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Revista de Geologia, Vol.

33, nº 1, 71 - 102, 2020


http://www.periodicos.ufc.br/index.php/geologia

Análise Lito-Estratigráfica dos Macrofósseis da Camada C6


da Formação Crato (Grupo Santana), Bacia Sedimentar do Araripe,
Nordeste Do Brasil

João Kerensky R. MOREIRA1; Geraldo Jorge Barbosa de MOURA2;


José de Araújo Nogueira Neto3

Resumo: A Bacia do Araripe apresenta um expressivo registro paleontológico,


decorrente da separação e migração dos continentes Sul-Americano e Africano
(Jurássico Médio), ocasionando mudanças paleoclimáticas que afetaram
gradativamente a flora e a fauna desses continentes, decorrendo em um alto nível de
endemismo e riqueza paleontológica, especialmente na Formação Crato. Esta
Formação apresenta o maior registro paleontológico, de inestimável valor científico
Regional e Mundial, onde os fósseis são revelados à medida que ocorre a exploração
do calcário laminado. Assim sendo este trabalho objetivou investigar as variações
geológicas e macropaleontológicas em diferentes afloramentos do último pacote
carbonatado da Formação Crato (camada C6), Eocretáceo da Bacia do Araripe.
Foram escolhidas três frentes de lavras ativas na porção norte da bacia, entre as
cidades de Nova Olinda e Santana do Cariri, sub-bacia E: I (0423044 mE/9213404
mN UTM), II (0422535 mE/9212774 mN UTM) e III (0421281 Me/9213186 mN UTM).
O procedimento de escavação obedeceu ao padrão de corte utilizado pelas
mineradoras (0,5 x 0,5 m), extraindo folhas de calcário laminado com cerca de 3 cm
de espessura; as quais após análise dos aspectos geológicos e paleontológicos
seguiam o processo de comercialização das mesmas e os fósseis registrados foram
coletados e depositados na coleção científica do Museu de Paleontologia da URCA –
Santana do Cariri. Foram identificados dez níveis calcários distintos na última camada
da Formação Crato, com diferenças na coloração, espessura, feições sedimentares e
paleontológicas (macrofósseis). Os tipos de fossilização presentes foram a
substituição por limonitização (Lavra 2) e a carbonização (Lavras 2 e 3). Os
macrofósseis apresentaram uma orientação azimutal com eixo N–S e um eixo
secundário NW–SE. Entre os dez níveis identificados, os níveis V e VI (Capa
Derradeira e Lajão de Peixes) apresentaram uma maior concentração de peixes,
artrópodes e vegetais. Entre os grupos fósseis coletados, os vegetais são mais
abundantes em todos os estratos dos três afloramentos trabalhados, dando ênfase a
grande quantidade de gimnospermas encontradas em relação às angiospermas. A
interpretação desses níveis calcários demonstra as mudanças ambientais que o “Lago
Araripe” sofria com o aporte sedimentar que recebia ocasionando mudanças físico-
_________________________________________
1
Universidade Federal do Ceará – Programa de Pós-graduação em Geologia
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco
3
Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Ciência e Tecnologia

Autor para correspondência: João Kerensky R. Moreira


Secretaria Municipal de Educação de Maranguape, Rua Pedro Mendes Moreira Vasconcelos, 125,
Área Seca – CEP: 61944-450, CE - Brasil. E-mail: kerenskysuchus@gmail.com
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químicas da água. Um evento catastrófico gradual afetou o paleoambiente do “Lago


Araripe”, pois se verifica uma grande quantidade de fósseis de diferentes grupos,
revelados nos mesmo níveis calcários.
Palavras-chave: Eocretáceo. Estratigrafia. Grupo Santana. Macrofósseis.

Abstract: Lithostratigraphic Analysis of Crato Formation layer C6 macrofossils


(Santana Group), Araripe Sedimentary Basin, Northeast of Brazil. The Araripe Basin
presents a significant paleontological record, by the separation and migration of the
continents South America and Africa (Middle Jurassic), resulting paleoclimatic
changes gradually affecting the flora and fauna of these continents, happening at a
high level of endemism and paleontological richness, especially in the Crato
Formation. This training presents the greatest paleontological record, invaluable
scientific Regional and World, where fossils are revealed as is the exploitation of
laminated limestone. Therefore this study aimed to investigate the geological and
macropaleontologicals variations in different outcrops of the last packet carbonated
Crato Formation (layer C6) Eocretaceous Basin Araripe. Were chosen three areas of
active mines in the northern portion of the basin, between the cities of Olinda and
Santana do Cariri subbasin E: I (0423044 mN UTM mE/9213404), II (mE/9212774
0422535 mN UTM) and III (0421281 mN UTM Me/9213186). The procedure followed
the excavation cut pattern used by mining (0,5 x 0,5 m), drawing sheets laminated
limestone with about 3 cm thick, which after analysis of the geological and
paleontological followed the marketing process receipt and recorded fossils were
collected and deposited in the scientific collection of the Museum of Paleontology
URCA - Santana Cariri. We identified ten distinct levels limestones in the last layer of
the Crato Formation, with differences in color, thickness, sedimentary and
paleontological (macrofossils). The types were present in the fossil substitution
limonitization (Mine 2) and carbonization (Mines 2 and 3). The macrofossils showed
azimuthal orientation with N-S axis and a secondary axis NW-SE. Among the ten
identified levels, levels V and VI (Capa Derradeira and Lajão dos Peixes) had the
highest concentration of fish, arthropods and plants. Among the groups collected
fossils, vegetables are most abundant in all strata of the three outcrops worked,
emphasizing the large amount of gymnosperms found in relation to angiosperms. The
interpretation of these levels limestones demonstrates environmental changes that the
"Araripe Lake" suffered from the sediment yield that received causing physicochemical
changes of water. A catastrophic event affected the gradual paleo "Araripe Lake"
because there is a large amount of fossil groups, revealed the same levels limestones.
Keywords: Eocretaceous. Stratigraphy. Group Santana. Macrofossils.

1. INTRODUÇÃO
A Bacia do Araripe, em precioso registro paleontológico,
referência as outras bacias mesozóicas originado ao final do estágio rift de
interiores do Nordeste, possui um evolução da margem continental
brasileira (CASTRO et al., 2006).

