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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

HIDROLOGIA
TÓPICO 03. HIDROMETEOROLOGIA E PRECIPITAÇÃO

Professor: Expedito José Ferreira


Mestre em Engenharia Agrícola – UFV
Doutor em Engenharia Agrícola - UFV

UNIMONTES
CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

HIDROLOGIA
Observação:
Esta apresentação, elaborada com base nos livros textos de
vários autores, citados nas REFERÊNCIAS e com ilustrações
obtidas em meio digital, destina-se exclusivamente para fins
didáticos da disciplina de Hidrologia do curso de Engenharia
Civil da Unimontes. Não se recomenda utilizá-la para fins de
citação bibliográfica.

Professor: Expedito José Ferreira


Mestre em Engenharia Agrícola – UFV
Doutor em EngenharAgrícola - UFV

UNIMONTES
CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA: HIDROLOGIA
1ª PARTE:

ELEMENTOS HIDROMETEOROLÓGICOS

CURSO: ENGENHARIA CIVIL UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Elementos de hidrometeorologia

1. Considerações gerais

O regime hidrológico ou a produção de água de uma bacia hidrográfica é


determinado pelas suas características físicas, geológicas e topográficas e
por fatores de natureza climática.

 A topografia influencia a precipitação, a ocorrência do lagos, pântanos e


a velocidade do escoamento superficial.

 A geologia, além de influenciar a topografia, define o local de


armazenamento de água proveniente da precipitação, ou seja, na
superfície (rios e lagos) ou no subsolo (escoamento subterrâneo ou
confinada em aquífero)

O Clima de uma região é altamente dependente de sua posição geográfica


em relação à superfície terrestre. Os fatores climáticos mais importantes
são a precipitação e o seu modo de ocorrência, a umidade, temperatura e
ventos, os quais afetam a evaporação e a transpiração

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DISCIPLINA: HIDROLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
Entre os elementos climáticos conhecidos, os mais importantes, citados por
Vilella e Matos ( 1975) são:

 A precipitação, principal “input” do balanço hidrológico de uma


região, sua distribuição e modos de ocorrência, e

 A evaporação, responsável direta pela redução do escoamento


superficial, por retirar das superfícies líquidas grande quantidade de
água, incorporando-as na atmosfera

É importante destacar alguns conceitos e definições no contexto da


meteorologia, tais como: a estrutura vertical da atmosfera, a composição
da atmosfera, a presença do vapor d´água, umidade relativa, entre outros,
com vistas a uma melhor compreensão dos processos associados à
precipitação.

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Elementos de hidrometeorologia

2. Considerações básicas sobre atmosfera:

É basicamente na troposfera, primeira camada da atmosfera, que ocorrem


a maioria dos fenômenos meteorológicos de maior interesse para a
hidrologia. Inicialmente vamos conhecer um pouco sobre atmosfera, para
posteriormente tratarmos efetivamente da precipitação.

A Atmosfera é um conjunto de gases, vapor


d’água e partículas, constituindo o que se
chama ar, que envolve a superfície da Terra.
É uma mistura complexa de gases que varia
em função do tempo, da situação geográfica,
da altitude e das estações do ano.

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Elementos de hidrometeorologia

 No âmbito da Meteorologia, geralmente considera-se que a atmosfera


terrestre possui de 80 a 100 km de espessura. Essa camada,
predominantemente gasosa, é muita delgada quando comparada ao raio
médio do planeta. Representa apenas cerca de 1,6% de seu raio.

 A porção mais importante da Atmosfera, sob o ponto de vista


meteorológico, não alcança 20 km de altitude, o que representa apenas
0,3 % do raio da Terra.

 As características físicas da atmosfera são tão complexas que certamente


o homem jamais conseguirá simulá-la fielmente em laboratório. As
condições de contorno a que se acha submetida à atmosfera são, por si só,
um grande desafio.

 As características diversificadas da crosta terrestre (superfícies líquidas de


temperaturas variadas, blocos continentais com topografia e vegetação
variadas etc.) são situações físicas que variam no espaço e no tempo,
impedindo uma formulação matemática rigorosa.

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Elementos de hidrometeorologia

 O contorno exterior, de limites, de fenômenos e de trocas de


propriedades pouco conhecidas, torna ainda mais complexo o
fechamento dos modelos físico-matemáticos.

 Os próprios computadores ainda estão muito aquém das necessidades


meteorológicas, obrigando aos pesquisadores a simplificar as equações
diferenciais que regem o comportamento da atmosfera.

 Uma outra grande dificuldade na modelagem atmosférica se refere à


composição do ar atmosférico:

- à presença de todos os estados da matéria,


- as mudanças de fases,
- as reações químicas e fotoquímicas,
- as trocas de propriedades,
- os diferentes regimes de escoamentos - do laminar
- ao turbulento, da brisa suave aos incontroláveis furacões e
tornados.

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3. Estrutura vertical da atmosfera

Em valores aproximados, estudos demonstram que:

 50% da massa total da atmosfera encontram-se nos primeiros 5 km


de altitude, e que,

 abaixo de 10 e de 20 km concentram-se, respectivamente, 75 e quase


95 % do ar existente.

A divisão da atmosfera em camadas aproximadamente homogêneas foram


objetos de vários estudos, o que sem dúvida tornaria mais fácil a sua
compreensão.
O critério aceito, atualmente, fundamenta-se na variação da
temperatura do ar com a altitude. As Figuras 01 e 02, a seguir,
mostra uma tentativa, entre outras, de divisão da atmosfera.

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA


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Elementos de hidrometeorologia

Figuras 1a e 1 b. Estrutura Vertical da Atmosfera Terrestre.

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Elementos de hidrometeorologia

3.1. Troposfera:

É a mais importante das camadas da atmosfera, sob o ponto de vista da


Meteorologia.

• Esta camada se encontra em contato a superfície da Terra e a sua


espessura varia com a latitude e com a época do ano (estações do
ano).

• Nos Pólos, ela oscila entre um mínimo de 6 km no inverno e um


máximo de 10 km no verão, em média, enquanto nas zonas tropicais
atinge entre 15 a 18 Km.

A importância de conhecer a Troposfera:

É importante saber o que ocorre na Troposfera porque é a primeira camada


da atmosfera onde ocorre a maioria dos fenômenos meteorológicos.

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Características da Troposfera:

 Uma a característica importante da Troposfera é o fato de que


aproximadamente 75% da massa total da atmosfera e,
praticamente, todo o vapor d'água encontra-se em seus limites.

 É o Invólucro onde ocorre os fenômenos meteorológicos mais


importantes e que afetam diretamente a vida sobre a superfície.

 Em termos médios para todo o planeta, a temperatura do ar diminui


rapidamente com a altitude (razão de 6,5 oC por quilômetro).

 A troposfera é aquecida principalmente pela absorção de radiação


de ondas longas (comprimentos de onda de 3 a 200 m) emitida
pela superfície terrestre, a qual se aquece pela absorção da radiação
solar de ondas curtas (comprimentos de onda de 0,2 a 3 m). Por
esta razão, a superfície do solo é considerada como fonte de calor
para a troposfera.

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3.2. Tropopausa:

É a região de transição entre a troposfera e a estratosfera. Sua principal


característica é a isotermia. Nas latitudes médias, a temperatura da
tropopausa varia de -50 a -55 0C, e sua espessura é da ordem de 3km.

3.3. Estratosfera:

A estratosfera estende-se, para além da tropapausa, até cerca de 50 km


de altitude. Nesta camada, a temperatura cresce, atingindo, no topo,
valores máximos próximos de 00C.

 Esse comportamento é atribuído à absorção da radiação ultravioleta pelo ozônio,


presente nesta região. De um modo geral, tem sido observada uma zona
aproximadamente isotérmica, correspondendo aos seus primeiros 20 km.
 O progressivo aquecimento do ar com altitude, observado na porção superior da
estratosfera, é devido à liberação de energia no processo de formação de ozônio.
 Quanto aos movimentos atmosféricos, nesta camada, em razão de seu perfil
estável de temperatura - "frio" por baixo, "quente" por cima - observa-se uma
ausência quase completa de movimentos verticais.

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3.4. Estratopausa:

A estratopausa justapõe-se ao topo da estratosfera, sendo caracterizada


por um gradiente vertical de temperatura quase nulo. Essa é a região
de transição entre a estratosfera e a mesosfera.
• Caracteriza-se, em relação à temperatura, pela isotermia
(temperatura em torno de 00C) e, em relação à composição
química, por uma queda acentuada na concentração de oxigênio
molecular. Sua espessura média é de 3 a 5 km.

3.5. Mesosfera:

A Mesosfera, menos conhecia ainda que estratosfera, se estende dos


50 aos 80 km de altitude.

• Esta camada, tal como a troposfera, é aquecida por baixo (pela


camada de ozônio).

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• Nesse caso temperatura também decrescerá, a uma taxa de 3,50C por


quilômetro, atingindo, no topo da camada, 80 km de altitude, o valor
mais baixo de toda a atmosfera, em média, 90ºC negativos.
• Embora a proporção entre nitrogênio e oxigênio seja considerada
constante nesta camada, a presença de moléculas torna-se cada vez mais
rara, a partir da base, sendo os elementos encontrados mais na forma
monoatômica.
• O vapor d‘água e o CO2 praticamente já não existem mais a partir dos 60
km aproximadamente. Nessa região, onde são observadas as auroras,
predomina a ocorrência de íons e partículas livres. Em razão do perfil de
temperatura semelhante ao da troposfera, os movimentos verticais,
embora tênues, existem.

3.6. Mesopausa:

É a região de transição entre a mesosfera e a termosfera. Como as outras


regiões de transição, apresenta isotermia. Possui uma espessura média de 10
km, com limites entre 80 e 90 km.
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3.7. Termosfera:

A partir de 90 km de altitude, a termosfera estende-se por centenas de


quilômetros em direção ao espaço, sendo seu limite superior considerado
como o "topo da atmosfera", a 1.000 km de altitude.

• Caracteriza-se por um contínuo aumento da temperatura média do ar


com a altitude. Embora a noção de temperatura se torna imprecisa em
razão da rarefação de moléculas, pode-se dizer que varia de 500 K a
2.000 K, dependendo da atividade solar e do horário.

• Nos primeiros 50 km da Termosfera encontra-se uma camada com


propriedades peculiares denominada de Ionosfera. A concentração de
íons aumenta com a altitude na atmosfera superior, advindo daí o termo
Ionosfera a ela aplicado.

• Apresenta uma considerável quantidade de átomos e moléculas


ionizados, bem como elétrons livres, o que lhe confere a propriedade de
refletir eficientemente as ondas de rádio (Isso é devido à ação
fotoquímica da radiação solar de baixos comprimentos de onda).

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4. Composição da atmosfera

A composição da atmosfera, certamente, tem variado desde sua origem,


embora isso não seja fácil de comprovar. O lançamento de gases na
atmosfera pelos vulcões, ao longo do tempo geológico, fornece subsídios
que sustentam sua variabilidade.

 Existe na atmosfera um grupo de gases com concentrações


aproximadamente constantes (até cerca de 90 Km de altitude). São os
chamados gases "permanentes" ou "não-variáveis".
 Os demais, que não apresentam concentração fixa, são denominados
gases "variáveis".

As Tabelas 1 e 2: componentes mais importantes da Atmosfera,


classificados em gases "não-variáveis" e os "variáveis".
A Tabela 3: relação detalhada dos componentes troposféricos do ar. A
predominância de N2 e O2 e a presença dos gases inertes Ar, Ne He, Kr e Xe
são considerados resultantes de uma seqüência evolucionária na atmosfera.
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TABELA 1 - Constituintes " Não-variáveis " do Ar Atmosférico (FLEAGLE e BUSINGER, 1980),


citado por VIANELLO e ALVES (1991)
Constituinte Conteúdo (% por volume)
Nitrogênio - N2 78,084
Oxigênio - 02 20,948
Argônio - Ar 0,934
Neônio - Ne 1,818 x 10-3
Helio - He 5,240 x 10-4
Metano - CH4 2,000 x 10-4
Criptônio - Kr 1,140 x 10-4
Hidrogênio - H2 0,500 x 10-4
Xenônio - Xe 0,087 x 10-4

TABELA 2- Constituintes "Variáveis " do Ar Atmosférico (FLEAGLE e BUSINGER, 1980),


citado por VIANELLO e ALVES (1991)
Constituinte Conteúdo (% por volume)
Vapor d'água - H2O 0 a 7
Dióxido de carbono - CO2 0,033
Ozônio - O3 0 a 0,01
Dióxido de enxofre - SO2 0 a 0,0001
Dióxido de nitrogênio - NO2 0 a 0,000002

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Considerações complementares sobre a atmosfera:

 Pode-se considerar, de uma forma bem simples, que a atmosfera = ar


seco + vapor d’água + partículas sólidas em suspensão.

 A composição média do ar seco é de aproximadamente 78% de


nitrogênio, 21 % de oxigênio, 0,93%, de argônio, 0,033% de dióxido de
carbono e o restante de neônio, hélio, criptônio, xenônio, ozônio,
hidrogênio, dióxido de nitrogênio e outros gases.

 A concentração de vapor d’água na atmosfera, embora relativamente


pequena, pois dificilmente ultrapassa 4 % em volume, é bastante
variável e, em geral, diminui com altitude (Miller, 1971, citado por
Varejão-Silva, 2001).

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 Apesar de sua baixa concentração, o vapor d’água é um constituinte


atmosférico importantíssimo por interferir na distribuição da temperatura.
 A composição do vapor d’água na atmosfera varia de região para região,
estando entre 0% nas regiões desérticas e 4% em regiões de florestas
tropicais.
As partículas sólidas em suspensão (aerossóis) têm origem no solo (sais
de origem orgânica e inorgânica), em explosões vulcânicas, na
combustão de gás, carvão e petróleo, na queima de meteoros na
atmosfera, etc.
 A atmosfera pode ser considerada como um vasto reservatório e um
sistema de transporte e distribuição do vapor d’água, onde se realizam
transformações à custa do calor recebido do Sol.
 Em regiões tropicais, quentes e úmidas, o vapor d’água pode ser
encontrado, próximo à superfície, em uma proporção tão alta quanto 40 g
por quilograma de ar seco e nas zonas polares frias e secas, essa cifra
pode cair para cerca de 0,5 g /kg.

