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Faculdade de Ciências Agrárias

Licenciatura em Engenharia Florestal


Cadeira: Maneio de Bacias Hidrograficas
4o Ano, I Semestre

VAZÃO DOS CURSOS DE ÁGUA E REGIME DE ÁGUA


SUBTERRÂNEAS SOB INFLUÊNCIA DE ECOSSISTEMA
FLORESTAL

Discentes:
Cheila Beque Joaquim
Elisabeth Ângela C. André
Manuel João Macaque
Rosário Julião Bandesse
Yula Viviana Laísse
Docente:
Eng.º Alfredo Santos Duvane, Msc.

Unango, Julho de 2022


Índice

I. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4

1.1. Objetivos .................................................................................................................. 4

1.1.1. Gerais ................................................................................................................ 4

1.1.2. Específicos ........................................................................................................ 4

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 5

2.1. Conceitos ................................................................................................................. 5

2.2. Água e Floresta como Recursos Naturais ................................................................ 5

2.3. A Relação entre a Floresta e a Água ........................................................................ 6

2.5. Morfologia fluvial .................................................................................................... 8

3. Regime da água subterrânea sob influência de ecossistema florestal ........................... 10

3.1. Água subterrânea ....................................................................................................... 12

3.2. Influências da Floresta ............................................................................................... 14

III. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES ............................................................................. 17

IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 18


Resumo

Descarga ou vazão define, em hidrologia de bacias hidrográficas, o volume de água


escoada na unidade de tempo. A maneira mais fácil de entender a relação floresta-água é
conhecendo o ciclo hidrológico na floresta. A água de chuva que se precipita sobre uma
mata segue diversos caminhos. A interceptação da água acima do solo pelas folhas participa
na formação de novas massas atmosféricas úmidas, enquanto os pingos de água que
atravessam a copa ou escoam pelo tronco, atingem o solo e o seu folhedo. De toda a água
que chega ao solo, uma parte tem escoamento superficial, chegando de alguma forma aos
cursos de água ou aos reservatórios de superfície. A água subterrânea se move de forma
lateral e lenta em direção à pontos de menorestado energético para completar o ciclo
hidrológico. Mas durante esse percurso, parte dessaágua ressurge em nascentes, córregos
rios e lagos. as águas subterrâneas mantêmo nível de poços e a continuidade da vazão dos
rios, descrita como fluxo de base.

Palavras chaves: Vazão; Água subterrânea; Bacias hidrográficas; Ciclo hidrologico.

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I. INTRODUÇÃO

A água é um dos elementos físicos mais importantes na composição da paisagem terrestre,


interferindo na fauna e flora, e interagindo com os demais elementos da natureza e seu
meio. Conforme a United States Federal Council of Science and Technology referenciada
por Tucci (1997), a hidrologia é a ciência que trata da água da Terra, sua ocorrência,
circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas e suas relações com o meio
ambiente, incluindo as relações com a vida. Há muito se acreditava, baseando-se nas
médias de precipitação maiores em áreas florestadas do que em áreas abertas, que a floresta
contribuía para o aumento da precipitação local por meio da reciclagem das chuvas pelo
processo de evapotranspiração. Outro fato que por vezes era mistificado é o de que bacias
florestadas produzem mais água do que bacias com outro tipo de cobertura vegetal, porém
o que acontece realmente é que na bacia com total cobertura florestal há uma menor
produção de água, mas o fluxo é mais estável e sustentável do que em outros casos
(Balbinot et al, 2007).

Para avaliar o efeito que teria qualquer perturbação numa bacia hidrográfica, é necessário
antes conhecer bem as características hidrológicas do ecossistema natural, para
posteriormente fazer a comparação com aqueles em que houve intervenções antrópicas. A
análise desses aspectos do ecossistema envolve características de clima, geomorfologia,
solo, vegetação, deflúvio e evapotranspiração, com o que se pode quantificar os processos
hidrológicos da bacia e correlacioná-los com as diferentes variáveis relacionada à
quantidade e qualidade da água, assim como sua dinâmica (CARDOSO et al., 2006).

