Você está na página 1de 195

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

HIDROLOGIA
TÓPICO 02. O CICLCO HIDROLÓGICO E BACIAS HIDROGRÁFICAS

Professor: Expedito José Ferreira


Mestre em Engenharia Agrícola – UFV
Doutor em Engenharia Agrícola - UFV

UNIMONTES
CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

HIDROLOGIA
Observação:
Esta apresentação, elaborada com base nos livros textos
citados nas REFERÊNCIAS e com ilustrações obtidas em meio
digital, destina-se exclusivamente para fins didáticos da
disciplina de Hidrologia do Curso de Engenharia Civil da
Unimontes. Não se recomenda utilizá-la para fins de citação
bibliográfica.

Professor: Expedito José Ferreira


Mestre em Engenharia Agrícola – UFV
Doutor em EngenharAgrícola - UFV

UNIMONTES
CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA
1ª PARTE:

CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

1. Considerações gerais, conceitos e importância

O ciclo hidrológico lida com o movimento da água em suas três


fases: gasosa, líquida e sólida, a partir do oceano, da Terra ou das
florestas para atmosfera, por meio da evaporação e da transpiração.

A qualidade da água varia consideravelmente à medida que ela se


move por todo o ciclo hidrológico, com contaminação resultando em
várias fontes.

Solimon (2013)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Silveira (1993, in Tucci, 1993)

“...é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a


superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado
fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à
rotação terrestre.”

Melo e Silva (2013)

“...corresponde à dinâmica da água no meio ambiente,


compreendendo seus diferentes estados físicos (líquido, vapor e
sólido) que se verifica nos diferentes ambientes do globo
terrestre, tais como: oceano, solo, leitos naturais de
escoamento, montanhas e outros.”

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Essa dinâmica referida por Melo e Silva ( 2013), representada na


Figura 01, pode ser analisada:

• em escala global, e/ou continental, como vimos anteriormente;

• ou bacias hidrográficas internacionais, as quais envolvem grandes


rios como a Bacia Amazônica, Bacia do Nilo, Bacia do Rio Paraná,
em Bacias nacionais, com áreas de drenagem da ordem de
milhares de Km² como os Rios Grande, São Francisco e Tietê,

• em Bacias hidrográficas de pequeno e médios portes, com áreas


da ordem de centenas de hectares a alguns Km²,

• ou em Bacias com algumas dezenas de hectares, as quais


constituem em laboratórios para investigações que envolvam a
hidrologia de campo, bem como estudos mais avançados na área
de modelagem hodrossedimentológica.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Fluxos e reservas de água em escala global


Atmosfera 0,0130 x 1015 m³
Evapotranspiração Precipitado nos Precipitado nos Evaporação direta
dos continentes: continentes oceanos dos oceanos:

62 x 1012 m3/ano 99 x 1012 m3/ano 324 x 1012 m3/ano 361 x 1012 m3/ano
( 15%) (23%) (77%) (85 %)

Geleiras 25 x 1015 m³
Subterrânea 8,4 x 1015 m³
Oceanos 1.350 x 1015 m³
Superficial 0,2 x 1015 m³
Biosfera 0,0006 x 1015 m³
Escoamento para os oceanos: 37 x 1012 m3/ano

Figura 01. Fluxos e reservas de água globais. Fontes: Silveira (1993), in Tucci (1993), organizado por Rubens Maciel Wanderley, Engº Civil,
Especialista em Recursos Hídricos – ANA (Adapatado)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

2. O Ciclo Hidrológico ou Ciclo da Água: conceitos e fases

O conceito de ciclo hidrológico está ligado ao movimento e à


troca de água nos seus diferentes estados físicos, que ocorre na
Hidrosfera, entre os oceanos, as calotes de gelo, as águas
superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera (Figura 02)

Este movimento permanente deve-se:

• ao Sol, que fornece a energia para elevar a água da superfície


terrestre para a atmosfera (evaporação), e
• à gravidade, que faz com que a água condensada caia
(precipitação) e que, uma vez na superfície, circule através de
linhas de água que se reúnem em rios até atingir os oceanos
(escoamento superficial) ou se infiltre nos solos e nas rochas,
através dos seus poros, fissuras e fraturas (escoamento
subterrâneo).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Figura 02. Esquematização do Ciclo Hidrológico


Fonte: https://www.google.com.br/search?q=ciclo+hidrologico

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

O principal componente de entrada do Ciclo


Hidrológico é a PRECIPITAÇÃO

Entretanto, nem toda a água precipitada alcança a


superfície terrestre, já que uma parte, na sua queda, pode
ser interceptada pela vegetação e volta a evaporar-se.

Uma outra parte da água penetra no interior do solo pelo


processo de infiltração e segue diferentes caminhos, como
se segue:
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 A água que infiltra no solo é sujeita a evaporação direta para a


atmosfera e é absorvida pela vegetação, que através da
transpiração, a devolve à atmosfera. Este processo chamado
evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja,
na zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm
tanto ar como água (Figura 03).

Figura 3 – Movimentação
de água no perfil do solo

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 A água que continua a infiltrar-se e atinge a zona saturada, entra


na circulação subterrânea e contribui para um aumento da água
armazenada (recarga dos aquíferos).

 Na zona saturada (aquífero), os poros ou fraturas das


formações rochosas estão completamente preenchidos por água
(saturados).

 O topo da zona saturada corresponde ao nível freático. No


entanto, a água subterrânea pode ressurgir à superfície
(nascentes) e alimentar as linhas de água ou ser descarregada
diretamente no oceano.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Compreensão do ciclo hidrológico:

De acordo com Vilela (1975), para uma melhor compreensão e


visualização do Ciclo Hidrológico, pode-se imaginá-lo como tendo
início com a evaporação da água da superfície dos oceanos, lagos
e rios e da superfície de umidades expostas à atmosfera.

 Sob determinadas condições climáticas e da combinação de


outros fatores físicos, o vapor d’água se concentra nas
camadas mais altas, é condensado, formando as nuvens que,
por sua vez, podem resultar em precipitação.

 Essa precipitação pode ocorrer sob variadas formas,


incluindo-se a chuva, a neve, o granizo, o nevoeiro, o orvalho
e a geada. Pela sua importância e magnitude frente às outras
ocorrências, somente a precipitação, sob a forma de chuva,
será considerada nesta disciplina.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Pode-se dizer que a precipitação que ocorre sobre a Terra se


dispersa de várias formas, sendo que:

 A maior parte fica temporariamente retida no solo próximo de


onde caiu e, finalmente, retorna à atmosfera por evaporação e
por transpiração das plantas.

 Uma parte da água restante escoa sobre a superfície do solo, ou


através do solo para os rios, enquanto que a outra parte,
penetrando profundamente no solo, vai suprir o lençol d'água
subterrâneo.

E devido a influência da gravidade, tanto o escoamento superficial


como o subterrâneo são realizados em direção a cotas mais baixas e
podem, eventualmente, ser descarregados nos oceanos.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Entretanto, quantidades de água superficial e subterrânea retornam


à atmosfera por evaporação e transpiração, antes de atingirem o
oceano.

A quantidade de água e a velocidade com que ela circula nas


diferentes fases do ciclo hidrológico são influenciadas por diversos
fatores como, por exemplo, a cobertura vegetal, altitude, topografia,
temperatura, tipo de solo e geologia.

A Figura 04, a seguir, mostra uma representação esquemática do


Ciclo Hidrológico, sob o ponto de vista da engenharia, com vistas a
melhor compreensão do processo.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Figura 04. O Ciclo Hidrológico simplificado, sob o ponto de vista do


Engenheiro. Fonte: Villela e Mattos (1975)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

De acordo com Vilella e Mattos (1975), o ciclo hidrológico


pode ser resumido da seguinte forma:

 Circulação da água: que se processa dos oceanos, através


da atmosfera, para o continente, e retorno, após detenção
em vários pontos, para os oceanos, através de escoamentos
superficiais ou subterrâneos e, em parte, pela própria
atmosfera.

 Curtos – circuitos: que excluem segmentos diversos do ciclo


completo, como por exemplo, a movimentação da água do
solo e da superfície terrestre para atmosfera, sem passar pelo
oceano.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Em linhas gerais, na descrição simplificada do ciclo


hidrológico, tem-se que:

 parte da água que chega aos rios pode percolar, sendo


incorporada à água subterrânea, enquanto em outros casos a
água subterrânea é fonte dos cursos d`água superficiais, e

 da mesma forma a precipitação pode ficar durante meses


retida na superfície como neve ou gelo antes que, devido a
sua fusão, escoe para os cursos d`água ou pára o lençol
subterrâneo.

“O ciclo hidrológico não é um mecanismo contínuo, com a água se


movendo de uma forma permanente e com uma taxa constante. Na
realidade, o seu comportamento é bastante diferente, uma vez que o
movimento da água em cada uma das fases do ciclo é feito de um
modo bastante aleatório, variando tanto no espaço quanto no tempo.”

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Precipitando-se em um determinado local, as águas de chuva podem


ser distribuídas da seguinte forma:

 Uma porção, conhecida como interceptação, é retida pelas


construções, pelas copas das árvores, arbustos e outras plantas
e obstáculos, de onde, eventualmente, evapora. O excesso, isto
é, o que supera a capacidade de interceptação, soma-se à
parcela da chuva que atinge diretamente o solo;

 Parte da precipitação que atinge o solo retorna à atmosfera na


forma de evaporação. Outras parcelas infiltram-se no terreno
ou escoam-se superficialmente.

 Da parcela da água de infiltração, parte vai ocupar a zona das


raízes e é utilizada pelas plantas e, finalmente, retorna à
atmosfera pelo processo conhecido como transpiração;

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 A água de infiltração que percola (escoa através dos espaços


intergranulares) para as camadas mais profundas do solo vai
constituir a água ou escoamento subterrâneo.

 Além da interceptação, evaporação e infiltração, o restante da


água precipitada formará, inicialmente, poças ou pequenos
armazenamentos nas depressões do terreno. Nova evaporação
ocorrerá destes armazenamentos;

 Após ser excedida a capacidade de armazenamento nas


depressões do terreno, a água passa a escoar superficialmente
e, sob a ação da gravidade, termina por se juntar aos cursos
d’água naturais. Relativamente ao total precipitado, esta parcela
da precipitação que se escoa pela superfície do terreno é
chamada precipitação efetiva ou precipitação excedente.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 Sob o ponto de vista do escoamento superficial, é também


conhecida como escoamento superficial direto ou runoff.
Alguma evaporação também ocorre desse escoamento
superficial.

 Para ocorrer o runoff, a água deve-se acumular antes de seguir


o seu percurso. Essa camada acumulada constitui um tipo de
armazenagem, conhecido como detenção, retenção ou
armazenamento superficial, e também está sujeita à
evaporação.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 O destino final de todos os cursos d’água naturais são os


lagos, mares e oceanos que, com mais intensidade, estão
sujeitos à evaporação.