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Além da riqueza fossilífera, a cinza azulado ao cinza claro e do


Bacia do Araripe apresenta um marrom ao bege. As unidades
complexo registro geológico que é apresentam espessuras diferentes,
estudado e redefinido por vários sendo mais espessa na porção SE da
autores, com a utilização de novas bacia, representando uma importante
tecnologias (difratometria de Raios X, jazida de calcário, atualmente
petrografia, datação isotópica das explorado pela indústria de cimento e
rochas) tornando os resultados das de rochas ornamentais.
pesquisas mais precisos, ocasionando Através da explotação mineral
a reinterpretação estratigráfica da bacia dos calcários laminados da Formação
(NEUMANN, 1999; OLIVEIRA, 2006; Crato (Grupo Santana), muito do
ASSINE, 2007; CHAGAS, ASSINE & conteúdo fossilífero em pouco espaço
FREITAS, 2007; FAMBRINI et al., de tempo é revelado pelos
2011; FAMBRINI et al., 2013). A mineradores, diferente de uma
exemplo, NEUMANN (1999) que escavação paleontológica com
elevou a Formação Santana a Grupo e metodologia sistematizada, que devido
os seus Membros (Crato, Ipubi e a limitações de recursos e
Romualdo) a categoria de Formação. pesquisadores apresenta uma menor
A formação estudada velocidade de acesso aos materiais
corresponde a Formação Crato paleontológico (FARA et al., 2005;
(tectonosequência “Pós-rift”) com SARAIVA et al., 2005; VILLA NOVA
espessura entre 50 a 70m, representa et al., 2011). Assim, os pesquisadores
a segunda fase lacustre da bacia e fazem uso da indústria exploratória,
compõe-se predominantemente de que há séculos é responsável pela
estratos horizontalizados de calcários perda de material paleontológico em
laminados de natureza micrítica todo o mundo (OLIVEIRA, 2006).
(sedimentos químicos), de ambientes Assim sendo, este trabalhou
lacustres internos com pouca ou quase objetivou investigar as variações lito-
nenhuma energia, que se intercalam estratigráficas e macropaleontológicas
com siltitos calcíferos e arenitos, em diferentes afloramentos do último
derivados da Formação Rio da pacote carbonatado da Formação
Batateira (NEUMANN, 1999; Crato (camada C6), Eocretáceo da
NEUMANN & CABRERA, 1999). Bacia do Araripe.
Apresenta camadas de calcário
variando em torno de 15m de 2. ÁREA DE ESTUDO
espessura, de ambiente deposicional A região alvo da pesquisa
lacustre (LIMA 1978; NEUMANN, 1999; englobou afloramentos da Formação
NEUMANN & CABRERA, 1999). Crato (Camada C6) nas proximidades
Segundo Neumann (1999), a das cidades de Nova Olinda-CE e
Formação Crato apresenta 6 unidades Santana do Cariri-CE, região próxima à
de calcário laminado, com laminação borda Sul da bacia, em contado com a
milimétrica a centimétrica, porção Norte do embasamento. Esta
denominadas da base para o topo de região representa um imenso polo de
C1 a C6. Variam de cores que vai do extração do calcário laminado, com

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372 frentes de grande interesse da região, diminuindo assim os


econômico e social, na geração de impactos ambientais causados na
emprego e renda, pela exploração do explotação desse bem mineral
calcário laminado, denominado de (OLIVEIRA, 2006).
“Pedra Cariri”, utilizado na construção Para o alcance dos objetivos
civil como ladrilhos para revestimentos foram escolhidas três frentes de lavras
de pisos e paredes, móveis e aleatórias e ativas: I (0423044
artesanato local (SALES, 2005). O mE/9213404 mN UTM), II (0422535
rejeito vem sendo aplicado em aterros, mE/9212774 mN UTM) e III (0421281
piso morto de construções domiciliares Me/9213186 mN UTM), onde foi
da população de baixa renda, realizado o trabalho de campo
fabricação de cimento portland e adaptando a metodologia utilizada
atualmente, após a moagem, como tradicionalmente pelos mineradores da
carga na fabricação de calçados de região aos objetivos da pesquisa
borrachas pelas indústrias calçadistas (Figura 1).

Figura 1: Foto de satélite da região de estudo, evidenciando as frentes de lavras monitoradas (pontos
amarelos), entre as cidades de Nova Olinda-CE e Santana do Cariri-CE (Fonte: Google Earth, com
modificações).
para controle estratigráfico dos
3. MATERIAL E MÉTODOS macrofósseis, obedecendo ao padrão
Devido às dificuldades inerentes de corte utilizado pelos mineradores, de
a frentes de lavras em exploração 0,5 m x 0,5 m na extração do calcário
comercial, obedeceu aos padrões laminado (área de 2,5m2) (Figura 2A)
locais de extração (formas trapezóides (MOREIRA & NOGUEIRA NETO, 2007;
e irregulares, com áreas superiores a MOREIRA, 2009).
50 m2) e delimitação de quadrantes

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O trabalho de campo foi assim como a indicação de


realizado entre julho e outubro de 2007 características hidrodinâmicas
e entre janeiro e março de 2008. E teve (articulados ou não, completos ou
início com a retirada da parte incompletos, bidimensionais ou
intemperizada em cada uma das três comprimidos, características
áreas estudadas (MOREIRA & ecológicas e necrófilas e tipos de
NOGUEIRA NETO, 2007; MOREIRA, fossilização presentes) (MOREIRA &
2009). NOGUEIRA NETO, 2007; MOREIRA,
Posteriormente as áreas a 2009).
serem cortadas tiveram seus Ao total foram registrados 538
quadrantes marcados com linhas de fósseis, entre peixes (maioria do
nylon e com a utilização de máquina gênero Dastilbe), artrópodes e restos
“policorte”, os quadrantes com vegetais. Os melhores exemplares
espessura de 8 cm a 10 cm foram fósseis, foram coletados, tratados e
cortados e marcados com tinta encaminhados ao Museu de
automotiva em spray (colunas e linhas) Paleontologia Plácido Cidade Nuvens –
para facilitar a localização espacial dos URCA em Santana do Cariri, tornando
fósseis nas lajotas calcárias (Figura 2B) parte do acervo, sendo o primeiro
(MOREIRA & NOGUEIRA NETO, 2007; material da Formação Crato em lajotas
MOREIRA, 2009). calcárias com dados tafonômicos de
Os blocos calcários foram coleta e origem (MOREIRA &
levantados por meio de uma alavanca, NOGUEIRA NETO, 2007; MOREIRA,
e ao alcançarem a posição vertical, 2009).
foram abertos segundo os planos de A análise sedimentológica foi
fissilidade da laminação feita diretamente, no momento da
(estratificação), utilizando-se martelos extração das lajotas calcárias,
e talhadeiras, dividindo-os em três ou observando o grau de empacotamento,
quatro lajotas calcárias com e em especial as estruturas
espessuras variando entre 2 cm a 3 cm. sedimentares inorgânicas e biogênicas
A medida que as lajotas foram (macrofósseis) associadas no litotipo.
separadas dos blocos calcários, No que se refere a análise estratigráfica
verificou-se a existência de material da assembléia fossilífera, foram feitos
fóssil (Figuras 2 D, E e F) (MOREIRA & os seguintes registros: espessura,
NOGUEIRA NETO, 2007; MOREIRA, extensão lateral, geometria dos
2009). depósitos, contatos estratigráficos
Com a retirada das placas (superfície de erosão/hiato), estrutura
calcárias, foram contados os interna e posição na sequência
espécimes e preenchida uma ficha de deposicional, especialmente em
campo, para anotações das medidas relação às parasequências (MOREIRA
de comprimento, profundidade e & NOGUEIRA NETO, 2007; MOREIRA,
coordenadas (azimute) de cada fóssil, 2009).

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Figura 2: (A) Tamanho padrão dos quadrantes da frente de lavra ou “talhado”, utilizados pelos
mineradores para extração das lajotas calcárias; (B) Após a marcação utilizando um gabarito padrão,
é iniciado o padrão de corte (0,5 m x 0,5 m) no talhado; (C) Marcações dos quadrantes na parede do
talhado com uso de tinta automotiva em spray; (D) Uso de alavanca para levantar um bloco de calcário
laminado; (E) Uso de um martelo e de uma talhadeira, dividindo o bloco em quatro ou três lajotas,
depois de separada a lajota do bloco calcário, verifica-se a existência de conteúdo fossilífero entre as
placas; (F) Evidenciado a presença de fósseis, estes são catalogados em uma ficha de campo e os que
apresentam características mais expressivas são preparados e encaminhados ao museu local.