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5. Umidade atmosférica

Existe sempre alguma água, na forma de vapor, misturado com o ar por toda
atmosfera.

A fração do vapor d`água na a atmosfera é muito pequena quando


comparada com as quantidades de outros gases presentes. Entretanto
ele é o grande responsável pelas condições tempo reinantes. A
precipitação é derivada dessa água atmosférica.

O ar é uma mistura de ar seco + vapor d’água + partículas sólidas em


suspensão.

A umidade do ar refere-se exclusivamente ao vapor de água presente.


Desta feita, não considera a água nos estados líquido e sólido.

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Pode-se dizer que:

 O Vapor d`água controla as taxas de evaporação do solo e de massas


d’água e de transpiração das plantas.

 A capacidade do ar de conter água na forma de vapor depende quase


que exclusivamente da temperatura. As variações de temperatura são
mais significativas que as de pressão.

 Para cada temperatura, existe uma quantidade máxima de vapor que


uma massa de ar pode conter (vapor de saturação).

 Quando há resfriamento, o ar perde a capacidade de absorver umidade


e o vapor condensa-se na forma de gotículas. Nuvens e nevoeiros

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É importante o hidrologista estar familiarizado com os métodos de


avaliar o conteúdo de vapor d`água na atmosfera e conhecer os
efeitos termodinâmicos da umidade na atmosfera.

Em Meteorologia, por sua vez, segundo Villela e Mattos (1975), as


pressões consideradas são relativamente pequenas, podendo
ser considerada uma gás ideal.

Essa mesma consideração pode ser feita com respeito a vapor


d`água, excetuando-se pequenos intervalos de pressão e
temperatura próximos ao ponto de orvalho.

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5.1. Comportamento dos gases na atmosfera

Na atmosfera, como mencionado, em geral, os gases se comportam


praticamente como gases ideais. E um gás é dito perfeito ou ideal,
somente quando obedecem rigorosamente as leis de Boyle,
Charles - Gay Lussac.

Entre as moléculas de um gás ideal não existe qualquer tipo de interação,


exceto quando colidem. Tais colisões, entretanto, são consideradas
perfeitamente elásticas e de duração desprezível.

O comportamento dos gases reais é tanto mais próximo de um gás ideal


quanto mais elevada for sua temperatura e mais baixa for a pressão.

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Equação do estado para o vapor d'água, para o ar seco e para o ar


úmido

Vamos considerar uma amostra de ar úmido de massa m, encerrada num


volume V, sob pressão P. Essa amostra é constituída de uma massa mv de
vapor d'água, sendo o restante, md, denominada massa de ar seco, que
compreende todos os outros constituintes da amostra (N2, 02, CO2, ...),
exceto o vapor d'água.

m = mv + md

DALTON observou que em uma mistura de gases, cada um deles


atua independentemente, sendo que "a pressão total de uma
mistura de gases (perfeitos) é igual à soma das pressões parciais
dos seus constituintes“ (lei de Dalton).

Então, em outras palavras, temos que em uma mistura de gases cada


um deles atuam independentemente, sendo a pressão total igual à
pressão de cada componente (Lei de Dalton).

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Aplicando-se a lei de Dalton para o ar, temos:

Patm = P N2 +P O2 + PAr + PCO2 + P Vapor d'água + ......... Equação 01

Por PRESSÃO PARCIAL, entende-se como sendo:

A pressão que o constituinte exerceria se ocupasse sozinho o volume da


mistura, à mesma temperatura da mistura. Como a amostra de ar úmida foi
considerada como uma mistura de dois constituintes, isto é: vapor d'água e
ar seco, então, temos:

Patm = e + Pd Equação 02

Patm = pressão atmosférica;


e = pressão parcial do vapor d'água;
Pd = pressão parcial do ar secoar seco

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Pressão de vapor d’água (e).

A pressão atmosférica, com vimos, decorre de uma composição de


pressões parciais exercidas pelos gases que a constituem. A parcela
de pressão devida a presença do vapor d’água é denominada
pressão de vapor d’água (e).

Vamos supor uma superfície de água em evaporação, em um


sistema fechado, envolta em ar. O que acontece ?

Sob a ação de uma fonte de calor, a água vai sendo evaporada


até o estado de equilíbrio, quando o ar está saturado de
vapor e não pode mais absorvê-lo. As moléculas de vapor
d’água exercerão então uma pressão, denominada pressão de
saturação de vapor d’água (es), para determinada temperatura
do sistema.
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UNIDADES DE PRESSÃO:

Uma atmosfera-padrão é a pressão que equivale à pressão exercida por


uma coluna de mercúrio (Hg) de 76 cm de altura. Daí uma unidade de
pressão ser expressa pela altura de uma coluna de mercúrio, geralmente
medida em cm ou mm.

Temos assim:

1 Atm = 76 cmHg = 760 mmHg = 1.013.250 b = 1033 cm H2O


1 Atm = 1Bar = 1013,25 hPa
1 hPa = 100 Pa
1 mb = 0,75 mmHg
1 Atm = 14,6959 libras por polegada quadrada (indústrias, pneus)

A coluna de mercúrio pode ser substituída por qualquer outro liquido. A


água é também utilizada para se medir pressão.

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O valor da pressão de saturação (es) muda com a temperatura (Figura 1).

A Figura 1 mostra o que


ocorre com a parcela de ar
“P”, com pressão de vapor “e”
e temperatura “t”
Podemos observar pela
curva que “P” está abaixo
da curva de pressão. O que
significa?

Figura 1. Pressão de saturação de vapor (Fonte: Varejão-Silva, 2001)


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5.2. Quantidade de vapor d`água

Existe um limite para a quantidade de vapor d’água que um dado volume de


ar pode suportar, ‘
O ar quente pode suportar mais vapor do que o ar frio, e para cada
grau de elevação da temperatura, verifica-se, também, um
aumento do conteúdo do vapor d’água para a saturação.

A quantidade de vapor d`água que pode existir em dado espaço é uma função
da temperatura e independe da coexistência de outros gases. Quando a
máxima quantidade de vapor d`água para uma determinada temperatura
está contida em um espaço, diz-se, então, que o espaço encontra-se
saturado.
A pressão exercida pelo vapor em um espaço saturado é
denominada de pressão de saturação es, que para fins práticos
é máxima de pressão de vapor possível para um dada
temperatura.

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Na atmosfera, a quantidade de vapor d'água que se encontra presente é


variável, podendo o ar estar ou não nas condições de saturação.

• Em condições de ar saturado:

A pressão real de vapor d'água, isto é, a pressão parcial exercida pelo


vapor d'água na atmosfera, corresponderá à pressão de saturação es,
que é, como foi mencionado, uma função apenas da temperatura do ar.

• Em condições de ar não saturado:

A pressão real de vapor será menor que àquela que prevaleceria em


condições saturadas, à mesma temperatura. A razão entre essas duas
pressões (real e de saturação), vai nos dar a umidade relativa do ar.

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Princípios do vapor d`água:

Os princípios do vapor d`água, ajudam a compreender melhor esta


relação:
 quanto maior a quantidade de vapor existente no ar, maior a pressão de
vapor e;
 a uma dada temperatura T, existe um máximo de vapor que o ar
pode reter e, neste máximo, o ar é denominado saturado e sua pressão
de vapor é denominada de pressão de saturação, e;
 quanto maior a temperatura do ar, maior a quantidade de vapor que o
ar pode reter, isto é, quanto maior T, maior e,.

Vê-se, portanto a partir destes princípios, que o ar frio pode "carregar" menos
vapor d'água do que um ar quente.

Em ambientes fechados, como estufas, por exemplo, depois que o ar absorveu todo o
vapor que podia reter àquela temperatura, o excesso de vapor que por evaporação e
transpiração é jogado no ar, volta para a fase líquida pelo processo de condensação.

Daí, nota-se que gotículas começam a se depositar nas superfícies expostas.

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Expressões para o cálculo da pressão de saturação (Vianello e Alves,


1991):

Existem na literatura várias expressões para o cálculo da pressão de


saturação es, obtida por integrais a partir da equação de Clausius –
Clapeyron. Uma delas, a fórmula de Magnus, em cuja derivação o calor
latente de vaporização (L) é considerado como uma função linear da
temperatura, pode ser expressa como:
Sendo,
es = 10(-2937,4/T - 4,9283 log10 T + 23,5470) T em graus Kelvin e es em milibars

Dentre as diversas expressões apresentadas na literatura para o cálculo de es, aquelas


propostas por Tetens mostram ótimos resultados quando comparadas com as fórmulas
de Goff – Gratch, podendo, portanto, serem utilizadas na grande maioria das
aplicações. Assim, Usando a temperatura em graus Celsius e a pressão de saturação
em bar, as equações de Tetens podem ser escrita da seguinte forma:

(7,5 * T)
eS = 6,1076 * 10 (237,3 + T) = para T > = 0º Equação 03
(9,5 * T)
esu = 6,1076 * 10 (265,5 + T) = para T < = 0º Equação 04
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A Tabela 03 apresenta, seguir, alguns valores de ‘es” para temperaturas


entre 15 e 44 º C, obtidas pela equação anterior, para temperatura acima ou
igual 0º

Exemplo:
Vamos supor uma T = 27,0 0 C, temos es = 3,56 kPa = 26,74 mm Hg.
Isto significa que a 27,0 0 C, o ar pode reter um máximo de vapor d'água
que lhe confere uma pressão de 35,649 mb ou 3,56 kPa. Com isto todo
excesso de água que porventura entra no sistema condensa-se.
Se, por exemplo, uma massa de ar a 27,0 0C tem uma pressão de vapor
de 2,0 kPa, isto significa que ele não está saturado.

d = es - e (déficit de saturação) => d=3,56 - 2,00 = 1,56 kPa.

O déficit de saturação (d) representa a pressão que falta para o ar se


saturar. Na realidade o "d " dá uma dá uma idéia da umidade do ar e
logicamente, quanto menor o déficit, mais saturado é saturado o ar.

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Tabela 03. Pressão de saturação do vapor d`água (sobre a água), em milibares, em função da temperatura
(LIST, R. J., 1971), continuação.

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Elementos de hidrometeorologia

Obtenção da Umidade Atmosférica

 Os higrógrafos: aparelhos para registro contínuo da umidade relativa


que, freqüentemente, encontram-se combinados com termógrafos,
constituindo os higrotermógrafos ou termoigrógrafos. São aparelhos
úteis, principalmente porque fornecem registros contínuos, mas não
oferecem precisão, tampouco exatidão (Figuras 02 e 03).
 Os psicrômetros: são considerados instrumentos mais confiáveis. A
partir das temperaturas de bulbo seco e úmido, podem-se obter
todas as características psicrométricas do ar atmosférico (Figura 04)

O conhecimento das características psicrométricas é de alta


relevância, não só para fins meteorológicos, mas também para
fins práticos relacionados com engenharia de alimentos,
processamento de produtos biológicos, armazenamento,
secagem de produtos agrícolas, etc.
Os psicrômetros de aspiração são considerados instrumentos de
referência para o cálculo dos parâmetros da umidade do ar.

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Elementos de hidrometeorologia

Figura 2. Higrógrafo
Figura 3. Termohigrógrafo

Figura 4. Psicrômetro

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Elementos de hidrometeorologia

4.3. Temperatura no Ponto de Orvalho

Existem várias maneiras de produzir a saturação do ar ambiente:


• pelo decréscimo da temperatura, reduzindo assim a capacidade do ar
atmosférico para conter o vapor d'água;
• aumentando a quantidade de vapor d'água presente no ar;
• reduzindo a temperatura e, paralelamente, aumentando a quantidade de
vapor etc.

A Temperatura no PONTO DE ORVALHO: é definida como "a temperatura na qual a


saturação ocorreria se o ar fosse resfriado a pressão constante e sem adição ou remoção
de vapor d'água". Em outras palavras, é a temperatura na qual a quantidade de vapor
atualmente presente na atmosfera estaria em sua máxima concentração.

Ela pode ser estimada por meio da equação a seguir, fazendo-se e = es, ou seja:

Td = 186,4905 - 237,3 log10e


log10e - 8,2859 Equação 05

Sendo: "e" a pressão real de vapor, em milibars, e "Td" a temperatura do ponto de orvalho, em 0C.

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Elementos de hidrometeorologia

Métodos para determinar a Umidade do Ar

Existem basicamente três métodos: o método analítico, o método tabular e o


método. Vamos apresentar somente o método analítico.

MÉTODO ANALÍTICO:

Apresenta a vantagem de ser preciso e desvantagem de ser relativamente


demorado. Trabalha-se com os termômetros de bulbo seco e úmido, para
obter:
 Depressão psicrométrica: diferença entre a temperatura do bulbo seco
(t) e a temperatura do bulbo úmido (tu) ou seja: At = (t - tu).
 Pressão de saturação do vapor: pode ser obtida a partir da Equação de
Tetens, apresentada anteriormente.
 Pressão real de vapor: conhecidas a depressão psicrométrica, a pressão
de saturação do vapor (à temperatura do bulbo úmido) e a pressão
atmosférica, pode-se determinar a pressão real de vapor por meio da
seguinte equação psicrométrica.
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Atmosfera: composição, vapor d`água e
umidade
Equação psicrométrica:

e = esu - A. P. (t- tU ) Equação 06

Em que,

e = a pressão real de saturação do vapor em mmHg;


esu = a pressão de saturação do vapor (mmHg) á temperatura do bulbo
úmido;
A = constante psicrométrica(0C-1), cujos valores são 6,7 x 10-4 0C-1
(psicrômetro aspirado), e 8,0 x10 -4 (psicrômetro sem aspiração)
P = a pressão atmosférica local instantânea (mmHg);
(t - tu) = a depressão psicrométrica, em 0C.

 Temperatura do ponto de orvalho: obtida por meio da equação


anterior,

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Atmosfera: composição, vapor d`água e
umidade
Quantificação da umidade atmosférica

Os principais índices utilizados para quantificar a umidade atmosférica são:


umidade absoluta, a umidade específica, a razão da mistura e a
umidade relativa.

A UMIDADE RELATIVA é a forma mais prática de definir a quantidade de


água presente na atmosfera em muitos problemas de hidrologia. Ela pode
ser quantificada como sendo a relação entre a pressão real de vapor
d`água e a pressão de saturação de vapor d`água, cuja equação é que
se segue:

Expressa em percentagem é dada por:


e
UR = ------ * 100
es Equação 07

e = Pressão parcial de vapor d`água.


es = Pressão parcial de vapor d`água.

