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Resumo
O comportamento dinâmico das praias influencia na utilização do ambiente costeiro, onde o estado
morfodinâmico é um reflexo das características granulométricas dos sedimentos, dos regimes de ondas e marés e
das características dos ventos incidentes. Assim, o objetivo deste trabalho foi classificar o estado morfodinâmico
das praias do litoral do Paraná, aplicando os conceitos da escola Australiana em uma abordagem indireta. Para
tanto, foram aplicadas técnicas de geoprocessamento na identificação e interpretação de feições submersas
(barras e canais) em imagens de satélite de difentes períodos, obtidas a partir do aplicativo Google Earth. Este
processo consistiu na delimitação das áreas de ocorrência e a sua distribuição, as quais caracterizam os diferentes
comportamentos morfodinâmicos de uma praia (dissipativo, intermediário e refletivo). Neste sentido, 44 % da
linha de costa paranaense apresentou características de praias intermediárias, outros 43% dissipativas e 13%
refletivas, estas porções de costa estão distribuídas homogeneamente ao longo da costa paranaense, sendo que as
praias dissipativas estão concentradas na porção norte, as intermediárias na porção centro sul e as refletivas, nas
proximidadas da desembocadura da baia de Guaratuba (estuário). Conclui-se então que o método é aplicável e
consistente para o objetivo proposto, mesmo com a utilização de imagens de menor resposta espectral, como as
disponíveis no aplicativo Google Earth, mas que em contraponto tem baixo custo para a sua obtenção e
utilização.
Praia Central
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudos onde pode ser observada a urbanização disposta junto a orla.
Esta região do litoral brasileiro teve origem a partir do tectonismo Cenozóico, o qual se
expressa nas montanhas que formam a Serra do Mar (ALMEIDA, 1976; ASMUS & FERRARI, 1978).
Por sua vez, a Planície Costeira e a Plataforma Continental adjacentes foram formadas pelas
oscilações do nível relativo do mar e pela intensa sedimentação ao longo do Período Quaternário
(ANGULO, 2004), que distribuíram a ação dos agentes oceanográficos desde o sopé das montanhas
até a linha de costa atual. O litoral norte (Guaraqueçaba, Ilhas do Superagüí e das Peças) apresentam
2. Materiais e métodos
A escolha da cena a ser analisada considerou a melhor resolução espacial disponível, a maior
cobertura continua de mesma data de aquisição e a menor ocorrência de nuvens. Estes critérios
definiram as frações de costa a serem avaliadas, que neste trabalho foram 20, que receberam as
denominações dos balneários mais próximos. Para a interpretação das imagens do aplicativo Google
Earth foi utilizada a aplicação PortableBasemapServer (ArcGis) não demandando nenhum ajuste
adicional ou gerrefenciamento para esta ação. As feições morfodinâmicas das praias foram vetorizadas
manualmente pela identificação e configuração das áreas onde ocorre a formação de espuma, que
posteriormente foram salvas em arquivo no formato shapefile.
O mapeamento das praias dissipativas foi efetuado pela identificação de bancos múltiplos
observando os padrões da espuma deixada pela quebra das ondas, a qual aparece em branco nas
imagens pela maior reflexão da energia luminosa na espuma formada pela quebra das ondas. Estes
As feições identificadas nas praias refletivas foram a quebra de ondas na base da Zona de
Espraiamento, ausência de bancos, Zona de Espraiamento moderada (> 70 m) o que indica que a face
praial é declivosa e ocorrência de cúspides, que foram identificadas pelas feições rítmicas na linha de
costa com pequena escala (> 30 m).
3. Resultados e Discussões
Neste contexto, a urbanização deste trecho do litoral paranaense se destaca como um fixador
da posição da linha de costa (SAMPAIO, 2006; NOVAK et al., 2016), o que pode ser uma das causas
da pequena extensão da zona de espraiamento. A tendência geral é a de compressão deste trecho do
perfil praial entre a ação da dinâmica das ondas e a ação antrópica, o que resulta frequentemente na
subtração total dos campos de dunas como ocorre no município de Matinhos (PR). Tal relação, fica
evidente pelas frequentes obras para a contenção da ação das ondas que gera riscos às edificações
localizadas na orla.
Figura 2 - Detalhe da praia central de Matinhos (A) com a respectiva interpretação do estágio
Intermediário com Zona de Espraiamento curta (B) e ocorrência de bancos intermitentes. Modificado de
Google Earth (data: 11/03/2016).
Figura 3 – Praia dissipativa com Zona de espraiamento extensa da Prainha, Ilha do Mel – PR (A). Mapeamento
das feições observadas nas imagens (B). Modificado de Google Earth (data: 11/03/2016).
A B
A B
Figura 5 – A) Imagem de satélite de uma praia refletiva exemplificando a quebra de ondas ascendente na zona de
espraiamento. B) Mapeamento mostrando a ausência de bancos, e presença de cúspides. Modificado de Google
Earth (data: 11/03/2016). Local: Prainha, Matinhos – PR.
Assim, o método indireto para a classificação do estado morfodinâmico das praias é útil no
desenvolvimento de planos de gerenciamento costeiro, incluindo estudos de expansão urbana no que
tange a ocupação dos espaços e nos estudos de dinâmica e ecologia de praias, principalmente devido a
rápida obtenção dos resultados da análise. Considerando as limitações do método a recomendação é
quanto a resposta espectral das feições que permitiram a classificação das praias deste trabalho, que
podem variar de acordo com o período do ano e/ou o momento do imageamento. Portanto, estes
resultados devem ser tomados como instantâneos, o que demanda a análise de outros conjuntos de
imagens para uma conclusão validada.
5. Agradecimentos
6. Referências Bibliográficas
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