 A evaporação de todas as fontes acima, juntamente com a


transpiração, leva a umidade (vapor d’água) de volta à
atmosfera e resulta na formação das nuvens. Em
condições favoráveis terá origem nova precipitação, e
o ciclo descrito se repete

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Equação Hidrológica

I - O = ∆S

Em determinado período de
tempo e para um volume de
controle pré-fixado conforme se
apresenta na Figura 05, tem-se:
• a entrada (Input),
• a saída (Output, e o
• armazenamento de água.
Figura 05. Volume de controle para aplicação na equação hidrológica
Fonte: Villela e Mattos (1975)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

I - O = ∆S

I = Entradas:
Inclui todo escoamento o superficial, por meio de canais e sobre a
superfície do solo, o escoamento subterrâneo, ou seja, a entrada de
água através dos limites subterrâneos do volume de controle (devido
ao movimento lateral da água do subsolo), e a precipitação sobre a
superfície do solo;
O = Saídas:
Saídas de água do volume de controle, devido ao escoamento
superficial, ao escoamento subterrâneo, à evaporação e à
transpiração das plantas; e
∆S = Variação:
Variação no armazenamento nas várias formas de retenção, no
volume de controle
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Villela e Mattos (1975), observam que:

 Apesar dessa simplificação, “O ciclo hidrológico é um meio


conveniente de apresentar os fenômenos hidrológicos, servindo
também para dar ênfase às quatro fases básicas de interesse
do engenheiro, que são: precipitação; evaporação e
transpiração; escoamento superficial; escoamento
subterrâneo.”

 O Ciclo Hidrológico, embora possa parecer um mecanismo


simples, contínuo, com a água se movendo de uma forma
permanente e com uma taxa constante, na realidade é
bastante diferente, pois o movimento da água em cada
uma das fases do ciclo é feito de um modo bastante
aleatório, variando tanto no espaço como no tempo.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 Em determinadas ocasiões, a natureza parece trabalhar em


excesso, quando provoca chuvas torrenciais que ultrapassam a
capacidade do curso d’água provocando inundações. Em
outras ocasiões, parece que todo mecanismo do ciclo
hidrológico parou completamente e com ele a precipitação e o
escoamento superficial.

 Observam, ainda, que são justamente esses extremos de


enchente e de seca que interessam aos engenheiros, pois
muitos projetos de Engenharia Hidráulica são feitos com a
finalidade de proteção contra estes mesmos fenômenos.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 É importante esclarecer que:

Como resultado das ocorrências das chuvas, as águas


infiltradas que constituem os armazenamentos nos
reservatórios subterrâneos e que fluem contínua e lentamente
sob a ação da gravidade, terminam por aflorarem por pontos
de descarga subterrânea, tais como fontes de encosta, ou vão
abastecer os corpos d’água superficiais (rios, lagos, lagunas,
reservatórios), constituindo o que se denomina descarga ou
escoamento de base.

É exatamente devido a esse escoamento de base, ou


básico, que se garante a perenização dos rios.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Importância do conceito de ciclo hidrológico

 O conceito do ciclo hidrológico tem-se se mostrado


importante também no desenvolvimento de estratégias
de gerenciamento da qualidade da água.

 Sob o aspecto da qualidade, tem-se que os


contaminantes podem ser introduzidos na água em
várias fases do ciclo hidrológico, e quando surgem
diluídos ou concentrados, ou são carreados pela água.

 Embora estes conceitos serão novamente abordados, ao


longo do curso, uma boa compreensão do ciclo
hidrológico nesta fase facilitará a assimilação dos
modelos e formulações empregados na hidrologia e
desenvolvidos nos capítulos seguintes.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Tempo de residência da água nos reservatórios

O ciclo hidrológico, como vimos, promove a movimentação de


enormes quantidades de água ao redor do planeta. Entretanto,
algumas das fases do ciclo são consideradas rápidas e outras
muito lentas, se comparadas entre si.

A Tabela, a seguir, ilustra esse comentário, ao apresentar alguns


períodos médios de renovação da água nos diferentes
“reservatórios”.

Tais valores dizem respeito ao tempo necessário para que


toda a água contida em cada um dos reservatórios seja
renovada – dentro de uma visão bastante simplificada, é
claro, da “entrada”, “circulação” e “saída” de água neles.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Período de renovação a água em diferentes


“reservatórios” na Terra.

Quadro 01. Período de renovação da água em diferentes reservatórios na Terra.


Fonte: Shiklomanov (1997) apud Setti et al. (2001).
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

3. Avaliação quantitativa das componentes do ciclo


hidrológico: a equação do balanço hídrico

Os projetos em recursos hídricos são, essencialmente,


exercícios que envolvem a quantificação das componentes do
ciclo hidrológico visando, principalmente, conhecer a relação
demanda-disponibilidade de água.

Nestes projetos consideram-se como fontes de suprimento,


fundamentalmente, as águas superficiais e subterrâneas.

As técnicas de medir e avaliar dados quantitativos em


recursos hídricos constituem os elementos básicos da hidrologia.

Um bom entendimento dos processos fundamentais que


contribuem para os escoamentos superficial e subterrâneos
facilitará a análise e o planejamento dos recursos hídricos.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Equação do balanço hídrico


Em uma bacia hidrográfica o ciclo hidrológico pode ser
representado, em unidades de altura (mm ou polegadas) pela
equação do balanço hídrico (VILLELA, S. M. & MATTOS, 1975), como se
segue:
P – R – G – E – T = ΔS
P = precipitação;
R = escoamento superficial;
G = escoamento subterrâneo ou de base;
E = evaporação;
T = transpiração;
S = armazenamento.

Esta representação pode ser aplicada a Figura 06. Esquema do balanço hídrico,
qualquer tamanho de bacia, como base para o adaptado.
desenvolvimento de um modelo matemático
Fonte: Villela e Matos , 1975)
que represente o escoamento em uma bacia.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Em termos quantitativos o ciclo hidrológico pode ser representado


por uma equação que expressa o princípio da conservação da
massa, normalmente chamada na Hidráulica de equação da
continuidade.

A equação do balanço hídrico, dependendo dos propósitos para o


qual ela vai ser escrita, pode admitir a subdivisão, a consolidação,
ou a eliminação de um ou outro termo. Em geral, a equação do
balanço hídrico é empregada:
1. para um determinado intervalo de tempo, que pode ser alguns
minutos ou horas, ou um longo intervalo, como um ano;
2. para uma área de drenagem natural (bacia hidrográfica), ou
para uma área artificialmente limitada, ou para um corpo
d’água, como um lago ou reservatório, ou ainda para um lençol
subterrâneo;
3. para a fase vapor acima da superfície terrestre.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Aplicações comuns (três) da equação do balanço hídrico:

 equação do balanço hídrico para bacias hidrográficas de


grandes áreas de drenagem;

 equação do balanço hídrico para corpos d’água, como lagos e


reservatórios;

 equação do balanço hídrico para o escoamento superficial


direto (runoff).

Nos primeiros dois casos, são consideradas as quantidades acima


e abaixo da superfície da terra.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Em sua forma geral, a equação pode ser escrita para um


determinado volume de controle, num dado intervalo de tempo,
como:

Eq. 1

[P + Rin + Gin] = Quantidade que entra do volume de controle

[E + T + Gout ] = Quantidade que sai do volume de controle


S = Variação no armazenamento

As componentes têm a dimensão de volume [L3], ou de vazão [L3T-1], ou de


comprimento [L].

P = Precipitação; R = Escoamento superficial; G = Escoamento subterrâneo;


E = Evaporação; T = Transpiração e S = Armazenamento.
Os índices “in” e “out” referem-se às quantidades que entram e saem,
respectivamente, do volume de controle.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

3.1. Equação do balanço hídrico para grandes bacias

Em bacia de grande área de drenagem, a equação do balanço é


usada na avaliação quantitativa dos recursos hídricos na bacia para
a concretização de projetos de determinados usos e para os
propósitos de avaliações das demandas e/ou disponibilidades
hídricas.
 No caso de grandes bacias, o estudo do balanço hídrico é
normalmente realizado para um longo intervalo de tempo
(como num ciclo anual) e os valores das componentes
envolvidas geralmente referem-se a um ano médio.

 Em termos médios e para um longo intervalo de tempo, as


variações positivas e negativas do armazenamento tendem a
se balancear, isto é, a variação média do armazenamento ΔS
pode ser desprezada.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Em grandes bacias, as trocas de água subterrânea com as bacias


vizinhas (“fugas”) são ignoradas, isto é: Gin – Gout = 0. Além disso,
o único input na bacia é a precipitação (não pode haver
escoamento superficial através da linha de contorno da bacia:
Rin = 0).

Com todas essas considerações, a Eq. (1) reduz-se a:

P – E – T = Rout, [L³, L³ T-¹] Eq. 2


ouT

P – ET = Q Eq. 3

onde,
ET = representa a evapotranspiração (soma dos processos de evaporação e
transpiração),
Q = é o volume, vazão ou altura de lâmina d’água correspondente na seção de saída
da bacia.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIDROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

3.2. Equação do balanço hídrico para corpos d’água em curtos


intervalos de tempo

No caso de reservatórios, lagos, rios e armazenamento


subterrâneo a equação do balanço hídrico é usada para prever
as consequências das condições hidrológicas atuais sobre a
estrutura.

 A equação mostra-se importante nas análises que envolvem


a operação diária da estrutura. O curto intervalo de tempo
empregado na análise exige que o termo de variação do
armazenamento, ΔS, seja necessariamente considerado.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

 Em intervalos curtos de tempo o termo de evaporação geralmente


é muito pequeno e pode ser desprezado. Se não ocorrer uma
chuva no período de análise, a equação pode ser representada,
em termos de taxas volumétricas, como:

Eq. 4

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Exemplo 1.

Vamos imaginar que em dado instante, o armazenamento num trecho de rio


é de 68.200m3. Naquele instante, a vazão de entrada no trecho é de
10,6m3/s e a vazão de saída é de 15,9 m3/s. Transcorridas duas horas, as
vazões de entrada e saída são, respectivamente, 17,0m3/s e 19,1 m3/s.

Determine:

a) A variação do armazenamento na calha do rio durante nessas 2 horas;


b) O volume armazenado ao final das duas horas.

Observação:

Admitir variação linear das vazões de entrada e saída no trecho.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Solução

a) Em termos de volumes, a equação do balanço hídrico (Eq. 4) se


escreve:

Qin * ∆t - Qout * ∆t = ∆s

Numericamente, esse valor é igual à área sob a linha


de variação da vazão de entrada no trecho (área do
trapézio), conforme representado na figura ao lado
Da maneira análoga, a área sob a linha de variação da
vazão de saída do trecho será:

∆s = 99.360,00 - 126.000 = - 26.640,00

b) Como ∆s = Sfinal – Sinicial = S2 – S0, então:


Sfinal = S2 = S0 + ∆s = 68.200 – 26.640,00  S2= 41.560,00:
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

3.3. Equação do balanço hídrico para o escoamento


superficial direto durante uma chuva intensa
Para determinar o runoff devido a uma tempestade deve-se considerar a
equação do balanço hídrico acima da superfície do solo. A equação,
escrita para um curto intervalo de tempo em termos de alturas médias,
é da forma:

P-Iint – E – R - I – SD = 0 Eq. 5

Onde,

P = altura da lâmina d’água precipitada;


Int = interceptação;
E = evaporação;
R = escoamento superficial direto ou runoff;
I = infiltração e
SD = armazenamento em depressões do terreno.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Durante a chuva, em curtos intervalos de tempo pode-se desprezar


a evaporação. Se não se exige uma determinação exata, a
interceptação e o armazenamento nas depressões do terreno
também podem ser ignorados, o que permite reescrever a Eq. (5)
na forma reduzida:

R=P-I
Eq. 6

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

3.4. Fontes de erros nas componentes DO BALANÇO HÍDRICO

Registra-se que:

 As únicas componentes extensivamente observadas através de


redes de estações são a precipitação e a vazão. A
evaporação é raramente mensurada e os dados de infiltração
limitam-se a bacias experimentais.

 As variações de armazenamento normalmente são obtidas de


observações do nível d’água e da umidade do solo.

