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PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS

PROGRAMA URBANIZAÇÃO, REGULARIZAÇÃO


E INTEGRAÇÃO DE ASSENTAMENTOS
PRECÁRIOS,
Para a Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de
Riscos em Assentamentos Precários.

Etapa II – PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS.

Relatório final com plano estratégico para redução dos riscos no município
de Guarulhos

Novembro de 2004

ROSA e BINDONE – Engenharia 1


Ltda
PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS

1.Introdução

Este relatório apresenta o Plano Municipal de Redução de Riscos de Guarulhos,


objeto do contrato 102/2004-SOSP e parte do convênio firmado entre a Prefeitura do
Município de Guarulhos e a Caixa Econômica Federal/ Ministério das Cidades, por meio
do Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários /
Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.

O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) apresenta alguns referenciais


técnicos e gerenciais que permitem aos Poderes Públicos a implementação de ações
estruturais e não-estruturais, em prazos adequados aos recursos orçamentários do
município, do estado e da União, para reduzir e controlar as situações de riscos associados
a escorregamentos e solapamentos de margens de córregos que ameaçam a segurança dos
moradores e dificultam a inclusão dos assentamentos precários à cidade formal.

1. Metodologia
O Plano de Redução de Riscos do Município de Guarulhos – PMRR é resultante dos
seguintes parâmetros técnicos:
a. O mapeamento de riscos
b. Estimativa de custos para redução de riscos
c. O Plano Diretor Municipal e as ações previstas de desenvolvimento urbano e da política
municipal de habitação
d. Critérios para priorização das intervenções

a. O mapeamento de riscos (anexo 1)


Durante os meses de setembro e outubro de 2004, foram vistoriadas 55 áreas de
favelas e loteamentos precários do município de Guarulhos onde, na cultura técnica dos
agentes públicos municipais (em especial, das Secretarias de Habitação e do Meio Ambiente
e da Comissão Municipal de Defesa Civil), houvesse moradias sujeitas a acidentes ou
registros de ocorrência de acidentes associados a escorregamentos de encostas ou
solapamento de margens de córregos. A seleção de tais áreas foi submetida à apreciação
de lideranças comunitárias, em reunião convocada pela Prefeitura para tal fim, com a
presença de técnicos da Caixa Econômica Federal.

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Foram identificadas situações de risco associado a escorregamentos de encostas e
solapamento de margens de córregos em 46 delas. Nas demais, tais riscos são muito baixos
a inexistentes.
Para este tipo de levantamento expedito, em áreas informais com intensa dinâmica
de modificação do meio físico, o método adotado corresponde a investigações geológico-
geotécnicas de superfície, apoiadas na análise prévia de dados técnicos disponíveis sobre
as áreas de risco. Os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente repassaram à equipe
executiva um importante acervo de documentos, mapas, relatórios e laudos. Durante os
trabalhos de campo, servidores da Secretaria de Habitação acompanharam as atividades,
auxiliando no reconhecimento e localização precisa das áreas indicadas para mapeamento e
se responsabilizando por estabelecer contatos e entendimentos com representantes das
comunidades locais.
Nas áreas indicadas para mapeamento, foram delimitados 70 setores de risco, com
atribuição da probabilidade de ocorrência de processos de instabilização para cada uma
delas. Os critérios de julgamento da probabilidade de ocorrência dos processos de
instabilização são apresentados no quadro abaixo:

Grau de Descrição
probabilidade
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e
o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para o desenvolvimento de
processos de escorregamentos e solapamentos.
R1 Não há indícios de desenvolvimento de processos de instabilização de encostas e de
Baixo margens de drenagens.
É a condição menos crítica.
Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos destrutivos no
período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e
o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para o desenvolvimento de
R2 processos de escorregamentos e solapamentos.
Médio Observa-se a presença de alguma(s) evidência(s) de instabilidade (encostas e margens de
drenagens) porém incipiente(s).
Mantidas as condições existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência de eventos
destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo
chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e
o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de
processos de escorregamentos e solapamentos.
R3 Observa-se a presença de significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas no solo,
Alto degraus de abatimento em taludes, etc.)
Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a ocorrência de eventos
destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo
chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e
o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de
R4 processos de escorregamentos e solapamentos.
Muito Alto As evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, trincas em
moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados, cicatrizes de
escorregamento, feições erosivas, proximidade da moradia em relação ao córrego, etc. ) são
expressivas e estão presentes em grande número e/ou magnitude.
É a condição mais crítica.Mantidas as condições existentes, é muito provável a ocorrência
de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de
um ciclo chuvoso.
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Quadro 1. Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de processos de
instabilização do tipo escorregamentos em encostas ocupadas e solapamento de margens de córregos.