1.1. Objetivos
1.1.1. Gerais
• Abordar sobre vazão dos cursos de água e o regime de águas subterrâneas sob
influência de ecossistemas florestais.
1.1.2. Específicos
• Relacionar as florestas com a agua;
• Classificar os sistemas de drenagem;
• Descrever o Regime da água subterrânea sob influência de ecossistema
florestal;

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Conceitos

Descarga ou vazão define, em hidrologia de bacias hidrográficas, o volume de água


escoada na unidade de tempo. A unidade mais comum é o m³/s. Quando se deseja comparar
as vazões de diferentes bacias hidrográficas, a unidade adequada é a chamada vazão ou
descarga específica, que é dada por m³/s.km² , a qual define a vazão dividido pela área da
bacia hidrográfica (Lima, 2008).

Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da terra, preenchendo os
poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das
rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade)
desempenha um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios,
lagos e brejos. As águas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez que constituem
uma parcela da água da chuva (Borghetti, 2004).

Água subterrânea refere-se à água contida na zona de saturação de um estrato geológico


(Lima, 2008).

Bacia hidrográfica é uma área da superfície terrestre que drena água e sedimentos para
uma saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial.

2.2.Água e Floresta como Recursos Naturais

A água e a floresta são considerados recursos naturais renováveis. Isto porque os seres
humanos tem acesso a eles, os utilizam para suas mais diversas necessidades e, ao mesmo
tempo, a natureza os repõe, dando aos mesmos o caráter de renovabilidade. Os recursos
hídricos são de usos múltiplos. Embora o abastecimento público seja mundialmente
reconhecido como prioritário diante das demais demandas, a água também é utilizada para
abastecimento industrial, irrigação, dessedentação de animais, lazer, aquacultura, geração
de energia elétrica, navegação, conservação da biota aquática e até recepção de efluentes
tratados. Por sua vez, a floresta também se apresenta como de usos múltiplos pelo ser
humano ao longo da sua história (Braga et al, 2002).

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2.3.A Relação entre a Floresta e a Água

Para (Braga et al, 2002). Existe um sentimento comum entre ambientalistas, acadêmicos e
até mesmo em setores sociais não diretamente envolvidos com o tema, de que a floresta e a
água se completam, e que a ausência de uma perturba profundamente a existência da outra.
A maneira mais fácil de entender a relação floresta-água é conhecendo o ciclo hidrológico
na floresta. A água de chuva que se precipita sobre uma mata segue diversos caminhos. A
interceptação da água acima do solo pelas folhas participa na formação de novas massas
atmosféricas úmidas, enquanto os pingos de água que atravessam a copa ou escoam pelo
tronco, atingem o solo e o seu folhedo. De toda a água que chega ao solo, uma parte tem
escoamento superficial, chegando de alguma forma aos cursos d água ou aos reservatórios
de superfície. A outra parte sofre armazenamento temporário por infiltração no solo,
podendo ser liberada para a atmosfera através da evapotranspiração, manter-se armazenada
por mais algum tempo ou percolar como água subterrânea. A água no solo que não for
evapotranspirada, ou que não migrar para camadas profundas, termina por escoar da
floresta paulatinamente, compondo o chamado deflúvio, que alimenta os mananciais e
possibilita os seus usos múltiplos. Uma apresentação esquemática desses fluxos encontra-se
na Figura 1.

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Figura 1. Processos hidrológicos quantitativos (esquerda) e qualitativos (direita) em uma
bacia hidrográfica (adaptado de WALLING, 1980).

2.4.Florestas e produção de água

O funcionamento hidrológico de bacias hidrográficas e suas relações com a cobertura


vegetal têm sido objeto de estudo há décadas, o que possibilitou algumas generalizações.
Salvo em casos específicos (Huxman et al. 2005, Wilcox et al. 2006, Doody et al. 2011), a
regra, válida para a unidade espacial de uma microbacia hidrográfica, é que:

1. A proporção de água da chuva que comporá os recursos hídricos renováveis é


inversamente proporcional à biomassa da vegetação arbórea (Lima et al. 1990, Le
Maitre et al. 1999, Zou et al. 2014, Oliveira et al. 2016); e
2. O aumento da vegetação florestal dificilmente aumenta o volume de chuva na
mesma bacia hidrográfica, a menos que a área da bacia hidrográfica seja muito
extensa (Eltahir & Bras 1996, Tremberth 1999, Ellison et al. 2012).

