Metodologia para Determinação da Suscetibilidade a Corridas de
Detritos em Pequenas Bacias Hidráulicas
Milton Assis Kanji Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Dep. de Enga. Estruturas e Fundações, SP
Marcelo Fischer Gramani
Universidade de São Paulo, Aluno de Pós-Graduação da Escola Politécnica - EPUSP, SP
RESUMO: Após o estudo e análise das ocorrências documentadas de Corridas de Detritos no
Brasil, e de diversos casos ocorridos internacionalmente, foram identificados os principais fatores intervenientes na geração e formação dessas corridas, assim como as suas importâncias relativas. Desses fatores destacam-se a constituição geológica da bacia, inclinação e altura das encostas e dos canais de drenagem, área da bacia, precipitação pluviométrica, vegetação e atividade antrópica. A esses fatores foram atribuídos pesos relativos, bem como uma escala de atributos a cada fator, com suas respectivas notas. A Vulnerabilidade de cada caso analisado pode ser obtida pela somatória dos produtos das notas referentes a cada atributo por seu respectivo peso, resultando em uma nota índice variando de 0 a 100. A metodologia proposta permite a avaliação da vulnerabilidade de áreas sujeitas a corridas de detritos de modo simples, rápido e direto, constituindo-se em uma grande vantagem quando se analisam pequenas bacias hidráulicas.
PALAVRAS-CHAVES: Corridas de Detritos, Suscetibilidade, Mapas de Risco, Bacias Hidráulicas,
Metodologia.
1 INTRODUÇÃO dos mais destrutivos processos naturais
associado à dinâmica externa, causando muitos Recentes tragédias ocorridas em algumas prejuízos sociais, econômicos e impactos regiões do mundo, como as da Itália, Filipinas, ambientais. Japão, Hong Kong, Nepal, Porto Rico, No Brasil, há diversos casos relatados na Tailândia, Hawai, Califórnia, Colômbia, Peru, literatura, descritos desde o século 19. Infanti Venezuela, Chile, Espanha, México, El Jr. e Fornasari Filho (1998) apresentam um Salvador, entre outras, envolveram rápidas trecho do diário de Martim Francisco Ribeiro de transformações de escorregamentos em corridas Andrade, escrito em 1805: “..., com as grandes de detritos, a partir de chuvas intensas e chuvas desabaram porções da serra, que vieram prolongadas, causando conseqüências a entulhar o rio das Minas e o ribeirão de catastróficas em termos de vidas humanas, Mandira, arrastando consigo enormes madeiras propriedades e infraestrutura. Essas ocorrências com grandes prejuízos aos moradores...”. Trata- motivaram uma série de estudos visando a se, provavelmente, da primeira descrição de compreensão, caracterização e prevenção desses uma corrida de detritos em território nacional. fenômenos. Um sumário dos casos nacionais e de alguns As corridas de detritos (“debris flows”) se casos internacionais é apresentado em Gramani destacam, pois são movimentos de massa e Kanji (2000) e Gramani (2001). Os casos extremamente rápidos, capazes de transportar mais recentes de corridas de detritos no Brasil, um grande volume de material num curto ocorridos em 1999/2000, são os da Via espaço de tempo. Além disso, as velocidades Anchieta (km 42, Serra do Mar) e da Fazenda atingidas por estes processos geralmente são Mato Quieto (Serra da Mantiqueira, nas muito altas, variando comumente de 5-20m/s, proximidades da cidade de Lavrinhas, Vale do transportando grandes blocos de rocha por Paraíba). De maneira geral estas corridas longas distâncias. São consideradas como um ocorrem principalmente nas regiões serranas e costeiras do território nacional, envolvendo as passíveis de remoção por chuvas de grande Serras do Mar, Mantiqueira, Serra Geral e intensidade, inclinações críticas das encostas e Maranguape (Gramani e Kanji 2001). dos canais de drenagem. Estes