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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E DA SAÚDE - CCENS


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
DISCIPLINA DE PETROLOGIA METAMÓRFICA
Profª. Dra. Marilane Gonzaga

John Anthony Fernandes Barbosa - 2019109174


Bernardo Luiz Campos Martins - 2019107720

RELATÓRIO DE CAMPO - PETROLOGIA METAMÓRFICA

ALEGRE - ES
Abril, 2023
John Anthony Fernandes Barbosa - 2019109174
Bernardo Luiz Campos Martins - 2019107720

RELATÓRIO DE CAMPO - PETROLOGIA METAMÓRFICA

Trabalho entregue como requisito parcial


para obtenção de aprovação na disciplina
Petrologia Metamórfica, no curso de
Geologia, da Universidade Federal do
Espírito Santo.

Profª. Dra. Marilane Gonzaga

ALEGRE - ES
Abril, 2023
SUMÁRIO

SUMÁRIO.................................................................................................................................3
1. Introdução.............................................................................................................................1
2. Geologia Regional.................................................................................................................1
3. Geologia Local...................................................................................................................... 2
03 de Abril............................................................................................................................ 2
04 de Abril............................................................................................................................ 2
05 de Abril............................................................................................................................ 2
06 de Abril............................................................................................................................ 3
4. Conclusão.............................................................................................................................. 3
5. Referências............................................................................................................................ 3
1. Introdução

Este relatório tem por objetivo caracterizar e interpretar os litotipos estudados na


atividade de campo, realizada entre os dias 03 e 06 de Abril de 2023 como parte da disciplina
de petrologia metamórfica. O trabalho de campo foi realizado nos municípios de Alegre,
Anchieta, Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Guaçuí, Guarapari e Vargem Alta, no Estado do
Espírito Santo.

Figura 1: Mapa de localização.

2. Geologia Regional

O surgimento da cadeia de montanhas neoproterozóica Província


Mantiqueira, está relacionado com a colisão dos Crátons São Francisco-Congo,
Kalahari e Paraná-Rio La Plata durante o Ciclo Brasiliano (ALMEIDA et al, 1977,
BRITO-NEVES et al., 1991).
O Cráton do São Francisco (Almeida, 1977) é uma porção crustal continental
de grande extensão, muito antigo, formado durante o arqueano e é constituído
principalmente de rochas que datam deste período, sofreu metamorfismo e
deformação do arqueano ao mesoproterozóico (Mantesso-Neto et al; 2004).
Consolidado antes do ciclo brasiliano, atualmente não sofre deformação em
relação a tectônica exercida sobre ele, com exceção das suas bordas que estão em
zona de transição com as Faixas Ribeira e Faixa Brasília que o envolvem. A porção
meridional do Cráton tem como limite duas províncias estruturais que foram geradas
durante o Ciclo Brasiliano (Almeida et al. 1981): a Província Mantiqueira, com as
faixas Ribeira e Araçuaí e a Província Tocantins, representada pela Faixa Brasília,
essas duas faixas formam o arcabouço pré-cambriano do sudeste brasileiro (Ribeiro et
al., 2003).
A Província Mantiqueira é uma entidade geotectônica instalada na borda leste
dos Cráton São Francisco e Rio de La Plata/Paraná, ao final do Neoproterozóico e
início do Paleozóico (L. A. Bizzi, 2003), a província tem uma extensão de cerca de
3.000km e área em torno de 700.00Km2 , com orientação NNE–SSW ao longo da
costa atlântica. A província é o registro de uma complexa e longa evolução do
Neoproterozóico na América do Sul (900–520 Ma) preservando ainda remanescentes
de unidades paleotectônicas arqueanas, paleoproterozóicas e mesoproterozóicas (L. A.
Bizzi, 2003). Está dividida em três diferentes domínios: O setentrional: delimitado
pelas influências do orógeno Araçuaí; o central: delimitado pela porção sul da Faixa
Brasília, a Faixa Móvel Ribeira e a Faixa Apiaí; enquanto o meridional: está
delimitado pelos orógenos Dom Feliciano e São Gabriel (HEILBRON, 2004).
Para Almeida (1977), o Orógeno Araçuaí é caracterizado por uma faixa de
dobramentos e empurrões paralelo ao Cráton São Francisco, mais precisamente entre
as bordas sul e sudeste, porção norte da Província Mantiqueira, abrange os estados do
Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Este orógeno é caracterizado por: depósitos de
margem passiva, ofiolitos, zonas de sutura, arcos magmáticos, granitos sin-colisionais
e plutonismo pós-colisional (PEDROSA SOARES et al., 2007).
Neste relatório será abordada a Província Estrutural Mantiqueira e dentro dela
a faixa móvel Ribeira, e o Orógeno Araçuaí, que está inserido nos domínios
anteriores, ao qual a área de estudo está enquadrada (figura 2).
3. Geologia Local

