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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

Lucas Martins Romão


Kauã Moreno Goudinho
Marcello Del Vecchio

Geomorfologia I:
Prof. Dra. Bianca Carvalho Vieira

Relatório de Campo de Geomorfologia 1

São Paulo - SP
2023
Introdução

O Trabalho de campo, realizado no dia 10 de junho de 2023, tem como objetivo,


trabalhar e apresentar na prática os conceitos abordados durante as aulas do decorrer do
curso, desde a identificação dos tipos de rochas até as características dos relevos onde
estávamos. A importância do trabalho de campo foi nos apresentada pela possibilidade de
conseguirmos ver e trabalhar com aquilo que viemos estudando no decorrer dos últimos
meses, além da possibilidade de testar nossos conhecimentos de forma prática.
A formação do Planalto Atlântico, da Depressão Periférica e das Cuestas Basálticas e
as origens de suas formações, o contexto para elas ocorrem e os principais elementos que as
formam são o principal direcionamento para este relatório, que busca detalhar e transcrever
todo o aprendizado decorrido dos 6 pontos entre a capital paulista e o município de
Pardinho, localizado no interior do estado.

Objetivo Geral

O Trabalho de campo teve sua duração por volta de 10 horas aos totais (partida às:
07:30 e volta às: 17:30), parando por 6 pontos ao total e percorrendo por volta de 200
quilômetros ao todo. O nosso relatório tem como objetivo, estruturar e transcrever o que
aprendemos durante o trabalho de campo, utilizando dos nossos conhecimentos adquiridos
ao decorrer do curso, para traçar um perfil geológico, evidenciando as diferenciações e os
limites do relevo de São Paulo até Pardinho, ou mais precisamente, entre o Planalto
Atlântico até as Cuestas Basálticas.

Foto da turma na conclusão do trabalho de campo do dia 10/06.


Objetivos Específicos

Elaborar a análise e síntese sobre o percurso entre as três formações geomorfológicas


que caracterizam a Geomorfologia do estado de São Paulo: Planalto Atlântico, Depressão
Periférica e Cuestas Basálticas.
Saber identificar também os diferentes tipos de rochas e suas classificações, a análise
de croquis, mapas e gráficos geomorfológicos, reconhecer outras estruturas como Talude,
Campo de Matacões e etc.

Materiais:

Durante todo o trabalho de campo, foram utilizados os seguintes materiais:

● Caderno de campo
● Martelo
● Enxada
● Google Earth
● Caderneta de Campo
● Mapas providos pela docente
● Coleta de amostras
● Objetos para escala.

Demonstração do caminho percorrido pelo trabalho, juntamente com as localizações dos pontos, pelo Google Earth.
Ponto nº1: Perfil de solo de um Talude.

No primeiro ponto, foi feita a análise de um perfil de solo de um Talude, o qual


apresenta um relevo bem ondulado, topos mais retilíneos e de aproximadamente 23 metros
de altura, em um acostamento de terra próximo à margem da estrada. Os arredores do local
evidenciam que o perfil foi exposto pela ação humana, principalmente pela construção da
estrada, ainda existindo vestígios de asfalto misturado às rochas presentes perto da margem
do talude, e os processos de intemperismo que promovem a exposição do solo, recuo do
talude e os carregamentos de sedimentos. Se reunirmos na base do talude, para uma
explicação sobre a formação das rochas ali expostas, que decorriam do período
Pré-Cambriano e por isso sua coloração mais avermelhada, além de estabelecer que
estávamos na morfoestrutura do Cinturão Orogênico do Atlântico.
Após as explicações, os alunos subiram o perfil para realizar uma limpeza da
superfície do perfil, com o objetivo de remover as camadas mais recentes de sedimento e
expor as camadas interiores, e com um escavação de 10 centímetros a 15 centímetros, foi
possível analisar com mais clareza a estratigrafia e suas variações, principalmente entre a
porção de solo que se encontrava mais acima e de saprolito que se encontrava abaixo.
Os sedimentos presentes na superfície do perfil, com uma coloração mais fina e
arenosa, com uma coloração mais clara, sendo assim identificado como um sedimento mais
intemperizado, proveniente do solo e em um processo de carreamento sobre o talude, se
concentrando nas porções mais inferiores.
Abaixo desta parte, em uma porção mais profunda e um pouco mais acima da
primeira, onde pode-se obter uma nova mudança nas variações dos sedimentos. Sedimento
com uma coloração mais avermelhada, por conta da presença de óxidos de ferro e mais
antigo, sendo identificado já como o saprolito, entretanto ainda bastante intemperizado.
E em uma última coleta, auxiliada com a ajuda da monitoria, foi possivelmente
encontrar sedimento de uma cor mais amarelada, com maior xistosidade e com uma textura
mais xistosa, sendo identificado como um fragmento do xisto, apesar de estar já bem podre
ao ponto de se esfarelar com movimentos leves dos dedos.
Concluímos que neste primeiro ponto, foi possível estabelecer o perfil estratigráfico
de um Embasamento Cristalino, com um Xisto como sua origem e com baixo grau de
metamorfismo, justificando a presença de apenas rochas metamórficas e magmáticas como
granitos, xistos, quartzitos. O estabelecimento de sua localização, nos limites do Cinturão
Orogênico, também é importante para classificá-lo como pré-cambriano e ígneo. Além disto,
elencar o processo de deposição de sedimentos nas bases tanto amostrado em aula foi um
dos principais pontos da parada.

