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Procedimentos adotados no atendimento emergencial dos

acidentes de escorregamentos ocorridos em Santa Catarina em


novembro de 2008

Gramani, M. F.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, São Paulo, SP, Brasil, mgramani@ipt.br

Ogura, A.T.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, São Paulo, SP, Brasil, atogura@ipt.br

Silva, F.C.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, São Paulo, SP, Brasil, fabiana@ipt.br

Gomes, C.L.R.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, São Paulo, SP, Brasil, aranha@ipt.br

Gomes, L.A.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, São Paulo, SP, Brasil, lagomes@ipt.br

Mirandola, F.A.
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, São Paulo, SP, Brasil, fabricio@ipt.br

Resumo: O artigo apresenta e descreve os trabalhos de vistorias técnicas e procedimentos geotécnicos de


gestão de desastres naturais adotados para incremento da segurança das equipes de resgate realizadas no
âmbito das operações emergenciais desenvolvidas nas áreas atingidas por processos violentos de
movimentos de massa que se desenvolveram de forma generalizada na região de Blumenau, Itajaí, Complexo
do Baú e Jaraguá do Sul. Os eventos foram deflagrados por chuvas com acumulados diários da ordem de
236,2 mm (22/11) e 214,6 mm (23/11) e total mensal até o evento de 885,3 mm.

Abstract: This paper describes the works related to technical inspections and geotechnical safety
procedures adopted during the post disaster operations undertaken in Blumenau, Itajaí, Morro do Baú area
and Jaraguá do Sul affected by widespread landslides. The mass movements events were triggered by heavy
rains with daily totals of 236, 2 mm (22/11/2008) and 214, 6 mm (23/11/2008) and total accumulated
rainfalls of 885,3 mm in the month of november.

1 INTRODUÇÃO Diversas vistorias técnicas foram realizadas no


âmbito das ações emergenciais conduzidas
Este artigo apresenta e descreve os trabalhos especificamente nas regiões adjacentes ao Morro do
realizados no âmbito das operações emergenciais Baú, Blumenau e Jaraguá do Sul com o objetivo de
desenvolvidas nas áreas atingidas por processos identificar situações de risco decorrentes da
violentos de movimentos de massa que se instabilização dos terrenos, visando subsidiar a
desenvolveram de forma generalizada na região de Defesa Civil na determinação das áreas a serem
Blumenau, Itajaí, Complexo do Baú (Ilhota, Luiz objeto de interdição e remoção preventiva da
Alves e Gaspar) e Jaraguá do Sul (Figura 1). Os população.
cenários de risco e os processos observados são O desastre ocorrido em Santa Catarina teve como
resultados de chuvas com acumulados diários da números finais: 135 óbitos, 02 desaparecidos, cerca
ordem de 236,2 mm (23/11) e 214,6 mm (24/11) e de 80000 desalojados e desabrigados em novembro
total mensal até o evento de 885,3 mm. de 2008 restando cerca de 12030 em abril de 2009.

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Figura 1. Localização dos municípios fortemente atingidos por movimentos de massa e inundações
deflagrados por eventos de chuvas intensas. No destaque, relevo acidentado do Complexo do Baú,
envolvendo os municípios de Gaspar, Luis Alves e Ilhota.

