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TWIN CITIES – Solos das Regiões Metropolitanas de São Paulo e Curitiba

Geologia da Região Metropolitana de São Paulo


Marcelo Denser Monteiro
Companhia do Metropolitano de São Paulo - METRÔ, São Paulo, Brasil
Magali Dubas Gurgueira
Núcleo de Projetos e Consultoria, São Paulo, Brasil
Programa de Pós-Graduação, Instituto de Geociências da USP, São Paulo, Brasil
Hugo Cássio Rocha
Companhia do Metropolitano de São Paulo - METRÔ, São Paulo, Brasil

RESUMO: A geologia da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é repre­sentada por três
grandes compartimentos sendo, em ordem estratigráfica, o embasamento pré-cambriano, os
sedimentos paleógenos a neógenos da Bacia de São Paulo e as coberturas quaternárias. Nesta
região, a maior concentração populacional do país, inúmeras obras civis foram executadas ao
longo do tempo, contribuindo para o aprimoramento do conhecimento geológico e geotécnico
do substrato. Este trabalho apresenta uma revisão deste conhecimento, bem como um breve
relato dos novos estudos decorrentes das obras metroviárias recentes em São Paulo.

1 INTRODUÇÃO (início em 1987, com 1.151m, em sedimentos


da Fm. Resende), Túnel Ayrton Senna (início
Até meados dos anos 80 a geologia da Ba- em 1988, com 2.138m, em sedimentos da Fm.
cia Sedimentar de São Paulo vinha a reboque Resende), Túnel Tribunal de Justiça (início
dos conhecimentos tecnológicos obtidos a em 1988, com 683m, em sedimentos da Fm.
partir das investigações para obras civis. Só a Resende) e Túnel Cidade Jardim (início em
partir daí numerosas observações nas bacias 2004, com 1.181m, interceptando contatos de
vizinhas, e na própria bacia, principalmente aluvião com sedimentos da Fm. Resende e
em escavações subterrâneas, possibilitaram solos residuais do embasamento).
atingir uma «massa crítica» de dados, cuja A execução de túneis metroferroviários
análise propiciou formular um novo modelo teve início em 1969, com as obras no trecho
tectônico e estratigráfico. sul da Linha 1 - Azul do Metrô de São Paulo
As obras subterrâneas na Região Metropo- (Rocha, 2006), através do método em trinchei-
litana de São Paulo tiveram início no ano de ra (VCA). O Metrô de São Paulo foi pioneiro
1925 com a execução de túneis para adutoras na construção de túneis em tuneladoras com
(Silva-Teles, 2006). O primeiro túnel rodoviá­ couraça (shield), através da aquisição de qua-
rio construído na cidade de São Paulo, túnel tro máquinas tuneladoras para a construção do
Daher Elias Cutait (antigo Nove de Julho), trecho central da Linha 1, após estabelecidas
teve início em 1936. Este túnel foi construído as condições geológicas e o greide da linha.
com o objetivo de escoar o crescente tráfego Os túneis do trecho central da Linha 3 -
de ônibus e veículos particulares que disputa- Vermelha também foram executados com a
vam espaço com o intenso fluxo de bondes. utilização de máquinas tuneladoras. As obras
(Carvalho, 2006). da Linha 2 - Verde utilizaram dois tipos dife-
Dentre os túneis rodoviários na Bacia de rentes de tuneladoras. A primeira utilização
São Paulo, destacam-se as obras realizadas do método NATM em obras metroferroviá-
com a técnica construtiva NATM (New Aus- rias ocorreu no projeto de extensão da Linha
trian Tunnelling Method), sendo eles: Túnel 1. Na recente construção da Linha 4 - Amare-
Maria Maluf (início em 1987, com 1.476m de la utilizou-se dois métodos distintos: NATM
extensão, em sedimentos da Fm. São Paulo), (trecho do embasamento) e Shield (trecho de
Túnel Jânio Quadros e Sebastião Camargo sedimentos da Bacia de São Paulo) com utili-

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zação de tuneladora de última geração. décadas de 50 e 60, e publicados mais tarde.
Com a evolução dos métodos construtivos, O embasamento da região metropolitana
torna-se cada vez mais importante a definição de São Paulo (RMSP) está inserido em um
das condições geológicas e características complexo sistema influenciado por várias en-
geome­cânicas dos materiais na fase de projeto, tidades geotectônicas. Hasui (2010) menciona
pois o sucesso da aplicação do método cons- que, embora a história geológica regional re-
trutivo escolhido está diretamente ligado à monte ao arqueano (4000 a 2500 Ma) e envol-
previsão eficiente das características dos ma- va processos paleoproterozóicos (2500 a 1600
teriais, em especial com o uso de tuneladoras. Ma) e mesoproterozóicos (1600 a 1000 Ma)
relacionados com a evolução dos superconti-
nentes Colúmbia e Rodínia, é no neoprotero-
2 GEOLOGIA DA RMSP zóico (1000 a 542 Ma) que incidiram os mo-
vimentos de fragmentação e colisão a que se
deve a estruturação regional aqui encontrada.
A geologia da Região Metropolitana de São Estes processos colisionais remontam ao
Paulo (RMSP) é representada por três gran- grande intervalo existente entre 900 e 500 Ma,
des compartimentos sendo, em ordem estra- período onde as grandes massas continentais
tigráfica, o embasamento pré-cambriano, os da América do Sul, África, Índia, Austrália e
sedimentos paleógenos a neógenos (anterior- Antártida, após a fragmentação do Rodínia,
mente denominados como terciários) da Ba- iniciaram um processo de aglutinação por
cia de São Paulo e as coberturas quaternárias, meio de progressivas convergências levando à
detalhados a seguir. formação do megacontinente Gondwana (Fi-
gura 1). Este processo de aglutinação culmi-
2.1 Embasamento nou no fechamento de paleoceanos que exis-
tiam entre as massas continentais da América
A expansão populacional para os terrenos pré- do Sul e da África (oceanos Adamastor, Goiás
-cambrianos, ao redor da Bacia Sedimentar e Borborema). O fechamento destes paleocea-
de São Paulo, passou a exigir maior conheci- nos ocorreu por meio de um grande evento co-
mento acerca das rochas e seus produtos de lisional, com a formação dos sistemas orogê-
alteração para a sua aplicação em obras de nicos Mantiqueira e Tocantins (Hasui, 2010).
engenharia.
Juliani (1992) menciona que grande núme-
ro de trabalhos foi produzido sobre o pré-cam-
briano da Região Metropolitana de São Paulo
e arredores, especialmente após 1980, quando
o assunto foi abordado na mesa redonda “As-
pectos Geológicos e Geotécnicos da Bacia
Sedimentar de São Paulo”, organizada pela
ABGE e pelo núcleo de São Paulo da SBG.
Ainda assim, grande parte deste conhecimen-
to foi adquirido a partir de estudos desenvol-
vidos ao redor da cidade de São Paulo, pois as
características geológicas e geomorfológicas
da bacia sedimentar dificultam a existência de Figura 1 – O megacontinente Gondwana formado pela
exposições de rochas em seu interior, uma vez colisão de várias massas continentais, entre elas a Amé-
que grande parte do embasamento é sobrepos- rica do Sul e África que resultou no Sistema Orogênico
Mantiqueira. Fonte Hasui (2010).
to pelos sedimentos paleógenos (terciários) e
por manto de intemperismo que pode alcançar
Posteriormente a este processo houve
espessuras superiores a vinte metros (Kutner
nova aglutinação das massas continentais, le-
& Bjornberg, 1997).
vando à formação do megacontinente Pangea
A construção sistemática de túneis dentro
em torno 230 Ma (Veevers, 1989). A quebra
da Bacia Sedimentar de São Paulo passou a
do Pangea levou à configuração atual dos
interceptar rochas do seu substrato rochoso,
continentes, tal como conhecemos.
ainda pouco conhecido, tendo como uma das
Heilbron et al. (2004) estabelece alguns
principais bases geológicas os trabalhos de
conceitos fundamentais para a compreensão
Coutinho (1972 e 1980), desenvolvidos nas