(O índice "s" refere-se à saturação)

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Atmosfera: composição, vapor d`água e
umidade
Exemplo:
Considere as leituras de um psicrômetro aspirado, sendo a temperatura do
bulbo seco 18,00C, a do bulbo úmido 16,20C e a pressão atmosférica 720
mmHg.
Determinar:
a) depressão psicrométrica;
b) pressão de saturação do vapor à temperatura do ar e à temperatura do bulbo
úmido;
c) pressão real de vapor:
d) Temperatura do ponto de orvalho;
e) umidade relativa do ar.

a) depressão psicrométrica;
∆t = t - tU = 18,0 - 16,2 = 1,8 0 C.
b) pressão de saturação do vapor à temperatura do ar e à temperatura do bulbo úmido;
(7,5 * 18,0)
eS = 6,1076 * 10 (237,3 +18,0) = 20,6 mb = 15,5 mmHg

(7,5 * 16,2)
esu = 6,1076 * 10 (237,3 +16,2) = 18,4 mb = 13,8 mmHg

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c) pressão real de vapor

e = 13,8 - 6,7 x 10-4 x 720 x (18,0 - 16,2) = 12,9 mmHg = 17,2 mb.

d) temperatura do ponto de orvalho;

186,4905 - 237,3 log 17,2


10
Td = ------------------------------- = 15,1 0C
log 17,2 - 8,2859
10

e) umidade relativa do ar.

17,2
UR = -------- 100 = 83,5 %
20,6

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2ª PARTE:

PRECIPITAÇÃO

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PRECIPITAÇÃO

1. Considerações iniciais

A precipitação constitui o mais importante componente do ciclo hidrológico,


formando o elo entre a água da atmosfera e a água do solo, principalmente
com respeito ao escoamento superficial.

Em geral, o termo precipitação é empregado para todas as formas


de umidade emanadas da atmosfera e depositadas na superfície
terrestre , como chuva, orvalho, neblina e geada.

As características principais das precipitações são o seu total, a duração e


suas distribuições temporal e espacial. O total precipitado não tem
nenhuma importância se não estiver ligado a uma duração.

Uma chuva de 100 mm, por exemplo, pode ser pouca em um mês, mas é
muito significativa em um dia, e, mais ainda, é muito em uma hora.

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PRECIPITAÇÃO

Os estudiosos nos assunto consideram que:

 A topografia é importante pela sua influência na precipitação, além do


que determina a ocorrência de lagos e pântanos e influi (juntamente com
o solo e a vegetação) na definição da velocidade do escoamento
superficial.

 Há de se destacar, também, as características geológicas, que além de


influenciarem a topografia, definem o local do armazenamento
(superficial ou subterrâneo) da água proveniente da precipitação, isto é,
na superfície em forma de escoamento superficial, em rios ou lagos, ou
no subsolo como escoamento subterrâneo ou confinada em aquíferos.

Precipitação é o processo pelo qual a água condensada


proveniente do vapor d`água da atmosfera atinge
gravitacionalmente a superfície terrestre.

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PRECIPITAÇÃO

2. Formação e tipos de precipitação

2.1. Formação

A umidade atmosférica é o elemento indispensável para a ocorrência


de chuva. Entretanto, ela não responde sozinha por sua formação,
que está intimamente ligada a ascensão das massas de ar.

Quando ocorre esse movimento vertical e o ar é transportado


para níveis mais altos, seja por convecção, relevo ou ação
frontal das massas, há uma expansão devido a diminuição da
pressão.

Essa expansão é adiabática, uma vez que não há troca de


calor com o ambiente. Porém, a temperatura é reduzida, devido a
energia térmica ter sido utilizada em seu processo de expansão.

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PRECIPITAÇÃO

Como se forma a precipitação?

O ar úmido das camadas mais baixas, aquecido por condução, torna-se mais
leve que o ar das vizinhanças e sofre ascensão adiabática. Neste processo ele
se expande e se resfria na razão de 1ºC/100 m (expansão adiabática seca)
até alcançar a condição de saturação (nível de condensação). Depreende-se,
assim, que a formação das precipitações está ligada à ascensão de massas
de ar úmido.

 À medida que a massa de ar se eleva na atmosfera, elas se expandem


em decorrência da diminuição da pressão atmosférica com a altura.

 Como o ar é um mal condutor de calor e o processo desenvolve-se


rapidamente, a expansão é considerada como processo adiabático
(processos em que se verificam variações de energia interna sem se
acréscimo ou supressão de calor, ou seja não há troca de calor)

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PRECIPITAÇÃO

 Em complemento, pode-se acrescentar que a ascensão da massa de ar


úmido provoca um resfriamento dinâmico, ou adiabático, que pode fazer
o vapor atingir o seu ponto de saturação, também chamado nível de
condensação – o ar expande nas zonas de menor pressão.

 A partir do nível de condensação, em condições favoráveis e com a


existência de núcleos higroscópios, o vapor d’água condensa, formando
minúsculas gotas em torno desses núcleos.

 Enquanto as gotas não possuírem peso suficiente para vencer a


resistência do ar, elas ficarão mantidas em suspensão, na forma de
nuvens e nevoeiros.

 Somente quando atingem tamanho suficiente para vencer a resistência


do ar, elas se deslocam em direção ao solo.

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PRECIPITAÇÃO

 Em condições favoráveis e na presença de núcleos higroscópicos


(poeira, gelo, sal, cristais de gelo), o vapor d’água se condensa,
formando minúsculas gotícula em torno desses núcleos. Essas gotas, se
mantém suspensas, até atingirem volume e peso suficiente para vencer
as forças de sustentação e ocorrer a precipitação.

 Nas nuvens, sob condições especiais de vapor saturado e na presença de


“núcleos de condensação”, a água condensa, formando gotículas cada vez maiores.

 Por crescimento e aglutinação, estas gotículas atingem um tamanho tal que as


forças de convecção dentro da nuvem são anuladas por seu peso (gravidade),
iniciando-se o processo de precipitação. Se as gotas de chuva se resfriarem a uma
temperatura abaixo de 0o C, elas se congelam e teremos a chuva de pedra ou
granizo.

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PRECIPITAÇÃO

Mecanismos de formação das chuvas

 Para ocorrer a precipitação, torna-se necessário não somente


que a água retorne à fase líquida (processo que recebe o nome
de CONDENSAÇÃO), mas, também, que as gotas cresçam até
um tamanho suficiente para que sob a ação da atração
gravitacional vençam a resistência e as correntes de ar
ascendentes.

 O crescimento das gotículas formadas por condensação é


chamado de COALESCÊNCIA.

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PRECIPITAÇÃO

Condensação:

Ao resfriar, próximo à temperatura do Ponto de Orvalho, inicia-se a


condensação. Este processo vai acontecer somente se existirem na
atmosfera os chamados núcleos de condensação (sais - partículas ou
superfícies onde o vapor d’água possa ter como base de apoio para retornar
à fase líquida).

Esses núcleos de condensação podem ser comparados em macroescala à


superfície dos automóveis, onde em noites frias acumula-se água ou o
embaçamento que ocorre quando se dirige com os vidros fechados em dias
frios.

Os Núcleos de condensação eficientes na atmosfera são higroscópicos como:


- o sulfato de amônio, emitido com resíduos de processos industriais, e
- o sal marinho (abundante), que necessita de uma umidade relativa entre
97 a 98% para o início da condensação

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PRECIPITAÇÃO

Coalescência:

A nuvem tem uma tendência a se autodestruir devidos as forças que


promovem a coalescência, ou seja a união das gotículas.

A coalescêcia (do latim, coalescere. "aderir, unir, aglutinar") é um


processo que promove uma rápida união de um grande numero de
elementos de nuvem até um tamanho suficiente para transforma-los em
elementos de precipitação.

A coalescência é o resultado de alguns processos físicos que são


diferentes daqueles que regem a condensação.

Dentre eles os mais importantes sao:


• Absorção de uma gotícula durante choque entre elas em virtude de
movimentos turbulentos no interior da nuvem,
• Diferenças de temperaturas entre os elementos de nuvens,
• Diferenças de tamanho entre os elementos de nuvens,
• Existência de cargas elétricas entre os elementos de nuvens.

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PRECIPITAÇÃO
Crescimento das gotículas

 Inicialmente a formação da precipitação se faz por difusão do vapor


d'água em direção à sua superfície, sobre a qual se condensa.
O ar, após atingir o nível de condensação, continua evoluindo e
difundindo o vapor supersaturado e sua consequente condensação em
torno das gotículas, as quais aumentam seu tamanho.

 E a partir de um determinado diâmetro, o crescimento das gotas se faz


principalmente pela colisão e coalescência das gotas em decorrência
de diferenças de velocidades de queda causada por gravidade, por
movimentos turbulentos do ar em pequena escala, por movimento
browniano e por forças elétricas.

O aumento da gota se deve ao contato com outras gotas através da


colisão (turbulência do ar, forças elétricas e movimento Browniano). Na
queda, gotas maiores alcançam as menores, incorporando-as e por ação
da resistência do ar, são “partidas”, liberando outras gotas menores e
assim por diante (Figura 5)

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PRECIPITAÇÃO

O processo de crescimento
é lento inicialmente e se
intensifica com o aumento
do tamanho das gotas.

Figura 5. Representação do
processo de coalescência
(Adaptado de Lutgens & Tarbuck,
1989). Fonte: Mello e Silva (2013)

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PRECIPITAÇÃO

A PRECIPITAÇÃO, na forma de chuva, de neve e de granizo, é o principal


mecanismo natural de restabelecimento dos recursos hídricos da superfície.
Por precipitação entende-se como sendo todas as formas de umidade
transferida da atmosfera para a superfície terrestre, tais como: saraiva,
granizo, neve, orvalho, geada, chuvisco, neblina e garoa, e chuva.

Saraiva: é a precipitação sob a forma de pequenas pedras de gelo


arredondadas com diâmetro em torno de 5 mm.
Granizo: é precipitação sob a forma de pedras de gelo, podendo ser de forma
arredondada ou irregular, com diâmetro superior a 5 mm.
Neve: é a precipitação sob a forma de cristais de gelo que durante a queda
coalescem formando blocos de dimensões e formas variadas.
Orvalho: é condensação do vapor d`água do ar sobre objetos expostos ao
ambiente durante a noite, devido a redução da temperatura do ar atéo
ponto de orvalho.
Geada: é a formação de cristais de gelo a partir do vapor d’água, de maneira
semelhante ao orvalho, porém à temperatura inferior a 0ºC.
Chuvisco, neblina e garoa: são formações de precipitação da água na fase
líquida muito fina e de baixa intensidade.
Chuva: é a ocorrência da precipitação na forma líquida com intensidades
superiores à anterior.

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PRECIPITAÇÃO

3. Tipos de precipitação

As precipitações são classificadas de acordo com as condições que


produzem o movimento vertical (ascensão) do ar.

Essas condições são criadas em função de fatores tais como convecção


térmica, relevo e ação frontal de massas de ar. Baseando-se no mecanismo
de que origina a elevação das massas de ar, temos os tipos: Orográficos,
convectivo e frontal.

Precipitações orográficas:

Resultam da ascensão da ascensão mecânica de correntes de ar úmido


horizontais sobre barreiras naturais, tais como montanhas.
Ocorrem quando uma massa de ar quente e úmido que sopram do oceano
para o continente encontram uma barreira montanhosa, elevam-se e se
resfriam adiabaticamente havendo condensação do vapor, formação de
nuvens e ocorrência de chuvas.

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PRECIPITAÇÃO

As precipitações orográficas
(Figura 06) ocorrem nas regiões
que apresentam grandes
variações de altitude, podendo
abranger o ano todo ou qualquer
época do ano.

São chuvas de menores


intensidade, grande duração e
cobrem pequenas áreas. São os
chuviscos, neblinas e garoas
típicas da Serra do Mar, no Brasil
(Norte de Santa Catarina ao Rio
de Janeiro). Figura 06. Ilustração de chuvas orográficas

Se os ventos conseguem ultrapassar a barreira montanhosa, do lado oposto


projeta-se uma sombra pluviométrica, dando lugar às áreas secas, ou
semiáridas, causadas pelo ar seco, já que a umidade foi descarregada na
encosta oposta

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Precipitações convectivas:

Essas precipitações ocorrem-se em época de maior ganho de energia do ano.


O aquecimento desigual da superfície terrestre provoca o aparecimento de
camadas de ar com densidades diferentes, o que gera uma estratificação
térmica da atmosfera em equilíbrio instável. Se esse equilíbrio é quebrado por
qualquer motivo (vento, superaquecimento, etc.), ocorre uma ascensão
brusca e violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes.

 Quaisquer perturbação (rajada de ventos, etc.) provoca uma ascensão


violenta das camadas de ar mais quentes, capaz de atingir a grandes
altitudes.

 Na região tropical é o tipo de precipitação mais freqüente (chuvas de


verão). São causadas pelo movimento de massas de ar mais quentes
que sobem e condensam.

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 As precipitações convectivas (Figura 07) ocorrem, principalmente, devido


à diferença de temperatura nas camadas próximas da atmosfera
terrestre. São típicas de regiões tropicais, e caracterizam-se por serem
de curta duração, porém de alta intensidade e abrangem pequenas
áreas.
 Ao elevar-se sofre uma rápida expansão adiabática resfriando-se,
condensando e com os intensos movimentos turbulentos no interior da
nuvem formada. Devido à alta energia da parcela a coalescência forma
gotas de grande tamanho.

São importantes para projetos


desenvolvidos em pequenas bacias,
e na análise de problemas de
drenagem de maneira geral (cálculo
de bueiros, galerias de águas
pluviais, etc.), envolvendo
problemas de controle de erosão.

Figura 07. Ilustração de chuvas convectivas


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Precipitações ciclônicas

Acham-se associadas à movimentação de massas de ar de regiões


de alta pressão para regiões de baixa pressão, causada
normalmente pelo aquecimento desigual, em grande escala, da
superfície terrestre (Figura 08).

Estas precipitações podem ser frontais e não-frontais.

