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4 HIDROLOGIA E CANAIS LIVRES

Depois de estudarmos o comportamento dos fluidos nos condutos forçados, veremos


como os mesmos se comportam agora em canais livres. O transporte dos escoamentos
superficiais é de suma importância para a Engenharia, principalmente para os projetos
de Drenagem, não somente das Áreas Urbanas, mas de qualquer dispositivo, seja ele
uma ponte seja uma rodovia. Saber entender o comportamento das precipitações e
como evitar enchentes é um dos trabalhos desenvolvidos pelos Engenheiros(as).
Portanto, não fique com a cabeça nas nuvens e bom estudo!

Introdução

Denominamos de Condutos Livres todo aquele escoamento que ocorre, menor que a
pressão atmosférica (Patm), e sua seção transversal pode ser tanto aberta como
fechada. Podem ser naturais ou construídos. São exemplos de Condutos Livres:
 Rios;
 Aquedutos;
 Redes Coletoras de Esgoto;
 Redes de Drenagem;
 Calhas.

São comumente chamados de canais e apresentam uma superfície livre de água em


contato com a atmosfera. Esses condutos podem ser das mais diversas formas:
circulares, como tubulações de drenagem; semicirculares, como as calhas de telhados;
trapezoidais, como em alguns rios retificados; e de forma irregular, como encontrados
nos rios na natureza. A Figura 4.1 apresenta um canal natural de forma irregular do Rio
Iguaçu, após as cataratas.

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Figura 4.1 − Canal natural: Cataratas e Rio Iguaçu.


Fonte: Autor.

Podemos classificar os movimentos de escoamento nos canais livres da seguinte


forma.

Regime Permanente: nesse regime, parâmetros como a velocidade (v), pressão (P) ou
a massa específica (𝜌), permanecem constantes com a variação do tempo (t), ou seja,
numa determinada seção qualquer, sua vazão (Q) é constante. Podemos ainda
descrever duas situações que podem ocorrer nesse regime:
a) Regime uniforme: quando não há variação, ao longo do comprimento (L) do
canal, de forma, de profundidade, mantendo sua velocidade constante;
b) Regime variado: enquanto nos condutos forçados a diminuição e aumento do
diâmetro eram proporcionais à alteração da velocidade de escoamento, o que
ocorre nos condutos livres são as alterações de profundidade e largura que
fazem com que a aceleração seja aumentada, com o aumento da velocidade
(v), ou retardada, com sua diminuição. Denominamos essas situações de
Regime Gradualmente Variado ou Regime Bruscamente Variado.

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A determinação da velocidade média de escoamento dependerá não somente da


geometria do canal, mas de sua declividade em m/m (J) e de seu raio hidráulico (R),
além de coeficientes relativos ao material de sua superfície de escoamento, como o
visto nas rugosidades das tubulações. Iremos aprofundar esses estudos mais adiante,
quando iremos dimensionar canais. As fórmulas mais utilizadas são:
a) Strickler, pelo seu coeficiente (k) determinado em 1993:

𝑣 = 𝑘 .𝑅 . 𝐽 (Equação 73)

b) Manning, pelo seu coeficiente (n) determinado em 1946:

𝑣= .𝑅 . 𝐽 (Equação 74)

4.1 Hidrologia
Agora que iniciamos o tema de canais livres, iremos nos concentrar em uma nova área
da ciência denominada de Hidrologia. Segundo a definição recomendada pela United
States Federal Council for Science and Technology em 1962, é a ciência que trata da
água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e
químicas, e sua reação com o meio ambiente, incluindo sua relação com as formas
vivas. Trata-se, portanto, de uma ciência interdisciplinar. Como a hidrologia estuda
diretamente a utilização da água, o controle da ação da mesma sobre a população e o
impacto sobre a natureza, aprenderemos sobres esses processos e como implantar um
planejamento adequado de seu uso. A Hidrologia pode ser aplicada em:
 Abastecimento de água para uso doméstico ou industrial;
 Obras hidráulicas;
 Drenagem;
 Controle da Erosão;
 Irrigação;
 Potencial Hidrelétrico.