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destas entidades geotectônicas, onde oróge- tes supracitado, são responsáveis por feições
no é um produto da interação convergente de importantes da geologia da RMSP. Na altura
placas litosféricas, podendo resultar na for- do Rio Tietê ocorre a Falha de Taxaquara, a
mação de arcos de ilhas, arcos magmáticos norte da qual estão as rochas dos grupos São
de margem continental ativa ou ainda cadeias Roque e Serra do Itaberaba (Terrenos Apiaí-
de montanhas intracontinentais. Desta forma, -São Roque, conforme Heilbron et al., 2004),
um sistema orogênico é um conjunto de oró- intrudidos por corpos graníticos. Ao sul da
genos que se justapõem diacronicamente. Falha Caucaia ocorrem terrenos distintos
É importante destacar que, se­gundo Hasui associados ao orógeno Ribeira; estes são o
(2010), os traços estru­turais nestes processos Complexo Embu e, mais a sul, o Complexo
colisionais representam uma importante he- Costeiro, ambos intrudidos por vários corpos
rança que controlou boa parte dos processos graníticos neoproterozóicos (Terreno Embu,
geotectônicos posteriores, como a implanta- conforme Heilbron et al., 2004). A Bacia de
ção da Bacia do Paraná e a Reativação Sul- São Paulo apresenta, ao sul, contato irregu-
Atlantiana a que se relaciona ativo magmatis- lar com seu embasamento; a leste e oeste, os
mo, rifteamento, morfogênese e a abertura do limites são condicionados por elevações do
Atlântico (processo relacionado à formação embasamento (Cozzolino, 1996). As falhas
das Bacias de São Paulo, Taubaté e outras). do Taxaquara e Rio Jaguari delimitam a norte
A RMSP faz parte do Sistema Orogêni- a Bacia de São Paulo.
co Mantiqueira, que corresponde à Província
Mantiqueira de Almeida et al. (1977), unidade
decorrente da orogenia neoproterozóica, Bra-
siliano - Panafricana, que resultou na forma-
ção do paleocontinente Gondwana Ocidental.
Este sistema engloba os orógenos Araçuaí,
Ribeira, Brasília Meridional, Dom Feliciano
e São Gabriel (Heilbron et al., 2004). Hasui
(2010) situa o orógeno Brasilia Meridional
dentro do Sistema Orogênico do Tocantins.
Dentro deste contexto, o orógeno Ribei-
ra é a unidade geotectônica que efetivamente Figura 2 – Os sistemas transcorrentes Campo do Meio e
abriga a Bacia de São Paulo e o seu emba- Paraíba do Sul. Notar a orientação preferencial NE-SW
samento, onde, segundo Juliani (1992), ocor- dos alinhamentos no Sistema Paraíba do Sul, onde está
rem majoritariamente duas unidades geológi- inserida a RMSP. Fonte: Modificado de Hasui (2010).
cas separadas pelas falhas de Taxaquara e do
Rio Jaguari, além das rochas granitóides in- Quanto aos litotipos, o arcabouço geo-
trusivas. A estruturação regional NNE-SSW lógico da RMSP é basicamente constituído
observada na RMSP é condicionada por um por rochas metamórficas e ígneas, associa-
sistema de falhas transcorrentes (Hasui et al. das ao Complexo Embu e aos Grupos São
1975), conforme supracitado. Roque e Serra do Itaberaba, além de corpos
Estes sistemas transcorrentes relacionam- de rochas granitóides intrusivas. Com menor
-se com tectônica de escape ou cinturões expressão ocorrem as rochas do Complexo
transpressivos. São os sistemas Transamazô- Costeiro, Complexo Pico do Papagaio, da Na-
nico, Piranhas, Campo do Meio, Dorsal do ppe Socorro-Guaxupé e do Grupo Votuverava
Canguçu e Paraíba do Sul, este último corres- (Figura 3).
ponde ao sistema onde está inserida a RMSP
(Figura 2). As lineações de estiramento do
2.1.1 Complexo Embu
orógeno Ribeira possuem direções em torno
de NE-SW, coerentes com o sistema trans- É a unidade com maior ocorrência no emba-
corrente Paraíba do Sul, e indicam a direção samento da RMSP. O Complexo Embu ocor-
do transporte de massas e sentido de movi- re na porção centro-sul da RMSP, ocupando
mento, que coincide com a polaridade meta- faixa de afloramentos com direção NE-SW,
mórfica, sentido para o qual o metamorfismo formado por xistos, filitos, migmatitos,
regional decresce (Hasui, 2010). gnaisses migmatizados e corpos lenticulares
As falhas de Taxaquara e de Caucaia, que de quartzitos, anfibolitos e rochas calciossi-
fazem parte do sistema de falhas transcorren- licatadas. É limitado ao norte pelo sistema
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de falhas de Taxaquara e do Rio Jaguari e ao extensas faixas de xistos da fácies anfibolito
sul pela falha de Cubatão, separando-o dos médio a superior. Estes correspondem ao
grupos São Roque e Serra do Itaberaba, e do Complexo Embu de Fernandes (1991).
Complexo Costeiro, respectivamente. Na RMSP, Hasui (1994) aponta a ocor-
Segundo Juliani (1992), o Complexo rência de metassedimentos de fácies an-
Embu é composto por três conjuntos de li- fibolito, representados por micaxistos,
totipos: quartzitos e rochas cálcio-silicáticas, com
anfibolitos associados. Estas se apresen-
–– Rochas ortognáissicas polimigmatitiza- tam moderadamente migmatitizadas com
das e polideformadas que constituem o estruturas bandadas ou estromatíticas.
Complexo Granito-Gnáissico-Migmatí- –– Sericita xistos e filitos de baixo grau meta-
tico de Hasui (1994). Estes constituem mórfico, caracterizados por Vieira (1989),
o embasamento das supracrustais, com que podem corresponder a porções das ro-
idades preliminares arqueanas a paleo- chas metassedimentares supracitadas, que
proterozóicas. Na RMSP, Hasui (1994) sofreram metamorfismo em condições de
aponta a unidade como um conjunto de temperaturas mais baixas.
gnaisses de tipos diversos (porfiróides e Segundo CPRM (2006), determinações
homogêneos predominantes, bandados, geocronológicas foram realizadas por Corda-

Figura 3 – Mapa geológico da Região Metropolitana de São Paulo. Compilação e tratamento dos dados realizados por
Francisco Carlos Pelegate Dias e Marcelo Denser Monteiro a partir da base SIG de CPRM (2006).

subordinados e por vezes laminados), ni et al. (2002) em biotita gnaisses granodio-


que se apresentam moderadamente mig- ríticos a tonalíticos, intercalados na unidade
matitizados (sob a forma de estruturas de xistos, localmente migmatíticos, próximos
bandadas ou estromatíticas) e possuem a São Lourenço da Serra. Uma idade de 811
enclaves esparsos e restritos de rochas ± 13 Ma obtida pelo método U-Pb SHRIMP
metassedimentares e anfibolitos. é relacionada à cristalização magmática do
–– Rochas metassedimentares em grau meta- protólito granodiorítico-tonalítico. A partir
mórfico elevado, incluindo gnaisses com de datações pelo método Th-U-Pb, em mi-

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crossonda eletrônica, monazitas extraí­ das deformações de significativa complexidade,
de granada-sillimanita-biotita gnaisses da com superposição de eventos produzidos por
unidade paragnáissica e unidade de xistos, processos regionais e deformações posterio-
localmente migmatíticos, forneceram idades res relacionadas às zonas de cisalhamento de
de 787 ± 18 Ma e 797 ± 17 Ma, respectiva- Jundiuvira (contato com a Nappe Socorro-
mente, que correspondem à idade do meta- -Guaxupé) e Rio Jaguari.
morfismo principal (Vlach 2001). Pelo mes- Segundo Henrique-Pinto & Janasi (2010),
mo método, o autor obteve idade de 594 ± a deposição do Grupo São Roque tem sido
21 Ma na unidade paragnáissica, compatível determinada com maior segurança através
com a colocação dos maciços graníticos tar- de datações U-Pb de rochas metavulcânicas
dios e com o metamorfismo principal do Ter- ácidas e básicas que ocorrem intercaladas na
reno Serra do Mar de Campos Neto (2000). Formação Morro Doce (Carneiro et al. 1984),
Idades aparentes em torno de 560 Ma, obti- com idade de, aproximadamente, 1800 Ma,
das pelo método Rb-Sr, em pares feldspato obtida por Van Schmus et al. (1986). Juliani
e rocha total, por Cordani et al. (2002), são (2000) obteve pelo método U-Pb em zircões
interpretadas como o final do metamorfismo de metandesitos do Grupo Serra do Itabera-
regional e deformação dúctil. ba, idade de cristalização de 1395 ± 10 Ma.

2.1.2 Grupos São Roque e Serra do Itabe- 2.1.3 Granitóides intrusivos


raba
Grande quantidade de batólitos a pequenos
Os grupos São Roque e Serra do Itaberaba, stocks de granitóides afloram nas proximida-
com ocorrência na área norte da RMSP, são des da RMSP, alguns parcialmente recober-
constituídos por rochas metassedimentares e tos pelos sedimentos da Bacia de São Paulo.
metavulcânicas, representadas por filitos, me- A maior resistência relativa ao intemperismo
tarenitos e quartzitos, tendo secundariamente fez com que estas rochas sustentem altos
a ocorrência de anfibolitos, metacalcários, morfológicos, que, de modo geral, não foram
dolomitos, xistos porfiroblásticos e rochas cobertos pelos sedimentos (Coutinho 1980,
calciossilicatadas (Rodriguez 1998). Ao sul, apud Juliani 1992).
esses grupos entram em contato, através do Segundo Hasui et al. (1978), estes corpos
sistema de falhas de Taxaquara e Jaguari, com são sin-tectônicos ou pós-tectônicos aos ter-
o Complexo Embu e, ao norte, através da fa- renos metamórficos adjacentes. Hasui (1994)
lha de Jundiuvira, são separados dos terrenos classifica estas rochas como granitóides de ti-
associado à Nappe Socorro-Guaxupé. Hasui pos homogêneos e porfiróides, finos a muito
(1994) aponta na RMSP a ocorrência de me- grossos, de cores cinza-claro a cinza-escuro
tassedimentos de fácies xisto verde, represen- e avermelhados.
tados por filitos, quartzitos e rochas cálciossi- Juliani (1992) menciona que a composição
licáticas, com metabasitos associados. mineralógica dessas rochas varia de tonalítica
Juliani & Beljavskis (1995) coloca o a granítica, de acordo com Hasui et al. (1978),
Grupo São Roque, através de contatos tectô- e é mais restrita, de granodiorítica a granítica,
nicos, acima das rochas do Grupo Serra do segundo Janasi & Ulbrich (1991). As rochas
Itaberaba. O ambiente de deposição do Gru- em geral apresentam-se fracamente foliadas
po São Roque corresponde a um mar raso, internamente aos maciços e com bordas sem-
em uma bacia de retro-arco, onde estariam pre associadas a zonas de falhas. Biotita é o
representadas desde fácies deltaicas proxi- máfico principal e hornblenda é subordinada.
mais até turbiditos de águas mais profundas, Também é registrada a ocorrência de granitos
com atividade vulcânica subaquosa restrita como pequenos stocks peraluminosos. Inú-
(Bergmann, 1988, apud CPRM, 2006). Se- meros plútons isolados devem constituir saté-
gundo Juliani & Beljavskis (1995), o Grupo lites dessas grandes massas graníticas, tendo
São Roque foi submetido a metamorfismo em vista as semelhanças composicionais e de
na fácies xisto verde, alcançando maior grau idade (Janasi & Ulbrich 1991).
metamórfico com a intrusão de granitóides Esta unidade tem ampla ocorrência no tra-
ocorrida no neoproterozóico. çado da Linha 6, onde o Granito Cantareira,
Segundo Juliani (1993), as rochas do Gru- estudado por Dantas (1990), está presente
po Serra do Itaberaba apresentam padrões de entre o Pátio Morro Grande e a Marginal do

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Rio Tietê. Estes granitóides apresentam, em plano-paralelas e cruzadas e granodecrescên-
sua maioria, tendência calcialcalina potássi- cia ascendente, com alternância de metargi-
ca, predominando as composições monzo- litos, metarenitos lenticulares e metaconglo-
granítica, granodiorítica, monzodiorítica e merados polimíticos.
diorítica (CPRM, 2006).

