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UM ENSAIO EXPERIMENTAL DE SÍSMICA DE REFRAÇÃO E A RELAÇÃO COM O

QUADRO ESTRATIGRÁFICO LOCAL NA LOCALIDADE DE PORTO DO CÉU,


MUNICÍPIO DE SANTANA, AP.

Roberto de J. Vega Sacasa1; Marcelo de Oliveira1; Flávio A. França Souto1; José M. Luz do Rosário1; Jesus
Berrocal2; Célia Fernandes2; Luiz Galhardo2; Frederico Melo3; Helyelson Moura4

1 Divisão de Geologia e Recursos Hídricos (DGRH)/IEPA


2 Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG)/Universidade de São Paulo USP
3 Observatório Sismológico (SIS)/Universidade de Brasília UNB
4 Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Depto. de Física

RESUMO
Este trabalho apresenta uma breve explanação sobre um ensaio de sísmica de refração executado na localidade de Porto do Céu ,
Município de Santana, Estado do Amapá- Brasil, produto do esforço institucional quase que casual entre o IEPA/DGRH,
IAG/USP e OS/UNB no ano de 2004 respectivamente. Através do levantamento de uma linha sísmica de aproximadamente
2000 m de comprimento, foram obtidas informações inéditas sobre composição inferida e espessura sedimentar de até
aproximadamente 300 m. Mesmo que sejam resultados preliminares, este trabalho oferece uma estimativa da estratigrafia local
caracterizada principalmente pelos tempos de chegada e o comportamento das velocidades de propagação das ondas sísmicas
calculadas dos sismogramas obtidos nos trabalhos de campo.

ABSTRACT
This work presents an brief explanation exhibition of one seismic refraction test carried out at the place of Porto do Céu,
Municipal district of Santana, State of Amapá- Brazil, product of the institutional effort almost that casual among
IEPA/DGRH, IAG/USP, OS/UNB respectively, in the year of 2004. Through the field survey of approximately 2000 m length
seismic line, were obtained unpublished information about inferred composition and sedimentary thickness of until
approximately 300 m. Even though results are preliminary, this study provides an estimate of the local stratigraphy characterized
by arrival times and behavior of propagation speeds of seismic waves measured from seismograms obtained in field work.

RESUMEN
Este trabajo presenta una breve explicación sobre un ensayo de refracción sísmica llevado a cabo en la localidad de Porto do
Céu, Municipio de Santana, Estado do Amapá- Brasil, producto del esfuerzo institucional casi que casual entre el IEPA/DGRH,
IAG/USP y OS/UNB en el año de 2004 respectivamente. Mediante el levantamiento de una línea sísmica de aproximadamente
2000 m de longitud, fueron obtenidas informaciones inéditas sobre composición inferida e espesor sedimentar de hasta
aproximadamente 300 m. Mismo que sean resultados preliminares, este trabajo ofrece una estimativa de la estratigrafía local
caracterizada principalmente por los tiempos de llegada y el comportamiento de las velocidades de propagación de las ondas
sísmicas calculadas de los sismogramas obtenidos en los trabajos de campo.

РЕЗЮМЕ
Тази статия представлява кратък тест по сеизмичeн рефракциoнeн експеримент извършени в Портo дo Cey, град
Сантана, Амапа, cеверната част на Бразилия, продукт на институционални усилия почти случайно между IEPA /
DGRH, IAG/USP e OS/UNB съответно през 2004 година. Чрез сеизмичнa проучвателнa линията на около 2000 m
дължина, бяха получени непубликувани информация за състава и заключи седимент дебелина до около 300 м.
Въпреки, че резултатите са предварителни, това проучване дава оценка на местните стратиграфията характеризира с
вpемeната на пристигане и поведение на скоростта на размножаване на сеизмични вълни, измерена от сеизмoграми
получени в областта работа.

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INTRODUÇÃO

Este trabalho teve como objetivo, obter a primeira resposta inédita de medidas de refração sísmica
no Estado do Amapá, numa área teste localizada na localidade de Porto do Céu (Figura 1), visando obter
informações do arcabouço local, considerando a espessura dos sedimentos, a delimitação e profundidade
de interfaces sísmicas significativas e as possíveis feições e parâmetros sub-superficiais associados com os
sedimentos cenozóicos.

