destacada no mapa.
Estruturalmente, esta fácies possui a xistosidade principal fortemente
crenulada (Figura 12a e b), sendo localmente frequente a ocorrência de uma clivagem
de crenulação. Há uma intensa venulação de quartzo paralela à xistosidade, e
predominantemente boudinados. Localmente ocorrem intercalações de quartzitos
com espessura decimétrica de geometria lenticular com cor castanho esbranquiçado
e foliação espaçada disjuntiva marcada por finas lâminas com pouca presença de
muscovita.

5.1.2 Fácies Mica-quartzo xisto (NPbqx)

Esta fácies é a segunda fácies de maior abrangência dos xistos do CMB,


ocorrendo especialmente no centro da área, com geometria lenticular e uma superfície
de 3,6 km². Esta fácies apresenta variações de xistos, principalmente xistos
quartzosos como muscovita-quartzo xisto (Figura 12c), biotita-quartzo xisto,
muscovita-quartzo-biotita xisto, muscovita-biotita-quartzo xisto e ocasionalmente
quartzo-biotita xisto. Essas rochas possuem como estrutura uma xistosidade
constituída por domínios de clivagem definida por minerais filossilicáticos e micrólitos
de quartzo, sendo uma foliação paralela a anastomosada.
Comparado com os xistos micáceos, os xistos quartzosos não costumam ser
tão crenulados, devido a isso a presença de clivagem de crenulação não é tão
frequente quanto na fácies NPbmx. Também estão presentes veios de quartzo
boudinados de diversas espessuras (milimétricos a métricos), majoritariamente
paralelos à xistosidade e também dobrados (Figura 12d).
43

Figura 12 - Fotografias da fácies quartzo-mica xisto (NPbqx). (a) Xstosidade crenulada; (b) xistosidade
crenulada e com dobras desarmônicas; (c) amostra de mão de muscovita-quartzo xisto com granada;
(d) dobras levemente assimétricas fechadas em mica-quartzo xisto.

5.1.3 Fácies Quartzito-xisto (NPbxqt)

Localizado na parte nordeste da área como uma intercalação métrica de


rochas da fácies mica-quartzo xisto e quartzitos. Os quartzitos possuem cor amarelo
esbranquiçado a brancos, ocasionalmente puros, possuindo estrutura variando de
maciça a foliada, com foliação espaçada disjuntiva definida por lâminas milimétricas
com presença de muscovita e, subordinadamente, biotita. Sua textura nos níveis mais
quartzosos varia de granolepidoblástica a granoblástica equigranular, tendo feições
sacaroidal. Encontram-se dobrados, formando dobras suaves abertas e também
dobras fechadas recumbentes. Junto a essa intercalação ocorrem veios de quartzo
de espessura centimétrica paralelos à xistosidade principal (Figura 13).
44

Figura 13 - Fotografias da fácies quartzito-xisto (NPbxqt). (a) Ponto 98-IV-2018, amostra de mão de
quartzito foliado; (b) ponto 106-IV-2018, camadas de quartzito formando dobras fechadas; (c) ponto 111-
IV-2018, amostra de mão detalhando o aspecto sacaroidal do quartzito,

5.2 Unidade Hornfélsica (NPhf)

Esta unidade ocorre nos entornos da intrusão dos granitos da Suíte


Valsungana, formando sua auréola de contato com o CMB. Possuem, em média, uma
espessura de aproximadamente 1 km, seu limite com os xistos é aproximado e gradual
devido ao comportamento heterogêneo do metamorfismo de contato. A rocha é
castanha avermelhada a cinza avermelhada (Figura 14a), compostos por quartzo,
muscovita, biotita, clorita, granada e andaluzita. Os protólitos são variedades de xistos
com a preservação da xistosidade anastomosada, aparentemente crenulada, bem
marcada por muscovita lenticulares e micrólitons de quartzo. Há sobrecrescimento de
muscovita com ~3 mm sem orientação preferencial, ocasionando a textura decussada,
típica de hornfels. Ocorrem lentes quartzíticas intercaladas com os xistos afetados
também pelo metamorfismo de contato além de boudin de quartzo decimétricos. Por
fim, os hornfels também ocorrem como enclaves nos granitoides da SGV, mais
precisamente nos pontos 70, 71 e 72.
45

Figura 14 - Fotografias da unidade hornfélsica (NPhf). (a) Ponto 48-IV-2018 com detalha do afloramento
na unidade NPhf evidenciando foliação de xistosidade e sobrecrescimento de muscovita sem
orientação, muscovita-quartzo hornfels; (b) amostra de mão pertencente à seção delgada do ponto 26-
IV-2018, com andaluzita finas nas porções micáceas, classificada como muscovita-biotita-andaluzita-
quartzo hornfels.

5.3 Suíte Granítica Valsungana

A maior intrusão granítica se localiza na porção sul-sudeste da área,


contornada por toda sua extensão pela unidade hornfélsica. Possuem três diferentes
litotipos que foram classificados em monzogranitos, sienogranitos e quartzo-sienito.
Encontram-se com alto grau intempérico e grande espessura de solo granítico,
dificultando a classificação mineralógica completa. Os contatos entre o CMB e o corpo
granítico foram determinados utilizando mapas geofísicos aerogamaespectrométricos
do eTh e eU, além de sensoriamento remoto por imagens aéreas e contatos definidos
em campo.

5.3.1 Fácies monzo-sienogranito (NPγmsv)

As ocorrências dos litotipos com composição monzogranítica, e


subordinadamente sienogranítica foram incluídas em uma mesma fácies pela sua
distribuição heterogênea na área. De modo geral, são rochas castanho acinzentadas
e castanho avermelhadas, com índices de cor leucocráticos a mesocráticos.
Apresentam composição mineralógica de quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino,
biotita e pouca magnetita, com estrutura variando de fluxo a maciça (Figura 15a e b).
A textura é fanerítica inequigranular porfirítica com fenocristais grossos euédricos de
feldspato alcalino com coloração típica cinza esbranquiçada a ocasionalmente róseo
claro, onde se encontravam normalmente orientados, em matriz fanerítica
inequigranular fina a média (Figura 15c e d).
46

Ocorrem intrusões pegmatítiticas, com cerca de 2 m de espessura, contendo


fenocristais de feldspato alcalino róseo, euédrico, com granulometria chegando a 15
cm em matriz fanerítica média a grossa de quartzo, plagioclásio (~5 cm) e minerais
máficos fortemente alterados; e intrusões de diques básicos (unidade Kβab) com até
3 m de espessura.

Figura 15 - Fotografias da fácies monzo-sienogranito da Suíte Valsungana (NPγmsv). (a) Detalhe do


afloramento 57-IV-2108, notar orientação dos fenocristais de asf; (b) ponto 62-IV-2018, detalhe em
afloramento e amostra de mão de biotita monzogranito com seção delgada; (c) ponto 19-IV-2018 com
detalhe de afloramento moderadamente alterado com fenocristais de afs róseos, plg esbranquiçados e
cristais grossos de qtz, classificado como sienogranito; (d) amostra de mão (57-IV-2018) de biotita
monzogranito com fenocristais de afs róseo esbranquiçado

5.3.2 Fácies quartzo-sienito (NPγqsv)

Foram mapeados sob esta fácies afloramentos de rochas graníticas de


composição quartzo-sienítica dos pontos 46, 50, 53, 54, 172 e 173. As rochas são
quartzo-sienito, de cor castanho esbranquiçados a castanho avermelhados,
leucocráticas, compostos por fenocristais grossos (5 a 10 cm) de feldspato alcalino e
47

com matriz de quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio e biotita, assim como a pouca
presença de magnetita. Possuem estrutura maciça e textura porfirítica grossa com
fenocristais de feldspato alcalino e matriz fanerítica inequigranular fina a média (Figura
16a e b).

Figura 16 – Fotografias da fácies quartzo-sienito da Suíte Valsungana (NPγqsv). (a) Ponto 173-IV-2018
com porção aflorante da fácies quartzo-sienito; (b) amostra de mão do mesmo ponto, sendo
classificado como biotita quartzo-sienito.

5.4 Unidade Hololeucogranítica (NPhlag)

A unidade hololeucogranítica trata-se de granitoides não pertencentes à Suíte


Granítica Valsungana, mas sim aos corpos graníticos associados ao Complexo
Metamórfico Brusque, descritos por Phillip et al. (2004). São corpos tabulares métricos
e lentes decamétricos a métricas dispostos paralelamente à xistosidade principal das
rochas do Complexo Metamórfico Brusque.
Este litotipo foi descrito nos afloramentos 31, 32, 78 e 168, tendo sua maior
expressão no 27 com aproximadamente 15 m de altura e 20 de extensão, presente
na parte sudoeste do mapa, local onde foi confeccionada a seção delgada (ver seção
6.4). Foram classificados como hololeuco álcali-feldspato granitos brancos (Figura
17), levemente esverdeados, com estrutura maciça e textura equigranular média. São
compostos por quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, muscovita e raramente biotita,
além de clorita preenchendo falhas e fraturas.
48

Figura 17 - Fotografias da unidade hololeucogranítica (NPhlag). (a) Ponto 27-IV-2018 com detalhe em
afloramento da unidade hololeucogranítica; (b) com ambos demonstrando fraturas preenchidas por
clorita esverdeada e porções centimétricas de alteração sericítica fracamente pervasiva.

5.5 Diques básicos (Kβab)

Ocorrência de diques de espessura decimétrica de andesi-basalto com


microfenocristais finos euédricos tabulares de plagioclásio com textura decussada e
xenocristais grossos euédricos a subédricos tabulares de plagioclásio em matriz
afanítica cinza escura (Figura 18). Corpos maiores de diques basálticos de espessura
métrica ocorrem com trend NW, estando intensamente intemperizados e com
ocasional feição de esfoliação esferoidal demarcada, com cerca de 5 m. Os diques
cortam as unidades xistosas e graníticas, entretanto muitas dessas ocorrências não
possuem espessuras cartografáveis na escala de mapeamento.

Figura 18 – Fotografias das ocorrências de diques básicos (Kβab). (a) Ponto 45-IV-2018 com intrusão
de diques básicos na unidade NPγmsv; (b) amostra de mão do ponto 41-IV-2018 de andesi-basalto
com microfenocristais de plagioclásio e ao topo xenocristal de plagioclásio com 1 cm de espessura
49

5.6 Coberturas Sedimentares

São agrupadas como cobertura sedimentar as unidades sedimentares não


litificadas e de deposição recente (cenozoica) que encobrem unidades litológias mais
antigas ou até mesmo estruturas, como falhas regionais.

5.6.1 Formação Itaipava (Q1cc)

Alguns afloramentos podem chegar a ter 8 m (Figura 19) de espessura de


material inconsolidado depositado acima dos xistos com contato erosivo. São
sedimentos inconsolidados paraconglomeráticos de arcabouço composto por clastos
de composição polimítica, majoritariamente quartzito e quartzo branco leitoso,
variando de blocos a grânulos (1 - 30 cm), arredondados e com esfericidade
moderada, sustentados por matriz de granulometria variando de silte a areia grossa,
mal selecionada, composta por quartzo, feldspato alcalino, micas e minerais pesados.
Localmente, a matriz varia de areia fina a grossa, mostrando uma
granocrescência ascendente. A estrutura geral da sequência é maciça e
ocasionalmente ocorre estratificação cruzada. Formam feições intempéricas do tipo
demoiselle em alguns pontos com crosta laterítica ferruginosa.
50

Figura 19 – Fotografias da Formação Itaipava (Q1cc). (a) Ponto 125-IV-2018, clastos orientados e
imbricados com 2,8 m de altura, antigo local de exploração de argila; (b) contato com o CMB e a Fm.
Itaipava com cerca de 8 m de altura. Nota-se um forte processo erosivo com formação de voçoroca ao
lado esquerdo; (c) ponto 11-IV-2018, detalhe dos clastos arredondados de quartzito e feição de demoiselle.

5.6.2 Depósitos Aluvionares Recentes (Q2a)

Ocorrem principalmente nas planícies de inundação do rio Itajaí-Mirim,


principal corpo d’água do munícipio de Brusque, e no rio Águas Claras. O primeiro tem
uma largura de aproximadamente 800 m e corta a porção noroeste da área, enquanto
que o segundo, percorre a porção sul-sudeste do mapa. Os depósitos aluvionares
cobrem 4,84% da área mapeada e são formados por sedimentos inconsolidados com
granulometria variando de argila a areia grossa, compostos por grãos de quartzo,
feldspato alcalino, muscovita e minerais pesados, subarredondados a angulosos. A
granodecrescência ascendente presente nos depósitos é marcada por uma sequência
de sedimentos siliciclásticos médio a grossos, provenientes da erosão dos granitos da
região, encobertos por sedimentos lamosos ricos em muscovita, provenientes da
erosão dos xistos ricos em micas do CMB. Possuem estratificação cruzada e plano-
paralela.
51

6 PETROGRAFIA

Realizou-se seções delgadas nas fácies mica-quartzo xisto (15-IV-2018 e 35-


IV-2018) e fácies quartzo-mica xisto (73-IV-2018 e 135-IV-2018) do Complexo
Metamórfico Brusque, na unidade hornfélsica (26-IV-2018 e 92-IV-2018), na fácies
monzo-sienogranito (57-IV-2018 e 62-IV-2018) pertencentes à Suíte Granítica
Valsungana, também na intrusão hololeucogranítica (27-IV-2016) e no milonito (133-
IV-2018) dos xistos do CMB. O intuito das lâminas foi verificar as assembleias
minerais, texturas e estruturas das rochas. Na Figura 20 se encontra o mapa geológico
simplificado e pondo em destaque onde estão localizados os afloramentos com
lâminas confeccionadas. As paragêneses mineralógicas encontradas e outras
características foram condensadas no Quadro 3. Todas as fichas com maiores
detalhes das descrições petrográficas estão disponíveis no Anexo IV.

Figura 20 - Mapa simplificado com detalhe para a localização dos afloramentos (estrelas amarelas) onde seções
delgadas foram confeccionadas.
52

Quadro 3 - Resumo das descrições das seções delgadas com a composição mineralógica e suas texturas.

And
Ads

Apt

Ser

Tur
Afs

Chl

Stp

Zrn
Qtz

Ttn
Grt
Ms

Op
Ab

Gr
Bt

St
Unidade Amostra Rocha Textura Metam.

Biotita-muscovita
15-IV-2018 65 15 - - - - - 15 tr - - - - - - tr - 5 Granolep. M1
CMB, -quartzo xisto
Fm. Botuverá
(NPbqx) Biotita-muscovita
35-IV-2018 -quartzo xisto 55 20 - - - - - 15 tr - 5 - - - - tr tr 5 Granolep. M1
com granada
Biotita-clorita
73-IV-2018 tr 40 - - - - - 15 35 - - - - - - tr - 10 Lep. Dec. M1
-muscovita xisto

CMB,
Fm. Botuverá 133-IV-2018 Ultramilonito 30 45 - - - - - - - - - 25 - - - - tr tr Mil. M1
(NPbmx)

135-IV-2018 Muscovita-quartzo xisto 60 35 - - - - - - - - - - - tr - tr - 5 Granolep. M1

Muscovita-biotita-
Granlep. De M1 e
26-IV-2018 andaluzita-quartzo 35 15 - - - - 25 20 - - - tr - - - - - 5
Unidade c. M2
hornfels
Hornfélsica
Grafita-biotita-
(NPhf) M1 e
92-IV-2018 muscovita hornfels 5 45 - - - - 5 tr 20 10 - - tr - - - - 15 Lep. Dec.
M2
com andaluzita
Unidade
Hololeuco-
27-IV-2018 Álcali-feldspato granito 35 5 30 - 30 tr - - - - - tr - - - - - tr Ineq.f-m -
granítica
(NPhlag)

Porf. Ineq.f-
57-IV-2018 Biotita monzogranito 30 - 20 20 - tr - 20 5 - - tr - - tr - tr tr -
Suíte Granítica g
Valsungana
(NPγmsv) Porf. Ineq.f-
62-IV-2018 Biotita monzogranito 30 - 25 20 - tr - 15 tr - - tr - - tr - tr 5 -
g

Legenda - Granolep. = Granolepidoblástica; Lep. = Lepidoblástica; Dec. = Decussada; Mil. = Milonítica; Porf. = Porfirítica; Ineq. = Inequigranular, f: fina, m: média, g: grossa.
53

6.1 Complexo Brusque, Formação Botuverá

A Formação Botuverá foi mapeada na área como a intercalação de xistos


micáceos, xistos quartzosos e quartzitos. As principais estruturas observadas nas
seções delgadas são a xistosidade principal (foliação S2) definida pela orientação
preferencial de minerais micáceos, ocasionalmente com a presença de micrólitos de
quartzo e crenulações. Esta crenulação gera domínios de clivagem formando uma
foliação S3, muitas vezes definida pela orientação de cristais micáceos nos planos
axiais das crenulações. Encontram-se microdobras nos xistos frequentemente
controladas e evidenciadas por bandas quartzosas.