• Grande quantidade de moradias expostas ao


1.1 Histórico da solicitação risco.
O primeiro atendimento foi dado à cidade de
Em função da dimensão do acidente, do número de Blumenau (dias 26 e 27/11/2008) em função da
municípios afetados e da amplitude dos movimentos enorme quantidade de áreas atingidas e do número
de massa o Governo de Santa Catarina, por meio da de solicitações de vistorias recebidos pela Secretaria
Defesa Civil daquele Estado, solicitou ao Governo de Planejamento e Defesa Civil do referido
de São Paulo no dia 24 de novembro de 2008 apoio município. Posteriormente, em função do grande
nas avaliações dos riscos de novas movimentações número de vítimas e do grande número de pessoas
de massa e nas operações de resgate, remoção e expostas a risco, a equipe foi mobilizada para
busca de corpos. Visando o rápido auxílio ao Estado atender a região do Complexo do Baú,
de Santa Catarina o governo paulista mobilizou o principalmente as cidade de Gaspar, Luis Alves e
Corpo de Bombeiros, o Grupamento de Ilhota, bem como para atender a cidade de Jaraguá
Radiopatrulha Aéreo, Grupo de Resgate e do Sul.
Atendimento às Emergências – Grau, Defesa Civil e
técnicos das áreas de geologia e geotecnia. 1.2 Descrição das atividades realizadas
Dentre os grupos o IPT mobilizou prontamente
duas equipe do Laboratório de Riscos Ambientais Em razão da grande abrangência da região afetada
compostas por 4 geólogos e 2 geotécnicos para pelos processos de movimentos de massa os
atender os municípios em Santa Catarina. No dia 25 trabalhos iniciais conduzidos pelas equipes do IPT
de novembro a primeira equipe (2 geólogos e 1 consistiram no reconhecimento geral da situação
geotécnico) cumpriu sua primeira missão, qual seja: visando à identificação prévia dos municípios e
explanar sobre os possíveis cenários de risco, dar regiões mais severamente atingidas pelos
orientação aos pilotos e equipes de resgate a cumprir fenômenos de escorregamentos. A partir desse
alguns procedimentos que garantissem o mínimo de reconhecimento prévio foram organizadas as
segurança para as equipes e observar sinais e feições equipes de técnicos para responder às demandas de
de instabilidade nos terrenos que estavam sendo solicitações específicas de avaliação das condições
vistoriados. de risco que chegavam dos municípios ao comando
A primeira avaliação dos cenários de risco feita central de operações, localizado no Aeroporto de
pela equipe nesse mesmo dia já indicava: Navegantes.
• Quantidade significativa de escorregamentos A região do Complexo do Baú foi identificada
nas áreas rural e urbana; como uma das áreas mais severamente atingidas
• Grandes mobilizações de massa na forma de sendo objeto de vistorias aéreas e terrestres para um
escorregamentos de maior porte (rotacionais e melhor reconhecimento das condições e cenários de
translacionais) e corridas de lama e detritos; risco. Do total de vítimas registradas nesse desastre,
• Amplo raio de alcance dos escorregamentos; 79 se deram nessa região, sendo 21 em Gaspar, 11
• Grande velocidade de movimentação dos em Luis Alves e 47 em Ilhota (IPT, 2009).
materiais provindos das encostas; Técnicos do IPT foram assim designados para
realizar essas vistorias por meio de sobrevoos de