Como o mapeamento de risco tem por objetivo a redução e controle dos riscos
identificados, também é sugerida uma tipologia de intervenções para tal fim. Para isso, foi
adotada uma padronização dos diferentes tipos de intervenções, apresentada no quadro
seguinte, possibilitando o emprego de uma terminologia uniforme.

TIPO DE INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO


Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc. Recuperação e/ou
SERVIÇOS DE LIMPEZA limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e acessos. Também
E RECUPERAÇÃO incluem obras de limpeza de canais de drenagem. Correspondem
a serviços manuais e/ou utilizando maquinário de pequeno porte.
Implantação de sistema de drenagem superficial (canaletas,
rápidos, caixas de transição, escadas d´água, etc.). Implantação
de proteção superficial vegetal (gramíneas) em taludes com solo
exposto. Eventual execução de acessos para pedestres
OBRAS DE DRENAGEM SUPERFICIAL, (calçadas, escadarias, etc.) integrados ao sistema de drenagem.
Proteção vegetal de margens de canais de drenagem. Desmonte
PROTEÇÃO VEGETAL (GRAMÍNEAS) de blocos rochosos e matacões. Predomínio de serviços manuais
E DESMONTE DE BLOCOS E MATACÕES e/ou com maquinário de pequeno porte.
Execução de sistema de drenagem de subsuperfície (trincheiras
OBRAS DE DRENAGEM drenantes, DHP, poços de rebaixamento, etc.). Correspondem a
DE SUBSUPERFÍCIE serviços parcial ou totalmente mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção localizadas, como
chumbadores, tirantes, microestacas e muros de contenção
ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO passivos de pequeno porte (hmax = 5 m e lmax = 10 m). Obras de
LOCALIZADAS OU LINEARES contenção e proteção de margens de canais (gabiões, muros de
concreto, etc.). Correspondem a serviços parcial ou totalmente
mecanizados.
Execução de serviços de terraplenagem. Execução combinada de
OBRAS DE TERRAPLENAGEM obras de drenagem superficial e proteção vegetal (obras
DE MÉDIO A GRANDE PORTE complementares aos serviços de terraplenagem). Obras de desvio
e canalização de córregos. Predomínio de serviços mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção de médio a grande porte
ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DE MÉDIO (h > 5 m e l > 10 m), envolvendo obras de contenção passivas e
A GRANDE PORTE ativas (muros de gravidade, cortinas, etc.). Poderão envolver
serviços complementares de terraplenagem. Predomínio de
serviços mecanizados.
As remoções poderão ser definitivas ou não (para implantação de
REMOÇÃO DE MORADIAS uma obra, por exemplo). Priorizar eventuais relocações dentro da
própria área ocupada, em local seguro.

Quadro 2. Tipologia de intervenções voltadas à redução de riscos associados a escorregamentos em


encostas ocupadas e a solapamentos de margens de córregos.

Resultados do mapeamento

Foram identificados 70 setores de risco em 46 das 55 áreas indicadas para o


mapeamento: 62 setores situam-se em encostas e 8 em margens de córregos.

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Os setores de risco indicam um determinado setor dentro do assentamento, sujeito a
sofrer um determinado processo destrutivo, cujas evidências ou indicadores predisponentes
foram identificadas em campo.
Para as áreas de encosta estudadas, predominam quase completamente riscos
associados a processos de escorregamentos em solo, mobilizando material de cortes, lixo
e/ou detritos, material de aterro simplesmente lançado ou ainda material escorregado
situado à meia encosta ou no pé do talude e de colapso de moradias por deficiência de
fundações, instabilizadas por pequenos escorregamentos, demonstrando a decisiva
influência das características da ocupação na geração do risco.
As moradias localizadas nos setores de risco em margens de córregos estudados
estão sujeitas a instabilização por solapamento das margens e/ou eventual ação direta das
águas.