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3. RESULTADOS porção superior, bege escuro na porção


média e bege mais claro, na porção
3.1 Descrição Litológica dos Níveis basal. Esse nível representa o calcário
Calcários da Cama C6 da Formação laminado propriamente dito, de
Crato aplicação para uso comercial. Segundo
Foram identificados dez níveis os mineradores, são encontrados
calcários nos três afloramentos macrofósseis em pequena quantidade,
investigados. Segue abaixo a descrição embora não tenha sido registrado
das feições litológicas registradas, (Figura 3C).
mantendo a terminologia local
empregada pelos mineradores. Nível IV - Lajão Duro
Com espessura de 17 cm,
 Nível I - Matracão apresenta estratificação plano-paralela,
Com espessura média de 35 cm, alternando a coloração de bege claro, a
o Matracão é caracterizado por ter sua marrom claro e novamente bege claro /
porção superior muito maciça, marrom claro na porção inferior. Esse
gradando a laminar na sua porção nível exibe as mudanças paleo-
inferior. Possui coloração vermelho- climáticas que o “Lago Araripe”
ferrugem, muito oxidado, por (NEUMANN & CABRERA, 2002) sofria
representar a fase final do “Lago nos períodos secos (coloração bege
Araripe”, período da regressão claro) e úmidos (coloração marrom
progradacional, ou seja, sendo claro). Segundo os mineradores,
influenciado pela fase marinha da Bacia apresenta macrofósseis em grande
(Neumann et al., 2003). É um nível sem quantidade, entretanto estava
fim comercial e não foi encontrado desativado por ter sido totalmente
macrofósseis (Figura 3A). desmontado anteriormente, à época da
coleta dos dados (Figura 3D).
 Nível II – Capa
Com espessura média de 1,9 m,  Nível V - Capa Derradeira
são visíveis estratificações plano- Com espessura de 72 cm, com
paralelas, que exibem coloração estratificação plano-paralela e
vermelho escuro na porção superior, coloração vermelha clara, alternando
variando para vermelho claro na porção com um bege claro sucessivamente,
média e alternando para bege claro na camada superior, sendo que sua
sua porção inferior. Corresponde a uma porção inferior apresenta uma
camada muito friável, ou seja, de fácil coloração vermelho claro. A partir
desagregação. É um nível sem fim desse nível, foi possível o
comercial e não foi encontrado acompanhamento de forma regular, do
macrofósseis (Figura 3B). desmonte do afloramento calcário
(Figura 4A).
 Nível III - Capa Massenta
Com espessura de 53 cm,
apresenta estratificações planas
paralelas, coloração bege claro na
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Figura 3: Níveis calcários evidenciando as diferenças litológicas e de coloração, (A) Matracão, (B)
Capa, (C) Capa Massenta e (D) Lajão Duro.

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 Nível VI - Lajão dos Peixes porção inferior do local de exploração.


Com espessura de 100 cm, com Apresenta uma coloração do cinza
estratificação plano-paralela presente e clara na porção superior e à medida
de coloração vermelho escuro, que se aprofunda o talhado, exibe
alternando para vermelho claro coloração cinza chumbo escuro. Essa
sucessivamente. Esse nível apresentou coloração cinza se deve a presença de
a maior quantidade de material matéria orgânica acumulada durante a
paleontológico, durante o geração do litotipo e apresentou uma
desenvolvimento do trabalho, com quantidade relativa de macrofósseis
registro de macrofósseis de peixes (Figura 4D).
(Dastilbe sp.), o que dá origem ao nome  Nível IX - 1º Lajão Bombado
e fósseis de insetos (Figura 4B). Com espessura de 15 cm,
possui estratificação plano paralela,
 Nível VII - Lajão Preto com coloração bege claro. Esse nível é
Com espessura de 10 cm, muito irregular, apresentando
contendo estratificação plano-paralela, microslumps (ondulações),
apresenta coloração vermelho claro na evidenciando águas mais agitadas
porção superior tornando-se vermelho nesse litotipo. Não possui valor
escuro na porção inferior. São comercial devido a sua irregularidade e,
registradas ocorrências de poucos no entanto, apresentou uma pequena
macrofósseis, e não possui valor quantidade de macrofósseis (Figura 4E
comercial, ou seja, não se presta a e F).
confecção das lajotas calcárias, visto
que a rocha nesta porção possui pouca  Nível X - 2º Lajão Bombado
resistência física (muito friável) (Figura Com espessura de 5,5 cm, exibe
4C). as mesmas características do 1º Lajão
Bombado, no que se refere ao corpo
 Nível VIII - Pedra Azul rochoso. Não possui valor comercial
Nível encontrado apenas na por sua irregularidade, sendo
frente de lavra II, com espessura de 38 reconhecido um número menor de
cm, entretanto pode ser superior a um macrofósseis, em relação ao nível
metro, dado que foi encerrada a anterior. Esses dois níveis mostram
extração das lajotas na profundidade uma mudança no regime deposicional,
de 6 m e este nível representava a com evidência de águas mais agitadas
pela configuração irregular do litotipo.

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Figura 4: Níveis calcários evidenciando as diferenças litológicas e de coloração, (A) Capa Derradeira,
(B) Lajão dos Peixes, (C) Lajão Preto, (D) Pedra Azul, na lajota, gimnosperma do gênero Brachyphyllum
sp., (E) 1º Lajão Bombado, notar as microslumps (ondulações) do litotipo vista de cima e (F) visto de
perfil (F NEUMANN, 1999).

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3.2 Diferenças Litológicas das uma coloração ferruginosa, nas


Frentes de Lavras porções medianas, uma coloração
As três áreas estavam em início avermelhada seguida com bege e na
de desmontagem, para a viabilização porção inferior uma coloração cinza.
dos estudos, o que possibilitou a maior Apresentou em alguns níveis,
riqueza de dados e uma melhor espessuras e coloração diferentes, a
observação nas litologias que iam exemplo os Níveis IV (Lajão Duro), V
sendo reveladas na extração das (Capa Derradeira) e VI (Lajão dos
lajotas calcárias, apresentando Peixes), este último de coloração bege
mudanças na textura, cor, espessura e e espessura de 78 cm (Figura 5B). O
conteúdo paleontológico. Nível VIII (Pedra Azul) sendo
A Lavra I foi à primeira área a ser identificado apenas nesta área,
estudada, apresentando nove níveis apresenta uma coloração cinza, devido
calcários entre os dez identificados, nesta formação do litotipo conter mais
com exceção do nível Pedra Azul matéria orgânica que os outros níveis e
(Figura 5A). Nesta área houve um encerrado a desmontagem aos 6 m de
maior controle de obtenção de dados, altura.
devido ao menor número de A Lavra III sendo a terceira área
trabalhadores, interferindo na estudada, encerrando a desmontagem
velocidade de corte e extração das do afloramento em 3 m de altura, em
lajotas calcárias e encerrando a que o calcário posterior era de péssima
desmontagem aos 9 m de altura. qualidade, sendo inviável a sua
Essa área foi a que melhor explotação. Apresenta apenas duas
apresentou uniformidade das feições variações na coloração do litotipo, na
estratigráficas. Apresentou quatro porção superior de coloração bege e na
colorações diferentes nos calcários, na porção inferior coloração avermelhada
porção superior uma coloração e foram apenas identificados, quatro
ferruginosa, seguida de uma níveis calcários. Esta área é muito
avermelhada, bege, novamente semelhante à Lavra I em termos de
avermelhada e finalizando na porção espessura, textura e coloração dos
inferior com bege (Figura 5A). níveis com exceção do Nível VI (Lajão
A Lavra II distante de 1000 m da dos Peixes), por apresentar apenas
Lavra I, a extração das lajotas calcárias uma coloração bege (Figura 5C).
era mais rápidas devido ao maior Evidenciou-se nessa área a ausência
número de trabalhadores, apesar de a dos Níveis calcários I e II (Matracão e
área ser maior em relação à Lavra I. Na Capa) cuja zona de intemperismo entra
Lavra II apresentou apenas sete níveis em contato direto com o Nível III (Capa
calcários, com uma diferença na Massenta).
coloração, iniciando na porção superior

