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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA

RELATÓRIO DE CAMPO DE SEDIMENTOLOGIA

CARMEM NÁTALY AMORIM FRANCO

FRANCISCO ALVES MENDONÇA FILHO

RAMON RODRIGO DE ANDRADE CABRAL

MANAUS

2018

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA

CARMEM NÁTALY AMORIM FRANCO

FRANCISCO ALVES MENDONÇA FILHO

RAMON RODRIGO DE ANDRADE CABRAL

RELATÓRIO DE CAMPO DE SEDIMENTOLOGIA

Relatório apresentado ao Curso de


Geologia da Universidade Federal do
Amazonas, pelo Profa. Msc. Michele
Custódio, como requisito para a
obtenção de nota parcial na disciplina
de Sedimentologia-IEG133.

MANAUS

2018

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Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4
1.1 GEOLOGIA REGIONAL .......................................................................................................... 5
1.1.1 Cráton Amazonas ......................................................................................................... 5
1.1.2 Formação Nhamundá ................................................................................................... 7
1.1.3 Formação Pitinga.......................................................................................................... 7
1.1.4 Formação Manacapuru ................................................................................................ 8
2. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................... 8
3. LOCAIS VISITADOS .................................................................................................................... 9
3.1 Ponto 1 ................................................................................................................................ 9
3.1.1 Interpretação ............................................................................................................ 13
3.2 Ponto 2 .............................................................................................................................. 13
3.2.1 Interpretação ............................................................................................................ 15
3.3 Ponto 3 .............................................................................................................................. 16
3.3.1 Interpretação ............................................................................................................ 17
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................................. 18
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 20
ANEXOS ....................................................................................................................................... 21

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1. INTRODUÇÃO

O trabalho de campo realizado nos dias 05 e 06 de fevereiro de 2018


entre o município de Presidente Figueiredo-Am e a BR-174 dentro da Bacia do
Amazonas, situada entres os crátons das Guianas ao norte e do Brasil ao Sul,
teve como principal objetivo aplicar os conceitos aprendidos nas aulas teóricas,
tais como identificar as litologias, granulometrias, reconhecer estruturas
sedimentares, caracterizar as fácies sedimentares e determinar o paleoambiente
deposicional, assim como entender as relações de contato que fazem parte da
borda Norte da Bacia do Amazonas, enfatizando as formações do Grupo
Trombetas.

Na figura 1 indica-se os pontos dos afloramentos estudados, drenagens


e unidades lito-estratigráficas, apresentando as escalas e orientação do Norte.
Sendo os pontos localizados em unidades litoestratigráficas das formações
Nhamundá, Manacapuru e o contato das formações Pitinga e Nhamundá, todos
membros do Grupo Trombetas.

Figura 1. Locais visitados.


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1.1 GEOLOGIA REGIONAL

1.1.1 Cráton Amazonas


O cráton Amazonas é uma área que possui duas principais áreas pré-
cambrianas: os escudos das Guianas, ao norte, e Brasil Central, ao sul da bacia
amazônica. A porção norte é constituída pelo Escudo das Guianas e esta é a
maior entidade tectônica dentro da plataforma sul-americana. No escudo das
Guianas, os diques máficos extrapolam os limites das bacias paleozoicas do
Amazonas e Solimões (SANTOS, 2006).

As unidades sedimentares, por sua vez, formam um relevo residual


entalhado pela drenagem, apresentando vales amplos e interflúvios tabulares,
com locais feições pseudocársticas e com altitudes entre 60 e 80m (SOUZA E
NOGUEIRA, 2009). Essas unidades são testemunhos do evento tectônico
distensivo que reativou anisotropias (falhas e fraturas) proterozóicas, gerando
fases de rifte/sinéclise que favoreceram a espessa sedimentação da bacia
intracratônica do Amazonas (WANDERLEY FILHO 1991, CUNHA et al.1994,
WANDERLEY FILHO 1996). A implantação da fase rifte é marcada pela
deposição dos sedimentos da Formação Prosperança, a qual representa a
primeira sedimentação dos depósitos costeiros-marinhos, enquanto a fase
sinéclise é representada pela sedimentação do Grupo Trombetas, o qual foi
subdividido, da base para o topo, nas formações Autás-Mirim, Nhamundá,
Pitinga e Manacapuru (CAPUTO 1984, CUNHA et al. 1994). A evolução
deposicional da Bacia do Amazonas caracteriza-se por cinco sequências bem
marcadas, conforme pode ser observado na Figura 2.