A cada setor foi atribuído um grau de risco, relativo à probabilidade de ocorrência do


processo destrutivo identificado, de acordo com os critérios indicados na tabela 1.
Dos 62 setores de risco em encostas identificados, 13 apresentam probabilidade
muito alta de ocorrência de processo destrutivos (R4); 24, probabilidade alta (R3); 19
setores apresentam média probabilidade (R2); e 6 setores, baixa probabilidade de sofrerem
processos destrutivos (R1).
Dos 8 setores de risco identificados em margens de córregos, 3 apresentam
probabilidade muito alta de sofrerem processos destrutivos associados a solapamentos e/ou
ação direta das águas; 1 apresenta probabilidade alta, 2 setores apresentam média
probabilidade e 2 apresentam baixa probabilidade.

Foi estimado um total aproximado de 2.275 moradias nestes setores, sendo que
1.850 sujeitas a processos de instabilização de taludes em encostas e 425 por processos
associados ao fluxo dos córregos.
Das moradias incluídas em setores de encostas, cerca de 694 (37,5%) encontram-se
em situação de probabilidade muito alta de ocorrência (R4); 718 moradias (38,8%) estão
sujeitas a instabilização com alta probabilidade (R3); 355 (19,1%) apresentam probabilidade
média (R2) e 83 (4,5%), baixa probabilidade de serem afetadas pela ocorrência de
processos destrutivos.
Entre as 425 moradias de setores em margens de córregos, cerca de 135 foram
consideradas sujeitas a probabilidade muito alta de sofrerem instabilização por solapamento
de margens e/ou ação direta das águas, 40 a probabilidade alta, 230 a média probabilidade
e 20 a baixa probabilidade.

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Quanto às intervenções indicadas para a prevenção de acidentes e controle do risco,


pode se constatar que, em função das características do risco tipicamente sócio-ambiental, a
tipologia de intervenção recomendada na totalidade dos setores de encostas corresponde à
implantação de obras de drenagem superficial e (em quase a totalidade) coleta de esgotos,
destinadas a coletar e disciplinar o escoamento das águas pluviais e servidas e à proteção
da superfície dos taludes.
Sugerem-se obras de drenagem de subsuperfície em 26 setores, estruturas de
contenção localizadas ou de pequeno porte em 24 setores, obras de contenção de médio a
grande porte em 23 setores e terraplanagem de médio a grande porte em 15 setores.
A precariedade aparente na estrutura das edificações e a observação de alguns casos
de colapso de arrimos e fundações de moradias causados por processos erosivos ou
pequenos escorregamentos em 25 setores, conduzem à indicação da necessidade de
vistoria nesses setores para investigação de evidências de instabilidades estruturais das
edificações e, caso se confirmem, de execução de obras de reforço de fundação.
Para os 8 setores de margens de córrego é sugerida a implantação de estruturas de
contenção lineares .
Sugere-se a remoção definitiva de moradias em 10 setores de encostas. Os casos mais
críticos e iminentes (11 moradias) foram comunicados diretamente, por meio de ofício, à
Prefeitura de Guarulhos para ação imediata. Entretanto, para as demais sugestões de
remoção, considera-se que não devam ocorrer pontualmente, mas devem ser decididas
quando forem executadas intervenções globais na área. Remoções isoladas quase sempre
resultam em reocupação, permanecendo o risco nesse caso.
Em todos os setores de beira de córrego é sugerida a remoção das moradias em risco
de solapamento, pelo fato de se encontrarem em local completamente inadequado e
insalubre para a fixação definitiva de moradias, mesmo que obras de contenção estabilizem
os taludes sobre os quais elas se assentam.

b. Estimativa de custos para redução de riscos (anexo 2)


Com base nos resultados do mapeamento, foi elaborada uma estimativa de custos das
intervenções estruturais recomendadas para setores de riscos alto (R3) e muito alto (R4).
Adotou-se como referência a tabela de preços unitários da Secretaria de Infra Estrutura
Urbana da Prefeitura de São Paulo do mês de janeiro de 2004. Os quantitativos (como
extensões, áreas e volumes) foram levantados em campo ou graficamente, através da
escala fotográfica, chegando-se ao orçamento individualizado das intervenções para cada
setor de risco.