aspectos foram Existem diversos tipos de métodos para a separados em geomorfológicos, geológicos, estimativa do risco de acidentes envolvendo climáticos e atividades antrópicas, sendo escorregamentos. Segundo Pisani (1998) para a apresentados a seguir. construção efetiva de programas de redução de acidentes naturais há necessidade de 4 tipos de 2.1 Fatores Geomorfológicos informações: a) informações sobre os riscos; b) comprovação destes riscos; c) vulnerabilidade e As corridas de detritos e lama são geralmente d) propostas para eliminar ou mitigar os deflagradas em bacias restritas, de altas desastres. Em termos de análise da declividades e de pequena dimensão (ou uma vulnerabilidade de terrenos quanto à ocorrência seqüência de bacias vizinhas), sujeita a chuvas de corridas de detritos não existe uma concentradas. Um grande número de corridas de metodologia específica para a sua detritos ocorreu em bacias menores do que determinação. Uma metodologia é proposta 5km2. neste trabalho para avaliar a vulnerabilidade de Adicionalmente, se constata que bacias pequenas bacias hidráulicas sujeitas à fechadas em anfiteatro propiciam menor tempo ocorrência de corridas de detritos, baseada nos de concentração da água, favorecendo a geração casos ocorridos no Brasil, de visitas técnicas a de corridas de detritos. alguns destes casos e de casos internacionais O volume de material sólido gerado está bem documentados. relacionado com a dimensão da bacia hidrográfica, com as espessuras e tipos de solos presentes nesta bacia e com a intensidade 2 FATORES ANALISADOS pluviométrica que atinge esta bacia. Portanto, conhecendo-se o volume mobilizado e a Nos estudos ambientais, bem como nos de precipitação durante o evento é possível elaboração de cartografia geotécnica e análises correlacionar estes dados com a área das de risco, se procura estabelecer diferentes graus diferentes bacias. de vulnerabilidade à ocorrência de movimentos Declividades de encostas da ordem de 30°- de massa. 45° são consideradas extremamente críticas na A partir da coleta e do estudo dos diferentes geração de corridas. Valores mínimos casos pesquisados, foi possível estabelecer estimados para a inclinação das encostas variam alguns fatores intervenientes no processo. Estes de 20°-25°. Em Cubatão, por exemplo, a fatores são considerados fundamentais para a maioria dos escorregamentos ocorreu no caracterização das áreas e para compreender a intervalo de 32°-42° (Massad et al. 2000). dinâmica do processo. Uma intensa discussão Casos excepcionais são relatados na literatura, sobre as características das corridas de detritos na China e Japão (Takahashi 1991), com no Brasil foi apresentada por Massad et al. corridas ocorrendo em inclinações de 10°-15°, (1997, 1998, 2000), Cruz e Massad (1997), porém se observa que são mais fluidas e não Kanji et al. (1997, 2000, 2001), Cruz et al. contêm muitos blocos de rocha. (1999, 2000), Araújo Filho et al. (1998), A inclinação dos canais de drenagem Znamensky (2001) e Macias et al. (1997). A também é considerada na análise, pois nesta partir das características e dos parâmetros feição geomorfológica ocorrem também a apresentados por aqueles autores, bem como da formação e o desenvolvimento das corridas de literatura internacional, foi possível estabelecer massa. Valores da ordem de 15°-20° parecem os critérios utilizados na análise aqui proposta. ser suficientes para a movimentação dos Considera-se que a vulnerabilidade de uma materiais depositados no leito, somente com a área ou região depende basicamente da elevação da lâmina d’água durante eventos existência e da combinação dos seguintes chuvosos de grande intensidade. aspectos: materiais soltos e inconsolidados Medidas feitas nos córregos