• As não-frontais: são originadas devido à convergência horizontal de


duas massas de ar quente para regiões de baixa pressão culminando
na ascensão vertical do ar no ponto de convergência.
São de longa duração e apesentam intensidades de baixa a
moderada, espalhando-se por grandes áreas. Por isso são
importantes no desenvolvimento e manejo de manejo de projetos
em grande bacias hidrográficas. .
É o que ocorre na chamada zona de convergência intertropical(ZCIT),
onde ocorre a convergência dos alísios do Hemisfério Sul e do Norte,
provocando a ascensão do ar.
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• As frontais: são os tipos mais comuns. Originam-se devido a ascensão


de uma massa de ar quente sobre uma de ar frio de características
diferentes, na zona de contato entre elas.

Se a massa de ar se move de tal


forma que o ar frio é substituído
por ar mais quente, a frente é
conhecida como frente quente,
e se por outro lado, o ar quente
é substituído por ar frio, a
frente é fria. A Figura 07 ilustra
um corte vertical através de uma
superfície frontal.

Figura 08. Ilustração de chuvas ciclônicas

A Figura 09, a seguir, ilustra os três tipos de precipitação.

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Figura 09. Ilustração tipos dos três tipos de chuvas

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4. Grandezas e medidas de precipitação


4.1. Grandezas:

As grandezas que caracterizam as precipitações são a altura pluviométrica, a


intensidade, a duração e a frequência da precipitação.
 A altura pluviométrica (h): normalmente representada pelas letras h ou
P é a medida da altura da lâmina de água de chuva acumulada sobre
uma superfície plana, horizontal e impermeável. É conhecida, também,
como sendo a espessura média da lâmina d`água precipitada que
recobriria a região atingida pela precipitação, admitindo-se que essa
água não seja evaporada, não infiltrada e nem escoada para fora dos
limites da região.
• A altura de chuva é, normalmente, expressa em milímetros e
determinada pelo uso de aparelhos denominados pluviômetros.

A unidade de medição habitual da precipitação é o milímetro de


chuva, definido como a quantidade de chuva correspondente ao
volume de 1 litro por metro quadrado de superfície.
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PRECIPITAÇÃO

• As medidas realizadas nos pluviômetros são periódicas, feitas em geral em


intervalos de 24 horas, sendo mais comumente às 7 horas da manhã.

• O recipiente do pluviômetro deve apresentar um volume suficiente para


conter as maiores precipitações dentro do intervalo de tempo definido para
as observações.

 Em princípio, a altura pluviométrica fornecida pelo aparelho não depende


da área de interceptação.

 Existem provetas que são calibradas diretamente em milímetros para


medir o volume de água coletado. A precisão de todas as medições de
precipitação é o décimo de milímetro.

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PRECIPITAÇÃO

• No Brasil, o modelo mais adequado é o sifão de fabricação Fuess,


superfície receptora de 200 cm².

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PRECIPITAÇÃO

Em resumo:

Equação 08
− Altura pluviométrica: h = V/S

V = volume, em cm³
S = área, em cm²
h = precipitação, em mm

− Intensidade de chuva: i = V/(S.∆t) Equação 09

∆t = tempo em horas

- Duração: ∆t

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PRECIPITAÇÃO

Critério utilizados para caracterizar intensidades de chuva:

- Chuva fraca: 2,5 mm/h (máximo 0,25 mm em 6 minutos)


Gotas isoladas, facilmente identificáveis. Não se observa respingos sobre pavimentos,
telhados ou demais superfícies secas. Pingos ou filetes caem dos telhados ou calhas.

- Chuva moderada: 2,5 a 7,5 mm/h (0,25 a 0,75 mm em 6 minutos)


As gotas isoladas são dificilmente observáveis; observam-se pequenos respingos
sobre as superfícies planas. Formação relativamente rápida de poças d’água.

- Chuva forte: precipitações superiores a 7,5 mm/h (mais de 0,75mm por 6 minutos).
A chuva parece cair em lençóis, não sendo possível cair gotas isoladas. Aparecem
respingos grandes nas superfícies planas. Formação rápida de poças d’água.
Visibilidade prejudicada.

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PRECIPITAÇÃO

4.2. Aquisição de dados pluviométricos


A precipitação pode ser quantificada pontualmente por intermédio de dois
instrumentais meteorológicos:
 o pluviômetro e o pluviógrafo, e
 espacialmente o os radares meteorológicos.

Pluviômetro e o pluviógrafo
O pluviômetro e o pluviógrafo são aparelhos comumente utilizados nas
medições das chuvas (Figuras 10-a e 10-b).
• No Brasil, grande parte das medições é desenvolvida com base no
pluviômetro, por ser de simples uso, de fácil construção e manutenção, e
devido, principalmente, pela simplicidade de instalação.
• A maior dificuldade em se trabalhar com pluviômetros, consiste de sua baixa
capacidade em detalhar a distribuição temporal da chuva. O normal é obter
chuvas diárias, leituras diárias de 06 horas também pode ser conduzidas.
Isso implica em dificuldades de pessoal para execução dessa atividade.

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PRECIPITAÇÃO

Pluviômetros e pluviógrafos

Figura 10-a. Esquema de um Pluviômetro Figura 10-b. Pluviômetro tipo Ville de Paris
superfície receptora de 400 cm²

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• Para superar essa dificuldade, são usados os pluviógrafos, s os quais


registram analogicamente ou digitalmente o comportamento da precipitação
ao longo do tempo, e informações de 05 ou 10 minutos podem ser obtidas.
• Ainda é um equipamento de uso restrito no Brasil, podendo ser encontrado
em postos Estações Meteorológicas ou Climatológicas(INMET, CEMIG ou
IGAM) e o acesso à informação pode não ser tão simples.

Radares Meteorológicos

Refere-se à técnica de aplicação de ondas eletromagnética para detectar a


presença e as características de um objeto.
Não mede diretamente a chuva uma vez que recebe um determinado retorno
dos alvos de chuva, denominado de refletividade, que possui relação física com
os espectro de gotas observado. Não é muito usual.

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Tipos de pluviômetros

No Brasil há vários tipos de pluviômetros em operação, sendo os mais


comuns:
a. tipo Ville de Paris: mostrado na Figura 10-b, em operação (superfície
receptora de 400cm² – empregado pelas agências federais, como
DNAEE e Departamento Nacional de Meteorologia;

b. tipo Casella: com superfície receptora de 200cm² (Figura 11),


utilizado por entidades privadas. Na verdade, a área da superfície
receptora não é normalizada, variando de aparelho para aparelho
entre 100cm² e 1000 cm²

b. tipo Paulista: com superfície receptora de 500cm² (Figura 13), usado


pelas agências estaduais, como DAEE/SP;

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Figura 11. Pluviômetro tipo Casella Figura 12. Pluviógrafo sifão em operação
- superfície receptora de 200 cm²) (superfície receptora de 200 cm²)

Figura 13. Pluviômetro tipo Paulista - Figura 14. Pluviôgrafo tipo Paulista -
superfície receptora de 500 cm²) superfície receptora de 500 cm²)

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Registro a precipitação

Ao registro contínuo da precipitação dá-se


o nome de pluviograma, ou registro
pluviográfico (Figura 15). Com esse
pluviograma quantifica-se a altura
pluviométrica, assim como a intensidade
da chuva nos intervalos de tempo
considerados dentro da sua duração.

Em geral, com a resolução dos


pluviógrafos mecânicos convencionais
consegue-se extrair informações da
precipitação em intervalos de tempo
superiores a 5min.

Pluviômetro tipo Paulista - superfície


receptora de 500 cm².
Figura 15. Registrados de Pluviógrafos

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PRECIPITAÇÃO

Instalação de pluviômetros

A diferença básica entre pluviômetro e pluviógrafo é que este último registra


automaticamente os dados, ao contrário do pluviômetro, que requer leituras
manuais a intervalos de tempo fixo.

Apesar da Organização Meteorológica Mundial tentar uniformizar a instalação


dos aparelhos, existem várias regras.

• De uma maneira geral, admite-se que a interceptação da chuva deve ser


feita a uma altura média de 1 a 1,5 metros acima da superfície do solo.

• O aparelho de deve ficar longe de qualquer obstáculo que possa


prejudicar a medição (prédios, árvores, relevo, etc.)

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PRECIPITAÇÃO

Figura 16. Distância recomendada para instalação de pluviômetros. Fonte: Tucci


Hidrologia v. 4, Pág 491,

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Precipitação: representação

PRECIPITAÇÃO DIÁRIA
JANEIRO 2009

60

50 48
Precipitação (mm)

43
40
31,4 32
30 29
20,6
20
13
10 11,6 8,4
4,6 2,7 1,6 3,6
0,4 0,2 0,2 4,6 1,2
0 0,2 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Dias

Pluviógrafo

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Precipitação: representação

11
10
9
8
7
6
h (mm)
5
4
3
2
1
0
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
Pluviógrafo: Intensidade pluviométrica em trechos h1
(9 a 10h) e h2 (14 às 16h)

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Precipitação: climogramas

Climogramas

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Precipitação: relação chuva –
pluviômetro e proveta
Relação - altura da chuva no pluviômetro(H) e na proveta (h):

 Relaciona-se uma chuva de volume V e altura H com a área A de


recepção do pluviômetro da seguinte forma:

A = V/H, onde A = (∏ D²)/4,


temos, assim  V = H. (∏.D²)/4

 Para graduar a proveta de medição com diâmetro “d” e na qual o volume


“V” de chuva determina uma altura “h” (em mm), procede-se da seguinte
forma:
h = V/A, onde A =(∏ d²)/4 h=V/(∏ d²/4); onde V = h (∏.d²)/4,

Assim  H. (∏ D²)/4 = h. (∏d²)/4  H = h.(d/D)² Equação 10

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PRECIPITAÇÃO

Exemplo 1.
Supor uma coleta de dados pluviométricos, conforme Tabela 1, a seguir, com
anotações do tempo de coleta, altura de chuva e intensidade de precipitação.

Tempo Altura de chuva Intensidade de Precipitação

min h(mm) i(mm/h)


0 0,5 -
10 0,5 0
20 4,0 21,0
30 7,4 20,4
40 10,0 15,6
50 14,0 24,0
60 17,5 21,0
70 19,0 9,0
80 20,0 6,0

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Calcular a intensidade de chuva ocorrida no intervalo entre 50 e 60


minutos.

i = (h2 –h1)/(T2 – T1)

T1 = 50 min h1 = 14,0 mm
T2 = 60 min h2 = 17,5 mm

i = (17,5 - 14,0)/(60 – 50) = 3,5/10 = 0,35mm/min

i = 0,35 x 60 min = 21,0 mm/h

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Exemplo 02:

A título de exemplo, constrói-se a Tabela 02 para os valores das alturas


pluviométricas e das intensidades de chuva obtidos do pluviograma da
Figura 17, a seguir, para cada intervalo de tempo considerado.

• Com os valores levantados pode-se, ainda, construir o hietograma da


chuva, tomando-se intervalos de tempo, no caso, de 10min.

• Para a chuva do exemplo, tem-se que a sua duração é de


aproximadamente 50min (Figura 17), e o total precipitado é de
15,7mm.

• A intensidade pluviométrica média é obtida dividindo-se o total


precipitado pela duração da chuva:

iméd = 15,7x(60/50)=18,8mm/h.

A Figura 18 apresenta o hietograma citado.

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Figura 17. Pluviograma típico correspondente a uma dada chuva.

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Tabela 02. Alturas pluviométricas (P) e Figura 18. Hietograma das chuvas de 10
intensidade de chuva, conforme Figura 17. min, construído com base na análise do
pluviograma.

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5. Análise de dados pluviométricos


Uma vez coletados, os dados observados devem ser submetidos a uma
análise preliminar, antes de serem utilizados de forma a evitar conclusões
incorretas. Preliminarmente ao processamento dos dados
pluviométricos, faz-se necessário conhecer os seguintes
procedimentos:

 Detecção de erros grosseiros


• Registro de dias inexistentes
• Valores anormais de precipitação, com registro de quantidades
absurdas
• Erros de transcrição (preenchimento errado de caderneta)
 Preenchimento de falhas
É possível, após a análise preliminar, que as séries apresentem falhas ou
lacunas, oriunda, provavelmente, de defeito do aparelho ou ausência de
observador. Nesse caso deve ser feito o preenchimento de falhas
levando-se em conta os registro pluviométricos de três estações vizinhas,
como veremos a seguir.
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5.1. Preenchimento de falhas

Como mencionado, anteriormente, o preenchimento de falhas pode ser


necessário, uma vez que muitas estações pluviométricas apresentam falhas
em seu registro, devido a ausência do observador ou por problemas no
aparelho (danificado).

Existem vários métodos para se processar o preenchimento:

a. Regressão Linear

Um dos métodos mais aprimorado de preenchimento de falhas consiste em


utilizar regressões lineares, simples ou múltipla. A regressão linear explica o
comportamento de uma variável em função de outra.

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• No método da regressão linear as precipitações ocorridas no posto com


falha (Y) e do posto vizinho (X) são correlacionadas. O posto X estima
a precipitação no posto Y partir do valor de precipitação no posto X.

• Os coeficientes da equação linear (a e b) podem ser estimados plotando-


se os valores de precipitação de dois postos em um papel milimetrado
ou com a utilização do método dos mínimos quadrados.

Uma vez definida a equação do tipo Y = a + bX as falhas podem ser


preenchidas

Na regressão linear múltipla as informações pluviométricas do


posto Y são correlacionadas com as correspondentes observações de
vários postos vizinhos ( X1, X2, X3, X4 ..... ) através de equações como
Y = a bX1 + CX2 + dX3 + eX4 +........., onde a, b, c, d, e ......, são
os coeficientes a serem estimados a partir dos dados.

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b. Média aritmética dos postos vizinhos (Métodos das Médias Aritméticas).

Equação 11

PX = Precipitação a ser estimada no posto X


PA, PB, PC = Precipitação postos vizinhos A, B e C
n = Número de estações pluviométricas

Os métodos descritos nos itens “a” e “b” só devem ser utilizados em


regiões hidrologicamente homogêneas, isto é, quando as precipitações
normais anuais dos postos não diferirem entre si em mais de 10%. Para
isso devem ser consideradas séries históricas de no mínimo 30 anos

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c. Método das razões dos valores normais (Métodos das Médias Ponderadas)

Um método simples bastante utilizado para estimativa do valor de correção da


falha é o chamado Método de Ponderação Regional.

