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Hidrologia e Recursos Hídricos

VIII Grupo

Félix da Clara Augusto


Xié Pascoal Massique

Tema: Cheias
 Conceito de Cheias
 Factores que influenciam as cheias
 Geometria
 Causas das cheias: urbanização;
drenagem; desfloração
 Consequências
 Soluções adoptar
 O conceito de cheia não está perfeitamente
uniformizado. Em alguns casos associa-se ao
termo uma ocorrência excepcional, com
inundação de terrenos contínuos ao leito de uma
dada linha de água.
 Do ponto de vista hidrológico, o termo é
associado à ocorrência de escoamento
superficial directo que pode, em certas
circunstâncias, corresponder à primeira
definição (Rodrigues et al., 2011).
As cheias são fenómenos naturais, decorrentes
do carácter aleatório dos componentes do ciclo
hidrológico, interessa minimizar os efeitos
nocivos e aproveitar a energia disponível
(Rodrigues et al., 2011).
Rodrigues et al. (2011), refere que no estudo de cheias
pretende-se, basicamente, responder a um ou aos dois
seguintes objectivos:
 Pré-determinação de cheias
 Previsão de cheias (em tempo real)
Pré-determinação de cheias: determinação dos
caudais de ponta de cheia e/ou hidrograma de
cheia que ocorrerão para condições
preestabelecidas (para um dado período de
retorno dependente do tempo de vida da obra),
aplicado em dimensionamento de
descarregadores de barragens, diques de
protecção de cheias, etc;
Previsão de cheias (em tempo real):
determinação dos valores dos caudais que
poderão ocorrer num futuro próximo, com o
máximo de antecedência possível, aplicado
para fins operacionais em tempo real.
 Fisiográficos:área, forma, relevo, cobertura
vegetal, natureza geológica e solos da bacia
hidrográfica; densidade de drenagem e relevo
da rede hidrográfica;