afetados por Dentre os casos de rochas vulcânicas, os corridas de detritos têm mostrado uma boa “lahars” tendem mais à formação de corridas de correlação entre a inclinação dos canais e a detritos que de corridas de lama, devido ao deposição das partículas: quanto maior a conteúdo de material grosseiro existente nestes inclinação do canal, maiores são as dimensões terrenos. Geralmente necessitam índices dos blocos encontrados (Massad et al. 2000). pluviométricos de menor intensidade para Verifica-se ainda que a partir de 15°-17° há serem deflagrados, o que indica sua alta uma mudança considerável no comportamento suscetibilidade devido à sua matriz de cinza da deposição dos materiais no leito dos vulcânica. córregos. Os terrenos tectonicamente ativos (sismos, As corridas de massa ocorrem para uma vulcanismo) tendem a apresentar maior relação H/L (H=altura da encosta e L=distância freqüência nas ocorrências de grandes corridas total percorrida) menor do que observado em de detritos (menor tempo de recorrência e maior outros movimentos de massa (escorregamentos, magnitude). Isto ocorre pois, no caso de quedas, tombamentos, rastejos), visto que as vulcanismo, há uma maior produção de corridas percorrem grandes distâncias (L), material disponível para mobilização, e no caso mesmo em áreas planas. Identificou-se um de sismos, introduz-se uma força atuante limite superior entre a relação H/L das corridas adicional. com o volume total envolvido (Kanji et al. Os depósitos geológicos que apresentam 1997, 2000) cuja reta é praticamente paralela à típicas feições de corridas de detritos indicam a que representa a média dos pontos plotados para recorrência do fenômeno em muitas áreas. escorregamentos. A Equação 1 define este Portanto, é necessário o reconhecimento destes limite superior, estabelecido para as corridas de depósitos em trabalhos de campo (Ogura e detritos. Gramani 2000, Znamensky e Gramani 2000). As litologias e as estruturas geológicas H controlam a qualidade do maciço rochoso e, = 1,87 (V )−0,15 (1) portanto, afetam diretamente na ocorrência de L escorregamentos e corridas de detritos. Influem onde V = volume de material transportado ainda no tamanho e na resistência das partículas durante o evento (m3). transportadas durante o seu escoamento.
2.2 Fatores Geológicos 2.3 Fatores Climáticos
As corridas de detritos ocorrem em diversos A chuva é considerada o principal agente
ambientes geológicos. Não há um terreno preparador e deflagrador de corridas de detritos. considerado mais suscetível, exceto as áreas Outros agentes também podem iniciar corridas, vulcânicas (depósitos piroclásticos) que dentre eles degelo, avalanches de neve e parecem ser mais sensíveis ao processo. rupturas de barragens naturais ou artificiais. De maneira geral, há uma maior freqüência Quando ocorrem simultaneamente dois destes das corridas de detritos em ambientes que processos, eventualmente com sismos ou apresentam os seguintes constituintes: solos vulcanismo, os movimentos de massa possuem residuais espessos, depósitos coluvionares e de maiores magnitudes. tálus, aluviões e terraços aluvionares e As chuvas de grande intensidade e de curta depósitos vulcanoclásticos. À exceção dos duração, dentro de um período chuvoso, são depósitos vulcânicos, os demais são favorecidos responsáveis pela deflagração das corridas de em áreas de clima tropical, devido ao mais detritos. Valores limites da ordem de 60- intenso intemperismo. A condição fundamental 70mm/h têm sido responsáveis por grandes é a disponibilidade de material solto, movimentações de massa, com a ocorrência de inconsolidado, passível de mobilização por escorregamentos generalizados e corridas de agentes deflagradores. detritos. Os critérios adotados