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Aquífero: é uma formação geológica que armazena e possibilita a circulação da água e de onde é
possível extrair a mesma em quantidades suficientes de forma a possibilitar o seu aproveitamento
pelo Homem (Lousada & Camacho, 2018).
Vazão: O escoamento, R, de uma bacia hidrográfica, define-se como a quantidade de água que
atravessa uma secção de um curso de água, num determinado intervalo de tempo (ano, mês, dia,
etc). Pode ser expresso em volume (m3, hm3, km3) ou em altura de água uniformemente
distribuída sobre a área da bacia hidrográfica (mm) (Ferraz, 2018 ).
Cursos de água
Os cursos de água podem ser classificados em três grandes categorias, tendo em conta o seu
regime de escoamento: perenes, intermitentes e efémeros (Rodrigues et al., 2011).
Os cursos de água perenes escoam água durante todo o ano. Nas nossas condições, onde
praticamente não chove durante a estação seca, o escoamento é mantido graças às reservas
subterrâneas, que vão alimentando, continuamente, os cursos de água, mesmo durante as secas
mais severas, (Rodrigues et al., 2011), citado por (Lousada & Camacho, 2018).
Curso de água intermitente é a classificação que recebem aqueles cursos de água que geralmente
escoam durante a estação húmida, mas que acabam por secar no período estival. Durante o
período das chuvas, o nível freático sobe acima do nível inferior do leito, produzindo
escoamento. Durante a época seca, o nível freático desce para além do nível do leito e o
escoamento acaba por cessar. Pode ocorrer escoamento, mas apenas em resultado de
precipitação pontual (Rodrigues et al., 2011).
Um curso de água diz-se efémero, quando transporta apenas escoamento superficial, em resposta
a um evento de precipitação. Os períodos de escoamento são curtos e ocorrem durante ou
imediatamente após a ocorrência de precipitação. Não há qualquer contribuição subterrânea para
o escoamento, porque as subidas do nível freático nunca atingem o leito, (Rodrigues et al., 2011).
Os cursos de água são ordenados de acordo com uma classificação que reflecte o grau de
ramificação ou bifurcação existente dentro de uma bacia hidrográfica. Segundo a classificação de
Strahler considera-se:
As magnitudes são somadas todas as vezes que há a junção de duas linhas de água. Por exemplo,
quando 2 linhas de 2.ª magnitude se unem, o trecho a jusante recebe a designação de 4.ª
magnitude. Desta forma, no método de Shreve, algumas magnitudes podem não existir.
Curva de vazão
A curva de vazão constitui a relação biunívoca entre o caudal escoado numa determinada secção
e a correspondente altura de água (nível). A existência de uma relação entre estas duas grandezas
é um requisito fundamental para a determinação do caudal escoado numa secção através da
existência de um registo contínuo de níveis na mesma secção (Rodrigues et al., 2011).
Um dos factores de grande relevância nos estudos que correlacionam a floresta e o regime
hidrológico é a evapotranspiração que ocorre nas bacias hidrográficas, cuja magnitude supera
muitas vezes a de outros componentes do ciclo hidrológico, com implicações comprovadas nas
vazões anuais (Bacellar, 2005, citado por Ferraz, 2018 ).
De acordo com Lima (2008), citado por (Ferraz, 2018 ), a natureza da vegetação, seu albedo, sua
área de ocupação do solo (área foliar) e a profundidade do sistema radicular são fatores
relacionados à cobertura florestal que controlam o processo de evapotranspiração. Ainda, por
apresentarem maiores coeficientes de absorção de radiação de ondas curtas, a taxa de evaporação
das florestas é maior do que em outras vegetações de menor porte. Nesse sentido, o balanço de
energia explica as causas físicas do comportamento hidrológico de bacias submetidas ao
desflorestamento.
Com relação à influência da floresta no regime hidrológico, Hornbeck et al. (1993), citados por
Ferraz (2018 ) realizaram um estudo sobre os impactos a longo prazo de tratamentos florestais
de corte e controle de rebrota sobre a produção de água em bacias do nordeste dos Estados
Unidos. Como resultados, observou-se: um aumento no rendimento de água no primeiro ano
após o corte da floresta, proporcional à área basal removida; o aumento de rendimento pode ser
prolongado, controlando-se a rebrota, caso contrário, diminui com o passar do tempo, raramente
persistindo por mais de 10 anos; as alterações no rendimento podem persistir por pelo menos 10
anos, em reposta às mudanças na composição das espécies e no clima.
A vazão ao longo do tempo pode ser obtida com base na relação, denominada curva-chave,
entre a leitura dos níveis da água e a vazão, possibilitando substituir a medição contínua das
descargas pela medição contínua dos níveis, posto que esta é muito mais fácil de obter que aquela
(Tucci; Mendes, 2006; Chevallier, 2015, citados por Ferraz, 2018 ).
As vazões de base variam não somente em função da sazonalidade das chuvas ou ocorrência
aleatória das mesmas (tanto com relação à localização quanto à intensidade), mas também em
função do caminho que é percorrido na superfície do solo pela água entre o ponto de
precipitação até o curso de água (Corrêa, 2011).
Nesse caminho, parte da água escoa directamente para a drenagem representando de forma
quase instantânea no tempo a precipitação ocorrida na bacia hidrográfica (fluxo superficial).
Outra parte infiltra nas camadas superficiais do solo dividindo-se aí em dois fluxos: um que fica
retido nas porções superficiais do solo, servindo quase sempre como suprimento de água
especialmente à vegetação (fluxo interno), e outro que escoa para o sistema aquífero subjacente.
Quanto à temporalidade, a fonte advinda do sistema aquífero é a última a alimentar a drenagem,
o que ocorre, em geral, nos períodos de recessão de chuvas (Riggs, 1964, citado por Corrêa,
2011).
O comportamento das vazões dos cursos de drenagens superficiais é expresso por meio de
hidrogramas. O hidrograma é a denominação dada ao gráfico que relaciona a vazão no tempo
sendo esta informação obtida como resultado da interacção de todos os componentes do ciclo
hidrológico entre a precipitação e a vazão na bacia hidrográfica. A forma do hidrograma depende
de um grande número de factores, dentre eles o relevo (forma, densidade de drenagens,
declividade etc.), a cobertura da bacia (se com cobertura vegetal ou impermeabilizada), a
distribuição, duração e intensidade das precipitações, além das características dos solos na bacia.
Para a definição da vazão dentro deste parâmetro é necessário separar, portanto, os diversos
tipos de fluxo no hidrograma com a determinação do fluxo superficial, do fluxo interno e do
fluxo de base (Corrêa, 2011).
Consumo e utilização da água
O consumo mundial nos últimos 100 anos tem vindo a aumentar muito, quer pelo crescimento
vertiginoso da população mundial, quer pela utilização, cada vez em maior escala, associada ao
progresso das sociedades.
Segundo Possa (2011), os usos da água podem ser divididos em duas categorias:
Consumptivos - referem-se aos usos que retiram a água da sua fonte natural diminuindo
a sua disponibilidade espacial e temporal (agrícola, industrial, doméstico e municipal,
pecuário e piscícola);
Não consumptivos - referem-se aos usos que retornam à fonte, praticamente a
totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal
de disponibilidade (ecológico/ambiental, navegação, produção de energia, recreio e
turismo).
Rede hidrométrica
Esta é uma secção de um curso de água onde se efectua um registo periódico de níveis, e onde se
definiu uma curva de vazão para conversão dos respectivos valores em caudais. As estações
hidrométricas podem ser limnométricas, quando providas unicamente de uma escala
hidrométrica para leitura periódica de níveis, e limnográficas, quando providas de um limnígrafo
para registo contínuo de níveis.
Segundo Rodrigues, a rede hidrométrica tem as seguintes finalidades gerais das observações:
Uma sucessão de dados hidrométricos, para ser realmente boa, necessita de ter pelo menos 20
anos de observações, ou ainda mais, quando se tratar de bacias de regime muito irregular. É, por
isso, clara a necessidade de se instalar uma rede hidrométrica básica, mesmo quando não exista a
necessidade imediata de proceder a estudos hidrológicos;
Segundo (Lousada & Camacho, 2018), entende-se por captação de água subterrânea qualquer
dispositivo que permita extrair a água contida num sistema aquífero, quer seja por gravidade, por
bombagem, ou qualquer outro sistema de elevação:
Furos;
Galerias;
Fontes de encosta ou nascentes;
Poços.
a) Furos
A captação de águas subterrâneas profundas faz-se através de furos, não atingindo, no entanto,
normalmente profundidades superiores a 300 m. A realização de um furo deve ser precedida por
uma adequada caracterização hidrogeológica da zona, isto para se garantir o êxito da obra e evitar
o desperdício de recursos financeiros,
b) Galerias
Trata-se de uma perfuração sub-horizontal de grande diâmetro (1,5x2m) com uma profundidade
muito maior do que o diâmetro (comprimentos desde 500m a 3000m, até intercetarem o nível de
saturação). A água penetra ao longo da obra criando um fluxo aproximadamente paralelo e
horizontal. A água captada circula por gravidade.
c) Nascentes
Ainda, a captação de água proveniente de uma nascente pode ser efectuada construindo uma
câmara na zona de afloramento. Uma característica deste tipo de captação é a variabilidade dos
caudais ao longo do ano. O início da época de menor produtividade das fontes coincide, em
geral, com os períodos de maiores consumos. Por esta razão só pode garantir sozinha, os
consumos de pequenos aglomerados. No entanto, mesmo quando são necessários grandes
caudais pode ser utilizada como origem e ser completada com uma outra captação.
Sendo a água de boa qualidade e tendo o afloramento uma cota superior ao aglomerado, isto é,
podendo a adução fazer-se por gravidade, então será boa ideia o aproveitamento integral da
capacidade da fonte (Sousa, 2001, citado por Lousada & Camacho, 2018).