 Climatológicos:temperatura, humidade do ar
e humidade do solo.
 As características geométricas mais relevantes
no estudo das cheias são a área e a forma das
bacias hidrográficas (Ramos, 2009). A área
assume uma importância óbvia, já que, à
partida, quanto maior for a superfície de uma
bacia, maior será o escoamento na sua secção de
referência e, portanto, maior será o seu caudal
de ponta em situações de cheia (Reis,
1996;Smith e Ward, 1998; Ramos, 2009).
 A forma das bacias de drenagem tem também uma
influência nos hidrogramas de cheia, uma vez que, se
uma bacia for alongada, o seu hidrograma será mais
achatado do que se a bacia for arredondada (Lima J.
e Lima I., 2010).
 Isto significa que, uma bacia com uma forma
próxima de circular atinge caudais de ponta mais
elevados e em menos tempo, comparativamente a
uma bacia de forma oval.
O teor de humidade dos solos tem influência na magnitude
das cheias, pois, se o grau de saturação for baixo, os solos
podem contribuir para a atenuação dos caudais de ponta de
cheia de baixa e média magnitude. Mas, é na frequência
que os seus efeitos são mais notórios.
Na maioria das ocasiões, um baixo teor de humidade do
solo permite a absorção de boa parte da precipitação,
evitando a ocorrência de cheias. Este tipo de situações
acontece com frequência no início da estação húmida,
quando os terrenos estão secos. Contudo, se a intensidade
da precipitação for superior ao grau de absorção dos
solos, então a sua importância será muito reduzida.
Generalidades: No dimensionamento de órgãos de
descarga das obras hidráulicas, obras de arte nas vias de
comunicação ou colectores de águas pluviais é necessária
a determinação dos caudais de ponta de cheia. Por vezes é
ainda importante o conhecimento do hidrograma de cheia
(ex: avaliação da variação de nível numa albufeira). Estes
valores estão necessariamente associados a um dado
período de retorno. Existe uma grande diversidade de
métodos de pré-determinação de cheias, apresentados por
diferentes autores, desde expressões simples, deduzidas
empiricamente, até modelos complexos de definição do
hidrograma.
Fórmulas empíricas: As expressões empíricas
mais simples para determinação do caudal de
ponta de cheia consideram este caudal como
função unicamente da área da bacia
hidrográfica. O período de retorno associado a
estes caudais não é quantificado, mas é
considerado baixo.
Estas fórmulas devem ser aplicadas no caso de
bacias hidrográficas com características
semelhantes às bacias para as quais foram
deduzidas e na ausência de melhor informação
(Rodrigues et al., 2011).
Fórmula de Iskowski: Esta fórmula foi
deduzida a partir dos valores de caudais
medidos em 289 rios da Europa Central com
bacias hidrográficas muito variadas. O caudal
de ponta de cheia (m3 /s) é determinado em
função da área (), da precipitação média anual
(m), da categoria dos solos, cobertura vegetal e
relevo da bacia hidrográfica (Rodrigues et al.,
2011).
onde:
 K - é dependente da categoria dos solos, cobertura
vegetal e relevo, varia entre 0,017 e 0,8;
 m - é dependente da área da bacia hidrográfica, varia
entre 10 e 1);
 A - área da bacia em .
 O caudal de ponta é determinado em função da
área da bacia hidrográfica, da intensidade média de
precipitação, para um dado período de retorno e
duração da chuvada igual ao tempo de concentração
da bacia, e de um coeficiente de escoamento
dependente da natureza dos solos e da cobertura
vegetal, no entanto este coeficiente é considerado
constante para qualquer intensidade de chuvada e
para quaisquer condições anteriores à situação em
estudo hidrográfica (Rodrigues et al., 2011).
 Em que:
 C - coeficiente de escoamento dimensional obtido
em tabelas de hidrologia;
 I- intensidade média referente ao intervalo
máximo da precipitação, para um determinado
tempo de retorno com duração igual ao tempo de
concentração da bacia. Geralmente em mm/h
transforma-se em m/s;
 A - área da bacia em.
 A comparação da “Fórmula Racional” com a
“Fórmula de Iskowski” permite a introdução do
conceito de chuvada crítica para um dado período
de retorno que dá origem ao caudal de ponta de
cheia. A caracterização do relevo está
indirectamente considerada na intensidade de
precipitação, que varia com a zona de localização
da bacia, e no coeficiente de escoamento. Esta
fórmula relaciona o caudal de ponta de cheia com
a precipitação que lhe dá origem admite que o
período de retorno desse caudal é igual ao
período de retorno da precipitação.
 Naturalmente que isto só seria verdade se as
condições da bacia hidrográfica antes do início
da chuvada referida fossem iguais em cada
ocorrência, implicando o mesmo
comportamento em escoamento directo na
secção de referência da bacia (Rodrigues et al.,
2011).
 Uma interpretação diferente da “Fórmula
Racional”, permite identificar a determinação