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Na totalização dos orçamentos individualizados, foram incluídos serviços
complementares (10%), BDI (23%) e projeto básico ou executivo (3%).
O custo total estimado das intervenções sugeridas é de R$ 68 milhões, sendo que cerca
de R$3 milhões estão relacionados a obras de drenagem de águas pluviais; R$1,2 milhões
a proteção de taludes com placas de grama e R$3,8 milhões empregando tela com
concreto projetado; cerca de R$730 mil à implantação de coletas de esgotos; R$6,3
milhões a limpeza de áreas secas; cerca de R$1 milhão, referem a limpeza de canais;
quase R$7 milhões são estimados para contenção de margens de córregos; R$4,7 milhões
para retaludamentos; quase R$ 7 milhões para DHPs e trincheiras drenantes; cerca de
R$4,5 milhões são previstos para obras de contenção de pequeno porte e R$26,7 milhões
para obras de contenção de médio a grande porte. A implantação de passeios e escadarias
nas áreas estudadas implicaria num adicional de aproximadamente R$1 milhão de reais.
Convém ressalvar que estes valores referem-se a estimativas, que servirão de referência
para este PMRR .

c. O Plano Diretor Municipal e as ações previstas de desenvolvimento urbano e da


política municipal de habitação
O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) deve ser considerado como uma
diretriz importante tanto para a política habitacional do município como para a
implementação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, Econômico e Social do
Município de Guarulhos (Projeto de Lei Nº 085/2004), que ainda não se transformou em lei.
O instrumento de ordenamento e regulação do território que prevalece, hoje, para o
município de Guarulhos, é o Plano Diretor de 1971 e o Zoneamento de 1996. A não
implementação do novo Plano Diretor não impede a aplicação dos instrumentos do Estatuto
da Cidade1, mesmo porque a escala local da problemática do risco é pouco tratada no
projeto de Lei do Plano Diretor.
Apresentam-se, nas páginas 12 e 13, o quadro atual das áreas mapeadas em
relação ao zoneamento (Lei 4818 /1996) e ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano,
Econômico e Social do Município de Guarulhos (PROJETO DE LEI Nº 085/2004).
Na perspectiva do que deva ser a implementação do Plano Municipal de Redução de
Risco (PMRR), é fundamental a aplicação de alguns instrumentos de regularização fundiária
previstos no Estatuto da Cidade2, no campo das chamadas políticas preventivas, tendo em
vista que nem tudo é matéria pertinente à regulamentação especifica do Plano Diretor.

1
O Estatuto da Cidade prevê importantes instrumentos para o aprimoramento da gestão urbana e de redução de riscos à saúde
e de riscos naturais no contexto urbano, incluído o controle da ocupação de áreas de risco geotécnico e de inundação, a partir
dos instrumentos de regularização fundiária para a urbanização de favelas, podendo melhorar as condições sanitárias dessas
ocupações de baixa renda; reduzir riscos naturais e impactos sobre o meio ambiente.
2
Usucapião Especial Urbano (individual/coletivo); Concessão de Uso Especial para fins de moradia (individual/coletivo). Zonas
Especiais de Interesse Social (ZEIS). Estatuto da Cidade – Lei nº 10.257/01 juntamente com a Medida Provisória nº 2.220 .
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Esses instrumentos independem do Plano Diretor e é importante ressaltar que, mesmo nos
casos em que o poder público não atuar neste campo, o indivíduo tem o direito à
regularização fundiária.
As áreas de risco devem ser compreendidas, dentro do quadro municipal, como as áreas
prioritárias para aplicação destes instrumentos e, fundamentalmente, para a aplicação dos
investimentos públicos.
Os programas de regularização fundiária precisam ser combinados com investimentos
públicos e políticas sociais e urbanísticas que gerem opções adequadas e acessíveis de
moradia social para os grupos de maior vulnerabilidade ao risco.
Sugere-se, portanto, que sejam adotados, na política habitacional do município, critérios
de prioridade para o atendimento das famílias que se encontrem em assentamentos de
maior vulnerabilidade.

d. Critérios para priorização das intervenções


Propõem-se, a princípio, os seguintes critérios para o estabelecimento de uma ordem
de prioridade entre as áreas e setores a serem atendidas por intervenções estruturais de
redução de risco:
1. O grau de risco (probabilidade de ocorrência de processos destrutivos)
Setores de risco muito alto (R4) > alto (R3) > médio (R2) > baixo (R1)
2. O porte do setor ( número de moradias beneficiadas diretamente)
Setor de grande porte (>50 moradias em risco)
Setor de médio porte ( entre 20 e 50 moradias)
Setor de pequeno porte ( menos que 20 moradias em risco)
3. A relação custo/moradia da intervenção estrutural
4. A inclusão da área ou setor em programas municipais de urbanização, regularização
fundiária ou saneamento, desde que esse critério não inverta o foco de prioridade de
redução de riscos expresso pelos demais critérios.