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4.1.1 Ciclo hidrológico


Qual o caminho que uma molécula de água pode percorrer ao longo dos anos? Em
torno dessa improvável pergunta, muitos pesquisadores têm acaloradas discussões,
mas é consenso que sua transformação implica variações que podem alterar nosso dia
a dia. Assim, Righetto, em 1998, definiu o ciclo hidrológico como um processo natural
de evaporação, condensação, precipitação, detenção e escoamento superficial,
infiltração, percolação da água no solo e nos aquíferos, escoamentos fluviais e
interações entre esses componentes.
É importante, portanto, quando realizamos um estudo de Drenagem, conhecer o que
esse ciclo pode nos afetar, por exemplo, pela definição de infiltração de água no solo e
a taxa de evaporação da mesma, ou mesmo a maior ou menor previsão de
precipitações. No ciclo hidrológico, as principais variáveis são:
 Evaporação (E) em mm/d;
 Umidade específica do ar (q) em g/kg;
 Precipitação (P) em mm;
 Intensidade de chuva (i) em mm/h;
 Deflúvio superficial ou vazão (Q) em m³/s;
 Taxa de infiltração (f) em mm/h;
 Evapotranspiração (ET) em mm/d.
A Figura 4.2 representa o ciclo hidrológico:

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Figura 4.2 − Ciclo Hidrológico.


Fonte: adaptado de: < https://go.aws/2MJnR5Z>. Acesso em: jun. 2020.

4.2 Bacia hidrográfica


Como visto, o ciclo hidrológico refere-se às transformações que a água sofre durante o
tempo (t). Portanto, quando lidamos com algum projeto de Hidrologia, devemos
diminuir nosso campo de atuação, dividindo nossos estudos em porções menores
denominadas de Bacias Hidrográficas.
O termo Bacia Hidrográfica é utilizado para delimitar a área de captação natural da
água de precipitação (P) que faz convergir as vazões de deflúvio (Q) relacionadas à
intensidade (i), ou seja, os escoamentos superficiais são dirigidos para um único ponto
de saída, que é denominado de exutório. Sua formação se dá através de desníveis dos
terrenos que direcionam o escoamento, sempre das áreas de cota mais altas para as
cotas mais baixas. Por ser uma área geográfica, é medida em quilômetros quadrados
(km²).
Durante e após a precipitação (P), haverá perdas intermediárias, relativas aos volumes
evaporados (E), evapotranspirados (ET) pela vegetação, ou infiltrados (f). Ressaltamos
que devido à variação topográfica dos terrenos, as bacias hidrográficas são divididas de
acordo com o divisor de águas, ou seja, o ponto de menor cota cuja declividade irá
conduzir a água captada ao exutório. Portanto, em uma determinada área de estudo,

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podem sem contempladas diversas bacias hidrográficas atuando em conjunto. A Figura


4.3 apresenta um conjunto de Bacias Hidrográficas.

Figura 4.3 − Bacias Hidrográficas.


Fonte: adaptado de: <https://go.aws/3ffDaiL>. Acesso em: jun. 2020.

4.2.1 Balanço hídrico em bacias hidrográficas


Imagine que a você fosse dada a tarefa de calcular a variação do curso de água para o
abastecimento de uma determinada cidade, ou qual seria a contribuição das águas
subterrâneas, infiltradas para a plantação de uma determinada cultura.
Para essas questões, além dos conhecimentos já adquiridos, é necessário um novo
conceito, denominado de Balanço Hídrico, que pode ser entendido como o resultado
da quantidade de água que entra e sai de um sistema em um determinado intervalo de
tempo (t), como em uma bacia hidrográfica. Isso pode ocorrer por diversas formas,
seja pela precipitação (P) na bacia, seja pela contribuição de outras bacias, seja pela
taxa de infiltração por diferenças de características de solos de uma região.
O conceito é bem simples e nos remete à equação da conservação de massa, à vazão
contida (Q), à diferença do volume de entrada (Ve) menos o volume de saída (Vs), num
certo intervalo de tempo (Δt).

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Retirar a água de uma determinada bacia e transportá-la à outra pode não somente
prejudicar a primeira, mas causar um desequilíbrio dos Recursos Hídricos existentes.
Tucci em 1993 desenvolveu a seguinte equação para uma bacia hidrográfica:

𝑆 (𝑡 + 1) = 𝑆 (𝑡) + (𝑃 − 𝐸 − 𝑄) . 𝐷𝑡 (Equação 75)

Onde:
S (t+1) e S (t) = quantidade de água no tempo t+1 e t;
P = precipitação na área da bacia no intervalo;
E = evapotranspiração real no intervalo de tempo na bacia;
Q = vazão de saída no intervalo de tempo;
Dt = Período de Avaliação.