A deposição da bacia do Amazonas é dividida em três fases: a primeira


fase Ordoviciana-Devoniana (Grupo Trombetas) está representada por folhelhos
marinhos, arenitos diamictitos depositados durante a glaciação siluriana. As
datações provêm de análises bioestratigráficas em quitinozoários (CUNHA et al,
1994). Esse grupo está constituído pelas formações Autás-Mirim, Nhamundá,
Pitinga e Manacapuru. A segunda fase relacionada à Orogênia Caledoniana em
um novo ciclo transgressivo-regressivo ocorreu na bacia, desta vez com a
deposição dos grupos Urupadi e Curuá. A terceira fase é marcada, entre o

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Neocarbonífero e Neopermiano, por um novo ciclo transgressivo-regressivo,
este é representado pelo Grupo Tapajós, (SANTOS et al., 1975).

Figura 2. Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas, segundo Cunha et al. (1993).

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1.1.2 Formação Nhamundá
A Formação Nhamundá apresenta-se na porção oeste da faixa
sedimentar paleozóica da borda norte da Bacia do Amazonas (Apud
BREITBACH, 1957; CAPUTO, 1984). É constituída por quartzo-arenitos finos a
grossos com estratificações cruzada e plano-paralela, intercalados com
folhelhos, siltitos e diamictitos, contendo abundante registros fósseis, como os
icnofósseis do tipo Skolithos sp. e Arthrophycus alleghaniensis (Nogueira et
al.1999). O ambiente de sedimentação desta formação é de ambiente litorâneo
e plataformal com influência glacial durante o Neordoviciano ao Eoenlochkoviano
(Caputo & Crowell 1985).

Segundo Nogueira et al. (1999) e Soares et al. (1999), a seção aflorante


da Formação Nhamundá revela características deposicionais de ambiente
costeiro com avanço glacial no domínio da zona de shoreface. Soares et al
(1999) descreveram para os depósitos Nhamundá ambientes de foreshore
(quartzo-arenitos com estratificação plano-paralela e truncamentos de baixo
ângulo) sugestiva de zona de praia (wavewash), shoreface (arenitos com
estratificação cruzada tabular, bioturbação - Skolithos, marcas onduladas e
laminação cruzada cavalgante; arenitos finos e pelitos com estratificação
cruzada hummocky, marcas onduladas e laminação plano-paralela) e subglacial
costeiro (arenitos e diamictitos com deformação intraformacional – estruturas
planares suborizontais).

1.1.3 Formação Pitinga


A denominação “Membro Pitinga” foi empregada por Breitbach (1957) e
Lange (1967) para reunir uma seção da Formação Trombetas constituída por
folhelhos, silexitos, arenitos e siltitos com leitos sideríticos. Caputo et al. (1971)
subdividiram-na em dois membros: Pitinga (base), composto por folhelho e siltito
e, Manacapuru (topo), composto por arenito fino a médio, posteriormente
conduzidos à hierarquia de formação por Caputo (1984). Cunha et al. (1994)
mencionaram para a Formação Pitinga, apenas a presença de folhelho/siltito e
diamictito de ambiente glácio-marinho, ocorrentes nas bordas norte e sul da
Bacia do Amazonas

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A formação mantém relações de contato concordante com a Formação
Nhamundá (estratigraficamente sobrejacente) e discordante com a Formação
Prosperança. Sua idade eo-siluriana é baseada na ocorrência de graptólitos na
borda sul da bacia (CAPUTO; ANDRADE, 1968).

1.1.4 Formação Manacapuru


Originalmente definida como “membro” (CAPUTO et al. 1971), a
Formação Manacapuru (CAPUTO, 1984) estabelece a unidade de topo do Grupo
Trombetas. A formação é composta por arenitos finos a médios, folhelhos e
siltitos laminados com abundantes icnofósseis, palino-morfos e macrofósseis
(principalmente braquiópoda), datados do Devoniano Inferior (Coelho 1984,
Soares & Nogueira 2006, Ramos et al. 2001). O ambiente de sedimentação
é marinho nerítico a litorâneo, caracterizando, segundo Carozzi et al. (1973),
uma sequência transgressiva - regressiva, a qual são identificados depósitos de
praia. A idade siluro-devoniana para a formação está baseada nos resultados de
análises bioestratigráficas com quitinozoários (QUADROS et al., 1990; GRAHN,
1991; GRAHN ; PARIS, 1992).