O contraste das propriedades físicas dos materiais foi relacionado diretamente com os tempos de
chegada, a velocidade de propagação das ondas compressionais-P e as litologias do meio geológico.
Definindo um esboço que diferencia um pacote sedimentar de duas camadas com espessura de até 300 m,
separado por uma interface que caracteriza uma última camada com propriedades próximas de rochas de
composição ígnea e/ou metamórfica, em plena associação com o embasamento cristalino. As informações
obtidas a partir deste estudo reforçam as linhas de pesquisa do projeto águas subterrâneas, desenvolvido
pela Divisão de Geologia e Recursos Hídricos (DGRH) do Instituto de Pesquisas Científicas e
Tecnológicas do Estado do Amapá - IEPA.

Este esforço foi materializado através de uma parceria “casual” entre a DGRH/CPZG/IEPA e o
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São
Paulo/Universidade de Brasília, que proporcionou os equipamentos e o desenvolvimento do experimento
na forma de uma linha sísmica de refração com comprimento de aproximadamente 2000 m no ano de
2004.

ASPECTOS GEOLÓGICOS

A grande maioria dos trabalhos geológicos do Estado do Amapá foi desenvolvida pela CPRM
durante a década de 70 até inicio de 80, através dos projetos Norte da Amazônia e Sudoeste do Amapá.
Mais recentemente, a partir de 2000, as informações geológicas das áreas tem sido re-interpretadas pela
CPRM, à luz de levantamentos aerogeofísicos de alta resolução, por intermédio dos projetos RENCA e
GIS Brasil, fatos esse responsáveis pela geração de um quadro de conhecimento mais consolidado (CPRM,
2002).
Em termos regionais, o Estado do Amapá apresenta ambientes geológicos com características
distintas. Verifica-se a presença de complexos metamórficos de médio a alto grau (arqueanos), seqüências
meta-vulcano-sedimentares tipo greenstone belt (paleoproterozóicas), seqüências sedimentares paleozóicas,
seqüências sedimentares meso-cenozóicas (Formações Alter do Chão e Barreiras), além dos sedimentos
aluvionares quarternários (Lima et al. 1991).

Os municípios de Santana e Macapá, em praticamente 85% e 95% de suas áreas respectivamente,


mostram-se representados por sedimentos terciários do Grupo Barreiras e subordinados cordões
aluvionares holocênicos, enquanto que no restante de seu território, ocorrem rochas gnáissico-migmatíticas
e paleoproterozóicas a arqueanas (CPRM, 2002).

A Formação Barreiras é constituída por uma grande variedade de litologias, desde sedimentos
argilosos, siltosos, arenosos até conglomerados. Sua origem está relacionada a sistema de leques aluviais e
planícies fluviais e lacustres. No Amapá, essa formação está restrita a porção oriental do estado, distribuída
numa faixa com direção N-S e largura variável. Especificamente, nas cidades de Macapá e Santana, estes
sedimentos Terciários encontram-se dispostos discordantemente sobre as rochas do Complexo Guianense,
estando por vezes recobertos por sedimentos quaternários (Lima et al. 1991).

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Tendo em vista toda a contribuição sedimentar cenozóica, cabe destacar as linhas de pedra “stone
lines”, como produto dos processos de lateritização acontecidos na Amazônia, as quais fazem parte da
composição sedimentar da área estudada. As linhas de pedra são corpos lenticulares, constituídos de
fragmentos de lateritos em matriz argilo-arenosa e espalhados por toda Amazônia. Estão intimamente
relacionadas com a dissecação do relevo regional durante o Terciário e o Quaternário. As linhas de pedra
são, assim, resultantes da erosão de corpos lateríticos - comuns e aflorantes à época de formação delas -
submetidos inicialmente ao intemperismo químico e seguido de erosão. A deposição dos fragmentos
ocorre junto à área-fonte, na forma de avalanches, escorregamentos, erosão diferencial (eluviação) e
transporte aquoso (Costa, 1991).

Figura 1. Localização aproximada da linha sísmica de refração.

METODOLOGIA

Conceitos teóricos
A energia sísmica nos informa sobre a composição, o conteúdo de fluidos, a extensão e a geometria
das rochas no subsolo. Nossas principais fontes de informação são as ondas de compressão (onda P) e as
ondas de cisalhamento (onda S). Quando se aplica um impulso ao terreno, ocorrem várias formas de
vibração que se propagam de maneira distinta no que se refere à velocidade, polarização da vibração,
atenuação e trajetória. A energia relativa entre essas formas de vibração é função do tipo de fonte, da
geometria e da natureza do terreno (Almeida et al. 1999).