6.1.1. Fácies mica-quartzo xisto (15-IV-2018 e 35-IV-2018)

Na seção delgada 15-IV-2018 é possível observar um biotita-muscovita-


quartzo xisto, de granulação muito fina a fina, com textura granolepidoblástica e possui
assembleia de qtz+ms+bt+op+chl e com tur detrítica. A principal estrutura da rocha é
uma xistosidade (S2) regular paralela milimetricamente espaçada e localmente
anastomosada definida pelos minerais micáceos formando domínios de clivagem e
cristais de quartzo definindo micrólitos (Figura 21a). Os domínios de clivagem se
encontram crenulados, com a formação de uma fraca clivagem de crenulação (S3),
definida pela orientação preferencial de alguns cristais muscovita nos planos axiais,
sendo a clivagem espaçada, irregular e abrupta. Em conjunto da crenulação ocorre o
dobramento da rocha, com uma principal dobra cerrada centimétrica na seção delgada
e dobras fechadas a abertas milimétricas (Figura 21b). É possível observar dislocation
creep como mecanismo de deformação no quartzo, com os cristais exibindo extinção
ondulante, bulging e a formação de novos grãos.
A seção delgada 35-IV-2018 é um biotita-muscovita-quartzo xisto com
granada, de granulação muito fina a fina, com textura lepidoblástica, e assembleia de
qtz+ms+bt+grt+op+chl, com zrn e tur detríticos. Como principal estrutura da rocha
ocorre uma xistosidade espaçada anastomosada definida pela forte orientação
preferencial dos minerais filossilicáticos e com micrólitos milimétricos de quartzo. O
contato retilíneo dos cristais de micas e do quartzo, assim com a formação de trilha
de opacos, indica que o mecanismo de deformação da xistosidade é a dissolução por
pressão. Oblíqua à xistosidade, classificada como foliação S2, é observada uma
54

foliação discreta, espaçada, regular e definida pela orientação de minerais micáceos.


Esta foliação possui uma geometria tipo foliação S-C, com as bandas C demarcada
pela xistosidade principal e as S como a foliação anterior (S1), como pode ser visto
na Figura 21c. A foliação S1 é incipiente, definida pela orientação preferencial de
muscovita e quartzo preservada nos domínios quartzosos e é possível identificá-la
como foliação oblíqua à foliação principal (S2). Ocorrem também porfiroblastos de
granada, de granulação média, rotacionadas e com a presença da xistosidade
principal preservada na forma de trilha de inclusões de quartzo e micas
acompanhando a rotação da granada, indicando um crescimento sintectônico dos
porfiroblastos (Figura 21d).

Figura 21 - Fotomicrografias referentes à fácies mica-quartzo xisto (NPbqx). (a) xistosidade (S2) com
domínios de clivagens definidos por cristais de muscovita e micrólitos de quartzo, lâmina 15-IV-2018; (b)
dobra na xistosidade, lâmina 15-IV-2018; (c) foliação S1, definida por alguns cristais de muscovita, sendo
obliterada pela foliação S2, lâmina 35-IV-2018; (d) porfiroblasto rotacionado de granada, na qual é possível
observar a xistosidade S2 como inclusão, lâmina 35-IV-2018.
55

6.1.2 Fácies quartzo-mica xisto (73-IV-2018 e 135-IV-2018)

Ocorre na seção delgada 73-IV-2018 um biotita-clorita-muscovita xisto com


intensa venulação, de granulação muito fina a fina, lepidoblástica a localmente
decussada (Figura 22a), e de assembleia composta por ms+chl+bt+op+qtz e tur
detrítica. A estrutura principal é uma xistosidade paralela contínua, definida pela
orientação preferencial dos minerais filossilicáticos e intensamente crenulada,
formando uma clivagem de crenulação gradual. A presença de trilha de opacos na
xistosidade indica que a dissolução por pressão é o principal mecanismo de
deformação desta foliação. Há também, paralelo à xistosidade, veios de quartzo
milimétricos formados por agregados de cristais poligonais de quartzo de granulação
maior que as micas e com frequente inclusão de minerais micáceos (Figura 22b),
ocasionalmente formando trilha de inclusões sigmoidais. O mecanismo de
deformação dos veios é o dislocation creep, evidenciado pelo bulging em porções dos
veios. A intrusão dos veios provocou o sobrecrescimento localizado de muscovita,
biotita e clorita sobre os cristais micáceos orientados, formando uma textura
decussada. Também há o dobramento em partes da seção delgada, fortemente
controlado pelos agregados de quartzo.
A seção delgada 135-IV-2018 é um muscovita-quartzo xisto, representando
uma porção mais quartzosa da fácies de xistos micáceos, com textura
granolepidoblástica, e possui como assembleia mineralógica qtz+ms+op+stp e com
tur detrítica (Figura 22c). A estrutura principal da rocha é uma xistosidade (S2), regular
e anastomosada, definida pelos domínios de clivagem milimétricos formados pela
orientação dos minerais micáceos e com micrólitos de quartzo. A principal formação
dos domínios de clivagem é por dissolução por pressão, e o bulging nos cristais de
quartzo evidenciam dislocation creep como mecanismo de deformação nos micrólitos.
Há crenulação da xistosidade (Figura 22d), com a formação de uma clivagem de
crenulação espaçada (S3), regular e discreta, definida pela orientação de cristais de
muscovita.
56

Figura 22 - Fotomicrografias referentes à fácies quartzo-mica xisto (NPbmx). (a) textura localmente
decussada pela ação termal de veios, lâmina 73-IV-2018; (b) trilha de inclusão de minerais micáceos
em veio de quartzo, lâmina 73-IV-2018; (c) fotomicrografia de estilpnomelano, lâmina 135-IV-2018; (d)
xistosidade S2 crenulada; lâmina 135-IV-2018.

6.1.3 Milonito (133-IV-2018)

A seção delgada 133-IV-2018 é um ultramilonito (Figura 23a), de granulação


muito fina, com assembleia mineral de ms+qtz+ser+op, com zrn detrítico. A principal
estrutura na rocha é a foliação milonítica contínua paralela demarcada pela orientação
preferencial dos minerais micáceos e de quartzo com extinção ondulante e forte
diminuição do tamanho dos grãos ocasionada pela recristalização dinâmica. Formam
foliação do tipo S-C, com os planos S definida por finas mica e óxidos. Ocorrem
também orientados com a foliação milonítica porfiroclastos de muscovita e quartzo
(Figura 23b) com rotação em sentido dextral, assim como a muscovita apresentando
feição de mica-fish, evidenciando deslizamento do plano basal. Ocorrem feições
também feições de regime mais rúptil, como kink bands, microfalhas e fraturas.
57

Figura 23 - Fotomicrografia da lâmina 133-IV-2018, referente ao milonito mapeado. (a) mica-fish com
sentido dextral; (b) porfiroclasto de muscovita e microfalha indicada.

6.2 Unidade Hornfélsica (26-IV-2018 e 92-IV-2018)

A seção delgada 26-IV-2018 é muscovita-biotita-andaluzita-quartzo hornfels


(Figura 24a), de granulação fina a média, com de texturas granolepidoblástica e
decussada (Figura 24b), formando bandas onde ocorre ou a predominância de textura
granolepidoblástica ou de decussada. A estrutura principal é uma xistosidade
espaçada, regular e discreta, estando delimitada nas bandas granolepidoblásticas
pela orientação preferencial da muscovita como domínios de clivagem e cristais de
quartzo definindo micrólitos, inclusive com a formação de ribbons de quartzo paralelos
à xistosidade. A xistosidade S2 está crenulada, com uma a orientação preferencial de
muscovita definindo uma clivagem de crenulação. A orientação das muscovita assim
como trilhas de opacos indica um mecanismo de deformação de dissolução por
pressão, e nos cristais de quartzo há uma indicação localizada do processo de bulging,
que não foi totalmente sobreposto pela recristalização dinâmica dos cristais. Nas
bandas decussadas há um intenso sobrecrescimento dos minerais, causando a
sobreposição da xistosidade, com a foliação estando principalmente preservada nos
porfiroblastos de andaluzita (Figura 24c), indicando que o crescimento destes minerais
foram sintectônicos à formação da xistosidade. Nas bandas granolepidoblásticas
ocorre uma assembleia de qtz+ms+op (Figura 24d), enquanto nas bandas
decussadas a assembleia é essencialmente composta de and+bt (Figura 24e), com
ms ocorrendo subordinadamente. A biotita ocorre na rocha com uma cor castanho
com intenso tom avermelhado.
58

Figura 24 - Scan e fotomicrografias referentes à lâmina 26-IV-2018 (a) visão geral da seção delgada em
luz polarizada cruzada; (b) texturas granolepidoblástica, representada pelos cristais finos de quartzo e
muscovita Ms1, e decussada, representada pelos cristais médios de muscovita Ms2, biotita e andalusita;
(c) porfiroblasto de andaluzita sintectônico à xistosidade; (d) porção de biotita e andaluzita; (e) porção
quatzosa com formação de ribbons de espessura milimétrica.
59

Há na seção 92-IV-2018 um grafita-clorita-muscovita hornfels com andaluzita


(Figura 25a), de granulação muito fina a média, com textura lepidoblástica a
decussada (Figura 25b), de assembleia mineral ms+chl+op+gr+and+qtz+bt+st. A
principal estrutura na rocha é uma xistosidade contínua, localmente com a presença
de micrólitos de quartzo, regular e crenulada, definida pela forte orientação
preferencial dos filossilicatos e da grafita (Figura 25c). Ocorre uma clivagem de
crenulação levemente irregular, gradual e definida pela orientação das micas e da
grafita nos planos axiais da crenulações. A orientação dos minerais filossilicáticos e a
ocorrência de trilha de opacos indica que o mecanismo principal de deformação nesta
rocha é de dissolução por pressão. Também há na lâmina uma sobreposição nas
foliações de minerais, especialmente micáceos, sobrecrescidos sem orientação
preferencial, assim como a formação de porfiroblastos de andaluzita e,
subordinadamente, de estaurolita. Estes porfiroblastos estão fortemente sericitizados.

Figura 25 – Fotografia e fotomicrografia referentes à amostra e a lâmina do ponto 96-IV-2018. (a)


fotografia da amostra de mão; (b) texturas lepidoblástica definida pela muscovita Ms1 e decussada
pela muscovita Ms2; (c) ocorrência de grafita na xistosidade s2 e a presença de clivagem de
crenulação.
60

6.3 Suíte Granítica Valsungana

Os granitoides da Suíte Valsungana (ver seção 5.3, capítulo 5) são


majoritariamente da fácies monzo-sienogranito e subordinadamente fácies quartzo-
sienito. Há somente seções delgadas da fácies monzo-sienogranito.

6.3.1 Fácies Monzo-sienogranito (57-IV-2018 e 62-IV-2018)

As seções delgadas 57-IV-2018 e 62-IV-2018 são compostas por biotita


monzogranitos (Figura 26a), leucocráticos (M e M’=20%), com composição
mineralógica essencial de qtz (30%), mc (20-25%) e ads (20%), com bt (15-20%) como
mineral qualificador, e ap (≤ 5%), ttn (≤ 5%) e zrn (≤ 5%) como minerais acessórios.
Ocorre chl (≤ 5%) pela cloritização da biotita, op (≤ 5%) pela oxidação da biotita e de
clorita e também a sericitização dos feldspatos. A biotita apresenta-se de cor castanho
esverdeado na seção delgada 57-IV-2018 e castanho avermelhado na 62-IV-2018. A
textura das lâminas é porfirítica com fenocristais grossos a muito grossos de
microclínio pertíticos e matriz fanerítica inequigranular fina a média podendo a chegar
a grossa com cristais poiquilíticos de biotita e intercrescimento pertítico e mirmequítico
(Figura 26b).
Os granitoides se encontram deformados e o mecanismo de deformação
presente é o dislocation creep, com a presença de extinção ondulante e
ocasionalmente a formação de subgrãos, assim como kink bands nos cristais de
biotita (Figura 26c), além de fraturamento incipiente a moderado. Na lâmina 57-IV-
2018 ocorre bulging com a formação de novos grãos (Figura 26d) com rotação de
subgrão localizado (Figura 26e), enquanto 62-IV-2018 possui subgrãos elongados e
a ocorrência de migração de limite de grão (Figura 26f) provocando contato
interdigitado entre alguns cristais de quartzo e microclínio.
61

Figura 26 - Fotomicrografias referentes à unidades de monzo-sienogranito da Suíte Valsungana (NPγmsv).


(a) assembleia parcial de qtz+afs+bt, com sericitazação dos afs, cloritização da biotita e oxidação da
clorita; (b) intercrescimento mirmequítico; (c) kink bands nos cristais de biotita; (d) bulging em quartzo com
a formação de novos grãos no contato entre subgrãos; (e) rotação de subgrão em cristal de quartzo; (f)
migração de limite de grão entre os cristais de quartzo e microclínio.
62

6.4 Unidade Hololeucogranítica (27-IV-2018)

A seção delgada 27-IV-2018 é um hololeuco álcali-feldspato granito (Figura


27a), com índice de cor hololeucocrático (M e M’ <5%), composto por qtz (35%), mc
(30%) e ab (30%), ms (5%), op (tr), ap (tr) (Figura 27b), chl como veio de espessura
submilimétrica (Figura 27c) e sericitização dos feldspatos. A matriz é majoritariamente
de cristais de albita finos euédricos ripiformes a subédricos e intensamente fraturados
e subordinadamente de cristais finos de quartzo e microclínio anédricos a subédricos,
respectivamente. Ocorrem também fenocristais de quartzo, microclínio e muscovita
anédricos (Figura 27d), de contato interdigitado, poiquilíticos com a inclusão dos
cristais da matriz, sem fraturas, com alguns cristais de microclínio com
intercrescimento pertítico. Ocorrem subgrãos em alguns cristais de quartzo.