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helicóptero, o que possibilitou o reconhecimento alcance destrutivo. Em algumas sub-bacias foi
ágil e rápido de todas as áreas afetadas. Como observado o desenvolvimento de processos de
produto inicial desse trabalho regional de vistorias fluxos de massa (debris flow) e enchentes com alta
foram definidos os limites das áreas consideradas energia de escoamento e alta concentração de
mais críticas (preta e vermelha). sólidos. Tais processos ocasionaram acidentes que
Essa delimitação foi importante para a definição destruíram moradias e bens públicos e privados de
de critérios de interdição e remoção segura de forma parcial e total e causaram dezenas de vítimas
pessoas. Neste contexto, essas áreas foram definidas fatais. Além desses danos sociais e materiais, os
como de alto risco para a permanência das pessoas, movimentos de massa provocaram acidentes em
sendo que na área vermelha o resgate e a remoção se torres de transmissão de energia elétrica
deram tanto por via terrestre quanto por via aérea, (tombamento e instabilização do pé das torres),
enquanto na área preta, essas ações foram instabilizações ao longo do gasoduto Bolívia –
conduzidas somente por via aérea, tendo em vista o Brasil e a interrupção de diversos trechos de
alto risco para as equipes de resgate, além de rodovias e estradas de acesso.
dificuldades de acesso terrestre. A Figura 2 retrata a
delimitação das áreas estabelecidas pelos técnicos 1.3 Missões do IPT
do IPT em conjunto com o Comando Geral das
Operações sediado em Navegantes. Em função dos cenários encontrados e da
abrangência da área afetada foram estabelecidas
missões para minimização e redução dos riscos
identificados.
Dentre as missões designadas aos técnicos do
IPT, destacam-se:
• vistorias aéreas e terrestres, diárias para a
avaliação dos riscos (geral e local) das regiões
atingidas;
• delimitação das áreas de interdição:
estabelecimentos das áreas preta e vermelha;
• comunicação e conscientização da população,
pilotos, equipes de socorro e poder público
sobre os riscos existentes mesmo com o
término das chuvas;
• definição de procedimentos de segurança e
apoio técnico para equipes de resgate;
• vistorias aéreas para a avaliação das
Figura 2. Delimitação das áreas avaliadas na região condições de segurança de torres de alta
do Complexo do Baú, SC. tensão da Celesc;
• vistorias aéreas de trechos do gasoduto
A avaliação dos riscos de evolução dos processos Bolívia-Brasil atingidos por escorregamentos
de movimentos de massa nas encostas instabilizadas e processos erosivos;
• participação em todas as reuniões
foi realizada por meio da identificação visual de
feições de instabilidade (trincas nos terrenos e (debriefings) ao final das operações diárias;
• participação na montagem do Sistema de
degraus de abatimento), presença de massas de solo
e rocha instáveis, surgência de água nas encostas e Comando de Operações;
• definição e aplicação de procedimentos de
taludes, espessura dos solos, presença de grandes
corpos d´água na massa rompida e represamento de segurança para a busca de corpos e apoio das
cursos d´água devido a barramentos decorrentes de operações;
• sobrevoo e reuniões com autoridades do
depósitos de encosta.
Mediante a identificação dessas condições de Estado (Governador, Defesa Civil e Militares)
natureza geológica e geotécnica foram reconhecidos afim de apresentar os cenários de risco e as
cenários de risco associados a obras de medidas a serem adotadas.
infraestrutura tais como vias de acesso, linhas de De forma geral as equipes do IPT realizaram
transmissão de energia elétrica e dutovias, bem cerca de 95 vistorias aéreas, 80 vistorias terrestres e
como moradias e outras edificações presentes na 40 reuniões diversas, envolvendo Governador do
área. Estado de Santa Catarina, Secretários de Estado
Por meio das vistorias realizadas nos sobrevôos (Saúde, Segurança e Defesa Civil), Bombeiros,
observaram-se centenas de escorregamentos de Força Nacional, Força Aérea Brasileira, Empresas e
diferentes dimensões, cujos materiais se Comunidades afetadas. A Tabela 1 apresenta a carga
depositaram nas áreas baixas adjacentes e quando horária utilizada pelas equipes no atendimento pós-
alcançaram cursos d´água aumentaram seu raio de desastre.