Foto1. Talude sendo visto de baixo para vista. Foto 2. Diferenciação entre os sedimentos com auxílio de

, um cartão escala

Foto 3. Explicações sobre a geomorfologia do local Foto 4 .Amostras de rochas magmáticas e sedimentares.
Ponto 2 - Campo de Matacões

No ponto 2 do nosso trabalho de campo, que foi localizado no encontro da Rodovia


Castello Branco com a Rodovia Gregório Spina, estivemos localizados ainda na
morfoestrutura do Cinturão Orogênico do Atlântico, mais precisamente no Planalto de São
Roque e se mantendo ainda em um Embasamento Cristalino, predominando a presença de
rochas magmáticas e metamórficas, com origem Pré-Cambriano de sua formação.
Por se tratar de um Campo de Matacões, um dos pontos principais já analisados é o
intemperismo esferoidal sofrida pelo Granito, rocha ígnea intrusiva, analisando como a
forma da rocha foi afetada de dentro para fora, caracterizando a formação de Matacões.
Além disso, é importante ressaltar a relação entre a alta superfície dos campos e a superfície
das cristas médias. Durante a explicação da professora, ela ressaltou em diversos momentos
para que a nossa análise fosse sempre em 3 frentes: analisando como a superfície está no
momento, em como ela foi e em como ela será ao passar milhões de anos.
O relevo ali presente em seu passado teria uma altura muito maior do que a do atual
momento, tendo sido erodido e se denudando cerca de 700 metros em comparação a sua
altitude atual. As rochas que estavam ali presente foram expulsas para a superfície por
processos exógenos responsáveis pelo transporte de massa da rede hidrográfica. É possível
observar este processo, quando analisamos as rochas que estão ao seu entorno, que
pertencem ao mesmo grupo e períodos similares aos que estão ali presentes, como no morro
logo ao lado.
Logo, a discrepância existente entre as categorias de formações rochosas entre o
referido ponto e sua área circundante é revelada pelo rebaixamento deste segundo ponto do
trabalho de campo.Principalmente pelo tempo decorrido, a erosão sofrida pela exposição do
ambiente, o processo de transposição de materiais, a diferença entre a resistência das rochas
magmáticas e metamórficas daquela região e etc.
E ao se falar especificamente sobre o Intemperismo Esferoidal do Granito, o
processo seria o desgaste das rochas por meio de expansão e contração térmica, este sendo
posterior a um processo de percolação da água entre fraturas e juntas de rochas, que
promove um intemperismo ao individualizar as rochas por meio da liberação de pequenos
fragmentos arredondados.
O processo ocorre durante um longo período de tempo, onde vários fragmentos vão
se soltando e a forma de esfera vai se moldando dos matacões, resultando nas formas que
vemos hoje. A coloração da rocha é alterada, por todo estes processos erosivos que ela sofre,
onde é necessário retirar camadas que estão na superfície e ter a incidência de luz direta para
observar a coloração e estratificação da rocha.
Importante salientar que o saprolito da região, que é composto pelo intemperismo
físico e químico das rochas na superfície, é mais rico em Quartzito do que outras regiões,
por conta de ser um dos minerais mais ricos em Granito, podendo ser encontrado várias
amostras de Quartzito na região.

Imagem 1. Croqui demonstrando o processo de intemperismo esferoidal

Foto 5. Chegada ao Campo de Matacões Foto 6. Amostra da superfície de um matacão


Ponto 3 - Diques de Diabásio

No terceiro ponto do campo, entramos em uma outra morfoestrutura e


morfoescultura: entramos na Bacia Sedimentar do Paraná e na Depressão Periférica Paulista.
O terceiro ponto fica localizado em um acostamento da Castelo Branco, na altura do
município de Tatuí.
Neste ponto, temos contato com o afloramento de rochas intrusivas, mais
precisamente diabásio, na forma de sills e diques que estão associadas ao Vulcanismo Serra
Geral, caracterizando derramamentos de basalto, diques e soleiras no espaço deste ponto,
tendo a presença majoritária de rochas magmáticas.
Estas rochas estão relacionadas a eventos de movimentação de placas tectônicas,
mais precisamente que subsidiaram a Bacia sedimentar do Paraná e repartiu o
megacontinente Gondwana, todo esse processo gerou falhas que associadas ao magmatismo,
teve como principal resultado, os derramamentos basálticos na Bacia do Paraná, que tiveram
uma longa duração.
As falhas, que neste processo servem como condutores para a emersão do magma na
superfície, apresentando uma orientação distinta, segmentando e atravessando diversas
camadas de diversas rochas e sedimentos, e que provavelmente foram formadas durante o
período Fanerozóico, mais recente do que os anteriores pontos.
Sobre o diabásio, é uma rocha intrusiva vulcânica formada no interior da crosta e
expelido para a superfície posteriormente, e seus minerais mais abundantes são o piroxênio e
plagioclásio, justificando sua coloração mais escura, e ela é tipicamente associada a diques e
sills, por ser a forma mais comum de sua ocorrência.
Em nosso campo, tivemos contato com um dique com sua orientação ascensional,
com uma característica predominante de formação de colunas. O diabásio é uma rocha

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