 Além disso, fórmulas empíricas são frequentemente utilizadas


no cálculo da evaporação, da infiltração e do armazenamento.
Também o tempo de análise é importante: erros na média
diminuem com o aumento do tempo considerado.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

A Tabela 1 traz as estimativas dos erros associados às


determinações mensais e anuais das diferentes componentes do
ciclo hidrológico, baseadas em metodologias comumente adotadas.

Tabela 1 – Erros nas componentes do ciclo hidrológico segundo metodologias


usuais, segundo Ram S. Gupta (Fonte: Professor Antenor R. Barbosa Jr.)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Considerações:

 Em decorrência dos erros de medida e de estimativa das


componentes do ciclo hidrológico, a equação do balanço
hídrico não é equilibrada e poderia conter um termo de
incerteza ou resíduo.

 Quando uma componente é estimada através de uma fórmula


empírica, o erro de previsão da fórmula é adicionado ao
termo de resíduo da equação do balanço hídrico.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
CICLO HIROLÓGICO OU CICLO DA ÁGUA

Bibliografia:
• MELO, C. R.; SILVA, A. M. Hidrologia: Princípios e aplicações em sistemas
agrícolas. Lavras, Editora UFLA, 2013. 455p.
• BARBOSA Jr., A. R. Apostila de Hidrologia. Universidade Federal de Ouro Preto.
Departamento de Engenharia.
• RAMOS, F.; OCCHIPINTI, A.G.; VILLA NOVA, R.K.; MAGALHÃES, P.C.; CLEARY, R.
Engenharia Hidrológica. Coleção ABRH de Recursos Hídricos, Vol. 2, Editora UFRJ,
1989.
• TEIXEIRA, A, C.; PROTZEK,G. Apostila de Hidrologia. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Departamento de Construção Civil – DACOC. Campus de Curitiba, Sede Ecoville.
• TUCCI, C.E.M. (organizador) Hidrologia, Ciência e Aplicação. 2ª ed. Editora da
Universidade - UFRGS: Coleção ABRH de Recursos Hídricos, vol. 4, 1997. 943p.
• TUCCI, C.E.M.; PORTO, R.L.; BARROS, M.T. (organizadores) Drenagem Urbana. coleção
ABRH, Vol. 5, EDUSP, 1995.
• VILLELA, S.M. & MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. Ed. McGRaw-Hill do Brasil, 1975.
245p.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
2ª PARTE:

BACIAS HIDROGRÁFICAS

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
BACIAS HIDROGRÁFICAS

1. Considerações gerais

Inicialmente, vamos discutir as seguintes indagações:

 Qual é a sua importância no contexto ambiental ?

 Então, porque estudar bacias hidrográficas ?

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
BACIAS HIDROGRÁFICAS

Os estudos envolvendo a questão da disponibilidade e qualidade de


água, das ocorrências de enchentes e inundações e da escassez de
chuvas; e, ainda, os planos de aproveitamentos hídricos para
geração de energia, construção de barragens e irrigação, entre
outros, requerem um conhecimento do comportamento
hidrológico da bacia hidrográfica, objeto desses estudos.

Adota-se a Bacia Hidrográfica como unidade hidrológica,


principalmente pela simplicidade que oferece para a
aplicação da equação do balanço hídrico.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – unidade
hidrológica
A Bacia Hidrográfica como unidade hidrológica

Uma Bacia Hidrográfica é denominada, também, de Bacia de


Drenagem.

Ela compreende toda a área de


captação natural da água da
chuva, que proporciona, por sua
vez, o escoamento superficial
para o canal principal e seus
afluentes.

A Bacia Hidrográfica constitui o


elemento fundamental de análise,
no estudo das fases terrestre do
ciclo hidrológico.
Figura 07. Esquema de uma bacia hidrográfica
Fonte: Apresentação feita por Rubens Maciel
Wanderley – Eng º Civil - ANA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas - Legislação
Bacias hidrográficas: Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997

“ É a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos


Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. ”

Figuras 08 e 09. Bacias hidrográficas


Fontes: https://www.google.com.br/search?tbm Fonte: DAEE/SP (2005)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias Hidrográficas: Definições

Definições clássicas de Bacias Hidrográficas:

• Silveira (1993), in Tucci (1993)


“É uma área de captação natural das precipitações que faz convergir os
escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório.”

• Viessman, Harbaugh e Knapp (1972), citado por Vilela e Mattos


(1975)
“É uma área definida topograficamente, drenada por um curso d’água
ou um sistema conectado de cursos d’água tal que toda vazão efluente
seja descarregada através de uma simples saída.”

• Linsley et al. (1949)


“É toda a área drenada por um curso d’água ou sistema de cursos
interligados tal que todo escoamento gerado na área é escoado através
de uma única saída.”

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Balanço de
água
Balanço hidrológico e resposta hidrológica de uma bacia
hidrográfica

Neste modelo (Figura 10), o


sistema é constituído por uma
superfície plana, inclinada,
completamente impermeável, ou
seja não ocorre infiltração,
confinada em todos os quatro
lados com um saída em A, como
se vê no esquema ao lado.
Figura 10 Modelo de simplificado de um sistema
hidrológico ( Villela e Mattos, 1975)

Se ocorrer um temporal, ou seja grande quantidade de chuvas nesse


:
sistema (input), um “output” denominado escoamento superficial, será
desenvolvida em A. O balanço de água nesse sistema é dado pela
equação hidrológica
I - O = ds/dt = ΔS

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica como um
sistema
Segundo Silveira (1993), in Tucci (1993):

 A bacia hidrográfica pode ser considerada como um sistema


físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a
saída é o volume de água escoado para o exutório,
considerando as perdas intermediárias e os volumes
evaporados e transpirados e também os infiltrados
profundamente.

 Em um evento isolado pode-se desconsiderar estas perdas e


analisar a transformação de chuva em vazão feita pela bacia
hidrográfica, com o auxílio da Figura 11, a seguir, onde são
representados o Hidrograma (saída) e o Hietograma
(entrada).

 A Figura 11 espelha bem a resposta hidrológica de uma


bacia hidrográfica que é o de transformar uma entrada de
volume concentrada no tempo (precipitação) em uma saída
de água (escoamento) de forma mais distribuída no tempo.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica como um
sistema
Transformação de chuva (P) em vazão (Q) (Gênese do Hidrograma)

Escoamento superficial
Escoamento subterrâneo

Fonte: Silveira (1993), in Tucci (1993), adaptado por Luciano


Menezes Cardoso da Silva(1993) – Engº Civil ANA

Figura 11. Resposta hidrológica da bacia hidrográfica


A “dispersão” do hidrograma no tempo é explicada pela precipitação em
diferentes posições da bacia.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica como um
sistema
Linhas isócronas: delimitam linhas de mesmo período de deslocamento

t4 Q
L.a4/dt
L.a3/dt
L.a2/dt L.a5/dt
t3 L.a1/dt
a5

a4 t2
t1 t2 t3 t4 t5 tempo

a3
t1 L = lâmina uniforme de chuva
A = área da bacia = Σai
a2 ai = áreas parciais
t = tempo de deslocamento
L.ai = volume precipitado
a1
L.ai/dt = Q = vazão
Fonte: Silveira (1993), in Tucci (1993), organizado
por Rubens por Maciel Wanderley , Engº Civil,
Figura 12. Transformação de P em Q – Gênese do HIDROGRAMA Especialista em Recursos Hídricos - ANA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Balanço de
água
Considerações sobre o Balanço Hídrico (Villela e Mattos, 1975):

 Faz-se necessário que uma altura mínima de chuva se acumule na


superfície para que ocorra escoamento superficial, e à medida que chove, a
altura de água retida sobre a superfície vai aumentando.
 Uma vez cessada as chuvas, a água retida sobre a superfície do solo
continuará sendo escoada até deixar o sistema como vazão efluente. Neste
caso, toda a precipitação será transformada em vazão, desde que seja
desprezadas as perdas por evaporação durante o input.
 NA REALIDADE ISSO NÃO OCORRE. Embora a aplicação do Balanço Hídrico
seja simples, ela não é tão simples como se apresenta no modelo. Isso
porque durante todo o processo ocorrem perdas diversas. Deve ser
considerada as perdas por evaporação desde o momento que se inicia a
precipitação. Essa quantidade, por ser tão pequena, pode ser desprezada.

 A água precipitada, tão logo atinge o solo, começa a ser armazenada, e


como a superfície do solo não é tão plana como no modelo, uma vez que
existem depressões no terreno, a água é então acumulada e
eventualmente será evaporada ou será infiltrada no solo.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Balanço de
água

 Mesmo quando a água atinge o curso d’água e se transforma em


escoamento, a água continua sofrendo o processo de evaporação,
agora em quantidades não mais desprezíveis, e que devem, portanto,
serem consideradas. Temos, também, as perdas por infiltração.

 Outro fenômeno que deve ser considerado desde o momento que a


precipitação toca o solo é a infiltração. Não existe nenhum solo tão
impermeável quanto ao do modelo e existem sempre perdas por
infiltração.
 Quando a água penetra no solo, ela segue diversos caminhos, ficando
armazenada temporariamente no solo, daí percolando para camadas
mais profundas, formando o lençol subterrâneo ou movendo-se
lateralmente, como escoamento subterrâneo, podendo mesmo surgir
superficialmente como fonte de escoamento superficial ou, dependendo
da localização do divisor escoar para outra bacia hidrográfica.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Balanço
de água
Expressões do balanço hídrico

Expressões do balanço hídrico (Figura 13) em um bacia


hidrográfica (Villela e Mattos, 1975):

Balanço hídrico acima da superfície:

P – R + Rg – Es – Ts – I = Ss
Balanço hídrico abaixo a superfície:

I + G1 – G2 – Rg – Eg – Tg = Sg
Balanço hídrico abaixo a superfície:

P – R – (Es + Eg) – (Ts +Tg) – (G2 – G1) = Ss +Sg

P = Precipitação G = Escoamento subterrâneo


E = Evaporação I = Infiltração Camada impermeável
T = Transpiração S = Armazenamento Figura 13. Esquema de
R = Escoamento superficial balanço hídrico.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica: divisores de
água
2. Divisores de água de água de uma bacia hidrográfica

Necessariamente, toda bacia hidrográfica é contornada por um


divisor de água (Figura 14). Esse divisor é definido pela linha
cumeada (pontos de cota máxima entre bacias), que divide as
precipitações que caem em bacias vizinhas e que encaminha o
escoamento superficial resultante para um ou outro sistema fluvial
(outra bacia) ou mar.

 A bacia hidrográfica, conforme sua definição, está limitada pela seção


exutória do curso d`água principal, onde este deságua em outro curso
d`água, em um reservatório, baía, lago ou oceano.

 Pode-se sempre definir, dentro de uma bacia hidrográfica maior ou


principal, um sub-bacia de um curso d`água menor limitada pela
seção de confluência deste com outro curso d`água.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas: divisor de
água

Figura 14. Esquematização de um divisor de água em uma bacia hidrográfica.


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica: divisores de
água

 O divisor topográfico segue uma linha rígida em torno da bacia


hidrográfica, atravessando o curso d`água, somente no ponto
de saída.

 O Divisor une os pontos de máxima cota entre bacias, o que


não impede que no interior de uma bacia existam picos isolados
com cota superior a qualquer ponto do divisor.

 O deflúvio de uma bacia é composto de água que atinge os


álveos após ter-se escoado superficialmente, assim como,
também, de água que chega aos cursos d`água depois de
terem percorrido caminhos subsuperficiais e subterrâneios.