Tremberth (1999) menciona que, em uma extensão de 500 km, apenas cerca de 8,9% da
precipitação total sobre a superfície terrestre são provenientes de evapotranspiração dentro
da mesma região. Geralmente, a água evaporada precipita em algum local distante de onde
evaporou ou até mesmo nos oceanos ou em qualquer outro lugar do planeta, que dependerá
da movimentação das massas de ar em escala global (Tremberth 1999, Ellison et al.2012).
Entretanto, neste artigo, não tratamos da influência da vegetação sobre o ciclo da água em
escala planetária. Conforme afirmamos anteriormente, nesse artigo abordaremos aspectos
relativos à microbacia, escala em que é possível aplicar o conceito de manejo integrado de
vegetação, água e solo e identificar os efeitos decorrentes dos tratamentos aplicados.

Para entender as relações entre a cobertura vegetal e a quantidade de água da chuva que
fará parte dos recursos hídricos é preciso, primeiramente, saber que essas relações se
estabelecem no espaço territorial de uma bacia hidrográfica, sendo mais fácil quantificar,
compreender ou manejar a produção de água em bacias de pequenas dimensões - as
microbacias hidrográficas.

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2.5.Morfologia fluvial

Trata da formação de rios e várzeas por erosão e sedimentação. Características hidrológicas


associadas: qualidade da água, estoque de água subterrânea, regime de vazão ao longo do
ano e rapidez de formação de enchentes. Fundamental para estabelecimento de estratégias
de manejo (uma bacia mais acidentada deve ter manejo diferente de uma bacia
relativamente plana), (Silva, 1999).

2.6.Sistema de drenagem e sua classificação

Para Silva (1999), A resistência relativa das rochas determina o padrão de drenagem e
arranjo das encostas e vales, mas os processos geomorfológicos frequentemente alteram a
configuração da rocha mãe abaixo da superfície. Em consequência, pequenas bacias de
drenagem são difíceis de serem mapeadas, enquanto que os cursos d’água são mais
facilmente plotáveis:

1. Classificação dos cursos d’água quanto a constância do escoamento: perenes (curso


contínuo), intermitentes (curso sazonal) e efêmeros (curso ocasional – com as
chuvas).
2. Padrões de drenagem (descrição textural da paisagem):

Dendrítico: ocorrem em terras altas nas quais o regolito e a rocha mãe oferecem uma
resistência relativamente uniforme à erosão. As encostas não têm orientação dominante:

Retangular: padrões de áreas de falhas onde os cursos seguem as linhas de falha:

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Treliça: em áreas onde rochas de resistência desigual estão dispostas em dobras ou
colinas longas ou em áreas de topografia pouco acentuada e resistência relativamente
uniforme (planícies costeiras):

2.7.Ordem dos cursos de água

Os cursos sem ramificação são os de 1ª ordem; cursos que recebem apenas outros de 1ª
ordem são os de 2ª ordem; cursos que recebem apenas outros de 2ª ordem são de
terceira ordem; e assim por diante:

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Em várias estruturas geológicas, os divisores de água superficial e subsuperficial não
são coincidentes, o que dificulta o balanço de água porque não se pode determinar
satisfatoriamente que área está contribuindo para o fluxo de base (Lima, 2019)..

O manejo de rios de 1ª ordem e 2ª difere dos de 3ª ordem (ou superior). Os primeiros


são mais vulneráveis a interrupção ou alteração do sistema de recarga da bacia;
enquanto que os demais tem mais fontes alternativas de contribuição. Diques naturais
são características de bancos de rios que tendem a desestabilizar canais e várzeas. Eles
são causados principalmente pelo carreamento de bancos de vegetação em enchentes
(Lima, 2019).