Segundo Sousa (2001), citado por (Lousada & Camacho, 2018), as obras de captação deverão ser
concebidas para permitirem:
A conservação das condições físicas da água, temperatura e teor em gases;
A sedimentação de areias e finos, evitando que entrem na conduta de distribuição;
A impermeabilização relativamente a águas exteriores.
d) Poços
A captação da água subterrânea por meio de poços caracteriza-se por provocar o escoamento
que se processa radialmente no interior do maciço poroso que contém o aquífero (ou lençol de
água subterrâneo), (Júnior, 2015), citado por (Lousada & Camacho, 2018).
Classificação de aquíferos
Os aquíferos podem ser classificados de três formas:
Para o uso dos recursos subterrâneos é de fundamental importância que sejam avaliadas as
reservas hídricas renováveis, permanentes, totais e exploráveis, para que seja obtida uma previsão
do volume de água que poderá ser extraída dos sistemas aquíferos, sem prejuízo do sistema
natural e sem risco de colapso do abastecimento após um período contínuo de bombeamento
(Corrêa, 2011).
Perenes: contém água durante todo o tempo. O lençol freático mantém uma alimentação
contínua.
Ciclo hidrológico
O ciclo hidrológico é a sequência fechada dos processos envolvidos no movimento contínuo da
água entre a Terra e a atmosfera (IST, 2018).
Ao longo deste ciclo, a água evapora-se a partir dos oceanos e da superfície da Terra, entra na
circulação atmosférica sob a forma de vapor, retorna à superfície como precipitação líquida ou
sólida, produz escoamento sobre o terreno, infiltra-se para o interior solo, permitindo a recarga
dos aquíferos, concentra-se sob a forma de escoamento canalizado na rede fluvial que a
encaminha para os oceanos de onde se evapora novamente (IST, 2018).
Das aplicações, onde se deve conhecer a vazão mínima, destacamos: navegação interior;
abastecimento d'água urbano; abastecimento d'água industrial; controle da poluição; geração de
energia elétrica. A determinação da vazão, seja ela máxima ou mínima, é feita nos postos
fluviométricos, os quais devem ser instalados respeitando-se as seguintes condições: localização
em trechos mais ou menos rectilíneos de curso d'água, de preferência a sua jusante as margens
devem ser bem definidas e livres de singularidades que poderiam causar perturbações no
escoamento; secção transversal tanto quanto possível simétrica; - velocidades superiores a 0,3
m/s (Carantinga, 2016).
Segundo Schumacher & Hoppe (1998), a importância das florestas não está ligada à quantidade
de água no solo ou ao aumento da precipitação, mas ao efeito regulador que as florestas exercem
sobre o ciclo hidrológico. A cobertura vegetal influência a redistribuição da água da chuva, em
que as copas das árvores formam um sistema de amortecimento, direcionamento e retenção das
gotas que chegam ao solo, afetando a dinâmica do escoamento superficial e o processo de
infiltração. Desse modo, o abastecimento do lençol freático é favorecido e a variação de vazão ao
longo do ano, reduzida, além de retardar os picos de cheia (Oliveira & Dias, 2005).
As boas condições à infiltração dos solos florestais são concebidas, principalmente, pela camada
orgânica presente no solo e pelas raízes. A matéria orgânica reduz o impacto das gotas de chuva,
diminuindo assim, a desagregação das partículas, que dependendo do seu tamanho podem ser
levadas pelo escoamento superficial, enquanto a raiz forma canalículos no solo facilitando a
infiltração da água da chuva. Além disso, a água da chuva, após entrar em contato com o dossel
da floresta, tem suas características físico-químicas alteradas pela lixiviação de metabólitos dos
tecidos das folhas, troncos e ramos e também pela lavagem de partículas provenientes da
deposição seca que acumulam após o período de estiagem (Oki, 2002).
Segundo Lima (2008), o conhecimento do papel das florestas sobre os vários aspectos da água é
de fundamental importância no que diz respeito ao ciclo hidrológico, bem como, na elaboração
de práticas de manejo florestal com a finalidade de manutenção e conservação hidrológica das
bacias hidrográficas.
Interceptação
A vegetação tem grande importância dentro do contexto do balanço hídrico de um local,
principalmente em áreas com florestas, por interferir, através da interceptação, no recebimento e
redistribuição das águas da chuva (Oliveira et. al., 2008). A interceptação contribui para a massa
de vapor de água precipitável na atmosfera, pois parte da água que cai sob a forma de chuva
retorna para a atmosfera por evaporação antes de chegar ao solo (Ferreira et. al., 2005).
De modo geral, os trabalhos mostram que a interceptação em florestas tropicais varia em torno
de 4,5 a 24,0 % da precipitação total incidente acima do dossel, evidenciando a importância desse
tipo de vegetação para a bacia hidrográfica e para os estudos hidrólogos.
Segundo Tucci (2001), pequenas precipitações (<0,3 mm), podem ser totalmente interceptadas
por uma floresta, sendo a folhagem a grande responsável pela maior parte da interceptação,
embora a disposição também contribua significativamente para a retenção da água. Verificaram
que a taxa de interceptação é maior para um período caracterizado por apresentar chuva de baixa
magnitude, intensidade e frequência.
Precipitação efectiva
Em Florestas e plantios arbóreos, a quantidade de água da chuva que atinge a superfície florestal
é denominada precipitação efetiva que é dada pela soma da precipitação interna e do escoamento
pelo tronco (Lima, 2008). Esta é responsável pela água do solo, pela absorção através das raízes,
pela transpiração das plantas e pela alimentação dos rios (Arcova et. al., 2003). De acordo com os
mesmos autores a quantidade de água que compõe a precipitação efetiva depende de fatores
relacionados tanto com a vegetação quanto com as condições climáticas nas quais a floresta está
inserida. Castro et. al. (1983), relata que factores experimentais também podem influenciar nos
resultados obtidos nesses estudos.
Segundo Oliveira & Dias (2005), a precipitação efetiva é de grande importância para os estudos
dos processos de interceptação, infiltração, percolação, absorção, transpiração e ciclagem de
nutrientes em ecossistemas florestais. Estudos realizados em fragmentos de Mata Atlântica,
mostram valores médios de precipitação efetiva de 87,3 % (Moura et al., 2009), 81,6 % (Alves et.
al., 2007) e 87,6 % (Castro, et. al., 1983).
Precipitação interna
A precipitação interna é a chuva que atinge o solo florestal, incluindo gotas que passam
diretamente pelas aberturas existentes entre as copas e gotas que respingam do dossel da floresta
(Lima, 2008).
Para algumas espécies o volume de água escoado pelo tronco pode estar diretamente ligado a
sobrevivência destas no ambiente, principalmente nos períodos mais secos do ano. O volume de
água recebido nas proximidades dos troncos chega a ser cinco vezes superior àquele recebido
por áreas mais distantes (Oliveira, 2006).
Vários fatores podem interferir no escoamento pelo tronco, tais como: intensidade, ângulo,
duração e intervalo entre precipitações, densidade de copa, estratificação das copas, diversidade
de espécies, idade de espécies, filotaxia, tipo de folha, tamanho do limbo, forma do limbo,
característica da casca e metodologia (Oliveira, 2006).
Infiltração
Infiltração é o fenômeno de penetração da água nas camadas de solo próximas à superfície do
terreno, movendo-se para baixo, através dos vazios, sob ação da gravidade, até atingir uma
camada suporte, que a retém, formando então a água do solo (Mendonça, et al., 2009).
À medida que a água infiltra no solo, as camadas superiores do perfil vão se umedecendo no
sentido de cima para baixo, alterando gradativamente a humidade do solo. Enquanto há aporte
de água, o perfil tende a saturação em toda a profundidade, sendo a camada superficial,
naturalmente, a primeira a saturar. Normalmente, a infiltração decorrente de precipitações
naturais não é capaz de saturar todo o solo, restringindo-se a saturar as camadas próximas à
superfície (Brandão et. al., 2006).
Infiltração de água
A infiltração consiste na entrada de água no solo pela camada superficial, que pela acção da
gravidade desce até atingir uma barreira impermeável, formando os lençóis de água. Brandão et
al. (2006) salientam que a infiltração é dependente de factores relacionados ao solo, da superfície,
maneio, preparo e das características da própria precipitação. As diferenças na infiltração de água
estão relacionadas às fracções granulométricas do solo, à quantidade, à espessura, ao ângulo e ao
preenchimento das fraturas na camada superficial e às condições de relevo e uso actual do solo
(Klein, 2014).
Santos e Pereira (2013) afirmam que a textura e a estrutura são propriedades determinantes na
movimentação de água no perfil do solo, uma vez que determinam a quantidade e disposição dos
poros. O relevo também pode influenciar esta dinâmica, uma vez que áreas planas tendem a
absorver a maior parte da água, e áreas inclinadas tendem a propiciar maior escoamento e baixas
taxas de infiltração. A presença de restos culturais, cobertura vegetal é de fundamental
importância no processo de percepção da precipitação, evitando o processo de escoamento
(Klein, 2014).
Após a passagem da água pela superfície do solo, ou seja, cessada a infiltração, a camada superior
atinge um “alto” teor de humidade, enquanto que as camadas inferiores se apresentam ainda com
“baixos” teores de humidade. Há então, uma tendência de um movimento descendente da água
provocando um molhamento das camadas inferiores, dando origem ao fenómeno que recebe o
nome de redistribuição. A taxa de infiltração da água no solo é alta no início do processo de
infiltração, particularmente quando o solo está inicialmente muito seco, mas tende a decrescer
com o tempo, aproximando-se assintoticamente de um valor constante, denominado taxa de
infiltração estável (Klein, 2014).
Para Klein, (2014), o perfil típico de humidade do solo, durante a infiltração, está apresentado
esquematicamente na Figura a seguir.
Zona de transição: é uma zona com espessura em torno de 5 cm, cujo teor de humidade
decresce rapidamente com a profundidade.