A maior dificuldade é estabelecer dentro desse balanço a divisão entre o escoamento


superficial e a taxa de infiltração e evaporação no próprio balanço hídrico.

4.3 Precipitações
Como já estudado, o balanço hídrico de uma bacia é calculado pela entrada de volume
(Ve) e por sua saída (Vs). Dessa forma, as precipitações são as grandes responsáveis
pelo acréscimo desses volumes, através do ciclo hidrológico. De seu estudo,
poderemos verificar a demanda para plantações, ou pelo acompanhamento de sua
intensidade prever e aplicar soluções de combate a enchentes.
Segundo Bertoni e Tucci em 1993, precipitação é entendida em hidrologia como toda a
água proveniente do meio atmosférico que atinge à superfície terrestre. Neblina,
chuva, granizo, orvalho, geada e neve são formas diferentes de precipitações. A
diferença entre essas precipitações é somente o estado em que a água se encontra ao
atingir a superfície.
Elas ocorrem quando o vapor de água atmosférico se condensa formando as nuvens,
que movidas pelo vento, aumentam suas massas específicas e se chocam em
coalescência e difusão de vapor, finalmente se deslocando à superfície. Não somente o

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esfriamento dinâmico como o movimento das massas de ar e seu resfriamento são


importantes para sua formação. Podemos classificar as precipitações em três tipos:

Precipitações Frontais ou Ciclônicas: a diferença de pressão normalmente é causada


por aquecimento desigual da superfície terrestre, fazendo movimentar massas de ar
de regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão. Apresentam de baixa a
moderada intensidade (i), ocorrendo em grandes extensões, conforme a Figura 4.4.

Figura 4.4 − Chuva Frontal atinge a cidade de São Paulo.


Fonte: adaptada de: <https://bit.ly/2XPtDsX>. Acesso em: jun. 2020.

Precipitações Orográficas: são aquelas que ocorrem pelo deslocamento brusco da


massa de ar úmido que se deslocava em sentido horizontal, ao tentar passar por uma
barreira natural, como montanhas ou serras. São aquelas que ocorrem em regiões de
serras, podendo ser de intensidade (i) baixa a moderada, mas que ocorrem em locais
específicos, conforme a Figura 4.5.

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Figura 4.5 − Chuva Orográfica na Serra de Maquiné.


Fonte: adaptada de MetSul.com, 31 jan. 2019. Disponível em: < https://bit.ly/3ffLSgX >. Acesso em: jun.
2020.

Precipitações convectivas: ocorrem quando há um aquecimento desigual na


superfície, alterando a densidade da massa de ar, gerando uma estratificação térmica.
Como qualquer desequilíbrio, provocarão uma ascensão violenta das massas de ar
menos densas, capaz de atingir grandes altitudes em pouco tempo. São também
chamadas de cúmulos nimbos. De grande intensidade (i), têm curta duração, são
localizadas e concentradas, conforme a Figura 4.6.

Figura 4.6 − Chuva convectiva atinge interior de São Paulo.


Fonte: adaptada de <https://bit.ly/3hcB1pX>. Acesso em: jun. 2020.

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4.3.1 Aquisição de Dados de Precipitações


A principal forma de precipitação medida é a da chuva, sendo que seu registro é de
extrema importância para os cálculos de Período de Retorno, que estudaremos mais
adiante. Porém, cabe ressaltar que infelizmente no Brasil não possuímos a cultura do
registro de dados, sendo que muitas vezes temos que extrapolar valores de Regiões
para obtermos registros de precipitações em determinadas cidades.
Os equipamentos mais comuns utilizados são os pluviômetros e os pluviógrafos.
Geralmente, a medição é expressa pela altura em milímetros de água que se
acumulam em uma área de 1 m², impermeável e plana.
Como sabemos que 1 mm é igual a 1 litro/m², dizemos que uma precipitação
de 17 mm equivale a 17 litros de água acumulados em 0,017 m³. Por sua vez, a
intensidade da chuva (i) é medida pela altura da lâmina de água por unidade de
tempo, geralmente medida em milímetros por hora (mm/h).