3. Regime da água subterrânea sob influência de ecossistema florestal

Do ponto de vista hidrológico, a manta de material intemperizado que fica à superfície


da crosta terrestre é classificada em duas zonas: zona de aeração e zona de saturação. A
fase sub-superficial do ciclo hidrológico, ou seja, a água sub-superficial, que inclui a
água subterrânea e a água do solo, ocorre nos interstícios da crosta terrestre, conforme
ilustrado na Figura 2.

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Figura 2: Ocorrência de água do solo e água subterrânea na crosta terrestre (Lee, 1980).

Conforme pode ser observado na Figura 2 a parte superficial da camada intemperizada que
se encontra acima do lençol freático é referida como zona de aeração. Nesta zona os
interstícios estão cheios de ar e de água. Esta água contida na zona de aeração é referida
como água do solo; esta zona de aeração caracteriza-se, pelo predomínio de forças capilares
e a pressão num ponto qualquer da água no solo é menor do que a pressão atmosférica. A
espessura da zona de aeração varia de local para local, de acordo com as condições de
profundidade do lençol freático. Em áreas alagadicas, por exemplo, chega a ser
virtualmente ausente. Já em regiões montanhosas pode alcançar algumas centenas de
metros de profundidade. Em termos médios, esta espessura não ultrapassa 30 metros
(Walton, 1970).

A zona de aeração pode, ainda, ser subdividida em três camadas: zona das raízes, onde
subsiste a água do solo propriamente dita, zona intermediária, e franja capilar.

A zona intermediária existe onde o lençol freático é de profundidade tal que a água do solo
não se estende, normalmente, até a franja capilar. Esta zona consiste, então, na camada que

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vai desde o limite inferior da zona radicular até o limite superior da franja capilar. Sua
espessura pode variar, sendo mínima quando o lençol freático é superficial. Contém,
normalmente, alguma umidade capilar. A franja capilar é formada pela ascensão capilar da
água subterrânea. É, assim, normalmente mais pronunciada em solos de textura mais fina.
Em condições onde a franja capilar encontra-se a pouca profundidade, o sistema radicular
das plantas pode normalmente alcançá-la, e a transpiração proporciona uma contínua
movimentação desta ascensão capilar da água do lençol freático. Finalmente, na zona de
saturação a água lá existente é referida como água subterrânea. Esta zona caracteriza-se
pelo fato de que os poros, na sua quase totalidade, encontram se completamente cheios de
água. Observa-se, também, ausência de forças capilares, e a pressão num ponto qualquer é
sempre igual ou maior do que a pressão atmosférica.

3.1. Água subterrânea

Água subterrânea, juntamente com a água do solo, perfaz a fase do ciclo hidrológico
referida como "água sub-superficial". Esta água sub-superficial constitui a maior reserva de
água doce disponível, muitas vezes maior do que todos os rios, lagos e reservatórios. Desta
forma, é um recurso natural renovável cujo manejo adequado é de elevada importância do
ponto de vista de abastecimento de água para uso do homem. A água subterrânea ocorre em
formações geológicas permeáveis cujas características são tais que permitem o
abastecimento e a liberação de quantidades apreciáveis de água. Esta formação geológica
recebe o nome de aquífero. Toda a água subterrânea faz, essencialmente, parte do ciclo
hidrológico, isto é, a água dos aquíferos é água da chuva que se infiltrou no solo e percolou
até o lençol subterrâneo (água meteórica). Pequenas quantidades de água de outra origem,
todavia, podem, eventualmente, ser adicionadas ao ciclo: água conata (ou água aprisionada
nos interstícios de rochas sedimentares por ocasião de sua formação) e água juvenil (de
origem magmática ou vulcânica), (Lima, 2019).

A idéia de aquífero, como acima exposta, bem como a terminologia relativa ao estudo de
água subterrânea, podem melhor ser entendidas através da análise da Figura 3.