por diferentes 3 ESTUDO DA VULNERABILIDADE DE pesquisadores são geralmente apresentados de TERRENOS formas distintas, dificultando a comparação direta dos diversos acidentes relatados. Os fatores que foram considerados Com objetivo de comparar os dados de intervenientes no processo, seus pesos relativos chuvas entre os diferentes critérios se e as respectivas classes definidas neste trabalho desenvolveu um gráfico de chuva acumulada estão apresentados na Tabela 1. (Pac, em mm) em função do tempo (t, em Os fatores foram distribuídos, em primeira horas), que define um limite crítico acima do aproximação, em 4 classes distintas, atribuindo qual ocorrem escorregamentos e corridas de a cada classe valores numéricos (atributos) com detritos (Kanji et al. 1997, 2000). Tal gráfico base nos diversos casos analisados da possibilita o estabelecimento de um novo bibliografia. critério para definir a intensidade de chuva que A determinação dos pesos (P) para cada fator deflagra movimentos de massa, representada interveniente foi estabelecida definindo-se a por uma curva, definida pela equação 2. ordem de importância de cada fator, após uma análise e comparação dos diversos casos. A Pac = 22,4 (t )0,41 (2) nota parcial (NP) de cada atributo foi dividida em intervalos regulares, admitindo o valor 10 para o caso mais crítico e valor 0 para o caso onde Pac = precipitação acumulada (mm) e t = menos crítico. tempo (horas) Considera-se que a chuva (R), dentre os De forma geral, quanto mais acima da curva, demais fatores, é o principal agente envolvido maior é a probabilidade de ocorrência de no processo, tendo, portanto, um peso maior na corridas de detritos e mais catastróficos serão os análise. No caso de corridas de detritos, seus efeitos. deflagradas por picos de chuvas dentro de um evento pluviométrico, as medidas são expressas 2.4 Atividades Antrópicas em mm/h. A inclinação das encostas (S) corresponde a A atividade antrópica é um fator agravante que outro fator de grande importância, pois propicia contribui com profundas modificações no meio escorregamentos (por vezes generalizados), ambiente. Estas ações normalmente interferem contribuindo assim com o aporte de material no equilíbrio das áreas, por vezes acelerando os para os canais, alimentando as corridas de processos da dinâmica superficial. Entre as detritos durante sua trajetória. causas antrópicas que aumentam a freqüência e A declividade dos canais (D) também é a intensidade dos movimentos de massa, o considerada outro importante fator por ser a desmatamento tem papel de destaque. superfície na qual as corridas de massa traçam a A erosão, a saturação do solo, má drenagem sua trajetória. das águas (pluviais e servidas), infiltrações no A área da bacia (A) é responsável pela terreno, cortes e escavações não seguindo captação, distribuição, amortecimento e critérios técnicos, expondo a superfície do solo concentração das águas pluviais, interferindo aos agentes da dinâmica externa, aterros e diretamente na geração e na dinâmica das sobrecargas, são as principais alterações feitas corridas de massa. na superfície das áreas. Vibrações induzidas A altura das encostas (H), além de influir na pelo uso de explosivos, também podem iniciar geração de escorregamentos, também é processo de mobilização de massa. Construção considerada como fonte de energia para o de rodovias, pedreiras e a ocupação desenvolvimento do fluxo. Estes quatro fatores desordenada de encostas favorecem a acima apresentados (S, D, A, e H) são ocorrência dos movimentos (Vargas 1966, considerados como condicionantes Fernandes e Amaral 1996, Augusto Filho 1995, geomorfológicas intervenientes na Costa Nunes et al. 1990, Nakazawa e Cerri vulnerabilidade das áreas. 