Zona de transmissão: é a região do perfil através da qual a água é transmitida. Esta zona é
caracterizada por uma pequena variação da humidade em relação ao espaço e ao tempo.
Zona de humedecimento: é uma região caracterizada por uma grande redução no teor de
humidade com o aumento da profundidade.
De acordo com as diferenças encontradas no que diz respeito à infiltração, os solos podem ser
classificados em quatro grupos principais (Usda, 1972):
Solos com alta capacidade de infiltração (ou baixo potencial de run off): quando
totalmente molhados, consistindo de camadas de areias e cascalhos profundos, de
drenagem boa a excessiva. Tais solos apresentam alta taxa de transmissão de água.
Solos com capacidade de infiltração moderada: quando totalmente molhados,
consistindo de solos de profundidade moderada a alta, drenagem moderada a alta, textura
moderadamente fina a moderadamente grosseira. Tais solos apresentam taxas moderadas
de transmissão de água.
Solos com baixa capacidade de infiltração: quando totalmente molhados, consistindo
de solos contendo camadas impermeáveis que impedem o movimento descendente da
água, ou solos de textura moderadamente fina a fina. Tais solos apresentam baixas taxas
de transmissão de água no perfil.
Solos com capacidade de infiltração muito baixa (alto potencial de run off):
quando totalmente molhados, consistindo de solos argilosos com alto potencial de
intumescimento, ou com lençol freático permanentemente superficial, ou com camada de
impedimento superficial, ou solos rasos assentados sobre estrato impermeável. Tais solos
apresentam taxa de transmissão de água muito baixa.
Tabela: Classes de capacidade de infiltração (fc) dos grupamentos hidrológicos dos solos
(England, 1970).
Outro grupo de fatores que podem afetar a infiltração diz respeito ao próprio fluido infiltrante,
isto é, a água. Tem sido verificado, por exemplo, que há maior volume de enxurrada quando a
água aplicada sobre o solo é túrbida, em comparação com água cristalina.
Também têm sido encontrados resultados experimentais que mostram que a enxurrada em áreas
florestadas ou revestidas de gramíneas é menor que a de áreas cultivadas, onde a água contém,
em geral, enorme quantidade de sedimentos em suspensão. O efeito, nestes casos, é que o
material em suspensão atua no sentido de bloquear os poros superficiais, impedindo a
continuidade do processo de infiltração.
A água pode, ainda, estar contaminada por diferentes sais em solução, que podem alterar sua
viscosidade e, consequentemente, a infiltração.
A viscosidade da água pode, também, sofrer alteração com a temperatura conforme mostra a
Tabela. Estes efeitos são, evidentemente, difíceis de serem detectados no campo, mas tem sido
observado, por exemplo, maior volume de run off (menor infiltração) na primavera e no outono
do que no verão (Musgrave et al., 1964).
Compactação do solo
Pode ser causada por tráfego de máquinas pesadas, cascos de animais, pisoteio de pessoas ou
mesmo por ação da chuva quando incide diretamente na superfície do solo (Roque et al., 2011;
Júnior et al., 2014).
Como mencionado anteriormente, a estrutura e a textura do solo são pontos chaves entre as
propriedades físicas que afetam o processo de infiltração. O tipo de uso do solo e seu manejo
também são, consequentemente, relevantes, uma vez que são capazes de alterar as propriedades
físicas do solo, deixando o mais compactado ou aerado. Obviamente, quando coberto por outros
elementos ou estruturas, o solo apresentará uma redução na capacidade de absorver água, como
é comum em grandes centros urbanos (Santos e Pereira, 2013).
Métodos para determinação da infiltração de água no solo
Existem diversos métodos para a determinação da infiltração de água no solo. Dentre eles,
destacam-se os infiltrômetros de aspersão ou simuladores de chuva (Alves Sobrinho, 1997), os
infiltrómetros de cilindros concêntricos, os permeâmetros, os infiltrômetros de tensão ou
permeâmetros de disco, os infiltrômetros de pressão.
Métodos que não consideram o impacto da gota da chuva podem superestimar a infiltração da
água, originando problemas no dimensionamento de projetos conservacionistas, gerando
problemas de erosão do solo. Em geral, quando se utiliza o infiltrômetro de aspersão para
determinação da infiltração de água no solo, são menores os valores estimados para a taxa de
infiltração estável em relação aos obtidos com outros métodos (Pott & De Maria, 2003).
A determinação da infiltração de água no solo deve ser feita por métodos simples e capazes de
representar, adequadamente, as condições em que se encontra o solo. Para tanto, torna-se
necessário adotar métodos, cuja determinação baseia-se em condições semelhantes àquelas
observadas durante o processo ao qual o solo é submetido, uma vez que a taxa de infiltração é
muito influenciada pelas condições de superfície e conteúdo de umidade do solo (Pruski et al.,
1997).
O método consiste em utilizar dois anéis concêntricos de diferentes diâmetros, onde a água é
colocada primeiro no anel externo e, posteriormente, no anel interno, onde são realizadas as
medições da diferença da altura da lâmina de água no intervalo de tempo. A água do anel interno
infiltra, predominantemente, verticalmente no solo, sendo possível obter a VIB (velocidade de
infiltração básica).
Os anéis precisam ter um bom diâmetro, em torno de 50 cm para o anel externo e 30 cm para o
interno para se obter valores precisos (Bernardo et al., 2006). Para anéis com diâmetros menores,
os valores obtidos de VIB geralmente superestimam a real capacidade de admitir água do solo.
Entretanto, infiltrômetros com anéis maiores são mais pesados e necessitam de grande
quantidade de água no processo de medição da VIB, o que se torna trabalhoso quando é
necessário realizar várias medições em campo.
Infiltrômetro de aspersão
Esse tipo de infiltrômetro, diferente do primeiro, foi projetado com o intuito de simular
condições naturais de precipitação, o que lhe confere também o nome de simulador de chuva.
Para que se obtenha resultados confiáveis através dessa ferramenta, é necessário grande atenção
e precisão ao coletar e analisar os dados, por se tratar da tentativa de simular um processo natural
e extremamente variável que é a chuva (Silveira & Salvador, 2000).
O solo é um meio poroso e heterogêneo, cujas propriedades podem ser alteradas com o tempo e
conforme o sistema de manejo praticado. A infiltração de água no solo é um fenômeno físico
que consiste na entrada de água no solo pela sua superfície, podendo ser influenciada pelas suas
propriedades intrínsecas e pelo modo como a água atinge sua superfície (Carduro & Dorfman,
1988). A taxa de infiltração de água no solo é talvez, isoladamente, a propriedade que melhor
reflete as condições físicas gerais do solo, sua qualidade e estabilidade estrutural.
Segundo Bertol et al. (2001), práticas diferenciadas de maneio do solo e de cultivos provocam
alterações nas propriedades físicas do solo que podem manifestar-se de várias maneiras,
influenciando o desenvolvimento das plantas. Assim, o solo cultivado tende, com o tempo, a ter
a estrutura original alterada, pelo fracionamento dos agregados em unidades menores, com
consequente redução no volume de macrósporos e aumentos no volume de micróporos e na
densidade do solo. Em decorrência disso, observa-se uma diminuição da taxa de infiltração de
água no solo, com consequente aumento das taxas de escoamento superficial.
Em geral, o preparo convencional altera mais acentuadamente as condições físicas do solo, pela
desagregação superficial, favorecendo, quando da incidência de chuva, o aparecimento de crosta
superficial, e pela compactação subsuperficial, além de diminuir a infiltração de água e facilitar o
processo erosivo. Em decorrência dos problemas causados pelo preparo convencional, surgiram
os preparos conservacionistas, que proporcionam menor mobilização do solo e mantêm maior
proteção da superfície com os resíduos culturais. O plantio direto é um tipo de preparo
conservacionista que procura minimizar a mobilização do solo. Apenas ao longo das linhas de
semeadura é que ocorre revolvimento, apresentando entre estas uma superfície de baixa
rugosidade, porém com alta cobertura residual, que protege o solo (Alves & Cabeda, 1999).
O fator mais importante na taxa de infiltração é a cobertura vegetal que está no solo durante a
chuva. As chuvas de elevada intensidade ocorridas em situações em que o solo não está
protegido pela cobertura vegetal ou pela cobertura morta, promovem compressão pelo impacto
das gotas de chuva, e a infiltração torna-se reduzida; porém em condições de adequada cobertura
superficial, o efeito é amenizado (Bertoni & Lombardi Neto, 1990).
Maneio do solo e as perdas de solo e de água
A diversidade de transformações químicas, físicas e biológicas que ocorrem nos solos em que é
conduzida a exploração agropecuária, de acordo com Tormena et al.(2002), permitem
caracterizá-los como sistemas complexos que retém e transmitem água, ar, nutrientes e calor às
sementes e plantas, de maneira que é fundamental um ambiente físico favorável ao crescimento
radicular, para maximizar a produção das culturas.
O clima da região,
O tipo e a condição do solo utilizado,
O relevo do terreno,
Os problemas enfrentados pelo produtor,
A condição financeira do produtor, e
A disponibilidade de mão-de-obra para a implantação de medidas preventivas e curativas
dos problemas ocasionados pelo mau uso do solo.
Problemas causados pelo mau uso do solo
De modo geral, o solo mantido em estado natural, sob a vegetação nativa, apresenta
características físicas adequadas a um ótimo desenvolvimento das plantas. Nessas condições, o
volume de solo explorado pelas raízes é relativamente grande. Contudo, à medida que o solo é
submetido ao uso agrícola, suas propriedades físicas sofrem alterações, geralmente desfavoráveis
ao desenvolvimento vegetal (Brito e almeida,1984).
Um maneio inadequado do solo gera inúmeros problemas e produz efeitos em cadeia, que
afetam todo o bioma. A erosão, a compactação e o aumento da salinidade do solo são os maiores
problemas relacionados com o maneio inadequado e poderão ser responsáveis pela escassez de
alimentos num futuro não muito distante, se práticas corretas de manejo e conservação do solo
não forem adotadas desde já (Brito e almeida,1984).