• Esta estimativa tem como base os registros pluviométricos de três estações


localizadas o mais próximo possível da estação que apresenta falha nos
dados de precipitação.
• Designando-se por X a estação que apresenta falha e por A, B e C as
estações vizinhas, pode-se determinar Px da estação X pela média
ponderada do registro das três estações vizinhas, onde os pesos são as
razões entre as precipitações normais anuais.

Equação 12

PX Precipitação a ser estimada no posto X


=
NX, NA, NB, NC = Precipitação média anual nos postos X, A, B e C
PA, PB, PC = Precipitação postos vizinhos A, B e C
n = é o número de estações pluviométricas

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Exemplo 01:

Supor que a Estação Meteorológica da Unimontes (Estação X) ficou


inoperante durante o mês de outubro/2014, durante a qual houve uma
precipitação. O total de registro nesse mês, em três estações próximas: A,
B e C, foi, respectivamente, 42,0; 35,0 e 48,0 mm. A média anual obtida nas
estações X, A, B e C foi de 585,0 mm; 651,0 mm; 568,0 mm; e 672,0 mm.

Solução: Temos então as precipitações:

• No mês: PA=42,0 mm; PB=35,0 mm; PC=48,0 mm


• Anual: NX=585,0 mm; NA=651,0 mm; NB=568,0 mm; NC=672,0 mm

Expressão a ser usada 

Estimar o valor da precipitação na estação X, ou seja PX?


PX = 1/3 [ (585/651). 42 + (585/568).35 + (585/672).48 ]
PX = 38,5 mm
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Exemplo 02:
Leitura dos dados:

Média de
Precipitações:

NX = 140,9696
NA = 114,3087
NB = 105,4391
NC = 123,1913

Precipitação no ano:

PA = 349,5
PB = 79,70
PC = 103,3

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Exemplo 03:

A Tabela ao lado apresenta as


precipitações totais para o mês de julho
(período de 1957 a 1975) observadas
nos seguintes postos localizados no
estado do Paraná (DNAE, 1984), para
Salto Osório, Balsa do Santana, Ponte
da Vitória e Águas do Verê.

Admitindo-se como desconhecido o


registro correspondente ao ano 1968
no posto Águas do Verê, preencha o
mesmo com base nos métodos de
regressão Linear e ponderação
regional apresentados anteriormente.

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Solução:

Método da Ponderação Regional

• Salto Osório e Águas do Verê  P1

• B. Santana – Águas de Verê  P2

• P. Vitorino – Águas de Verê  P3

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Solução:

Método da Regressão Linear

• S. Osório – Águas do Verê 

• B. Santana – Águas de Verê 

• P. Vitorino – Águas de Verê 

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5.2. Análise consistência de séries pluviométricas–dupla massa

Após o preenchimento da série é necessário analisar sua


consistência dentro de uma visão regional, isto é, comprovar o grau
de homogeneidade dos dados disponíveis num posto com relação às
observações registradas em postos vizinhos.

No Brasil, a prática comum é o de utilizar o método de análise de


dupla massa (desenvolvido pelo U. S. Geological Survey),
método válido para as séries mensais e anuais. A principal
finalidade do método é identificar se ocorreram mudanças no
comportamento da precipitação ao longo do tempo, ou mesmo no
local de observação.

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Base principal do Método de Dupla Massa

Esse método é baseado no princípio que o gráfico de uma quantidade


acumulada, plotada contra outra quantidade acumulada, durante o mesmo
período, deve ser uma linha reta, sempre que as quantidades sejam
proporcionais. A declividade da reta ajustada nesse processo representa,
então, a constante de declividade.
Vejamos algumas considerações:

 O método consiste em construir um gráfico em coordenadas cartesianas


uma curva dupla acumulativa, relacionando os totais anuais (ou
mensais) acumulados do posto a consistir (nas ordenadas) e a
média acumulada dos totais anuais (ou mensais) de todos os
postos da região (nas abscissas), hipoteticamente considerada
homogênea do ponto de vista hidrológico.
 Se os valores do posto a consistir são proporcionais aos observados na
base de comparação, os pontos devem se alinhar segundo uma única
reta (Figura 18 e 19). A declividade da reta determina o fator de
proporcionalidade entre ambas as séries.

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Figura 18. Dados de chuva sem problema de consistência.


Fonte: Professor Antenor R. Barbosa Jr.
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 Anormalidades na estação pluviométrica, decorrentes de


mudança do local ou das condições de operação do aparelho, de
erros sistemáticos, de mudanças climáticas ou de modificação no
método de observação podem ser identificadas pela análise de
dupla massa. Nestes casos, os pontos não se alinham segundo
uma única reta.

A seguir, alguns casos típicos relativos à aplicação da análise de


dupla massa em que são identificados, por diferentes razões,
problemas de consistência dos dados.

a. Mudança de declividade, determinando duas retas.


Este caso constitui exemplo típico da presença de erros sistemáticos, da
mudança das condições de observação do aparelho ou de alterações
climáticas no local provocadas, por exemplo, pela construção de
reservatórios artificiais (Figura 20).

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Figura 19. Análise de dupla massa Figura 20. Análise de dupla massa
sem inconsistência com inconsistência – com mudança
de tencdncia.

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Para se corrigir os valores correspondentes ao posto sob análise, existem


duas possibilidades:
• corrigir os valores mais antigos para a situação atual, ou
• corrigir os valores mais recentes para a tendência antiga.
A escolha da alternativa de correção depende das causas que provocaram a
mudança da declividade. Por exemplo, se forem detectados erros no período
mais recente, a correção deverá ser realizada no sentido de preservar a
tendência antiga.
Os valores inconsistentes podem ser corrigidos de acordo com a expressão:

Equação 13
Onde,
Pc = precipitação acumulada ajustada à tendência desejada;
Pi = valor da ordenada correspondente à interseção das duas tendências;
P0 = valor acumulado a ser corrigido;
Mc = coeficiente angular da tendência desejada; e
M0 = coeficiente angular da tendência a corrigir.

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Matematicamente pode-se avaliar


as observações atuais da seguinte
forma:

Equação 14

Ma = coeficiente angular da reta no


período anterior.
M0 = coeficiente angular da reta no
período de observação.

Figura 21. Representa uma curva dupla acumulada.


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b. Alinhamento dos pontos em retas paralelas
O alinhamento dos pontos segundo retas paralelas caracteriza a existência
de erros de transcrição de um ou mais dados. Pode, ainda, decorrer da
presença de anos extremos em uma das séries plotadas.
A ocorrência de alinhamentos segundo duas ou mais retas
aproximadamente horizontais (ou verticais), pode ser a evidência de
comparação de postos com diferentes regimes pluviométricos. Como
exemplo, a Figura 22 é construída a título de visualização deste caso.

Figura 22 – Situação característica


de análise de dupla massa, com
inconsistência, presença de erros
de transcrição.

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c. Distribuição errática dos pontos

A distribuição errática dos pontos é, geralmente, resultado da comparação


de postos com diferentes regimes pluviométricos, sendo incorreta toda
associação que se deseje fazer entre os dados dos postos plotados.
Uma vez finalizada a análise de consistência, pode ser necessária a revisão
dos valores previamente preenchidos.

O preenchimento das séries é


uma tarefa que deve ser efetuada
antes da análise de consistência,
para evitar distorções no gráfico
de dupla massa. Quando neste
gráfico forem observadas
modificações de tendências, o
preenchimento deverá ser
revisado.

Figura 23. Distribuição errática dos pontos


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Exemplo 01.

Supondo que uma reta de dupla massa foi criada com base nos pontos (0,0)
e (1200,1400), e esta mesma reta, atualmente apresenta (0,0) e
(1100,1200), qual será o valor corrigido de uma leitura de 1300 mm feita
atualmente.

• Ma = 1400/1200 = 1,17
• Mo = 1200/1100 = 1,09
• Po = 1300 mm

Substituindo esses valores na expressão:

Temos:
Pa = 1395,4 mm é o valor corrigido para a leitura atual de 1300 mm.

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Exemplo 02.

Considerando os dados
pluviométricos registrados
nos postos apresentados
na Tabela 04, vamos fazer
a consistência dos dados
do posto de Indaial.
Na Tabela 05 é mostra o
procedimento para o
traçado da Dupla Massa.

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Tabela 4. Correção dos valores de precipitação do posto Indaial a partir da
Análise de Dupla Massa

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Gráfico de análise da dupla massa

Figura 24. Análise de dupla massa


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5.3. Precipitação media sobre uma bacia hidrográfica

A maioria dos problemas hidrológicos requer a determinação da altura


média de precipitação ocorrida em uma bacia hidrográfica. Devido a
precipitação, pela própria natureza do fenômeno, não ocorrer de modo
uniforme sobre toda a bacia, é necessário calcular a altura média
precipitada. A precipitação média é necessário utilizar as observações

 Para aplicar o balanço hídrico sobre uma bacia, ou para determinar


os valores extremos das chuvas na região, o hidrologista está mais
interessado em conhecer a precipitação que cobre toda uma área, e
não exatamente os valores pontuais. Nos itens anteriores, o
tratamento dos dados pluviométricos e pluviográficos visaram
produzir estimativas pontuais da precipitação.

 Para calcular a precipitação média é necessário utilizar as


observações dentro da área de interesse e nas suas vizinhanças.
Aceita-se a precipitação média como sendo a altura uniforme da
lâmina d’água que cobre toda a área considerada, associada a um
período de tempo (uma hora, um dia, um mês, um ano, etc.).

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PRECIPITAÇÃO

Existem três métodos para se obter um valor médio da precipitação sobre


uma bacia hidrográfica: método aritmético, método de Thiessen e
método das isoietas.

O cálculo da média por estes métodos pode ser feito para um temporal
isolado, para totais mensais precipitados ou para os totais anuais.

5.3.1. Método Aritmético

Este método consiste em se calcular a média aritmética de todos os postos


situados dentro da área de estudo. É o de maior simplicidade, porém
apresenta algumas restrições quanto ao seu uso, tais como: os
postos devem ser uniformemente distribuídos, os valores de cada
posto devem estar próximos ao da média e o relevo deve ser o mais
plano possível.

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PRECIPITAÇÃO

Este método:

 Consiste simplesmente na soma das precipitações observadas nos


postos que estão dentro da bacia e dividir o resultado pelo número
deles;
 Não é recomendado para áreas com grandes variações de precipitação.
Recomendado para bacias menores que 5.000 km²;
 É recomendado para regiões planas ou levemente onduladas, com
postos pluviométricos uniformemente distribuídos;
 É usado apenas para comparações.

Equação 15

= Precipitação média na bacia;


= altura pluviométrica registrada em cada posto;
= número de postos na bacia hidrográfica.
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PRECIPITAÇÃO

5.3.2. Método de Thiessen(Polígonos de Thiessen

Neste método, para cada estação define-se uma área de influência dentro da
bacia. Assim, para o posto pluviométrico “i” tem-se a área Ai, tal que ∑Ai = A
(igual à área de drenagem da bacia hidrográfica). A precipitação média é então
calculada atribuindo-se um peso a cada altura em cada uma das estações,
peso este representado pela área de influência.

 Os postos são unidos por linhas retas, que dividem a área total em
uma série de triângulos;
 São baixadas perpendiculares ao meio dessas linhas, formando-se
uma série de polígonos;
 Pode-se aceitar estações fora da bacia hidrográfica;
 Aceita programas computacionais;
 Embora mais preciso do que o aritmético, o método de Thiessen
também apresenta limitações, pois não considera as influências
orográficas.

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PRECIPITAÇÃO

Neste ´método, os polígonos são traçados da seguinte forma:

• Dois postos adjacentes são ligados por um segmento de reta;


• Traça-se a mediatriz deste segmento de reta. Esta mediatriz divide para
um lado e para outro, as regiões de “domínio”.

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PRECIPITAÇÃO

• Este procedimento é realizado, inicialmente, para um posto qualquer,


por ex.: posto B, ligando-o aos adjacentes. Define-se, desta forma, o
polígono daquele posto.
• Repete-se o mesmo procedimento para todos os postos.

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PRECIPITAÇÃO

• Desconsidera-se as áreas dos polígonos que estão fora da bacia.


• A precipitação média na bacia é calculada pela expressão:

A1P1  A2 P 2  .....  AnPn


n

P AP i i
P  i 1
A A Equação 16

Onde,
P = a precipitação média na bacia (mm);
Pi = a precipitação no posto i (mm);
Ai = a área do respectivo polígono, dentro da bacia(km2);
A = é a área total da bacia.

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5.2.3. Método das Isoietas

No método das isoietas, em vez de pontos isolados de precipitação,


utilizam-se as curvas de igual precipitação (isoietas). O traçado dessas
curvas é extremamente simples, semelhante ao traçado de curvas de nível,
onde a altura de chuva substitui a cota do terreno.

 Isoietas são linhas indicativas de mesma altura pluviométrica. Podem


ser consideradas como “curvas de nível de chuva” ;
 O espaçamento entre eles depende do tipo de estudo, podendo ser de
5 em 5 mm, 10 em 10 mm, etc;
 O traçado das isoietas é feito da mesma maneira que se procede em
topografia para desenhar as curvas de nível, a partir das cotas de
alguns pontos levantados.
 É o mais preciso para a avaliação da precipitação média em uma área.
A precisão do método, contudo, depende fortemente da habilidade do
analista em traçar o mapa das isoietas.

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PRECIPITAÇÃO

Descreve-se a seguir o procedimento de traçado das isoietas:

• Definir qual o espaçamento desejado entre as isoietas.


• Liga-se por uma semi-reta, dois postos adjacentes, colocando suas
respectivas alturas pluviométricas.
• Interpola-se linearmente determinando os pontos onde vão passar as
curvas de nível, dentro do intervalo das duas alturas pluviométricas.
• Procede-se dessa forma com todos os postos pluviométricos adjacentes.
• Ligam-se os pontos de mesma altura pluviométrica, determinando cada
isoieta

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Descreve-se a seguir o procedimento de traçado das isoietas:

• Definir qual o espaçamento desejado entre as isoietas.