 No interior de uma bacia hidrográfica podem existir picos


isolados de cotas superiores às da linha de cumeada.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica: divisores de
água

Os divisores de água de uma bacia hidrográfica podem ser:

 Divisor Topográfico ou Superficial:

É condicionado pela topografia, como seu nome indica. Fixa a


área da qual provém o deflúvio superficial da bacia.

 Divisor Freático ou Subterrâneo:

É determinado pela estrutura geológica dos terrenos, sendo


influenciado pela topografia. Este divisor estabelece os limites
dos reservatórios de água subterrânea de onde é derivado o
deflúvio básico da bacia, muda de posição com as flutuações
do lençol.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica: divisores de
água
O divisor subterrâneo é mais difícil de ser localizado e varia com
o tempo. E à medida que o lençol freático (LF) sobe, ele tende ao
divisor superficial.

O subterrâneo só é utilizado em estudos mais complexos de


hidrologia subterrânea e estabelece, portanto, os limites dos
reservatórios de água subterrânea de onde é derivado o deflúvio
básico da bacia.

Na prática, assume-se por facilidade que o superficial também é


o subterrâneo.
A Figura 15 apresenta uma bacia hidrográfica em planta. A Figura 16
apresenta uma imagem natural de uma bacia hidrográfica, com o seu
curso d`água principal e seus afluentes.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Divisor de
água

Figura 15. Divisor de água de bacia hidrográfica. Fonte: Organizado por Rubens por Maciel
Wanderley , Engº Civil, Especialista em
Recursos Hídricos - ANA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 16. Bacia hidrográfica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas: divisor
de água
Relação entre Divisor topográfico e o Divisor de água

 Sabe-se que a produção total de água pela bacia (deflúvio),


pode ser originado de componentes superficiais e sub-
superficiais. Assim, é possível existir na paisagem normal uma
área de drenagem superficial que não corresponde exatamente
aos limites subterrâneos da bacia, ou seja, as áreas demarcadas
por esses divisores dificilmente coincidem exatamente.

 O Divisor Freático não é fixo. Pode mudar de posição com as


flutuações do lençol, trazendo, assim, uma dificuldade de se
determinar precisamente o Divisor Freático.
 Os estudiosos da área consideram-se que a área da bacia de
drenagem é aquela determinada pelo Divisor Topográfico.

A Figura 17 mostra o corte transversal de um bacia hidrográfica e seus


divisores: topográfico e freáticos.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacia hidrográfica: divisores de
água
Divisor topográfico Lençol freático na
estação das chuvas

Divisores freáticos Lençol freático


na estiagem

Curso d´água
intermitente
Curso d’água
perene
Curso d’água Curso d´água
perene efêmero

rocha
impermeável
rio Y rio Z

rio X

Fonte: Organizado por Rubens por Maciel Wanderley ,


Figura 17. Corte transversal de uma bacia
Engº Civil, Especialista em Recursos Hídricos - ANA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas –Delimitação
de bacias hidrográficas

Como identificar de uma bacia hidrográfica ?

Deve-se, inicialmente:

 Conhecer o curso d’água.


 identificar a seção transversal de referência (exutório).
 Dispor de informações de topográficas.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas –Delimitação
de bacias hidrográficas
 Diferenciar áreas que contribuem para um ponto (Figura 18).

Figura 18. Diferenciação de áreas que


contribuem para um ponto.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas –Delimitação
de bacias hidrográficas
 Identificar para onde escoa a água
sobre o relevo usando como base
as curvas de nível. Ver as Figuras
19, 20, 21 e 22.
• A água escoa na direção da maior
declividade
• Assim, as linhas de escoamento são
ortogonais às curvas de nível.

Figura 19. Identificação de escoamento da água.


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Seção de
referência,
ou exutório

Figura 20. Definição de uma bacia hidrográfica


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Seção de
referência,
ou exutório

Deve-se observar que Divisor não corta


a drenagem exceto no exutório.

Divisor passa pela região mais elevada


da bacia, mas não necessariamente
pelos pontos mais altos.

Figura 21. Definição de uma bacia hidrográfica


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias Hidrográficas

Figura 22. Bacia Hidrográfica em mapa topográfico


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas –Delimitação
de bacias hidrográficas

Ainda, para uma melhor compreensão sobre a definição


de uma bacia hidrográfica, as Figuras 23, 24, 25, 2 e 27,
mostram os procedimentos nesse sentido

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas –Delimitação
de bacias hidrográficas
Divisor de águas
Divisor de águas

Talvegue

Talvegue

A A’ Corte A – A‘

Talvegue: linha que une as partes


Exutório
mais baixas do leito do rio

Fonte: Organizado por Rubens por Maciel Wanderley ,


Figura 23. Corte transversal de uma bacia hidrográfica Engº Civil, Especialista em Recursos Hídricos - ANA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Delimitação
de bacias hidrográficas

Fonte: DAEE/SP (2005)


Organizado por Rubens por Maciel Wanderley , Engº Civil,
Figura 24. Delimitação da bacia hidrográfica Especialista em Recursos Hídricos - ANA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Fonte: DAEE/SP. Organizado por Rubens por Maciel Wanderley ,
Figura 25. Delimitação da bacia hidrográfica Engº Civil, Especialista em Recursos Hídricos - ANA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Fonte: DAEE/SP (2005)
Figura 26. Delimitação da bacia hidrográfica
Fonte: DAEE/SP. Organizado por Rubens por Maciel Wanderley ,
Engº Civil, Especialista em Recursos Hídricos - ANA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas –Delimitação
de bacias hidrográficas

Uma vez definidos os contornos (divisor), a área pode ser


calculada por uma integral numérica (SIG) ou por métodos
manuais (planímetro, contagem, pesagem).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 27. Delimitação da bacia do rio do Cantagalo (Petrópolis - RJ), em foto aérea, escala original aproximada de
1:25.000 ( Livro Erosão e Conservação dos Solos – Planejamento Ambiental em Microbacia Hidrográfica - Rosângela
Garrido Machado Botelho)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Classificação
dos rios
Classificação dos cursos d’água (constância do escoamento)

O conhecimento do sistema de drenagem é de grande importância no


estudo de bacias hidrográficas. A classificação comumente usada
para os cursos d’água tem como base na constância do
escoamento, pode ser feita em três tipos:

Perenes:

Referem-se ao cursos que contém água rio X


durante todo o tempo.

Nesta situação o lençol subterrâneo mantém uma


alimentação contínua e nunca se rebaixa para baixo
da cota do curso d’água, mesmo durante as secas
mais severas. Há fluxo de água o ano todo, ou pelo
menos em 90 % do ano, em canal bem definido.
Esse é o caso dos grandes rios.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas – Classificação
dos rios

Intermitentes rio Y

Em geral, escoam durante as estações de


chuvas e secam nas de estiagem. O fluxo
de água só ocorre durante a estação
chuvosa (50% do período ou menos).

Durante as estações chuvosas, transportam todos os tipos de


deflúvios (superficial, sub-superficial e subterrâneo), pois o lençol
d’água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial e alimentando
o curso d’água, o que não ocorre na época de estiagem, quando o
lençol freático se encontra em um nível inferior ao do leito.

Nessa época o escoamento cessa ou ocorre somente durante ou


imediatamente após as tormentas.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Efêmeros
rio Z
Existem apenas durante ou imediatamente após
os períodos de precipitação e só transportam
escoamento superficial. Somente existe fluxo
durante as chuvas ou períodos chuvosos.

Os canais fluviais não são bem definidos. A


superfície freática encontra-se sempre a um nível
inferior ao do leito fluvial, não havendo, portanto
a possibilidade de escoamento de deflúvio
subterrâneo.

Muitos rios possuem seções dos três tipos. Isso vai depender da variação da
estrutura geológica ao longo de seu curso, o que torna difícil à catalogação
destes rios por tipo. A maioria dos grandes rios é perene, enquanto os
rios definidos como efêmeros são normalmente bastante pequenos.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

3. As Bacias Hidrográficas e os Padrões de Drenagem

 Classificação das bacias (escoamento global)

A drenagem fluvial é composta por um conjunto de canais de


escoamento inter-relacionados que formam a bacia de drenagem.
A quantidade de água que atinge os cursos fluviais está na
dependência do tamanho da área ocupada pela bacia, da
precipitação total e de seu regime, e das perdas devidas a
evapotranspiração e à infiltração.

Segundo (CHRISTOFOLETTI, 1974), as bacias de drenagem podem


ser classificadas, de acordo com o escoamento global, nos
seguintes tipos: exorreicas, endorreicas, arreicas e
criptorreicas (Figura 28):
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

• exorreicas: quando o escoamento da água se faz de modo


contínuo até o mar, isto é, quando as bacias deságuam
diretamente no mar;

• endorreicas: quando as drenagens são internas e não


possuem escoamento até o mar, desembocando em lagos, ou
dissipando-se nas areias do deserto, ou perdendo-se nas
depressões cársicas;

• arreicas: quando não há qualquer estruturação em bacias,


como nas áreas desérticas;

• criptorreicas: quando as bacias são subterrâneas, como nas


áreas cársicas.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Ex: Rio Amazonas (Brasil) Ex: Rio Okavango (Africa)

Figura 28. Ilustração de formatos de redes de drenagem


Fonte:http://ufrr.br/antigo/component/option,com_docman/Itemid,5/task,doc_view/gid,539/
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

 Padrões de drenagem

Os padrões de drenagem referem-se ao arranjamento espacial dos


cursos fluviais, que podem ser influenciados em sua atividade
morfogênica pela natureza e disposição das camadas rochosas, pela
resistência litológica variável, pelas diferenças de declividade e pela
evolução geomorfológica da região.

A descrição qualitativa dos diferentes sistemas de drenagem utiliza-


se do critério geométrico, da disposição fluvial sem nenhum sentido
genético, e engloba os seguintes tipos: dendrítica, treliça,
retangular, paralela e anelar (Figuras 29, 30, 31, 32, 33, 34,
35, 36, 37, 38, 39, 40).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Tipos básicos dos padrões de drenagem:

Dendrítica:

Lembra a configuração de galhos de uma árvore,


onde os rios confluem de ramos agudos,
formando várias ramificações. É típica de regiões
onde predomina rocha de resistência uniforme
ou em estruturas sedimentares.
Figura 29. Padrão dendrítico

Treliça:

Este tipo é encontrado em regiões de rochas


sedimentares estratificadas, e pode se
desenvolver em áreas de glaciação.
Figura 30. Padrão Treliça
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Retangular:
É uma variação do padrão treliça, caracterizado pelo
aspecto ortogonal devido às bruscas alterações
retangulares nos cursos fluviais tanto nos principais
como nos tributários. Deve-se à influência exercida
por falhas e de juntas na estrutura rochosa;

Paralela: Figura 31. Retangular

Os cursos d`água sobre uma área escoam quase


paralelamente uns aos outros. também chamada
“cauda eqüina”.

Ocorre em regiões de vertentes com acentuada


declividade, ou onde existam controles estruturais
que favoreçam a formação de correntes fluviais
paralelas;

Figura 32. Padrão paralela


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Radial:

Pode desenvolver-se sobre vários tipos e estruturas


rochosas, como por exemplo em áreas vulcânicas e
dômicas (Elevação com pequena área. Deformação
estrutural caracterizada por levantamento local de contorno
aproximadamente circular).

Desenvolve-se em duas configurações: centrífuga e


centrípeta:

- centrífuga: as correntes divergem a partir de um ponto ou área que se


encontra em posição elevada, como as desenvolvidas em domos, cones
vulcânicos, morros isolados e em outros tipos de estruturas isoladas de
forma dômica (Elevação com pequena área, erguendo-se com os flancos
abruptos até profundidades superiores a 200 m da superfície da água do
mar)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
- centrípeta: os cursos d`água convergem para um ponto ou área central,
localizada em uma posição mais baixa, como as desenvolvidas em bacias
sedimentares periclinais, crateras vulcânicas e depressões topográficas.
A configuração centrípeta é comum e sua designação pode ser aplicada a
um grande conjunto de disposição em que a drenagem converge para um
ponto comum.