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste estudo foram utilizados os seguintes materiais: caderneta de


campo, lápis, borracha, trena, lupa, canivete, câmera do celular e EPIs. Como
também, pesquisas bibliográficas baseadas em trabalhos e artigos científicos
para o entendimento da geologia regional, as formações litológicas e as fácies
sedimentares de cada formação.

Os procedimentos realizados foram de fase Pré-campo: aulas teóricas


dos conceitos fundamentais da sedimentologia e as pesquisas bibliográficas da
geologia regional, como a leitura de artigos. Na fase Campo foram coletados os
dados e informações para a descrição dos locais visitados. Por último, a fase
Pós campo, na qual montamos o relatório e as colunas estratigráficas com o
software Microsoft Paint.

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3. LOCAIS VISITADOS

3.1 Ponto 1

O afloramento está localizado na Cachoeira da Porteira no Km 13 da AM


240 na estrada que liga Presidente Figueiredo à Vila de Balbina com
coordenadas geográficas 02°02'21,3"S / 59°55'14,5"W com cotas de 91 metros.

A análise do afloramento foi dividida em três etapas. O primeiro afloramento


do tipo lajedo tem 1,80 metros de altitude e 16 metros de largura com orientação
de 210 NS/W, à distância notou-se os sets e foresets destacados por
estratificações. Na base da rocha, os sets possuem 36, 18 e 37 centímetros com
granulometria de areia média à grossa, a composição química é de quartzo,
apresenta estratificação cruzada tabular e os foresets são ressaltados por grãos
grossos, estes são angulosos e pouco esféricos, porém a matriz é muito fina. No
quarto set observou-se uma mudança, possui estratificação plano-paralela com
3 cm, a granulometria de areia fina composta também por quartzo, sua a
maturidade é alta, a partir deste, os sets são intercalados, ora por estratificação
cruzada tabular, ora por estratificação plano-paralela. Em geral, é uma rocha
sedimentar clástica terrígena, quartzo-arenito.

Figura 3. Quartzo-arenito com estratificações cruzadas tabulares e plano-


paralelas.

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Figura 4. Foresets ressaltados com granulometria mais grossa.

Sets Estratificação Espessuras (cm)

1º Estratificação cruzada tabular 36

2º Estratificação cruzada tabular 18

3º Estratificação cruzada tabular 37

4º Estratificação plano-paralela 3

5º Estratificação cruzada tabular 6

6º Estratificação plano-paralela 3

7º Estratificação cruzada tabular 8

8º Estratificação plano-paralela 3

9º Estratificação cruzada tabular 5

10º Estratificação plano-paralela 5,5

11º Estratificação cruzada tabular 8

12º Estratificação plano-paralela 4

13º Estratificação cruzada tabular 8

Tabela 1. Espessuras dos sets relacionado à estratificação.

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O segundo afloramento tem aproximadamente 2 metros de altura e 18
metros de largura, os limites dos sets são marcados por uma granulometria mais
grossa com grânulos subarredondados e pouco esféricos, marcados também por
processo do intemperismo da percolação de água, mas na matriz a
granulometria é de areia fina. A composição é de quartzo, a maturidade
mineralógica e textural são supermaturos, mas com alguns grânulos no topo,
assim como tem grau de seleção alto. Notou-se uma estratificação cruzada
tabular na rocha sedimentar clástica terrígena, quartzo-arenito. Da base para o
topo, respectivamente, os sets possuem 1,27 metros, 28, 54, 25 e 29
centímetros.

Figura A e B. Sets da rocha sedimentar quartzo-arenito.

O terceiro afloramento também é uma rocha sedimentar clástica


terrígena, quartzo-arenito. Nesta, a granulometria é de areia fina a muito fina,
composta basicamente de quartzo, tendo o grau de seleção bem alto. O lajedo
foi basculado, apresentando uma laminação plano-paralela e a presença de
icnofóssil na forma de tubos verticalizados, os Skolithos. Mediu-se a espessura
de alguns sets mostrados na tabela a seguir:
11
Sets Espessuras (cm)

1º 11

2º 12

3º 52

4º 38

5º 35

6º 36

7º 90

8º 41

9º 20

10º 34

11º 55

12º 46

13º 62

14º 30

Tabela 2. Espessuras dos sets.