As áreas que apresentam setores com riscos alto e muito alto, ambos com grande
porte e relação custo/moradia inferior a R$50 mil, estarão indicadas na lista de prioridade em
sua totalidade enquanto área; nos demais casos, serão indicados setores distintamente.

Apresenta-se a seguir uma escala de prioridades entre os setores de riscos alto e


muito alto mapeados, adotando os três primeiros critérios e que deve servir como referência
para as ações de redução de riscos (v. anexo 3):

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Ordem de Número e nome da área Setor


prioridade
1 23 a. JARDIM NOVO RECREIO / RECREIO 1e2
SÃO JORGE
2 52. JARDIM FORTALEZA 1e2

3 17-18- PARQUE MIKAIL 1e2


R. Lázaro de Almeida Campos – R. Natal Del
Buoni
4 4. PARQUE SÃO RAFAEL 1e2
JD. VILA GALVÃO
5 26. JARDIM CUMBICA II 1e2
Rua Alvarenga
6 43. JD. PARQUE S. LUIS / COCHO VELHO 1

7 23 c. JARDIM NOVO RECREIO 1


R. Renascença
8 24. JARDIM CUMBICA / BAQUIRIVU 1
9 47.CIDADE SOBERANA 1
10 53. JARDIM PALMIRA 1
11 8. SÍTIO DOS MORROS 1 1e2
12 9. SÍTIO DOS MORROS 2 1
13 19. PARQUE MIKAIL 1e2
14 44. JD. PRESIDENTE DUTRA – MORRO DO 1e2
PIOLHO
15 25. RUA ESTRELA D´ALVA E ARGIRITA 1
16 23d. JARDIM NOVO RECREIO 1
17 13a . JARDIM SANTA INÊS 1
18 15-16. JD. PARAISO 1 e 2 1
19 20. PARQUE PRIMAVERA 1e2
20 2. VILA CAMBARÁ 1
21 13b. JARDIM SANTA INÊS 1
22 41. JD. JACI 1
23 54. JD. DONA MERI II 1
24 30. JD. ARAPONGAS 1
25 32-36-38.CIDADE TUPINAMBÁ 1, 2 e 3 1
26 34-35. JD. MONTE ALEGRE I e II 1
27 27. JD. CUMBICA 1
28 12. JARDIM SANTA MARIA 2
29 2. VILA CAMBARÁ 2
30 13b. JARDIM SANTA INÊS 2
31 23b. JARDIM NOVO RECREIO 1
32 1. JARDIM MONTE ALTO 1

2. O Plano Estratégico de Redução de Riscos do Município de Guarulhos

a. Considerações gerais
Embora as situações de risco associado a escorregamentos e processos
correlatos no município de Guarulhos envolvam um universo significativo de mais de 2
mil moradias, o risco ambiental urbano mais expressivo no município está vinculado à
densa e ampla ocupação das margens de córregos e planícies de inundação por
assentamentos precários.

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As proposições aqui expressas consideram também que um plano municipal de
gerenciamento de riscos em áreas de assentamentos precários deve ter como norte
principal a inclusão desses assentamentos na cidade formal, com a implantação de infra-
estrutura urbana e serviços essenciais que modificaria essencialmente o quadro de
instabiliade e vulnerabilidade das áreas estudadas.
Com esta perspectiva de inclusão espacial presente, é indispensável estabelecer
também estratégias específicas para o gerenciamento dos riscos identificados. Adotam-
se aqui as quatro estratégias de ação propostas pela agência das Nações Unidas
voltada para a redução de desastres (UNITED NATIONS DISASTERS RELIEF OFFICE –
UNDRO, 1991:
1. Identificação e análise dos riscos (conhecimento dos problemas)
2. Planejamento e implementação de intervenções (obras e serviços) para a
minimização dos riscos
3. Monitoramento permanente das áreas de risco e implantação de planos preventivos
de defesa civil.
4. Informação pública e capacitação para ações preventivas e autodefesa.