Figura 27 - Fotomicrografias referentes à unidade hololeucogranítica (NPhlag). (a) visão da seção


delgada em nicois paralelos; (b) visão da seção delgada em nicois cruzados; (c) veio submilimétrico de
clorita; (d) fenocristais anédricos de qtz, mc e ms com contatos interdigitados e poiquilíticos com
inclusão de cristais euédricos.
63

7 GEOLOGIA ESTRUTURAL

A compartimentação tectônica e estrutural da região de Azambuja é complexa


devido à proximidade com grandes estruturas associadas a transportes tectônicos
como as duas maiores zonas de cisalhamento, a ZC Major Gercino e ZC Itajaí-
Perimbó. Inserem-se num contexto de colisões neoproterozoicas da região sul da
Província Mantiqueira, dentro do segmento central do Cinturão Dom Feliciano,
detalhado por Hasui (2012). Na área de estudo afloram rochas do Complexo
Metamórfico Brusque e Suíte Valsungana. De acordo com Philipp et al. (2004), a
intrusão dos corpos graníticos Valsungana e Serra dos Macacos está relacionada ao
desenvolvimento das zonas de cisalhamento dúcteis.
As foliações predominam em um trend de direção N40-50E regional no CMB,
formadas em regime principalmente plástico sendo essas as estruturas de maior
representatividade e penetratividade. Ocorrem dentre essas as foliações S1, S2, S3,
S4 e S5, que foram interpretadas e hierarquizadas por análises dos dados de campo
juntamente com informações microestruturais, assim como as dobras observadas.
Também ocorre um possível acamamento sedimentar (S0) incipiente observado em
campo, tendo sido obliterado pela foliação S2 que se tornou a mais penetrativa da
região. As estruturas rúpteis e os veios foram observados e medidos em campo e
serão tratados neste capítulo. O Quadro 4 traz resumidamente as foliações presentes
na área, assim como suas características predominantes e sua natureza.

Quadro 4 - Síntese das foliações e suas respectivas características .


(continua)

Foliação Classificação Disposição Natureza D


Acamamento sedimentar
S0 Foliação representando o acamamento sedimentar - - -
reliquiar definida pelo contato entre xisto e quartzito.
Evidenciada localmente em mesoescala e também Baixo a
S1 em lâmina a presença de dobras isoclinais entre a médio Plástica D1
foliação da xistosidade S2. ângulo
Xistosidade
Foliação contínua a espaçada definida por orientação Baixo a
S2 preferencial de cristais micáceos com domínios de médio Plástica D1
micrólitos de quartzo. Crenulação da xistosidade, ângulo
especialmente em porções com minerais micáceos.
64

Quadro 4 - Síntese das foliações e suas respectivas características.


(conclusão)

Clivagem de crenulação
Foliação plano-axial, simétrica, espaçada, contínua e Médio a alto
S3 Plástica D1
retilínea, definida por orientação preferencial de ângulo
cristais micáceos.

Foliação milonítica
Vertical a subvertical, contínua e retilínia, de
Sm Alto ângulo Plástica D1
espaçamento milimétrico, definida pela redução do
tamanho dos grãos e estiramento mineral.

Clivagem espaça subvertical, de espaçamento


S4 Alto ângulo D1
centimétrico, alto ângulo de mergulho

Clivagem subhorizontal
Clivagem horizontal a sub-horizontal, contínua e
S5 Baixo ângulo Rúptil/Dúctil D2
retilínea, de espaçamento centimétrico com presença
de pouca muscovita

A unidade Q1cc - Formação Itaipava - possui um acamamento sedimentar


sub-horizontal e com baixo ângulo de mergulho e atitude média de 16/047, em contato
com as unidades do CMB (Figura 28a). O grande rio Itajaí-Mirim, que corta a área na
porção noroeste, tem fluxo de água para nordeste, sendo esta também a principal
direção de mergulho dos planos do acamamento medidos (Figura 28b). Localmente
encontra-se estratificações cruzadas e pequenos seixos imbricados. Há indícios de
atividades rúpteis cenozoicas dadas pela presença de falhas normais que afetam as
camadas sedimentares e seu substrato.

Figura 28 - (a) Afloramento do ponto 121-IV-2018 com o contato do acamamento da unidade Q1cc e
NPbmx marcado em preto. (b) projeção estereográfica do acamamento da unidade Q1cc (n=10) com
plano máximo 21/060.
65

7.1 Foliações

FOLIAÇÃO S0
A foliação denominada como o acamamento sedimentar (S0) é observado em
campo entre camadas métricas a centimétricas de quartzitos em contato com
camadas dos xistos micáceos e quartzosos do CMB. Essa variação granulométrica
também define um bandamento composicional reliquiar entre as camadas, com
direção preferencial 04/060 dos planos de contato (Figura 29). Essa foliação foi
também afetada pelas deformações presentes em todo Brusque. Encontrada mais a
nordeste e sudeste da área xistosa mapeada, principalmente na unidade onde essa
intercalação é mais frequente (NPbxqt).

Figura 29 - Projeção estereográfica da foliação S0,


definida como acamamento sedimentar das
unidades NPbmx, NPbqx e NPbxqt, com densidade
das foliações em tons de vermelho, com seu plano
máximo 04/060, (n=22).

FOLIAÇÃO S1
A foliação S1 é uma foliação inicial e fora vista em mesoescala,
milimetricamente entre os planos da foliação de xistosidade predominante,
denominada como S2, na forma de dobras isoclinais de flanco rompido e intrafoliais
com relação à xistosidade principal. Para Passchier & Trouw (2005) a correlação da
S0 e a S1 pode ser difícil de identificar devido à transposição da S1 pela S2 (Figura
30a e b).
Observada mais nitidamente em lâmina, onde sua orientação se encontra
oblíqua a xistosidade. Basei et al. (2011) cita que ocorre uma transição gradual no
desenvolvimento da foliação S1 que é transposta pela foliação S2, geradas durante o
66

metamorfismo regional (ver seção 8.1, capítulo 8). Composta pela orientação
preferencial de finos cristais euédricos tabulares de muscovita em meio a cristais de
quartzo (micrólitos), dispostas de modo oblíquo às bandas ricas em micas (Figura 30c
e 30d). De acordo com Phillip et al. (2014), áreas onde a S1 está preservada, pode-
se observar a formação de crenulação resultando na clivagem de crenulação da S1,
classificada como a foliação S2. Todavia, os autores explicam diferentes eventos de
deformações para essa transposição, porém em uma mesma fase de deformação
essas estruturas podem se desenvolver.

Figura 30 - (a) Afloramento do ponto 95-IV-2018 evidenciando dobra da foliação S1//S0 e a foliação S2
transpondo-as; (b) dobra isoclinal mostrando a orientação de S0/S1 e S2 nos flancos da dobra e S2
oblíqua a S0/S1 na charneira em escala de afloramento (adaptado de Passchier & Trouw, 2005); (c)
fotomicrografia da amostra 35-IV-2018 com planos micáceos sub-horizontais (S2) e dobras isoclinais
de flanco rompido definido por muscovita nas porções quartzosas; (d) desenvolvimento de uma nova
clivagem (S1 e S2) na progressão de deformação, com microdobras intrafoliais visíveis em lâmina e
exemplificando escala de afloramento. (adaptado de Passchier & Trouw, 2005).
67

FOLIAÇÃO S2
A foliação de xistosidade (S2) é a mais penetrativa do CMB. Caracterizada
pelo arranjo orientado dos minerais filossilicáticos, que geralmente são muscovita,
biotita e clorita, e classificada como xistosidade do tipo espaçada anastomosada com
domínios de micrólitos quartzosos e domínios de clivagem por micas,
milimetricamente espaçados, definindo textura lepidoblástica dominante nos xistos.
Os cristais de muscovita nos planos da foliação possuem contato retilíneo com
quartzo, evidenciando dissolução por pressão, sendo o principal mecanismo de
deformação identificado nos minerais que caracterizam as foliações S1 e S2, além de
ocorrer dislocation creep e extinção ondulante nos cristais de quartzo.
Os planos dessa foliação possuem um trend principal medido entre N75-90E
com mergulhos de baixo a médio ângulo para SE e NW, com seu plano máximo
16/320. A mesma foliação foi descrita também como S2 por Basei et al. (2011), onde
o autor detalha que sua origem se deu durante o clímax metamórfico do CMB,
resultando em uma xistosidade disjuntiva a bandada.
As paragêneses associadas às foliações S1 e S2 são características de
evento metamórfico regional do tipo orogênico (M1), conforme Phillip et al. (2004),
geradas em condições metamórficas que variam da fácies xistos verdes, zona da
clorita, passando pela zona da biotita e zona da granada (ver seção 8.1, Capítulo 8).
Os porfiroblastos de granada são sin-cinemáticos, como observadas em lâmina,
definidos pela presença de inclusões helicíticas, rotacionadas para NW, indicando
intensa deformação tangencial de cisalhamento dúctil de baixo ângulo ao longo da
foliação (Figura 31a).
Em toda área a foliação S2 se encontra crenulada, ondulada e dobrada. Os
dados de campo demonstraram uma tendência a formar uma grande estrutura
dobrada, que pela distribuição dos pólos dos planos classificaria como uma grande
dobra regional suave e aberta (Figura 31b). Não raramente, demonstra a forte
presença de clivagem de crenulação e domínios de clivagem. A foliação de crenulação
da S2 foi denominada como a foliação S3.
68

Figura 31 - (a) Fotomicrografia da amostra 35-IV-2018 demonstrando o porfiroblasto de granada


rotacionado. (b) projeção estereográfica da foliação de xistosidade (S2) com seu plano máximo de
16/320 e em azul uma inferida guirlanda regional com seu eixo em 05/075 (n=510).

FOLIAÇÃO S3
A foliação formada como clivagem de crenulação no plano-axial da S2 foi
hierarquizada como foliação S3. A orientação preferencial de finos cristais de
muscovita e biotita caracterizam a S3 também observada em seções delgadas,
evidenciando processos de dissolução por pressão como principal mecanismo de
deformação. É uma foliação espaçada disjuntiva paralela e discreta (Figura 32).
Basei et al. (2011) detalha que a deformação mais visível na foliação S2 é seu
forte dobramento, frequentemente resultando em dobras assimétricas de tamanhos
centimétricos caracterizadas por clivagens de crenulação de plano-axiais, onde a
classifica como foliação S4. A lineação Lx é resultado da intersecção da clivagem de
crenulação (S3) com a superfície da xistosidade (S2), com trends medidos para SW.
Devido a heterogeneidade da deformação regional, a presença de clivagem
de crenulação varia conforme as diferentes respostas das rochas e de acordo com a
proximidade com a zona de cisalhamento, possuindo mais alto ângulo. A geração
dessa foliação é comum nesse contexto de deformação progressiva (Fossen, 2012).
Comumente pode ser encontrada, de modo sutil, nos afloramentos e por vezes sendo
mais penetrativa, variando também a obliquidade com a xistosidade crenulada (Figura
32a e b).
69

Figura 32 - (a) Ponto 150-IV-2018 demonstrando a presença da clivagem de crenulação subvertical à


xistosidade s2 crenulada; (b) ponto 82-IV-2018 com uma foto de detalhe da clivagem de crenulação
oblíqua à xistosidade.

Os planos medidos da foliação S3 foram separados em três conjuntos de acordo com


sua vergência e o ângulo de mergulho. O primeiro indica foliações de plano-axiais de
menor ângulo, com duas principais populações com seus planos máximos 33/160 e
50/120, demonstrando uma vergência para sudeste (
Figura 33a). Outro conjunto com maiores ângulos de mergulhos de seus planos, possui
um plano máximo de 63/267 com uma principal vergência para WNW (Figura 33b).
Por fim, agrupou-se duas grandes concentrações que possuem em comum o
alto ângulo de mergulho, por vezes aparecem com direção EW e outra com direção
NS (Figura 33c). São mais frequentes e possuem alta penetratividade quando
próximos aos corredores miloníticos mapeados também pelas outras equipes. A
Figura 33d é um esquema representando a verticalização do ângulo de mergulho
conforme a proximidade da zona de cisalhamento Itajaí-Mirim, sendo por fim,
totalmente transposta pela foliação milonítica Sm.
70

Figura 33 - Projeções estereográfica da clivagem de crenulação. (a) Conjunto de vergência se com dois
máximos 1: 50/120 e 2: 33/160, (n=18); (b) conjunto de vergência WNW com plano máximo em 63/267
(n=21); (c) conjunto com medidas de alto ângulo de mergulho mostrando direções NS: 83/013 e EW:
83/099, (n=27); (d) esquema de verticalização da foliação S3 com a aproximação do corredor milonítico.

FOLIAÇÃO S4
A foliação S4 foi descrita apenas localmente, no afloramento 73-IV-2018,
observada como planos de foliação de alto ângulo de mergulho oblíquos à clivagem
de crenulação (S3), classificada como uma foliação espaçada disjuntiva, subvertical
de espaçamento centimétrico, sendo definida pela presença de pouca muscovita e
com uma feição sutilmente anastomosada (Figura 34a). As atitudes medidas possuem
plano máximo em 83/257, com direção principal N-S. Observou-se nesse mesmo
ponto veios de quartzo centimétricos boudinados e dobrados, com geometria
sigmoidal, associados como indicadores cinemáticos que expõem uma transcorrência
de alto ângulo em regime sinistral. O trend desta foliação se assemelha à direção N-
S de um grande lineamento, delimitado por fotografia aérea e sensor, bem próximo ao
afloramento de ocorrência dessa. Infere-se uma possível coligação deste lineamento
na formação da foliação S4 (Figura 34b).

Figura 34 - (a) Bloco diagrama esquemático das foliações presentes sendo S2: xistosidade, S3:
clivagem de crenulação demonstrando a obliquidade da foliação S4 com as demais. (b) projeção
estereográfica da foliação S4 com plano máximo em 83/257.

FOLIAÇÃO S5
A foliação S5 é uma foliação subhorizontal disjuntiva, paralela, com
espaçamento decimétrico e definida por alguns poucos cristais micáceos (Figura 35a
e b). Ela é uma foliação muito localizada, vista somente em um ponto (135-IV-2018)
devido ao intenso intemperismo na região. No afloramento é possível observar que a
foliação S5 intersecta as foliações S2 e S3, portanto infere-se um evento posterior
71

para a formação desta superfície. Não há uma explicação conclusiva para a sua
formação devido a falta de evidências, porém um possível modelo é o colapso do
orógeno do Cinturão Dom Feliciano, causado após a cessão dos esforços tectônicos
provocados pela colisão dos terrenos.

Figura 35 - (a) bloco diagrama esquemático das foliações presentes sendo S2: xistosidade, s3:
clivagem de crenulação demonstrando a feição de corte sub-horizontal da foliação S5 com as demais.
(b) projeção estereográfica da foliação S5 com plano máximo em 07/330, (n=5).

FOLIAÇÃO MILONÍTICA
Na região próxima ao rio Itajaí-Mirim é comum a presença de corredores
miloníticos onde as rochas metapelíticas do CMB e porções das intrusões graníticas
foram totalmente deformadas e foliações pretéritas não são mais visível. Nesses
locais, a xistosidade é completamente transposta pela foliação milonítica Sm.
Segundo Juliani (2002), a textura milonítica é dada pela fragmentação lítica e de
minerais em zonas de cisalhamentos, com orientação dos minerais cominuídos e com
pouca cristalização de novos minerais.
Encontrada em apenas um afloramento na área mapeada, mas de maior
representatividade em áreas vizinhas, as rochas miloníticas possuem um trend geral
para NE, assim como a zona de cisalhamento strike-slip Itajaí-Mirim. Fossen (2012)
descreve que foliações miloníticas são normalmente resultado de alta tensão não-
coaxial, encontradas em zonas de cisalhamento. Essa ZC tem uma importância
regional e normalmente o curso do rio Itajaí-Mirim está instalado sobre a zona.
Estudos anteriores também descrevem esses corredores miloníticos, de direção
preferencial em N30-50E (Philipp et al., 2004; Basei et al., 2011).
A foliação Sm é caracterizada pelo seu mergulho vertical a subvertical,
contínua e retilínea, de espaçamento milimétrico, definida pela redução do tamanho
72

dos grãos e estiramento mineral. Em análise petrográfica há porfiroclastos de


muscovita e quartzo, com mica-fish indicando um regime dextral, além de foliações S-
C (Figura 36a), também visualizadas em macroescala. Veios de quartzo associados
com estruturas de alto ângulo são sigmoidais, o que também evidencia a
transcorrência dextral do cisalhamento (Figura 36b). Essa foliação aproveitou a
clivagem de crenulação S3, nos planos axiais das crenulações da S2, para seu
desenvolvimento, como uma estrutura formada devido à formação da ZC Itajaí-Mirim.
A milonitização culmina na formação de um ultramilonito, sendo uma rocha
completamente deformada, muito fina, que segundo a classificação de Davis &
Reynolds (2011) contém mais de 90% de matriz e menos de 10% de porfiroclastos.
Devido a poucos afloramentos com rochas milonitizadas, comparou-se com os dados
da área II, a norte, onde possuem forte ocorrência desses corredores miloníticos da
ZC Itajaí-Mirim, mostrando um padrão semelhante entre as medidas das duas áreas
(Figuras 36c e d).