Figura 7. Icnoffóssil Skolhitos.

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Figura 8. Lajedo basculado.

3.1.1 Interpretação
No primeiro afloramento, a intercalação das estratificações deu-se pelas
mudanças do regime de fluxo na zona geomorfológica (Shoreface), na qual há
predomínio de areia. Para a estratificação cruzada tabular o regime de fluxo foi
inferior, enquanto na estratificação plano-paralela houve regime de fluxo
superior. Os foresets são ressaltados, pois no momento da migração e
deposição, os grãos maiores rolam e são soterrados por grãos mais finos. No
último afloramento, o fator da rocha está basculada, deve-se à movimentos
tectônicos. Este afloramento foi depositado na zona geomorfológica antepraia
(Forshore), como tem predomínio de areia e pouco retrabalhamento, permanece
grãos mais finos. Portanto, o ambiente deposicional é marinho dominado por
ondas.

3.2 Ponto 2

O afloramento do tipo corte de estrada para construção de rodovia,


localiza-se ao lado esquerdo da BR-174 sentido Boa Vista – RR / Manaus – AM,
com coordenadas geográficas 2°6'45,7"S / 59°59'30,1"W de 48km.

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Figura 9. Folhelhos intercalados com arenitos finos.

Em uma visão macro, o paredão da Formação Manacapuru possui


aproximadamente 4 metros com camadas exibindo laminações e no chão vários
grãos rolados. O estudo do local foi divido em dez camadas de litologias, sendo
cinco camadas de folhelhos e cinco de arenitos intercalados. O primeiro set, na
base, possui 22 cm, apresentando granulometria de argila e silte, sua cor é cinza,
mas predominam cores amareladas e avermelhadas como produto do
intemperismo de água percolada e com composição mineralógica de micas e
argilo-minerais, bem matura, possui fissibilidade, indicando rocha sedimentar
clástica terrígena, um folhelho com estrutura laminada.

O segundo set varia de 9 a 11 cm se adelgando lateralmente na cor


cinza, tem granulometria de areia fina, composta pelo mineral quartzo, grãos
arredondados, a maturidade mineralógica e textural é média. Portanto, rocha
sedimentar clástica terrígena, um arenito fino com estrutura maciça, tendo na
sua base uma ondulação. Os outros sets variam apenas na espessura e no
aumento da porção de silte nos folhelhos, a partir da quinta camada. É possível
visualizar conteúdo fossilífero como braquiópodes e graptólitos nos folhelhos,
como também, no último set do arenito que apresenta tubos elipsoidais na
horizontal, indicando comportamento de organismos, chamado de bioturbação.
Em alguns blocos rolados, foi visto estratificação cruzada hummocky nos
arenitos.

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Figura 10. Bloco diagrama esquemático das bioturbações.

Camadas (Sets) Espessuras

1ª Folhelho 22 cm

2ª Arenito fino 9-11 cm

3ª Folhelho 49 cm

4ª Arenito fino 8,5-10 cm

5ª Folhelho 1,63 m

6ª Arenito fino 9,5 cm

7ª Folhelho 1m

8ª Arenito fino 9 cm

9ª Folhelho 4 cm

10ª Arenito fino 10 cm

Tabela 3. Relação das espessuras com as camadas das litologias.

3.2.1 Interpretação
O ambiente deposicional é marinho dominado por onda. As intercalações
folhelho/arenito são devido a ondas de tempestades ocasionadas para a

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formação do arenito, por isso apresentam estratificação cruzada hummocky.
Para apresentar camadas muito espessas de folhelho o ambiente é profundo,
sugerindo a zona geomorfológica offshore transition, na qual tem baixa energia
e é passível de decantação dos sedimentos finos. O contato no topo do folhelho
com a base do arenito é irregular pelo resultado da sobrecarga na deposição do
arenito sobre o folhelho, pois este apresenta fissibilidade. Porém, o topo do
arenito para a base do folhelho é retilíneo, devido à baixa energia para depositar
argila por meio de decantação, logo o arenito maciço não sofre nenhuma
deformação.

3.3 Ponto 3

O afloramento é do tipo in situ, localizado no km 107 da BR-174, sentido


Manaus-AM / Boa Vista-RR com coordenadas geográficas 2°2'21,2"S /
60°1'31,9"W cotas de 57km.