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contingência para dar condições mínimas de
Tabela 1 – Carga horária utilizada pelas equipes. segurança aos trabalhadores da obra;
Equipe Carga horária Período • qualquer intervenção nos terrenos
de trabalho instabilizados deve ser precedida por uma
(horas/dia) avaliação específica de profissional
1 18 25/11 a 02/12 habilitado;
2 14 01/12 a 12/12 • liberação de áreas para retorno à normalidade
3 10 15/12 a 20/12 deve ser precedida por avaliação realizada por
profissional habilitado;
2 CENÁRIOS DE RISCO IDENTIFICADOS • necessidade de definição de procedimentos
baseados no conhecimento geológico e
2.1 Dados Gerais geotécnico para aumentar o controle e a
segurança dos profissionais nas atividades de
Como resultados dos trabalhos de vistorias foram resgate, salvamento e busca de corpos.
reconhecidos os seguintes cenários de risco residual
decorrentes dos processos de instabilização 2.2 O agente deflagrador
ocorridos, ou associados ao desenvolvimento de
novos processos, mesmo com a parada das chuvas, Os cenários de risco observados nas áreas foram
em função do alto grau de instabilidade e saturação resultados de chuvas de muita alta intensidade
por água das encostas: pluviométrica concentradas em dois dias, precedidas
• risco de novos acidentes com possibilidade de de dois meses contínuos de chuvas de baixa a média
perda de mais vidas humanas, destruição de intensidade.
moradias e infraestrutura; Um evento extremo sob o ponto de vista
• risco de novos acidentes na faixa do gasoduto pluviométrico é uma ocorrência que apresenta
Bolívia – Brasil. Especificamente no trecho valores de chuvas considerados elevados. No
afetado (km 658+557) por processos de entendimento de meteorologistas, um evento
movimentos de grande porte com risco de chuvoso superior a 50 mm seria considerado um
trabalhadores serem atingidos por processos evento extremo de chuva. Sob o ponto de vista da
de escorregamentos, durante os trabalhos de dinâmica dos processos superficiais nas regiões
reconstrução do gasoduto rompido; serranas ou de relevo acidentado a definição sobre o
• risco de evolução dos processos de que é um evento extremo é controversa. Um evento
instabilização nas torres das linhas de extremo sob o ponto de vista dos processos de
transmissão de energia elétrica com acidentes movimentos de massa seria aquele com alto
que poderiam comprometer o abastecimento e potencial de causar danos de grande magnitude.
equipes de manutenção trabalhando no local; Poderia assim, ser tanto a ocorrência de um grande
• risco de novas interrupções no tráfego em número de escorregamentos generalizados do tipo
estradas e rodovias e possibilidade de translacional raso, quanto a ocorrência de processos
acidentes envolvendo usuários dessas vias; de fluxos de massa, e mesmo a ocorrência de um
• risco de acidentes envolvendo rupturas de processo de instabilização de grande porte em áreas
barragens de terra e de barramentos gerados ocupadas. Geralmente, tais processos são
pelos processos de movimentos de massa. deflagrados por eventos chuvosos bem superiores a
O resultado das vistorias feitas pelos profissionais 50 mm. Um evento extremo sob o ponto de vista de
do IPT da área de Riscos e Desastres Naturais com a desastres naturais no território brasileiro são aqueles
identificação desses cenários de risco residual foi que geram expressivos danos sociais, econômicos
comunicado ao Governo do Estado e ao Comando ou ambientais e grande repercussão nas
Geral das Operações, balizando as seguintes comunidades atingidas, geralmente ultrapassando a
decisões: capacidade de resposta dos agentes locais
• trabalhos resgate, salvamento e busca de envolvidos. No presente caso, podemos considerar o
corpos devem ser precedidos por uma ocorrido na costa leste de Santa Catarina como
avaliação de risco específica de profissionais evento extremo tanto sob o ponto de vista da
habilitados na área a ser objeto de atuação por pluviometria quanto da quantidade, dimensões e
parte das equipes de busca e salvamento; impacto destrutivo dos escorregamentos. As Figuras
• comunicar aos órgãos competentes pelas 3 e 4 mostram, respectivamente, o registro histórico
obras de infraestrutura as condições de risco das chuvas acumuladas no mês de novembro desde
presentes e manter interditadas as áreas o ano de 1995 na cidade de Blumenau e as chuvas
acidentadas. No caso do trecho onde ocorreu acumuladas de 6 dias que atingiram a mesma
rompimento e explosão do gasoduto Bolívia- cidade. Nota-se que somente nos dias 22 e 23 de
Brasil os trabalhos de reconstrução foram novembro de 2008 o índice atingiu cerca de 495 mm
paralisados e solicitado um plano de de chuva.

4
1200
procedimentos específicos a serem seguidos
Cidade: Blumenau (novembro) pelas equipes de socorro;
1000 • acompanhamento dos trabalhos de socorro
por equipe de geólogos e geotécnicos.
CHUVA (mm)

800
A seguir são descritos e ilustrados a rotina de
600
trabalho e o método proposto de resgate e busca de
400 corpos realizados em área com risco de novos
200 movimentos de massa na região do Morro do Baú
(Figuras 5 a 26). Ressalta-se que essas avaliações
0
tiveram como base o conhecimento geológico-
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008
geotécnico dos processos ocorrentes nas áreas,
ANO
aspectos geomorfológicos condicionantes dos
Fonte: CEOPS - IPA / FURB / ANA. processos e observações das feições de superfície
indicadoras de instabilidades, e avaliação das
Figura 3. Recordes mensais do mês de novembro na condições de vulnerabilidade dos locais onde os
cidade de Blumenau, SC a partir de 1995. trabalhos foram realizados.

300

250
CHUVA (mm)

200

150

100

50

0
18 19 20 21 22 23
DIA (novembro)

Fonte: CEOPS - IPA / FURB / ANA.