2.2.5 Evolução do embasamento da RMSP


2.1.4 Unidades de ocorrência restrita
Hasui (1994) apresenta uma síntese da
Os terrenos da Nappe Socorro-Guaxupé, o evolução do embasamento da RMSP, através
Complexo Costeiro, o Complexo Pico do Pa- de três etapas:
pagaio e o Grupo Votuverara são unidades de
ocorrência restrita na RMSP. –– 1ª etapa - Formação das rochas “ances-
Os terrenos a norte da falha de Jundiuvi- trais”: As rochas “ancestrais” correspon-
ra correspondem à Nappe Socorro-Guaxupé dem a granitóides variados que foram
(Campos Neto 2000). Rodriguez (1998), em transformados nos ortognaisses do Com-
referência à antiga denominação da unidade plexo Embu e sedimentos associados a
aflorante nesta área (Grupo Amparo), men- rochas vulcânicas e diques básicos, trans-
ciona que estas rochas são representadas por formados nos metassedimentos, anfibo-
metassedimentos e rochas gnáissicas e mig- litos e metabasitos dos Grupos Serra do
matíticas. Itaberaba e São Roque e nos para-gnais-
O Complexo Costeiro ocorre no extremo ses e xistos do Complexo Embu.
leste-sudeste da RMSP, separado do Com- –– 2ª etapa - Metamorfismo e deformação
plexo Embu pela falha de Cubatão. Segundo das rochas “ancestrais”: O metamorfismo
Rodriguez (1998) a unidade é constituída por transformou as rochas “ancestrais” nos
migmatitos policíclicos de paleossoma gnáis- conjuntos metamórficos supracitados. O
sico e ocorrem como migmatitos e gnaisses apogeu da temperatura é indicado pelas
graníticos porfiroblásticos milonitizados, associações de minerais metamórficos
biotita gnaisses e gnaisses peraluminosos. presentes, tendo alcançado baixo grau
Segundo CPRM (2006), o corpo limitado pe- nos Grupos São Roque e Serra do Ita-
las zonas de cisalhamento Itariri e Cubatão, beraba e médio grau (chegando às con-
no extremo oeste da área de afloramento do dições de anatexia e migmatitização) no
Complexo Costeiro, foi referido por Passa- Complexo Embu. A deformação consistiu
relli (2001) como granito tipo Itariri. Trata-se de processos dúcteis passando a rúpteis,
de biotita monzogranito, localmente tonalí- gerando feições estruturais sobrepostas e
tico, foliado, com megacristais de feldspato. envolveu quatro fases distintas: cisalha-
O conteúdo mineralógico é composto por mento dúctil de baixo ângulo acompa-
quartzo, microclínio, plagioclásio e biotita. nhado de metamorfismo, que provocaram
Localmente apresenta camadas quartzo-fel- modificações estruturais das rochas e o
dspáticas intercaladas com bandas máficas e desenvolvimento de foliação gnáissica,
feições migmatíticas. xistosidade e foliação milonítica, além
O Complexo Pico do Papagaio ocorre da disposição planar de porções das
no extremo leste da RMSP. Segundo CPRM rochas (representada por bandamento
(2006), é uma unidade representada por gra- composicional e acamadamento); cisa-
nitóides calcialcalinos, foliados, intrudidos lhamento dúctil de alto ângulo em con-
no Complexo Costeiro através de zona de ci- dições termais brandas em que o alívio
salhamento de orientação NE-SW, de forma das forças atuantes na fase anterior re-
concordante com a estruturação das encai- sultou no desenvolvimento das grandes
xantes. O litotipo predominante é hornblen- zonas de transcorrência, resultando no
da-biotita granitoide gnáissico. desenvolvimento de foliação persistente
O Grupo Votuverava ocorre na região com mergulhos verticais a sub-verticais
oeste da RMSP, em sua unidade terrígena, modificando-se lateralmente; dobramen-
como encaixante do granito Itapevi. Segundo to suave e crenulação em condições dúc­
CPRM (2006), predominam, nesta unidade, teis-rúpteis de portes decaquilométricos
metassiltitos, maciços a muito foliados, que (representam os deslocamentos finais das
preservam acamamento, com estratificações massas rochosas em condições dúcteis)

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e; fraturamento em condições rúpteis que fície, em geral, os próprios solos residuais
permitiu o desenvolvimento das juntas (Vaz, 1996).
subverticais. Segundo Press et al. (2006), o intemperis-
–– 3ª etapa - Intrusão de corpos granitóides: mo é o processo geral pelo qual as rochas são
Nos conjuntos litológicos existentes fo- destruídas na superfície da Terra. O intempe-
ram intrudidos corpos granitóides. Al- rismo produz todos os solos e as substâncias
guns foram formados durante a fase de dissolvidas e carregadas pelos rios para os
cisalhamento dúctil e estão gnaissificados oceanos. O intemperismo é subdividido em
e outros são pós-tectônicos. físico e químico. No intemperismo físico, um
material coeso é transformado em um mate-
rial fraturado, friável e incoerente, por meio
2.1.6 Os solos residuais de agentes como pressão e temperatura que
A evolução da Terra é o resultado do embate provocam, por exemplo, quebra por expan-
das forças da natureza, que se manifestam na são térmica, alívio de pressão, congelamento
dinâmica interna (vulcões, terremotos, etc.) e e degelo de água e precipitação de sais. Um
na dinâmica externa (erosão, sedimentação, exemplo de ação do intemperismo físico é o
etc.), são forças destrutivas e criativas (Al- fraturamento de corpos rochosos durante o
meida & Ribeiro, 1998). processo de congelamento da água existente
Para compreender o processo de forma- em suas fraturas em razão da expansão vo-
ção dos solos, é preciso que seja feita menção lumétrica da passagem da água do estado
ao ciclo das rochas, evento geológico em que líquido para sólido. De maneira simplifica-
um determinado tipo de rocha é submetido a da pode-se afirmar que uma das funções do
diversos processos que causam modificações intemperismo físico é preparar um material
mineralógicas e estruturais. Estes processos para ação do intemperismo químico, por meio
são relacionados às dinâmicas interna e ex- da formação de áreas expostas.
terna da Terra. O intemperismo químico é um processo
A dinâmica interna é representada por fe- que promove modificações em um material
nômenos como vulcanismo e tectônica e tem a por meio de reações químicas que dependem
função, por exemplo, de formar novos relevos. dos reagentes (minerais originais das rochas
A formação de uma cadeia montanhosa pela e soluções de alteração) e das condições em
ação da tectônica é uma forma de produto da que ocorrem as reações (clima, relevo, pre-
dinâmica interna. A dinâmica externa, por sua sença de organismos, tempo, etc.). O intem-
vez, tem uma função oposta. Está relacionada perismo químico promove a modificação da
a processos que levam ao nivelamento da su- mineralogia do material, onde um mineral
perfície da Terra. Neste contexto, uma famosa original da rocha, em contato com uma so-
citação atribuída a James Hutton é a melhor lução de alteração (água da chuva carregada
definição da dinâmica externa: “Os picos de em elementos e substâncias dissolvidas), é
nossas terras são, deste modo, nivelados com alterado para um mineral neogenético junto
as praias; nossas planícies férteis são formadas com uma solução de lixiviação (solução de
das ruínas de montanhas” (Press et al., 2006). alteração modificada pelas reações intem-
A citação de Hutton está relacionada ao péricas). Exemplo de ação do intemperismo
processo de formação dos solos. De maneira químico é a alteração do feldspato para o
simplificada é possível afirmar que existem, argilo-mineral caulinita.
sob o ponto de vista genético, dois tipos de Fatores como composição do material ori-
solos: os solos transportados (também co- ginal, clima, topografia, presença de vegetação
nhecidos como sedimentares) e os solos re- e tempo de exposição condicionam a ocorrên-
siduais (também conhecidos como de altera- cia dos intemperismos físico e químico, de
ção de rocha). modo que sua ocorrência é variada na super-
Os solos residuais são formados pela ação fície da Terra. Em regiões de clima tropical, a
do processo de intemperismo, que provoca a disponibilidade de água e a ocorrência de altas
desagregação e decomposição “in situ” da temperaturas favorece a ação do intemperismo
rocha (Casagrande, 1948 apud Vaz, 1996). químico, enquanto que em re­giões de climas
Os solos transportados são oriundos de pro- frio e temperados há a predominância de ocor-
cessos que envolvem a erosão, transporte e a rência do intemperismo físico.
deposição de materiais existentes na super- Segundo Vaz (1996), a decomposição da
rocha se faz com intensidade decrescente com
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a profundidade, definindo, para cada conjunto te de solo saprolítico), um horizonte de tran-
de clima e rocha, um perfil de intemperismo, sição solo-rocha (saprolito) e dois horizontes
ou seja, uma sequência de sucessivos horizon- de rocha (horizonte de rocha muito alterada e
tes de maior alteração da rocha que, a partir da horizonte de rocha sã).
rocha inalterada subjacente, se completam com
a rocha totalmente alterada e transformada em
solo, que ocorre na superfície do terreno. Bacia de São Paulo
A Figura 4 representa o modelo de clas- A Bacia de São Paulo localiza-se no Planal-
sificação dos horizontes de solos residuais e to Atlântico, com sedimentos distribuídos
rochas para regiões tropicais elaborado por irregularmente numa área pouco superior a
Vaz (1996), baseado em trabalhos de inves- 1.000km2, com eixo maior de 75 km, entre
tigação de eixos de barragens do Sistema Arujá, a leste, e Embu-Guaçu, a oeste, e me-
Alto Tietê, em terrenos gnáissicos do pré- nor de 25km, entre Santana, ao norte, e Santo
-cambriano paulista. André, ao sul (Riccomini & Coimbra, 1992)
e espessura máxima contínua verificada em
sondagens de 290m (Takiya, 1991).
Esta bacia faz parte de um conjunto de Ba-
cias pertencentes ao Rift Continental do Su-
deste do Brasil – RCSB – (Riccomini, 1989),
relacionada à tectônica distensiva de idade ter-
ciária (Figura 5), com direção NE-SW aproxi-
madamente paralelo a linha de costa atual. O
RCSB é composto pelas seguintes unidades,
a partir de NE: Bacia de Itaboraí; Gráben de
Barra de São João; Bacia do Macacu; Bacia de
Volta Redonda; Bacia de Resende; Bacia de
Taubaté; Bacia de São Paulo; Gráben de Sete
Barras; Formação Pariqüera-Açu; Formação
Alexandra e Gráben de Guaraqueçaba; Bacia
de Curitiba; e Gráben de Cananéia.

Figura 4 – Perfil de intemperismo para regiões tropicais.


Fonte: Vaz (1996).