1990, Cerri e Almeida 1990). Tabela 1. Fatores, pesos (P), classes, atributos e notas parciais (NP) utilizados para a avaliação da vulnerabilidade de uma área com relação a corridas de detritos. PESO NOTA PARCIAL FATORES CLASSE ATRIBUTOS (P) (NP) R1 >80 10 Chuva (R) R2 60-80 6,6 3 (mm/h) R3 30-60 3,3 R4 <30 0 S1 >45 10 Inclinação da Encosta (S) S2 45-30 6,6 2,5 (°) S3 15-30 3,3 S4 <15 0 D1 >25 10 Declividade do canal (D) D2 15-25 6,6 0,5 (°) D3 10-15 3,3 D4 <10 0 A1 <5 10 Área da Bacia (A) A2 5-10 6,6 1 (km2) A3 10-20 3,3 A4 >20 0 H1 >750 10 Altura da Encosta (H) H2 500-750 6,6 1 (m) H3 200-500 3,3 H4 <200 0 V1 90-100 10 Uso e ocupação/vegetação (V) V2 50-90 6,6 (% da área ocupada ou 0,5 V3 30-50 3,3 desmatada) V4 <30 0 G1 G1 10 G2 G2 6,6 Aspectos geológicos (G) 1,5 G3 G3 3,3 G4 G4 0
Os aspectos geológicos (G), incluem a
determinação do tipo de rocha e solo, suas NF = Σ NP × P (3) propriedades geotécnicas e estruturais, o mapeamento de depósitos que indiquem a Para o estabelecimento de correlações entre a recorrência do fenômeno na respectiva área. nota final e a vulnerabilidade, foram feitas A vegetação e o uso e ocupação do solo (V) algumas simulações, conforme apresentado na correspondem à porcentagem da área ocupada Tabela 2. por moradias ou outras formas de ocupação, ou Em função dos históricos de casos analisados por outra forma de exploração das áreas, e das simulações feitas, estabeleceram-se os expondo o solo aos processos da dinâmica graus de vulnerabilidade do terreno a corridas externa. de detritos, a partir da nota final obtida, A nota final (NF), variando de 0 a 100, é conforme consta na Tabela 3. obtida por meio da somatória das notas parciais Apesar de serem hipotéticas, estas situações (NP) de cada classe multiplicadas pelo seu são aplicáveis a muitos casos relatados na respectivo peso (P), segundo a Equação 3. literatura. Tabela 2. Situações hipotéticas SITUAÇÃO HIPOTÉTICA VALORES NOTAS Condição muito crítica R1/S1/D1/A1/H1/G1/V1 100 Condição intermediária – crítica R2/S2/D2/A2/H2/G2/V2 66 Chuva e inclinação da encosta críticas R1/S1/D4/A4/H4/G4/V4 55 Chuva, inclinação da encosta e altura intermediárias R3/S3/D4/A1/H3/G1/V1 51 Condição intermediária – não crítica R3/S3/D3/A3/H3/G3/V3 33 Condição não crítica R4/S4/D4/A4/H4/G4/V4 0
Tabela 3. Intervalos propostos área. No caso de ocorrerem chuvas de igual
Intervalos Designações intensidade às registradas no Córrego das 80 – 100 → Muito alta Pedras (R=R2), a nota final seria 54,55, ou 60 – 80 → Alta seja, vulnerabilidade média. 40 – 60 → Média 4. Cidades portuárias do Estado de Vargas 20 – 40 → Baixa (Venezuela), onde ocorreram muitos 0 – 20 → Muito baixa escorregamentos e muitas corridas de detritos de conseqüências catastróficas: R1=80mm/h; S1=>45°; D2=20°; A2=5- 4 EXEMPLOS DE CASOS 10km2; H1=>800m; V=V3 e G=G1, obtendo-se a nota final 91,55. A No intuito de testar a sensibilidade dos vulnerabilidade é muito alta, justificando a intervalos propostos, o grau de vulnerabilidade sua grande magnitude. foi calculado para algumas situações reais e 5. Bacias do Quitite e Papagaio, Serra do Mar, com características físicas distintas, como Rio de Janeiro (RJ), onde ocorreram segue. corridas de detritos: R2=70mm/h; S2=35°; 1. Bacia do Córrego das Pedras, Serra do Mar, D2=15°; A1=2,13km2; H2=700m; Cubatão (SP), onde ocorreram V4=<30%; G=G1, tem-se que a nota final é escorregamentos e corrida de detritos: 71,2, correspondendo a vulnerabilidade alta R2=60mm/h; S2=35°; D2-15°; a muito alta. 2 A1=2,64km ; H2=650m; V4=<30% e G- G1, tem-se que a nota final é 71,2, confirmando que a vulnerabilidade na área 5 CONCLUSÕES é, de fato, alta a muito alta. 2. Bacia dos Rios Paiol e Jacu, Serra da O presente trabalho procura contribuir com os