Você está na página 1de 64

Capítulo 1 –

Tema III Capítulo 2 –


Métodos para Vulcanologia
o estudo do
interior da
Geosfera

Capítulo 3 – Capítulo 4 –
Sismologia Estrutura
interna da
Geosfera
Açores – Porquê um “laboratório” de Ciências da
Terra?

Quais são os principais métodos Como se caracteriza o vulcanismo açoriano? Quais são os contributos da
para o estudo do interior da sismologia para a compreensão da
Geosfera? Qual é a importância do vulcanismo para o estrutura da geosfera?
conhecimento da estrutura da Geosfera?
Qual é a importância dos Açores Quais são as principais causas e
enquanto laboratório natural Quais são os principais tipos eruptivos e consequências dos sismos?
para o estudo da estrutura da quais os impactes que provocam?
Geosfera? Que medidas implementar para
Como minimizar os impactes do minimizar os impactes dos sismos?
vulcanismo?
Capítulo 1 –
Métodos para Capítulo 3 –
Capítulo 2 –
o estudo do Sismologia
Vulcanologia
interior da
Geosfera

Importantes
para
compreender

Quais são os principais modelos do Capítulo 4 –


interior da Terra? Estrutura
interna da
Em que medida os modelos actuais Geosfera
permitem perspectivar a dinâmica da
Geosfera?
Qual a importância dos Açores para os estudos
da Geologia?

Quadro tectónico complexo

Dificuldade em definir os limites entre as placas tectónicas

O magmatismo e a sismicidade podem dever-se a diversos


fenómenos, associados ao rifte e a um sistema complexo de falhas
Açores - um “laboratório” de Ciências da Terra?
As ilhas vulcânicas do arquipélago açoriano situam-se num
enquadramento tectónico muito particular – a Junção Tripla dos Açores

* A geodinâmica
associada ao
arquipélago dos
Açores está
condicionada pela
junção tripla entre as
placas litosféricas
Norte-americana,
Euroasiática e
Africana.
→ É uma junção em forma de T
→O Rifte da Terceira, uma zona de expansão oceânica perpendicular à
Dorsal Médio-Oceânica, passa pela ilha Graciosa, pela ilha Terceira e pela
parte ocidental da ilha de São Miguel.
→ O Rifte da Terceira faz parte de um limite tectónico mais amplo -
a fronteira entre as placas Euroasiática e Africana - designado
Falha Açores-Gibraltar.
→ O limite entre estas duas placas é complexo.
→ Por sua vez, a Dorsal Médio-Atlântica é cortada por diversas
falhas ativas.
Conclusões:

Dado o seu enquadramento geotectónico, a


região dos Açores apresenta importante
atividade vulcânica e sísmica, bem
documentadas desde o povoamento destas
ilhas, a partir de meados do século XV.
Atividade eruptiva nos Açores
O contexto geológico dos Açores

Os Açores situam-se num quadro tectónico original,


que confere a essas ilhas uma geodinâmica muito
ativa, nomeadamente no que se refere ao
vulcanismo e à sismicidade. Não parece haver uma
estrutura tectónica única e bem definida entre a
placa Euro-asiática e a placa Africana na região dos
Açores, mas antes uma larga faixa de acomodação
das tensões entre estas duas placas.
A Figura (A e B) representa, respectivamente, a
localização do plateau (plataforma) dos Açores e as
principais características tectónicas da região.
→ Os geólogos consideram que o vulcanismo
açoriano poderá não estar associado à dorsal
médio-Atlântica, mas às falhas que delimitam a
microplaca. O magma ascenderá por estas
falhas compondo aparelhos vulcânicos, que são
inicialmente submarinos, podendo formar ilhas
quando o volume de material emitido é elevado.
O estudo da estrutura e dinamismo da Geosfera
pode ser realizado por diversos métodos.
Métodos para estudar a Geosfera

Diretos Indiretos
Quais os métodos para o estudo da estrutura da Geosfera?
Métodos Métodos
diretos indiretos

•Perfurações
•Dados da Geofísica
•Materiais emitidos durante a (sismologia, gravimetria, densidade,
atividade vulcânica geotermia e magnetismo)
•Fragmentos de crusta oceânica •Dados obtidos através da
tectonicamente carreados até à Planetologia e da Astrogeologia
superfície terrestre