Neste modelo, o solo residual é subdividido


em solo eluvial - SE (também conhecido como
solo residual maduro ou solo laterítico) e solo de
alteração - SA. A base do solo residual corres-
ponde ao limite para execução dos ensaios de
penetração (SPT) nas sondagens a percussão. A Figura 5 – Contexto geológico regional do Rift Conti-
passagem entre os dois horizontes de solo e des- nental do Sudeste do Brasil (RCSB) - 1) embasamento
tes para rocha, geralmente é gradual, sendo que pré-cambriano; 2) rochas sedimentares paleozóicas da
matacões e fragmentos de minerais e rocha po- Bacia do Paraná; 3) rochas vulcânicas toleíticas eocretá-
ceas da Formação Serra Geral; 4) rochas relacionadas ao
dem ocorrer dentro do solo residual. Vaz (1996) magmatismo alcalino mesozóico-cenozóico; 5) Bacias
estabelece três horizontes de rocha (rocha alte- cenozóicas do rift (1- Bacia de Itaboraí, 2- Gráben de
rada mole - RAM, rocha alterada dura – RAD e Barra de São João, 3- Bacia do Macacu, 4- Bacia de Volta
rocha sã – RS), identificáveis a partir dos respec- Redonda, 5- Bacia de Resende, 6- Bacia de Taubaté,
7- Bacia de São Paulo, 8- Gráben de Sete Barras, 9- For-
tivos processos de escavação e perfuração. mação Pariqüera-Açu, 10- Formação Alexandra e Grá-
Outro modelo de classificação de perfis de ben de Guaraqueçaba, 11- Bacia de Curitiba, 12- Gráben
alteração que tem significativa importância é de Cananéia); 6) zonas de cisalhamento pré-cambrianas,
o de Pastore (1995) apud Pastore & Fontes em parte reativadas durante o Mesozóico e Cenozóico.
(1998). Este modelo promove a adoção de três Fonte: Ricomini et al, 2004.
horizontes associados aos solos (horizonte de O arcabouço da bacia pode ser delineado
solo orgânico, horizonte laterítico e horizon- graças ao grande volume de dados de poços

22
Figura 6 – Seções geológicas na Bacia de São Paulo construídas a partir de dados de sondagens para água subterrânea e ob-
servações de superfície - 1) embasamento pré-cambriano; 2) orto e paraconglomerados de leques aluviais proximais da For-
mação Resende; 3) lamitos de leques aluviais medianos a distais da Formação Resende; 4) lamitos de leques aluviais distais
e, principalmente, areias e conglomerados de sistema fluvial entrelaçado da Formação Resende; 5) predominância de areias
grossas e conglomerados de sistema fluvial entrelaçado da Formação Resende; 6) sistema lacustre da Formação Tremembé;
7) sistema fluvial meandrante da Formação São Paulo; 8) aluviões quaternários; 9) falha normal (A) e falha transcorrente dex-
tral (B). Para localização das seções na bacia ver esquema no canto superior direito da figura. Fonte: Riccomini et al., 2004.

para água subterrânea (Hasui & Carneiro, aos leques aluviais proximais, situada nos arre-
1980; Takiya, 1991). A julgar pelo seu for- dores do contato com o embasamento, compos-
mato e distribuição de fácies sedimentares, ta por conglomerados polímiticos, interdigita-
pode-se considerar que a Bacia era original- dos com arenitos e lamitos arenosos. A segunda
mente um hemigráben, controlado por falhas
normais reativadas ao longo das zonas de
cisalhamento proterozóicas de Taxaquara e
Rio Jaguari, dispostas ao longo de sua borda
norte (Riccomini & Coimbra, 1992). A bacia
foi retrabalhada por falhas pós-sedimentares
que causaram soerguimentos e abatimentos
locais de seu substrato (Figuras 6 e 7).
O preenchimento sedimentar da Bacia de
São Paulo corresponde à deposição paleóge-
na do Grupo Taubaté (Formação Resende,
Formação Tremembé e Formação São Paulo)
e neógena da Formação Itaquaquecetuba.

2.1.7 Formação Resende – Grupo Taubaté


A Formação Resende, unidade basal e lateral
do Grupo Taubaté, é constituída por um sis-
tema de leques aluviais associados à planície
fluvial de rios entrelaçados. Foi definida na
bacia homônima, onde está localizada sua se-
ção-tipo (Amador, 1975; Riccomini, 1989).
Segundo Riccomini & Coimbra (1992) esta
formação apresenta distribuição generalizada Figura 7 – Quadro litoestratigráfico e evolução tectono-
e pode chegar a 80% do preenchimento se- -sedimentar do segmento central do RCSB - Letras: p
dimentar da Bacia de São Paulo e apresenta - leques aluviais proximais; m-d - leques aluviais me-
dianos a distais associados a planície aluvial de rios en-
espessura estimada em 256m. trelaçados; t - depósitos de tálus; c - depósitos coluviais;
Esta formação compreende duas litofácies ca - depósitos colúvio-aluviais; a – depósitos aluviais.
principais. A primeira litofácies corresponde Fonte: Riccomini et al., 2004.

23
litofácies corresponde aos leques aluviais em as principais fácies sedimentares compostas
posição distal associados a rios entrelaçados, por arenitos grossos, conglomeráticos, com
com ocorrência de arenitos intercalados com abundante estratificação cruzada, base erosiva
lamitos. Nestes ocorrem esmectitas detríticas e presença de clastos argilosos representantes
(argilomineral do tipo expansivo), considera- de canais meandrantes; siltitos e argilitos la-
das como indicadores de semi-aridez climática minados, podendo conter registro fossilífero
e drenagem ineficaz (Millot, 1964), subordina- (linhitos), depositados em meandros abando-
damente caulinitas e cloritas. nados; arenitos médios e grossos proveniente
Calcrete calcítico (caliche), preenchendo do rompimento de diques marginais; gradan-
rachaduras de ressecamento em lamitos argi- do para sedimentos mais finos rítmicos e lami-
losos foram identificados nas obras de exten- nados, típicos de planície de inundação.
são norte da Linha 1 (azul) do Metropolita- A Formação São Paulo sobrepõe-se tran-
no de São Paulo, sendo interpretados como sicionalmente ao sistema de leques aluviais
paleossolo formado também sob condições da Formação Resende, indicando mudança
de semi-aridez climática, semelhante aos para condições paleoclimáticas mais úmi-
identificados nas Bacias de Curitiba, Taubaté das e redução na atividade tectônica, embora
e Resende (Riccomini & Coimbra, 1992). ocasionalmente pulsos tectônicos resultem
em delgadas intercalações de lamitos prove-
nientes de leques aluviais.
2.1.8 Formação Tremembé – Grupo Taubaté São frequentes nas interfaces entre os se-
A Formação Tremembé, depositada em am- dimentos argilosos e arenosos a presença de
biente lacustre do tipo playa-lake (Riccomi- couraças limoníticas com espessuras variáveis
ni, 1989), interdigita-se lateral e verticalmen- (Riccomini & Coimbra, 1992), conferindo
te com os depósitos da Formação Resende. pronunciada impermeabilidade no topo das
Esta formação tem ocorrência mais signifi- camadas mais finas, sendo comum surgências
cativa da porção central da Bacia de Taubaté, das águas que percolam os pacotes arenosos.
onde está localizada sua seção-tipo. Nas exposições superficiais da Formação São
Na Bacia de São Paulo, com espessura Paulo é frequente a ocorrência de uma camada
estimada em 60m, esta formação compreen- argilosa com coloração avermelhada e aspecto
de camadas tabulares de argilitos verdes ma- homogêneo, conhecida no meio técnico como
ciços intercalados com argilitos cinza-escuro “argilas porosas”. Esta camada é resultante de
a preto, ricos em matéria orgânica, identifica- processos pedogenéticos e laterização, com
dos na escavação da Estação Barra Funda da espessura estimada em até 10m.
Linha 3 (vermelha) do Metropolitano de São
Paulo e em sondagens nas proximidades do 2.1.10 Formação Itaquaquecetuba
Parque Antártica e na Rua do Oriente no Pari
(Riccomini & Coimbra, 1992). A Formação Itaquaquecetuba representa um
sistema fluvial entrelaçado, restrito à Bacia de
São Paulo, que ocorre assentado diretamente
2.1.9 Formação São Paulo – Grupo Taubaté sobre rochas do embasamento pré-cambriano,
A Formação São Paulo, unidade de topo do sem que tenha sido verificada a sua relação
Grupo Taubaté, tem sua principal área de ex- com as unidades sedimentares paleógenas.
posição no espigão central da cidade, entre Este sistema ocorre sob os aluviões holocêni-
as avenidas Paulista, Doutor Arnaldo, Do- cos dos rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí.
mingo de Morais e Heitor Penteado, onde A seção-tipo está localizada no município ho-
está localizada a seção-tipo, além de exposi- mônimo em um porto de areia na margem di-
ções distribuídas do aeroporto de Congonhas reita do rio Tietê, com espessura estimada em
ao Jabaquara e na área oeste da cidade, na 50m (Coimbra et al., 1983; Riccomini, 1989).
região do Jaguaré a Cidade Universitária. A deposição da unidade foi controlada
Outras ocorrências mais restritas são verifi- por falhas de direção ENE e NNW (Almeida,
cadas no Alto de Santana e na região entre o 1983; Riccomini, 1989), em cujas vizinhan-
Anhangabaú e o Pátio do Colégio (Riccomini ças formaram-se cunhas clásticas contendo
& Coimbra, 1992). brechas polimíticas e megaclastos. Nas partes
Esta formação compreende um sistema distais das cunhas ocorrem lamitos arenosos,
fluvial meandrante (Riccomini, 1989), sendo com intercalações de arenitos maciços, por

24
vezes com estruturas resultantes de liqüefação lise das estruturas tectônicas e suas relações es-
(Riccomini, 1989). Na parte central das bacias tratigráficas com o preenchimento sedimentar,
têm-se depósitos fluviais entrelaçados típicos elaborou o primeiro modelo tectônico contem-
da unidade, que incluem arenitos arcoseanos plando os tectonismos gerador e modificador
com estratificação cruzada acanalada e tabu- para o segmento central do RCSB, que inclui
lar de grande porte, contendo conglomerados as Bacias de São Paulo, Taubaté, Resende e
basais com seixos de quartzo e quartzito arre- Volta Redonda (Figura 8). Concluiu que a for-
dondados de barras longitudinais de canais, ou mação da depressão original do rift e concomi-
brechas com fragmentos de argilitos. tante preenchimento sedimentar e vulcânico
teriam ocorrido no Paleógeno, sob a ação de
um campo de esforços distensivo de direção
2.1.11 Evolução tectônica NNW-SSE, causador da reativação, como fa-
Os primeiros modelos propostos para a gera- lhas normais, de antigas zonas de cisalhamento
ção da Bacia de São Paulo e do RCSB apre- proterozóicas de direção NE a ENE.
sentavam argumentação baseada na geomor- O modelo é sustentado pelo caráter normal
fologia, com origem tectônica ou erosiva. das falhas mestras ativas durante a instalação
A partir da década de 1970 tomam força os do segmento central do RCSB; pelas direções
modelos tectônicos, que consideraram as de- de distensão obtidas a partir dos dados de fa-
pressões, que abrigam as bacias, originadas lhas estriadas, sempre em posição ortogonal
pela reativação cenozóica de antigas zonas às falhas de borda das bacias; e também pela
de cisalhamento proterozóicas, vinculada à contigüidade entre os depósitos de leques alu-
evolução da margem continental. viais proximais e as áreas fontes vizinhas.
Diversos estudos foram desenvolvidos na Estudos realizados em rochas do substrato
seqüência. Riccomini (1989), com base na aná- do RCSB identificaram a atuação de um regi-

Figura 8 – Esboços paleotectônicos da evolução do segmento central do RCSB - Legenda no quadro D: 1) falhas de
componente predominante normal; 2) falha de componente transcorrente sinistral; 3) falha de componente transcor-
rente dextral; 4) falha de componente predominante reversa; 5) falha com movimentação não caracterizada. Fonte:
Riccomini et al., 2004