Figura 33. Padrão radial – centrípeta e centrífuga


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

 anelar: típica de áreas dômicas; a


drenagem acomoda-se aos
afloramentos das rochas menos
resistentes.

Figura 34. Padrão anelar

Em geral, predomina na natureza a forma dendrítica, a qual deriva


da interação clima-geologia em regiões de litologia homogênea.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Dendrítica Treliça Retangular

Paralela Radial Anelar

Figura 35 Padrões de drenagem. Fonte: Christofolletti (2008)


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 36. Drenagem dendrítica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 37. Drenagem retangular

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 38. Drenagem em treliça
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 39. Drenagem radial

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Extraído do livro Para Conhecer a Terra (Press et al. XXXX) Figura 40 Padrões de drenagem
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

4. Características físicas de uma bacia hidrográfica


As características físicas ou fisiográficas de uma bacia hidrográficas
são elementos de grande importância em seu comportamento
hidrológico.

Estas características são todas aquelas que podem ser extraídas


em mapas, fotografias e imagens de satélites, e referem-se
basicamente às áreas, comprimentos, declividades coberturas do
solo medidos diretamente ou expressos por índices (Silveira, 1993).

Importância do estudo:
 Conhecer o comportamento hidrológico da bacia hidrográfica,
uma vez que existe uma estreita correspondência entre o
regime hidrológico e estes elementos.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
 As características climáticas de uma bacia hidrográfica
particular determinam o escoamento superficial (runnof) na
mesma.

Ressalva: duas bacias hidrográficas sujeitas às mesmas


condições climáticas podem apresentar diferentes escoamentos
superficiais, em face das características dos cursos d’água
naturais e aos aspectos físicos das áreas drenadas por estes
cursos d’água.

 Uma bacia por ser mais íngreme que a outra produzirá maiores
picos de vazão de escoamento superficial.
É por isso, no estudo do comportamento hidrológico de uma
bacia hidrográfica as suas características físicas revestem-se de
especial importância pela estreita correspondência entre estas
e o regime hidrológico da bacia.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

 Pode-se dizer que o conhecimento das características físicas


de uma bacia hidrográfica constitui uma possibilidade bastante
conveniente de se conhecer a variação no espaço dos
elementos do regime hidrológico na região.

Na prática, a caracterização física de uma bacia hidrográfica


possibilita o estabelecimento de relações e comparações entre
as características físicas e dados hidrológicos conhecidos.

 As relações matemáticas entre variáveis hidrológicas e as


características físicas da bacia são conhecidas como equações
de regionalização, e permitem a obtenção indireta de variáveis
hidrológicas em seções ou locais de interesse nos quais faltem
dados, ou em regiões onde, por fatores de ordem física ou
econômica, não seja possível a instalação de estações
hidrométricas.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

As principais características físicas para compreensão do


funcionamento de uma bacia hidrográfica, passa pela
necessidade de expressar em termos quantitativos, as
manifestações da forma (a área da bacia, sua forma
geométrica, etc.), de processos (escoamento superficial,
deflúvio, etc.) e de suas inter-relações.

Os exemplos práticos apresentados neste tópico, em grande


parte, com algumas considerações complementares, foram
extraídos do livro de Hidrologia Aplicada, dos Professores Swami
M. Villela e Arthur Mattos, citados nas referências bibliográficas.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.1. Área de drenagem:

A área de drenagem ou área da bacia hidrográfica é a área plana


(projetada sobre o plano horizontal) inclusa entre seus divisores
topográficos.

 É normalmente determinada em mapas topográficos,


utilizando-se de planímetros ou aplicativos eletrônicos, desde
que se disponha de mapas digitalizados.
 Para determina-la, é preciso, em primeiro lugar, realizar o
traçado de seu contorno, ou seja, estabelecer o traçado da
linha de separação das bacias vizinhas.
 Ás áreas de grandes bacias são normalmente medidas em
quilômetros quadrados (1 km² = 106 m2), enquanto bacia
menores costumam ser medidas em hectares (1 ha=104 m2).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

 A área de drenagem é um dado fundamental para definir a


potencialidade hídrica de uma bacia hidrográfica, uma vez que
a multiplicação dessa área pela altura da lâmina d’água
precipitada define o volume recebido pela bacia.

 A área da bacia hidrográfica constitui-se, ainda, em elemento


básico para o cálculo de outras características físicas da bacia.

4.2. Perímetro da bacia hidrográfica

O perímetro de uma bacia consiste no comprimento total da


projeção ortogonal do divisor de águas.
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.3. Comprimento da bacia hidrográfica
Existem várias definições(Christofoletti (2008), como se vê na Figura 41, para
se conhecer comprimento da bacia hidrográfica (L).

• Distância medida em linha reta entre a foz e determinado ponto do


perímetro, que assinala eqüidistância no comprimento do perímetro
entre a foz e ele. O ponto mencionado representa, então, a metade
da distância correspondente ao comprimento total do perímetro.

• Maior distância medida, em linha reta, entre a foz e determinado


ponto situado ao longo do perímetro.

• Distância medida, em linha reta, entre a foz e o mais alto ponto


situado ao longo do perímetro.

• Distância medida, em linha reta, acompanhando paralelamente o rio


principal. Esse procedimento acarreta diversas decisões subjetivas
quando o rio é irregular ou tortuoso ou quando a bacia hidrográfica
possui forma incomum.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 41. Representação dos diversos critérios utilizados para determinar o


comprimento de uma bacia hidrografica (Cristofoletti, 2008)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

4.4. Relação entre o comprimento do rio principal e a área da bacia:

As pesquisas demonstram uma notável consistência entre os


dados, permitindo, por sua vez, apesar da diversidade das
condições ambientais, que o comprimento do curso geométrico do
curso d’água possa ser estimado utilizando-se a expressão que
se segue:

L = 1,5 A0,6 (unidades métricas)


L = é o comprimento do rio principal, em Km,
A = é a área da bacia, em Km².

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.5. Forma da bacia:

É uma das características mais difíceis de ser expressas em termos


quantitativos. A forma da bacia, bem como a forma do sistema de
drenagem, pode ser influenciada por algumas outras características
da bacia, principalmente pela geologia.

Este parâmetro é importante devido ao tempo de concentração (É


tempo, a partir do início da precipitação, necessário para que toda a bacia contribua na
seção do estudos ou é o tempo que a água leva para deslocar-se do ponto mais remoto
da bacia até a sua saída).

 Uma bacia hidrográfica de grandes rios, quando representada em


um plano, tem, normalmente, a forma de uma pêra ou de um
leque. O formato tem uma grande influência sobre o escoamento
global.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Em uma bacia circular, toda a água


escoada tende a alcançar a saída da
bacia ao mesmo tempo.

Uma bacia elíptica, tendo a saída da


bacia na ponta do maior eixo e, sendo
a área igual a da bacia circular, o
escoamento será mais distribuído no
tempo, produzindo portanto uma
enchente menor

Figura 42. Representação de hidrógrafa para diferentes formatos de bacias hidrográficas.


Fonte: Universidade Federal da Bahia – Departamento de Hidráulica e saneamento.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Formatos de bacias hidrográficas:

Têm-se três formatos de bacias


hidrográficas diferentes, porém de
mesma área e sujeitas a uma
precipitação de mesma intensidade.

Existem vários índices utilizados para determinar as


formas das bacias hidrográficas, procurando relacioná-las
com as formas geométricas conhecidas. Temos, assim:

• Coeficiente de Compacidade (Kc) que se relaciona com


a forma de um círculo, e

• Fator de Forma (K) que é relacionado com um


retângulo.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.5.1. Coeficiente de compacidade (Kc):

Relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de um


círculo de área igual à da bacia.

Onde,

P = Perímetro, em Km,
A = Área, em Km²

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

O Kc é um número adimensional que varia com a forma da bacia


hidrográfica, independente de seu tamanho.

O Kc sempre assume valores iguais ou superiores a 1, uma vez que o


círculo é a figura geométrica de menor perímetro para uma dada área.

• O Kc igual ou próximo de 1, ocorre quando a bacia


hidrográfica apresenta a forma circular ou mais
arredondada.

• Para bacias hidrográficas alongada, o valor de Kc é


significativamente maior que 1. Ou seja, quanto mais
irregular for o formato da bacia hidrográfica maior será o
coeficiente de compacidade.

Uma bacia hidrográfica será mais susceptível à ocorrência de enchentes


quando o Kc for próximo à unidade, .

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.5.2. Fator de forma (Kf)

É definido pela a relação entre a largura média da bacia ( ) e o


comprimento axial do curso d’ água (L). O comprimento axial da bacia
hidrográfica é igual ao comprimento do curso d’água principal mais a distância da sua
nascente ao divisor topográfico. O comprimento “L” é medido seguindo-se o
curso d’ água mais longo desde a cabeceira mais distante da bacia até a
desembocadura. A largura média é obtida pela divisão da áda bacia pelo seu
comprimento axial.

O Fator de forma (Kf) indica a maior ou menor


tendência para enchentes de uma bacia.

Bacias alongadas, apesentam pequenos valores de


(Kf) e estão menos propensas à ocorrência de
enchentes que outra de mesma área, com o valor de
( Kf ) maior.
A = Área da bacia hidrográfica
L = Comprimento do eixo da bacia hidrográfica
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.5.3. Índice de circularidade(Ic)

Foi proposto por Miller em 1953, e pode ser expressa pela


fórmula:
A = Área da bacia considerada.
IC = A/Ac Ac = Área do círculo de perímetro igual à bacia
considerada.

IC = 12,57*A/P²

Onde,
IC = Índice de circularidade < 1 Quanto mais próximo de 1, for IC,
A = Área da bacia hidrográfica, em Km2 mais próxima da forma circular será
P = Perímetro da bacia hidrográfica, em Km a bacia hidrográfica.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 43. Comprimentos axiais L .


Quanto mais a área da bacia se aproximar da área do quadrado do comprimento axial do seu rio principal, provavelmente
mais próxima será da forma de um quadrado, convergindo todo o escoamento ao mesmo tempo para uma mesma região.
Fonte: USP (2003), citado por Rubens Maciel Wanderley (ANA)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Bacia do Rio São Francisco

Bacias dos rios:


Paranapanema, Tietê, Tocantins,
entre outras

Figura 44. Formato de um bacia hidrográfica alongada.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Bacias: Taquari Antas do RS,


Bacias: Rio Itajai – Santa entre outras
Catarina

Figura 45. Formato de um bacia hidrográfica circular

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6. Sistema de drenagem

O sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e


seus tributários. O sistema inclui todos os cursos d`água, sejam eles
perenes, intermitentes ou efêmeros.

 O estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é


importante, pois ele indica a maior ou menor velocidade com que a
água deixa a bacia hidrográfica.

 O padrão de drenagem de uma bacia depende da estrutura


geológica do local, tipo de solo, topografia e clima. Esse padrão
também influencia no comportamento hidrológico da bacia.

 As características da rede de drenagem de uma bacia hidrográfica


podem ser razoavelmente descritas pela ordem dos cursos d’água,
densidade de drenagem, percurso médio do escoamento superficial
e pela sinuosidade do curso d’água, os quais acham-se
caracterizados as seguir.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6.1. Ordem dos cursos d`água

 Como se faz uma ordenação de um curso d`água?