Indiretos
Como conhecer o interior da geosfera?
Métodos diretos: → sondagens
→ estudos de magmas
→ carreamentos
Métodos indiretos: → sismologia;
→ geotermia;
→ gravimetria;
→ geomagnetismo;
→ astrogeologia
Diretos
Observação direta da superfície
→ A terrestre permite-nos
concluir acerca da
existência de falhas e de
dobras, qual o tipo de
rocha e respetiva idade,
com o inconveniente de
esta observação se limitar
a poucos metros de
profundidade.
Exploração de jazidas minerais em minas e escavações

→ Permite-nos recolher
informações sobre o
interior da Terra.
Informação limitada a
alguns metros de
profundidade.
Sondagem

A utilização de tarolos de sondagem permite-nos


atingir maiores profundidades
Projetos europeus de sondagens
Sondagens Os cientistas pensam que o meio mais eficaz de
verificarem os seus modelos sobre a estrutura
terrestre é abrir furos – sondagens– que,
envolvendo técnicas complexas, permitem retirar
colunas de rochas para análise (tarolos ou
carotes). Contudo, estes dados são escassos e
a perfuração mais profunda, realizada até ao
momento, não ultrapassou os 12 km de
profundidade.

A perfuração mais profunda foi realizada pelos


soviéticos em 1970, na Península de Kola (Ex-URSS).
Essa sondagem atravessou rochas correspondentes a
mais de metade da história da Terra, de 2550 a 2700
M.A. A temperatura na profundidade atingida, foi de
cerca de 230ºC.
Os furos de sondagem,
geralmente para exploração
petrolífera, que ultrapassam
os 1700 metros de
profundidade, designam-se
furos ultra profundos

Sondagem Japonesa (Chikyu)


Maior perfuração realizada

Sondagem ultraprofunda
Profundidade alvo –7 km
Objetivo : alcançar o manto
Data de conclusão : 2012
Problemas

→ A temperatura e a pressão
aumentam com a profundidade,
pelo que os materiais utilizados
teriam de conseguir resistir a
essas elevadas pressões e
temperaturas.
Atividade vulcânica
→ fornece-nos importantes informações
sobre o interior da Terra (até cerca de 150
km de profundidade).
→ Sempre que um vulcão entra em
atividade, lança para o exterior materiais
que se encontram no interior da Terra.
→ A análise desses materiais (lavas,
cinzas, gases) permite-nos conhecer a
composição da parte superior da crosta
terrestre.
Estudo dos magmas
A observação direta dos materiais terrestres está praticamente limitada
aos materiais recolhidos em minas e aos materiais rochosos que
afloram à superfície. São também de grande importância os estudos
efetuados aos grandes blocos tectónicos que sofreram carreamentos e
que se encontram à superfície terrestre.

Geólogos a medir a lava de vulcão no


Monte St Helens, Washington
Xenólitos
→ Um vulcão não nos fornece apenas a sua lava como
fonte de estudo, mas fornece-nos, também, fragmentos
da chaminé e da câmara magmática – os xenólitos.
Movimentos Tectónicos

→ também
contribuem para o
conhecimento das
rochas às quais não
podemos chegar.
Nos limites convergentes de
placas, as forças de
compressão, atuando
durante dezenas de milhões
de anos, são capazes de
criar deformações da
litosfera tão intensas, que
vestígios de um fundo
oceânico podem surgir no
alto de uma montanha, a
milhares de metros de
altitude
→ Em Portugal, nos distritos de
Beja e de Bragança, esses
encontram-se no interior de uma
cadeia montanhosa, atualmente
desaparecida; no chamado
maciço de Morais, em Trás-os-
Montes, conservam-se
testemunhos da parte superior do Gnaisse de Lagoa : esta
manto e da base da crosta rocha metamórfica,
oceânica sobrepostos a rochas tipicamente continental está
coberta por uma sequência
continentais representativa de uma antiga
litosfera oceânica – Maciço de
Morais, Macedo de Cavaleiros.
A Terra e os seus subsistemas em interação
Métodos diretos

Análise de magmas

Perfurações
Recolha de rochas
Indiretos
Métodos geofísicos

A geofísica é uma ciência que estuda a Terra por


métodos físicos quantitativos, através da
propagação das ondas sísmicas, determinações
gravimétricas, eletromagnéticas, geomagnéticas e
geotérmicas.
Sismologia

•As ondas sísmicas propagam-se


por todo o globo.

A velocidade das ondas sísmicas


varia de acordo com as
propriedades do material que
atravessam.
Sismologia
Dada a impossibilidade de o Homem poder aventurar-se pelo interior do
Planeta, necessita recorrer a outros processos para desvendar um pouco mais
os mistérios da Terra. Assim, os investigadores desenvolveram diversos
métodos e técnicas que lhes forneçam dados indiretos.