• Liga-se por uma semi-reta, dois postos adjacentes, colocando suas
respectivas alturas pluviométricas.
• Interpola-se linearmente determinando os pontos onde vão passar as
curvas de nível, dentro do intervalo das duas alturas pluviométricas.
• Procede-se dessa forma com todos os postos pluviométricos adjacentes.
• Ligam-se os pontos de mesma altura pluviométrica, determinando cada
isoieta

A precipitação média pode ser obtida pela seguinte expressão:


n

i 1
Pi  Ai
P 
A Equação 17
P = é a precipitação média na bacia (mm);
Pi = é a média aritmética das duas isoietas seguidas i e (i + 1) ;
Ai = é a área da bacia compreendida entre as duas respectivas
isoietas (km²);
A = é a área total da bacia (km²).

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PRECIPITAÇÃO

Aplicações dos métodos: Extraído do livro Hidrologia Aplicada – Villela e Mattos

Método da Média Aritmética

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Aplicações dos métodos: Extraído do livro Hidrologia Aplicada – Villela e Mattos

Método de Thiessen

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Aplicações dos métodos: Extraído do livro Drenagem na Agricultura - D. E. Cruciane

Método das Isoeitas

Pm= (2.745)/(56,8) = 48,3 mm

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3ª PARTE:

HIDROLOGIA ESTATÍSTICA

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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA

1. Considerações iniciais

Ao estudarmos alguns fenômenos de observações, faz-se necessário


distinguir o próprio fenômeno e o modelo matemático (determinístico ou
probabilístico) que melhor o explique.

Um modelo é determinístico quando tem um conjunto Um modelo é probabilístico se possui uma ou


de entradas conhecido e do qual resultará um único mais variáveis aleatórias como entrada.
Entradas aleatórias conduzem a saídas
conjunto de saída. Um sistema determinístico é
aleatórias. As saídas aleatórias são
modelado analiticamente, e isto só não ocorre quando consideradas estimativas verdadeiras das
se torna muito complexo, envolvendo um grande características do sistema.
número de varáveis.

Os fenômenos estudados pela Estatística são fenômenos cujo resultado,


mesmo em condições normais de experimentação, variam de uma
observação para outra, dificultando dessa maneira a previsão de um
resultado futuro. Esses fenômenos são denominados aleatórios.

Os fenômenos hidrológicos são caracterizados como processos aleatórios,


podendo-se associar aos mesmos, um caráter probabilístico envolvendo estes
fenômenos. Isto significa que sua realizações não podem ser conhecidas.
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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA

Por exemplo: não é possível saber que a evolução dos valores de


temperatura, vento insolação, precipitação, evaporação, vazão em
determinada seção fluvial, ao longo do tempo e do espaço. Isto estabelece
uma dificuldade básica no planejamento das atividades humanas,
pois elas estão vinculadas a esse processo.

Diante disso, desde o instante em que o ser humano buscou planejar seus
empreendimentos ele se preocupou em estabelecer instrumentos de
aleatoriedade. E a partir dessa preocupação surgiram duas disciplinas
relaciona com a teoria estatística e com a estatística.

Um conjunto de dados hidrológicos necessita ser previamente analisado


com base em alguns indicadores estatísticos importantes para que se possa,
efetivamente, desenvolver a teoria das probabilidades às situações práticas
desejadas. Esse conjunto de dados é conhecido, no âmbito da hidrologia,
como série histórica e consiste, basicamente, de uma amostra extraída de
uma população infinita.

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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA

Com base nessa amostra, é possível calcular alguns indicadores e


medidas estatísticas importantes, como média, desvio padrão
(variância), assimetria, curtose e analisar a distribuição de
frequência dos dados observados na amostra.

• Essas medidas estatísticas caracterizam apenas a amostra e nada dizem


respeito à população em si.

• A distribuição de frequência demonstra o comportamento da amostra


no tocante à sua simetria e é objeto da hidrologia estatística modelar
essa distribuição de frequência com base no modelo matemático,
constituído de parâmetros, conhecido como Distribuição de
Probabilidades e aplica-lo para estimativa de frequência de valores
extemos e vice-versa.

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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA
ia

Observar que:

“Sempre haverá possibilidade de um dado evento hidrológico ser


superior ou inferior a um valor histórico já registrado”. Isto é
essencial para o entendimento das variáveis hidrológicas, uma vez que esta
é uma das principais funções da hidrologia, que consiste em observar os
eventos e modelar as frequências de ocorrência, possibilitando, desta feita,
que sejam feitas previsões assumindo determinado risco.

Os estudos estatísticos permitem verificar com que frequência as


precipitações ocorreram com uma dada magnitude, estimando as
probabilidades teóricas de ocorrência das mesmas.

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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA

Conceitos básicos:

• Espaço amostral: para cada experimento aleatório “E”, definimos Espaço


amostral “s” o conjunto de todos os possíveis resultados desse
experimento.
• Evento: um evento é um conjunto de resultados de um experimento.
• Variável aleatória: não possui um explicação determinista da sua
ocorrência: Exemplo: a precipitação de um local; qual o número que sairá
numa roleta.
• População: é o universo de possibilidades de ocorrência de uma variável
aleatória. P. ex. num dado são seis possibilidades, sendo que cada número
tem igual chance de ocorrer.
• Amostra: é a quantidade de indivíduos (valores) que permite estimar as
estatísticas da população.
Por ex.: após jogar o dado 1000 vezes é possível determinar qual a probabilidade de
ocorrer cada um dos número e certamente será 1/6, mas se tivesse jogado o dado
apenas 10 vezes, provavelmente minha estimativa da probabilidade seria errada
porque minha amostra é pequena.

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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA
• Estatísticas: uma variável aleatória tem várias estatísticas que a
caracterizam como: média, desvio padrão, assimetria, etc.
• Média pode ser aritmética, geométrica, etc. A média aritmética é
simplesmente a média dos valores da amostra;
• Desvio padrão retrata a distribuição dos valores da variável com relação
a média. Quanto maior o valor, maior a dispersão em relação a média;
• Assimetria retrata como os dados se distribuem com relação a média.
Uma assimetria positiva mostra que a maior parte da frequência dos
valores é maior que a média.
• Variável estacionária: uma variável é estacionária quando as suas
estatísticas não variam com o tempo e não-estacionária no caso
contrário.
Exemplo: a mudança da média do escoamento de uma bacia urbana
devido a impermeabilização; aumento ou diminuição da vazão de
estiagem depois da construção de uma barragem, são exemplos de
variáveis não-estacionárias.
• Hidrologia estocástica: trata da estatística temporal. Conceitos de
probabilidade para avaliar a variabilidade temporal de uma variável
aleatória .
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2. Medidas estatísticas básicas aplicadas em hidrologia

2.1. Média Aritmética:

A média aritmética de um conjunto de dados é expressa por:

Equação 18

2.2 Moda:

É definida como sendo o valor que aparece com mais frequência num conjunto
de dados. Quando se tem um intervalo de classe, a moda será o ponto médio
da classe que contiver o maior número de ocorrências.

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2.3. Mediana:

Corresponde ao valor que representa exatamente 50% das ocorrências. Para


obtê-lo basta avaliar as frequências de ocorrência, independentemente de ser
de excedência ou não-excedência. O valor exato de 50%, pode se obtido
utilizando-se o procedimento de interpolação dos dados vizinhos a este
valor, quando não for possível obtê-lo diretamente.

2.4 Variância da Amostra

Representa o desvio dos dados em relação à média aritmética da amostra

Sendo xi os valores Se a amostra não for


lidos da amostra e no grande e representativa
tamanho da amostra da população, usa-se:

ou Equação 19

Sendo S² denominado variância amostral


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2.5 Desvio Padrão da Amostra 

É a raiz quadrada da variância


Da mesma forma, o desvio padrão amostral S é a raiz de S²
Quanto maior for o desvio padrão (e a variância), maior será a dispersão
dos dados em relação à média

Equação 20

Ao se avaliar tanto o desvio padrão quanto a variância, observa-se que


quanto maior ambos, maior a variação dos dados em torno da média.

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2.6. Assimetria:

A assimetria é um parâmetro importante na medida em que avalia a forma


como os dados estão distribuídos em relação à média, ou seja representa a
tendência de concentração das frequências em relação à média
aritmética.

Para que os dados apresentem distribuição normal, a assimetria deve ser


próxima ou igual a zero. Nesta situação, a média, a moda e a mediana
são iguais. Contudo, quando este valor for distante de zero, apresentará um
padrão de distribuição com a maior quantidade de dados à esquerda
(assimetria positiva) ou à direita (assimetria negativa).

Em termos de dados hidrológicos, por apresentarem um padrão com


limitação inferior (normalmente, valor mínimo é zero) e sem limitação
superior (os eventos hidrológicos podem ser superados), a assimetria é
positiva. A assimetria pode ser calculada da seguinte forma:

Equação 21

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Assimetria:

Como vimos, representa a tendência de concentração das frequências em


relação à média aritmética:

• Assimetria positiva: maior concentração de valores abaixo da média


• Assimetria nula: distribuição simétrica em relação à média
Frequência

Simétrica
Positiva Negativa

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Na prática é mais comum a utilização do coeficiente de assimetria, que


representa a relação entre a assimetria e o desvio padrão ao cubo. Este
coeficiente pode ser do tipo corrigido ou comum. O último pode ser calculado
por:

Equação 22

O coeficiente corrigido é determinado da seguinte forma:

Equação 23

Além da análise geral dos dados, a média, o desvio padrão e o coeficiente de


assimetria são extremamente importantes, pois constituem-se nos
parâmetros que permitem o ajuste das distribuições de probabilidades.

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A assimetria permite avaliar as posições relativas das estatísticas amostrais

• Assimetria positiva: Moda < Mediana < Média


• Assimetria nula: Moda = Mediana = Média
• Assimetria negativa: Moda > Mediana > Média
Frequência

Simétrica
Positiva Negativa

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2. Conceitos de Probabilidade (Revisão)
Os dados hidrológicos, os quais vamos caracterizar como conjunto, necessitam
ser previamente analisados com base em alguns indicadores estatísticos
básicos para que se possa, efetivamente, desenvolver a teoria das
probabilidades às situações práticas desejadas.

Este conjunto de dados hidrológicos é conhecido, no âmbito da


hidrologia, como série histórica e consiste, basicamente, de uma
amostra extraída de uma população. E com base nesta amostra,
podemos calcular alguns indicadores e medidas estatísticas
importantes, como média, desvio padrão (variância), assimetria,
curtose e distribuição de frequência dos dados observados na
amostra.

É importante caracterizar algumas situações relativas à amostra,


contextualizada em termos da hidrologia. Podemos modelar uma distribuição de
frequência no contexto de dados discretos, como por exemplo, o
lançamento de uma moeda ou no sorteio de números de alguma forma de
loteria.
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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA

No caso da hidrologia, pode-se, eventualmente, considerar dias chuvosos


como variáveis hidrológicas discretas, mas na maioria das vezes, a
hidrologia considera suas análises dentro do contexto de variáveis
contínuas.

Em se tratando de variáveis discretas, podemos responder a seguinte


pergunta: qual é a probabilidade de um número qualquer ser sorteado
(evento x) dentro de um espaço amostral finito S qualquer, constituído por N
números, sendo este um evento aleatório.

A resposta pode ser escrita da seguinte forma:

Equação 24

Pode-se observar que todos os números que constituem o espaço amostral


S possuem a mesma possibilidade de ser sorteados numa situação não

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Existe uma diferença entre probabilidade e frequência, a ser considerada.


A frequência está associada ao número de vezes que um determinado evento
ocorreu, enquanto que probabilidade refere-se às possíveis situações de
ocorrência, que no caso da equação 1, é considerada como de igual de
probabilidade.

Por exemplo:

Se um sorteio de cara e coroa é realizado 10 vezes e “cara” for sorteado 7


vezes, sua frequência será 0,7. Por lado, como temos apenas duas
possibilidades e estas são iguais (numa situação não viciada), o
número de vezes esperado para o sorteio de “cara” é 5 vezes,
portanto, a probabilidade seria 0,5.

Em hidrologia, em grande parte, nos interessa, em termos práticos, avaliar


qual a possibilidade de um determinado evento ser maior ou igual (ou menor
ou igual) a um dado valor xi e isto remete ao conceito de uma variável
contínua, como por exemplo, vazões de um rio.

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Existem diferenças importantes nos modelos probabilísticos para ambas as


situações.

 No caso de variáveis discretas busca-se estimar qual a P(x) ser igual a


um valor;

 no caso de variáveis contínuas, qual a P(x > xi) ou P(X<xi). Para


variáveis discretas, o modelo probabilístico pode ser ajustado com
apenas um parâmetro, normalmente vinculado à média, como no caso
da Distribuição de Poisson.

Em se tratando de variáveis contínuas, o modelo probabilístico


necessita de 2 ou 3 parâmetros para seu ajuste, e estes estão
vinculados às medidas estatísticas de média, variância e assimetria, ou
seja, aos momentos estatísticos de 1ª, 2ª e 3ª ordens.

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2.1. Considerações a serem observadas na aplicação


da teoria da probabilidade em hidrologia

 Como mencionado, as variáveis hidrológicas, na maioria das vezes, são


consideradas contínuas, ou seja, variáveis que em termos físicos,
existem continuamente no tempo.

 Em termos estatísticos, são aplicadas distribuições que modelam este


caráter, trabalhando com cálculos de áreas sob a curva de distribuição
de probabilidades abaixo ou acima de determinado valor de interesse
prático ou entre valores.

 Não se pergunta, como se percebe, qual a probabilidade de um


determinado evento ser IGUAL a um valor específico, como no sorteio
de um número, e sim, deste evento ser maior ou menor que este
valor, ou estar entre 2 valores específicos. Este entendimento
também é fundamental para aplicação das distribuições de
probabilidades aos fenômenos hidrológicos.

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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA
 O domínio do conhecimento estatístico das características das
precipitações apresenta grande interesse de ordem técnica na
engenharia, por sua frequente aplicação nos projetos associados ao
aproveitamento de recursos hídricos. Por exemplo, o conhecimento da
magnitude das enchentes que poderiam ocorrer com uma determinada
frequência é importante para:

• projetos de vertedores de barragens;


• dimensionamento de canais;
• definição das obras de desvio de cursos d’água;
• determinação das dimensões de galerias de águas pluviais;
• cálculo de bueiros, etc.

Por sua vez, nos projetos de irrigação e de abastecimento de água, é


necessário conhecer também a grandeza das estiagens que adviriam e
com que frequência ocorreriam.