Figura 36 - (a) Ponto 133-IV-2018 detalhe com foliação em geometria de par s-c, típica em rochas
miloníticas, indicando o plano c em vermelho e s em amarelo. falha transcorrente sinistral de direção NW
em azul. (b) ponto 133-IV-2018, vista em planta marcando a foliação Sm em amarelo e veio sigmoidal de
quartzo de regime dextral. (c) projeção estereográfica da área IV com plano máximo de 67/147, (n=23).
(d) projeção estereográfica da área II com plano máximo de 82/137, (n=119).
73

7.2 Dobras

Como o processo de deformação é progressivo, é possível que os corpos


rochosos sejam submetidos a regimes alternados de esforços. Com isso são geradas
feições de superimposição que não são facilmente distinguíveis das produzidas por
fases de deformações distintas (Hobbs et al. 1976 e Ramsay 1967 apud Basei, 1985).
A foliação S2 encontra-se dobrada por uma foliação plano axial S3 que evidencia as
grandes dobras nos metapelitos do CMB.
Observa-se diferentes modelos de dobras de diversos tamanhos com atitudes
de eixo e planos axiais variados em consequência à reologia e às respostas ao
estresse dessas rochas metapelíticas no contexto tectônico de colisão. Observando
os estereogramas de foliação S2, os eixos de dobra são geralmente de baixo a médio
ângulo em variadas direções, mas principalmente para ESE. As mesodobras
parasitas, em escala de afloramento, acompanham este padrão contando com
amplitudes e comprimentos de onda decimétricos. As medidas de plano-axiais de
mesodobras indicam uma vergência para NW, com plano máximo em 66/304.
Variam entre dobras abertas a fechadas, suaves a apertadas, recumbentes,
isoclinais, inclinadas e en chevron, em diferentes escalas. Superpostas às foliações
de xistosidade (S2), Basei et al. (2011) descreve fases de dobramento que ocorrem
no CMB, relacionadas a grandes dobras inversas com vergência NNW. As maiores
dobras são encontradas em análise de estereogramas gerados com foliações da
xistosidade em alguns afloramentos (Figura 37).

Figura 37 - Mapa simplificado destacando as unidades xistosa e dobras com seu caimento indicado.
Projeções estereográficas das dobras (1) dobra suave normal com eixo 05/235 (n=17); (2) dobra
fechada normal inclinada com eixo 45/240 (n=11); (3) dobra fechada normal inclinada com eixo 17/112
(n=12); (4) dobra fechada a apertada com eixo 25/255 (n=8).
74

7.3 Falhas, fraturas e veios

A tectônica rúptil na região de Azambuja apresenta associação com a zona


de falhamento transpressiva (strike-slip) em um contexto de nível crustal mais raso,
inteiramente rúptil. A partir da análise de estereogramas das falhas e fraturas,
percebe-se que os principais produtos tectônicos rúpteis neste contexto incluem
fraturas de alto ângulo de mergulho.

FALHAS
Os principais lineamentos observados por imagem de satélite e mapas
aerogeofísicos demonstram predomínio das falhas com direção para NW e NNE,
tendo as de direção NE maior destaque. As falhas presentes em campo, em sua
maioria, eram falhas normais com poucos centímetros de rejeito e transcorrentes com
sentido sinistral, também com deslocamento centimétrico. Mediram-se 22 planos de
falhas, porém em nem todos foi possível identificar seu rejeito. Obtiveram-se atitudes
de 3 planos de falha normal: 83/293 com estria 27/016; 72/281 com estria 17/178; e
80/280 com estria 304/37. De acordo com a projeção esterográfica (Figura 38), as
falhas possuem um plano máximo de 82/300, indicando uma tendência de direção NE
para as falhas, permitindo uma associação a transcorrência da Zona de Cisalhamento
Itajaí-Mirim (ZCIM).
75

Figura 38 - (a) Ponto 73-IV-2018 demarcando uma falha normal com rejeito de 2 cm; (b) ponto 136-IV-
2018 com uma falha transcorrente sinistral com deslocamento com 4 cm; (c) ponto 174-IV-2018 com
falhas normais do tipo “em dominó”; (d) projeção estereográfica dos polos dos planos de falha com plano
máximo de 82/300 (n=22).

FRATURAS
As fraturas foram interpretadas a partir de dados de campo ocorrendo como
truncamento de foliações/lineações, com análises de sensoriamento remoto, incluindo
fotointerpretação com lineamentos de cinemática indefinida. Em campo as fraturas
localmente ocorrem preenchidas por clorita. Frequentemente observadas nas
unidades xistosas possuem duas principais famílias com direções preferenciais de F1:
N30-45E e F2: N60-75W. O mapa de lineamentos no modelo de elevação e o
diagrama de roseta dos lineamentos demonstram trend principal para nordeste de
toda região mapeada (Figura 39).
As fraturas NE pertencentes a F1, mais penetrativas, estão relacionadas com
a tendência geral das estruturas produzidas pela ZCIM. Fraturas com origem a partir
de estresse pode ser variada, onde os autores Singhal & Ravi (1999) citam cinco
principais origens de fraturas: i - stress tectônico relacionado a deformação das
rochas; ii - stress residual relacionado a evento anterior ao fraturamento; iii -
resfriamento do magma causa uma redução no volume, o que gera a contração na
rocha gerando fraturas, ou dissecação de sedimentos; iv - alívio de carga e
reativações do embasamento; v - erosão causada pelo intemperismo com rachaduras
extensionais.
Os diques máficos mesozoicos (Kβab), que intrudem o CMB, ocorrem na
direção preferencial NW com um vulcanismo associado a tectônica extensional
responsável pela abertura do Atlântico Sul, cujo esses diques aproveitaram essas
estruturas de direção nordeste, sendo isso um indicativo de que a F2 seja mais recente
que as F1. Com relação à modelagem de Soares (1987 apud Castro 1997) esta
direção parece corresponder à direção na qual estariam instaladas as fraturas
distensivas alojadas durante o estágio transpressivo dextral, paralelamente ao esforço
compressivo principal.
76

Figura 39 - (a) Mapa dos lineamentos traçados em amarelo no modelo digital de terreno; (b) projeção
estereográfica com os polos das fraturas (n=98) mostrando as duas principais famílias de direção NE
(em vermelho) e NW (azul); (c) diagrama de rosetas de fraturas (n=98) demarcando as duas famílias.

VEIOS
Os veios encontrados na área são compostos por quartzo principalmente e
subordinadamente há inclusões de muscovita e localmente ocorre presença de pirita
(Figura 40a). Variando em uma escala métrica de comprimento (ca. 5 m) e com
espessura decimétrica de no máximo 40 cm, porém também vistos em pequenas
escalas (Figura 40b) e em seção delgada. Intrudidos em todas as unidades xistosas,
a presença desses veios é intensa, variando sua colocação e relação com as foliações
de xistosidade e também com outras estruturas de alto ângulo. Contudo, a presença
de alguns veios de quartzo verde/esverdeados (Figura 40c) nos metapelitos eram
raras. De acordo com Enokihara (2013), sabendo que o quartzo é basicamente
composto por íons de Si4+ e O2-, algumas impurezas estruturais como o Al3+ e o Fe3+
que substituem o íon de silício ocasiona na coloração esverdeada. Infere-se que a
presença dessa impureza se deve a contaminação desse fluido silicoso pelos minerais
dos metapelitos. Comumente estão dobrados e paralelos conforme a xistosidade,
segundo Silva (2018), se acomodando devido ao extensivo processo de dissolução
por pressão envolvendo os quartzo e micas do CMB. Os veios apresentavam
estruturas do tipo pinch-and-swell e principalmente boudinamento. De acordo com a
análise de medidas, a direção desses veios boudinados variam preferencialmente
entre N30-45E. O trend de direção NW sugere alocados em fraturas extensionais
geradas pela ZC (Figura 40d).
77

Figura 40 - (a) Ponto 149-IV-2018 com veio de quartzo boudinado; (b) ponto 73-IV-2018 evidenciando veio
de quartzo centimétrico paralelo a foliação S2; (c) ponto 35-IV-2018 veio de quartzo branco esverdeado e
boudinado. (d) diagrama de rosetas da direção dos veios com trend direcional em N30-40 (n=25).

7.4 Microestruturas

A dissolução por pressão é um importante mecanismo de deformação que


ocorre em rochas com presença de fluido intergranular. O processo de dissolução por
pressão nos grãos de quartzo é favorecido pelo aumento da temperatura, sem
influência da composição do fluido intergranular (De Boer, 1977, apud Silva, 2018).
Silva (2018) expõe que este mecanismo mostra evidências da remoção de material,
transporte e precipitação sem fraturamento ou deformação intracristalina, sendo tais
evidências visíveis em tipos distintos de contatos de grãos, estilólitos, presença de
veios, microestruturas de supercrescimentos e sombras de pressão. Na unidade dos
xistos o principal mecanismo de deformação é a dissolução por pressão, evidente em
todas as amostras, pois há ocorrência domínios de clivagem definidos por filossilicatos
e também trilha de opacos.
Outro mecanismo de deformação é o dislocation creep, que envolve a
movimentação de deslocamentos através da rede cristalina do material, causando a
deformação plástica dos cristais individuais e, no final, o material em si (Twiss &
Moores, 2000). Uma vez que o dislocation creep é altamente sensível ao estresse
diferencial do material, como sugere esses autores, o mecanismo apresenta distintos
78

regimes de recristalização. Esses diferentes regimes que controlam o comportamento


mecânico da crosta podem ser preservados como microestruturas em rochas
deformadas (Silva, 2018). Tais processos são formados por aumento de temperatura,
decréscimo da taxa de deformação e quantidade de fluido intergranular presente
durante a deformação (Figura 41). A seguir são descritas as principais feições
deformacionais encontradas em rochas da área estudada.

Figura 41 - Influência da temperatura nos regimes de deformação para diferentes tipos de minerais. As
setas indicam o efeito da taxa de deformação e a porção sombreada corresponde ao domínio de
deformação plástica do cristal, relacionado a presença de fluido intergranular (retirado de Passchier &
Trouw, 2005).

Regime de recristalização tipo bulging corresponde ao regime de mais baixa


temperatura, na qual o limite de grão pode se projetar no cristal com alta densidade
de deslocamento e formar novos grãos independentes (Passchier & Trouw, 2005).
Além disso, segundo os autores, os grãos antigos mostram um limite levemente
serrilhado com extinção ondulante, podendo ainda estar fraturados. Esse regime foi
identificado nos granitoides da SV e nos xistos do CMB (Figura 42a).
A rotação de subgrão diz respeito ao movimento de deslocamento dos limites
de subgrãos, provocando uma rotação progressiva desses até a formação de um novo
grão (Hirth & Tullis, 1992 apud Silva, 2018). De acordo com Silva (2018), tal regime
pode ser inferido a partir da coexistência de novos grãos com subgrãos de tamanhos
semelhantes, que por sua vez tendem a ser mais alongados. Regime descrito nas
amostras 27-IV-2018, 57-IV-2018 e 62-IV-2018 (Figura 42a e b).
79

O Regime de recristalização tipo migração de limite de grão ocorre em uma


temperatura relativamente alta, sendo caracterizados por novos grãos maiores que os
subgrãos coexistentes, ausência de grãos originais altamente achatados e alta taxa
de recristalização (Hirth & Tullis, 1992 apud Silva, 2016). Os limites de grãos são
lobados e o tamanho dos grãos variam, além de não haver extinção ou extinção
ondulante em temperaturas muito altas (Passchier & Trouw, 2005). O regime de
recristalização em questão foi identificado na amostra 62-IV-2018 (Figura 42c).
Os chamados minerais fish também conFiguram evidências de regimes de
recristalização, sendo os mais comuns a mica e biotita fish (Passchier & Trouw, 2005).
Segundo estes autores, as micas fish podem se formar por decorrência da remoção
de pequenos grãos recristalizados ou cataclasticamente arrancados ao longo das
partes superior e inferior, possivelmente acompanhados por dissolução e/ou
transferência de massa difusiva e por deslizamento do plano basal num sentido
sintético, paralelo à foliação. É uma evidência pervasiva na amostra de milonito sob a
forma de mica fish, enquanto na amostra de granitoide há biotita fish (Figura 42d).

Figura 42 - Microestruturas deformacionais em granitoides da área mapeada. a) regime de recristalização


tipo bulging com formação de novos grãos nas bordas dos grãos de qtz, amostra 57-IV-2018; b) regime
de recristalização do tipo rotação de subgrãos elongados de qtz na amostra 57-IV-2018; c) regime de
recristalização do tipo migração de limite de grãos entre os cristais de qtz e afs; d) cristais de biotita fish
na amostra 62-IV-2018
80

8 METAMORFISMO

As rochas metassedimentares da área mapeada foram formadas em duas


fases metamórficas identificadas. A primeira fase (M1) afeta todo o Complexo
Metamórfico Brusque como um metamorfismo regional de grau fraco na fácies xisto
verde, enquanto a segunda fase (M2) é um metamorfismo termal provocado pela
intrusão da Suíte Valsungana nos metassedimentos do CMB próximos aos
granitoides. No Quadro 5 há uma síntese das paragêneses minerais observadas nas
lâminas e suas associações com as fases de metamorfismo.

Quadro 5 - Características das fases de metamorfismo das unidades metapelíticas.

METAMORFISMO PARAGÊNESE FÁCIES ZONA GRAU

Regional (M1) qtz+ms±chl+bt±grt Xisto verde Granada Fraco/Médio

Hornblenda
Termal (M2) qtz+ms+bt+and±st --- Médio
Hornfels

Como a maior porção das rochas mapeadas do CMB são xistos micáceos,
ocorre então a predominância de protólitos pelíticos, seguido de protólitos ritmíticos
definido pelos xistos quartzosos e psamíticos pela ocorrência de quartzitos.
Segundo Carmichael (1989), a composição química média de argilas
pelágicas é de alto Al2O3 (16,6%), FeOt significativos (~10%), MgO (3,4%) e
K2O+Na2O (4%) moderados, e baixa teor de CaO (0,7%), assim como grande
quantidade de H2O (9,2%). O aumento na quantidade de quartzo nos ritmitos,
portanto, incrementaria o teor de SiO2 em comparação com os outros óxidos, com
quartzitos sendo uma rocha composta basicamente de quartzo, com altíssimos teores
de SiO2 e baixos teores de outros óxidos e de H2O.
A alta quantidade de água dos sedimentos pelíticos sugere, então, que o
metamorfismo progressivo se inicia com as rochas no estado de máxima hidratação,
e que o H2O liberado durante as reações metamórficas auxilia no equilíbrio químico
durante a recristalização das rochas (Bucher & Grapes, 2011).
Para melhor caracterizar o metamorfismo das rochas metassedimentares,
serão utilizados o conceito das zonas barrovianas, conceito por Barrow (1893, 1912)
para classificar o zoneamento do metamorfismo das rochas pelíticas das Terras Altas
81

na Escócia, e também o de grau metamórfico, proposto por Winkler (2014), que


designa quatros graus de diferentes regimes metamórficos de P-T, baseado
especialmente na variação da temperatura. A Figura 43 demonstra a distribuição
mineral para metapelitos associados ao conceito de zonas e de graus metamórficos,
dando atenção especial àqueles associados com pressão e temperatura
intermediária.