Referindo-se à Figura 3, os aquíferos podem ser de dois tipos: não confinados e confinados,
dependendo da presença ou ausencia do lençol freático livre.

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Figura 3: Terminologia relativa à água subterrânea.

Aquífero suspenso é um caso particular do tipo não confinado. Aquífero não confinado é
aquele em que a água subterrânea apresenta uma superfície livre ligada à atmosfera através
de formações porosas. Esta superfície livre, que é o limite superior da zona de saturação,
recebe o nome de lençol freático. Aquífero confinado, por outro lado, é aquele no qual a
água está confinada sob pressão maior que a atmosférica por camadas impermeáveis
suprajacentes. Recebe também o nome de aquífero artesiano. A linha imaginária que une o
nível de água em uma série de poços que penetram um aquífero artesiano denomina-se
nível piezométrico. O nível piezométrico de um aquífero artesiano coincide com o nível de
pressão hidrostática da água no aquífero. O nível da água em um poço artesiano define a
elevação da superfície piezométrica naquele ponto. Quando a superfície piezométrica se
encontra acima da superfície do terreno, o poço será jorrante. O movimento da água
subterrânea se dá tanto no sentido vertical descendente, quanto lateralmente. O movimento
horizontal é, em geral, muito lento, dependendo do gradiente hidráulico e das
características do aquífero. A declividade do lençol freático determina a direção do fluxo da

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água subterrânea, a qual pode variar dependendo da quantidade de recarga e de descarga do
aquífero (ASCE, 1957).

O lençol freático geralmente emerge no canal de um curso de água. Nestas condições, isto
é, quando o curso de água é alimentado pela água subterrânea, o rio é chamado efluente.
Por outro lado, pode ocorrer de o rio perder água para o aquífero, quando recebe, então, o
nome de influente. O lençol freático pode, ainda, atingir a superfície do terreno em outras
situações: em áreas alagadiças, em lagos, em nascentes. Em locais onde o lençol freático é
superficial, a água pode subir até a superfície do terreno, ou até a zona das raízes, através da
franja capilar, tornando-se, neste caso, em fonte de água para a evapotranspiração. Em
determinadas situações, como nas regiões desérticas, o lençol freático é profundo. De uma
maneira geral, o lençol freático acompanha a topografia da superfície, mas de forma bem
menos irregular do que esta (Gilluly et al., 1968).

O nível do lençol freático, assim como o nível piezométrico, pode sofrer flutuações devidas
a várias causas (TODD, 1964):

Efeitos cíclicos: produzidos pela alternância secular de anos úmidos e anos secos,
nos quais a precipitação anual é maior ou menor do que a normal. Existe correlação
entre a variação da precipitação anual e a do nível do lençol freático;
Evapotranspiração: lençóis freáticos superficiais frequentemente apresentam
flutuações diurnas em decorrência da evapotranspiração. Em lençóis freáticos com
profundidade superior a 1 m este efeito torna-se insignificante;
Pressão atmosférica: variações na pressão atmosférica não tem qualquer influência
sobre o lençol freático, mas produzem, por outro lado, significativas flutuações em
aquíferos confinados;
Marés: lençóis freáticos de aquíferos litorâneos apresentam flutuações de acordo
com o fenômeno da maré.

3.2. Influências da Floresta

Pelo fato de que o solo florestal apresenta, normalmente, boas condições de infiltração,
as áreas florestadas constituem importantes fontes de abastecimento de água para os
aquíferos. Em locais onde o lençol freático é superficial (zona ripária, planícies

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costeiras, áreas alagadiças etc.) a cobertura florestal provoca, pela evapotranspiração,
um rebaixamento do lençol freático. Nestas mesmas áreas, o corte da floresta pode,
frequentemente, resultar na subida do lençol freático (HEWLETT & NUTTER, 1969),
(WILDE et al., 1953), TROUSDELL & HOOVER, 1955), (ADAMS et al., 1972),
(URIE, 1971), (BIRYUKOV, 1968)

Nestas condições de lençol freático superficial, dando ensejo à formação de áreas


alagadiças, esta influência da cobertura florestal pode ser benéfica do ponto de vista de
utilização da área. Por outro lado, em situações onde o recurso água já é naturalmente
escasso, a possibilidade da competição devida a esta influência da floresta deve ser
analisada de maneira mais abrangente.