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Figura 5: Esquematização dos níveis calcários nas três áreas de estudo, apresentando mudanças na
textura, cor, espessura e conteúdo paleontológico: (A) Lavra I, (B) Lavra II e (C) Lavra III.

3.3 Conteúdo Paleontológico cada talhado, ou seja, algumas frentes


Em relação ao conteúdo estavam muito adiantadas enquanto
fossilífero, as frentes de lavras outras estavam no início da extração
apresentaram diferenças em das lajotas calcárias.
quantidade, diversidade e qualidade de
preservação de seus fósseis. Lavra I
Diferenças estas que tiveram como Na Lavra I observam-se
principal fator o nível de explotação de máximas de frequências crescentes e

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decrescentes, sempre alternando nos No intervalo de 7,30 m a 7 m, a


níveis VI (Lajão dos Peixes), IX e X (1º frequência na dimensão dos peixes é
e 2º Lajões Bombados), enquanto no de 7 cm, e no início do Nível X (2º Lajão
Nível VI a frequência de fósseis é mais Bombado), ocorre um aumento do
homogênea. tamanho entre 8, 10 e 20 cm, em
No intervalo de 7,30 m a 7,00 m, seguida voltam ao tamanho inicial de 7
no Nível X (2º Lajão Bombado) a cm. Na profundidade de 7 m,
quantidade de peixes e vegetais é prevalecem peixes de 6 cm de tamanho
equivalente. Posteriormente os em relação aos 10 cm no mesmo
vegetais superam o número de peixes intervalo (7,30 m a 7 m) (Figura 6A).
e depois se torna nula a sua quantidade Na profundidade de 6.70 m, a
(Figura 6). frequência de peixes entre 4 e 5 cm é
No intervalo 6.70 m a 6,40 m, maior em relação aos de 3, 7 e 10 cm,
início do Nível IX (1º Lajão Bombado), término do Nível IX (1º Lajão
a frequência de vegetais, é maior em Bombado); em 6.60 m a frequência de
relação a de peixes, seguida 3 cm é a mesma, enquanto diminui os
posteriormente de um aumento gradual de 4 cm e aumenta a frequência de 5
na frequência de peixes superando a cm e uma expansão de peixes com 6
de vegetais e esses últimos tornam-se cm e um pequeno aumento de peixes
quase nulos (Figura 6). com 7 cm de tamanho; em 6.50 m a
No intervalo de 5,60 m a 5,50 m, proporção de peixes com 3 e 4 cm são
as frequências de vegetais e peixes são equivalentes, enquanto há mais um
equivalentes, e na barra seguinte, os aumento de peixes de 5 cm, diminuição
vegetais correspondem ao grupo fóssil dos de 6 cm e mais um aumento de
em destaque (Figura 6). peixes de 7 cm de tamanho; em 6.40 m
No intervalo 4,70 m a 4,30 m, no apenas permanecem os peixes de 6 e
início do Nível VII (Lajão Preto), até o 7 cm, com uma redução acentuada e
início no Nível VI (Lajão dos Peixes), a reaparecem os peixes de 10 cm, onde
frequência de peixe e vegetais esses três tamanhos, encontrados
inicialmente é igual; logo em seguida a neste nível, exibe proporções iguais.
proporção de peixes supera a de Em 5.60 m de profundidade
vegetais e no final deste intervalo as reaparecem peixes de 4 cm com maior
frequências tornam-se relativamente incidência do que os de 5 cm de
iguais. Observa-se neste intervalo a tamanho nesta profundidade (Figura
presença de artrópodes, onde se vê um 6A).
pequeno aumento de sua frequência Em 4.70 m, início do Nível VII
(4,6 m) seguida de uma grande (Lajão Preto), encontra-se uma
expansão na porção inicial do Nível VI pequena quantidade de peixes de 3 cm,
(4,5 m). Segundo o relato dos seguido de peixes com 4 e 5 cm em
mineradores locais, os artrópodes quantidades iguais; em 4,60 m,
estão sempre associados ao Nível VI, interseção do Nível VII com o Nível VI
em outros níveis calcários os mesmo (Lajão dos Peixes), há uma acentuada
são ausentes ou raramente expansão e variedade de tamanhos,
encontrados. presença de peixes de 1 e 2 cm,

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expansão de peixes de 3, 4 e 5 cm de em 6,40 m encontram-se apenas


tamanho e reaparecimento de peixes vegetais maiores que 50 cm, com
de 6 cm; em 4,50 m, Nível VI, há uma frequência igual na profundidade de
redução de peixes de 1 cm (maior), 2, 4 7,10 m (Figura 6B).
cm, enquanto há expansão na No nível de 5,60 m, ocorrem
frequência de peixes de 3 cm; entre vegetais de 6, 7 e 20 cm, com
4,40 m e 4,30 m, ainda no Nível VI, há frequências iguais; em 5,50 m os
mais uma redução de peixes de 4 cm e vegetais apresentam um tamanho
reaparecem peixes de 5, 6 e 7 cm, reduzido em relação ao nível anterior
sendo o primeiro em quantidade maior, com 1, 2 e 10 cm e apresentam
do que os dois últimos tamanhos frequências iguais (Figura 6B).
(Figura 6A). Em 4,70 m, no Nível VII (Lajão
Na profundidade de 7,30 m a Preto) encontram-se vegetais de 1 e 3
frequência de vegetais é pequena, cm de frequências iguais e maiores em
apresentando inicialmente com relação aos vegetais de 30 cm; em 4,60
tamanhos de 10 cm, enquanto no nível m, interseção do Nível VII com o Nível
de 7,20 m , aparecem vegetais de 30 VI (Lajão dos Peixes), há um aumento
cm e uma frequência maior de vegetais na frequência de vegetais menores que
de 40 cm; em 7,10 m, acima do Nível X 1 cm, uma expansão de vegetais de 1,
(2º Lajão Bombado), há uma expansão 2, 3, 4 cm e reaparecimento de vegetais
na quantidade e variedade de de 5, 6, 10 e 20 cm, mais com
tamanhos dos vegetais, com 2 e 3 cm frequências iguais; em 4,50 m, Nível VI,
(maior quantidade), 4 cm (com há uma brusca redução da frequência
frequência menor), 5, 6, 7, 8 cm e de vegetais menores que 1 cm, seguido
presença de tamanhos superiores a 20 posteriormente de vegetais de 1cm
e 50 cm; em 7,00 m encontra-se (com frequência maior em relação ao
apenas vegetais de 6 cm com demais tamanhos), 2, 4, e 10 cm, e a
frequência menor, comparado ao nível presença de vegetais de 7 cm; em 4,40
anteriormente citado (Figura 6B). m, ainda no Nível VI, reaparecem
A 6,70 m de profundidade, acima vegetais de 3, 5, 20 e 30 cm, mas com
do Nível IX (1ª Lajão Bombado), as mesmas frequências aos vegetais
encontram-se vegetais de tamanhos de 4 cm, enquanto há um aumento na
inferiores a 1 cm, frequência alta de frequência de vegetais de 7 e 10 cm
vegetais de 1 e 3 cm, frequências iguais (Figura 6B).
de 4 e 5 cm, um aumento de vegetais Não se observa uma grande
de 6 cm e reaparecimento de vegetais variedade de tamanhos dos artrópodes,
de 10 cm; em 6,60 m, encontra-se em relação aos dois primeiros gráficos
apenas, vegetais de 5 cm com uma (Figuras 6A e B). Na profundidade de
frequência menor, em relação ao nível 4,60 m, interseção dos Níveis VII (Lajão
anterior; em 6,50 m reaparecem Preto) e VI (Lajão dos Peixes),
vegetais de 2 cm (frequência maior em encontra-se apenas artrópodes de 2 cm
relação aos demais tamanhos), de 3 e de tamanho; enquanto no Nível VII, em
7 cm (com frequências iguais) e de 10 4,50 m, observam-se artrópodes com
cm (com redução na sua frequência); tamanho inferior a 0,5 cm, de