 A ordem dos cursos d’água é uma classificação que reflete o grau


de ramificação ou bifurcação da rede de drenagem da bacia.

Esta ordenação identifica a posição hierárquica que um curso d’água


ocupa na rede de drenagem, sendo que sua determinação
representa a ordem da bacia hidrográfica.

Destacam-se os critérios de Horton (1945) e de Strahler


(1957), Scheidergger (1965) e Shreve (1966;1967) e
Gravellius (Capítulo 4, do livro de Geomorfologia - Antônio
Christofoletti).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Horton (1945), Strahler (1957) e outros estudiosos estabeleceram
os seguintes crítérios de ordenamento dos cursos d`água.

a. Roberto E. Horton:
Em 1945, Roberto E. Horton foi quem propôs, de modo mais
preciso, os critérios para ordenação dos cursos d’água, como se segue:
• Os canais de primeira ordem são aqueles que não possuem
tributários;
• Os canais de segunda ordem: somente recebem tributários de
primeira ordem;
• Os canais de terceira ordem: podem receber um ou mais
tributários de segunda ordem, mas também podem receber
afluentes de primeira ordem;
• Os canais de quarta ordem: são os que recebem tributários de
terceira ordem e, também, os de ordem inferior.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Considerações sobre o método de
1 Horton (Figura 46)
2 3
1 3
• A ordenação é muito
1 1 dependente da escala do
2 3 mapa.
2 1
• Na proposta de Horton, o Rio
1 2 principal é consignado pelo
mesmo número de ordem até
3 1 2
a sua nascente.
1
2 • Considerando a necessidade
2 2 3 inerente de decisões
2 subjetivas ao sistema de
3 Horton, muitos autores
adotaram um sistema
1 diferente, como por exemplo
o método introduzido por
3 Strahler, 1952.
Figura 46. hierarquização de bacia hidrográfica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Regras para se conhecer qual é o
1 afluente e qual é o canal principal a
2 3 partir da bifurcação, de acordo com
3 a proposta de Horton (Figura 47):
1
1 2 • A partir da jusante da confluência,
1 estender a linha do curso de água
3
para montante, para além da
2 1 bifurcação, seguindo a mesma
1 direção, sendo que o canal confluente
que apresentar o maior ângulo é o de
2 ordem menor.

3 1 2
1 • Quando ambos os cursos
2 2 apresentarem o mesmo ângulo, o rio
2 de menor extensão é geralmente
3 designado de ordem mais baixa.
2
• O processo de refazer a numeração
3 1 deve ser efetuado deve ser efetuado a
cada confluência com ordem mais
elevada, até que o canal de n-ésima
3 ordem se estenda desde a confluência
até a nascente do tributário mais
Figura 47. hierarquização de bacia hidrográfica longo.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
b. Arthur N. Strahler:
Arthur N. Strahler (1952), considerando a necessidade inerente de
decisões subjetivas no sistema de Horton, adotou um sistema
diferente para ordenação das bacias hidrográfica.

• Os primeira ordem, são os canais menores sem tributários,


estendendo-se desde a nascente até a confluência;

• Os canais de segunda ordem surgem da confluência de dois canais


de primeira ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem;

• Os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois canais


de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda ordem e
de primeira ordem;

• Os canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais


de terceira ordem, podendo receber tributários das ordens
inferiores. E assim sucessivamente.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
1
1 Considerações sobre o método de
1 2 Strahler (Figura 48)
1 1 1
2 2 • É prático.
2 1
• A ordenação depende da escala
1
1 do mapa
3 2
• Não precisa definir os cursos
1 1 d’água principais. A ordenação
2 proposta por Strahler elimina o
1 2 3 conceito de que o rio principal
2 deve ter o mesmo número de
3 ordem em toda a sua extensão e
a necessidade de se refazer a
1 numeração a cada confluência.
3
Figura 48. hierarquização de bacia hidrográfica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
c. Método de Gravellius:
hidrográfica
Método de Gravellius (Figura
2 1
2 49)
3 1  Mais utilizado
3 2
2 1  Mais prático
3  Mudança de escala do mapa
2
3 não altera a ordenação
2  Necessário definir o curso
1 2 d’água principal
3
3
• Ordem 1 – rio principal
2 1 2
2 • Ordem 2 – afluentes
2 diretos aos de ordem 1
1 • Ordem 3 – afluentes
2 diretos aos de ordem 2
1 • Ordem 4 – ...
Figura 49 hierarquização de bacia hidrográfica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
d. Método de Shereve hidrográfica
1 Método de Shereve (Figura
1 50)
1 2

1 3 1
1 2  Pouco utilizado
3 1  Magnitude somadas todas
1
às vezes que há uma junção
1 de dois afluentes.
6 2
1  Assim, por exemplo: quando
1
dois afluentes de 2ª ordem
8 3
1 2 se unem, o trecho a jusante
4 recebe a designação de 4ª
ordem.
12 1

13
Figura 50. hierarquização de bacia hidrográfica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 51. Esquematização de procedimentos para determinar a ordem


ou a hierarquia de bacias hidrográficas, conforme Horton (A) e Strahler (B).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Figura 52. Rede de drenagem.
Fonte: Organização de Rodrigo Proença de Oliveira - Hidrologia e Recursos Hídricos, 2009/10
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6.2. Relação de bifurcação

Foi definida por R. E. Horton, em 1945, como sendo a relação


entre o número de segmentos de uma certa ordem e o número
total de segmentos de ordem imediatamento suprerior

Varia, geralmente, entre 2 e 4

Rb = Relação de bifurcação,
Nu = Nº de segmentos de determinada ordem,
Nu + 1 = Número de segmentos da ordem imediatamente superior.

Acatando-se o sistema de ordenação de Strhaler verifica-se que o


resultado nunca pode ser inferior que 2.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 53. Rede de drenagem.


Fonte: Organização de Rodrigo Proença de Oliveira - Hidrologia e Recursos Hídricos, 2009/10
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Considerações básicas:

 Considerando a relação de bifurcação entre as várias ordens,


estabeleceu-se a Lei do número de canais, que pode ser
aplicada com a mesma exatidão nas bacias hierarquizada
conforme o sistema Horton, ou de acordo com o processo
Strahler.

 Como lembrete, temos que a quantidade de rios existentes


em determinadas bacias hidrográficas é obtida pela soma dos
canais nas diversas ordens, se utilizar do processo Horton,
que corresponderá ao número de canais de primeira ordem
na classificação de Strahler.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6.3. Comprimento do rio principal

É a distância que se estende ao longo do curso de água desde a


desembocadura até determinada nascente. O problema é
definir qual é o rio principal.
• Aplicar os critérios estabelecidos por Horton, pois o canal de ordem
mais elevada corresponde ao principal;

• em cada bifurcação, a partir da desembocadura, optar pelo ligamento


de maior magnitude;

• em cada confluência, a partir da desembocadura, seguir o canal


fluvial montante situado em posição altimétrica mais baixa, até atingir
a nascente do segmento de primeira ordem localizada em posição
altimétrica mais baixa, no conjunto da bacia;

• curso d’água mais longo, da desembocadura da bacia até


determinada nascente, medido como a soma dos comprimentos dos
seus ligamentos.
CURSO:
• ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Bacias hidrográficas- parâmetros
fisiográficos

4.6.4. Relação entre o comprimento do rio principal e a área


da bacia:

As pesquisas demonstram uma notável consistência entre os


dados, permitindo, por sua vez, apesar da diversidade das
condições ambientais, que o comprimento do curso geométrico
do curso d’água possa ser estimado utilizando-se a expressão que
se segue:

L = 1,5 A0,6 (unidades métricas)


L = é o comprimento do rio principal, em Km,
A = é a área da bacia, em Km².

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6.5. Densidade de Drenagem
Um sistema de drenagem é constituídos constituído pelo rio
principal e seus efluentes.

A densidade de drenagem (Dd) é o índice que indica o grau de


desenvolvimento do sistema de drenagem, fornecendo uma indicação da
eficiência da drenagem da bacia hidrográfica. Ela se expressa pelo
comprimento total dos curso d`água de uma bacia (km) e a sua área total
(Km²).

Dd = densidade de drenagem (km/Km²)

Segundo Villela e Matos (1975) existem poucas informações sobre


densidade de bacias hidrográficas. Para alguns autores, este índice
varia de 0,5 km/km², para bacias com drenagem pobre, a 3,5 ou
mais para bacias excepcionalmente bem drenadas.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Outros indicadores de drenagem:

• Bacias com drenagem pobre  Dd < 0,5 km/km2


• Bacias com drenagem regular  0,5 ≤ Dd < 1,5 km/km2
• Bacias com drenagem boa  1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km2
• Bacias com drenagem muito boa  2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km2
• Bacias excepcionalmente bem drenadas  Dd ≥ 3,5 km/km2

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6.6. Extensão média do escoamento superficial
Este parâmetro indica a distância média ( ) que a água de chuva teria que
escoar sobre os terrenos da bacia, caso o escoamento superficial se desse uma
linha reta desde onde ocorreu sua queda até o curso d’ água mais próximo.

A bacia em estudo é transformada em retângulo de mesma área, onde o lado


maior é a soma dos comprimentos dos rios da bacia (L = ∑ i ).

Figura 54: Esquematização do escoamento


superficial . Fonte: Villela e Mattos (1975)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
4.6.7. Sinuosidade do curso d`água

A sinuosidade de um curso d`água é um fator controlador da


velocidade do escoamento e é definida como sendo a relação entre
o comprimento do rio principal (L) e o comprimento do talvegue
(Lt).

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Exercício 01.

Vamos considerar a bacia hidrográfica do Riacho Faustino no Ceará


(Figura 54), onde apresenta as seguintes características físicas:

A = 26,413 Km² = 26.413.000 m²


L = 10.500 m
P = 25.900 m

Caracterize a bacia hidrográfica:


a. Ordem dos cursos d`água.
b. Valores de Kc e Kf.
c. Densidade de drenagem.
Figura 55: Mapa da bacia hidrográfica do Riacho
d. Extensão média de escoamento. Faustino no Ceará.
e. Sinuosidade. Fonte:http://www.deha.ufc.br/arquivos/Graduacao/A
postila_Hidrologia_grad/WS_FTP.LOG:

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Solução:

a. Ordem dos cursos d`água

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
b. Valores de Kc e Kf:

De acordo com o COEFICIENTE DE COMPACIDADE e FATOR FORMA a


bacia hidrográfica trabalhada não é sujeita à ocorrência de enchentes.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

c. Densidade de drenagem

Bacia com densidade de


drenagem pobre

d. Extensão média de escoamento:

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
e. Sinuosidade

Comprimento do talvegue é a
medida em LINHA RETA entre os
pontos inicial e final do curso d’
água principal.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
5. Características do relevo de uma bacia hidrográfica

O relevo de uma bacia hidrográfica tem grande influência sobre


os fatores meteorológicos e hidrológicos.

• A velocidade do escoamento superficial é controlada, em boa


parte pela declividade do terreno, enquanto que a
temperatura, a precipitação e a evaporação são funções da
altitude da bacia e influenciam o deflúvio médio do
escoamento.