A seguir, serão abordados os problemas decorrentes do mau uso do solo, dando-se maior
importância aos problemas associados à erosão, que é a principal causa de degradação das áreas
agricultáveis da região, principalmente devido ao tipo de relevo (Brito e almeida,1984).
Salinização
Segundo Brito e almeida, (1984) Chama-se salinização do solo o processo de acumulação de sais
solúveis de sódio, de magnésio e/ou de cálcio.
Causas da salinização:
Material originário de rochas;
Irrigação com água com alto teor de sais;
Problemas na drenagem interna do solo;
Irrigação em solos rasos ou mal drenados;
Adubação excessiva e localizada.
O acúmulo de sais no solo pode alterar sua estrutura, além de reduzir sua fertilidade. Com o
excesso de sais, a planta enfrenta dificuldades na absorção de água e sofre interferência nos
processos fisiológicos (efeitos indiretos), prejudicando seu crescimento e desenvolvimento. Esse
tipo de problema ocorre principalmente em regiões áridas e semi-áridas, mas o uso
indiscriminado de fertilizantes e irrigação com água salina podem originar o mesmo problema
em solos de outras regiões (Brito e almeida,1984).
Controle da salinidade
Lixiviação dos sais em excesso na zona radicular da cultura;
Manutenção de altos níveis de umidade no solo;
Utilização de culturas tolerantes à salinidade;
Melhoria na drenagem do solo.
Compactação do solo
Quando o solo sofre pressões inadequadas, suas partículas tornam-se muito densas (sólidas), e
dizemos que ocorreu um processo de compactação. Esse é um grande problema, pois ocasiona
quebra dos agregados e diminuição no seu volume, o que impede uma correta infiltração de água
(Brito e almeida,1984).
Identificação da compactação
Pode ser feita no campo, por meio de observações práticas ou de equipamentos apropriados. A
determinação da densidade do solo deve ser destacada, pois é o método de maior precisão e
largamente utilizado, uma vez que busca avaliar a proporção do espaço poroso em relação ao
volume de solo (Brito e almeida,1984).
2. Atentar para as condições de umidade do terreno por ocasião de seu preparo. O ponto
de umidade ideal é aquele em que o trator opera com o mínimo esforço, produzindo os
melhores resultados na execução do serviço. Com o solo muito húmido, aumentam os
problemas de compactação, pois ocorre maior agregação das partículas e impregnação da
terra nos implementos, chegando a impedir a operação.
3. Incorporar matéria orgânica ao solo, uma vez que a matéria orgânica melhora a agregação
das partículas de solo, melhorando a porosidade e, consequentemente, a infiltração de
água. O principal papel da matéria orgânica contra a compactação é o seu poder de
absorção de água. Quando se adiciona matéria orgânica ao solo, a quantidade de água
para que ocorra a compactação é maior do em um solo que não a possui.
Erosão
É chamado erosão o processo de arrastamento das partículas do solo devido à ação do vento
(erosão eólica) e da água (erosão hídrica) (Brito e almeida,1984).
A erosão é um processo que ocorre de forma natural e que ao longo de bilhões de anos, muito
lentamente esculpiu as montanhas, as planícies e os vales do nosso planeta. Em condições
naturais, a quantidade de solo erodido é muito pequena, sendo recomposta pela própria natureza.
Isso caracteriza uma condição de equilíbrio (Brito e almeida,1984).
Desagregação: pela ação dos ventos e das chuvas, as partículas do solo são soltas da
superfície, o que ocorre com maior facilidade em terrenos descobertos.
Transporte: as partículas desagregadas são arrastadas, principalmente pela água que não
se infiltra no solo e escorre superficialmente (enxurrada).
Deposição: as partículas desagregadas são depositadas nas partes mais baixas da
paisagem (vales e leitos dos rios), o que ocasiona o assoreamento (como será visto
adiante).
A chuva é o principal agente erosivo no nosso país. A água da chuva transporta o material
erodido (o material que é arrastado do solo) para locais onde ele não poderá ser aproveitado pela
agricultura, tornando o solo que sofreu a erosão, menos fértil e menos espesso (Brito e
almeida,1984).
A erosão hídrica pode ocorrer basicamente de três formas: laminar, por sulcos ou como
voçorocas.
É a primeira forma de erosão a atingir qualquer terreno, na qual ocorre a remoção de uma fina
camada superficial ocasionada pela passagem de água durante uma chuva. Essa remoção ocorre
ano após ano, sendo percebida apenas quando as raízes das plantas (principalmente de árvores)
ficam expostas. É bastante preocupante, pois dificilmente é notada. O que agrava o problema é o
fato dessa camada removida ser componente da parte mais rica do solo, da parte que contém
grande quantidade da matéria orgânica, necessária ao desenvolvimento vegetal (Brito e
Almeida,1984).
Esse tipo de erosão ocorre geralmente em solos profundos, de fácil penetração e cultivados sem
o mínimo cuidado com a conservação, o que impede futuros cultivos. As voçorocas aumentam
suas dimensões (a largura e a profundidade) com a ação da água que escoa pelo sulco, levando
mais material erodido e derrubando as paredes do sulco, podendo afetar muitos hectares e
deixando a área economicamente inaproveitável (Brito & Almeida,1984).
Maneio do solo
O maneio do solo também tem forte influência na infiltração, geralmente o revolvimento do solo
aumenta a entrada de água no perfil devido a maior rugosidade na superfície, menor escoamento.
O não revolvimento do solo, no sistema de plantio direto, tende a ocasionar compactação do
solo pelo tráfego intensivo de máquinas, o que pode diminuir consideravelmente a infiltração. As
taxas de infiltração variam de acordo com o uso do solo (Mancuso et al., 2014).
A matéria orgânica é um constituinte do solo que permite maior agregação e coesão entre as
partículas, tornando o solo mais poroso e com maior retenção de água, beneficiando a infiltração
foram avaliados os efeitos de diferentes fontes (esterco de ovelha, estrume de vaca, casca de
arroz, cana picada, palha de trigo, alcaçuz-raiz) e quantidades de matéria orgânica (5, 15 e 25 Mg
ha), observaram que, independente da fonte e da quantidade aplicada, houve aumento na taxa de
infiltração (Klein, 2014).
A aplicação de resíduos orgânicos ou provenientes de descartes de indústrias tem sido comum
em solos agrícolas, e esta técnica pode ter implicação na infiltração. Dalri et al. (2010) verificaram
que a aplicação de vinhaça em solo franco arenoso propiciou redução da taxa de infiltração
básica, especialmente pela formação de crostas sobre a superfície do solo (Klein, 2014).
Métodos mecânicos
Cultivo em nível
Através dessa prática, as fileiras de plantas, bem como os sulcos de semeadura ou do preparo do
solo, são obstáculos para o livre percurso da enxurrada, amenizando os processos erosivos. Não
obstante, as curvas de nível, além de ser um obstáculo ao movimento de água, também
proporcionam a sua infiltração no solo (Alves; Carvalho, 2003).
Cultivos em faixas
Essa prática conservacionista consiste no cultivo alternado de culturas em faixas, as quais são
demarcadas em nível, ou com pequeno desnível no terreno, no sentido perpendicular à
declividade. É uma prática pouco utilizada pelos agricultores, porém de grande eficiência para
pequenas áreas declivosas. Os objectivos dessa modalidade de conservação são: diminuição da
velocidade da enxurrada; aumento na infiltração da água da chuva; diminuição das perdas de
solo, matéria orgânica, fertilizantes e proteção das margens de rios, lagoas e barragens. As
culturas em faixas apresentam eficiência no controle da erosão em áreas com declive de até 6%,
sendo que a eficiência diminui com o aumento da declividade (Alves; Carvalho, 2003).
Terraceamento
Florestamento e reflorestamento
Uma alternativa às terras de baixa capacidade de produção e/ou muito suscetíveis à erosão é a
cobertura permanente através do florestamento e reflorestamento, fazendo com que, além da
proteção ao solo e preservação do ambiente, se tenha uma fonte de renda adicional na
propriedade. Em terrenos muito inclinados, principalmente no topo ou início do declive, o
reflorestamento e manutenção permanente das árvores é o mais recomendado, pelo fato de
reduzir a enxurrada, em razão da maior infiltração de água nesse local. Com isso, é possível
amenizar os problemas de erosão no restante do declive da lavoura (Alves; Carvalho, 2003).
Em áreas com rápido avanço na degradação, seja pela erosão ou outros fatores, o ideal é
implantar inicialmente uma mistura de espécies, que sejam nativas do local, além de isolar a área
para que, gradativamente, ocorra a evolução natural da floresta levando à estabilização e/ou
recuperação da área. Atualmente, uma forma de consorciar as atividades agrícolas com o
reflorestamento e a conservação do solo, consiste na adoção de sistemas agroflorestais. Através
dessa prática, espécies florestais são consorciadas com os cultivos agrícolas de maneira
simultânea ou em uma sequência temporal (Alves; Carvalho, 2003).
Proteção do solo: a. Cobertura vegetal proporcionada pelas plantas de cobertura sobre o solo,
tanto pelas plantas vivas como pelos seus resíduos culturais, atenua o impacto das gotas de
chuva, evitando a desagregação do solo e o consequente selamento superficial. Com isso,
aumenta-se a protecção do solo quanto aos agentes causadores de erosão, especialmente da água
da chuva (Alves; Carvalho,2003).
Aumento da taxa de infiltração de água no solo: após a decomposição das raízes das plantas
de cobertura, permanecem no solo os canais deixados por elas, o que facilita a infiltração da
água. Além disso, a cobertura vegetal diminui a desagregação do solo e a velocidade da
enxurrada. Esses factores combinados proporcionam uma maior infiltração de água no solo, o
que é importante para o seu armazenamento no perfil e na prevenção da erosão (Alves;
Carvalho, 2003).