Figura 43 - Distribuição de minerais metamórficos de metapelitos nas zonas barrovianas e nos graus
metamórficos (modificado de Bucher & Grapes, 2011).

8.1 Metamorfismo Regional (M1)

O principal metamorfismo do Complexo Metamórfico Brusque é um


metamorfismo regional orogênico que se iniciou com o fechamento da bacia
sedimentar precursora do CMB com o aumento gradual de pressão e temperatura,
metamorfizando os minerais sedimentares, especialmente os argilominerais, como a
esmectita e caulinita.
Bucher & Grapes (2011) definem o começo do metamorfismo das rochas
pelíticas como sendo aproximadamente a 200° C e 160 MPa, com a progressão do
metamorfismo transformando as rochas sedimentares em ardósia e depois filito, com
uma assembleia mineralógica de muito baixo grau metamórfico, composta por
caulinita, ilita (muscovita), clorita, quartzo, feldspato potássico e plagioclásio.
A continuação da progressão metamórfica causa a transformação do filito
para xisto, com o metamorfismo na fácies xisto verde, zona da clorita. Em rochas
metapelíticas com baixo teor de Al, a temperatura da primeira biotita a ser formada é
de aproximadamente 520º C, sob condição de pressão entre 500 e 700 MPa ocorre o
82

aparecimento de biotita, indicando a zona da biotita, conforme a seguinte reação de


Bucher & Grapes (2011):

Chl + Afs = Bt + Ms + Qtz + H2O (Equação 1)

A clorita não é consumida pela reação em rochas pobres em Al, sendo


somente o feldspato alcalino completamente consumido. Em rochas pelíticas, com o
aumento de Al, a biotita aparece em temperaturas mais elevadas. Desta forma é
possível a presença ms+chl+bt+qtz, a qual é observada nas lâminas da maioria dos
xistos da CMB na área mapeada.
Em condições mais elevadas começa o surgimento da granada almandina (de
composição ferrosa), sendo este o mineral característico da zona da granada. Reyes
et al. (2008) diz que a primeira granada do sistema ocorre como uma reação contínua
de Fe-Mg-Mn e originada de possíveis duas reações:

Chl + Ms = Grt + Bt + Qtz + H2O (Equação 2)


Chl + Ms + Qtz = Grt + Bt + H2O (Equação 3)

A paragênese qtz+ms+bt±chl+grt indica que a zona da granada corresponde


ao pico do metamorfismo na área. A temperatura de formação da granada a partir
destas reações, segundo Reyes et al. (2008), depende da quantidade de Mn e Ca
incorporados no mineral, na qual teores relativamente altos destes elementos abaixam
a temperatura de cristalização em até 450° C, enquanto teores baixos faz a granada
começar a cristalizar em temperaturas entre 500°- 520° C e em pressão superior a
610 MPa (Figura 44). É importante notar que a primeira aparição da granada também
depende da química total da rocha o que pode não constituir uma isógrada mapeável,
como é visto por Himmelberg et al. (1994) em xistos pelíticos do Complexo Coast no
Alasca.
83

Figura 44 - Diagrama P-T-xFe para a distribuição de assembleias estáveis em um sistema KFMASH. A


linha tracejada representa a composição média de xFe de pelitos e a área cinza representa a região
onde ocorre a fusão da muscovita e onde ela não é mais presente nas assembleias. Notar a transição
das assembleias de Chl para Chl+Bt e Grt+Bt conforme o aumento das condições de T e P (retirado de
Bucher & Grapes, 2011).

Analisando as paragêneses encontradas qtz+ms+bt+chl e qtz+ms+bt+grt, é


possível inferir o alcance de temperatura para o pico do metamorfismo na área
mapeada. Assumindo uma pressão de 550 MPa, a biotita começa a aparecer
aproximadamente em 540°C a clorita somente está presente nos metapelitos ricos em
Fe em temperaturas < 570° C, enquanto a almandina possui uma temperatura de
cristalização acima de 500° C, pode se dizer que os xistos mapeados alcançaram
temperaturas de metamorfismos entre 500° C e ~550°C.
Asvald (2018) determinou que para os metapelitos da porção central do CMB,
entre as intrusões da Suíte Valsungana, o pico do metamorfismo foi em condições de
560° C a 570° C, em pressões variando entre 600 a 700 MPa (Figura 45).
84

Figura 45 - Pseudoseção de P-T retirado para xistos da Fm. Botuverá. As linhas tracejadas
representam, em marrom, a entrada da biotita “Bt-in” do sistema e, em verde, a saída da clorita “Chl-
out” do sistema, com a seção em vermelho representando a área das prováveis condições
metamórficas para o metamorfismo M1 na área.

8.2 Metamorfismo Termal (M2)

A fase de metamorfismo M2 corresponde ao metamorfismo termal, derivado


das intrusões graníticas no CMB. Bucher & Grapes (2011), definiram o metamorfismo
termal como sendo um metamorfismo de pressão baixa e de temperatura
intermediária a alta, encontrado nas proximidades de rochas ígneas intrusivas, uma
vez que essas causam auréolas de contato que provocam a formação de hornfels nas
rochas encaixantes.
Seguindo este contexto, a Suíte Granítica Valsungana presente na área
formou a unidade hornfélsica com uma paragênese mineral composta por
qtz+ms+bt+and±st. Tal paragênese foi formada pela fase M2, em grau metamórfico
médio e de fácies hornblenda hornfels. O diagrama demonstrado na Figura 46
evidencia as condições essenciais nas quais ocorre a coexistência de clorita rica em
Mg, estaurolita, muscovita e quartzo dentro do grau médio entre 500° e 600° C.
85

Figura 46 - Diagrama de P e T, com o losângulo vermelho indicando as condições adequadas para a


geração da paragênese mineral da unidade hornfélsica através do metamorfismo M2 (modificado de
Winter, 2014).

De acordo com Winkler (2014), a coexistência de Mg-clorita e estaurolita


termina quando a reação observada na Equação 4 ocorre:

Mg-Chl + St + Ms + Qtz = Bt + Al2SiO5 (And) + H2O (Equação 4)

Essa reação torna possível a coexistência de biotita e aluminossilicato, como


a andaluzita, em rochas metapelíticas, pois quando há elevação de temperatura,
acontece a consumo da estaurolita pela reação (Figura 47a). Este consumo da
estaurolita ocorre entre condições de 200 MPa e ~575° C e de 250 MPa e ~670º C
(Figura 47b), conforme a Equação 5 de Hoschek (1969):

St + Ms + Qtz = Al2SiO5 (And) + Bt + H2O (Equação 5)

Thompson & Norton (1968) sugeriram a reação da Equação 6 para


demonstrar que em pressão um pouco mais elevada haverá a produção de almandina
(Figura 47c):
86

St + Ms + Qtz = Al2SiO5 (And) + Grt + Bt + H2O (Equação 6)

Figura 47 - Diagramas mostrando a coexistência da almandina com minerais de médio grau para
rochas metapelíticas. (a) Zona de estabilidade entre a biotita e aluminossilicato; (b) coexistência entre
andaluzita e biotita, num sistema com excesso de quartzo e muscovita; (c) incremento da almandina
no sistema estável pelo acréscimo da temperatura (retirado de Winkler, 2014).

Basei et al. (2011) determina uma paragênese semelhante para as rochas


hornfélsicas do CMB de als + ms + bt + chl, a qual os autores associam à seguinte
reação:

Ms + Chl = And + Bt + Qtz + H2O (Equação 6)

Segundo o autor, quando se trata de metapelitos aluminosos ricos em


muscovita, a andaluzita precederá a cordierita e ocorrerá como o único
aluminossilicato do sistema.
Para o evento de metamorfismo M2 no CMB, Basei et al. (2011) consideram
condições de P e T próximas a 570° C e 2,5 kbar, sugerindo que a colocação dos
corpos graníticos ocorreu na presença de fluidos desidratados nas fases minerais. O
que corresponde com o trabalho de Wei et al. (2004), segundo o qual num sistema de
baixa pressão, o campo de associação de ms + chl + bt, sem estaurolita, vai ser restrito
a temperaturas de 560º C.
Entretanto, Phillip et al. (2004) consideram valores de P e T mais elevados
para as rochas classificadas como cornubianitos do CMB. O autor descreveu uma
zonação metamórfica bem delineada nas auréolas de contato, com a formação das
zonas da biotita, andaluzita, granada, estaurolita, cordierita e sillimanita. Este evento
termal teria atingido condições metamórficas variáveis entre as fácies albita-epidoto e
fácies piroxênio hornfels.
87

9 MAGMATISMO

Na área mapeada ocorrem três eventos distintos de magmatismo: o primeiro


refere-se à ocorrência de corpos métricos e lenticulares de hololeuco álcali-feldspato
sienogranitos (NPhlag), formados pela fusão parcial das rochas metassedimentares
do CMB, o segundo evento é a colocação das rochas graníticas da Suíte Valsungana
(NPγqsv e NPγmsv) em uma fase sin-orogênica, enquanto o terceiro evento está
relacionado com a intrusão dos diques básicos (Kβab) que se formaram durante a
separação da América do Sul e da África no Mesozoico. A seguir serão descritas
detalhadamente as fases de magmatismo.

9.1 Magmatismo dos corpos hololeucograníticos

A unidade mapeada de hololeuco álcali-feldspato granito compõe-se


principalmente de quartzo, albita, feldspato alcalino e muscovita, com presença
subordinada de clorita, opacos e apatita. As rochas desse litotipo ocorrem como
corpos tabulares e lentes métricas a decamétricas, orientados paralelamente à
xistosidade principal dos xistos do CMB (ver seção 5.1, Capítulo 5). A classificação da
série magmática, bem como a origem dos corpos graníticos foram baseadas em
relações de campo e associações com a literatura.
De acordo com a classificação de Pitcher (1983, 1993) e Barbarin (1990),
trata-se de granitoides do tipo S, formados em ambiente de colisão continental, no
qual o magma foi gerado pela fusão da crosta continental em porções profundas do
orógeno, devido ao espessamento crustal e aquecimento por decaimento radioativo.
Ainda segundo estes autores, são granitoides cálcio-alcalinos peraluminosos (Figura
48). Demais classificações baseadas no ambiente tectônico puderam ser dadas:
Barbarin (1990), os classificou como granitoides colisionais crustais; Pearce et al.
(1984) classificou as mesmas rochas como granitos colisionais (COLG); e Maniar &
Piccoli (1989) os chamou de granitos continentais colisionais (CCG).
88

Figura 48 - Classificação de granitoides de acordo com o ambiente tectônico baseada em Pitcher (1983,
1993) e Barbarin (1990). Destacado em vermelho a classificação geotectônica referente à unidade
hololeucogranítica (modificado de Winter, 2014).

Phillip et al. (2004) descreveu corpos de leucogranitos concordantes com a foliação


principal das rochas metapelíticas encaixantes, os quais foram classificados como
sendo de magmatismo peraluminoso relacionado à série cálcio-alcalina alto-K,
provenientes da fusão parcial de rochas crustais. Os mesmos autores apresentaram
padrões de elementos maiores, elementos traços e baixos teores de Rb, Sr, Zr e de
ETR, cujo valores são semelhantes aos de granitos peraluminosos descritos em
outros cinturões orogênicos. Além disso, White & Chappell (1977) mostram que
composições deste tipo podem ser atribuídas às rochas formadas por fusão parcial de
sequências crustais de composição pelítica, o que pode explicar a colocação dos
corpos de hololeuco álcali-feldspato granito durante a evolução do CMB.
Patiño-Douce & Mc Carthy (1998, apud Phillip et al., 2010) admitem que a
fusão parcial de metapelitos e metagrauvacas podem produzir leucogranitos em
89

segmentos crustais de sistemas colisionais. Essa fusão de composição


trondhjemíticas e resíduos ricos em micas só é possível em condições de
soterramento rápido de sedimentos frios e hidratados, entretanto, o aumento da
pressão e da temperatura em cinturões colisionais ocorre de modo lento e gradual.
Desta forma, a fusão parcial está associada aos processos de fusão por desidratação
(dehydration melting), onde a H2O necessária para ocasionar a fusão é providenciada
pela quebra incongruente de minerais hidratados (Thompson & Algnor, 1977, apud
Phillip et al., 2010). A ocorrência de fusão por desidratação nestas condições afetaria
somente xistos ricos em muscovita, gerando leucogranitos peraluminosos e resíduos
de composição granulítica ricos em granada, plagioclásio e feldspato alcalino.
Além disso, a avaliação dos tipos de protólitos que geram o magmatismo
peraluminoso pode ser feita com base na composição litogeoquímica dos granitos. O
trabalho de Jung & Pfänder (2007) baseado em ampla revisão de dados experimentais
relativos à fusão por desidratação de diversos materiais crustais, propôs a
identificação dos materiais-fonte a partir da composição dos elementos maiores de
granitos peraluminosos. Nestes estudos utilizou-se o cruzamento das razões
CaO/Na2O e Al2O3/TiO2 obtidas a partir da fusão de metapelitos, metarenitos, tonalitos
e anfibolitos-eclogitos, nos quais as baixas razões de CaO/Na2O, entre 0,11 e 0,47,
associadas aos elevados valores obtidos para a razão Al2O3/TiO2, entre 320 e 570,
indicam que os leucogranitos do CMB foram originados provavelmente pela fusão de
rochas pelíticas. O mesmo trabalho demonstrou matematicamente que a razão
Al2O3/TiO2 pode ser usada para estimar a temperatura de geração dos líquidos de
natureza peraluminosa. Foi proposto um intervalo entre 690º-710° C como as
temperaturas prováveis de formação dos líquidos geradores da unidade NPhlag.
Por fim, Phillip et al. (2010) mostraram a partir de dados geoquímicos dos
leucogranitos uma composição peraluminosa com teores relativamente elevados de
Na2O, resultando em razões K2O/Na2O próximas a 1, consideradas baixas. Outros
fatores que sugerem um magmatismo leucogranítico gerado por fusão de protólitos
metassedimentares são as baixas razões CaO/Na2O e as relações petrológicas e
tectônicas com o Complexo Metamórfico Brusque.
90

9.2 Magmatismo da Suíte Valsungana

De acordo com este mapeamento, duas fácies do batólito sul da Suíte


Valsungana foram encontradas, tendo a fácies monzo-sienogranito (NPγmsv) como a
mais representativa, e a fácies quartzo-sienito (NPγqsv) ocorrendo
subordinadamente. Suas assembleias minerais e características estruturais e
texturais são abordadas na seção 5.3, capítulo 5, para descrição em campo e na
seção 6.3, capítulo 6, para descrições em seção delgada, mas resumindo, são rochas
compostas essencialmente por microclínio pertítico, oligoclásio, quartzo e biotita, além
de apatita, zircão, titanita e opacos como minerais acessórios, com a presença de
fenocristais de feldspato alcalino com orientação NE-SW na borda do batólito (Figura
49) e pouca orientação nas porções mais interiores do corpo. É possível observar
xenólitos métricos a hecamétricos de hornfels no batólito, assim como um pegmatito
com granulação muito grossa e com grau de alteração elevado.