Em regiões montanhosas a drenagem mais eficiente da água subsuperficial, conforme


já comentado, limita o armazenamento da água subterrânea. A presença da floresta
nestas regiões é responsável pela manutenção de taxas ótimas de infiltração de água no
solo e, consequentemente, de alimentação do lençol freático. Em terrenos de topografia
mais plana, e desde que subsistam condições de lençol freático superficial, conforme já
esclarecido, alguns trabalhos tem mostrado significativo efeito da presença da floresta
sobre o lençol freático (MOLCHANOV, 1963), (HOLSTENER-JORGENSEN, 1967),
(COLVILLE & HOLMES, 1972).

Desde que o rebaixamento do lençol freático pela floresta (em regiões de lençol freático
superficial) é consequência principalmente do efeito do sistema radicular e da
densidade da floresta, diferentes métodos de manejo florestal podem afetar a água
subterrânea de forma também diferente. Outro aspecto interessante relativo ao efeito da
floresta sobre a água subterrânea é a possível influência sobre o comportamento de
nascentes. Tampouco neste caso seria possível alguma conclusão genérica, uma vez que
os fatores envolvidos na origem e no funcionamento de uma nascente são complexos
(BRYAN, 1919), (CURTIS, 1963).

Além disto, são poucos os trabalhos já realizados com o objetivo de se determinar os


efeitos da vegetação sobre o fluxo de nascentes. BISWELL & SCHULTZ (1958), por
exemplo, citam referência segundo a qual um ensaio conduzido na California, Estados
Unidos, mostrou um aumento na vazão de uma nascente após a eliminação de toda a

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vegetação (arbustos e árvores) existentes num raio de 30 metros ao seu redor. Estes
mesmos autores, por outro lado, conduziram um trabalho semelhante, verificando o
efeito do corte da vegetação sobre a vazão de 10 nascentes. Os resultados indicaram que
algumas delas apresentaram aumento da vazão imediatamente após o corte.

Na maioria delas, todavia, os aumentos verificados foram efêmeros, isto é, as nascentes


voltaram rapidamente à vazão que prevalecia antes do corte. Os autores resumiram
alguns princípios que podem ser válidos nestes casos:

A substituição de plantas de raízes profundas por vegetação de raízes


superficiais libera a água das camadas do solo para a alimentação da nascente;
A eliminação da vegetação cujas raízes atingem, normalmente, o lençol freático
resulta em aumento imediato na vazão das nascentes;
Práticas que tendem a diminuir a infiltração da água no solo tendem a diminuir a
vazão das nascentes a médio e longo prazos.

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III. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES

O conhecimento sobre o comportamento hidrológico das bacias hidrográficas, seus padrões


de variação de vazão e suas relações com agentes econômicos e socioambientais presentes
na área de contribuição da bacia, são aspectos de fundamental importância para o
gerenciamento eficaz dos recursos hídricos.

O estudo de vazões é de grande importância para compreensão da formação dos cursos de


água e tambem para o abastecimento do lencol freatico. A vazão de um rio é resultado da
interação entre precipitação e bacia hidrográfica a qual ela está inserida. Ao atingir a
superfície terrestre a águada chuva pode escoar pela superfície, infiltrar no solo, ou
acumular nas folhagens das plantasou poças.

A água subterrânea se move de forma lateral e lenta em direção à pontos de menorestado


energético para completar o ciclo hidrológico. Mas durante esse percurso, parte dessaágua
ressurge em nascentes, córregos rios e lagos. as águas subterrâneas mantêmo nível de poços
e a continuidade da vazão dos rios, descrita como fluxo de base. Já as águas superficiais se
movem de forma rápida das encostas para os rios, contribuindo para o pico de vazões.

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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

ADAMS, S.N.; D.A.DISKSON; I.S.CORNFORTH, (1972). Some effects of soil water


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