25
me transcorrente sinistral, com compressão de Sul Americana, para W, ocorreria transcor-
direção NE-SW e distensão NW-SE, afetando rência dextral e compressão (transpressão)
corpos alcalinos neocretáceos, no sul do Esta- quando o ridge-push superasse o slab-pull,
do de São Paulo (Riccomini, 1995) e na região e transcorrência sinistral e distensão (trans-
do Gráben da Guanabara (Ferrari, 2001), com tração) no caso oposto (Riccomini, 1989).
idade neocretácea a paleocena. Há ainda outros fatores, tais como a carga de
Segundo Riccomini (1989) e Salvador & sedimentos na Bacia de Santos, a presença
Riccomini (1995) as fases tectônicas defor- de soerguimentos regionais e a ascensão do
madoras envolveriam novas reativações ao nível do mar após a glaciação do Pleistoceno
longo das falhas preexistentes e, em menor terminal provavelmente interferiram no ba-
escala, geração de novas estruturas (Figura lanço dos esforços envolvidos.
6). Os eventos deformadores compreende-
riam, sucessivamente: 1) transcorrência si-
nistral de direção E-W, com distensão NW- 2.1.12 Cimentação hidrotermal
-SE e, localmente, compressão NE-SW, de Sant’anna & Riccomini (2001), ao caracteri-
idade neogênica; 2) transcorrência dextral, zarem amostras com cimentação hidrotermal
com compressão NW-SE, de idade quaterná- nas formações Itaboraí, Macacu (Bacia de Ita-
ria; 3) distensão de direção WNW-ESE e ida- boraí) e Resende (Bacias de São Paulo e Tau-
de pleistocênica a holocena; e 4) Compressão baté), descreveram: 1) lâminas, drusas e vênu-
E-W, de idade holocena. las de quartzo nos calcáreos da Fm. Itaboraí,
Ao primeiro evento deformador estão 2) opala-CT disseminada em lamitos da Fm.
relacionadas falhas transcorrentes ou de em- Macacu, 3) caulinita e opala-CT preenchendo
purrão, estas por vezes colocando blocos de a porosidade primária e recobrindo grãos de-
rochas do embasamento sobre os depósitos tríticos das rochas da Fm. Resende e 4) barita
sedimentares e aquelas controlando a insta- preenchendo fraturas ou recobrindo clastos de
lação de bacias de afastamento de pequenas conglomerados e arenitos da Fm. Resende.
dimensões - Formação Itaquaquecetuba na Na Formação Resende, com exceção da
sua área-tipo (Riccomini, 1989). Este even- barita, a cristalização destes cimentos foi pe-
to foi também o responsável pela geração de necontemporânea à sedimentação eocênica
dobras cônicas quilométricas na porção cen- (Sant’anna & Riccomini, 2001). Em todas as
tral da Bacia de Taubaté. unidades a cimentação ocorreu sob a atuação
Durante o segundo evento deformador as de controles estruturais (exercidos por falhas
falhas das bordas das bacias, ativas na fase de e fraturas preexistentes ou em nucleação nos
instalação do rift, foram reativadas com cará- sedimentos) e litológicos (devido a diferença
ter transcorrente, inverso e/ou de empurrão, na porosidade e permeabilidade das camadas).
localmente cavalgando depósitos sedimen- Durante a principal fase de desenvolvimen-
tares paleogênicos. Neste evento teriam sido to do RCSB, no Eoceno, o contexto geológico
afeiçoados os altos estruturais que atualmen- regional apresentava condições favoráveis para
te separam o registro sedimentar paleogênico a circulação de soluções hidrotermais e cimen-
em bacias isoladas. tação, incluindo regime distensional de direção
O terceiro evento deformador, de caráter NNW-SSE que propiciou abertura de falhas
distensivo, parece ter dado o contorno atual ENE a NE, aumento do fluxo térmico regional
da distribuição dos sedimentos. O último e magmatismo (Sant’anna & Riccomini, 2001),
evento deformador, compressivo, causou a evidenciado em derrames ankaramíticos (Klein
reativação inversa de falhas de direções pró- & Valença, 1984, Riccomini et al., 1983, Ric-
ximas de N-S e a geração de famílias de jun- comini & Rodrigues-Francisco, 1992) nas Ba-
tas conjugadas de cisalhamento em depósitos cias de Itaboraí e Volta Redonda.
colúvio-aluviais. Na Bacia de São Paulo foram observadas
As variações nos campos de esforços rela- no Largo da Batata (Estação Faria Lima do
cionados ao tectonismo deformador decorre- Metrô), ao longo da Avenida Anhaia Mello
riam do balanço entre o ridgepush e slab-pull na Vila Prudente, nas escavações da Estação
da Placa Sul Americana, respectivamente Adolfo Pinheiro da Linha 5, na região de San-
em relação às placas Africana e de Nazca to Amaro e na região do Parque Dom Pedro II.
(Riccomini et al, 2004). Considerando-se as Em geral são arenitos ou lamitos cimentados,
direções estruturais preferenciais do RCSB, com elevada resistência à compressão impli-
segundo NE, em relação à trajetória da Placa
26
cando em maior dificuldade de escavação em geralmente inferior a 10m. Os coluviões são
relação ao restante do pacote sedimentar. Na descontínuos, embora com distribuição ge-
maioria dos casos, a amostragem por sonda- neralizada, podendo conter cascalheiras (sto-
gem somente é realizada através de ferramen- ne lines) na base. Os depósitos aluviais estão
ta rotativa (impenetrável à percussão). depositados em várzeas e baixos terraços,
constituídos por camadas arenosas e argilo-
sas ricas em matéria orgânica, geralmente
Coberturas Quaternárias exibindo cascalheiras na base.
São consideradas coberturas quaternárias os
depósitos de idade pleistocênica a holocêni-
ca (atual). Estes depósitos correspondem a 2 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHA-
associações colúvio-aluviais com espessura RIA
e distribuição relativamente restrita, predo-
minantemente próximas às drenagens atuais. Atualmente estão em execução duas linhas
Os depósitos pleistocênicos compreendem aéreas de monotrilho, nas zonas sul (Linha 17
predominantemente coluviões argilo-areno- – Ouro) e leste (Linha 15 – Prata) e duas li-
sos, com lentes argilosas a conglomeráticas, nhas subterrâneas (Linha 4 – Amarela e Linha
ocasionalmente contendo madeira fóssil, e 5 – Lilás), além de duas linhas subterrâneas
aluviões subordinados constituídos por con- em conclusão de fase de projeto básico (Linha
glomerados basais sobrepostos por areias 6 – Laranja e a extensão da Linha 2 – Verde).
grossas a conglomeráticas com estratificações Desta forma, a experiência na execução de
cruzadas, gradando para areias médias a finas, obras relacionadas ao Metropolitano de São Pau-
com porções argilosas (Melo et al, 1987). lo resultou num aprimoramento do conhecimento
Os depósitos holocênicos são representa- geológico-geotécnico da região, inclusive com a
dos por coluviões e aluviões, com espessura implementação de um sistema de classificação

Figura 9 – Localização do primeiro trecho da Linha 17 – Ouro.

27
28
Figura 10 – Seção geológica ao longo da Avenida Jornalista Roberto Marinho entre as ruas José Batista Pereira e Barão do Sabará.
29
Figura 11 – Seção geológica ao longo da Avenida Jornalista Roberto Marinho entre as ruas Niágara e Ministro José Gallotti.
30
Figura 12 – Seção geológica ao longo da Marginal Pinheiros entre a Avenida Jornalista Roberto Marinho e a Rua Evandro Carlos de Andrade.
geológico-geotécnica utilizada nestas linhas, ins- zamento com a Rua Oscar Gomes Cardim até
pirado na proposta de classificação e notação de a Praça Ubirajara e há uma ocorrência restrita
litotipos apresentada por Kutner & Bjornberg próximo ao cruzamento com a Avenida Chucri
(1997). Este sistema se configura como uma clas- Zaidan. Estas interrupções na continuidade dos
sificação de nomenclatura objetiva e de rápida depósitos da Formação Resende correspondem
aplicação aos constituintes das várias unidades aos altos estruturais (horst) e contatos com o
sedimentares da Bacia de São Paulo. embasamento (Figura 11). Estes contatos cor-
Posteriormente, nos estudos do Metrô respondem a ocorrência de falhas normais sin-
de São Paulo, foi feita uma contribuição ao -sedimentares, com rejeitos podendo superar
modelo de Kutner & Bjornberg (1997), esta 20 m, sendo que próximo a elas desenvolvem-
contribuição pode ser observada em CMSP -se leques aluviais proximais constituídos por
(2011), foi inicialmente aplicada no Projeto fragmentos e blocos do embasamento em meio
Básico da Linha 4 – Amarela e vem sendo a matriz lamítica a arenosa, predominantemen-
utilizada em todos os seus projetos desde o te cinza e com valores altos de Nspt.
Projeto Básico da Linha 5 – Lilás. Quando o pacote sedimentar é isolado
A seguir serão apresentados os resultados por duas falhas normais (gráben) é comum
de alguns destes estudos. Os estudos da Li- o desenvolvimento destes leques aluviais
nha 4 – Amarela estão detalhados em Rocha proximais em ambos os contatos, sendo que
(1995) e Hasui (1994). quando há falhamento em somente uma das
bordas (hemi-gráben) pode ocorrer a fácies
proximal predominantemente neste local.
Linha 17 - Ouro Com o afastamento da região do contato
O primeiro trecho da Linha 17 – Ouro cor- com o embasamento passa a predominar os
responde à região entre as estações Morumbi depósitos relacionados a leques aluviais media-
da CPTM, na Marginal Pinheiros e o Piscinão nos a distais, constituídos por camadas lamíti-
da Água Espraiada, na Avenida Jornalista cas (argilas siltosas a arenosas, podendo conter
Roberto Marinho (Figura 9). fragmentos esparsos de quartzo) a areníticas
Esta obra é integralmente aérea, no sistema (areias siltosas a argilosas), de coloração pre-
monotrilho. As investigações geológicas e geo- dominantemente cinza esverdeado e marrom,
técnicas para o projeto executivo foram realiza- e valores medianos a muito elevados de Nspt
das com, no mínimo, uma sondagem por apoio, (com predomínio entre 10 a 30 golpes nos pri-
interceptando os três grandes compartimentos meiros 10 m e entre 25 a 50 golpes abaixo desta
existentes na RMSP (o embasamento pré-cam- profundidade). Estas camadas são predominan-
briano, os sedimentos paleógenos da Bacia de tes na região da Linha 17, podendo apresentar
São Paulo e as coberturas quaternárias). espessura contínua superior a 30 m.
As coberturas quaternárias constituídas As camadas relacionadas aos leques alu-
por depósitos aluvionares tem ocorrência ge- viais medianos a distais estão associadas a
neralizada, pois a região corresponde as áreas depósitos de rios entrelaçados, constituídos
de deposição do rio Pinheiros e córrego Água predominantemente por arenitos, podendo
Espraiada. Estes depósitos são constituídos por conter cascalho associado, de coloração cin-
argilas ricas em matéria orgânica, de colora- za a amarelo, com espessura geralmente infe-
ção preta ou cinza escuro, moles a muito mo- rior a 5 m e valores medianos a elevados de
les (com valores de Nspt predominantemente Nspt (em geral, acima de 20 golpes).
menores que 4 golpes) e camadas arenosas, O embasamento pré-cambriano predomi-
podendo conter matéria orgânica ou cascalho na na região da Marginal Pinheiros, com ocor-
associado, de coloração amarela a cinza escu- rências restritas na Avenida Jornalista Roberto
ro, fofas a compactas (com valores elevados de Marinho, como no horst situado entre o cru-
Nspt associadas às camadas com cascalho). zamento com as ruas Princesa Isabel e Oscar
Os sedimentos paleógenos da Bacia de São Gomes Cardim.
Paulo são representados pela Formação Resen- O embasamento rochoso é constituído
de. Esta Formação ocorre ao longo da Avenida por gnaisses graníticos a biotíticos e migma-
Jornalista Roberto Marinho, sendo predomi- titos do Complexo Embu, localmente cortado
nante no trecho entre o Piscinão da Água Es- por veios pegmatíticos correlacionados a in-
praiada e o cruzamento com a Rua Princesa trusões graníticas (Figura 12).
Isabel (Figura 10). Ocorre também entre o cru- O manto de intemperismo nestas rochas foi
interpretado através da identificação de uma ca-
31
mada superficial correspondente ao solo residual de deformação dúctil. As camadas constituí-
maduro (silte argiloso a pouco arenoso, micá- das predominantemente por biotita tendem a
ceo) com valores de Nspt inferiores a 10 golpes, apresentar resistência menor que as camadas
seguido de solo residual jovem (silte arenoso a ricas em quartzo e feldpato. A presença de
pouco argiloso, micáceo), com valores de Nspt dobras e foliação orientadas em planos des-
entre 10 e 40 golpes e uma camada de saprolito favoráveis em relação ao esforço induzido no
ou rocha alterada mole (silte arenoso, micáceo, ensaio também reduzem a resistência inde-
com fragmentos de rocha) com valores de Nspt pendente da profundidade (Figuras 15 e 16).
geralmente acima de 40 golpes a impenetrável.
A espessura do manto de intemperismo pode va-
riar entre 2 m (na Marginal Pinheiros) a 30 m no
alinhamento do Córrego Água Espraiada.
A resistência do maciço rochoso foi
avaliada através da execução de ensaios de
Resistência a Compressão Uniaxial (RCU),
sendo sempre 3 amostras por sondagem, a
primeira próxima ao topo rochoso, a segunda
no meio e a terceira ao final da sondagem,
com profundidade máxima de 35 m em rela-
ção ao nível do terreno.
Os resultados destes ensaios indicaram Figura 14 –Resultados de RCU por séries de amostra.
significativa variabilidade na resistência da
rocha (Figura 13), com valores distribuídos
entre 2 a 197 MPa, com frequência predomi-
nante entre 10 e 30 MPa.
Se os resultados forem analisados em rela-
ção a distância do topo rochoso, há uma pre-
dominância de resultados entre 10 e 30 MPa
para a primeira e segunda amostras e entre
40 e 60 para a terceira amostra (Figura 14).
No entanto somente 37% das 92 sondagens
analisadas apresentaram resistência crescente
com a profundidade (RCU Amostra 1 < RCU
Amostra 2 < RCU Amostra 3).