84 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

frequência menor em relação aos


artrópodes de 1 cm, do mesmo nível
(Figura 6C).

Figura 6: Relação altura (m) x tamanho (cm) em (A) peixes, (B) vegetais e (C) artrópodes coletados
nos níveis calcários na Lavra I.

Lavra II já começam a aflorar neste nível


Na Lavra II observa-se que as (Figura 7).
quantidades de fósseis são No intervalo entre 4,00 m a 3,60
correspondentes, ressaltando apenas m, Nível VI (Lajão dos Peixes),
os Níveis VI (Lajão dos Peixes) e VIII inicialmente a frequência de peixes é
(Pedra Azul) (Figura 7). maior, seguida de uma brusca redução
No intervalo entre 5,70 m a 5,60 e posteriormente um aumento relativo
m, a frequência de vegetais é maior no seguido de reduções gradacionais. A
início do Nível VIII (Pedra Azul) sendo frequência de vegetais e de artrópodes
menores as quantidades de peixes e inicialmente é quase igual, entretanto
artrópodes, ao contrário da área na frequência do primeiro a um
anterior, em que os artrópodes aumento gradativo seguido de uma

85 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

redução, em que o número de vegetais 2 e 7 cm; em 3,90 m, início do Nível VI


supera ao de peixes. A frequência de (Lajão dos Peixes), há um aumento dos
artrópodes nesta área, inicialmente é vegetais de 1, 2, 4, 5 e 6 cm, diminuição
maior, para em seguida apresentar de vegetais de 7 cm e aparecimento de
alternâncias com máximas e reduções vegetais de 3 e 10 cm, com frequências
graduais (Figura 7). iguais; em 3,80 m, surgem vegetais
Em 5,70 m, Nível VIII (Pedra menores que 1 cm com frequência
Azul), encontram-se apenas peixes de baixa, seguido do aumento de vegetais
4 cm; em 5,60 m, término do Nível VIII de 3, 5, 6, 7 e 10 cm e aparecimento de
ocorrem peixes de 4 e 6 cm, com vegetais de 8 (com alta frequência), 9 e
frequências iguais e uma frequência 20 cm; em 3,70 m apenas um
maior de peixes de 7 cm (Figura 7A). insignificativo aumento dos vegetais de
A 4,00 m, á uma grande 1 cm, enquanto há uma redução nos
frequência de peixes de 2, 3 e 5 cm, vegetais de 2, 3, 5, 8 e 10 cm; em 3,60
enquanto um valor reduzido de peixes m ocorre redução na frequência de
de 4 e 6 cm; em 3,90, início do Nível VI vegetais de 1, 2, 4 e 5 cm, um pequeno
(Lajão dos Peixes), existe a presença aumento de vegetais de 3, 10 e 20 cm
de apenas peixes de 4 e 5 cm, este e reaparecimento de vegetais de 9 e 30
último apresentando uma brusca cm (Figura 7B).
redução; em 3,80 m reaparecem peixes Em 5,60 m, término do Nível VIII
de 2 e 3 cm em grandes quantidades e (Pedra Azul), encontra-se artrópodes
observar-se um pequeno aumento nos maiores ou iguais a 0,5 e 1 cm, com
peixes de 4 e 5 cm; em 3,70 m, ainda valores equivalentes na quantidade de
no Nível VI, á uma redução nos peixes ocorrência (Figura 7C).
de 2 e 3 cm, para em seguida ocorrer Na profundidade de 4,00 m,
um aumento nos peixes de 4 e 5 cm e início do Nível VI (Lajão dos Peixes)
reaparecimento dos peixes de 6 cm; encontra-se uma expansão na
enquanto na profundidade seguinte, frequência de artrópodes de 1 cm; em
3,60 m, encontra-se uma alta 3,90 m a uma redução de artrópodes
frequência de peixes de 5 cm (Figura de 1 cm e aparecem artrópodes de 3
7A). cm, mas ambos tamanhos possuem
Em 5,60 m de profundidade, valores iguais em suas ocorrências; em
término do Nível VIII (Pedra Azul), 3,80 m a um aumento na frequência de
encontra-se uma diversidade de artrópodes de 1 cm, aparecem
tamanho entre os vegetais com 2, 3, 4, artrópodes de 2 cm e com uma alta
7, 20, 30 e 40 cm, esses apresentam expansão na sua frequência em
menores frequências, enquanto os relação ao tamanho anterior, e
vegetais de 6, 8, 9 e 10 cm, exibem artrópodes de 3 cm, com mesma
elevadas frequências (Figura 7B). frequência da profundidade anterior;
A profundidade de 4,00 m, em 3,70 m encontra-se apenas
aparecem vegetais de 1 cm, com a artrópodes de 1 cm, com a mesma
mesma frequência dos peixes de 4 e 5 quantidade de indivíduos da
cm, redução dos vegetais de 6 cm e profundidade anterior; em 3,60 m
aumento na frequência de vegetais de reaparecem artrópodes maiores ou

86 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

iguais a 0,5, há uma redução de tamanhos exibem frequências iguais


artrópodes de 1 cm, mas ambos os (Figura 7C).

Figura 7: Relação altura (m) x tamanho (cm) em (A) peixes, (B) vegetais e (C) artrópodes coletados
nos níveis calcários na Lavra II.