do volume de água precipitado por unidade de
tempo.
 O escoamento de superfície em áreas urbanizadas está
sujeito a modificações da topografia, originadas por
intervenções antropóticas (Costa & Lança, 2011).
 Um dos primeiros métodos, e ainda hoje o mais
utilizado, para o dimensionamento de colectores
pluviais é o método racional, cuja exactidão depende
do valor que se estabelece para o factor (coeficiente de
escoamento), obtido em tabelas.
 O valor arbitrado depende da maior ou menor
experiência do projectista (Costa & Lança,
2011).
 O método racional sofre restrições quando se
trata de área urbanizadas de relevo plano ou
levemente ondulado (inclinação das vertentes
inferior a 5%), propício a intersecções e
armazenamentos dentro da bacia (Costa &
 A “Fórmula de Martino” baseia-se no método racional,
mas leva em conta esse armazenamento na bacia (Costa &
Lança, 2011):
 Em que:
 - Coeficiente de atraso ou de armazenamento, a
dimensional, menor do que 1.
 C- coeficiente de escoamento a dimensional, menor que
1.
 I - intensidade da chuva com tempo igual ao do tempo
de concentração. Obtém-se através da equação de
chuva, do tipo , com I em mm/h, transformados em
m/s;
 A - área da bacia em .
 Este método exige estudos pormenorizados da
bacia hidrográfica e do canal de escoamento do
rio, além de observações meteorológicas
regulares e exactas, que darão origem aos
estudos hidrológicos e hidráulicos (Costa &
Lança, 2011).
 A desfloração é um dos factores da ordem humana que faz
aumentar o escoamento superficial das águas da chuva, que
arrastam consigo grandes quantidades de sedimentos;
aumentam também devido à ocupação dos leitos de cheia
que se pode traduzir em graves prejuízos humanos e
materiais pois agrava a vulnerabilidade dessas áreas e por
fim devido à impermeabilização dos solos nas cidades que
impedem a infiltração da água provocando mais facilmente a
inundação das ruas.
 A ocorrência de enchentes nas cidades também
pode estar relacionada com problemas nos
sistemas de drenagem. Às vezes, não há
boieiros ou outras construções que seriam
responsáveis pela contenção ou desvio da água
que corre para os rios, provocando a cheia
deles.
 Por muito tempo, a drenagem urbana teve como
objectivo deslocar as águas pluviais em excesso da forma
mais eficiente possível, evitando transtornos, prejuízos e
inundações.
Neste sentido as acções concentraram-se em projectos e
obras com enfoque na análise económica dos benefícios
e custos dessas medidas ditas estruturais (TUCCI, 2012).
Tucci (2012) afirma que a experiência nacional e
internacional vem mostrando que as
medidas estruturais além de serem onerosas não
configuram soluções eficazes e sustentáveis dos
problemas mais complexos de drenagem urbana. Uma
compreensão mais unificada do ambiente urbano e das
relações entre os sistemas que o compõe, certamente
favorecem melhores soluções para esses problemas.
 As consequências que as cheias podem provocar
por vezes chegam a ser bastante catastróficas.
Devido a cheias, ruas transformam-se em
autênticos rios, os carros são arrastados, as casas
ficam inundadas e muitas das vezes destruídas,
ocorrem deslizamento de terras, inúmeras pessoas
são desalojadas outras chegam até a ser vítimas
mortais, originam ainda graves danos ou a
completa destruição de infra-estruturas (estradas,
edifícios, pontes, monumentos, estátuas, entre
outros).
 As cheias têm também vindo a contribuir para
a difusão de epidemias como a cólera,
problemas gastrointestinais ou de doenças
como o paludismo.
 Para minimizar os danos provocados pelas
cheias é fundamental que os edifícios, quer para
habitação quer para as actividades económicas,
não sejam construídos no leito de cheia;
 que os cursos de água estejam livres de detritos
ou de outros obstáculos de forma a facilitar o
escoamento da água;
 Que se construam diques e barragens para
controlar e regularizar os caudais dos rios pois
para além de evitarem inundações, as barragens
permitem o aproveitamento das águas para a
irrigação, para abastecimento doméstico e
industrial ou mesmo para a produção de energia
hidroeléctrica.
Referências bibliográficas
•Rodrigues, C. M., Moreira, M., & Guimarães, R. C. (2011).
Apontamentos para as aulas de hidrologia. Évora:
Departamento de Engenharia Rural. Obtido de
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4721/1/Aponta
mentos_hidrologi a.pdf
•Costa, T. d., & Lança, R. (2011). Capítulo I. Hidrologia de
Superfície. Faro: Instituto Superior de Engenharia da
Universidade do Algarve. Obtido de
http://w3.ualg.pt/~rlanca/sebenta-hid
•Https://brasilescola.uol.com.br/geografia/enchentes.htm
•TUCCI, Carlos E. M. (2002) Gerenciamento da Drenagem
Urbana, Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre,
v. 7, n. 1, p.5-27, Jan/Mar

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