Figura 15 – Sondagem rotativa indicando controle lito-


lógico e presença de deformação dúctil.

Figura 13 –Resultados de RCU por intervalos de valores.

Este comportamento indica que outros


fatores, além da profundidade em relação ao
Figura 16 – Testemunhos de gnaisses do Complexo
topo rochoso / proximidade do manto de in- Embu apresentando rupturas nos planos da foliação.
temperismo, controlam a resistência da rocha
neste trecho do Complexo Embu. Estes fato-
res seriam o controle litológico e a presença
32
Prolongamento da Linha 2 – Verde (Ana ga. Nesta colina há a predominância de se-
Rosa – Vila Prudente) dimentos da Formação São Paulo a partir da
cota 750. Na região do quarteirão da Avenida
Segundo Clemente et al. (2004), o primeiro Gentil de Moura e Dona Leopoldina é obser-
trecho da Linha 2 – Verde foi inicialmente vado um vale onde as investigações do Metrô
implantado entre as estações Ana Rosa e Clí- de São Paulo chegaram a registrar um corpo
nicas no início da década de 90. aluvionar de até 15 metros de espessura.
O traçado seguinte partiu do poço Car- O traçado da Linha 2 continua percorren-
los Petit (próximo à Estação Ana Rosa), do a Avenida Gentil de Moura, agora nos se-
já existente desde 1990, em argila siltosa dimentos da Formação Resende cobertos por
porosa vermelha da Formação São Paulo importantes pacotes aluvionares associados
(aproximadamente na cota 810), de excelentes aos córregos Moinho Velho, da Móoca e ao
características geotécnicas para a escavação rio Tamanduateí. Neste contexto estão as es-
de túneis (Clemente et al., 2004). Esta uni- tações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente.
dade é aflorante até as proximidades da Rua Na região da Estação Vila Prudente foi
Conde de Irajá, onde a descida gradual do encontrada uma elevação do maciço pré-cam-
relevo condiciona o afloramento de camadas briano, com contato paleógeno/pré-cambriano
intercaladas de argilas arenosas e areias argi- irregular situado entre as cotas 705 e 720.
losas, ambas de coloração variegada, também Martinez et al. (2012) fez a petrografia dessas
associadas à Formação São Paulo. Abaixo da rochas, classificando como granitos orienta-
cota 790, são observadas maiores espessuras dos inequigranulares, de granulação variável
nas camadas de areia que, em razão da maior entre fina e média, compostos por quartzo,
distribuição espacial e maior capacidade plagioclásio (andesina) e biotita, a qual for-
de armazenamento de água subterrânea, nece a orientação da rocha, e mineralogia
necessitam de sistemas de rebaixamento de acessória formada por muscovita, apatita,
água mais efetivos. Neste contexto está inse- monazita e por vezes granada. As relações
rida a Estação Chácara Klabin. texturais observadas nas amostras menos de-
Entre a cota 755 e 760 há a passagem, não formadas permitem inferir que a ordem de
muito nítida, da Formação São Paulo para a cristalização é biotita, plagioclásio, feldspato
Formação Resende. Em superfície representa potássico e quartzo. Isso foi estabelecido pe-
a região do poço Sepaco. Nesta região a For- las relações de inclusões e fases intersticiais.
mação Resende é constituída por argila siltosa A orientação observada na rocha se deu por
cinza e areia siltosa pouco argilosa amarela. deformação tectônica e não por fluxo magmá-
Estas argilas são ótimos materiais para a es- tico, haja vista o desenvolvimento de foliação,
cavação de túneis (Clemente et al., 2004) e com recristalização de quartzo, de feldspatos
possuem elevado SPT (Silva et al. 2008a). As e orientação da biotita (Martinez et al., 2012).
areias apresentam baixíssima coesão e eleva- A espessura de solo residual varia entre
da permeabilidade com boa capacidade de ar- 1 metro (Rua Itamambuca) a superior a 13
mazenamento de água subterrânea (Clemente metros no encontro das ruas Ettore Ximenes
et al., 2004). e Cavour.
O traçado permanece nos sedimentos da
Formação Resende até a chegada da Estação
Santos-Imigrantes (Avenida Dr. Ricardo Ja- Extensão da Linha 5 – Lilás (Largo 13 –
fet), onde os aluviões quaternários do vale Chácara Klabin)
do córrego do Ipiranga estão sobrepostos aos
sedimentos paleógenos (Silva et al. 2008b). A Linha 5 – Lilás do Metrô de São Paulo,
A unidade aluvionar é constituída por argi- atualmente em obras, tem o seu traçado em
la orgânica mole e areia siltosa fofa; neste orientação NE-SW e interliga a região de
trecho o traçado se desenvolve em elevado Santo Amaro às proximidades do bairro da
(Clemente et al., 2004). O corpo aluvionar da Vila Mariana (Figura 17).
Avenida Dr. Ricardo Jafet, nesta região, pode Trata-se de uma Linha de extrema impor-
chegar até 8 m de espessura. tância para a região sul-sudoeste da cidade
A partir da Estação Santos-Imigrantes o de São Paulo, interligando hospitais, escolas
traçado intercepta a colina do alto da Rua e importantes áreas comerciais.
Vergueiro, chegando a cotas superiores a 780 O Projeto Básico foi desenvolvido entre
metros, onde está a Estação Alto do Ipiran- 2009 - 2010 e contou com a realização de