Figura 11. Contato entre as Formações Nhamundá e Pitinga.

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Figura 12. C – Intraclastos de argila. D – Estratificacao cruzada hummocky.

Existem duas litologias explícitas, o contato brusco entre as formações


Nhamundá e Pitinga em um paredão de aproximadamente 5 metros. Na base do
afloramento, o folhelho que é uma rocha sedimentar clástica terrígena possui 25
cm com cor cinza avermelhada, a granulometria varia de silte à argila, sua
composição mineralógica é de argilo-minerais e apresenta estrutura laminada,
pode-se inferir que o grau de maturidade e seleção são altos. Em seguida, notou-
se outra litologia na qual o arcabouço é constituído por intraclastos de argila
arqueados e angulosos com tamanhos aproximadamente de 27 cm até 72 cm, a
granulometria da matriz varia entre areia fina e média, está é bem selecionada e
os grãos bem arredondados, no entanto a rocha em si é mal selecionada. Sua
composição mineralógica é basicamente de quartzo, tendo maturidade
mineralógica alta e exibe estratificações plano-paralelas expressas por clastos
envoltos de óxidos de ferro com coloração típica avermelhada. Portanto, o tipo
da rocha é clástica terrígena e a classificação arenito brechóide com
estratificação plano-paralela da Formação Nhamundá. Na parte superior, a
litologia é novamente o folhelho com laminações da Formação Pitinga, no qual
observamos o contato brusco das formações.

3.3.1 Interpretação
O contato entre as duas formações ocorreu pelo aumento do nível do
mar. A formação do arenito brechóide foi na zona geomorfológica de antepraia
superior (Foreshore), na qual há predomínio de areias e tem maior energia. Os
intraclastos de argila no arenito foram gretas de contração, pois em um intervalo
que o nível do mar diminuiu tendo exposição subaérea, assim depositando argila
e contraindo, por isso os intraclastos são arqueados. Mas como o nível do mar

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aumentou, a zona onde o predomínio era areia tornou-se uma zona de transição
(offshore-transition), no qual há predomínio de areia e também argila, com isso
passível de decantação de sedimentos pelíticos, formando o folhelho laminado
sobre o arenito brechóide com estratificação plano-paralela.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As fácies sedimentares vistas estão descritas na tabela abaixo:

Pontos Fácies Formação Ambiente

1 At, Ap, Ab Nhamundá Marinho

Pf, Am, Ah,


2 Manacapuru Marinho
Ab

Nhamundá /
3 Apb, Pf, Ah Marinho
Pintinga

Tabela 4. Associação de fácies.

Através desta tabela, nota-se que na formação Nhamundá é recorrente


a fácie sedimentar Arenito plano-paralela. Como também, fácies sedimentares
associadas em mais de uma formação, a ocorrência de Pelitos laminados na
formação Manacapuru e Pitinga; Arenitos com estratificação hummocky nas
formações Manacapuru e Nhamundá e Arenitos com bioturbação nas formações
Manacapuru e Nhamundá.

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5. CONCLUSÃO

A análise faciológica feita neste trabalho de campo, nos permitiu


compreender os tipos de sedimentação e como cada processo funciona,
algumas vezes, combinados entre si. As estruturas podem variar de acordo com
a energia do ambiente, tipo de agente de transporte e a granulometria dos
sedimentos em um mesmo litotipo. Portanto, entender essa relação é essencial
para a remontagem da evolução deposicional do afloramento, como também da
bacia do Amazonas.

19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOARES, E. A. A; TRUCKENBRODT, W; NOGUEIRA, A. C. R. FÁCIES


Litorâneas e Subglaciais Da Formação Nhamundá (Siluriano Inferior), Região
de Presidente Figueiredo, Bacia do Amazonas. Revista do museu paraense
Emílio Goeldi, Série ciências naturais, Belém, Pará, v. 1, n.2, p. 89-116, 2005.
REIS, N. J. et al, Geologia e Recursos Minerais do Estado do
Amazonas. CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2006. Disponível em:
<http://www.cprm.gov.br/publique/media/rel_amazonas.pdf> Acesso em:
08/02/2017.

20
ANEXOS

 Coluna estratigráfica do Ponto 1.

Primeiro afloramento.

21
Segundo afloramento.

22
Terceiro afloramento.

23
 Coluna estratigráfica do Ponto 2.

24

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