• Estas e outras influências das características físicas da bacia


hidrográfica sugerem que o seu relevo deve ser bem
conhecido par entender o seu comportamento hidrológico.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
5.1. Declividade da bacia:
A declividade de uma bacia é um importante fator a influenciar a velocidade
do escoamento superficial. Quanto maior a declividade de um terreno,
maior a velocidade de escoamento, menor tempo de concentração e maior
as perspectivas de picos de enchentes.
• A magnitude desses picos de enchente e a infiltração da água, trazendo
como consequência, maior ou menor grau de erosão, dependem da
declividade média da bacia (determina a maior ou menor velocidade do
escoamento superficial), associada à cobertura vegetal, tipo de solo e
tipo de uso da terra.
• Dentre os métodos utilizados na determinação, o mais completo
denomina-se método das quadrículas associadas a um vetor e
consiste em traçar quadrículas sobre o mapa topográfico da bacia
hidrográfica, cujo tamanho dependerá da escala do desenho e da
precisão desejada; como exemplo, pode-se citar quadrículas de 1km x
1km ou 2km x 2km etc.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

• Consiste em lançar sobre o mapa topográfico da bacia, um papel


transparente sobre o qual está traçada uma malha quadriculada,
com os pontos de interseção assinalados. A cada um desses pontos
associa-se um vetor perpendicular à curva de nível mais próxima
(orientado no sentido do escoamento).

• As declividades em cada vértice são obtidas, medindo-se na


planta, as menores distâncias entre curvas de níveis
subsequentes. A declividade é o quociente entre a diferença da cota e
a distância medida em planta entre as curvas de nível.

• Uma vez traçadas as quadrículas, é procedida uma amostragem


estatística da declividade da área, uma vez que sempre que um lado da
quadrícula interceptar uma curva de nível, é traçado perpendicularmente
à esta curva, um vetor (segmento de reta) com comprimento
equivalente à distância entre duas curvas de nível consecutivas.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
• Portanto, os comprimentos desses vetores serão variáveis, em função da
declividade do terreno. Feita a determinação da declividade de cada um
dos vetores traçados, os dados são agrupados, conforme dados da tabela
seguinte.

Exemplo 02.

Vamos considerar o exemplo dado por Villela e Mattos (1975), conforme se


apresenta a seguir:

• Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Lobo, em São Paulo.


• Área da bacia: 177,25 Km²

Pede-se:
• A declividade do média da bacia.
• A curva hipsométrica.
• Elevação média da bacia.
• Declividade do rio.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
BACIA: RIBEIRÃO LOBO - S.P.
MAPA: IBGE (ESCALA - 1: 50.000
ÁREA DE DRENAGEM: 177,25 km² P = 70 km

Quadro 02. Distribuição da declividade média Fonte: Vilela e Mattos, 1975

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

A Figura 56, ao lado, representa


a curva de distribuição da
declividade em função do
percentual de área da BH.

Essa curva é traçada em papel


mono-log, com os dados das
colunas 1 e 4.

Ela é obtida plotando-se as


declividades (limites inferiores),
coluna 1, em função da
porcentagens acumuladas,
coluna 4, obtidos no Quadro 02.

Figura 56. Curva de distribuição da declividade.


Fonte: Villela e Mattos (1975)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
5.2. Curva hipsometrica

A Curva hipsométrica é definida como sendo a representação gráfica do


relevo médio de uma bacia. Representa o estudo da variação da elevação
dos vários terrenos da bacia com referência ao nível médio do mar. Esta
variação pode ser representada da seguinte forma:

 Pode ser indicada por meio de um gráfico que mostra a percentagem


da área de drenagem que existe acima ou abaixo das várias
elevações.

 Pode também ser determinadas por meio das quadrículas associadas a


um vetor ou planimetrando-se as áreas entre as curvas de nível.

 Apresenta-se, a seguir, um exemplo de cálculo da distribuição de


altitude referente à mesma bacia do exemplo anterior, e a partir desta
constrói-se a curva hipsométrica desta bacia, conforme se apresenta
na Figura 57.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
BACIA: RIBEIRÃO LOBO - S.P.
MAPA: IBGE (ESCALA - 1: 50.000
ÁREA DE DRENAGEM: 177,25 km² P= 70 km

Quadro 03. Distribuição dos pontos para curva hipsométrica


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Construção da Curva hipsométrica

A partir dos dados do Quadro 03, obtém-se a curva hipsométrica.


Ela é construída lançando-se nas abscissas, os valores das áreas
relativas acumuladas da 5ª coluna da Quadro 03, em função das
cotas correspondentes (limites inferiores da 1ª coluna do Quadro
03), nas ordenadas, traçando-se, em seguida, uma linha suave
pelos pontos.

• A elevação mediana, Zmed, é estimada do gráfico da Figura 57,


a partir da leitura da cota correspondente à área relativa
acumulada de 50%.

• Desta Figura obtém-se zmed = 764 m, o que indica que 50%


da área de drenagem da bacia encontra-se acima (e abaixo) da
cota 764 m.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 57. Curva hipsométrica. Fonte: Villela e Mattos (1975)


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
5.3. Elevação média
A variação da altitude e a elevação média de uma bacia são, também,
importantes pela influência que exercem sobre a precipitação, sobre as
perdas de água por evaporação e transpiração e, consequentemente, sobre
o deflúvio médio.

• Grandes variações da altitude numa bacia acarretam diferenças


significativas na temperatura média a qual, por sua vez, causa
variações na evapotranspiração. Mais significativas, porém, são as
possíveis variações de precipitação anual com a elevação.

• A elevação média é determinada por meio de um retângulo de área


equivalente à limitada pela curva hipsométrica e os eixos
coordenados; a altura do retângulo é a elevação média.

Um outro método é o de utilizar a equação seguir:

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Expressões utilizadas:

A = elevação média
ei = elevação média entre duas curvas de
nível consecutivas,
Ai = Área entre as curvas de nível,
A = Área total

Quadro 03

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
5.4. Declividade de leito ou Álveo do curso d`água principal

O rio principal de uma bacia hidrográfica é normalmente considerado como


sendo aquele que drena a maior área dentro da bacia (às vezes é
considerado aquele de maior comprimento). O seu comprimento, aqui
indicado por L, é medido no mapa topográfico com o uso do curvímetro.

Temos, ainda:

• A declividade do rio principal de uma bacia é uma medida representativa


do seu relevo e muito utilizada em diversos estudos hidrológicos.

• A velocidade do escoamento de um rio depende da declividade da calha


fluvial ou álveo: quanto maior a declividade, maior a velocidade do
escoamento.

• A declividade do álveo pode ser obtida de diferentes modos. Para rios que
apresentam um perfil longitudinal razoavelmente uniforme, a declividade
entre extremos, S1, é uma boa estimativa da sua declividade.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
• A declividade entre extremos é obtida dividindo-se a diferença entre as
cotas máxima (cabeceira) e mínima (foz) do perfil pelo comprimento do rio:

As unidades de medida da declividade de um


rio são, normalmente, m/m ou m/km.

• Existem, ainda, outras medidas mais representativas da declividade de um


rio. Uma possibilidade é o método da declividade S10-85, pelo qual a
declividade é obtida a partir das altitudes a 10% e 85% do comprimento do
rio, comprimento este medido a partir da sua foz.
Para a avaliação das altitudes, os dois pontos são marcados no mapa
topográfico e suas cotas são determinadas por interpolação a partir das
curvas de nível disponíveis. Avaliadas as duas altitudes, a diferença é
dividida por 75% do comprimento do rio principal:

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 58. Perfil longitudinal elementos para determinar a


declividade do rio. Fonte: Hidrologia - Prof. Antenor R. Barbosa Jr.
UFOP
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
• Um valor médio mais representativo da declividade do curso d’água
consiste em traçar no gráfico do perfil longitudinal uma linha de
declividade S2, tal que a área compreendida entre esta linha e a abscissa
seja igual à área compreendida entre a curva do perfil e a abscissa.

• A área sob a curva do perfil pode ser determinada diretamente por


métodos gráficos, ou analiticamente somando-se as áreas de elementos
trapezoidais, conforme indicado na Figura 58.

Designando-se a área abaixo da linha do perfil por Ap,

Onde, Zfoz e Zcabeceira são as elevações do álveo na foz e cabeceira, e


z1, z2, ... zn são as cotas de pontos intermediários que distam x1, x2, ...
xn da foz, respectivamente.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

A declividade S2 pode ser obtida da igualdade:

Figura 59. Perfil longitudinal do rio principal e elementos para a obtenção da declividade média
Fonte: hidrologia. Professor Antenor R.. Barbosa Jr. UFOP
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
Procedimentos resumidos para determinar a declividade média do curso
d’água:

1. Declividade baseada nos extremos (S1): é obtida dividindo-se a diferença


total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso d’água entre
esses dois pontos. Este valor superestima a declividade média do curso
d’água e, consequentemente, o pico de cheia. Essa superestimativa será
tanto maior quanto maior o número de quedas do rio.
Cálculo direto com base na diferença entre as
S1 = (h1/ L) 100 (%) contas da nascente e da seção de controle.

2. Declividade ponderada (S2): um valor mais representativo que o primeiro


consiste em traçar no gráfico uma linha, tal que a área, compreendida
entre ela e a abcissa, seja igual à compreendida entre a curva do perfil e
a abcissa.
Cálculo com base na área de um triângulo(h2)) de
S2 = (h2/ L) 100 (%) área igual a área sob o perfil do dreno principal

h2 = 2 x Área (abaixo do perfil) / L

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
3. Declividade equivalente constante (S3): este índice que representa o perfil
longitudinal de um curso d`água se chama declividade equivalente
constante e dá uma ideia sobre o tempo de percursos da água ao longo
da extensão do perfil longitudinal.
Trata-se de uma outra forma de determinar a declividade. Esta
forma é utilizada para terrenos com declividade constante, podendo-se,
como mencionado, até determinar através desta declividade o tempo de
percurso da precipitação.
Caso o curso d’água tenha uma declividade constante igual a declividade
equivalente, o tempo de percurso pode ser determinado da seguinte
maneira:
• Considerando-se que o tempo de percurso feito pela água varia em
toda a extensão do curso d’água com o recíproco da raiz quadrada da
declividade e, dividindo-se o perfil do álveo em grande números de
trechos retilíneos, tem-se que a raiz quadrada da declividade
equivalente constante é a média harmônica ponderada da raiz
quadrada das declividades dos diversos trechos retilíneos,
tomando-se como peso a extensão de cada trecho.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Logo,

Di = declividade de cada trecho


Li = comprimento do trecho

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

4. Declividade 10 – 85 (S4): obtida de acordo com o método da


declividade baseada nos extremos, porém descartando-se 10% do
trechos inicial e 15 % do final do curso d’água.

Isto se deve, pois a maioria dos cursos d’água têm alta declividade
próximo da nascente e torna-se praticamente plano próximo de sua
barra.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
O Quadro 04, a seguir, apresenta um exemplo de cálculo do perfil
longitudinal do curso d’água:

Fonte: Villela e Mattos (1975)

Quadro 04. Cálculo do perfil longitudinal do curso d’água.


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Área sob o perfil = 1466.300 m²

Assim, um triângulo de área igual ao perfil:


(L*h2 )/2 = 1.466.300 m²  h2 = 133,3

Figura 60. Perfil longitudinal do Ribeirão do Lobo – SP.


Fonte: Villela e Mattos (1975)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
5.5. Retângulo equivalente

Foi introduzido por hidrologistas franceses como intuito de melhor comparar


a influência das características das bacias. O retângulo equivalente é uma
representação simplificada da bacia hidrográfica que serve para melhor
comparar a influência do relevo da bacia sobre o escoamento.

Algumas considerações devem ser observadas de acordo com Villela e


Mattos (1975):

• A sua construção é feita de modo que, na escala escolhida para o


desenho, a área do retângulo seja igual à área de drenagem da bacia
hidrográfica natural (têm mesma área), e o perímetro do retângulo seja
igual ao perímetro da bacia natural (têm mesmo perímetro).