Aumento do teor de matéria orgânica no solo: o aporte contínuo de carbono ao longo dos
anos, através da fitomassa (resíduos culturais) das plantas de cobertura, proporciona um aumento
no teor de matéria orgânica do solo, o que é desejável para a melhoria das suas propriedades
químicas, físicas e biológicas (Alves; Carvalho, 2003).
Para defini-la pode-se utilizar técnicas de planimetragem directa de mapas, com métodos
geométricos de determinação de área de figura irregular, por meio da utilização de papel
milimetrado ou recursos de aplicativos de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), quando
se trabalha com planta digitalizada (Lima & Zakia, 2000).
Existem controversas quanto à classificação das áreas das bacias hidrográficas. Segundo Porto
(1999), os critérios mais comuns consideram como:
i. Bacias pequenas aquelas com área inferior a 2,5 km² ou tempo de concentração menor
que 1 hora;
ii. Bacias médias, com área variando de 2,5 km² a 1000 km² ou tempo de concentração
entre 1 e 12 horas; e
iii. Bacias grande aquelas com área superior a 1000 km² ou tempo de concentração superior
a 12 horas.
Para Wisler e Brater (1964), bacias pequenas são as que possuem área inferior a 10 milhas
quadradas (26 km²) e bacias grandes com área superior a esse valor.
Quanto mais próximo do valor um (1) for o resultado de Kc, maior a propensão da bacia
hidrográfica a grandes cheias, como resultado do direcionamento do escoamento superficial, em
um pequeno espaço de tempo, para um pequeno trecho do rio principal, causando o acúmulo de
fluxo (CARVALHO & SILVA, 2006).
A tendência para enchentes também é indicada pelo índice de conformação (Kf). Este compara a
área da bacia hidrográfica com a área de um quadrado de lado igual ao comprimento axial
(comprimento do rio desconsiderando-se os meandros) (Porto et al., 1999).
Quando a bacia apresenta o valor de Kf baixo significa que está menos sujeita a ocorrência de
enchentes, independente da área que possui, pois, é estreita e longa. Isso acontece, pois, é menor
a possibilidade de uma chuva intensa cobrir toda sua extensão e a contribuição dos afluentes
chega ao rio principal em vários pontos, em tempos diferentes, o que não ocorre na bacia
circular, onde o deflúvio concentra-se em um único ponto (Vilella & Mattos, 1975).
A razão de elongação (Re) evidencia a relação entre o diâmetro do círculo de área igual
a da bacia e seu eixo. Com este índice é possível verificar a susceptibilidade da bacia a
enchentes, tomando como referência a forma da bacia. Quanto maior for o valor
encontrado para Re, mais a forma da bacia aproxima-se a de um círculo e, maior a
suscetibilidade de ocorrência de enchentes. Quando os valores de Re são menores estão
associados à forma mais alongada e menos suscetível a enchentes (Mosca, 2003).
Valores de Ic próximos a um (1) indicam que a bacia possui forma próxima a de um círculo.
Valores menores que 0,51 indicam que a bacia é alongada, o que favorece o processo de
escoamento (Mosca, 2003).
Índice entre o comprimento e a área da bacia (ICO): Este índice é utilizado para
descrever e interpretar a forma e o processo de alargamento ou alongamento da bacia
hidrográfica. Quando o valor encontrado para ICO for próximo a um (1), a bacia
apresenta forma igual a um quadrado; quanto maior este valor, mais alongada será a bacia
(EPAGRI, 1997).
Strahler (1964), definiu algumas medidas com relação ao relevo. Ele chamou de relevo máximo a
diferença de elevação entre o ponto mais alto e o mais baixo numa determinada área.
Estendendo essa definição para bacia, a diferença entre o ponto mais alto (cabeceira da bacia) e o
ponto mais baixo (secção de exutório) ficou conhecido como relevo máximo da bacia. Schumm
(1956), mediu o relevo da bacia ao longo de uma linha reta que segue o curso d’água mais longo
desde a seção de exutório até a cabeceira mais distante da bacia.
De acordo com Linsley, Kohler e Paulhus (1975), os principais elementos relacionados ao relevo
que caracterizam fisicamente uma bacia são os seguintes: declividade da bacia, declividade média
das vertentes (S), relação de relevo (Rh), número de rugosidade (G), curva hipsométrica,
declividade do álveo, retângulo equivalente e modelo digital do terreno.
Declividade da bacia hidrográfica: A declividade tem relação directa e complexa com
a infiltração, o escoamento superficial, a humidade do solo e a contribuição de água
subterrânea ao escoamento do curso da água. A declividade está relacionada ao tempo do
escoamento superficial, tendo ligação com a magnitude da enchente (Porto et al., 1999).
Quanto mais íngreme for o terreno na bacia hidrográfica, maior a velocidade do escoamento
superficial; o tempo de concentração será menor e, por consequência, os picos de enchente
maiores. A declividade da bacia controla em boa parte a velocidade com que se dá o escoamento
superficial, bem como, os processos de erosão e infiltração no solo (Borsato & Martoni, 2004).
Declividade média das vertentes (S): A declividade média das vertentes (S) é utilizada
para estabelecer um índice em diversos pontos da bacia, com a função de gerar um
mapeamento da mesma, que segundo os pesquisadores, se assemelha bastante ao
mapeamento da maior ou menor tendência de saturação superficial nas diversas partes da
bacia. O diagrama resultante do mapeamento espacial foi utilizado pelos pesquisadores
para estimar a área total da bacia que está saturada superficialmente num dado momento
e, assim, gera escoamento superficial (Beven & Kirkby, 1979).
Relação de relevo (R): A relação de relevo é a razão entre o relevo máximo da bacia, ou
seja, a diferença de altura entre a seção de exutório e o ponto mais alto ao longo do seu
perímetro, pela distância horizontal em que ele é medido. Dessa forma, esse índice mede
a declividade geral de uma bacia de drenagem e é um indicador da intensidade de erosão
operando nas vertentes da bacia (Strahler, 1964).
Número de rugosidade (G): O número de rugosidade é um valor adimensional
definido por Strahler (1964) como o produto da diferença máxima de altitude dentro de
uma bacia pela sua densidade de drenagem. De acordo com o autor, se a densidade de
drenagem aumentar e a diferença de altitude permanecer constante, significa que a
distância horizontal média entre os divisores e os canais adjacentes é reduzida,
acompanhado do aumento na declividade das vertentes. Se a altura aumenta e a
densidade de drenagem permanece constante, a diferença de elevação entre os divisores e
canais adjacentes também será maior, acarretando também aumento nos valores de
declividade.
O número de rugosidade é como uma declividade. Valores extremamente altos do número de
rugosidade indicam que tanto a densidade de drenagem quanto a variação de altitude são altas em
uma bacia, o que significa dizer que as vertentes, além de possuir uma declividade alta, são
longas. (Bras, 1990).
Curva hipsométrica: A curva hipsométrica é a representação gráfica das variações de
altitude em uma bacia. São medidas as áreas compreendidas entre pares sucessivos de
curvas de nível. Avalia-se, então, a porcentagem do total correspondente a cada uma
dessas áreas, e a porcentagem da área total que fica acima ou abaixo de cada curva de
nível é obtida por meio da soma (Wisler & Brater, 1964).
A função da curva hipsométrica é a de mostrar a forma como o volume rochoso localizado
abaixo da superfície topográfica está distribuído desde a desembocadura até a cabeceira da bacia.
Assim, dispondo-se da altura e da área de cada faixa de altitude, correspondente aos intervalos de
curva de nível, é possível calcular o volume de cada faixa, sendo que a soma de todas as faixas
corresponderá ao volume rochoso ainda existente na região (Christofoletti, 1980).
Com o rectângulo equivalente, ainda é possível ter uma ideia melhor dos espaçamentos entre as
curvas de nível, assim no caso de as fontes poluidoras localizarem-se em regiões onde as curvas
estão próximas, provavelmente haverá maiores valores de declividades nessas regiões, com o
conseqüente aumento de velocidade e diminuição da infiltração de um elemento poluidor
qualquer (Vilella & Mattos, 1975).
Sistema de drenagem
O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários; o estudo
das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante, pois ele indica a maior ou
menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. O padrão de drenagem de uma
bacia depende da estrutura geológica do local, tipo de solo, topografia e clima. Esse padrão
também influencia no comportamento hidrológico da bacia (Carvalho & Silva, 2006).
De acordo com a figura 1, adota-se o seguinte procedimento (Carvalho & Silva, 2006):
Quanto maior Rb média, maior o grau de ramificação da rede de drenagem de uma bacia e maior
a tendência para o pico de cheia.
Das características físicas, a rocha e o solo desempenham papel fundamental, pois determinam a
maior ou menor resistência à erosão. Em geral, uma bacia de geologia dominada por argilitos
apresenta alta densidade de drenagem, enquanto que outra com substrato predominante de
arenitos apresenta baixa densidade de drenagem (Morisawa, 1968, citado por Lima, 2000).
Características fisiográficas de bacias hidrográficas são todos os dados que podem ser extraídos de
mapas, fotografias aéreas e imagens de satélites com auxílio de sistemas de informações
geográficas (SIGs). Essa caracterização é o primeiro e mais comum procedimento executado em
análises hidrológicas ou ambientais, e tem como propósito analisar diversas questões
relacionadas com a dinâmica ambiental local e regional principalmente vinculadas ao
comportamento hidrológico de bacias hidrográficas, com aplicações em estudos de
regionalização de vazões mínimas, médias e máximas, entre outros (Wenzel, Uliana, De Almeida,
De Souza, Mendes, & Souza, 2017)
A caracterização fisiográfica de bacias pode ser utilizada como ferramenta auxiliar em análises
geológicas e de drenagem fluvial como indicativo hidrológico para o acompanhamento ambiental
do manejo de florestas plantadas, como base para a definição e a elaboração de indicativos para
gestão ambiental, bem como para a educação ambiental (Wenzel, Uliana, De Almeida, De Souza,
Mendes, & Souza, 2017)
Atualmente, essa caracterização é feita com a integração de várias informações, como relevo e
hidrografia mapeada, em ambientes de SIGs. Esses procedimentos podem ser realizados de
forma manual ou automática. Os SIGs apresentam importância expressiva para os estudos que
compõem análises ambientais, principalmente hidrológicas, pois permitem sobrepor diversas
informações espaciais da bacia hidrográfica e apresentam ambiente interativo de trabalho, onde
grande quantidade de dados pode ser analisada e processada em um mesmo momento, gerando
resultados com acurácia (Wenzel, Uliana, De Almeida, De Souza, Mendes, & Souza, 2017).