O estudo do comportamento das ondas sísmicas permite obter informações


sobre a constituição e as características do globo terrestre, como veremos
posteriormente, nas aulas sobre sismologia.
Geotermia
A Geotermia é a designação usada para o conjunto das ciências e técnicas
que estudam e exploram o calor terrestre ou a energia geotérmica.
Porém, devido à heterogeneidade da crosta terrestre, existem zonas
anómalas, isto é, zonas onde a variação da temperatura com a profundidade é
inferior ou superior àquele valor, dito normal.

Gradiente geotérmico:
taxa de aumento da
temperatura com a
profundidade (ºC/km)

Grau geotérmico:
número de metros
necessários para
ocorrer um aumento
de 1ºC na temperatura
em profundidade
O mapa indica a variação do fluxo geotérmico da geosfera, a uma profundidade de 90 km.
Com base na análise do
mapa:
1.1 Caracterize a distribuição
do calor na geosfera.
1.2 Identifique zonas de
reduzido grau geotérmico.
1.3 Identifique zonas de
elevado grau geotérmico.
1.4 Justifique, do ponto de
vista geotérmico, a escolha
de Kola e de
Windischeschenbach para a
realização de furos de
sondagem ultra profundos.
1.5 Discuta o êxito científico
desses projectos, se os furos
tivessem sido realizados na
Islândia.
Proposta de soluções

1.1. A distribuição do calor geotérmico, no interior da Terra, não é uniforme.


A temperatura aumenta com a profundidade, gerando um gradiente geotérmico cujo
grau (geotérmico) é função da variação do fluxo geotérmico.

1.2. As zonas de reduzido grau geotérmico correspondem às zonas tectonicamente


activas (zonas quentes), como é o caso das zonas de fronteira entre placas
tectónicas. Exemplo: Açores, Islândia, Califórnia, Itália, Japão,...

1.3. As zonas de elevado grau geotérmico, correspondem às zonas tectonicamente


estáveis (zonas frias), como é o caso do interior de placas tectónicas.
Exemplo: Kola, na Sibéria (Rússia) e Windischeschenbach, na Alemanha.

1.4. Por serem zonas frias permitem, à partida, alcançar profundidades superiores
às que seriam obtidas em zonas quentes.

1.5. O êxito seria muito menor, dado que a Islândia é uma zona quente, cujo grau
geotérmico ronda os 10 m; ou seja, rapidamente se atingiria uma temperatura
capaz de fundir as brocas de perfuração, pelo que a profundidade alcançada ficaria
muito aquém da de Kola ou de Windischeschenbach.
Gravimetria

→qualquer corpo situado à superfície da Terra experimenta uma força (F)


de atração para o centro da Terra, que, segundo a lei da atração
universal de Newton, é dada por uma expressão matemática.

→A forçada gravidade pode ser determinada com aparelhos chamados


gravímetros.
A gravimetria
A gravimetria mede as variações do campo gravitacional terrestre
provocadas por corpos rochosos dentro da crosta.

Para tal, utiliza aparelhos especiais, denominados gravímetros. A gravimetria


mede as variações do campo gravitacional terrestre provocadas por corpos
rochosos dentro da crosta.

Funcionamento de um gravímetro:
A força gravítica atua sobra a massa
que, por sua vez, exerce uma força
sobre a mola, distendendo-a.
Por convenção, considera-se que o valor normal da força
gravítica, ao nível médio das águas do mar, é O (zero). As
anomalias gravimétricas acima e abaixo de 0 (zero) são,
respetivamente, positivas ou negativas.
A densidade
A densidade determina-se, dividindo a massa pelo volume. A densidade
global da Terra é de cerca de 5,5 g/cm3.

Ora, se as rochas da superfície têm uma densidade média de 2,8 g/cm3, o


interior da Terra deve ser bem mais denso.

Anomalia gravimétrica negativa Anomalia gravimétrica positiva


A gravimetria e o estudo do interior da geosfera
Sabendo que: 27 27
- a geosfera, com uma massa de 5,96 X 10 g e um volume de 1,08 X 10 cm3,
é constituída na sua camada mais externa - a crosta - por rochas cuja densidade
varia entre os 2,7 e os 2,9 g/cm3;
- a pressão litostática é a pressão exercida, em profundidade, pela massa
rochosa suprajacente, a qual altera a estrutura e a mineralogia de uma rocha por
compressão dos seus constituintes;
- o gradiente geobárico é a variação da pressão litostática com a profundidade.

responda às questões seguintes:


1 - Calcule a densidade média da geosfera (d = m/V ).
2 - Compare o valor da densidade média da Terra com o valor da densidade das rochas
da crosta.
3 - Discuta em que medida a diferença de densidade encontrada contribui para o estudo
indirecto do interior inacessível da geosfera.
4 - Sabendo que na geosfera, a pressão litostática aumenta com a profundidade gerando
um gradiente geobárico -, tente inferir o modo como varia a densidade no seu interior.
Proposta de soluções

1.A densidade média da geosfera é de 5,52 g/cm3.