Figura 49 - Projeção estereográfica da orientação


dos fenocristais de feldspato alcalino do batólito
sul da Suíte Valsungana na área IV (n=12).

9.2.1 Taxa de Nucleação e de Crescimento

O tamanho dos fenocristais de feldspato alcalino é atribuído, segundo Vernon


(1986), a uma elevada taxa de crescimento (C) juntamente com uma baixa taxa de
nucleação (N) em porções do líquido granítico localmente abundantes em H 2O. Esta
concentração de água dissolvida no líquido magmático despolimeriza o líquido, o que
Vernon (2004) atesta que dificulta a formação de núcleos (baixa N) de cristais
altamente polimerizados, como do feldspato alcalino. Desta forma o líquido se torna
supersaturado e até um ponto em que a nucleação é iminente e, quando esta começa,
91

há um rápido crescimento dos minerais ao redor destes poucos núcleos cristalinos


formados (alta C), provocando os grandes tamanhos dos minerais. A presença de
inclusões de minerais acessórios nos fenocristais indica que estes não são
cristalizados primeiro, e o autor ainda determina que experimentos com líquidos de
composição granítica demonstram a cristalização do feldspato alcalino posterior à dos
minerais acessórios, máficos e plagioclásio. Portanto o tamanho dos fenocristais não
é decorrente de uma fase inicial de cristalização, mas sugere-se que seja uma
ineficiência na nucleação dos cristais de feldspato.
O pegmatito encontrado na área possui composição mineralógica semelhante
à das rochas graníticas hospedeiras, somente com uma granulometria dos cristais
bem maior, indicando textura pegmatítica. Sua formação é um processo magmático
tardio associada ao líquido magmático residual da cristalização do plúton. Segundo
Gill (2010), o veio pegmatítico precisa de um resfriamento com a mesma velocidade
que dos granitoides hospedeiros, sabe-se que os grandes cristais não derivam de uma
lenta cristalização, mas sim de uma má nucleação com uma razão N:C baixa. O líquido
residual possui grandes concentrações de água, o que provoca uma despolimerização
do líquido e provoca um fenômeno semelhante à explicação acima sobre a formação
dos fenocristais de feldspato, porém tamanhos gigantes dos cristais do pegmatito
podem sugerir que como todo o líquido está supersaturado em H 2O, isto
provavelmente causou uma razão N:C menor ainda, provocando um crescimento
excessivo dos cristais.

9.2.2 Classificações e séries magmáticas

Na Figura 50a estão plotados no Diagrama QAP de Streckeisen (1976) as


porcentagens modais normalizadas de quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio das
rochas graníticas do batólito sul observadas na área mapeada, assim como algumas
amostras das outras equipes que mapearam o batólito norte (equipes I e II) e das que
também mapearam o batólito sul (equipes III e V). Na Figura 50b estão plotados todos
os as porcentagens minerais vistas das rochas da SV mapeados na área IV, e como
os granitoides são leucocráticos, ou seja, com uma composição mais félsica, é
possível utilizar as séries magmáticas de Lameyre & Bowden (1982), evidenciando as
rochas como da série shoshonítica, ou cálcio-alcalina de muito alto K.
92

Figura 50 - (a) Diagrama QAP de Streckeisen (1976) para rochas graníticas da SV, batólitos norte e
sul, observada em lâmina e afloramento das equipes de mapeamento de Brusque do ano de 2018; (b)
diagrama QAP de Streckeisen (1976) com as rochas graníticas da SV, batólito sul, mapeadas pela
equipe IV, com as setas indicando as séries magmáticas de Lameyre & Bowden (1982): A - alcalina,
Sh - shoshonítica, AK - cálcio-alcalina de alto potássio, MK - cálcio-alcalina de médio potássio, BK -
cálcio-alcalina de baixo potássio, T – toleiítica.

Foram coletados, na literatura, dados geoquímicos dos elementos maiores de


8 amostras de Caldasso et al. (1995), 5 amostras de rochas graníticas de Basei et al.
(2011), 3 amostras de Hueck (2016) do batólito Valsungana Sul. Quimicamente são
rochas saturadas em sílica com composição monzonítica a granítica (Figura 51a e b).
São classificadas como sendo da série shoshonítica a cálcio-alcalina de alto potássio
(Figura 51c), com a fase potássica representada por ortoclásio normativo entre 26,4 a
41,4%, e também metaluminosas, definida por diopsídio normativo entre 1,8 a 5,5%,
a fracamente peraluminosas, com a presença de coríndon normativo entre 0,18 a
1,2% indicando esse leve excesso de Al2O3 (Figura 51d).

9.2.3 Geoquímicas de elementos menores e isotópica

Para a realização dos spidergrams de elementos traço e de elementos terras


raras (ETR) foram utilizados somente os dados de Basei et al. (2011) e Hueck (2016)
já que Caldasso et al. (1995) não possui dados suficientes desses elementos.
93

Figura 51 - (a) Diagrama TAS (Total Alkali Silica) de Middlemost (1994) para classificação de rochas
plutônicas; (b) diagrama multicatiônico R1-R2 de La Roche et al. (1980) para classificação de rochas
plutônicas; (c) diagrama SiO2 x K2O de Peccerillo & Taylor (1976) para definição química de séries
magmáticas; (d) diagrama A/CNK x A/NK de Shand (1943).

Em um diagrama de elementos traço normalizado para condrito (Figura 52a)


é possível observar anomalias negativas de Ba, Nb, Ta, Sr, Ti e, em menor escala,
Sm. Anomalia negativa em Nb (assim como em Ta, que possui comportamento
semelhante) é característico de crosta continental (Rollinson, 1993) e se fracionam
em fases ricas em Ti (titanita, Ti-anfibólios e óxidos de Fe-Ti) em fusão relacionada a
subducção (Winter, 2014), assim é provável uma associação crustal do magma em
um arco magmático. As anomalias negativas em Ba e Sr podem estar associadas a
plagioclásio retido na fonte, inclusive que também reteria Sm. A anomalia negativa de
Ti, assim como de V, indica que eles foram fracionados em óxido de Fe-Ti, seja
94

ilmenita ou titanomagnetita (Winter, 2014). Murphy (2007) demonstra que a


hornblenda também fraciona os elementos de alto campo (high field strength
elements, HSFE), como Zr, Hf e especialmente Nb, Ta e Ti, assim como ETR médios
e ETR pesados.
Na Figura 52b há o spidergram de ETR normalizados para condrito, onde é
possível observar que as amostras são cogenéticas, por possuírem valores
semelhantes, e o padrão possui inclinação suave e somente com anomalia negativa
em Eu. Esta anomalia indica que houve fracionamento deste elemento em plagioclásio
na fonte, ou seja, não estava no líquido magmático em ascensão. Conforme dito
anteriormente, hornblenda fraciona os ETR médios e Rollinson (1993) afirma que os
altos níveis de coeficientes destes elementos na hornblenda significam que até
mesmo quantidades moderadas deste mineral influenciam fortemente no padrão de
ETR. O mesmo autor também diz que a hornblenda em líquidos félsicos podem ser
responsáveis pelo enriquecimento de ETR leves com relação aos ETR pesados. A
granada provocaria uma depleção extrema de ETR pesados, o que não é observado
no spidergram das rochas do Valsungana e por isso a presença de hornblenda na
fonte seria uma causa mais provável deste padrão de ETR. Um padrão de ETR
pesados mais horizontalizados, ou padrão “flat”, para magmas cálcio-alcalinos de
arcos magmáticos indicariam uma fonte mantélica mais rasa (<50 km de
profundidade) de espinélio lherzolito, em detrimento do padrão mais íngreme
indicativo de uma fonte mais profunda de granada lherzolito (Murphy, 2007).

Figura 52 - (a) Spidergram de elementos traço normalizado para condrito (Sun et al., 1980); (b)
spidergram de elementos terras raras normalizado para condrito (Boynton, 1984).
95

Também foram coletados da literatura dados isotópicos (Tabela 3) de 8


amostras do batólito sul de Basei et al. (2011) e 5 amostras de Hueck et al. (2016).
Segundo o autor os valores negativos de εNd evidenciam influência de material crustal
na formação da SV, e que em um diagrama εNd x tempo há uma tendência das
amostras para rochas da crosta continental com valores baixos das razões
147Sm/144Nd, variando entre 0,09 e 0,15, na qual Rollinson (1993) também atribui
esses valores baixos para fontes de crosta continental superior. Basei et al. (2011)
nota que os valores de isótopos de Pb também corroboram com a ideia de fonte das
rochas graníticas serem localizadas na crosta continental, e o agrupamento destes
dados indicam que essa fonte seja homogênea.

Tabela 3 - Dados de isótopos radiogênicos das amostras do valsungana sul.

Sm (ppm) Nd (ppm) Rb (ppm) Sr (ppm)


MÍNIMO 5,59 24,8 158,3 43,5
M ÁXIMO 12,35 73,1 364,7 315,7
147 144 143 144 87 86 87
Sm/ Nd Nd/ Nd Rb/ Sr Sr/86Sr
MÍNIMO 0,094461 0,511426 1,78653 0,72663
M ÁXIMO 0,153613 0,511828 22,44104 0,90312
εNd (0) εNd (600Ma) εSr (0) εSr (600Ma)
MÍNIMO -23,6 -16,1 314 94,8
M ÁXIMO -15,8 -9,1 2819 219,9
206
Pb/204Pb 207
Pb/204Pb 208
Pb/204Pb
MÍNIMO 17,108 15,481 38,049
M ÁXIMO 19,543 15,651 40,074

9.2.4 Classificação geotectônica

Características petrográficas e geoquímicas são utilizadas para classificar


geotectonicamente os ambientes de formação dos magmas e também sugerir
possíveis modos de colocação das rochas. O uso da geoquímica em diagramas,
chamados de diagramas de discriminação tectono-magmáticos ou diagramas
discriminantes, criados e popularizados na década de 70 por Pearce & Cann (1971,
1973), permitiu um método simples e com uma ampla gama de aplicações, podendo
utilizar diferentes elementos e razões para diferentes tipos de rochas.
Todavia, Rollinson (1993) atenta ao fato de que estes diagramas dificilmente
comprovam inequivocamente um antigo ambiente tectônico, eles podem no máximo
sugerir alguma afiliação, portanto, não devem ser usados como provas para a
96

definição do ambiente. O autor também frisa que diagramas compostos com um banco
de dados mais recentes devem ser usados com cautela para amostras de rochas mais
antigas. Müller et al. (1992) fez um comentário sobre o uso de diagramas
discriminantes anteriores para basaltos e rochas graníticas não devem ser utilizados
para “rochas vulcânicas potássicas”, se referindo a rochas com teores muito elevados
de K, de série shoshonítica, como são classificadas as rochas graníticas da SV.
O Quadro 6 resume um apanhado de relevantes classificações geotectônicas
petrográficas e geoquímicas para rochas graníticas e, apesar do conselho de Müller
et al. (1992) com relação a rochas shoshoníticas, também serão listados alguns
diagramas discriminantes de amplo uso em granitoides.

Quadro 6 - Resumo de classificações de ambientes tectônicos para as rochas graníticas da SV.

Autores Critérios Classificação


Pearce et al. (1984) Elementos traços e ETR WPG – Granitoides intraplaca
Pitcher (1983, 1987) Petrografia e amb. tectônico Tipo Caledoniano
Batchelor & Bowden (1985) Cátions de elementos maiores Granitoides sin- a tardiorogênicos
Maniar & Piccolli (1989) Elementos maiores POG – Granitoides pós-orogênicos
Barbarin (1990) Critérios variados HLO – Tipo Híbrido tardiorogênico
Müller et al. (1992) Elementos maiores e traços Granitoides de Arco Continental

Uma outra classificação comum para rochas graníticas, apesar de um pouco


controversa, é a classificação alfabética para granitos. Esta classificação leva em
considerações aspectos petrográficos e geoquímicos, porém aprimoram as
classificações de ambientes tectônicos por considerarem também a fonte do magma
das rochas. A classificação S-I-A-M foi inicialmente desenvolvida por Chappell & White
(1974) com a proposta de classificar granitos australianos em tipo I (de fonte
metaígnea) e tipo S (de fonte metassedimentar), sendo posteriormente revisada por
White (1979), inclusive com a adição do tipo M (de fonte mantélica). O último tipo seria
o tipo A, criado por Loiselle & Wones (1979) para classificar granitos raramente
deformados, anorogênicos, de caráter alcalino e anidro. Outras tipologias de granitos
também foram propostas por outros autores, mas não são amplamente utilizadas por
serem imprecisas e de uso muito específicos.
Winter (2014) atenta ao fato de que a classificação S-I-A-M, assim como
outras classificações, gera a impressão de que os tipos de rochas graníticas são
97

realmente distintos, porém é muito comum a ocorrência de magmas intermediários e


híbridos, inclusive híbridos de tipo I e S costumam ocorrer em cinturões orogênicos
pela mistura dos reservatórios de fontes e/ou até de magmas, assim como o processo
de assimilação crustal também pode incorporar componentes característicos de um
magma tipo S para um de tipo I.
Sumarizando, a Suíte Valsungana é composta por granitoides de série cálcio-
alcalina (em sua variante shoshonítica), de caráter metaluminoso a fracamente
peraluminoso, com presença de biotita, assim como são observados bulging, rotação
de subgrão e migração de limite de grão nos minerais félsicos, indicando deformação
intracristalina de média a alta temperatura no estado sólido. Estas características
permitem classificar a SV como sendo orogênica e, portanto, com uma classificação
alfabética do tipo I Cordilheirano.

9.2.5 Possíveis mecanismos de colocação

O mecanismo de colocação se refere ao modo como o magma, seja qual for


a sua composição, é posto em meio às rochas encaixantes para formar uma câmara
magmática. Este é um ponto de debate para muitos pesquisadores, especialmente
para rochas graníticas, como citado por Haerderle & Atherton (2002). Vários autores
também demonstram a importância de diferentes parâmetros para a colocação do
magma granítico, com Breitkreuz & Petford (2004) sugerindo que a combinação
parâmetros internos e externos diminui as possibilidades para a colocação.
Os principais parâmetros internos são a composição e as propriedades físicas
do magma, como a densidade e viscosidade controlando força internas do magma
como a pressão do magma (Anderson, 1951) e a flutuabilidade (Roberts, 1970).
Segundo Hutton (1988), é a interação dessas forças internas e do regime tectônico
que permite a grande diversidade de mecanismos de colocação, inclusive podendo
ocorrer em vários ambientes tectônicos.
Hutton (1988) também sugere alguns modelos simples de colocação de
magmas graníticos com base em regimes tectônicos, vistos na Figura 53. O autor
sugere que a presença de uma tectônica regional soluciona o problema de espaço
para o magma, já que o líquido se aloja nas cavidades e aberturas geradas pelas
estruturas. Apesar de algumas estruturas aparentemente não provocarem cavidades
98

para a colocação do granito, Vigneresse (1995) demonstra que a tensão regional não
é importante, pois o magma sempre intrudirá em uma região localmente extensional.

Figura 53 - Seis modelos de ascensão e colocação de magmas graníticos. Nota-se que todos começam
com a “separação” do diápiro e o soerguimento dos líquidos. 1) Ascensão diapírica contínua sem
interferência tectônica; 2) ascensão em um grande sistema vertical de falhas extensionais até
profundidades rasas, se desenvolvendo em uma caldeira; 3) diápiro estagnado pela mudança de força
e viscosidade na descontinuidade de Moho; 4) ascensão diapírica até a crosta intermediária
encontrando uma zona de falha strike-slip intracrustal gerando plútons alongados e com ballooning
posterior; 5) ascenção diapírica encontrando zona de falha extensional lístrica com a geração de
granitos tabulares lístricos e plútons assimétricos em caldeiras; 6) ascenção dos líquidos em diápiro
interceptando uma zona de cisalhamento vertical transcrustal. Em todos os modelos a região de fonte
é arbitrariamente colocada no manto litosférico (Hutton, 1988).