Figura 5. As equipes do IPT participaram de todas
Figura 4. Chuvas diárias a partir do dia 18/11/2008 as reuniões das equipes ao final das missões desde o
até o final de semana no qual houve a ocorrência primeiro momento da montagem do sistema. Na
dos processos de movimentos de massa. primeira semana todas as ações estavam sob o
controle do Comando de Operações, localizado no
Como exemplos das chuvas que atingiram as aeroporto de Navegantes, coordenados pelo Cel.
áreas pode-se citar a cidade de Jaraguá do Sul com Kern (Foto: Daltrozo, N. - Imprensa Oficial, Santa
acumulado de 4 dias da ordem de 700 mm e a Catarina).
cidade de Timbó com acumulado mensal de cerca
de 799,3 mm.

3 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA

Em função dos cenários residuais de risco existentes


e da necessidade de aumentar a segurança dos
profissionais do Corpo de Bombeiros e da Guarda
Nacional de Segurança Pública, técnicos do IPT
propuseram a seguinte sequência de procedimentos
para evitar acidentes envolvendo as equipes de
busca de corpos e resgate de pessoas isoladas:
• inspeção prévia, aérea e terrestre (quando
possível), a ser realizada por equipe de
geólogo e geotécnico especializados em Figura 6. Uma das atividades dos briefings foi a
Riscos e Desastres Naturais nos locais a comunicação e conscientização dos riscos e
serem objeto das operações de busca de orientação de procedimentos de segurança às
corpos soterrados, remoção de pessoas e equipes de resgate, salvamento e busca de corpos,
salvamento; socorro e aviação (Foto: Daltrozo, N. - Imprensa
• comunicação das condições de risco Oficial, Santa Catarina).
observadas e estabelecimento dos

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Figura 7. Reunião com o Governador de Santa Figura 10. Vistoria aérea em ponto a ser objeto de
Catarina para repasse de informações no Centro de resgate, busca e salvamento. O “ponto quente”
Operações em Navegantes (Foto: Corpo de localiza-se no trecho final da massa, tendo a
Bombeiro - SC). montante um corpo d´água suspenso (IPT).

Figura 8. Definição e revisão dos procedimentos de Figura 11. Vistoria aérea dos trechos superiores das
segurança, envolvendo as equipes da aviação, encostas. Sinais de instabilidade, degraus de
geologia, geotecnia e defesa civil, antes de cumprir abatimento e depósitos de material rompido a meia
a missão (IPT). encosta (IPT).

Figura 9. Geólogo em prontidão para sobrevoo com Figura 12. Vista das condições do terreno adjacente
objetivo de avaliação de risco em área a ser objeto ao local onde foi realizado o trabalho de busca.
de trabalho de resgate, busca e salvamento (IPT). Observar que o curso d´água retoma seu escoamento
superficial indicando caminho preferencial caso
ocorra novas mobilizações (IPT).

6
Figura 13. Vista da área a ser acessada pelas equipes
de busca. Os terrenos possuem espessuras de
material rompido acima de 3 m que se encontra com Figura 16. Vista de depósito de massa rompida e
alto grau de saturação (IPT). corpo d´água. Foi instalado um ponto de observação
no barranco próximo desse local por se tratar de
terreno instável e com potencial de risco de ruptura
(IPT).

Figura 14. Vista de casa situada em ponto alto do


terreno escolhido para ser o ponto de controle e
observação das ações de resgate de corpos, bem
como ponto de referência para o qual a equipe de Figura 17. Avaliação visual no terreno da
resgate deve se dirigir para abrigo caso seja estabilidade das encostas para balizar os
acionada a evacuação imediata do local de resgate procedimentos a serem seguidos pelas equipes de
(IPT). resgate e busca de corpos em região extremamente
afetada (IPT).

Figura 15. Geólogo observando os trabalhos de


colocação de pranchas de madeira para criar acesso
e caminho de fuga entre os pontos “quente” e o
ponto de observação e controle, definindo-se Figura 18. Reunião para revisar os procedimentos de
claramente a rota de fuga (IPT). segurança antes do início da operação de busca de
corpos acompanhado por geotécnico (IPT).