Lavra III ausentes os Níveis I (Matracão) e II


Na Lavra III, a coleta de dados (Capa) (Figura 8).
foi prejudicada pela quadra chuvosa Dos quatro níveis encontrados
iniciada em Janeiro de 2008, período na Lavra III, apenas o Nível V (Capa
em que muitos mineradores deixam de Derradeira), apresentou conteúdo
explotar o calcário laminado e passam paleontológico, diferente das outras
a dedicar-se as atividades agrícolas lavras estudadas anteriormente, esse
locais, até o final da quadra chuvosa, nível já havia sido desmontado pelos
após esse período voltam à atividade mineradores (Figura 8).
mineradora. Os dados aqui No Nível V (Capa Derradeira),
apresentados correspondem ao intervalo de 0,90 m, as frequências de
período de estiagem, final de 2007. vegetais nas duas primeiras amostras,
Nesta área a explotação do calcário superam as de peixes, esse último ao
laminado estava bem no início com seu turno, inicialmente é quase igual à
profundidade de 0.84 m sendo quantidade de artrópodes. Enquanto no

87 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

intervalo de 0,80 m a uma máxima (frequência máxima) e vegetais de 2, 3


frequência de vegetais e peixes (Figura e 4 cm, de frequências equivalentes;
8). em 0,80 m, Nível V (Capa Derradeira),
A 0,90 m de profundidade, Nível os vegetais possuem tamanhos
V (Capa Derradeira), encontra-se superiores ao nível anterior, com uma
apenas uma frequência de peixes de 4 frequência alta de vegetais de 6, 10 e
cm; enquanto em 0,80 aumenta a 40 cm, e vegetais de 8, 30 e 50 cm,
variedade de peixes de 1 cm, peixes de relativamente em menores quantidades
2 e 3 cm (ambos com uma frequência (Figura 8B).
muito alta) e peixes de 5 cm com valor No intervalo de 0,90 m,
relativamente maior (Figura 8A). encontra-se apenas artrópodes de 1
Os vegetais na profundidade de cm, seguido posteriormente na
0,80 m apresentam uma grande profundidade de 0,80 cm, artrópodes
variedade de tamanhos em relação à maiores ou iguais a 0,5 cm, mas com
profundidade de 0,90 m, que frequências iguais (Figura 8C).
é composto por vegetais de 1 cm

Figura 8: Relação altura (m) x tamanho (cm) em (A) peixes, (B) vegetais e (C) artrópodes coletados
nos níveis calcários na Lavra III.

88 Revista de Geologia 33(1), 2020.


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3.4 Tipos de Fossilização limonitização permaneceu com a


As associações fósseis encontradas mesma frequência nestas duas
são compostas por dois tipos: profundidades (Figura 9A).
autóctones (peixes e larvas de insetos) Na profundidade de 6,70 m,
e alóctones (artrópodes terrestres e após o Nível IX (1º Lajão Bombado), a
restos vegetais). A quantidade de carbonização é relativamente maior em
organismos fósseis deve-se ao aporte relação à limonitização, e entre 6,60 m
dos rios que traziam carcaças ou restos a 6,50 m, a limonitização é
de animais, restos de vegetais e predominante com máximas nestes
sedimentos terrígenos que contribuía dois níveis, reduzindo sua frequência
para a precipitação de CaCO3. Dessa em 6,40 m, enquanto a carbonização
maneira confirma-se um lago vai diminuindo sua ação até chegar a
endorreico recebendo descarga dos sua nulidade neste último nível (Figura
rios adjacentes ou pela ação dos 9A).
ventos na superfície provocando a Em 5,60 m, a frequência da
movimentação e circulação das águas limonitização é maior do que a
que auxiliavam na oxigenação em carbonização, enquanto em 5,50 m a
curtos momentos. A turvação da água limonitização e a carbonização são
devido aos sedimentos impedia à quase equivalentes (Figura 9A).
passagem de luz e em consequência a Na profundidade de 4,70 m,
menor atividade fotossintética de algas Nível VII (Lajão Preto), há aumento da
contribuindo para uma má oxigenação limonitização e da carbonização; no
do fundo do lago e uma menor ou total Nível VI (Lajão dos Peixes), a
ausência de agentes necrófagos limonitização e a carbonização são
(bioturbação) (NEUMANN et al., 2003). apresentadas com frequências
Apenas dois tipos fossilização foram máximas (entres os intervalos de 4,60
observados nas três áreas estudadas m a 4,50 m), seguida de reduções
como a substituição por limonitização bruscas (intervalos de 4,40 m e 4,30m)
(tecidos originais normalmente são chegando a ser nula a carbonização,
substituídos por óxidos de ferro em 4,30 m.
(2(Fe2O3)3H2O) e a carbonização Na Lavra II a limonitização é
(Figura 9) deixando os fósseis mais baixíssima, em 5,70 m, no Nível VIII
escuros (HENRIQUES et al., 1998; (Pedra Azul). Em 5,60 m, após o Nível
MOURA & BARRETO, 2006; LIMA et VIII, há uma expansão na limonitização,
al., 2007). mas esta possui uma frequência menor
Na Lavra I, no intervalo de 7,30 em relação à carbonização (Figura 9B).
m a 7,20 m no Nível X (2º Lajão No intervalo de 4,00 m, há um
Bombado), ocorre apenas a aumento gradativo da limonitização,
limonitização, com aumento gradual enquanto há uma redução da
seguido por uma diminuição em 7,10 m. carbonização. Em 3,90 m, Nível VI
Em 7,10 m, após o Nível X, observa-se (Lajão dos Peixes), inicia-se uma
uma expansão na frequência da brusca redução da limonitização e um
carbonização, seguida de uma brusca aumento gradual na carbonização. A
redução em 7,00 m, enquanto a 3,80 m, a carbonização é maior do que
89 Revista de Geologia 33(1), 2020.
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a limonitização, apesar da limonitização inicialmente a frequência da


ter sofrido uma expansão em relação carbonização é maior do que a da
ao nível anterior. A 3,70 m, ainda no limonitização. Em 0,80 m, no mesmo
mesmo nível calcário, ocorre uma nível calcário, a limonitização e a
brusca redução da limonitização e da carbonização são equivalentes. Como
carbonização, mas ambas apresentam o número de amostras deste talhado é
frequências muito próximas. Em 3,60 reduzido, não podemos afirmar com
m, há mais uma redução nos dois tipos certeza qual a ambiência, entretanto
de fossilização, mas a carbonização é igualmente à Lavra II, a carbonização é
maior do que a limonitização (Figura predominante sobre a limonitização
9B). (Figura 9C).
Na Lavra III a profundidade de
0,90 m, no Nível V (Capa Derradeira),

Figura 9: Relação altura (m) x tipos de fossilização nos níveis calcários em (A) Lavra I, (B) Lavra II e
(C) Lavra III.