As duas primeiras estratégias estão refletidas neste PMRR. Sugere-se que o


mapeamento de riscos aqui apresentado seja utilizado para ações preventivas e
monitoramento de campo durante os períodos críticos de pluviosidade. A implantação de
Planos Preventivos de Defesa Civil nos períodos chuvosos é indispensável para a
garantia da segurança dos moradores das áreas mais críticas até que se execute a
intervenção estrutural planejada. Um plano preventivo de defesa civil envolve ações
públicas que antecedem a ocorrência de acidentes, por meio do estabelecimento de
indicadores de situações críticas e da observação em campo de evidências de
instabilidade, no sentido de evitar suas conseqüências.

Os resultados do mapeamento e as intenções do PMRR devem ter ampla divulgação


pública, tanto no sentido de informar e comprometer a sociedade civil com as propostas
de redução de riscos, quanto para capacitar os moradores das áreas de risco a
desenvolver parceria com a prefeitura em ações preventivas e de autodefesa.

b. Proposições gerais
• Aplicação anual de, pelo menos, R$10 milhões do orçamento municipal em obras
de redução de risco nas áreas mapeadas;

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• Apresentação de projetos para captação de recurso ou inclusão nos programas


municipais que resultem em obras de drenagem e saneamento aplicadas em todas
as áreas mapeadas onde tais intervenções são recomendadas;
• Nas áreas de maior porte (por exemplo, para o Novo Recreio-Recreio São Jorge,
Parque Mikail, Jardim Fortaleza e Parque São Rafael), sugere-se a elaboração de
projetos globais de melhorias, urbanização e regularização fundiária, contemplando
transversalmente a situação de risco indicada, que direcione com maior eficácia a
aplicação dos recursos públicos.

c. Proposições específicas

• Incluir no Sistema de Cadastro Social3,uma pontuação especifica de vulnerabilidade


ao risco, correspondente a metodologia aplicada no “Mapeamento de riscos
associados a escorregamentos em encostas e solapamentos de margens de
córregos nas áreas de assentamento precário do Município de Guarulhos”, para o
estabelecimento de critérios de prioridade para o atendimento das famílias nos
programas habitacionais4.
• Nos empreendimentos habitacionais em construção PAR 2005 (200 unidades) e os
empreendimentos em fase de contratação PAR II (760 unidades), incluir a pontuação
especifica de vulnerabilidade no cadastro, para priorizar a seleção das famílias que
se encontram nos setores de risco.
• Todas as áreas mapeadas, sem exceção, precisam de investimentos em saneamento
e urbanização e têm característica de ZEIS5 – Zonas Especiais de Interesse Social.
Portanto, seria recomendável propor ao poder legislativo a criação de uma
regulamentação especifica de ZEIS para todas as áreas mapeadas.
• Gestões junto a Superintendência de Ação em Favela da Diretoria de Planejamento e
Projeto – CDHU, no Programa de Desfavelamento e Áreas de Risco para a

3
Cadastro para titulação de famílias residentes em áreas desafetadas para recebimento da Concessão de Direito Real de Uso
– CDRU ou Permissão de Uso; Cadastro sócio econômico de famílias para intervenções urbanísticas; Cadastro sócio
econômico para inscrição no PAR – (programa específico que atribui pontuação de vulnerabilidade); Arrolamento de famílias e
domicílios para atendimento a expedientes diversos (regularização fundiária, reintegração de posse, intervenção de obras
publicas, remoção de área de risco, atualização e controle de registro).
4
Programa Morar Melhor, Programa Mutirão, Programa Credito Solidário, PAR - Programa de Arrendamento Residencial; PAT-
PROSANEAR, PSH - Programa de Subsidio a Habitação de Interesse Social e outros.