Os métodos sísmicos baseiam-se na emissão de ondas sísmicas artificiais em sub-superfície ou no


mar (geradas por explosivos, ar comprimido, queda de pesos ou vibradores), captadas depois de
percorrerem determinada distância para o interior da crosta terrestre, sendo refletidas e refratadas
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principalmente, nas descontinuidades encontradas no subsolo, retornando posteriormente à superfície
terrestre (Dourado, 2002). O método sísmico abordado no nosso experimento é o de refração (Figura 2),
aqui as ondas sísmicas propagam-se no subsolo e viajam a grandes distâncias, sendo depois captadas por
sensores denominados de sismómetros ou geofones.

Os experimentos de refração sísmica estão baseados nos tempos de chegada (primeiras quebras no
sismograma), das ondas longitudinais (P), provocadas pelo movimento inicial do solo, o qual é gerado por
uma fonte artificial, e registrado pelas estações espalhadas a diferentes distancias na superfície do terreno.
Isto é, os dados obtidos por esta técnica são a representação dos tempos de percurso das ondas versus
distância, então são interpretados em termos das profundidades das interfaces e a velocidade de
propagação dentro de cada camada. Estas velocidades são controladas pela constante física denominada de
parâmetro elástico (p) o qual caracteriza cada material. Pela Lei de Snell, um raio sísmico que deixa a fonte
com um determinado ângulo, mantém o mesmo parâmetro p ao longo de toda a sua trajetória, até chegar
na superfície da terra, depois de ter sofrido sucessivas refrações nas camadas da crosta terrestre.

Figura 2. Propagação de ondas refratadas do tipo “head waves”, representadas como: (a) Snapshot e (b) em
função do tempo vs distancia (GSURS, 2003).

Quando um raio sísmico encontra mudanças abruptas nas propriedades elásticas do meio, como uma
superfície que separa duas camadas de diferentes composições (Figura 2), parte da energia é refletida e
permanece na mesma camada que o raio incidente, a outra parte da energia é refratada dentro da outra
camada, com mudança na direção de propagação do raio incidente (Berrocal & Fernandes 2004).

Alem disso, as ondas refratadas que se movimentam através de uma interface na sub-superfície,
geram um tipo de onda criticamente refratada denominada de “head wave” as quais são ondas elásticas que
se propagam no meio de alta velocidade quase paralelas à superfície de refração antes de voltar à superfície
da Terra (GSURS, 2003). Na figura 2, é mostrada para melhor entendimento, a propagação das ondas:
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direta, refletidas, refratadas (transmitidas) e refratadas com ângulo de incidência crítico ou head waves, com
seus respectivos gráficos caraterísticos de cada evento sísmico.

Portanto, o objetivo em pesquisas de refração é medir a chegada das ondas “head wave” como função
da distância da fonte-receptor, de forma que possa ser determinada a profundidade para o refrator no qual
as ondas se propagaram. Neste caso, a onda refratada se propaga na superfície de separação dos dois (2)
meios com velocidade diferente, mantendo sempre a relação de que a camada inferior tem que ser maior
que a superior ou (V1<V2). Para incidências maiores que o ângulo crítico, não há refração, ocorrendo o
fenômeno de reflexão total (GSURS, 2003).

A capacidade de resolução do método sísmico de refração está sujeito a vários fatores tais como o
conteúdo de freqüências do pulso sísmico e os parâmetros de aquisição. Portanto, um dos fatores que afeta
a capacidade de penetração do método, é a absorção, que representa a transformação em calor de parte da
energia carregada pela onda sísmica, na medida em que esta se propaga pelos diferentes materiais que
formam as camadas geológicas. Isto tende a gerar um decaimento exponencial da amplitude da onda ao
longo de sua trajetória de propagação (Sheriff & Geldart, 1982).

No ensaio de refração sísmica, após a ativação das fontes, são obtidas as retas correspondentes das
ondas diretas e refratadas, os pontos de detecção das ondas sísmicas (eixo horizontal) e os tempos de
chegada nos sismómetros (eixo vertical). As velocidades das camadas são determinadas invertendo o valor
de inclinação das retas denominado de coeficiente angular. A inclinação é calculada pela tangente do ângulo
que a reta faz com o eixo horizontal, i.é (1/vi = tang θi), mantendo sempre a relação Vn+1 > Vn.

Aquisição e Processamento

Nesta etapa foram seguidos todos os procedimentos necessários para realizar o levantamento
completo da linha sísmica, conforme orientação e execução da equipe do IAG/USP.