O problema da poluição hídrica provocado por esgotos urbanos, metais pesados, pesticidas,
adubos químicos, detergentes sintéticos, hidrocarbonetos, representa um dos aspectos mais
alarmantes da degradação do meio ambiente pelo homem (Bormann et al,, 1978).
A água é uma matéria-prima essencial á maior parte das actividades industriais. Suas principais
utilizações neste sector se dão, seja no processo de fabricação propriamente dito, seja na
incorporação ao produto final, no resfriamento e produção de vapor, etc. Ainda que se tenha em
conta que o consumo de água vária consideravelmente dentro de um mesmo ramo industrial, em
razão de diferenças de padrão tecnológico, é importante assinalar a magnitude desta demanda
(DNAEE, 1981).
A gestão dos recursos hídricos exige, portanto, vários compromissos entre interesses
frequentemente opostos, evidenciando-se a necessidade de planejar-se e coordenar-se a utilização
da água mediante o estabelecimento de estruturas que assegurem seu gerenciamento segundo
uma perspectiva global (SEPLAN, 1982).
Para pôr em prática uma política de gestão das águas é essencial assegurar a participação
das populações através de mecanismos devidamente institucionalizados;
O objectivo último de uma política de gestão das águas deve ser optimizar a utilização
dos recursos hídricos, de forma a maximizar os benefícios para a colectividade,
resultantes das diversas utilizações da água;
A gestão dos recursos hídricos deve considerar a ligação estreita existente entre os
problemas de quantidade e de qualidade das águas;
A gestão das águas deve abranger tanto as águas interiores superficiais e subterrâneas
como as águas marítimas costeiras;
A utilização dos cursos de água como meio receptor de efluentes rejeitados não deve,
contudo, provocar a rotura dos ciclos ecológicos que garantem os processos de
autodepuração;
Na definição de uma política de gestão das águas devem participar todas as entidades
com intervenção nos problemas da água; todavia, a responsabilidade pela execução dessa
política deve competira um único órgão que coordene, a todos os níveis, a actuação
daquelas entidades em relação aos problemas da água.
É importante ressaltar que a eficiência dos propósitos da gestão das águas está directamente
relacionada ao funcionamento coordenado dos instrumentos de gerenciamento, que se
materializam através de diferentes âmbitos de actuação: administrativo, regulamentar, técnico e
económico.
No que diz respeito ao âmbito administrativo, responsável pelas questões do gerenciamento dos
recursos hídricos, na experiência internacional, distinguem-se, de uma maneira quase constante,
três níveis:
A quantidade de água existente na Terra é constante e os recursos hídricos são renováveis por
conta do ciclo hidrológico. Enquanto o consumo de água não exceder a capacidade de renovação
natural dos aquíferos e eles não forem poluídos, poderão ser utilizados indefinidamente. No
entanto, o aumento contínuo do consumo de água já esgotou a capacidade de regeneração
natural dos recursos hídricos em diversas regiões do mundo. Em países como Líbia, Arábia
Saudita e Israel, o gasto de água já ultrapassa o que é reciclado naturalmente em seus territórios
(Júnior & Centro, 2004).
A escassez de água está-se tornando uma realidade em várias regiões do Planeta. Ela é mais
intensa onde é mais necessária, pois as regiões pobres são, em geral, as mais secas. A falta de
água não se limita mais ao norte da África, ao Oriente Médio e a outras regiões caracterizadas
por extensos desertos. A maior parte da África Ocidental e Oriental e partes da China, da Índia e
do México sofrem escassez crônica de água, apesar dessas regiões não serem desérticas (Júnior &
Centro, 2004).
Além dos problemas de quantidade (escassez), a qualidade das águas está piorando em todo o
Planeta. O crescimento da população e a industrialização aumentam a poluição dos corpos de
água e das águas marítimas costeiras. A vazão da maioria dos cursos de água situados em regiões
densamente povoadas ou industrializadas vem-se tornando insuficiente para depurar a crescente
carga de poluentes nela lançada (Júnior & Centro, 2004).
O tratamento das águas servidas não acompanha o ritmo de geração de agentes poluidores.
Quase a totalidade dos esgotos domésticos urbanos é lançada "in natura" nos corpos de água. É
comum, em projetos de saneamento, implantar-se apenas o sistema de abastecimento de água e
relegar-se para o futuro a coleta e tratamento de esgotos, devido ao seu custo elevado,
insuficiência de recursos públicos para investimentos e baixa prioridade política e da população
(Júnior & Centro, 2004).
O resultado das deficiências dos serviços de saneamento básico e da ausência de tratamento dos
esgotos industriais é a contaminação dos corpos de água próximos às áreas urbanas, encarecendo
o tratamento da água captada para o próprio abastecimento público e obrigando ao
aproveitamento de mananciais cada vez mais distantes, ainda não contaminados, para suprir o
aumento de demanda(Júnior & Centro, 2004).
O aproveitamento e a utilização dos recursos hídricos pode ter impactos importantes sobre o
ambiente Na realidade, uma degradação sobre o ambiente pode ser determinada pela construção
e exploração de obras para o aproveitamento doa recursos hídricos e também pela necessidade
impostas pelas suas diversas utilizações (Carbonari, 1997).
Hidrologia Florestal
Bacia hidrográfica é definida como uma área de captação natural da água de precipitação, onde o
escoamento converge para uma única saída, denominada foz ou exutório. Essa bacia é composta
por uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito
único no seu exutório (Tucci, 1997)
Sub-bacia, por sua vez, é a fracção (subdivisão) de uma bacia em áreas de drenagem tributárias
que pertence a um afluente do curso principal.
A bacia hidrográfica é um sistema geomorfológico aberto, que recebe energia e matéria por meio
de agentes climáticos e perde por deflúvio evapotranspiração. É uma unidade natural da
paisagem que apresenta limites bem definidos, funcionando pela contínua troca de energia e de
matéria com o meio. Devido a essa característica de equilíbrio dinâmico, qualquer modificação
que ocorrer na bacia, acarretará em uma mudança no seu comportamento (Gregory e
Walling,1973).
As bacias hidrográficas são vulneráveis a alterações da vegetação, pois essas alterações interferem
nas propriedades do solo, reflectindo nas propriedades da água dos rios, ou seja, a presença ou
não de vegetação pode influenciar nas características da água e no ciclo hidrológico em um
manancial, o que é de fundamental importância para a sustentabilidade do ambiente.
Microbacia hidrográfica
É onde ocorrem maiores interacções e conectividade entre a área de drenagem e os processos
hidrológicos, geomorfológicos e biológicos, ou seja, as cabeceiras dos sistemas flúvicos.
Portanto, cada bacia é formada por um conjunto de microbacias que suportam a sustentabilidade
de seus recursos hídricos (Calijuri e Bubel, 2006).
A microbacia constitui a manifestação bem definida de um sistema natural aberto e pode ser
vista como a unidade ecossistema da paisagem, em termos da integração dos ciclos naturais de
energia, de nutrientes e, principalmente, da água. Desta forma, ela apresenta uma condição
singular e conveniente de definição espacial do ecossistema, dentro do qual é possível o estudo
detalhado das interacções entre o uso da terra e a quantidade e qualidade da água produzida pela
microbacia (Lima, 1999, citado por Attanasio, 2004)
As microbacias por serem áreas menores, geralmente com cursos de água de 1ª a 3ª ordem,
podem facilitar a colecta e análise de dados e montagem de experimentos, além do facto de que
os recursos naturais, tais como água, solo e vegetação, estão mais directamente interligados, e
qualquer alteração em um destes recursos será percetível num outro (Calijuri & Bubel, 2006).
As microbacias são unidade de planeamento, pois sua área de drenagem permite o estudo
detalhado das interacções entre uso da terra e a quantidade e a qualidade de água disponível e
necessária para todas as actividades (Calijuri & Bubel, 2006).
Segundo Black (1996) citado por (Attanasio, 2004) existem três objectivos gerais em maneio de
microbacias hidrográficas:
Um dos importantes aspectos relacionados a análises em microbacias é que ela possui limites
bem definidos, permitindo entender as interacções dos sistemas ecológicos e avaliar, através do
monitoramento, se o plano de maneio do uso da terra está alcançando seus objectivos pré-
estabelecidos, (Attanasio, 2004)
A avaliação de qualquer alteração no regime hidrológico em uma bacia hidrográfica só pode ser
feita caso exista um registo prévio de suas características hidrológicas, e que este período seja
suficientemente longo para que se possa avaliar e quantificar a magnitude desta alteração. Estas
comparações são possíveis quando se correlacionam, na maioria das vezes, o deflúvio com outras
variáveis hidrometeorológicas, sendo tal procedimento conhecido por calibração ou calibragem
de uma bacia hidrográfica. Arcova, 1996), firma também, que no método das bacias pareadas,
uma variável do deflúvio de interesse da bacia a ser alterada é correlacionada com a mesma
variável de interesse de uma segunda bacia adjacente ou vizinha, de condições similares à
primeira, denominada de bacia controle,
O maneio, quando sustentável, pode ser verificado na qualidade e quantidade de água produzida
pela microbacia, considerando o percentual de tipologias presentes na bacia, podendo, assim, a
água ser usada como um instrumento de monitoramento e avaliação da sustentabilidade do
maneio adoptado. A conservação da água reflecte o plano de maneio que deve ser melhorado
com base no monitoramento da microbacia. Esse monitoramento deve ser feito em pequenas
microbacias, pois, nas grandes bacias hidrográficas, as relações de causa e efeito não são tão
marcantes pelo efeito diluidor natural de uma grande rede de drenagem e influência dos
diferentes usos e coberturas da terra que existem normalmente nas grandes bacias (Fritzsons &
Parron, s/d.).