4.3.2 Pluviômetros
São reservatórios usados para recolher e medir a quantidade, em milímetros, de
chuva, granizo, orvalho, garoa ou neve durante uma precipitação durante um
determinado tempo e local. Os pluviômetros convencionais ainda são os mais
utilizados, principalmente na agricultura, mas atualmente já existem equipamentos
automáticos que garantem um melhor registro dos dados. Muitas vezes, esses dados
possuem erro de medição e leitura, entre outros, quando realizados manualmente. A
Figura 4.7 apresenta um pluviômetro.

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Figura 4.7 – Pluviômetro.

4.3.3 Pluviógrafos
Medem e registram através de gráficos não somente as medidas em milímetros de
chuva, granizo, orvalho, garoa ou neve durante uma precipitação, mas também
registram o instante inicial e a intensidade (i) pelo tempo. São equipamentos
automáticos que geralmente trabalham em série para não perderem nenhum dado
acumulado. A Figura 4.8 apresenta um Pluviógrafo:

Figura 4.8 – Pluviógrafo.


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Podemos ainda hoje estimar a intensidade das precipitações através de softwares,


utilizados com dados de Radares Meteorológicos e Satélites. Apesar de úteis, ainda
possuem muitos desvios de precisão de leitura.

4.3.4 Método de Gumbel-Chow


A forma de aquisição de dados pluviométricos é uma técnica bem conhecida e
difundida mundialmente, porém as maiores dificuldades para a obtenção de equações
que relacionem a intensidade da chuva (i), duração (D) e frequência (F), estão ainda na
falta de uma rede eficiente de medidores e uma série histórica de dados consolidados.
A precisão dessa intensidade (i) dependerá, portanto, do local estudado e da série
histórica utilizada, tendo-se que se valer de modelos de distribuição de dados.
Dentre elas, podemos destacar a análise probabilística das máximas intensidades
pluviométricas pelo método de Gumbel-Chow de 1964, sendo:

𝑋𝑡 = 𝑋 + . (𝑦 − 𝑦𝑛) (Equação 76)

Onde:
Xt = Intensidade pluviométrica máxima (mm/h)
𝑋 = Média aritmética das séries pluviométricas (mm/h)
Sx = Desvio padrão da intensidade da série (mm/h)
𝜎𝑛 = Desvio padrão da variável reduzida
yn = Média variável reduzida

𝑦 = −𝑙𝑛[−ln( 1 − )] que é a variável reduzida

T = representa o período de retorno (anos)

O desvio padrão e a média da variável reduzida dependem unicamente do tamanho da


amostra e são obtidos pelas tabelas de Kite de 1978.

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4.4 Período de Retorno (T)


Utilizado para calcular eventos meteorológicos, terremotos e inundações, é uma
medida estatística, fundamentada em séries históricas que calculam o intervalo médio
de recorrência durante um longo período de tempo. Assim, a análise dessas séries nos
darão a probabilidade (p) que o evento estudado pode ser superado ou igualado em
anos, sendo:

𝑇= (Equação 77)

4.4.1 Curva Intensidade-Duração-Frequência (iDF)


Na maioria dos projetos, a intensidade da precipitação (i) é um dos parâmetros
fundamentais para que possamos estabelecer se determinada Obra Hidráulica está
preparada, tal como os Sistemas de Drenagem e Barragens. Porém, saber somente a
intensidade (i) dessa chuva não basta, pois, para um eficiente coeficiente de
segurança, é ainda necessário estabelecermos qual a máxima probabilidade de
intensidade (i), duração (D) e frequência (F), através de curvas pluviométricas,
denominadas de curvas intensidade-duração-frequência (iDF).
Pelo fato de estarmos trabalhando com eventos climáticos instáveis, ainda são
necessárias correções dos coeficientes c1, c2, c3 e c4 de sua fórmula. Esses parâmetros
podem ser pesquisados ou levantados em pesquisas de campo, sendo:

.
𝑖= ( )
(Equação 77)

Onde:
i = intensidade (mm/h);
c1, c2, c3 e c4 = coeficientes de ajuste para cada região
t = duração em minutos da precipitação (min)
T = período de retorno (anos)

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4.5 Infiltração e Evaporação


É importante que saibamos o quanto a infiltração ou não do solo associada à
evaporação da água age de forma a conter ou não as vazões de deflúvio (Q), e suas
relações com nossos cálculos.