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34
Figura 17 – Seção geológica esquemática ao longo da Linha 5 – Lilás (Largo 13 – Chácara Klabin).
500 sondagens, totalizando 17250 metros de ção com sedimentos quaternários apenas nas
perfuração. Foram instalados piezômetros e escavações das estações Hospital São Paulo,
executados ensaios de caracterização em so- Santa Cruz e Chácara Klabin e nos poços de
los (granulometria, massa específica de grãos ventilação e saída de emergência).
e limites de Atterberg), ensaios geotécnicos Segundo Silva et al. (2011), os sedimen-
laboratoriais em solos e rochas (compressão tos quaternários presentes no traçado são ma-
uniaxial, compressão diametral, adensamen- teriais de baixa qualidade geotécnica para a
to edométrico, compactação Proctor, análise construção de túneis em razão de sua baixa
petrográfica e abrasividade CERCHAR) e coesão e elevada permeabilidade.
ensaios geotécnicos “in-situ” (dilatométri- Estes sedimentos ocorrem acompanhan-
cos, pressiométricos, Vane-Test, CPTu e te- do as drenagens e fundos de vales nas ave-
levisamento de sondagens). nidas Vicente Rao, Roberto Marinho (ante-
A execução da campanha de investigação riormente conhecida como Água Espraiada),
geológico-geotécnica permitiu a definição do dos Bandeirantes, República do Líbano e na
contexto geológico da Linha 5. Silva et al. Rua Emboaçu, com espessuras máximas em
(2011) menciona que o traçado se desenvol- torno de 9 metros. Com relação aos sedimen-
ve em três unidades geológicas diferentes, tos paleógenos, a Formação São Paulo ocorre
além dos depósitos de aterros: sob a presença de camadas de argila areno-
sa e areia argilosa com boas características
–– Sedimentos aluvionares quaternários, geotécnicas. Estas camadas ocorrem com es-
compostos por argila orgânica mole e pessuras de até 20 metros entre a região do
areia siltosa inconsolidada; Hospital do Servidor e o bairro da Chácara
–– Sedimentos paleógenos da Bacia de São Klabin. A Formação Resende foi observada
Paulo, constituídos pela Formação Resen- sob a ocorrência de camadas de argila siltosa
de, geralmente encontrada abaixo da cota dura e areia siltosa. As argilas são plásticas e
750) e pela Formação São Paulo (acima da de excelentes características geotécnicas, en-
cota 750); tretanto as areias são pouco coesivas e muito
–– Maciço pré-cambriano de rocha gnáissi- saturadas. A Formação Resende é observada
co-granítica de zonas de movimentação ao longo de todo o traçado, tendo sua ocor-
tectônica, com intercalação de veios de rência mais próxima da superfície entre as
pegmatitos, variando de são a alterado estações Borba Gato e AACD-Servidor.
em diferentes graus de alteração, com a As rochas do Complexo Embu ocorrem
formação de solos residuais compostos na seção de escavação entre o poço de ven-
por silte argilo-arenoso. tilação Roque Petrella (nas proximidades da
Avenida Morumbi) e o poço Bandeirantes
Geologicamente, pode-se afirmar que a (Figura 18). É significativa a interação da
Linha 5 se divide em dois trechos distintos: o escavação com o maciço rochoso nas esta-
trecho mais a sudoeste, entre a Estação Largo ções Borba Gato e Campo Belo. O traçado
13 e o poço Bandeirantes, que se desenvolve da Linha 5, entre a Estação Largo 13 e o poço
em cotas mais baixas com ampla ocorrência Bandeirante tem parte significativa do seu
de maciço de rochas e solos pré-cambrianos, desenvolvimento na zona de interação rocha
capeados pelos sedimentos paleógenos e alterada/solo de alteração, o que confere ao
quaternários. traçado a passagem por área de topo rocho-
A partir do poço Bandeirantes o traça- so bastante irregular. Amostras de rochas
do se desenvolve em elevação topográfica do embasamento associado ao Complexo
gradual interagindo exclusivamente com os Embu foram analisadas petrograficamente.
sedimentos da Formação Resende até a Es- Os resultados apontaram para a distribuição
tação AACD Servidor (pequenas ocorrên- mineralógica composta essencialmente por
cias da Formação São Paulo terão interação quartzo (entre 20 e 30%), feldspatos (entre
com a escavação das estações Eucaliptos, 40 e 60%) e filossilicatos (até 30% em áreas
Moema e AACD-Servidor e dos poços de com foliação gnáissica mais proeminente).
ventilação e saída de emergência). Da esta- Também foram apontados granada e mine-
ção AACD-Servidor em diante, até o final rais opacos, tendo apatita, zircão e monazi-
do traçado, há interação exclusiva com os ta como acessórios (Monteiro et al., 2012a).
sedimentos da Formação São Paulo (intera- Segundo Silva et al. (2011), os solos de alte-

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ração ocorrem nas proximidades da Estação obtenção de informações nos trechos entre son-
Largo 13, mergulhando abaixo da geratriz in- dagens, que não puderam ser investigados.
ferior dos túneis até a Estação Adolfo Pinhei- Com a campanha de sondagens foi pos-
ro, reaparecendo na região da Estação Borba sível identificar as principais unidades aquí-
Gato e na geratriz superior do túnel entre os feras, que foram detalhadas com a instalação
poços Roque Petrella e Bandeirantes. de piezômetros. Nas porções de ocorrência de
solos residuais e sedimentos foram coletadas
amostras para caracterização granulométrica,
determinação de índices físicos e dos limites de
plasticidade e apreciação petrográfica por lupa.
O trecho em rocha foi amostrado para en-
saios de resistência, abrasividade e petrografia
microscópica. Também foram realizados en-
saios in-situ, tais como ensaio de perda d’água
sob pressão e televisamento de sondagem.
Ao longo do traçado as diferenças de ele-
vação do terreno são marcantes, variando de
cerca de 840 metros no trecho inicial do traça-
do, nas imediações da Pedreira Morro Grande,
até cerca de 720 metros ao longo das planícies
Figura 18 – Amostra de rocha gnáissica do Complexo de inundação do Rio Tietê (CMSP, 2010 e
Embu na região do cruzamento entre as avenidas Santo Nery Filho et al., 2011).
Amaro e Jornalista Roberto Marinho – Linha 5.
O traçado se desenvolve em três unidades
geológicas diferentes, além dos depósitos de
Linha 6 – Laranja (Brasilândia – São Joa- aterros:
quim)
–– Sedimentos aluvionares quaternários,
A Linha 6 – Laranja do Metrô de São Pau- compostos por argila orgânica mole e
lo interligará a região da Vila Brasilândia, areia siltosa inconsolidada;
na zona norte de São Paulo, com o centro –– Sedimentos paleógenos da Bacia de São
da cidade, na estação São Joaquim da Linha Paulo, constituídos pela Formação Resen-
1 – Azul no bairro da Liberdade e contribui- de, geralmente encontrada abaixo da cota
rá com uma expansão de aproximadamente 740) e pela Formação São Paulo (acima da
15500 metros no sistema atual, com 14 no- cota 740);
vas estações, 1 pátio para estacionamento e –– Maciço pré-cambriano de rocha graníti-
manutenção de trens, 3 estacionamentos para ca associado ao Granito Cantareira, com
trens e veículos de serviços ao longo da linha a formação de solos residuais compostos
além de integrações com as Linhas 1 – Azul por silte arenoso e maciço gnáissico-
e 4 – Amarela do Metrô e Linha 7 da CPTM granítico de zonas de movimentação tec-
(CMSP, 2010). tônica, associados ao Complexo Embu,
O traçado tem orientação NW-SE e aten- com a formação de solos residuais com-
de às regiões norte e noroeste da cidade de postos por silte argilo-arenoso.
São Paulo.
O Projeto Básico foi desenvolvido entre O traçado parte da região da pedreira
2010 e 2011 e a campanha de investigação ge- Morro Grande, bairro da Brasilândia, zona
ológico-geotécnica, apresentada por Monteiro norte de São Paulo, em área situada em tor-
et al. (2012b), contou com a realização de 409 no da cota 830. Até a Marginal do rio Tietê,
sondagens, totalizando 17923 metros. onde ocorre a falha do Taxaquara (que deli-
Após a primeira campanha de sondagens, mita a norte a Bacia de São Paulo), há a in-
foi possível identificar as áreas sujeitas à inte- teração com as rochas do Granito Cantareira
ração com o maciço rochoso do embasamento e seus produtos de alteração, capeados por
onde, para uma melhor definição da conforma- sedimentos quaternários nas principais dre-
ção do topo rochoso, foi aplicada a técnica de nagens (Figura 19). Neste contexto estão as
levantamento geofísico por sísmica de reflexão. regiões da Estrada do Sabão, e das avenidas
Os resultados foram favoráveis e permitiram a Vereador Petrônio Portela, Itaberaba, João

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Paulo I, Santa Marina (trecho a norte da Mar- ceo, com biotita preservada ou pouco al-
ginal Tietê) e Miguel Conejo. terada, eventualmente apresentando cau-
Segundo CMSP (2011), no traçado, o linita. A estrutura da rocha é preservada,
Granito Cantareira ocorre como corpos au- permitindo a sua identificação. Apresen-
tóctones e alóctones, de granulação fina a tam, de maneira geral, coloração cinza,
média, textura porfirítica, com composição branca, verde e marrom clara.
granodiorítica a granítica, tendo como litoti- –– Solo residual jovem: solo de alteração
po predominante biotita granito. composto por silte arenoso e silte argi-
A petrografia realizada por IPT (2010) loso, eventualmente apresentando inser-
aponta ocorrências localizadas de granulação ções de areia siltosa, de granulação fina
grossa, predominante textura hipidiomórfica a grossa, normalmente com pedregulhos
e porfirítica, microfissuramento fraco a mo- alterados, facilmente desagregáveis. Am-
derado com preenchimento de sericita, carbo- plo predomínio de material micáceo, com
nato e epídoto, alteração fraca a moderada, de biotita pouco preservada, normalmente
origem intempérica e hidrotermal, provocan- com caulinita. A estrutura da rocha é pou-
do alteração de plagioclásio para epídoto + co preservada e de difícil identificação, A
sericita e de biotita para clorita. A mineralogia coloração é amarela, cinza, marrom clara
é composta por quartzo (20 – 25%), feldspa- e variegada.
tos (50 – 70%), filossilicatos (até 20%, com –– Solo residual maduro: solo de alteração
ampla predominância de biotita) e minerais composto predominantemente por silte ar-
opacos (até 5%). giloso e silte arenoso, secundariamente por
argila siltosa e arenosa e, eventualmente,
por areia argilo-siltosa. O solo apresenta
ocasionalmente pedregulhos decompos-
tos, pouco micáceos e com pouco caulim.
A estrutura da rocha não está preservada.
A coloração é vermelha, marrom averme-
lhada, com tons de laranja e amarelo, além
de cinza e variegada.

Ao longo deste trecho, a espessura média


de solo residual é de 25 a 30 metros. As me-
nores espessuras são encontradas na região da
Estação Freguesia do Ó (inferior a 10 metros).
As maiores espessuras são encontradas no tre-
Figura 19 – Amostra de rocha do Granito Cantareira na cho entre o poço Roca Sales e o pátio Mor-
região do bairro da Brasilândia – Linha 6. ro Grande (até 45 metros de espessura), nas
imediações da Rua Domingos Vega, bairro da
CMSP (2011) menciona a existência pon- Brasilândia, e na região do poço Saldanha de
tual de zonas de cisalhamento de natureza rú- Oliveira (ao menos 50 metros de espessura
ptil/dúctil, com foliação milonítica marcante. sem interceptação do topo rochoso).
Entre a pedreira Morro Grande e a Estação Na região da Marginal do rio Tietê, onde
João Paulo I é observado um espesso manto ocorre a falha do Taxaquara, as rochas do em-
de alteração do Granito Cantareira consistin- basamento apresentam forte orientação e inten-
do, da base para o topo do perfil pedológico, so fraturamento. É significativa a contribuição
como os níveis de saprolito, solo residual de eventos geológicos que provocam a entrada
jovem e solo residual maduro (solo eluvial), de fluidos hidrotermais junto aos sedimentos
cujas descrições são dadas a seguir: da Formação Resende e aos solos residuais do
Granito Cantareira.
–– Saprolito: perfil de interação solo/rocha Uma amostra deste fluido cristalizado,
muito decomposta, friável, formado por próximo ao contato entre o embasamento e os
silte arenoso, eventualmente argiloso e sedimentos paleógenos foi analisada petrogra-
areia siltosa de granulação fina a gros- ficamente por IPT (2010). O resultado apontou
sa, com presença de pedregulhos finos a material metamorfisado, de textura granonema-
grossos pouco oxidados. Material sedoso to-lepidoblástica, de granulação fina, composto
ao tato, micáceo a extremamente micá-