Os aspectos do maneio florestal que mais impactam as águas fluviais são: a colheita florestal e a
localização das estradas e carregadores. O efeito do corte das florestas plantadas sobre a
hidrologia tende a ser altamente variável por diversas razões. Em geral, nas pequenas bacias,
causa um aumento na produção de água, embora o valor absoluto não seja sempre o mesmo em
todas as situações, pois depende da situação ambiental de cada local (litologia, relevo e clima) e
da extensão do corte realizado na bacia. A colheita também pode modificar o regime de vazão,
pois altera a resposta da vazão referente ao pico de chuva, o que é um efeito ambiental crítico
devido a esse aumento estar, normalmente, associado às perdas de solo e de nutrientes.(Fritzsons
& Parron, s.d.).
Balanço hídrico
O balanço hídrico envolve a quantificação dos componentes do sistema, visando ao melhor
entendimento do seu comportamento e baseia-se no princípio de conservação de massa, sendo
analisado pelos insumos de entradas e pelas saídas de água do sistema afirma (Tucci, 2000).
Interceptação vegetal
Uma das principais influências da floresta ocorre já no recebimento das chuvas pelas copas das
árvores, quando se dá o primeiro fraccionamento da água, onde uma parte é temporariamente
retida pela massa vegetal e em seguida evaporada para a atmosfera, processo denominado de
interceptação (Arcova et al., 2003).
Mudanças climáticas;
Perda da biodiversidade;
Interferência de ciclo de nitrogénio e fósforo;
Acidificação dos oceanos;
Uso global de água doce;
Mudanças no uso do solo;
Destruição do ozono estratosférico;
Emissão de aerossóis na atmosfera; e
Poluição Química.
Esses limites definem um espaço de operação seguro para as pressões humanas sobre a Biosfera.
Nascente
Entende-se por nascente, o afloramento do lençol freático, que vai dar origem a uma fonte de
água de acúmulo (represa) ou cursos de água (regatos, ribeirões e rios), ou seja, são fontes de
água que surgem debaixo do solo, aflorando para cima do terreno, onde se inicia um pequeno ou
grande curso de água e que são encontradas facilmente no setor rural (Calheiros, 2010). São
formados quando o aquífero atinge a superfície e, consequentemente, a água armazenada no
subsolo jorra na superfície do solo.
Para a melhor compreensão de onde provém a água que formam as nascentes torna-se
necessário o estudo do ciclo hidrológico, conforme mostrado na Figura 1. Para Calheiros (2000),
dentro de uma bacia hidrográfica uma parte da água que é precipitada na forma de chuva é
interceptada pelas plantas, outra é evaporada e uma última porcentagem escoa superficialmente,
formando as enxurradas, a qual escoa rapidamente na bacia. Uma parcela da água proveniente da
chuva também acaba infiltrando no solo, que será responsável por alimentar os aquíferos.
Figura: Ciclo Hidrológico e formação das nascentes. (Caderno Mata Ciliar, 2009).
Essencialmente existem dois tipos de aquíferos: aquífero livre (lençol freático), onde sua
formação geológica é permeável e parcialmente saturada de água. A base deste tipo, é um
horizonte impermeável, fazendo com que o nível da água fique à pressão atmosférica e o
aquífero confinado, que possui uma formação geológica permeável e completamente saturada de
água, sendo esse tipo limitado tanto no topo como na base por camadas impermeáveis, fazendo
com que a pressão no aquífero seja superior à pressão atmosférica (Midões & Fernandes, 2008).
De modo simples, o ciclo hidrológico é o caminho que a água percorre desde a evaporação até o
seu retorno ao mar (Lopes & Castro, 2001). As nascentes são tradicionalmente caracterizadas na
literatura especializada a partir do regime hidrológico sazonal, vazões, tipo de infiltração e
morfologia (Fellipe, 2009).
Elas podem ser formadas tanto por lençóis freáticos, quanto por aquíferos confinados (Neto,
2010). Quando a descarga de um aquífero se concentra em uma pequena área localizada, tem-se
uma nascente ou olho d´água (Linsley & Franzini, 1978), esta pode ser sem acúmulo de água
inicial, geralmente este tipo de afloramento ocorre em terrenos com declividades acentuadas,
surgindo em um único ponto devido a inclinação da camada impermeável ser menor que a da
encosta. Esse tipo de nascente que apresenta fluxo da água em um único ponto do terreno é
chamado de pontual (Pinto et al, 2004). Exemplos deste tipo são as nascentes de encosta e de
contato.
Figura: Tipos comuns de formação de nascentes pelo lençol freático (Calheiros, 2009).
Figura: Nascente sem acúmulo inicial de água (Calheiros, 2009)
Figura: Veredas Calheiros (2009) Figura: Nascente com acúmulo de água inicial.
Para Neto (2010), quanto a posição do terreno, as nascentes podem ser fixas, móveis ou
pseudonascentes.
Fixas: São aquelas que não mudam de posição ao longo do ano, são as nascentes
pontuais.
Móveis: São as que se desenvolvem no fundo de calhas, sofrendo variações de acordo
com o nível do lençol freático, fazendo com que esta migre para montante de jusante.
Pseudonascentes: Caracterizadas por um fluxo de água descontínuo na calha de
drenagem, ou seja, o fluxo desaparece em um ponto de calha e reaparece a jusante na
forma de nascente.
Perenes: São aquelas de fluxo contínuo que se manifestam durante o ano todo, mesmo
com vazões variando ao longo do tempo.
Temporárias: São aquelas que possuem fluxo apenas na estação chuvosa, podendo
durar de poucas semanas a meses.
Efêmeras: São aquelas que surgem em resposta direta à precipitação onde os fluxos
permanentes permanecem apenas por alguns dias ou horas.
Para Pinto et al. (2004), propõe que a melhor forma de medição de vazão para nascentes é de
forma direta, ou seja, cronometra-se o tempo de um determinado volume de água, usando um
recipiente graduado. Porém apesar de raras, para nascentes com magnitudes abaixo de cinco
torna-se inviável a utilização do método direto, sendo necessária a implantação de dispositivos
para medir a vazão, como: vertetor ou calha Parshall.
Pinto et al. (2004), classifica as nascentes quanto ao seu estado de conservação em:
As águas superficiais são muito afetadas pelo manejo inadequado dos solos e dos dejetos
animais. Em muitas propriedades a inexistência de APP´s, que incluem a proteção das nascentes
e suas áreas de entorno, reduz a ocorrência de afloramentos espontâneos de água e provoca até
mesmo o desaparecimento de mananciais e fontes eficientes (Floss, 2011).
Uma nascente para apresentar viabilidade de aproveitamento de água para consumo deve estar
protegida de acordo com Kresse (1997), no meio rural a águia pode carregar sedimentos com
excesso de nutrientes, resíduos de agrotóxicos e dejetos de animais. As disposições inadequadas
de resíduos sólidos e líquidos também podem poluir a nascente, causando problemas de saúde às
pessoas que fizerem o consumo de água contaminada.
Proteger uma nascente significa isolá-la para que sofra menos impactos do meio que a rodeia. O
isolamento deve ser feito com vegetação nativa e/ou cercas, a fim de se obter uma protecção da
superfície do solo e a criação de condições favoráveis à infiltração da água no solo, garantindo
água de boa qualidade abundante e contínua. Uma nascente desprotegida é muito susceptível à
erosão, tendo em vista que tanto a água da chuva quanto a água que sai da nascente sã elementos
causadores de erosão (Floss, 2011).
A protecção das fontes é uma alternativa de baixo custo e tem sido utilizada em muitas
propriedades rurais para impedir o assoreamento da nascente e a queda de materiais orgânicos
no seu interior. Proteger o afloramento natural é uma medida que pode ajudar a qualidade e a
disponibilidade de água para consumo. No meio rural, deve-se ter especial atenção, pois é
preciso considerar a necessidade de reduzir a contaminação por lixo, agrotóxico, dejetos
humanos e animais. É importante, também reduzir o desmatamento, principalmente das
encostas e da mata ciliar, além de proteger o solo (Floss, 2011).
Modelo Caxambu
É uma tecnologia desenvolvida e disseminada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Trata-se de um tubo de concreto (manilha), de 20 cm
de diâmetro por um metro de comprimento, contendo quatro saídas, duas constituídas de dois
tubos de PVC de 25 mm, por 30 cm de comprimento, que terão as duas saídas da água para
consumo humano e animal, e outras duas, formadas por dois tubos de PVC de 40 mm de
diâmetro por 30 cm de comprimento, sendo um tubo para limpeza da estrutura e outro para
extravasar a água em excesso (Jacomine, 2001).
O tubo não poroso deve ser concretado com os canos de PVC, que deve secar à sombra, por
pelo menos sete dias, molhando todos os dias para a secagem correcta e para não dar problemas
ao ser colocado no local da nascente (Oliveira, Alves, & França, 2010).
As tubulações servem para permitir o escoamento da água, sendo dispostos conforme suas
funções: uma tubulação de 50 mm de diâmetro, para permitir o tratamento com água sanitária,
instalada na parte superior da cobertura da nascente. O agricultor deve fazer, semestralmente,
uma desinfecção, utilizando água sanitária (Oliveira at al., 2010).