Mantiqueira, Lavrinhas (SP), onde também estudos que visam a caracterização das corridas ocorreram escorregamentos e corridas de de detritos no Brasil, bem como à sua previsão detritos (considerado apenas os atributos e mitigação nas regiões serranas. Uma vez referentes ao Rio Paiol): R2=65mm/h; entendidos os fatores intervenientes na S2=38°; D3=15°; A2=12km2; H2-720m; deflagração das corridas e suas importâncias V4<30% e G=G1, obtendo-se nota final de relativas, a análise dos diversos casos permitiu a 66,15. Conclui-se que a vulnerabilidade na elaboração de uma metodologia para determinar área é alta, porém algo menor que a do a vulnerabilidade de terrenos quanto à Córrego das Pedras. ocorrência de corridas de detritos. A Tabela 1, 3. Bacia Adjacente ao Córrego das Pedras, anteriormente apresentada, revelou-se onde não ocorreu corrida de detritos: representativa para uma série de casos. Contudo, considera-se que estudos mais R3=40mm/h; S3=30°; D2=15°; A1=1km2; detalhados das bacias serranas que sofreram H3=500m; V4=<30%, G=G2, tem-se que a corridas de massa e a obtenção de novos dados nota final é 44,65. A vulnerabilidade neste auxiliarão nos ajustes dos intervalos e dos pesos caso é média a baixa, como verificado na propostos neste trabalho. Não se incluíram os fatores relacionados à sismicidade, vulcanismo Cartografia Geotécnica, 3, ABGE, 12p (CD- e degelo, uma vez que no Brasil estes fatores Rom). são inexistentes, ou de muito baixa intensidade. Cruz, P.T.; Massad, F.; Kanji, M.A. e Araújo Contudo, a metodologia admite a inclusão Filho, H.A. (2000) Debris Flows in Serra do destes fatores, a partir de ajustes feitos nos Mar, Cubatão, Brazil: Control Works and pesos de cada classe. Design Parameters, International Workshop on the Debris Flow Disaster of Dec. 1999 in Venezuela, Caracas, JIFI/2000 (CD-Rom). AGRADECIMENTOS Fernandes, N.F. e Amaral, C.P. (1996) Movimentos de Massa: uma abordagem Os autores gostariam de registrar os seus Geológico-Geomorfológica, Guerra, A.J.T. e agradecimentos à Escola Politécnica da da Cunha, B.S. (eds.) Geomorfologia e Meio Universidade de São Paulo (EPUSP), Ambiente, Bertrand Brasil RJ/BR, Cap. 3, Departamento de Engenharia de Estruturas e p.123-194. Fundações, bem como à Petrobrás S.A. Gramani, M.F. e Kanji, M.A. (2000) Debris (RPBC), pelo suporte oferecido ao Flows in Brazil: geological settings and desenvolvimento desta pesquisa. parameters, 31th International Geological Congress, SBG, Rio de Janeiro, resumo (CD-Rom). REFERÊNCIAS Gramani, M.F. e Kanji, M.A. (2001) Inventário e Análise das Corridas de Detritos no Brasil, Araújo Filho, H A; Cruz, P. T.; Massad, F.; III COBRAE, Rio de Janeiro/2001 (no prelo). Kanji, M. A. (1998) Debris flow as natural Gramani, M. F. (2001) – Caracterização hazards affecting a large refinery at Cubatão, Geológico-Geotécncia das Corridas de S.Paulo, Brazil, World Clean Air and Detritos (“Debris Flows”) no Brasil e Environment Congress, 11. Durban: Comparação com Alguns Casos IUAPPA/NACA, 1998, Vol. 3, session 8B- Internacionais, Dissertação de Mestrado, 10, p.1-6 Programa de Pós Graduação em Engenharia Augusto Filho, O. (1995) Escorregamentos em de Solos, Departamento de Estruturas e encostas naturais e ocupadas: análise e Fundações/EPUSP, 372p. controle, Bitar, O.Y. (coord.) Curso de Infanti Jr., N. e Fornasari Filho, N. (1998) Geologia Aplicada ao Meio Ambiente, Processos da Dinâmica Superficial, Oliveira, ABGE/IPT, 247p. A.M.S. e Brito, S.N.A. (eds.) Geologia de Cerri, L.E.S. e Almeida, J.G.A. (1990) Engenharia, ABGE, Cap. 9, p.131-152. Instabilidade da Serra do Mar no Estado de Kanji, M.A.; Cruz, P.T.; Massad, F. e Araújo São Paulo: situações de risco, Simp. Latino- Filho, H.A. (1997) Basic and Common Americano