Nos projetos de obras hidráulicas, as dimensões das obras são


determinadas na maioria das vezes em função de considerações de ordem
econômica. E com isso, corre-se um risco de que a estrutura venha
a falhar durante a sua vida útil.
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HIDROLOGIA ESTATÍSTICA
 Faz-se necessário, então, conhecer este risco. Para isso,
analisam-se estatisticamente as observações realizadas nos postos
hidrométricos, verificando-se com que frequências elas assumiriam
cada magnitude. Em seguida, pode-se avaliar as probabilidades
teóricas.

 O primeiro passo para se modelar a frequência de dados hidrológicos é


fazer um estudo de sua ocorrência, no que se estabelece um
percentual com que uma variável hidrológica pode ser maior que um
dado valor. Isto é chamado freqüência de excedência (fexc). Esta
frequência é obtida diretamente de uma série histórica de dados.

 Pode-se trabalhar com a frequência de não excedência (f nexc), ou


seja, aquela em que se estuda com o percentual de uma variável ser
menor ou igual a um dado valor. A escolha depende dos objetivos, os
quais serão discutidos na sequência. Observa-se que uma é o
complemento da outra, ou seja:

Equação 25

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Com base no estudo das frequências de ocorrência, ajusta-se uma
distribuição de probabilidades e aquela que obtiver o melhor ajuste
(menores diferenças entre as frequências observadas e estimadas) deve ser
a escolhida. Portanto, o ajuste de uma distribuição de probabilidades busca
sua aplicação para estimar as frequências de eventos que ainda não foram
registrados e que normalmente são aplicados a projetos hidráulicos.

Observar que o tamanho da série histórica tem grande importância


haja vista que ela representará a possibilidade de ocorrência, ou
seja, quanto maior esta, maior a representatividade do evento,
tendo como referência seu registro histórico.

A freqüência de excedência é bastante usada em hidrologia,


especialmente quando os dados a serem trabalhados constituem séries
históricas de precipitação. Para estudos de vazões, no entanto, esta situação
é também é importante, sendo que, neste caso, pode-se gerar um gráfico
conhecido como “Curva de Permanência”. A Figura 25 ilustra uma curva
de permanência hipotética.

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No gráfico ao lado, para um valor y de


vazão, x é a percentagem de tempo
com que esta vazão é igualada ou
superada, ou seja, sua permanência.

Um valor prático extraído da curva de


permanência é Q90%, o qual significa a
vazão existente no curso d´água em
90% do tempo, sendo aplicada à
gestão dos recursos hídricos.

Pela curva, observa-se que se trata de


uma vazão pequena. O risco assumido
é de que há possibilidade de 10% da
mesma ser inferior ao valor estimado
e neste caso, problemas com o
fornecimento de água ao projeto.

Figura 25. Representação gráfica de uma curva de permanência hipotética

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3. Frequência de dados hidrológicos
3.1. Definição para frequência (simples):
“número de ocorrências igualadas ou superadas de uma dada chuva
(de intensidade io e duração td, por exemplo) no decorrer de um
período de observação de n anos”.

Por exemplo: vamos supor que durante 31 anos foram feitas observações
de ocorrências de precipitações. E que neste período, uma chuva que foi
igualada ou superada 10 vezes tem a frequência de 10 em 31 anos. Isto
corresponde a uma probabilidade P{i ≥ io}=32,3% de ocorrer em
um ano.

Uma avaliação rápida da frequência com que um evento é igualado ou


superado pode ser feita através dos métodos Califórnia e de Weibull.
Para tal, os dados da série considerada (parcial ou anual) devem ser
preliminarmente relacionados em ordem decrescente (classificação
decrescente) e a cada valor atribuído o seu número de ordem m.
P{i ≥ io  Leia-se: probabilidade de se encontrar uma precipitação i de
magnitude igual ou superior a io (Probabilidade de excedência)

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A frequência com que é igualado ou superado o evento de magnitude io e


ordem m é dada por:

a) no método Califórnia:  Equação 26

b) no método de Weibull:  Equação 27

Onde, n é o número de anos da série.

Nota:
Nos métodos Califórnia e de Weibull, F (io) representa a probabilidade de
excedência, isto é, F = P{i ≥ io}.

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3.2 Classificação das Principais Séries Históricas Hidrológicas
A análise de frequência dos dados de chuva pode ser feita considerando as
principais Séries Históricas Hidrológicas, conforme classificação a seguir:

a) Série original: constituída por todos os valores registrados. Por exemplo:


Em 30 anos de dados de precipitação mensal, a série será constituída por
30 x 12 valores.
b) Série anual: constituída por valores extremos (máximos ou mínimos) de
cada ano. A partir do exemplo anterior, ter-se-ia uma série com 30 valores.
Normalmente, valores mínimos anuais dizem respeito ao comportamento de vazões
em cursos d’água. Este tipo de estudo visa fornecer informações para projetos de
abastecimento de água e irrigação.

a) Série parcial: constituída pelos “N” maiores ou menores valores ocorridos


nos “N” anos de observação. A partir do exemplo inicial, ter-se-ia uma série
constituída por 30 valores, os quais seriam os maiores ou menores da série original,
sem haver a vinculação com o ano de ocorrência.
Uma outra alternativa seria constituir a série com todos os maiores (ou menores)
valores da série, referindo-se a uma situação na qual a série histórica é pequena e há
utilização de mais de um valor extremo por ano.

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As séries históricas mais trabalhadas em hidrologia são:

a) Precipitação total anual: constituída pela soma das precipitações diárias


ocorridas ao longo de 1 ano, obtendo-se, desta forma, 1 valor para a série.

É estruturada, portanto, com valores totais de cada ano. Neste caso, normalmente
objetiva-se ao estudo comportamental do ciclo hidrológico, sendo importante para
estudos vinculados ao balanço hídrico climatológico bem como balanço hídrico anual
em bacias hidrográficas.

b) Precipitação total mensal, quinzenal e decendial: nestas séries


históricas, pode-se trabalhar considerando um mês específico do ano (de
interesse regional, por exemplo) e estudar os seus totais mensal, da 1ª e
2ª quinzenas e 1º, 2º e 3º decêndios.

Este estudo é importante quando se realiza balanço hídrico de culturas visando ao


manejo de irrigação. O produto gerado é conhecido como Precipitação Provável e
trabalha-se com probabilidade de excedência, ou seja, objetiva-se garantir um valor
mínimo com 75, 90 ou 95% de excedência, dependendo da cultura em questão.
Culturas de maior valor econômico trabalha-se com um nível de probabilidade de
excedência maior, estimando-se um valor menor de precipitação provável, devido ao
risco de prejuízos mais importantes.

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c) Precipitação máxima diária anual: neste caso, toma-se, em
determinado ano, a maior precipitação diária registrada, sendo este
valor componente da série histórica. É feito desta forma para vários
anos, constituindo-se a série histórica.

Seu estudo é importante quando se deseja obter valores extremos máximos


diários, visando ao estudo da frequência de ocorrência de precipitações intensas,
inclusive para geração das equações de chuvas intensas. Quando a disponibilidade
de dados históricos é pequena, pode-se trabalhar com os 2 maiores valores
anuais, a fim de melhorar a representatividade da série.

d) Precipitação máxima anual correspondente a um determinado tempo


de duração da precipitação: aqui, têm-se os mesmos objetivos
anteriores, porém trabalhando-se com pluviogramas, separando-se o
valor máximo da precipitação num determinado ano, para vários tempos
de duração. Assim, constitui-se uma série histórica para cada tempo de
duração.

Estas séries geram resultados mais precisos para o ajuste da equação de chuvas
intensas, pois trata-se de intensidades reais que ocorreram num determinado
local. Valores totais diários não expressam tal característica.

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e) Vazões Máximas Diárias Anuais: são séries históricas aplicadas ao
estudo de vazões de cheia e de projeto em cursos d´água. São séries
com característica assintótica, assim como as de precipitações
máximas, ou seja, com acúmulo de dados à esquerda na distribuição
de frequências, gerando-se um caudal à direita.

f) Vazões Mínimas Diárias Anuais: são séries históricas muito


aplicadas à hidrologia, fundamentais em estudos ligados à
disponibilidade de água em cursos d’água para projetos e gestão de
recursos hídricos. De forma semelhante às vazões máximas, são
assintóticas, com acúmulo de dados à direita na distribuição de
frequência, gerando-se um caudal à esquerda.

g) Vazões médias anuais: são séries históricas aplicadas ao estudo do


comportamento do deflúvio médio anual, obtida pela média aritmética
dos dados.

h) Evapotranspiração: séries históricas que permitem estudar o


comportamento evapotranspirativo em bacias hidrográficas.
Importante nos estudos ligados ao comportamento climático de
regiões, bem como modelagem do balanço hídrico climatológico.
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3.3. Período ou Tempo de Retorno (Tr)

O Período de Retorno, ou Tempo de Retorno Tr, ou Intervalo de Recorrência de


um evento hidrológico pode ser definido como sendo o intervalo de tempo
médio, medido em anos, em que um evento de uma dada magnitude x0 é
igualado ou superado pelo menos uma vez.

Ou seja:
O Tempo de Retorno representa o inverso da frequência com que um evento
pode ser igualado ou superado, ou seja reflete a probabilidade que uma dada
variável hidrológica possa ser igualada ou superada, pelo menos uma vez, no
em um ano qualquer. Assim, se o evento X (chuva ou vazão) de magnitude x0
ocorre ao menos uma vez em TR anos, tem-se:

Equação 28

Isto é, o período de retorno, em anos, corresponde ao inverso da


probabilidade de excedência.

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Se, no método de Weibull (ou no método Califórnia), a frequência F(xo) é


uma boa estimativa da probabilidade teórica P, temos então:

Equação 29

• Para períodos de retorno bem menores do que o número de anos de


observação, observa-se que o valor de F(xo) acima pode dar uma boa
noção do valor real de P{X ≥ x0}
.
• Para grandes períodos de retorno deve ser ajustada uma lei de
probabilidade teórica, de modo a possibilitar um cálculo mais confiável da
probabilidade.

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Esta situação é comum quando se trabalha com dados de vazão mínima
visando à gestão dos recursos hídricos e avaliação da disponibilidade de água
para irrigação ou abastecimento.

Uma vazão específica corresponde ao valor da Q7,10, que significa um valor


mínimo de vazão em 7 dias consecutivos, com Tempo de Retorno de 10 anos.

Isto significa que há probabilidade de 10% de ocorrer uma


vazão mínima com 7 dias consecutivos inferior ao valor
estimado, sendo interpretado como um fator de segurança,
porém associado à garantia de vazão no curso d’água.

O cálculo de TR, por sua vez, com base no seu conceito, não é suficiente.
Assim, é possível calcular o “risco hidrológico” propriamente dito, o qual
está associado à probabilidade de um evento ser igualado ou superado,
porém, num intervalo de tempo N menor que TR e cuja definição prática está
associada à vida útil da obra.

Na realidade, esta probabilidade pode ser calculada pensando-se


na probabilidade de que o evento não ocorra

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A linha de raciocínio pode ser feita da seguinte forma:

“p” é a probabilidade de ocorrência de um evento num ano qualquer e é o


inverso do Tempo de Retorno. O seu complemento é k e o corresponde à
probabilidade de não ocorrência.

Assim:

k = 1- p Equação 30

A probabilidade do evento não ocorrer em qualquer dos anos, num


intervalo de N anos, é dada por:

K = kN Equação 31

Da mesma forma, seu complemento, no sentido de ocorrência será:

R=1–K Equação 32

Sendo R o risco do evento ocorrer no período de N anos.


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Procedendo-se algumas substituições, temos:

R = 1 – kN Equação 33
R = 1 – (1-p)N
Equação 34

R = 1 – (1- 1/Tr)N Equação 35

Observar que:
Em outras palavras, R é probabilidade de ocorrência de um valor extremo
durante N anos de vida útil da estrutura.

Na realidade, esta sequência de equações nada mais é do que a aplicação da


Distribuição Binomial, considerando a probabilidade de não ocorrência, ou
seja, P(x=0). A Distribuição Binomial apresenta a seguinte estrutura:

Equação 36
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Assim, para uma situação de não ocorrência, ou seja P (X=0), teremos:

Equação 37

Para uma situação de ocorrência, ou seja P (X=0), teremos:

Equação 38

Sendo P(X=x) o risco hidrológico R, definido anteriormente na


equação 34. O desdobramento, em função de TR, é idêntico ao
apresentado anteriormente

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Se se quiser determinar qual a probabilidade de ocorrência de uma
dada chuva, de período de recorrência TR, durante um período n de anos,
tem-se:

R = 1 – kN ´  R = 1- (1-p)N  R = 1- [ (TR – 1)/TR]N

Exemplo 05:

Uma barragem vai ser construída com capacidade para conter uma chuva de
TR = 100 anos. Qual a probabilidade de que tal chuva ocorra nos primeiros
25 anos de vida útil da barragem?

R = 1 - K25
R = 1 - [(100 - 1)/100]25
R = 22,22 %

Em muitos estudos hidrológicos há necessidade de se conhecer a frequência


de ocorrência de chuvas de uma dada intensidade, tal como a frequência de
ocorrência de uma chuva de 30 minutos de duração.

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Exemplo 06

Entre os registros de enchentes de um rio, existe um que apresenta um


Período de Retorno de 10 anos. Pergunta-se qual a probabilidade que uma
enchente igual ou superior não se repita em qualquer período de 10 anos ?

Solução:

Pela equação: R= 1 – [(TR-1/TR)]N,

temos que a probabilidade de ocorrência de um evento TR =10 anos, num


período de 10 anos é igual a 0,65.

Então a probabilade de não ocorrência no período de 10 é:

1- R = 1- 0,65 = 0,35 ou 35 %

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Exemplo 07.

Uma precipitação elevada tem um tempo de recorrência de 5 anos.

a. Pergunta-se qual a sua probabilidade de ocorrência, em intensidade igual


ou superior, no próximo ano.

P = 1/TR  1/5 = 0,2 = 20 %

R = 1- (1 – p)N 1 – ( 1- 0,2)1  1 – 0,8 = 0,2 = 20 %

b. E qual é a probabilidade de ocorrência nos próximos 03 anos?

R = 1/TR  1/5 = 0,2 = 20 %

R = 1 – ( 1- 0,2)3  0,48 = 48 %

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3.4. Histograma de Frequência:

Histogramas de frequência dizem respeito à representação gráfica


(normalmente em barras) da frequência de ocorrência de uma dada
variável. Pode ser simples ou acumulada (de excedência ou não excedência).