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Figura 22. Apoio aéreo durante os trabalhos de
busca de corpos (IPT). O monitoramento aéreo
Figura 19. Vista das condições e arranjo garantia a segurança das equipes de terra por meio
deposicional das massas rompidas e localização do da visualização de possíveis movimentações a
“ponto quente” (IPT). média e alta encosta.

Figura 20. Equipes de busca (Força Nacional) Figura 23. Vista do ponto de controle na porção
acompanhadas por geólogo e geotécnico (IPT) que superior da massa rompida junto ao corpo d´água
orientam nos cuidados em relação à possibilidade de represado. Um geólogo e um membro da Guarda
instabilizações pontuais na massa rompida quando Nacional munido de rádio e sinalizador mantinham
das escavações para busca de corpos soterrados. observação de possível indício de movimentação de
massas nesse trecho (IPT).

Figura 21. Reavaliação dos procedimentos


preestabelecidos para garantia da segurança das Figura 24. Planos de ação específicos eram
equipes durante a realização das atividades no local definidos e revisados após as missões nas reuniões
da busca (IPT). entre os representantes técnicos e da Defesa Civil
que formavam o Comando de Operações (Foto:
CEDEC).

8
processos do meio físico, com foco na Gestão
de Desastres e com experiência para a tomada
de decisões em momentos de crise;
• A boa aceitação dos profissionais da área de
segurança pública aos conhecimentos trazidos
pelos técnicos do IPT;
• A correta integração entre os conhecimentos
de natureza geológica-geotécnica e gestão de
Desastres Naturais e a definição dos
procedimentos de segurança.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acidente ocorrido no mês de novembro em Santa


Catarina demonstrou que a experiência das equipes
Figura 25. Estudos de análise prévia de locais é fator decisivo e fundamental para minimização dos
objetos dos trabalhos de busca e salvamento e danos e no embasamento das tomadas de decisão.
resgate de corpos (Foto: CEDEC). No caso dos técnicos do Laboratório de Riscos
Ambientais do IPT esta experiência esta
consubstanciada por centenas de atendimentos
emergenciais ao longo dos últimos 21 anos do Plano
Preventivo de Defesa Civil em São Paulo, e em
trabalhos em outros Estados, pela experiência
adquirida durante a operação do Plano de
Contingência do Pólo Petroquímico de Cubatão,
pelos mapeamentos de outras centenas de áreas de
risco em diversas cidades brasileiras, pela
elaboração de cerca de 30 cartas geotécnicas em
diversas escalas, 10 Planos Diretores, 8 Planos
Municipais de Redução de Riscos - PMRRs,
elaboração de Planos de Gestão Ambiental,
realização de cursos de capacitação que treinaram
mais de 3000 técnicos municipais e de diversos
órgãos públicos.
Figura 26. Reunião do comando de operações
constituído por representantes da Defesa Civil,
6 AGRADECIMENTOS
militares da aeronáutica, corpo de bombeiros,
Guarda Nacional e geólogos e geotécnicos de
Os autores manifestam seus agradecimentos ao
diversas entidades (IPT).
Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT por terem
tornado possível a realização dos trabalhos técnicos
4 CONTRIBUIÇÕES DA GEOLOGIA DE
executados em Santa Catarina.
ENGENHARIA
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A oportunidade de participar das ações
emergenciais, logo após o desastre ocorrido em
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
Santa Catarina, em conjunto com profissionais da
São Paulo - IPT (2009) Banco de dados de
área de segurança e de outras áreas do conhecimento
mortes por escorregamentos no Brasil: período –
e com experiências diversas possibilitou uma análise
1988 até 2009. CD-Rom.
crítica da importância da participação do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
profissional de Geologia de Engenharia
São Paulo - IPT (2009) Os escorregamentos e os
especializado em Desastres Naturais no pronto
fluxos de massa em Santa Catarina – 2008:
atendimento a cenários de Riscos de natureza
cenários de risco, ações emergenciais e lições
geológica. No contexto das ações realizadas em
aprendidas. Relatório Técnico IPT (no prelo).
Santa Catarina pelas equipes do IPT são destacados
alguns pontos:
• A importância da rápida mobilização das
equipes de apoio relacionadas às áreas de
Geologia, Geotecnia e Desastres Naturais;
• A importância da formação de profissionais
habilitados para execução das vistorias e
avaliações dos distintos cenários de risco a

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