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38
Figura 20 – Seção geológica esquemática ao longo da Linha 6 – Laranja (Brasilândia – São Joaquim).
por calcita (45 – 50%), clinoanfibólio (tremo- 740, é pouco espesso (até 8 metros), é silto-ar-
lita-actinolita, 30 – 35%), clorita magnesiana giloso ou arenosa, micáceo, com fragmentos
e minerais opacos. Em quantidade inferior a de rocha, de coloração predominantemente
5% foram observadas sílica microcristalina e cinza, eventualmente cinza-esverdeada ou va-
muscovita. Os clinoanfibólios ocorrem prefe- riegada. A ocorrência de caulinita é raramente
rencialmente nas descontinuidades, que são ora apontada. Os solos residuais jovem e maduro
concordantes, ora discordantes da orientação são bastante espessos, têm composição are-
da rocha, considerada como sã em relação ao nosa e silto-arenosa, coloração acinzentada
grau de alteração. O material foi classificado e, pontualmente, avermelhada. Na junção das
petrograficamente como clorita-tremolita-cal- ruas Manuel Tourinho e Camargo Aranha (co-
cita mármore. lina a leste da Avenida Pacaembu, próximo
Após a falha do Taxaquara, na planície alu- à Praça Charles Miller) a espessura total das
vial do rio Tietê, o traçado percorre exclusiva- unidades relacionadas aos solos residuais é
mente os sedimentos da Formação Resende. superior a 55 metros. Este trecho possui dois
Nesta região há grande predominância de ho- importantes corpos aluvionares, um situado na
rizontes argilosos de excelentes características Praça Charles Miller, com espessura superior
geotécnicas (“taguá”), com ao menos três paco- a 10 metros e outro situado na Rua Itabaquara,
tes arenosos contínuos até a região da Estação com espessura em torno de 5 metros.
Perdizes. Todo este trecho é coberto por um A elevação do maciço de rochas e solos
importante pacote aluvionar, que confere pré-cambrianos é observada até a região do
implicações hidrogeológicas significativas aos cruzamento das ruas Sergipe e Bahia, nas pro-
métodos construtivos dos poços e estações. ximidades da Avenida Angélica. A partir deste
Este trecho é representado pelas avenidas ponto a seção geológica do traçado percorre
Santa Marina (trecho a sul da Marginal Tietê) exclusivamente os sedimentos da Formação
e Venâncio Aires, passando por cruzamentos Resende (abaixo da cota 740) e da Formação
importantes como a Marques de São Vicente, São Paulo (acima da cota 740), passando pe-
Rua Guaicurus e Avenida Pompéia, até o vale los altos topográficos dos bairros de Higienó-
da Avenida Sumaré. O perfil geológico esque- polis e Bela Vista, até chegar à região entre a
mático é apresentado pela Figura 20. Avenida 23 de Maio e a Rua Vergueiro, onde
Após o vale da Avenida Sumaré, o tra- está a Estação São Joaquim da Linha 1 – Azul.
çado tem nova interação com o maciço pré- Na região do viaduto Pedroso, bairro da Li-
-cambriano, porém associado aos gnaisses berdade, foram identificados horizontes limo-
do Complexo Embu. A ocorrência de rocha níticos de 0,5 a 1 metro de espessura, situados
gnáissica é muito localizada e restrita ao entre 22 e 24,5 metros de profundidade (cotas
poço João Ramalho (região do cruzamento 753 – 750,5), que necessitaram de equipamento
entre as ruas João Ramalho e Franco da Ro- de perfuração rotativa para a sua transposição;
cha) e à área próxima ao estádio do Pacaem- este correspondem aos horizontes ferruginosos
bu (região entre as ruas Itápolis e Itatiara), sub-superficiais de Sígolo & Ohnuma (1996),
com o topo rochoso irregular ocorrendo entre cuja origem está relacionada à lixiviação dos se-
as cotas 730 e 740. Na região da Rua Itápolis, dimentos sotopostos por meio da remobilização
o topo rochoso é irregular, partindo da cota dos hidróxidos de ferro e alumínio e de sílica.
725, chegando até a cota 733; no poço Itápo-
lis o topo rochoso não foi interceptado. A ro-
cha observada é classificada por IPT (2010) Abrasividade das rochas do embasamento
como biotita gnaisse milonítico, de textura No contexto dos principais condicionantes
granolepidoblástica a granoblástica, de gra- de riscos geológicos associados aos custos e
nulação fina a grossa e mineralogia compos- prazos de execução para obras de escavação
ta por quartzo (23 – 28%), feldspatos (44 subterrânea em rochas, destaca-se o estudo
– 57%), filossilicatos (14 – 20%) e minerais da abrasividade e de seus parâmetros corre-
opacos (< 5%). O microfissuramento é mo- lacionados.
derado a intenso, preenchido por hidróxidos A abrasividade é uma propriedade direta-
de ferro; o grau de alteração é fraco a mode- mente associada às características das rochas
rado e predominantemente intempérico, com (mineralogia, textura, estruturação, alteração,
a passagem de plagioclásio para sericita. entre outros) e insere-se no contexto do estudo
Com relação aos solos residuais, o sapro- das rochas de dureza extremamente elevada,
lito, presente principalmente abaixo da cota
39
onde a não utilização de ferramentas ade- mais detalhados sobre a abrasividade des-
quadas para a sua definição pode dificultar a tas rochas. Os primeiros estudos abordaram
identificação, no modelo geomecânico con- exclusivamente o ensaio de abrasividade
ceitual, das rochas que podem oferecer grande CERCHAR (CAI) e o teor de quartzo-equi-
resistência às ferramentas de corte, levando valente obtido por meio da petrografia. Os re-
ao aumento do consumo destas durante a obra sultados obtidos para o índice de abrasividade
(Monteiro et al., 2012a). CERCHAR são apresentados na Tabela 1.
No processo de expansão de sua malha me- Com base nas análises realizadas, as amos-
troviária, o Metrô de São Paulo passou a ter a in- tras de granitos pertencentes à unidade de
teração de seus projetos e obras com o embasa- granitóides intrusivos existente na zona norte
mento da Bacia Sedimentar de São Paulo e áreas de São Paulo, na área do traçado da Linha 6,
adjacentes. Os projetos das Linhas 4 – Amarela, são classificadas como extremamente abrasi-
5 – Lilás e 6 – Laranja abordam a escavação dos vas por apresentarem valores de CAI, em sua
maciços rochosos pertencentes ao Complexo maioria, acima de 4,0. As rochas gnáissicas do
Embu e às suítes de granitóides intrusivos. Nos Complexo Embu obtidas na Linha 6 (região
traçados destas linhas são observados, predomi- do Pacaembu), na Linha 5 (trecho entre a Es-
nantemente, granitos e gnaisses com caracterís- tação Borba Gato e a Avenida dos Bandeiran-
ticas específicas para cada unidade. tes) e na Linha 4 (trecho entre a Estação Faria
Com o objetivo de subsidiar o desenvol- Lima e a Estação Butantã) são classificadas,
vimento de seus projetos, a área de geotec- em sua maioria, como muito abrasivas. Des-
nia do Metrô de São Paulo realiza estudos ta forma, a partir do ensaio CERCHAR, as

Tabela 1 – Valores de abrasividade obtidos em amostras de rochas das Linhas 4, 5 e 6.

Litotipo Amostra CERCHAR Classificação


Granito Linha 6 6115 4,3 Extremamente abrasiva
Granito Linha 6 6116 3,3 Muito abrasiva
Granito Linha 6 6141 4,7 Extremamente abrasiva
Granito Linha 6 6173 4,6 Extremamente abrasiva
Granito Linha 6 6175-A 4,9 Extremamente abrasiva
Granito Linha 6 6189-A 4,2 Extremamente abrasiva
Granito Linha 6 6189-B 4,3 Extremamente abrasiva
Gnaisse Linha 6 6284-A 2,9 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 6 6284-B 3,0 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 6 6284-C 3,4 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 5 5207-A 1,7 Abrasividade média
Gnaisse Linha 5 5207-B 3,7 Muito abrasiva
Litotipo Amostra CERCHAR Classificação
Gnaisse Linha 5 5218-A 1,7 Abrasividade média
Gnaisse Linha 5 5671 3,6 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 5 5673 5,1 Extremamente abrasiva
Gnaisse Linha 5 5690 3,2 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 5 5595-B 1,0 Abrasividade média
Gnaisse Linha 5 5249 1,3 Abrasividade média
Gnaisse Linha 4 S2 A,B 2,3 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 4 S8 A,B 3,5 Muito abrasiva
Gnaisse Linha 4 S14 A,B 3,5 Muito abrasiva
Veio de Quartzo Linha 5 5595B 5,0 Extremamente abrasiva

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amostras de granitóides são mais abrasivas do AGRADECIMENTOS
que as amostras de gnaisses.
Os valores de CAI obtidos sugerem que, Os autores manifestam seus agradecimen-
para os gnaisses do Complexo Embu, a vida tos ao geólogo Prof. Dr. Cláudio Riccomini
útil de ferramentas de corte é quase o dobro do (IGc-USP) pela contribuição na parte rela-
tempo obtido para os granitóides. Quanto ao cionada à Bacia de São Paulo, ao engenheiro
conteúdo de quartzo-equivalente, os gnaisses e Francisco Carlos Pelegate Dias (Metrô-SP)
os granitóides apresentam valores muito próxi- pelo apoio nas figuras e no tratamento da base
mos (Monteiro et al., 2011). SIG, à geóloga Fabrícia Massoni (Metrô-SP)
Em trabalhos de referência realizados no pelas discussões, ao Consórcio Monotrilho
continente europeu é bastante difundida a Integração pelo fornecimento de dados, à
correlação entre CERCHAR e quartzo-equi- equipe da Núcleo de Projetos e Consultoria
valente, entretanto, nos estudos do Metrô de pelo apoio e discussões e à Companhia do
São Paulo não foi encontrada correlação ou Metropolitano de São Paulo pelo incentivo,
dependência entre os parâmetros CERCHAR apoio e fornecimento de dados para a elabo-
e quartzo-equivalente para as amostras das ração deste artigo.
Linhas 4, 5 e 6, ou seja, as amostras com
maiores conteúdo de quartzo-equivalente
não necessariamente apresentam maiores va-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
lores de CERCHAR, desta forma conclui-se
que o quartzo-equivalente não é o único fator
que influencia a abrasividade, assim sendo, Almeida, F.F.M. (1983) “Relações tectônicas das
rochas alcalinas mesozóicas da região meri-
fatores como a estruturação da rocha, granu- dional da plataforma sul-americana.” Revista
lometria, orientação do eixo “c” cristalográ- Brasileira de Geociências, 13:139-158.
fico, conformação da superfície de ensaio e, Almeida, F.F.M. & Ribeiro, A.C.O.. (1998) “A
principalmente, o grau de alteração da amos- Terra em transformação.” In: Oliveira, A.M.S.
tra podem ter peso significativo (Figura 21). & Brito, S.N.A. (Eds). Geologia de Engenha-
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