5
ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social compõem-se de áreas onde é necessário promover a regularização urbanística e
fundiária de assentamentos habitacionais com população de baixa renda existentes e consolidados, bem como de áreas livres
que possibilitem o desenvolvimento de programas habitacionais de interesse social. Art. 31. As áreas definidas como Zonas
Especiais de Interesse Social classificam-se em: I - ZEIS-A: assentamentos habitacionais consolidados, surgidos
espontaneamente e ocupados sem título de propriedade por população de baixa renda, carentes de infra-estrutura urbana; II -
ZEIS-L: áreas de loteamentos irregulares ou clandestinos consolidados; III - ZEIS-G: áreas livres ou glebas de terra não
utilizadas, não edificadas ou subutilizadas, adequadas à implantação de programas habitacionais de interesse social.
(PROJETO DE LEI Nº 085/2004).
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viabilização e destinação de programas habitacionais específicos para áreas de
assentamento precário (Programa de Áreas de Risco)
• Gestão junto à CEF para a viabilização e destinação de linhas de crédito de
programas habitacionais específicos para melhorias das condições de habitabilidade,
onde essa condição configura o risco - assistência técnica e cesta de materiais de
construção.
• Criar programa e projetos integrados para controle e destinação de novos usos em
áreas estabilizadas.
• Procurar disponibilizar terrenos municipais com infra-estrutura para a relocação de
famílias que se encontram em locais de maior risco;
• Incluir no programa de Revitalização Urbana – Operação Urbana Jacu-Pêssego – as
áreas de risco que se encontram dentro do perímetro ou mesmo lindeiras, como
ZEIS e criar instrumentos econômicos e tributários de indução de desenvolvimento
para aplicação direta nestas áreas.

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ZONAS ÁREAS DE RISCO


ZH 4 - Zona de Uso Habitacional 46 22
ZUM -Zona de Uso Misto7 17
ZIA - Zona de Influência Aeroportuária8 8
ZUI - Zona de Uso Industrial9 3
ZA 5 - Zona Aeroportuária 10 1
ZUR – Zona Rural11 2
Quadro atual das áreas precárias em situação de risco em relação ao zoneamento (Lei 4818 /1996).

6
As Zonas de Uso Habitacional 1, 2, 3 e 4, são aquelas em que o uso é predominantemente habitacional e diferenciam-se
quanto ao grau de permissividade não residencial e quanto às características de uso e ocupação dos lotes.
7
A Zona de Uso Misto é aquela em que as atividades comerciais, prestadores de serviços e industriais são executadas em
conformidade com o uso residencial
8
A Zona de Influência Aeroportuária é aquela próxima à área do Aeroporto, onde as restrições de uso e ocupação do solo são
especificas.
9
) A Zona de Uso Industrial é aquela em que o uso é predominantemente industrial
10
As Zonas Aeroportuárias são aquelas que estão inseridas nas áreas 1 e 2 de ruído e também na zona de proteção do
aeródromo, conforme Portaria número 479/DGAC, de 07 de dezembro de 1992, que regulamentou a Portaria número
1.141/GM-5, de 08 de dezembro de 1987 e Portaria número 612, de 11 de fevereiro de 1994, do Ministério da Aeronáutica e
diferenciam-se quanto ao grau de permissividade de uso e de condições de ocupação dos lotes
11
A Zona de Uso Rural é a área fora do perímetro urbano ou da área de expansão urbana ,que possui características
essencialmente de uso rural
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MACROZONAS ÁREAS DE RISCO


Macrozona de urbanização em desenvolvimento12 26
Macrozona de urbanização consolidada13 15
Macrozona de dinamização econômica e urbana14 8
Macrozona de uso rural-urbano15 4
Quadro atual das áreas precárias em situação de risco em relação ao Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano, Econômico e Social do Município de Guarulhos (PROJETO DE LEI Nº 085/2004)

Anexo 3. Tabela com indicadores para aplicação de critérios de prioridade

12
A Macrozona de Urbanização Consolidada caracteriza-se por áreas dotadas de média ou boa infra-estrutura urbana com alta
incidência de usos habitacionais, comércio e prestação de serviços que requeiram uma qualificação urbanística, têm maior
potencialidade para atrair investimentos imobiliários e produtivos e tendência à estabilidade ou até ao esvaziamento
populacional
13
A Macrozona de Urbanização em Desenvolvimento é composta de áreas que requeiram melhorias urbanas significativas em
vista de: (I) - necessidade de infra-estrutura básica; (III) - grande incidência de loteamentos clandestinos e/ou irregulares e
favelas.
14
A Macrozona de Dinamização Econômica e Urbana é composta por áreas de uso predominantemente industrial, comercial e
de serviços, com potencialidade de atrair novos investimentos imobiliários e produtivos, nas quais há moradias com alta
incidência de terrenos vazios e subutilizados ou áreas de circulação e preservação ocupadas, possuindo infra-estrutura
deficiente e sob forte influência do aeroporto internacional.
15
A Macrozona de Uso Rural-Urbano é composta por áreas com características rurais, existência de núcleos urbanos, baixa
densidade populacional, rede precária de infra-estrutura e predominantemente ocupadas por habitações de população de baixa
renda ou áreas com características rurais incrustadas em regiões urbanas.