03 de Abril

● Ponto1
Entrada do sítio morro branco, pela quantidade de quartzo se trata de um quartzito,
para ser classificado dessa forma a rocha tem que ter mais de 75% de quartzo. grãos brancos
são o epidoto produto de alteração de plagioclásio. Sem estrutura, granoblástica,
inequigranular, grãos médios a grosso. Conseguimos ver que possui fáceis de sedimentação
diferentes no campo. No contexto geotectônico se trata da bacia de anti-arco ou retro-arco
dependendo do autor.

Figura 2: Entrada do sítio morro branco.

● Ponto 2 - Oficina Mecânica - Vargem Alta, ES.

Neste afloramento foi possível observar duas fácies distintas a primeira fácie na parte
superior composta por quartzito com textura heteroblástica a granoblástica a composição da
rocha é basicamente K-feldspato, Plagioclásio e Quartzo. Na segunda fácie na parte inferior
mostra uma variação de cor de laranja até quase branco, com estrutura gnáissica. É composto
por Quartzo, Muscovita e K-feldspato, caracterizando a rocha como um gnaisse de protólito
sedimentar.Analisando o contexto das duas fácies observadas é possível inferir que
ocorreram duas etapas de sedimentação em ambientes diferentes em ambiente lagunar e mar
profundo. No processo de fechamento da bacia podem ter ocorrido mudanças nas fácies junto
com o metamorfismo regional gerou as características que observamos nas rochas.

Figura 3: Paredão do P2 do primeiro dia.

● Ponto 3
As rochas predominantes na área são o mármore, composto principalmente calcita
e/ou dolomita, proporção maior que 75%. O mármore presente é considerado impuro devido
à presença de margas, além de variações de cor da calcita (branca, verde e azul). A cor da
calcita pode ser influenciada por fatores como a presença de outros minerais, temperatura e
pressão durante o metamorfismo. A textura da rocha é média a grossa uniforme,
granoblástica com os grãos variando entre idioblásticos a xenoblásticos.Ocorre escarnito na
área, rocha que se forma em condições de alta temperatura e pressão, por metassomatismo,
que dá o aspecto esverdeado com textura grossa e e equigranular nas bordas das intrusões
máficas. A composição é principalmente por diopsídio, tremolita, calcita, biotita e actinolita.
Notamos a presença de diques máficos (sin- colisionais) com granulação fina e geometria
xenoblástica dos agregados. Os minerais que compoem esses diques são principalmente
biotita, piroxênio, anfibólio, olivina e magnetita.
Também há uma intrusão félsica (pós-colisional) e um dique máfico que corta todas
as as rochas e estruturas descritas anteriormente, como mostrado na figura X, o dique máfico
não possui foliação o que indica que não sofreu metamorfismo.

Figura 4: Afloramento do P3 do primeiro dia.


04 de Abril

● Ponto1
Os afloramentos situam-se na orla marítima, onde se observa uma litologia muito
complexa e estão também sujeitos a constantes processos de intemperismo. As rochas mais
antigas apresentam muitos tipos de estruturas metamórficas com minerais equigranulares
subidioblásticos e com textura granolepidoblástica. A composição é de quartzo, biotita,
plágioclásio, piroxênios e anfibólios. Por a rocha apresentar uma característica mais félsica e
possuir minerais aluminoso pode-se inferir que o gnaisse esteja migmatizado, inclusive
percebemos o metatexito no afloramento. Entre as estruturas intrusivas presentes no
afloramento estão incluídos os corpos pegmatíticos e aplitos, conforme mostra as figuras 5 e
6. Também observamos estruturas como “bolsões” de neossoma, rica em minerais félsicos O
neossoma se forma pela separação dos minerais mais ricos ácidos e félsicos quando magma
resfria e se solidifica.
A área apresenta estruturas schillieren e schollen estruturas formadas por fusão parcial
que estão espalhadas na rocha sendo característica de diatexito. Schillieren compreende as
partes mais félsicas e schollen as máficas, como é possível observar na figura 7.