2. A densidade média da geosfera é superior à das rochas da crosta.

3. Esta diferença permite inferir que o interior da Terra deverá ser constituído
por materiais com densidades diversas, sugerindo variação na sua composição.

4. As rochas do interior da Terra, sujeitas ao aumento progressivo da pressão


litostática, vão sendo comprimidas, originando rochas mais densas, por
diminuição do seu volume (d = m/V). Assim, a densidade deverá aumentar em
profundidade.
Como explicar cada uma das situações?
Situação A
→ existe um doma de sal-
gema de densidade 2,20
em contacto com rochas
mais densas.
→ À superfície, na zona
correspondente à posição
do doma de sal-gema,
verifica-se uma anomalia
gravimétrica negativa.
Situação B

→ Existe um maciço magmático em


profundidade de densidade 2,7 em
contacto com rochas sedimentares de
baixa densidade. Devido a uma falha
houve um abatimento. No local da
superfície correspondente à zona em
que existe uma maior espessura de
rochas sedimentares de baixa
densidade, há uma anomalia
gravimétrica negativa.
Situação C

→ A existência de uma
concentração de um minério de
ferro mais denso do que as
rochas encaixantes faz com que
à superfície se verifique uma
anomalia gravimétrica positiva,
ou seja, superior ao valor
normal.
Valores registados pelo gravímetro e corrigidos, eliminando o efeito topográfico.

De um modo geral, as anomalias gravimétricas são:

→POSITIVAS NOS OCEANOS

→NEGATIVAS NOS CONTINENTES


O geomagnetismo
A Terra comporta-se como um gigantesco íman, em que ao polo Norte
geográfico corresponde o polo sul magnético e ao polo Sul geográfico o
polo norte magnético.

A existência de ferro fundido e de níquel no núcleo


terrestre, está na origem do campo magnético do nosso
planeta.
O geomagnetismo mede as variações do campo
magnético da Terra, que ocorrem devido à distribuição
irregular das rochas com suscetibilidade magnética em sub-
superfície.

Mapeando as variações de intensidade do campo magnético na superfície da


Terra, podemos obter algumas informações relativamente ao passado da
Terra, nomeadamente sobre a formação dos fundos oceânicos, a posição
dos continentes relativamente aos polos magnéticos, etc.
Astrogeologia
Recentemente a Astrogeologia (estudo comparado de corpos celestes),
aplicando os princípios e métodos geológicos ao plano do Sistema Solar no
seu conjunto, tem fornecido muitas informações que põem à prova os
modelos sobre a estrutura do nosso Planeta.

Assim, conjugando os dados da Astrogeologia e os da Geofísica, é possível


conceber um modelo para a estrutura da Terra que, de modo algum, se
poderá tomar como definitivo, pois, num futuro próximo, com os avanços da
Ciência, os novos conhecimentos nestas áreas poderão induzir
modificações significativas no modelo proposto.
Complete as frases que se seguem fazendo corresponder a cada espaço o
termo adequado

O conhecimento do interior da Terra baseia-se, essencialmente, em dados


obtidos por métodos ____________dos quais se destacam os métodos
___________como, por exemplo, o geomagnetismo e o geotermismo.

Verifica-se, por vezes, que em determinados locais a força gravítica não


corresponde ao valor esperado para o local, designando-se essas variações
por______________ ____________

A Terra é uma intensa máquina térmica que liberta continuamente calor. A


quantidade de calor libertada por unidade de superfície e por unidade de
tempo denomina-se________ ________.

Termos: Fluxo; Indirectos; anomalias; gravimétricas; térmico; geofísicas.


O gráfico ilustra a variação da temperatura em função da profundidade.

Assinale as afirmações verdadeiras


a)A temperatura aumenta com a profundidade de forma uniforme.

b)Quanto maior for a profundidade maior é a taxa de aumento da temperatura.

c)O gradiente geotérmico é igual em todos os locais da superfície da Terra.

d)O gradiente geotérmico diminui com a profundidade.

e)O grau geotérmico é maior a profundidade de 100 km do que a profundidade de


25 km.

Você também pode gostar