• Além disso, a bacia hidrográfica e o retângulo devem apresentar o


mesmo coeficiente de compacidade, kc.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica
• No retângulo equivalente são, ainda, traçadas as curvas de nível na forma
de segmentos de reta paralelos ao seu lado menor (Figura 61). Este
traçado é feito de modo a respeitar a hipsometria da bacia natural, o que
significa que, na escala do desenho, as áreas compreendidas entre duas
curvas de nível devem ter correspondência com aquelas da escala real.

Figura 61 – Retângulo equivalente de uma bacia hidrográfica hipotética – os Zi’s indicam as


cotas das curvas de nível. Fonte: Villela e Mattos (1975)
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Sabemos que:

ou

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 62. Ábaco para o cálculo de retângulo equivalente.


Fonte: Vilela e Mattos (1975).
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caacterização de uma bacia
hidrográfica

Quadro 05. Retângulo equivalente de uma bacia hidrográfica da Bacia Ribeirão do


Lobo - SP.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Exercício 03.

Vamos considerar, ainda, a bacia hidrográfica do Riacho Faustino no


Ceará, onde apresenta as seguintes características físicas:

A = 26,413 Km² = 26.413.000 m²


L = 10.500 m
P = 25.900 m

Obter as características físicas do


relevo da bacia hidrográfica:
a. Declividade média da bacia.
b. Curva hipsométrica.
c. Elevação média.
d. Declividade do álveo Figura 63: Mapa da bacia hidrográfica do Riacho
Faustino no Ceará.
Fonte:http://www.deha.ufc.br/ticiana/Arquivos/Graduacao/A
postila_Hidrologia_grad/Cap_2_Bacia_Hidrografica_2002.pdf
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Solução:
a. Declividade média da bacia hidrográfica:

Figura 65: Declividade média da


Bacia do Riacho Faustino
Figura 64: Método das quadrículas.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
Após a determinação da declividade dos vetores, constrói-se uma tabela de
distribuição de frequências, tomando-se uma amplitude para as classes.

Quadro 06: Declividade média da Bacia do Riacho Faustino

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

b. Curva hipsométrica:

Quadro 07. Distribuição de frequência – cálculo da curva hipsométrica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

• Altitude máxima: 680,0 m


• Altitude mínima: 320,0 m
• Altitude média: 462,9 m
• Altitude mediana: 456,0 m

Figura 65: Curva hipsométrica

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
b. Elevação média

Pode ser obtida, conforme descrito anteriormente, através do produto do


ponto médio entre duas curvas de nível e a área compreendida entre elas
(7ª coluna da tabela 37), dividido pela área total.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
c. Retângulo equivalente

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 66. Retângulo equivalente obtido

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
d. Declividade do álveo
Lembrete:
• S1: linha com declividade obtida tomando a diferença total de elevação do leito
pela extensão horizontal do curso d’ água.
• S2: linha com declividade obtida por compensação de áreas, de forma que a área
entre ela e a abscissa seja igual à compreendida entre a curva do perfil e a
abscissa.
• S3: linha obtida a partir da consideração do tempo de percurso; é a média
harmônica ponderada da raiz quadrada das declividades dos diversos trechos
retilíneos, tomando-se como peso a extensão de cada trecho.

Quadro 08. Declividade do álveo


CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica

Figura 67. Declividade do álveo

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
6. Cobertura vegetal e camada superficial do solo
A cobertura vegetal da bacia hidrográfica exerce importante influência sobre
a parcela da água de chuva que se transforma em escoamento superficial e
sobre a velocidade com que esse escoamento atinge a rede de drenagem.

 Quanto maior a área da bacia com cobertura vegetal, maior será a


parcela de água de interceptação. Além disso, o sistema de raízes da
vegetação retira a água do solo e a devolve à atmosfera através do
processo de transpiração.
 A vegetação influencia, ainda, o processo de infiltração: as raízes
modificam a estrutura do solo, provocando fissuras que, juntamente
com a redução da velocidade do escoamento superficial, favorecem a
infiltração.
 Por isso, quando uma bacia é parcialmente urbanizada, ou sofre
desmatamento, tem-se em consequência um aumento do escoamento
superficial, em decorrência das menores perdas por interceptação,
transpiração e infiltração.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
 Com o desmatamento, o escoamento superficial se dará de forma mais
rápida sobre um terreno menos permeável e menos rugoso, o que
intensifica o processo de erosão e de carreamento de sólidos às calhas
fluviais, lagos e reservatórios, acelerando o assoreamento.

 O maior volume do escoamento superficial e o menor tempo de resposta


da bacia resultam no aumento das vazões de pico que, juntamente com
a redução da calha natural do rio, provocam frequentes inundações.

 O tipo de solo e o estado de compactação da camada superficial têm


importante efeito sobre a parcela da água de infiltração.
• As características de permeabilidade e de porosidade do solo estão
intimamente relacionadas com a percolação e os volumes de água de
armazenamento, respectivamente.
• Solos arenosos propiciam maior infiltração e percolação, e reduzem o
escoamento superficial.
• Por outro lado, os solos siltosos ou argilosos, bem como os solos
compactados superficialmente, produzem maior escoamento
superficial.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Caracterização de uma bacia
hidrográfica
7. Bacia hidrográfica representativas e experimental

De acordo com Villela e Mattos (1975), define-se Bacia Representativa,


segundo a determinação do Decênio Hidrológico Internacional, como sendo:
“Bacias com certo tipo ecológico bem determinado e localizadas em regiões
onde o ciclo hidrológico não esteja muito perturbado pelo homem, mas que
não sejam tomadas preocupações especiais para proibir qualquer
intervenção humana que possa determinar repercussões de caráter
hidrológico”

Nessas bacias deve ser instalado um número razoável de estações


hidrometeorológicas, hidrométricas e de observações de águas
subterrâneas, necessárias para o estudo das diversas fases do ciclo
hidrológico.

Bacia experimental é definida com ”aquela na qual se podem modificar a


vontade as condições naturais, como por exemplo a cobertura vegetal ou o
solo, mediante procedimentos de combate a erosão e onde sejam
estudados os efeitos das modificações sobre o ciclo hidrológico”
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico
8. Balanço entre entradas e saídas de água em uma bacia
hidrográfica (Lembrete):

 Principal entrada:  precipitação


 Saídas:  evapotranspiração e escoamento.

ΔV
 P E Q
Δt
Onde,
V = variação do volume de água armazenado na bacia (m3)
t = intervalo de tempo considerado (s)
P = precipitação (m3.s-1)
E = evapotranspiração (m3.s-1)
Q = escoamento (m3.s-1)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico
Para intervalos de tempo longos (como um ano ou mais), a
variação de armazenamento pode ser desprezada na maior
parte das bacias.

Desta feita, temos: P EQ

Equação reescrita em unidades de mm.ano-1, o que é feito


dividindo os volumes pela área da bacia. As unidades de mm são
mais usuais para a precipitação e para a evapotransipiração.

Uma lâmina 1 mm  corresponde a um litro (1l) de


água distribuído sobre uma área de 1 m2.
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico

Coeficiente de escoamento: trata-se de um percentual de


chuva que se transforma em escoamento.

Q
Pode ser dada pela expressão: C 
P

Onde,
Q = Vazão ( transformada em mm)
P = Precipitação, em mm

O coeficiente de escoamento tem, teoricamente, valores


entre 0 e 1. Na prática os valores vão de 0,05 a 0,5 para a
maioria das bacias.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico
Exercício 03.
Qual seria a vazão de saída de uma bacia completamente
impermeável, com área de 100 km2, sob uma chuva constante à
taxa de 10 mm.hora-1?
1 mm = 1l / m² , que por sua vez é igual a 1000 m³/Km²
Em uma bacia hidrográfica de 100 km2, temos:
• 1mm = 1000 m³/Km²  1.000m³/Km² x 100Km² = 100.000
m3 precipitados sobre a bacia.
• Se em 01 hora são lançados 10 mm, temos que:
10 mm * 100.000m3, vai totalizar 1.000.000 m3 de água sobre
esta bacia.
Considerando que a bacia é impermeável, temos que toda a
água deve sair pelo exutório a uma vazão constante de
277,78m3.s-1.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico
Exercício 04.
Supor a área de uma bacia hidrográfica qualquer que recebe precipitações
médias anuais de 1650 mm. Nessa bacia existe um local em que são
medidas as vazões do curso d`água principal (rio), e uma análise de uma
série de dados diários ao longo de 30 anos revela que a vazão média do
rio é de 340 m3.s-1. Considerando que a área da bacia neste local é de
15.000 Km2, qual é a evapotranspiração média anual nesta bacia? Qual é o
coeficiente de escoamento de longo prazo?

O balanço hídrico de longo prazo de uma é dado por

P EQ
Onde, “P” é a chuva média anual; “E” é a evapotranspiração
média anual e” “Q é o escoamento médio anual.
P = 1.650 mm
Q = 340 m³/s
A = 15.000 Km²
CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico

 Escoamento anual de uma lâmina é dada por:

Q(m 3  s 1 )  3600  24  365 (s  ano 1 ) 1


Q(mm/ano)  2
 1000 (mm  m )
A(m )
ou
3,6 . 24 . 365
Q(mm/ano)  Q(m 3  s 1 )
A(km 2 )

3,6  24  365
Q(mm/ano)  340   715 mm  ano 1
15000

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Conhecimentos complementares –
Balanço Hídrico

 A evapotranspiração (E) é dado por:

E = P – Q = 1650 – 715 = 935 mm.ano-1

 O coeficiente de escoamento (C) de longo prazo é dado por:

C = Q/P = 715/1650 = 0,433

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
PLANO DE CURSO – DISCIPLINA DE HIDROLOGIA

Bibliografia:
• LINSLEY, R.K.; FRANZINI, J.B., Engenharia de Recursos Hídricos. McGraw-Hill do
Brasil, EDUSP, 1978.
• MELO, C. R.; SILVA, A. M. Hidrologia: Princípios e aplicações em sistemas
agrícolas. Lavras, Editora UFLA, 2013. 455p.
• RAMOS, F.; OCCHIPINTI, A.G.; VILLA NOVA, R.K.; MAGALHÃES, P.C.; CLEARY, R.
Engenharia Hidrológica. Coleção ABRH de Recursos Hídricos, Vol. 2, Editora UFRJ,
1989.
• SOUZA PINTO, N.L.; HOLTZ, A.C.T.; MARTINS, J.A.; GOMIDE, F.L.S. - Hidrologia Básica.
Edgard Blucher, 1976.
• SOLIMAN, MOSTAFA. M., Engenharia hidrológica das regiões semiárida. (Trdução de Luiz
Cláudio de Queiroz Faria). Rio de Janeiro. LCT, 2013
• TEIXEIRA, A, C.; PROTZEK,G. Apostila de Hidrologia. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Departamento de Construção Civil – DACOC. Campus de Curitiba, Sede Ecoville.
• TUCCI, C.E.M. (organizador) Hidrologia, Ciência e Aplicação. 2ª ed. Editora da
Universidade - UFRGS: Coleção ABRH de Recursos Hídricos, vol. 4, 1997. 943p.
• TUCCI, C.E.M.; PORTO, R.L.; BARROS, M.T. (organizadores) Drenagem Urbana. coleção
ABRH, Vol. 5, EDUSP, 1995.
• VILLELA, S.M. & MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. Ed. McGRaw-Hill do Brasil, 1975.
245p.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
PLANO DE CURSO – DISCIPLINA DE HIDROLOGIA

TÉRMINO DA 2ª APOSTILA ........

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc

Você também pode gostar