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RESUMO
ABSTRACT
This work aims to contribute to the knowledge about the main geotechnical
characteristics of basaltic pyroclasts (locally designated by “bagacinas”), usually
classified according to the revised unified classification of soils between well or poorly
graded sand or gravel, once it is one of the most abundant materials in the Miguel
Island, particularly in the Picos region. Due to its natural characteristics, it is commonly
used as landfill material. For the realization of this study, the samples were collected in
several monogenetic volcanic cones that serve, or have already been used, for the
exploration of this material on the island of São Miguel. In addition to these samples,
this study included two from Santa Maria Island. This study included a set of laboratory
and field tests, to characterize this material from a physical, geometric, and mechanical
point of view, as well as to evaluate some deformability characteristics of the material
in situ. Besides, this work included the collection and analysis of existing information in
Regional Laboratory of Civil Engineering - Azores (LREC) geotechnical reports. The
information collected and obtained in the tests performed is analyzed to contribute to
the characterization of this type of volcanic material for the Autonomous Region of the
Azores and other places of volcanic nature.
1. INTRODUÇÃO
2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO
2.1. Localização
S. Miguel situa-se entre as latitudes 37º 42’ e 37º 54’N e as longitudes 25º 51’ e 25º
08’ O, e exibe um formato retangular e alongado segundo a direção E-O (Fig.1).
Apresenta uma superfície com cerca de 746 km2 e o número de habitantes ronda os
137 mil, correspondendo, deste modo, à maior ilha do arquipélago, sendo também a
mais populosa e desenvolvida em termos de estruturas de engenharia do arquipélago
dos Açores.
A ilha de São Miguel apresenta três vulcões centrais materializados com caldeira: o
vulcão das Sete Cidades, o do Fogo e o das Furnas, conectados por zonas de
vulcanismo fissural (Sistema vulcânico dos Picos e do Congro). Os sistemas
vulcânicos com caldeira foram responsáveis pela emissão de produtos vulcânicos de
composição traquítica, enquanto que as zonas de vulcanismo fissural foram
responsáveis pela formação dos cones de escórias e escoadas lávicas de natureza
basáltica associadas.
BG13
Figura 1 – Localização Geográfica da Ilha de São Miguel e de Santa Maria, no Arquipélago dos
Açores. Identificação dos Locais onde Foram Efetuados os Ensaios In Situ e Realizadas as
Colheitas das Amostras
Nas ilhas dos Açores, são frequentes os cones de escórias, resultantes de erupções
de natureza basáltica em regime subaéreo. Os piroclastos basálticos são fragmentos
projetados aquando da fase mais explosiva de erupções vulcânicas do tipo havaiano
e/ou estromboliano. Estes materiais depositam-se por queda e/ou trajetória balística. A
sua acumulação junto ao centro emissor origina os designados “cones de escórias”,
que correspondem a estruturas cónicas geralmente bem definidas e simétricas, com
alturas que raramente ultrapassam as poucas centenas de metros. Por vezes, estas
estruturas apresentam, no seu topo, uma ou mais crateras e podem assumir formas
mais alongadas quando se desenvolvem ao longo de fissuras.
Uma característica destes cones vulcânicos é o facto da inclinação das suas vertentes,
quando recentes, corresponder, sensivelmente, ao ângulo de atrito em repouso dos
seus constituintes (aproximadamente 33º). Com o passar do tempo, e devido à
erosão, essa inclinação tende a diminuir (Fraga, 1988).
No que diz respeito à mineralogia, Malheiro et al. (2010) constataram que nas
amostras analisadas, quer dos Açores quer da Madeira, o mineral mais abundante era
uma plagioclase (anortite), seguida de piroxenas (augite) e olivinas (forsterite). Estes
autores constataram ainda que nas amostras correspondentes aos piroclastos
basálticos vermelhos, havia a presença de hematite, resultante da oxidação do ferro.
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Esec =
(
π .∆T .φ . 1 − υ 2 ) [1]
4.∆d .1000
Er
N 60 = .λ.CN .N [2]
60
4. RESULTADOS OBTIDOS
Em termos de ensaios SPT realizados pelo LREC nestes materiais é possível balizar
valores entre as 2 e as >60 pancadas, refletindo uma elevada heterogeneidade de
compacidade e de influência de clastos rochosos (bombas vulcânicas) nos valores de
NSPT obtidos. A estimativa de ângulos de atrito interno por ensaios SPT permitiu obter
valores compreendidos entre os 25º e os 43º, com um valor médio de 34º.
Relativamente aos ensaios de carga com placa a experiencia do LREC permite afirmar
que estes materiais apresentam, quando compactados em aterros, módulos de
deformabilidade secantes que se situam entre os 80 MPa e os 100 MPa, para níveis
de tensão entre os 250 e os 300 kPa.
Observando os dados por frações, constata-se que, em termos gerais, quanto maior é
dimensão das partículas menor é a massa volúmica, verificando-se que a amplitude
dos valores das massas volúmicas das frações tende a decrescer à medida que a
dimensão das frações aumenta. Em termos de absorção de água, as tendências são
semelhantes com a diferença de que a magnitude dos valores evolui de forma inversa,
isto é, quando a massa volúmica aumenta a absorção diminui.
Para além destas variações genéricas, verifica-se que entre os valores da baridade e
da média ponderada das massa volúmica das partículas secas em estufa, existe uma
proporcionalidade direta que abrange a quase totalidade dos resultados, o que é
constatável pela pequena variação dos valores do volume de vazios, cuja maioria se
situa entre os 50% e os 57%.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As bagacinas nos Açores, desde o estudo efetuado por Fraga (1988), tiveram um
incremento na sua utilização como material estrutural em aterros, em particular nas
obras rodoviárias. Com este trabalho pretendeu-se dar continuidade àquele estudo e
assim contribuir para uma utilização mais vasta deste material endógeno dos Açores.
Tendo presente que embora nesta fase do estudo se tenha avançado pouco em
termos da caracterização deste material, a mesmo se torna essencial para a
implementação da fase seguinte, que consiste na caracterização dos parâmetros de
resistência ao corte, através de ensaios de compressão triaxial do tipo consolidado
isotropicamente com fase de corte drenada (CID), onde se pretende estudar como
variam esses parâmetros em função da compacidade e do estado de tensão aplicado
ao material.
REFERÊNCIAS
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caracterização química dos piroclastos de natureza basáltica. 14º Congresso
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Décourt, L. (1989). The Standard Penetration Test – State of Art Report: In: XII
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Janeiro, Brasil, vol.4, pp. 2405-2416.
Folque, J. (1987). Comportamento de maciços terrosos sob a ação de solicitações
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Fraga, C. (1988). Caracterização geotécnica de escórias vulcânicas. Tese de
Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 146 p.
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Malheiro, A., Sousa, J., Marques, F. e Sousa, D. (2010) – Contribution to geotechnical
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Hernandez, J. Rodriguez-Losada, A. Perucho e J. Gonzalez-Gallego (eds). CRC
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