4.5.1 Infiltração
Podemos definir infiltração como a passagem de água da superfície, proveniente de
uma chuva para o interior do solo, dependendo da disponibilidade de água para
infiltrar, da natureza do solo, do estado da sua superfície, e das quantidades
inicialmente presentes de ar e água no seu interior. Simplificadamente, pode-se
considerar o solo dividido em duas zonas, que são: a zona de aeração, que vem a
receber esses volumes; e a zona de saturação, já preenchida com fluidos.
Seu cálculo é de difícil resolução, visto as diversas variáveis. Quanto maior a bacia
estudada, maior serão as diferenças de tipo de solo, vegetação e topografia.
O tempo de infiltração pode se alterar nas camadas superiores do solo, sendo que a
alimentação dos lençóis freáticos pode levar elevados tempos de recarga.
A taxa de infiltração interfere no escoamento superficial e consequentemente no
aumento ou diminuição das vazões de deflúvio (Q), pois enquanto absorve parcelas de
água até sua saturação, menor será o escoamento em sua superfície.
Podemos estimar empiricamente pela equação de Horton sua taxa de infiltração,
sendo:

𝐼𝑡 = 𝐼𝑠 + (𝐼𝑜 − 𝐼𝑠). 𝑒 (Equação 78)

Onde:
It = taxa de infiltração;
Is = taxa mínima de infiltração (saturado);
Io = taxa de infiltração inicial;
t = tempo;
k = constante (tabelada)

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Podemos citar como fatores que influenciam na taxa de infiltração:


 Tipo do solo;
 Umidade do solo;
 Superfície do solo;
 Vegetação.

Pode-se também calcular a taxa de infiltração, por testes em campo, com um


equipamento denominado infiltrômetro.

4.5.2 Evaporação
A evaporação, como sabemos, é um processo físico, no qual a água passa do estado
líquido ao gasoso, sendo, portanto, que para uma determinada bacia em estudo,
depende da taxa de radiação (calor), contribuindo com uma parcela de perdas de
vazão de deflúvio (Q) no escoamento superficial.
Também de difícil resolução, a taxa de evaporação pode ser calculada pelo método de
transferência de massa, pela lei de Dalton, sendo:

𝐸 = 𝑏 . (𝑒𝑠 − 𝑒𝑎) (Equação 79)

Onde:
E = evaporação;
b = coeficiente empírico;
es = pressão de vapor de saturação;
ea = pressão de vapor a uma certa cota.

Podemos citar como fatores que influenciam na taxa de evaporação:


 Radiação solar;
 Pressão de vapor;
 Temperatura do ar;
 Umidade do ar;
 Vento.
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Podemos ainda calcular essa taxa de evaporação por evaporômetros, sendo os mais
conhecidos os atmômetros e os tanques de evaporação como o tanque Classe A.

Conclusão
Neste bloco, iniciamos o estudo dos canais livres e retornaremos o assunto mais
adiante.
A introdução da ciência da Hidrologia, seguida das definições de Bacia Hidrográfica,
iniciaram nossos estudos sobre o escoamento superficial e os estudos de drenagem.
Entender o tempo de retorno de um evento como as chuvas é fundamental para os
cálculos de diversas Obras Hidráulicas que iremos projetar.
Enfim, o entendimento sobre a infiltração e a evaporação da água que contribuem na
perda de massa no balanço hídrico é muitas vezes desconhecido pela maioria de nós.
Com isso, podemos. agora, estudar os escoamentos superficiais e conter possíveis
problemas de enchentes na Drenagem Urbana. Vamos nessa!

REFERÊNCIAS
AZEVEDO NETTO, J. M.; ACOSTA ALVAREZ, G. Manual de Hidráulica. 7. ed. atual. e
ampl. São Paulo: Edgar Blucher, 1973, 1977, 1982.

CHADWICK, A.; MORFETT, J.; BORTWICK, M. Hidráulica para engenharia civil e


ambiental. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

FIALHO, A. B. Automação hidráulica: projetos, dimensionamento e análise de circuitos.


São Paulo: Érica, 2011.

GRIBBIN, J. E. Introdução à hidráulica, hidrologia e gestão de águas pluviais. 2. ed. São


Paulo: Cengage Learning, 2014.

ROTAVA, O. Aplicações práticas em escoamento de fluidos: cálculo de tubulações,


válvulas de controle e bombas centrífugas. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

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