Figura 5: Pegmatitos.
Figura 6: Aplito. “Bolsão” Neossoma

Figura 7: Schillieren e schollen.


● Ponto 2
Aflora um paragnaissse, com bandamentos centimétricos contendo quartzo, biotita,
feldspato e granada. Veios de quartzo estão presentes em várias porções da rocha. Seguindo
uma lógica segundo as evidências observadas no campo podemos dizer que na colisão das
placas tectônicas a bacia sedimentar é deformada e soergue, como produto dessa deformação
ocorre formação de dobras, falhas e blastese nas rochas da bacia, dando o caráter
sin-colisional as rochas, sendo formadas em altas temperaturas e pressões, devido ao
metamorfismo regional, surgindo a partir desse contexto novas rochas metamórficas.

Figura 8: Foliação Gnáissica.


Figura 9: Paragnaisse com schillieren e schollen.

05 de Abril

● Ponto1
Afloramento abaixo de uma ponte em Rive, distrito de Alegre. A rocha é máfica com
porções mais escura e outras mais esbranquiçadas, apresenta foliação gnáissica, com
granulação fina a média, equigranular, subidioblástica com textura granolepidoblástica. A
composição é de quartzo, biotita, K-feldspato e plagioclásio, segundo do diagrama QAP se
trata de um tonalito, pelo contexto de desenvolvimento e as estruturas metamórficas
observadas podemos dizer que se trata de um ortognaisse tonalítico, com uma micro zona de
cisalhamento que gera uma milonitização da rocha.
Figura 10: Ortognaisse.

Figura 11: Ortognaisse milonitizado.


● Ponto 2
O afloramento embaixo de uma ponte, em uma via secundária de Castelo. A
rocha nessa parte está bastante migmatizada com estrutruas relacionadas a esse evento
(schillieren e schollen), estruturas pitigmáticas e em rede, além de encontrarmos
metatexitos e diatexitos. A porção mais significativa do afloramento é composta por
um ortognaisse com coloração cinza-médio, com grãos equigranular, idioblásticos por
vezes xenoblásticos com textura granolepidoblástica. A composição se dá por quartzo,
biotita, plagioclásio, anfibólios e piroxênios. É evidente na área um corpo intrusivo
ultramáfico, aflorando em forma de juntas colunares com grãos equigranulares muito
finos e textura afanítica, por essa rocha se apresentar em discordância as estruturas
metamórficas, podemos inferir que seja posterior ao metamorfismo. Também ocorre
na área veios de quartzo e intrusões pegmatíticas com granulação grossa.

Figura 12: Corpo intrusivo ultramáfico.


Figura 13: Veio de quartzo abaixo da árvore caída.

Figura 14: Schollen, estrutura pitigmática e em rede.


Figura 15: Veio de quartzo. Estrutura pitigmática

● Ponto 3
Ponto controle, em que observamos aplitos e estruturas schillieren localizado na Cachoeira
São Cristovão.

Figura 16: Aplitos e Schollen.


06 de Abril
● Ponto1
Afloramento em corte de estrada, a rocha possui uma cor cinza é maciça e na amostra
de mão podemos observar a textura granoblástica com grãos variando de subdiblásticos a
xenoblásticos, equigranulares com granulação de fina a média.
A composição se dá por minerais máficos sendo: biotita, piroxênio e anfibólio. Com a
presença não muito expressiva de plagioclásio preservados e alterados. Com a presença da
foliação podemos dizer que a rocha se trata de um granulito, sendo uma rocha metamórfica
formada a partir de um protólito basaltico ou gabróico e com sua composição
majoritariamente de minerais máficos(>70%), possui um corpo intrusivo pegmatítico
cortando verticalmente o afloramento. Por se tratar de um granulito o metamorfismo regional
é de grau médio a alto, com temperatura e pressão suficientes para blastese de minerais mais
expressivos no afloramento como a biotita. Também possui dobras indicativas de deformação
dúctil.

Figura 17: Granulito.