90 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

3.5 Grupos Fósseis & EKLUND, 2003; LIMA, SARAIVA &


As Lavras I e II apresentam uma SAYÃO, 2012).
grande concentração fossilífera de Nas três lavras há uma grande
peixes no Nível calcário VI (Lajão dos quantidade de material vegetal não
Peixes; 4.30 m e 3,6 m a 4.6 m e 3,9 m identificado (fragmentos de caules,
de profundidade) (Figuras 6A e 7A), ramos, folhas e sementes), enquanto
enquanto na Lavra III os peixes se ao material identificado, as
concentram no Nível calcário V (Capa gimnospermas superam as de
Derradeira; 0,80 m a 0,90 m) (Figura angiospermas (Figura 11).
8A). Em relação aos artrópodes Importante frisar que esse
(classes insecta e arachnida) estão material fóssil vegetal está inserido
concentrados nos Níveis V (Lajão dos juntamente com fósseis de peixes e
Peixes) e VI (Capa Derradeira) (Figura artrópodes, demonstrando que o
10), entretanto exibe variedade de evento catastrófico de efeito gradual
concentração, grupos (ordens) e muito com retrações e expansões da coluna
material não identificado. de água, afetava toda a paleobiota em
Afirmar-se que ocorrem dois grande escala que estava formada nos
níveis nos quais a concentração arredores do “Lago Araripe” (Figuras 6,
fossilífera de peixes e artrópodes atinge 7 e 8).
seu ápice, Níveis V (Lajão dos Peixes) Os gráficos apresentados
e VI (Capa Derradeira) (Figuras 6, 7 e (Figura 11) possuem relação direta com
8). As lavras apresentam diferenças os gráficos anteriormente demostrados
nas suas profundidades e (Figuras 6, 7 e 8), onde através dos
concentrações fossilíferas, por isso não depósitos lacustres que se
foi possível diferenciá-las em depositavam nas épocas de grandes
horizontes. Com o aprofundamento cheias aumentando a extensão real
posterior do estudo em outras áreas deste paleolago. Isso é verificado
fazendo uma análise comparativa e de através de reduções seguida de
correlação poderá diferenciar com bruscas expansões de concentrações
precisão os horizontes que apresentam fossilíferas de vegetais (Figura 11),
determinados grupos de artrópodes quando este paleolago ia diminuindo
nos calcários laminados da Formação suas margens no período de estiagem,
Crato (Figura 10). as áreas que antes eram cobertas pela
A Formação Crato da Bacia do água eram gradualmente sendo
Araripe contém uma variedade e ocupadas pela paleoflora e paleofauna
abundância de Pteridófitas, nativa.
Gimnospermas e Angiospermas. São Com a chegada do período
encontrados fósseis “incompletos”, que úmido, ocorria o aumento rápido do
permanecem com várias partes na volume das águas do “Lago Araripe”, as
conexão biológica e principalmente margens se expandiam e a áreas que
desanexadas e dispersas (caules, eram cobertas pela paleoflora e
cones reprodutivos, sementes, polens, paleofauna nativa volta a ser submersa
folhagens, etc.) (VIANA & NEUMANN, e assim recomeçava o ciclo
2002; KUNZMANN et al., 2004; MOHR novamente. Esses ciclos (úmidos e
91 Revista de Geologia 33(1), 2020.
Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

secos) poderiam ser longos ou curtos, alternado com épocas em que houve
vistos através das litologias apenas sedimentação, ou grandes
apresentadas dos dez níveis calcários estiagens (secas) diminuindo a lâmina
citados anteriormente. d´água, aumentando a salinidade e a
Neste sentido as camadas temperatura, e diminuindo o potencial
finamente laminadas da Formação de oxigenação da água, entre outros
Crato, evidenciam períodos com alta fatores.
concentração de matéria orgânica

Figura 10: Relação altura (m) x grupos de artrópodes nos níveis calcários em (A) Lavra I, (B) Lavra II e
(C) Lavra III.

92 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

Figura 11: Relação altura (m) x grupos de vegetais nos níveis calcários em (A) Lavra I, (B) Lavra II e
(C) Lavra III.

3.6 Orientação Azimutal B e C). Esse padrão demonstra que o


Nas três lavras foram retirados Paleolago Araripe sofria intervenções
os azimutes ou orientações dos fósseis, externas em curtos prazos de tempo,
no intuito de registrar um padrão sendo alimentado apenas pelos rios
preferencial. A Formação Crato sendo locais de baixa energia.
originado de um lago, muito extenso A separação dos continentes
que ultrapassava os limites da Africano e Sul-Americano, o relevo
depressão (VALENÇA et al., 2003), continental da atual Bacia do Araripe,
seus fósseis poderiam sofrer estava soerguido, diminuía a influência
reorientações, imbricações e marinha sobre o paleoambiente do
alinhamento para posições de maior “Lago Araripe”, como mostra a direção
estabilidade, quando estes iam sendo preferencial das paleocorrentes de N-S
depositados no seu fundo. (Figuras 12A, B e C).
O padrão de orientação dos Posteriormente com a total
fósseis é bimodal para as três lavras, separação dos continentes, onde um
sendo um importante eixo N–S e um rebaixamento deste relevo aumentou a
eixo secundário NW–SE (Figuras 12A, transgressão marinha para dentro do

93 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

continente, mudando a direção das lago seria abastecido pelas águas do


paleocorrentes para NW-SE (segundo novo oceano que estava se formando
FARA et al., 2005) (Figura 12D). entre os continentes Africano e Sul-
Antes o “Lago Araripe” era Americano, evidências mostradas nos
abastecido pelos rios locais de baixa Níveis I (Matracão) e II (Capa).
energia, e no final do Aptiano o mesmo

Figura 12: Padrão de orientação bimodal em (A) Lavra I, (B) Lavra II e (C) Lavra III. O diagrama de
Roseta mostra a direção preferencial de N–S e a direção secundária de NW–SE, inverso do padrão
encontrado por Fara et al. (2005) (D) da Formação Romualdo.

4. DISCUSSÃO bioestratigráficos e cronoestrati-


gráficos, bem como, incrementando a
4.1 Marcos Estratigráficos correlação estratigráfica regional da
Com base na integração dos Bacia do Araripe, vem sendo buscado
estudos, possibilitou na identificação de por diversos trabalhos de cunho
marcos estratigráficos das sequências regional (SMALL, 1913; BEURLEN,
sedimentares do Eocretáceo da Bacia 1962, 1963, 1971; ARAI, COIMBRA &
do Araripe, caracterizando os limites SILVA-TELLES 1997, 2001; GASPARY

94 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

& ANJOS,1964; MABESOONE & considerada um evento biológico


TINOCO,1973; OLIVEIRA et al., 1979; singular com acentuado índice de
PONTE & APPI, 1990, 1996; ASSINE, macroevolução, representada pelo
1990, 1992, 1994, 2007). surgimento de novas famílias e gêneros
Conforme Martins Neto (2006): entre as populações de insetos, peixes
“Os horizontes contendo e répteis (em destaque os
Dastilbe precedem os de pterossauros) (CARVALHO &
Ephemeroptera e sucedem altas SANTOS, 2005).
concentrações de níveis Neumann et al. (2003), através
algálicos depositados, pobres da análise da composição e distribuição
em fósseis preservados.” da matéria orgânica das sequências
Essa afirmação está em lacustres e da identificação dos
desacordo com os dados levantados palinomorfos presentes, remontou a
e interpretados anteriormente. A paleoflora e a paleogeografia local. O
alternância de camadas observadas sistema lacustre da Formação Crato
nas três áreas estudadas evidência evoluiu em uma área tropical árido-
mudanças bruscas no paleoambiente, semiárido onde a flora mais abundante
exibindo ou não concentrações de consistia em coníferas, Gnetales,
diferentes biotas que viviam naquele Bennettitales e angiospermas. Com o
ambiente. aumento do volume do “Lago Araripe”
Essas mudanças estão no período úmido, conduzia o
presentes nas camadas identificadas aprofundamento da coluna de água,
nas três Lavras estudadas, nos Níveis tendo como consequência a
V (Lajão dos Peixes) e VI (Capa estratificação térmica da água, devido à
Derradeira) uma grande concentração influência climática. Enquanto no
e em outras camadas poucas período árido, havia a queda do nível de
concentrações de fósseis (Figuras 6, 7 água lacustre e encolhimento
e 8). Quando o “Lago Araripe” estava subsequente do tamanho do lago,
na sua capacidade máxima as conduzindo a uma geração de corpos
camadas apresentam poucas de água rasos e salinos, sendo esta
quantidades de material fossilífero. Mas última afirmação confirmada por
quando este paleolago deixaria de Goldberg et al. (2019).
receber a descarga de águas de rios Os micros e macrofósseis
circunvizinhos sofria saturação da água presentes em um jazido fossilífero e os
(pH, salinização), diminuição da grupos de fósseis específicos são bons
oxigenação e volume de água, indicadores para a interpretação
provocando um stress ambiental, paleoambiental de um afloramento em
sendo evidenciado na concentrações estudo.
fossíliferas em determinadas camadas Com base nisso foi possível
identificadas nas Lavras estudadas. notar uma grande diferença litológica
nas camadas identificadas e citadas
4.2 Interpretação Paleoambiental neste trabalho (Figuras 3 e 4).
A Bacia do Araripe apresenta Camadas muito espessas outras muito
uma grande biodiversidade fossilífera, finas, coloração variando de escuras a