A linha sísmica foi levantada numa área afastada da cidade para evitar qualquer tipo de dano
eventual que pudesse ser provocado pelas explosões das fontes utilizadas em ambas às extremidades.
Foram feitas duas sondagens com trado mecânico até a profundidade de 10 m (Figura 3). A descrição
litológica do furo de sondagem, de cima para baixo está caracterizada por uma camada fina de solo
superficial (terra preta) com 0,30 a 0,50 m de espessura.

Figura 3. Execução dos trabalhos de perfuração para a colocação das cargas explosivas das fontes e o perfil
litológico representativo.

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Depois se tem uma camada argilo-siltosa de coloração amarela mais espessa com um pouco mais de 2,0 m.
Posteriormente segue-se um estrato fino de linhas de pedra com aproximadamente 0,30 m. Após este leve
intervalo, tem-se uma camada de 7,5 m de composição argilosa, mosqueada (Figura 3). Esta profundidade
de 10 m foi estabelecida para evitar o contato com o nível de água freático, já que os explosivos utilizados
são susceptíveis à água o que limitaria a sua aplicação. A quantidade de explosivo em cada furo foi de 50
kg. As estações sismográficas utilizadas foram 12, colocadas em espaçamentos de aproximadamente 180m
ao longo dos 2 km de comprimento do perfil.

Cada estação é composta de uma unidade de registro (sismógrafo) com antena de GPS, um
sismômetro e uma fonte de alimentação (bateria de 12 V). Foram utilizados dois tipos de registradores:
para os pontos 1, 8 e 12 – do tipo ORION (Figura 4a), e nos outros pontos (2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10 e 11)
foram usados sismógrafos REFTEK com arranjos de antenas para transmissão por telemetria (Figura 4b).

O levantamento sísmico de refração foi executado com equipamento que geralmente é usado para
estudos crustais profundos. No caso dos sismógrafos, foi ativado apenas um canal dos 3 disponíveis, os
quais na maioria dos casos, são utilizados na sismologia para obter os sismogramas das componentes
vertical(Z), Norte-Sul (N-S) e Leste-Oeste (E-W) respectivamente. Na figura 5 é ilustrado um exemplo de
registro sísmico semelhante aos dos nossos dados. Observam-se as primeiras quebras das ondas P e S
respectivamente bem definidas através das mudanças de fase e amplitude.

Os sismômetros utilizados para cada estação foram do tipo que registra a componente vertical (Z),
de período curto (Figura 4c). Este arranjo permite registrar com muita capacidade, profundidades
compatíveis com a potência da fonte. Cabe destacar, que estes equipamentos são utilizados também para
pesquisas de refração profunda e em estudos de sismicidade induzida geralmente associada com barragens
de usinas hidrelétricas e de grandes detonações com fontes explosivas em pedreiras e/ou minas a céu
aberto.

(a) (b) (c)

Figura 4. Equipamento sísmico utilizado (a) ORION, (b) REFTEK e (c) Sismómetro.

Os dados do experimento de refração foram inicialmente extraídos e selecionados das memórias


(HD) dos registradores, posteriormente foram transformados para o formato SAC (Seismic Analysis Code)
para serem processados em ambiente LINUX e UNIX.

Todas as informações de cada sismograma foram tratadas com o pacote (SAC), ou seja, a leitura,
edição e identificação das primeiras quebras das ondas P, que são importantes para definir os tempos de
chegada em todas as estações.

O pacote SAC2000 (Seismic Analysis Code) é um programa interativo projetado para o estudo de
sinais seqüenciais, especialmente dados de séries temporais. O pacote tem ferramentas de análise usadas
pelos sismólogos para o estudo detalhado de eventos sísmicos. Com capacidade de análise que incluem
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operações aritméticas gerais, transformadas de Fourier, técnicas de estimação espectral, filtragem IIR e
FIR, empilhamento de sinais, interpolação, correlação e escolha (picking) das fases sísmicas com uma
capacidade de gráficos extensa. O SAC2000 é dividido em módulos funcionais, cada módulo funcional
executa um grupo relacionado de tarefas. Como tal, é usado para análises preliminares rápidas, para
processamento de rotina, para testar novas técnicas, para pesquisa detalhada, e para criar gráficos de
qualidade.