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Nome da área Setor Grau de Nº de Estimativa de

encosta

margem
risco moradias custo (R$)
diretamente Relação custo /
moradia atendida
afetadas

1. JD. MONTE ALTO 1 R3 17 1.349.882,


192.840,
348.745,
2. VILA CAMBARÁ 1 R4 4 87.186,
233.369,
2 R3 2 116.684,
3.471.116,
4. PARQUE SÃO RAFAEL 1 R4 ~ 85 40.836,
330.621,
2 R3 ~12 27.551,
590.360,
8. SÍTIO DOS MORROS 1 1 R4 5 118.072,
500.000,
2 R3 9 55.555,
1.282.226,
9. SÍTIO DOS MORROS 2 1 R3 ~36 35.617,
386.073,
12. JD. SANTA MARIA 1 R3 4 96.518,

2.053.316,
13 a. JD. STA. INÊS 1 R3 ~ 55 37.333,

165.671,
13 b. JD. STA. INÊS 1 R4 2 82.835,
2.168.713,
2 R3 12 180.7726,
877.287,
15-16 – J. PARAÍSO 1 e 2 1 R3 ~20 43.864,

1.036.869,
17-18 – PARQUE MIKAIL 1 R4 ~53 19.563,
1.036.869,
2 R3 ~30 34.562,
1.311.215,
19. PARQUE MIKAIL 1 R4 14 93.658,
582.834,
2 R3 9 41.631,
786.592,
20. PARQUE PRIMAVERA 1 R4 5 157.318,
352.890,
2 R3 12 29.407,
7.346.781,
23 a. JARDIM NOVO 1 R4 ~300 24.489,
RECREIO / RECREIO SÃO 7.097.425,
JORGE 2 R3 ~150 47.316,

23b. JARDIM NOVO 1 R3 4 524.394,96


RECREIO 131.098,

23 c. JARDIM NOVO 1 R4 ~50 4.442.334,


RECREIO 88.846,

23 d. JARDIM NOVO 1 R4 14 1.231.160,


RECREIO 87.940,
24 .JARDIM CUMBICA 4.272.422,
BAQUIRIVÚ 1 R4 ~30 142.414,

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25-RUA ESTRELA D’ALVA 1 R4 18 1.319.217,


E ARGIRITA 73.289,

26. JARDIM CUMBICA II 1 R4 ~54 1.615.199,


29.911,

2 R3 ~72 1.649.899,
22.915,

27. JARDIM CUMBICA 1 R3 ~19 1.215.274,


63.961,

30. JARDIM ARAPONGAS 1 R3 ~40 1.554.755,


38.868,
32-36-38-CIDADE
TUPINAMBÁ 1,2,e 3 1 R3 ~30 1.964.695,
65.489,

34-35. JARDIM MONTE 1 R3 ~10 594.143,


ALEGRE I E II 59.414,

41. JARDIM JACI 1 R3 ~36 813.077,


22.585,

43. JD. PARQUE SÃO 1 R4 ~80 1.893.902,


LUIS 23.673,

44. JD. PRESIDENTE 1 R3 ~23 1.228.325,


53.405,
DUTRA – MORRO DO
PIOLHO 1.139.555,
2 R4 ~25
45.582,

47.CIDADE 1 R3 ~57 2.037.156,


SOBERANA 35.739,

52.JARDIM 1 R3 ~35 1.335.990,


38.171,
FORTALEZA
2 R4 ~90 2.978.227,
33.091,

53. JARDIM PALMIRA 1 R3 ~50 2.115.721,


42.314,

54.JARDIM DONA 1 R3 ~14 523.725,


MERI II 37.408,

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