sobre Risco Geológico Urbano, Characteristics of Debris Flows, Proc. II 1, Atas, ABGE, p.342-351. Panam.Symp. Landsl./2nd COBRAE, Rio de Costa Nunes, A.J. et al. (1990) Contribuição ao Janeiro, Vol. 1, p. 223-231. conhecimento do risco geológico da Cidade Kanji, M.A.; Gramani, M.F.; Massad, F.; Cruz, de Petrópolis-RJ, Simp. Latino-Americano P.T. e Araújo Filho, H.A. (2000) Main sobre Risco Geológico Urbano, 1, Atas, Factors Intervening in the Risk Assessment ABGE, p.102-114. of Debris Flows, International Workshop on Cruz, P.T. e Massad, F. (1997) Debris Flows: the Debris Flow Disaster of Dec. 1999 in An attempt to define design parameters, Venezuela, Caracas, JIFI/2000 (CD-Rom). Symp. on Recent Developments in Soil and Kanji, M.A.; Cruz, P.T.; Massad, F. e Araújo Pavement Mechanics, Rio de Janeiro, 6p. Filho, H.A. (2001) Environmental Effects of Cruz, P.T.; Massad, F.; Kanji, M.A. e Araújo Debris Flows and Their Protection Measures, Filho, H.A. (1999) Obras de preservação Proc. Int. Conf.. Soil Mech. Geotech. Eng., ambiental em encostas, Simp. Brasil. XV, Istambul, Vol. 3, p.1913-1916. Macias, J.; Amaral, C.; Vargas Jr., E. (1997) Bras. Mec. Solos Eng. Fund., 3, ABMS, Vol. Retroanálise do Comportamento Mecânico 1, 12p. das Corridas de Massa de 1996 no Rio de Znamensky, D. (2001) Corridas de Detritos ou Janeiro: Determinação da Velocidade de “Debris Flows” – avaliação de parâmetros, Deslocamento e da Viscosidade dos Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Materiais Envolvidos, Proc. II. PanAm. Graduação em Engenharia de Solos, Symp./2nd COBRAE, Rio de Janeiro, Vol. 1, Departamento de Estruturas e Fundações- p.243-251. EPUSP, 198p. Massad, F.; Cruz, P.T.; Kanji, M.A. e Araújo Znamensky, D. e Gramani, M.F. (2000) Debris- Filho, H.A. (1997) Comparison between Flow grain-size analysis, Prooc. Second estimated and measured debris flow Intern. Conference on Debris-Flow Hazards discharges and volume of sediments, Proc. II Mitigation, Taipei, p.537-545. Panam.Symp. Landsl./2nd COBRAE, Rio de Janeiro, Vol. 1, p. 213-222. Massad, F.; Kanji, M. A.; Cruz, P. T.; Uehara, PS – Após a elaboração e publicação deste K.; Ishitani, H.; Araújo Filho, H A. (1998) trabalho, os autores consideram que a expressão “Debris Flows” em Cubatão, São Paulo: mais adequada é “Susceptibilidade” em lugar de Obras de Controle e Impactos Ambientais, “Vulnerabilidade”, uma vez que têm COBRAMSEG, XI, Brasília/98, Vol. 2, significados diferentes. p.1265-1272. Massad, F.; Cruz, P.T.; Kanji, M.A. e Araújo Filho, H.A. (2000) Characteristics and Volume of Sediments Transport in Debris Flows in Serra do Mar, Cubatão, Brazil, International Workshop on the Debris Flow Disaster of Dec. 1999 in Venezuela, Caracas, JIFI/2000 (CD-Rom). Nakazawa, V.A. e Cerri, L.E.S. (1990) Os escorregamentos ocorridos em Petrópolis-RJ em fevereiro de 1988: ações emergenciais, Simp. Latino-Americano sobre Risco Geológico Urbano, 1, Atas. ABGE, p.325- 333. Ogura, A.T. e Gramani, M.F. (2000) The debris-flow in Lavrinhas: stratigraphical and sedimentological features for debris-flow risk assessment, 31th International Geological Congress, SBG, Rio de Janeiro, resumo (CD-Rom). Pisani, M.A.J. (1998) Áreas de risco (associado a escorregamentos) para a ocupação urbana: detecção e monitoramento com o auxílio de dados de sensoriamento remoto, Tese (Doutorado). Dep. Enga. Construção Civil, PCC/EPUSP, 188p. Takahashi, T. (1991) Debris Flow, Int.Assoc.Hydr.Reserc. (IAHR), Monograph Series, Balkema, 164p. Vargas, M. (1966) Estabilização de taludes em encostas de gnaisses decompostos, Congr.
A Chuva como Evento Deflagrador de um Perigo à População de Angra dos Reis - RJ: Caracterização Temporal e Espacial da Precipitação no Período de 2001 a 2016