● Ponto 2
O afloramento em um corte de estrada apresenta um milonito, que apresenta
variações entre protomilonito, mesomilonito e ultramilonito, compostos por quartzo,
plagioclásio, piroxênio e anfibólio, que se diferenciam pela porcentagem de matriz presente.
São formados a partir de processos de deformação intensa(cisalhamento).

Figura 18: Visada geral do afloramento.


Figura 19: Milonito.

● Ponto 3
O afloramento no leito do rio é composto por duas rochas diferentes sendo elas um
anfibolito rico em biotita e a outra um ortognaisse. Ao longo da área observamos estruturas
metamórficos como foliação e indicadores cinemáticos, assim como a presença de bouldins e
enclaves máficos, relacionadas a migmatização da rocha relacionada a intrusão do CISA.
Também possui corpos intrusivos pragmatíticos cortando as estruturas metamórficas
Figura 20: Indicador cinemático.

Figura 21: Intrusão pegmatítica.


Figura 22: Visada mais ampla do afloramento.

Figura 23: Contato aparente de duas litologias diferentes.


Figura 24: Evidencia de milonitização.

4. Conclusão

Com a identificação, estudo e posterior explicações das litologias visitadas foi


possível correlacionar os conteúdos teóricos na prática de campo, sendo essa indispensável
para entender os processos metamórficos a partir das evidências apresentadas nas rochas. Na
tabela abaixo buscamos correlacionar nossas descrições de campo com as unidades nos
mapas geológicos do ES e RJ - CPRM.

Pontos 03/04 Descrição de campo Unidades nos mapas geológicos da


região

P1 Quartzito Grupo Italva 840-600Ma

P2 Paragnaisse e Quartzito Grupo Italva 840-600Ma, Sequência


metavulcanossedimentar. Unidade
Serra da Prata (sp): hornblenda-biotita
gnaisse, com intercalações de gnaisses
cinzentos e leucognaisses com
granulação fina

P3 Paragnaisse e Quartzito Grupo Italva 840-600Ma, Sequência


metavulcanossedimentar
Unidade São Joaquim(sj): mármore
calcitico a dolomitico.

Pontos 04/04 Descrição de campo Unidades nos mapas geológicos da


região

P1 Migmatito Sillimanita-granada-cordierita-biotita
gnaisse bandado com intercalações de
calcissilicáticas 631 Ma.

P2 Migmatito Sillimanita-granada-cordierita-biotita
gnaisse bandado com intercalações de
calcissilicáticas 631 Ma

Pontos 05/04 Descrição de campo Unidades nos mapas geológicos da


região

P1 Ortognaisse Tonalítico Suíte G1

P2 Ortognaisse Suite Alto Chapéu ribeirão Estrela:


Allanita granito;

P3 - -

Pontos 06/04 Descrição de campo Unidades nos mapas geológicos da


região

P1 Granulito máfico Grupo Raposo: Gnaisses kinzigíticos e


biotita gnaisse (rp)

P2 Milonito Suíte Serra Bonfim: biotita gnaisse de


composição granítica, porfirítica, com
variações para texturas miloníticas a
ultramilonitos

P3 Anfibolito e Ortognaisse Granitóides foliados a gnáissicos


dominantemente metaluminosos,
calcialcalinos, tipo I: gnaisse tonalítico
Manhuaçu (ma).

5. Referências

VIEIRA, Valter Salino et al. Mapa geológico do estado do Espírito Santo. Belo Horizonte:
CPRM, 2018.
DE ALMEIDA, F. F. M. O cráton do São Francisco. Revista Brasileira de geociências, v.
7, n. 4, p. 349-364, 1977.

HEILBRON, Monica et al. Província mantiqueira. Geologia do continente sul-americano:


evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, p. 203-235, 2004.

MANTESSO-NETO, Virgínio et al. Geologia do continente sul-americano: evolução da


obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. 2004.

MOTA, Romario; DE ALMEIDA, Julio Cesar Horta. ZONA DE CISALHAMENTO


GUARAPARI: EVOLUÇÃO DEFORMACIONAL E IMPLICAÇÕES PARA
CONEXÃO ARAÇUAÍ-RIBEIRA, 2015.

PEDROSA-SOARES, Antônio Carlos et al. Orógeno Araçuaí: síntese do conhecimento 30


anos após Almeida 1977. Geonomos, 2007.

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