Figura 5. Sismograma mostrando as primeiras chegadas das ondas P e S (SAC2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Teve-se certa dificuldade de registro em algumas estações. Mais foi possível complementar com as
duas tentativas realizadas no experimento de refração. Onde estavam faltando dados do primeiro ensaio,
foram abrangidos com as leituras obtidas do segundo tiro. Após ter identificado os tempos de chegada das
ondas P, isto é, as primeiras quebras observadas nos sismogramas a exemplo da figura 5, com as
respectivas distâncias das estações, foram construídos os gráficos correspondentes às dromocrônicas para o
tiro direto e reverso respectivamente (Figura 6). Os quais fazem parte da interpretação qualitativa.

Foram feitos os primeiros cálculos para ter uma interpretação preliminar do modelo que caracteriza a
nossa área de estudo, com a identificação das camadas com variações de espessura, mergulhos suaves e
velocidades crescentes com a profundidade. Portanto, considerando esta situação, os cálculos dos
parâmetros do nosso modelo foram realizados segundo Sheriff & Geldart (1982).

Através das informações sísmicas de refração foram definidas 3 camadas com dois interfaces bem
definidas pelas variações da velocidade de propagação das ondas sísmicas (Vp). Estas velocidades médias
aumentaram significativamente em relação à profundidade na razão de 1000 m/s, 1780 m/s e 6160 m/s,
com espessuras de aproximadamente 13 m e 300 m. Estes valores estão associados com sedimentos
inconsolidados a mais compactados. Na última camada o contraste de velocidade é bem significativo, na
faixa acima de 6000m/s, indicando uma clara identificação de material rochoso, possivelmente associado
ao embasamento cristalino.

Tem que se destacar que velocidades sísmicas acima de 6000 m/s estão relacionadas a rochas de
composição ígnea ou metamórfica. Portanto, é feita esta associação com o embasamento. Os valores
correspondentes de velocidades das ondas P em relação ao material litológico foram relacionados
conforme Burger (1982). Pelos cálculos efetuados, as duas interfaces têm mergulhos suaves, em direção ao
ponto de tiro 1, isto é, em direção ao continente, acompanhando a porção mais espessa da camada
correspondente.
7
700

600

500

400

300

200 TIRO DIRETO


TIRO REVERSO
100
TIRO DIRETO TEÓRICO
TIRO REVERSO TEÓRICO

0
(a) 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

Distância (m)

(b)

Figura 6. Interpretação qualitativa da linha sísmica de refração através das dromocrônicas


correspondentes aos tiros direto e reverso (a) e a correspondente associação com os materiais da
sub-superfície (b).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise destas informações expressa uma relação plausível entre as informações sísmicas e a
estratigrafia da área estudada. Fica evidenciado a espessura razoável dos sedimentos com características de
composição inconsolidada nos níveis superiores a compacta na parte mais inferior, separados por uma
interface subsuperficial, com altíssimo contraste de velocidade, indicando uma natureza típica de rocha sã.
Os sedimentos são mais espessos em direção ao continente (ponto de tiro 1) em comparação ao outro
extremo em direção ao rio (ponto de tiro 2).
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Desde o ponto de vista hidrogeológico, ao se identificar a espessura dos estratos, e a profundidade do
embasamento, pode-se deduzir a possibilidade de delimitar zonas favoráveis para a locação de aqüíferos
bons. A integração com outros métodos, como o de eletroresistividade e polarização induzida, poderão
auxiliar, para detalhar melhor pelo menos, até um quarto ou a metade da espessura desse pacote razoável
de 300 m.

AGRADECIMENTOS

A toda equipe envolvida neste trabalho representada pelo pessoal do IAG/USP através dos
professores Dr. Jesus Berrocal e MSc. Célia Fernandes, os técnicos responsáveis pelas instalações e
funcionamento dos equipamentos engenheiros Luiz Galhardo (IAG/USP), e Frederico Melo da UNB-
Brasília, o pessoal da DGRH/CPZG/IEPA, Marcelo de Oliveira, Roberto Sacasa, José Maria do Rosário,
Flávio Souto, a colaboração do prof. Helyelson Moura da Unifap, Daniel Quintas da SEICOM, e também
dos auxiliares de pesquisa “Chico” e “Cabal”.

REFERÊNCIAS

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Geofísica: Curso de Extensão Conceitos Básicos de Sismologia Depto. de Geofísica IAG-USP.

Burger, 1992. Exploration Geophysics of the Shallow Subsurface (on reserve at Mason Library). GEOL
315: (Environmental Geology Seismic Refraction Laboratory) http://nhgs.org/Course/.

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