Dois canos de 50 mm de diâmetro, com redução para ½ polegada, enviará água para consumo, e
outra tubulação, de 50 mm de diâmetro, é instalada de 15 cm a 20 cm acima da tubulação que
serve água à residência, funcionando como extravasor (ladrão). Por fim, o quarto cano, de 100
mm de diâmetro, que servirá para esgotar a nascente no período da desinfecção semestral e para
permitir o processo de esvaziamento do depósito de água, quando necessário (Oliveira at al.,
2010).
A mureta deverá ser lacrada, no seu entorno e na parte superior, e toda a água da nascente deve
escorrer pelos quatro canos de vazão. Dois, para captação da água para usos múltiplos pelo
proprietário rural, um para extravasar a água em excesso (ladrão) e o último para esgotamento
total do depósito, com o propósito de limpeza (Oliveira at al., 2010).
Figura: Nascente com estrutura de fornecimento de água instalada. Fonte: (Oliveira at al., 2010).
Florestas ribeirinhas
As florestas ribeirinhas são definidas como formações arbóreas encontradas nas ribanceiras,
superfícies de inundação e áreas adjacentes de rios, córregos, lagos ou represas (BUDKE et al.,
2004), ou seja, podem ser caracterizadas como toda a formação florestal que acompanha os
cursos de água (Catarhino, 1989). Constituem manchas de vegetação caracterizadas pela
combinação diferenciada, principalmente, da atuação dos fatores abióticos que resultam em
trechos florestais com florística e estrutura próprias (Rodrigues, 1989).
Floresta/mata ciliar
Termo mais utilizado nas planícies da Amazônia, Centro Oeste e Sudeste do Brasil (Pereira &
Leite, 1996). Em geral definidas como estreitas faixas de florestas ocorrentes na beirada de
diques marginais, formando as "pestanas do rio". Na legislação brasileira esse termo é utilizado
de forma bastante genérica, que designa qualquer formação ocorrentes nas margens de cursos da
água (Oliveira, 2001).
Floresta/mata de galeria
Segundo Rodrigues (1989), esse termo deveria ser utilizado para a designação genérica ou
popular das formações ribeirinhas em regiões onde geralmente a vegetação de interflúvio não é
florestada (cerrados, campinas, caatinga, campos, campos gerais, etc). Denomina também a
vegetação dos rios de pequeno porte, ribeirões e riachos, onde formam corredores fechados
(galerias) sobre os cursos da água (Pereira & Leite, 1996).
Floresta/mata de brejo
Denominação genérica ou popular para as florestas paludosas ou higrófilas ou latifoliada
higrófila, que designa formações sobre solos permanentemente encharcados (Oliveira, 2001).
Floresta ripária
O termo ripária provém do latim "ripa" que significa margem ou costa (Stevens et al., 1995). É
usado para designar florestas ocorrentes ao longo de cursos da água em regiões onde a vegetação
de interflúvio também é florestal. Caracteriza tanto a porção do terreno que inclui as encostas
dos rios como também as planícies de inundação, com suas condições pedológicas e
vegetacionais próprias (Zakia, 1998).
Essas formações recebem outras denominações, tais como mata de anteparo, floresta de
condensação, vegetação ripícola, vegetação ribeirinha, etc. (Oliveira, 2001), porém autor
acrescenta de que o uso mais generalizado e restrito.
Organossolos;
Gleissolos;
Neossolo quartzarênico;
Plintos solos;
Neossolo flúvico;
Cambissolo.
A função hidrológica da vegetação ribeirinha compreende sua influência em uma série de fatores
importantes para a manutenção da estabilidade das microbacias (ambientes fluviais), tais como
(Zakia, 1998):
Fenómenos hidrológicos
Os desastres naturais resultam de eventos catastróficos variados decorrentes de causas naturais
ou de intervenções humanas, resultando em graves perturbações à sociedade, na maioria das
vezes envolvendo inestimáveis perdas humanas ou mesmo volumosos prejuízos materiais
(Oliveira, 2014).
Movimentos de massa;
Alagamentos;
Inundações;
Enxurradas.
Movimentos de massa
Os movimentos de massa ou deslizamentos de terra, são rupturas do solo que podem levar ao
escorregamento de lama, detritos ou blocos de rocha, e ao desmoronamento ou soterramento de
construções civis. Esses fenómenos naturais ocorrem principalmente em regiões serranas e
montanhosas, com clima predominantemente húmido. A retirada da vegetação, o acúmulo de
lixo, e a construção de edificações sob condições irregulares são actividades antrópicas que
aumentam a susceptibilidade dessas regiões.
Alagamentos
Os alagamentos, são acúmulos de água resultantes da combinação de intensas precipitações com
a baixa capacidade de escoamento dos sistemas de drenagem urbana, muitas vezes agravados
pelo acondicionamento incorrecto de detritos e resíduos de actividades humanas, que terminam
por potencializar o assoreamento dos equipamentos de drenagem, como os arroios e as bocas-
de-lobo.
Enxurradas
As enxurradas, são desastres naturais associados ao escoamento superficial da água precipitada
de forma rápida e intensa, principalmente em locais acidentados e com bacias hidrográficas de
menores dimensões. A susceptibilidade desses locais pode ser agravada pela impermeabilização
do solo, ocasionada principalmente pela ocupação inadequada de populações ribeirinhas.
Inundações e enchentes
As inundações e enchentes, respectivamente, ocorrem principalmente em áreas mais planas e em
fundos de vales, e tem potencial de afectar maiores contingentes populacionais. Esses
fenómenos evoluem de forma paulatina e relativamente previsível, devido a precipitações
intensas e contínuas.
A inundação é o extravasamento das águas dos canais de drenagem para áreas marginais, ou
planícies de inundação; as enchentes consistem no aumento do nível da água até a cota máxima
do canal, porém, sem que ocorra o transbordamento.
Figura 1: Diferença entre as inundações e enchentes,
Fonte: CEDEC (2013) citado por (Oliveira, 2014)
Uma vez que esses fenómenos estão directamente relacionados com altos níveis de precipitação
pluviométrica e com a ineficiência do sistema de drenagem, o monitoramento dos mesmos, bem
como os investimentos em pesquisas e intervenções que aumentem a resiliência dos municípios
afectados, são de fundamental importância.
Actividades:
Preparação: composta por actividades que capacitam a população para responder de maneira
mais adequada ao desastre. São os planos de contingência elaborados nessa etapa que facilitam a
mobilização de recursos humanos e logísticos, além da própria articulação do sistema de
protecção e defesa civil neste contexto.
Actividades:
Actividades:
Actividades:
Segundo CENAD (2012) citado por (Oliveira, 2014) a gestão do risco de desastres consiste em
um processo sistemático que busca eliminar ou diminuir a vulnerabilidade da população aos
efeitos adversos desses eventos, mediante a prática de medidas de prevenção, mitigação e
preparação. Assim, com uma gestão do risco eficiente também é possível poupar os recursos
necessários à gestão de desastres em si, que compreende as fases de resposta e recuperação da
área afectada. É muito importante que os envolvidos no problema compreendam a forte inter-
relação existente entre os diferentes tipos de acções que podem ser tomados. De acordo com a
Organização das Nações Unidas (ONU), cada dólar investido em prevenção poupa sete dólares
gastos em reconstrução.
Produtividade florestal
O conceito de produtividade florestal é muito amplo. Não é apenas o conceito da quantidade de
um determinado produto produzido por unidade de tempo ou espaço físico. Conceitualmente,
podemos adoptar três definições: produtividade potencial, produtividade atingível e
produtividade real (Bognola & Lemos, 2013).
Em cada uma dessas definições, existe um grupo de factores que as sustentam: a produtividade
potencial, que tem como influência a base genética (capacidade de adaptação ao ambiente) das
plantas, bem como radiação solar, temperatura, CO2 e disponibilidade plena de água; a
produtividade atingível, que é influenciada pelas características do sítio, como solo
(disponibilidade de nutrientes, profundidade efectiva, classe textural etc.), regime hídrico (esse
com grande variação temporal), relevo e altitude; e a produtividade real (medida pelo inventário
florestal), que tem, como principais factores redutores, a presença/convivência com plantas
daninhas, as doenças e os ataques de pragas (Bognola & Lemos, 2013).
Somado a esses factores, e não menos importante, tem-se o manejo silvicultural − esse com a
devida qualidade dos tractos culturais, como peça fundamental para o sucesso de um programa
de produção florestal. Tais definições e termos estão interligados e conectados como
engrenagens de um motor, sendo que qualquer descompasso pode gerar “ruídos” no
desempenho (desenvolvimento da Šoresta), ou seja, menor produtividade com maior custo por
metro cúbico (Bognola & Lemos, 2013).
Verifica-se que as grandes e médias empresas florestais não têm medido esforços para
elaborarem mapas pedológicos detalhados de suas propriedades rurais, a ‰m de se obter os
principais factores potenciais ou limitantes, os quais influenciem um determinado sítio a alcançar
boas produtividades. No entanto, apesar desses estudos detalhados de solos de suas
propriedades, muitas vezes elas optam por reagrupar algumas características específicas de solo e
clima em poucas Unidades de Manejo Operacionais (UMO’s). O resultado disso é que o
mapeamento detalhado dos solos, cuja razão principal é caracterizar bem o sítio florestal, é
distorcido, podendo afectar negativamente as potencialidades do referido ambiente num
determinado momento (Bognola & Lemos, 2013).
De certa forma, a variabilidade espacial é atribuída a factores que são constantes, enquanto a
temporal, a factores cíclicos. Como exemplo, podemos citar: uma área de baixada, num ano seco,
pode ser o local com maior produtividade; em outro ano, mais chuvoso, essa mesma UMO de
maior produtividade poderá ter uma queda acentuada, devido ao excesso de água para as plantas
(Bognola & Lemos, 2013).
Em geral, as mudanças no uso e cobertura da terra afectam a resposta hidrológica das bacias, por
meio de modificações nos processos de evapotranspiração e de geração de escoamento, os quais
estão directamente associados com o tipo de vegetação (Bruijnzeel, 2004; Andrèassian, 2004)
citado por (Garofolo & Rodriguez, 2022)