95 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

bem claras, além das concentrações expansão e retração nos diferentes


fossilíferas e grupos fósseis grupos fósseis (peixes, artrópodes e
encontradas nos níveis calcários vegetais) observados nas três áreas
identificados (Figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 estudadas (Lavra I - Zé Miguel, Lavra II
e 10). – Idemar e Lavra III - José Valdivino).
Com os dados apresentados e O material fóssil coletado
comparados o “Lago Araripe” sofria no (peixes, artrópodes e vegetais)
decorrer dos anos mudanças bruscas apresentou uma grande variação de
na sua totalidade e a consequência tamanhos nos Níveis V (Capa
dessas mudanças, afetava a paleoflora Derradeira), VI (Lajão dos Peixes), VII
e paleofauna existente nas suas (Lajão Preto), VIII (2º Lajão Bombado)
margens, originando uma afloramento e X (Pedra Azul).
fossilífero de estimado valor Entre os tipos de fossilização a
econômico, evolutivo e científico, sendo substituição por limonitização é mais
já citado anteriormente por Neumann et evidente na Lavra I (talhado do Zé
al. (2003). Miguel), enquanto a carbonização é
preponderante nas Lavras II e III
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS (talhados do Idemar e do José
Valdivino). As camadas calcárias são
Foram identificados dez níveis mais ferruginosas na sua coloração na
calcários que apresentaram diferenças Lavra I (talhado do Zé Miguel) há uma
na coloração, espessura, feições predominância de óxido de ferro
sedimentares e paleontológicas (2(Fe2O3)3H2O), enquanto nas Lavras
(macrofósseis), entretanto são II e III (talhados do Idemar e do José
descontínuos, alguns desses níveis Valdivino) os calcários são de
estão ausentes (erosão do estrato colorações mais claras.
litológico ou efeito de borda) em uma ou A disposição azimutal
outra lavra. preferencial dos fósseis apresentou
Os níveis calcários encontrados uma orientação com eixo N–S e um
apresentam mudanças na sua eixo secundário NW–SE, inversa da
coloração devido ao aporte sedimentar paleocorrente no trabalho de Fara et al.
que era trazido pelos rios locais que (2005).
abasteciam o “Lago Araripe” além das As três lavras apresentam
mudanças tectônicas (pós-rift) que diferenças nas concentrações
estavam ocorrendo na região, fossilíferas entre os níveis calcários,
corroborando com períodos de não podendo diferenciá-los até o
inundação frequentes. momento em horizontes, entretanto
Esses sedimentos contribuíam entre a profundidade de 0,80 m a 4,6 m
modificando as propriedades físico- pode ser encontrada uma ampla gama
químicas da água do “Lago Araripe”, de material fossilífero. Com base na
onde alguns níveis calcários interpretação dos dados, destacam-se
apresentam diferenças quantitativas e os Níveis V (Capa Derradeira) e VI
qualitativas, evidenciando um período (Lajão de Peixes) que apresentaram
de stress ambiental, com máximas de

96 Revista de Geologia 33(1), 2020.


Moreira, Moura & Nogueira Neto. Análise lito-estratigráfica dos macrofósseis...

uma maior concentração fossilífera de (Museu Nacional - RJ) pelo incentivo


peixes, artrópodes e vegetais. aos estudos paleontológicos da Bacia
Os vegetais são abundantes nas do Araripe; aos funcionários do Museu
três lavras, dando ênfase a grande de Paleontologia Plácido Cidade
quantidade de gimnospermas Nuvens – URCA pela atenção, no uso
encontradas superando as das instalações laboratoriais e
angiospermas (além da grande acondicionamento do material coletado
quantidade de material não no campo; Ao ex-Reitor e Professor
identificado), até a presente data, Doutor Plácido Cidade Nuvens (URCA)
estatisticamente este comportamento (in memorium) e família pelo apoio
não possuía dados que o logístico na cidade de Santana do
comprovassem, por ser considerados Cariri; aos proprietários das minas que
muito raros pelos pesquisadores locais. cederam as frentes de lavras para a
No decorrer dos trabalhos de coleta de dados e seus trabalhadores
campo para a coleta de dados não pela paciência e experiência prática, as
foram encontrados materiais fossilífero quais colaboraram na finalização desse
de vegetais (algas e pteridófitas) e de trabalho; aos professores Dr. (as)
outros vertebrados (anfíbio, réptil e ave) Loreci Gislaine de Oliveira Lehugeur
que são frequentes nestes calcários. (UFC) (in memorium), Alvimir Alves de
Admitir-se que por mês são Oliveira (URCA) e Antônio Álamo
coletados 400 fósseis por lavra tendo Feitosa Saraiva (URCA) por
condições de exploração por vinte (20) participarem nas correções e
dias ao mês, com desmonte de dez (10) sugestões deste trabalho; a
meses ao ano, assim serão retirados Universidade Federal do Ceará – UFC;
pelo menos 4.000 exemplares fósseis a Fundação Cearense de Apoio ao
por frente de lavra. Desenvolvimento Científico e
Um evento catastrófico gradual Tecnológico - FUNCAP pelo apoio
afetou em grande escala o financeiro e manutenção da bolsa de
paleoambiente do “Lago Araripe”, pois Mestrado e a Coordenação de
se verifica uma grande quantidade de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
fósseis de diferentes grupos, revelados Superior (CAPES) – código de
nos mesmo níveis calcários. financiamento 001.

Agradecimentos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Agradecemos ao professor Dr.
César Ulisses Vieira Veríssimo (UFC) ARAI, M.; COIMBRA, J. C. & SILVA-
pelo apoio no programa de Mestrado do TELLES JR., A. C. Síntese
Departamento de Geologia; ao Bioestratigráfica da Bacia do Araripe
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(DNPM – RJ) pelas sugestões; ao TELLES JR., A. C. Síntese
pesquisador Alexander W. A. Kellner Bioestratigráfica da Bacia do Araripe

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