Vigneresse (1995) detalha algumas características de plútons associados a


zonas de cisalhamento transcorrente e que serão comparadas com as características
do batólito sul da Suíte Valsungana. A transcorrência provoca: lineações
horizontalizadas, como é observado pela orientação dos fenocristais; superfície
aflorante de centenas de quilômetros quadrados, na qual o batólito sul possui cerca
de 700 km²; possui forma elíptica devido à deformação transcorrente; e possui baixa
elipticidade baixa, com valor aproximado de 0,2.
A Suíte Valsungana, por ter rochas graníticas orogênicas, do tipo I
Cordilheirano, de forma elíptica e associada a um sistema de grandes zonas de
cisalhamentos (ZCs Itajaí-Perimbó, Itajaí-Mirim e Major Gercino), possui como
provável mecanismo de colocação uma ascensão do diápiro da fonte até interceptar
uma zona de cisalhamento vertical e transcrustal, na qual gera espaços de
acomodação por strike-slips. Como a sua colocação é sin-tectônica em um arco
magmático continental, ocorre então a orientação dos fenocristais de feldspato
alcalino e também deformação intracristalina de alta temperatura no estado sólido.
Dados gravimétricos são necessários para melhor caracterizar e determinar a forma
da câmara magmática e sua associação com as ZCs.
99

10 ESTRATIGRAFIA

Foram mapeadas sete unidades litoestratigráficas na área sendo elas o


Complexo Metamórfico Brusque, Unidade hololeucograníticas, Suíte Granítica
Valsungana, Unidade Hornfélsica, Província Magmática do Paraná, Formação
Itaipava e depósito aluvionares recentes (Figura 54). O empilhamento estratigráfico
foi baseado em relações de corte vistas em campo, pela disposição das estruturas
nos afloramentos, por feições observadas em fotografias aéreas, de sensor
(imageamento de satélite) e mapeamento geofísico (aerogamaespectrometria e
magnetometria), bem como pelo apoio de dados da literatura.

Figura 54 - Empilhamento estratigráfico das unidades mapeadas na área IV.


100

Os contatos entre as unidades no mapa foram, em sua maioria, inferidos,


aproximados ou encobertos nas porções de ocorrência dos sedimentos recentes.
Entretanto, foi possível observar em afloramentos os contatos da unidade hornfélsica
com os granitoides da SV, dos xistos do CMB com os hornfels, e dos xistos do CMB
com os sedimentos inconsolidados da Fm. Itaipava. Para os demais contatos baseou-
se em feições do relevo, fotografias aéreas e imagens de satélites.
A unidade mais antiga mapeada é o Complexo Metamórfico Brusque,
Formação Botuverá, que foi subdividida em três fácies principais devido a diferença
na porcentagem de quartzo na composição mineralógica. A fácies quartzo-mica xisto
(NPbmx), tem predomínio de minerais micáceos em detrimento do quartzo; fácies
mica-quartzo xisto (NPbqx), com predomínio de quartzo em relação aos minerais
micáceos; e fácies quartzito xisto (NPbxqt), rocha quartzosa com presença de
micáceos. Todas essas fácies apresentam uma intercalação com veios de quartzo
paralelos à xistosidade principal, bem como a presença incipiente de bandamento
composicional reliquiar.
A presença de minerais metamórficos aluminosos nos xistos do CMB, tais
como granada, andaluzita, cordierita, estaurolita, bem como clorita, muscovita e
biotita, indicam o metamorfismo de rochas pelíticas. Considerando a presença de
metassedimentos pelíticos, pelítico-arenosos e arenosos intercalados na unidade do
CMB, Phillip et al. (2004) interpretou a sedimentação desta como sendo um ambiente
deposicional com alta contribuição continental, na qual os metarritimitos
representariam os depósitos marinhos mais distais, que estariam associados a
turbiditos de leques submarinos.
A próxima unidade, em ordem cronológica, refere-se às intrusões
hololeucograníticas, classificados como hololeuco álcali-feldspato granitos, mapeadas
como corpos tabulares e lentes alocadas paralelamente à xistosidade principal dos
xistos e hornfels.
A unidade seguinte diz respeito aos granitoides da Suíte Granítica
Valsungana, que intrudiram as rochas do Complexo Metamórfico Brusque. Foram
separadas em duas fácies principais: monzo-sienogranitos e quartzo-sienitos, as
quais apresentam textura porfirítica com fenocristais de feldspatos alcalinos que estão
ocasionalmente orientados.
101

A intrusão da unidade SGV promoveu um metamorfismo de contato nas


rochas do CMB que gerou a unidade seguinte representada pelas rochas hornfélsicas
que se encontram bordeando a SGV. Tal unidade corresponde a xistos hornfélsicos
que preservam a xistosidade principal incipiente com sobrecrescimento de muscovitas
sem orientação preferência. Além de ocorrerem intercalados com lentes quartzíticas,
os hornfels ocorrem também como enclaves nos granitoides da SGV.
Configurando a unidade posterior, a Província Magmática do Paraná, têm-se
a ocorrência de diques de espessura centimétrica de andesi-basalto com
microfenocristais e xenocristais de plagioclásio, bem como corpos de diques
basálticos de espessura métrica. Tais diques ocorrem com trend NW e cortam as
unidades xistosas e graníticas.
Por fim, recobrindo os litotipos anteriores, estão as unidades mais recentes
mapeadas, a Formação Itaipava seguida dos depósitos aluvionares recentes. A Fm.
Itaipava é constituída por sedimentos paraconglomeráticos com arcabouço formado
por blocos e grânulos de quartzo e quartzito, e matriz variando de silte a areia grossa
com granocrescência ascendente. Enquanto que os depósitos aluvionares recentes
são marcados pela presença de sedimentos inconsolidados com granulometria
variando de argila a areia grossa, compostos por grãos de quartzo, feldspato alcalino,
muscovita e minerais pesados, subarredondados a angulosos.
102

11 GEOLOGIA ECONÔMICA

A região compreende um terreno metassedimentar com intrusões graníticas


com pequenas concentrações de materiais substancialmente econômicos tanto para
exploração mineral quanto para uso industrial/construção civil. As ocorrências
metálicas em toda abrangência do Complexo Metamórfico Brusque (CMB) são por W,
Mo, Sn, Au e até U, onde o tungstênio e ouro possuem maior importância econômica.
De acordo com Castro (1997) onde seus estudos basearam-se no estudo geológico-
metalogenético dos granitoides intrusivos no CMB, constatou que no domínio sul são
encontradas ocorrências e concentrações econômicas de Sn, Mo e W e no domínio
norte com predomínio de ocorrências de Au e W. O autor relaciona o ouro primário
com as porções do CMB composta por rochas máficas, turmalinitos e BIFs
subordinados, podendo estar indiretamente associados com a granitogênese.
Na área em estudo destaca-se a solicitação para exploração e pesquisa para
saibro, explorado a partir dos solos graníticos. Na parte mais a sudeste da água, em
Águas Claras, há autorização de pesquisa para água mineral para engarrafamento e
abastecimento industrial. Através da plataforma SIGMINE do Departamento Nacional
de Produção Mineral (DNPM) foram identificadas 4 áreas com autorização de
pesquisa, 2 com requerimento de lavra e nas margens do Rio Itajaí-Mirim há
licenciamento para exploração de areia (Quadro 7, Figura 55).

Quadro 7 - Resumo dos polígonos na área IV segundo DNPM (2018).

Processo Substância Fase Uso


815636/2006 Água mineral Autorização de pesquisa Engarrafamento
815590/1987 Areia Licenciamento Não informado
815504/2015 Argila Autorização de pesquisa Industrial
815183/2003 Cascalho Requerimento de Lavra (Cancelada) Construção civil
816068/2013 Ouro Autorização de pesquisa Industrial
815273/2018 Saibro Autorização de pesquisa (Pesquisa) Construção civil
815754/2013 Saibro Requerimento de Lavra Construção civil
103

Figura 55 - Mapa esquemático das áreas requeridas no DNPM (acessado em set/2018) sobrepostas
ao mapa litológico e imagem de satélite disponibilizada pelo IMAGERY (2018).

Com relação ao domínio norte, Biondi et al. (2007) caracterizou a ocorrência


e a evolução mineralógica hidrotermal da Mina Cavalo Branco com veios de quartzo
auríferos presentes nos hornfels resultado das intrusões graníticas no CMB. Assim
como também ocorre metais remobilizados mecanicamente no corpo granítico
cisalhado de Lajeado Alto. A história hidrotermal que gerou o depósito formou zonas
de alteração hidrotermal potássica, propilítica e fílica, onde o ouro, junto a muito pouca
pirita, calcopirita e galena, cristalizou durante a formação da zona fílica.
De acordo com Castro (1997) o domínio sul do CMB, onde encontram-se as
suítes Valsungana, Catinga, Morro Pelado e os corpos Nova Trento e São João
Batista, as concentrações metálicas são de W (com minas desativadas), Sn, Mo e Be,
que são compatíveis com magmas mais evoluído, onde análises litogeoquímicas
104

evidenciaram um forte envolvimento crustal presente na geração dos magmas em


questão e como possíveis protólitos são citadas as rochas gnáissico-granulíticas
encontradas como enclaves.
Ao centro da região mapeada, mais precisamente em Azambuja, há uma
extensa área com requerimento de pesquisa para minério de ouro solicitada pela
empresa NH Ltda. Todavia a empresa é voltada para comércio e extração de areia
explorando ativamente o topo do morro daquela área, na unidade NPbmqx. Apesar
de ter encontrado na área de mapeamento pontualmente veio de quartzo com pirita e
pegmatito, mineralizações associadas a granitoides podem ocorrer, como elemento
Au, Sn e W.
A leste do mapeamento foi encontrada uma lavra desativada na unidade Q1cc
(Fm. Itaipava) com área de 2,45 ha e afloramentos de 3 m de seixos e blocos típicos
da formação. A empresa de registro Irmãos Beilfuss Ltda. fez o requerimento para
exploração de argila no local. A argila também é explorada a noroeste nos metapelitos
e utilizada como pigmentos e tinturas para tecidos, por exemplo no trabalho de
Tsukazaki et al. (2013). Como reconhecimento nacional, a cidade de Brusque tem
como maior influência no âmbito econômico local o comércio e indústria têxtil.

12 GEOLOGIA AMBIENTAL

O Rio Itajaí-Mirim corre pelo município de Brusque no sentido SW-NE,


esculpindo a paisagem. Muitas residências e a malha urbana do munícipio se
desenvolveram às margens do rio, na área da planície de inundação e, por isso, estão
sujeitos à ocorrência de desastres geológicos, tais como movimentos gravitacionais
de massa e inundações.

INUNDAÇÕES
A ocorrência de inundações é uma realidade em Brusque, tendo em vista os
relatos da população a respeito de diversos acontecimentos destes eventos na área
de mapeamento. Além disso, foi observado em residências ao sul do município a
105

utilização de comportas residenciais de metal para prevenção de enchentes e


inundações.
De acordo com dados do CEOPS o nível atual do rio Itajaí-Mirim considerado
normal é de 2,09 m (Figura 56a), entretanto, já foram registrados picos de níveis
máximo: 10,30 m (1984); 8,75 m (2008); 10,03 m (2011); 7,60 m (2013); 7,72 m (2015);
e 7,86 m (2017). Todos esses eventos foram precedidos de casos de inundações e
deslizamentos de terra. O evento do último ano foi noticiado pela Defesa Civil de
Brusque, contando com 15 famílias desalojadas devido à inundação causada pela
cheia. O nível do rio com 7,86 m ultrapassou a Cota de Emergência para o município,
estipulada pela Defesa Civil (Figura 56b), com previsão de máxima para até 9,0 m.

Figura 56 - Rio Itajaí-Mirim sob a ponte estaiada de Brusque (SC). (a) nível normal do rio atual: 2,09 m.
(foto: Defesa Civil de Brusque); (b) nível máximo do rio em 2017: 7,86 m, provocando eventos de
inundação (foto: Patrick Rodrigues).

MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA


Movimentos de massa gravitacionais são, segundo Tominaga (2009), os
movimentos do solo, rocha ou vegetação ao longo de encostas por ação da gravidade,
que podem ser agravados pela presença de água ou gelo no solo, concedendo-o um
comportamento plástico. Portanto, trata-se de um processo natural que pode gerar
danos quando sua ocorrência afeta populações.
106

Foram identificadas cicatrizes de escorregamentos translacionais nas


encostas da porção sul-sudeste e na porção noroeste da área mapeada (Figura 57a).
Foi possível evidenciar que os eventos ocorridos nos litotipos xistosos foram mais
restritos e menores (Figura 57b) quando em comparação com os eventos localizados
nos granitoides, maiores e em maior número (Figura 57c). Em alguns pontos da
porção granítica os deslizamentos ocorreram muito próximos à rodovia, o que pode
comprometer sua estabilidade na possível ocorrência de um novo evento. Além disso,
quando as residências foram instaladas muito próximas às encostas, as cicatrizes
presentes ali aumentam a suscetibilidade dos desastres (Figura 57d). Localmente
foram vistas reocupações de áreas deslizadas anteriormente, com casas construídas
sobre as cicatrizes (Figura 57e). Por fim, outras evidências de deslizamentos
mapeados que marcam a paisagem de Brusque, são os reflorestamentos realizados
em cicatrizes antigas, de forma a diminuir a instabilidade da encosta (Figura 57f).

Figura 57 - Evidências de movimentos de massa gravitacionais mapeados em Brusque (SC). (a)


Evidências de deslizamentos translacionais na área de mapeamento; (b) pequena cicatriz encontrada
em xistos da porção noroeste da área; (c) grandes cicatrizes encontradas em rochas graníticas da
porção sudeste; (d) presença de cicatrizes próximas as residências instaladas nas encostas (seta em
amarelo), aumentando o risco de processos perigosos; (e) residência reinstalada sobre cicatriz; (f)
evidência de reflorestamento sobre antiga cicatriz de deslizamento.
107

ANÁLISE DE RISCOS
Em um trabalho de análise de risco realizado pela Defesa Civil de Brusque,
foram estimadas as áreas mais vulneráveis à ocorrência de enchentes e enxurradas
no município. O mapa de análise de riscos (Figura 58) mostra as manchas de
enchentes (em azul claro), se concentrando na porção noroeste da área mapeada, se
estendendo para as porções norte e oeste de Brusque. Neste trabalho foi considerado
um aumento do nível do rio Itajaí-Mirim de 10 m, com base no histórico de cheia do
rio. Já as porções mais propensas a ocorrência de enxurradas (em laranja) estão
concentradas na porção nordeste e sul da área de mapeamento, porém também pode
ocorrer na porção norte e sudoeste de Brusque.

Figura 58 - Mapa de análise de riscos de enchentes e enxurradas no município de Brusque.

Em novembro de 2011, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais


(CPRM), realizou um levantamento no município cujo objetivo foi a identificação de
áreas de risco de movimentos de massa gravitacionais. Foram mapeados 46 setores
de risco alto a muito alto, sendo cada um desses especificados com o número de
edificações e pessoas no local. O trabalho em questão mapeou as cicatrizes
decorrentes dos sucessivos escorregamentos de 2008 e de 2011.
O mapa a seguir apresenta as áreas onde ocorreram deslizamentos
mapeados pela Defesa Civil de Brusque, os deslizamentos mapeados neste trabalho
e ainda a setorização de risco, segundo a CPRM (Figura 59). É possível notar que
108

toda a área de mapeamento apresenta registros desses eventos, bem como setores
de risco. Entretanto, há uma concentração na porção sudeste que pode estar
relacionada com o litotipo encontrado naquela porção, o substrato granítico.

Figura 59 - Mapa de análise de riscos de deslizamentos de terra na área de mapeamento.

Fica claro a necessidade de se aplicar ações para a mitigação de desastres


na região. Mapeamento de susceptibilidade a movimentos de massa e inundações,
aliados a caracterização de áreas de fragilidade social e densidade populacional,
podem ser empregados na produção de mapas de riscos geológicos. Tal medida,
acompanhada de um sistema de monitoramento pluviométrico, são úteis na previsão
de desastres (onde e quando podem ocorrer). Também se faz necessária a
construção de um sistema de alerta de desastres, a fim de reduzir os danos causados
por processos geológicos perigosos. Por fim, ações de caráter preventivos podem ser
tomadas, como a regulação técnica da expansão urbana, a fim de impedir a
construção de novas habitações em zonas de risco elevado.
109

13 EVOLUÇÃO GEOLÓGICA

A evolução geotectônica da área de mapeamento está relacionada com a


história evolutiva do Cinturão Dom Feliciano, de idade neoproterozoica, localizado na
porção sul da Província Mantiqueira. A evolução do cinturão ocorreu a partir do
fechamento do Oceano Adamastor, durante a colisão entre os crátons Rio de La Prata,
Kalahari e Paranapanema (Hasui, 2012).
Esse oceano foi formado na quebra do supercontinente Rodínia, onde houve
a deposição dos sedimentos da bacia Brusque, cujas formações são típicas ao
ambiente deposicional marinho de margem passiva (Phillip et al., 2004). Neste
contexto tem-se a deposição da porção mais distal, mais antiga, predominando
sedimentos pelíticos, psamíticos e rochas vulcano-exalativas; seguindo para a porção
intermediária, com predominância de sedimentos pelíticos intercalados com
psamíticos, associados a leques submarinos e turbiditos, ocasionando uma
ritmicidade nesse ambiente plataformal (Figura 60); e por fim, na porção mais
proximal, tem-se a deposição de rochas vulcânicas básicas associadas a sedimentos
pelíticos, psamíticos e pelito-carbonáticos.

Figura 60 - Coluna estratigráfica esquemática das rochas metassedimentares da Fm. Botuverá,


referente à porção intermediária da sequência do CMB (adaptado de Basei, 1985).

A formação do supercontinente Gondwana ocorreu devido a amalgamação,


ao sul, dos crátons Rio de la Plata e Kalahari, e subordinadamente com as microplacas
Luís Alves e Curitiba, e dos crátons São Francisco e Congo mais ao norte do Oceano
Adamastor (Hasui, 2012). Este evento caracteriza o ciclo Pan-Africano/Brasiliano, com
a colisão oblíqua provocando uma margem convergente e a subducção do Rio de la
110

Plata sob o Kalahari, fechando a bacia sedimentar oceânica, provocando subsequente


deformação e metamorfismo das rochas associadas.
Nesse contexto colisional, ocorreu a formação de um arco magmático, que
originou o Batólito Florianópolis, em decorrência da subducção da crosta oceânica
sob o Kalahari. O fechamento do Oceano Adamastor, e consequentemente, da Bacia
Brusque, ocasionou a deformação das rochas sedimentares e vulcânicas, com o início
do metamorfismo regional em fácies sub-xisto verde. No contexto do Cinturão Dom
Feliciano, a colisão do Complexo Granulítico de Santa Catarina e do CMB foi
responsável pela formação da Bacia de Itajaí numa região de antepaís.
Durante a colisão ocorreu um aumento progressivo das condições metamórficas
e a formação de uma orogenia, o que resultou na acomodação da deformação ao longo
de zonas de cisalhamento e corredores de dobramento. Esta deformação contínua
ocorreu de maneira anisotrópica, decorrente da heterogeneidade das rochas, o que
implica em diferentes respostas ao esforço tectônico. Na área estudada as principais
estruturas mapeadas referem-se a elementos de trama planares e lineares tais como:
(1) foliação preservada como dobras intrafoliais isoclinais milimétricas denominada S1,
(2) xistosidade principal anastomosada definida por cristais de muscovita e biotita
denominada S2, (3) clivagem de plano axial, denominada S3, da crenulação da
xistosidade S2, (4) foliação milonítica subvertical de direção NE-SW, (5) foliação
subvertical de direção norte-sul denominada S4, (6) foliação sub-horizontal denominada
S5, (7) dobras harmônicas simétricas e assimétricas abertas a apertadas
ocasionalmente não cilíndricas, (8) dobras desarmônicas de estilos variados, (9) falhas
inversas, (10) falhas transcorrentes, (11) falhas normais; (12) eixo de dobras, (13) eixo
de crenulação, (14) lineação de intersecção e (15) estiramento mineral.
O resultado da colisão dos terrenos arqueanos e paleoproterozoicos,
responsáveis pelo fechamento do Adamastor, deformou os sedimentos da bacia
sedimentar precursora do Complexo Brusque, desenvolvendo as foliações S1, S2, S3,
S4 e Sm, em condições de deformação progressiva durante a edificação orogênica
com duração de aproximadamente 50 Ma (p.ex., Hartmann et al., 2013; Basei et al.,
2008). Todos esses aspectos são resultantes de uma colisão oblíqua com um
transporte de massa de direção noroeste, promovendo um cisalhamento simples com
componentes compressivos, formando um cinturão de cisalhamento e dobramento,
típicos de regime transpressivo.
111

O encurtamento crustal das rochas da bacia são decorrentes de um processo


deformacional progressivo, que resulta na formação da foliação S1, observada em
poucos locais como dobras intrafoliais isoclinais milimétricas, sendo fortemente
superimposta pela estrutura principal do CMB, denominada de foliação S2 e definida
como xistosidade, sendo esta foliação característica dos xistos da área mapeada.
Nesse regime de deformação transpressiva foram geradas, zonas de
cisalhamento dextrais extensas, que caracterizam conjuntos de zonas de
cisalhamento anastomosados, como atestado por mapas aerogeofísicos, destacando-
se as ZCMG e ZCIP e ambas com orientações nordeste. A ZC Itajaí-Mirim, que ocorre
na área estudada, também possui uma orientação NNE e é caracterizada por uma
foliação milonítica (Sm) subvertical que oblitera a xistosidade dos metassedimentos.
A xistosidade está frequentemente dobrada e crenulada e, localmente, a
deformação é intensa resultando na formação de clivagens nos planos axiais das
crenulações e caracterizando a foliação S3. É possível associar a formação dessas
clivagens de crenulação com a ZCIM e as foliações miloníticas (Sm) que afetam os
metassedimentos do Complexo Metamórfico Brusque, de caráter regionalmente
anastomosado. No local onde está descrita a foliação S4, de direção NS, ocorre um
grande lineamento NS que atravessa os xistos do CMB. Como é uma foliação vista
em somente um afloramento, não é possível determinar sua origem. Ocorrem também
falhas inversas e transcorrentes e fraturas associadas ao desenvolvimento da ZCIM.
O evento de amalgamação dos terrenos resultou, além da deformação, o
metamorfismo regional M1, caracterizado por reações de desidratação das rochas
metavulcanossedimentares do CMB. Na área, o ápice metamórfico, que ocorreu
durante o clímax deste evento (entre 630 e 610 Ma), alcançou condições de grau
metamórfico fraco a médio, em fácies xisto-verde superior, zona da granada, em
pressão variando entre 600 a 700 MPa e temperatura de 560º C até 570 °C, dada a
presença de paragênese qtz+ms+bt+chl+grt.
Em regiões mais profundas, no entanto, ocorreram condições de mais alta
temperatura e pressão, ideais para a fusão parcial dos metassedimentos do CMB,
gerando um líquido fortemente peraluminoso devido a rica composição em Al. Durante
a colisão continental, esse líquido então alojou-se nas rochas do CMB, formando
corpos tabulares a lenticulares métricos de rochas hololeucograníticas paralelos à
foliação principal dos metassedimentos.
112

Também foram intrudidos no CMB corpos quilométricos de rochas graníticas,


representados na área mapeada pela SV, paralelamente às zonas de cisalhamento
supracitadas. Foram mapeados biotita monzogranitos, biotita sienogranitos e,
subordinadamente, quartzo-sienitos da SV, com rochas da série cálcio-alcalina de alto
K a shoshonítica, e metaluminosas a fracamente peraluminosas. A química de
elementos menores indica que o magma do Valsungana foi provavelmente formado a
partir de um fracionamento de hornblenda, plagioclásio e de óxido de Fe-Ti, e
anomalias negativas de Nb e Ta sugerem uma origem de subducção para estes
magmas. Valores isotópicos muito negativos de εNd indicam forte contribuição da
crosta continental para este magmatismo, e as evidências, em campo e em lâmina,
de intensa deformação indicam que a colocação foi sin-orogênica na transcorrência
da ZC Itajaí-Mirim.
A intrusão dos granitos da Suíte Valsungana provocou a segunda fase de
metamorfismo, que é o metamorfismo termal M2, localizado em uma auréola de
contato quilométrica nas rochas metassedimentares do CMB, originando as rochas
mapeadas como unidade hornfélsica. Este metamorfismo foi desenvolvido em um
regime de baixa pressão (~2,5 kbar) e temperatura próxima a 570° C, caracterizando
o grau metamórfico médio em fácies hornblenda hornfels, dada a ocorrência da
paragênese qtz+ms+bt+and±st.
Após o pico metamórfico do Complexo Metamórfico Brusque e da colocação
das suítes intrusivas no complexo, especialmente a Suíte Valsungana, há o término
do evento orogênico, que resultou no desenvolvimento do Cinturão Dom Feliciano.
Assim, com o fim do ciclo Pan-Africano/Brasiliano, no Cambriano, cessaram-se os
esforços tectônicos oriundos da colisão dos crátons e que sustentavam o peso da
espessa crosta continental, provocando o colapso do orógeno. Este colapso é a
provável explicação para a formação da foliação S5, que é uma foliação subhorizontal
e que possui uma relação de corte com todas as outras superfícies. Na Figura 61 há
um modelo esquemático simulando o evento de fechamento do Oceano Adamastor e
a formação da porção central do Cinturão Dom Feliciano, composto pelo CMB e SV.
113

Figura 61 - Modelo de evolução esquemático para a formação do Complexo Metamórfico Brusque,


Suíte Valsungana e estruturas associadas. Estes eventos ocorreram em um curto intervalo de
aproximadamente 50 Ma (modificado da Equipe V, 2018).

Lineamentos regionais de direção NW, visualizados na aeromagnetometria,


ocasionalmente possuem intrusões de diques básicos da PMP, representando a
quebra do Gondwana, durante Mesozoico, e que ocasionou na abertura do Oceano
Atlântico pela margem divergente formada pela dorsal. Um registro desta abertura é
o Arco de Ponta Grossa, que é uma estrutura interpretada como um braço abortado
de uma antiga junção tríplice de rift e definida por um conjunto de densos lineamentos
NW que comumente acomodam diques do Enxame de Ponta Grossa. No estado de
Santa Catarina os diques do Enxame de Ponta Grossa são pouco representativos, por
estarem relativamente longes do centro do Arco de Ponta Grossa.
114

14 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das informações apresentadas no presente relatório a respeito da


tectonoestratigrafia, petrografia, metamorfismo e estrutural da região mapeada, foi
possível fazer as seguintes conclusões:

 A região de mapeamento da área IV compreende os domínios metassedimentares


do Complexo Metamórfico Brusque e dos granitoides da Suíte Granítica Valsungana,
estando estes encobertos por sequências aluvionares recentes;
 Dez unidades foram mapeadas, sendo elas os xistos pertencentes a Fm. Botuverá
do CMB, subdivididos nas fácies quartzo-mica xisto (NPbmx), mica-quartzo xisto
(NPbqx) e quartzito-xisto (NPbxqt); os corpos hololeugraníticos tabulares (NPhlag);
a SGV composta pelas fácies mozo-sienogranito (NPgamamsv) e quartzo-sienito
(NPgamaqsv); auréola de contato da suíte formando a unidade horfésica (NPhf);
ocorrência de diques básicos (Kbetaab); depósitos coluvionares conglomeráticos
(Q1cc) e, por fim, depósitos aluvionares recentes (Q2a) dos rios Itajaí-Mirim e Águas
Claras;
 Os xistos e hornfels do CMB possuem como protólitos sedimentos pelíticos
intercalados com psamíticos, cujas deposições estão associadas a leques
submarinos e turbiditos num ambiente marinho plataformal;
 A colisão dos terrenos no paleoproterozoicos, responsáveis pelo fechamento do
Oceano Adamastor, deformou os sedimentos da Bacia Brusque precursora do CMB,
desenvolvendo as foliações S1, preservada como dobras isoclinais intrafoliais, S2
sendo a xistosidade principal com trend para NE, S3 como clivagem de crenulação
e a foliação S4 associada a lineamentos N-S, de formações contemporâneas durante
o período da história orogênica.
 Dobramentos regionais nas unidades xistosas possuem eixos variados com
tendências ESE e mesodobras em afloramento com vergências para NW, porém são
observados diferentes estilos e atitudes para as dobras, com feições de
superimposição obtidas pela resposta reológica das rochas metassedimentares à
deformação progressiva;
115

 As feições rúpteis são representadas por fraturas com duas famílias principais, F1:
N30-45E e F2: N60-75W; e falhas normais e transcorrentes em todos os domínios
mapeados;
 Corredores miloníticos ocorrem próximo ao rio Itajaí-Mirim, representados pela zona
de cisalhamento strike-slip de mesmo nome. As rochas miloníticas ali encontradas,
apresentam trend geral para NE, de cinemática dextral, com presença da foliação
Sm, caracterizada por um mergulho vertical a subvertical;
 Dois eventos metamórficos foram registrados nas unidades do CMB: o M1, um
metamorfismo regional derivado da evolução orogênica com grau fraco a médio de
fácies xisto verde (zona da granada), responsável pela formação dos xistos
mapeados; e o metamorfismo termal M2 de grau médio de fácies hornblenda
hornfels, originado pela intrusão dos granitoides da SGV, em uma auréola de contato
com a presença de hornfels;
 Há corpos tabulares de hololeucogranitos métricos a decamétricos que estão
dispostos paralelamente a xistosidade principal do CMB, e correspondem a
granitoides do tipo S, formados pela fusão parcial dos metassedimentos;
 A Suíte Valsungana, composta por biotita sieno a monzogranitos e quartzo-sienitos,
foi cristalizada de um magma com forte componente crustal, sendo classificada como
tipo I Cordilheirano, sin-orogênico, com a colocação do magma nas zonas de
cisalhamento de direção NE regional;
 A área, apesar das mineralizações de Au e W conhecidas da Suíte Valsungana,
possui uma expressiva exploração de materiais para construção civil, a extração de
areia nos xistos do CMB e argila nos sedimentos coluvionares da Fm. Itaipava;
 A área de mapeamento mostra-se vulnerável a ocorrência de desastres geológicos
urbanos, tais como movimentos de massa gravitacionais, na porção sudeste, e
inundações, na porção noroeste e nordeste. Fica claro a necessidade de se aplicar
ações para a mitigação desses desastres de forma a prevenir a população local;
 Toda a área de mapeamento está inserida no contexto evolutivo geotectônico do
Cinturão Dom Feliciano, representado pelo antigo Oceano Adamastor, cujo
fechamento se deu na colisão entre os crátons neoproterozoicos, gerando as
unidades mapeadas.
116

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