A curva de permanência é um tipo de histograma de excedência, com as


classes acumulando-se à esquerda.

Metodologia clássica para o desenvolvimento de histogramas de


frequência.

1. Determinação do número de classes (k)

• até 100 dados 

• acima de 100 dados  onde n é o número de


observações.

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2. Amplitude total dos dados (A)

A= M - m,

em que M é o valor máximo observado e m, o menor valor.

3. Amplitude de classes (Ac)

em que, ∆x é a precisão de leitura (por exemplo: dados


com uma casa decimal, a precisão é de 0,1).

4. Limite inferior da 1ª classe

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5. Limite superior da 1ª classe

6. As demais classes são computadas somando-se os limites à amplitude, e


assim sucessivamente.

, e assim por diante.

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4. Distribuição contínua de Probabilidades em Hidrologia.

4.1. Equação Geral de Ven Te Chow

Existem situações em hidrologia em que se necessita estimar valores de


eventos associados a recorrências muito altas, cujas frequências não foram
ainda obtidas, como é o caso de estruturas civis, cuja falha coloque em risco
vidas humanas.

Recomenda-se, nestas condições, o uso de Distribuições Teóricas de


Probabilidades, as quais devem ser adequadas para estimativa das
frequências observadas, sendo que estas são determinadas pelas
características dos dados, especialmente se forem assintóticas.

De acordo com Ven Te Chow a maioria das funções de probabilidades,


aplicáveis à Hidrologia, visando associar valor (magnitude) da
variável à probabilidade de sua ocorrência, pode ser representada
pela equação a seguir:

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Equação 39

Em que,

• XTR é o valor da variável hidrológica associada à recorrência TR,


• X é a média aritmética da série histórica,
• S é o desvio padrão da mesma e
• KTR é o fator associado à frequência, sendo função de TR e da
distribuição de probabilidades.

Essa expressão é também chamada de “variável reduzida”.

Basicamente, este modelo geral é aplicado em quase todos os


estudos probabilísticos em hidrologia

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4.2. Principais Distribuições de Probabilidades em Hidrologia

4.2.1 Distribuição Normal ou de Gauss

Um fenômeno completamente aleatório segue a distribuição de probabilidade


de Gauss, ou distribuição normal. Resumidamente, a distribuição de
Normal (DN), conhecida, também, como distribuição de Gauss, Laplace ou
Laplace – Gauss é uma distribuição de probabilidades para variável contínua,
caracterizada pela média e pelo desvio padrão.

Os valores de uma série que segue a Distribuição Normal se distribuem


simetricamente em relação à média. Portanto, apresentam o
coeficiente de assimetria igual a zero.

Um exemplo típico, que tem sido bem verificado, em que a frequência de


ocorrência da variável hidrológica segue a distribuição normal é a série anual
de totais anuais precipitados. Isto não significa que esta série não possa ser
bem explicada por outros modelos de probabilidade, mas sim que este
modelo bem conhecido pode ser utilizado na estimativa das
frequências com que ocorrem totais anuais de dada magnitude, ou
nas previsões das magnitudes dos eventos de recorrências elevadas.

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Para compreender a distribuição normal, é interessante visualizar na


Figura 26, as seguintes afirmativas:

Figura 26. Gráfico da distribuição normal

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Se uma variável aleatória x tem distribuição normal, a função densidade


de probabilidade da variável x, f(x), é dada pela seguintes expressão:

Equação 40

Onde, µ e σ são, respectivamente, a média e o desvio-padrão da população.

Para uma amostra desta população, as estimativas da média e do desvio-


padrão, como vistos anteriormente, podem ser obtidas, por,

Equação 41

Equação 42

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A probabilidade de, ao medir x, se encontrar um valor menor ou igual a um


extremo xp é dada pela função densidade de probabilidade acumulada:

Equação 43

Para a distribuição normal, os gráficos representativos das expressões de f(x) e F(x),


em função da variável x, são mostrados nas Figuras 25 e 26.
Em vez de plotar F(x)=P{X<x} em escala aritmética, pode-se utilizar um papel de
probabilidade, isto é, um papel gráfico, em que a escala de F(x) é tal que
transforma a “curva em S” em uma linha reta, mantendo a abscissa em escala
aritmética (é o chamado papel aritmético de probabilidade, mostrado na Figura 27).

Para o traçado da reta no papel de probabilidade, utiliza-se os recursos de algumas


propriedades da distribuição normal, como por exemplo: os conhecidos valores dos
pontos coordenados, como se segue:

Estes pontos mostram-se lançados no gráfico


da Figura 27

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Figura 25. Distribuição normal – função


densidade de probabilidade
Figura 26 – Distribuição normal – função
densidade de probabilidade acumulada

Figura 27. Distribuição normal – função densidade de


probabilidade acumulada em papel de probabilidade

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O cálculo direto da probabilidade, exige conhecimentos relativamente


avançados de matemática. Esse problema, entretanto, foi facilmente
contornado, por meio de uma mudança de variável, obtendo-se, assim, a
distribuição normal padrão, que utiliza a z, que mede o desvio de um
dado valor da série histórica em relação à média, padronizado pelo desvio
padrão.

Os valores das frequências acumuladas da distribuição normal são


fornecidos em tabelas, normalmente encontradas em livros de estatística.

Variável reduzida ou padrão

ou Equação 44

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A variável z, por sua vez, tem a distribuição normal reduzida, ou seja tem
distribuição normal de média igual a zero e desvio padrão igual a 1.

As probabilidades associadas à distribuição normal reduzida não precisa ser


calculada, porque já são encontradas em tabelas. Assim, a Tabela 1 é
uma tabela de distribuição normal reduzida, que dá a probabilidade
de Z assumir qualquer valor médio entre zero e um dado valor z, isto
é:

P(O<Z<z)

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Essa nova variável z, também chamada normalizada, e, como mencionado,


tem média zero e desvio-padrão igual à unidade. Consequentemente, a
função densidade de probabilidade para a variável z, também
chamada função densidade de probabilidade normalizada, é escrita na
forma:

Equação 45

e, ainda,

Equação 46

Uma comparação da equação 23 de Ven Te Chow com a equação (28)


mostra que, para a distribuição normal, o fator de frequência de Chow é a
própria variável reduzida z, isto é:

Equação 47

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As representações gráficas de f(z) e F(z), se acham na Figura 28.

Figura 28. Representação gráfica das frequências para a variável reduzida. Fonte: Professor Antônio R. Barbosa

Para esta distribuição simétrica, os valores de K podem ser obtidos de tabelas


em função da frequência acumulada F(z), como a Tabela 1.
Equação 48

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Tabela 1. Função de distribuição acumulada de probabilidade (probabilidade


de não excedência) e apenas valores positivos de z (0,0 a 1,9).

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Tabela 1. Função de distribuição acumulada de probabilidade (probabilidade


de não excedência) e apenas valores positivos de z (2,0 a 3,4).

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Exemplo 4.
Vamos admitir que X seja uma variável aleatória que representa a taxa
normal de precipitação em uma região qualquer. Vamos supor também que
essa variável tem uma distribuição normal com média igual a 200 mm
de chuva e desvio padrão de 20 mm. Pode existir o interesse de conhecer
a probabilidade de um mês, normal em relação à taxa de precipitação,
apresentar taxa com valor entre 200 e 225 mm, por exemplo.

Vamos verificar essa probabilidade.


Então, a P(200<X<225) vai
corresponder a área
pontilhada da Figura ao lado.

Temos:

x = 225 mm
= 200 mm
= 20 mm
200 225
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Já sabemos a probabilidade de X assumir qualquer valor entre a média


= 200 e o valor x = 225 é igual a probabilidade de Z assumir qualquer
valor entre a media zero e o valor z = 1,25

P(200<X<225) = P ( 0<Z< 1,25)

Pela Tabela de valores da distribuição


normal reduzida encontramos para z=
1,25 o valor de 0,8944, então: 0,3944
Então F(z) = 1- F(Z) = 0,1056,
0,1056
Temos ainda,
P( X > ) = P(X < <) = 0,5

P ( 0<Z< 1,25) = 0,3944 ou 39,44 % 0 1,25

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Para taxas de precipitação superiores a 225 mm temos:

P (Z>0) = 0,5

Sabemos que a área entre 0 e 1,25 corresponde P(0<Z<1,25) = 0,3944

Então podemos obter P(Z>1,25) = 0,5 - 0,3944 = 0,1056

Portanto, a probabilidade de um mês, normal em relação à taxa de


precipitação, apresentar taxas superiores a 225 mm é de

P (X>225) = 0,1056 ou 10,56 %


0,3944

0,1056

0 1,25

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Exemplo 5.

Admitindo-se uma precipitação total anual média de 1.000 mm e o desvio


padrão, 200 mm, pede-se calcular o TR para as precipitações de 1.200
mm e 800 mm.

Vamos proceder o cálculo de z.

Utilizando a tabela de z (Tabela 1), encontra-se uma frequência de não


excedência, conforme a seguir:

Para o primeiro caso, temos:


Para z = 1, tabela da variável reduzida z vai nos
dar um valor de não excedência igual a 0,84134.
= 1.200 mm
Por sua vez, o valor da probabilidade de
= 1.000 mm excedência foi obtido por:
= 200 mm
1-0,84134 = 0,15865
Z=1

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Para o segundo caso, temos uma situação de não excedência, ou


seja P(z<-1):

= 800 mm
= 1.000 mm
= 200 mm Para valores negativos de z, utiliza-se o
complemento aritmético para dos valores de F(Z)
correspondente ao valor positivo.

Então: F(-1) = 1- 0,8413 = 0,1587

 z = -1

O valor da probabilidade de não excedência, nesse caso, é obtido considerando-se a propriedade de


simetria da distribuição normal, ou seja como P(z≤1) é igual a 0,84134, seu complemento P(z≥1) =
0,15865.
Os valores são simétricos ou seja: P(z≤ -1) =P(z≥1) = 0,15865.

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Exemplo 6.

Com base na série histórica de alturas pluviométricas anuais de Lavras,


MG, no período de 1914-1943, 1946-1949 e 1951-1991, obter:

a. Distribuição de frequência (tabela e gráfico), média, mediana, moda,


desvio padrão e coeficiente de assimetria.
b. Utilize a distribuição de Gauss para calcular os valores máximos e
mínimos esperados para os tempos de retorno de 10, 50, 100 e 1000
anos.
c. Compare as frequências observada e teórica, associadas às
precipitações de 1.068,1 mm e 2.042,2 mm.
d. Qual a probabilidade de ocorrer de um ano com precipitação superior a
2.000 mm sabendo-se que já ocorreram 1600 mm?

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Tabela 02. Alturas pluviométricas anuais para Lavras, MG, e respectivas distribuição de
frequência

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Classes e distribuição de frequência simples e acumulada.

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• Moda:
Ponto da classe com maior número de observações, ou seja: 1243,9 mm.

• Mediana:
Valor que corresponde a exatamente 50% dos dados (tabela): 1.427,3 mm.

• A média, o desvio padrão e o Coeficiente de Assimetria dos dados são:


1466mm, 319,2 mm e 0,72

Gráfico da distribuição de frequência simples e acumulada.

Coeficiente de assimetria (Ca) =


0,72

Observa-se que a assimetria dos


dados é pequena, sugerindo-se que
é possível ajustar a distribuição
normal aos dados.

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Consultando, desta feita, a tabela de z, para não excedência igual a 0,90,
tem-se z = 1,28. E para calcular os valores máximos e mínimos procede-se da
seguinte forma:

• Valor máximo:

XTR = 1466 + 1,28 * 319,2 = 1.874,6 mm

• Valor mínimo:
Pela simetria da curva normal, o valor de z = -1,28, então:

XTR = 1466 – 1,28 * 319,2 = 1.057,4 mm.

Os demais tempos de retorno são obtidos a partir do mesmo procedimento,


obtendo-se:

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Para TR = 50 Anos: -

• Valor máximo: 2.120,4 mm


• Valor mínimo: 811,6 mm

Para TR = 100 Anos:

• Valor máximo: 2.209,7 mm


• Valor mínimo: 722,3 mm

Para TR = 1000 Anos: -

• Valor máximo: 2.449,1 mm


• Valor mínimo: 482,9 mm

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c. Aplicação da equação geral de Ven Te Chow

Observa-se que as frequências teóricas ou probabilidades estão


razoavelmente próximas das frequências observadas, indicando um bom
ajuste da distribuição normal.

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Busca-se estimar o evento A condicionado ao evento B

Lembrete: A probabilidade de ocorrência de um determinado evento A


pode ser influenciado pela ocorrência de outro evento B, uma vez que
haverá redução do espaço amostral S para a realização do evento A
quando B ocorre.

Neste caso, tem-se a seguinte definição:

Nesta equação, ( P(A/B) significa a probabilidade do evento A, associada


(ou condicionada) ao evento B, (P(A∩B) significa a intersecção dos eventos
A e B no plano amostral S e P(B) é a probabilidade de ocorrência do
evento B.

Portanto, =

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= = 0,1409

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4.2.2 Distribuição Log Normal

As séries anuais de vazões e chuvas máximas, bem como as séries de vazões


mínimas (consideradas eventos extremos) não são completamente aleatórias
e, por isso, não seguem uma distribuição de Gauss. Entretanto, se ao invés
das chuvas, ou vazões, forem considerados os logaritmos dessas
variáveis, a distribuição de frequência da variável transformada
poderá, em muitos casos, aproximar-se relativamente bem da
distribuição normal.
Assim, fazendo:

Y = log (x) Equação 49


Ter-se-á

Equação 50

onde y é a média dos logaritmos de x e sy é o desvio-padrão dos logaritmos de


x, ou seja:

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Equação 51

Equação 52

Para a variável transformada logarítmica de x, a função distribuição acumulada de


probabilidade referida a um valor particular de y=yp, F(yp), se escreve como:

Equação 53

Os valores desta integral também são fornecidos na Tabela 1, mas agora em termos da
variável reduzida:

Equação 54

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Pela distribuição log-normal, a previsão da vazão ou chuva, de período de retorno Tr,


exige, com base no modelo de Chow, que a equação (01) seja reescrita na forma:

Equação 55

sendo K determinado com o auxílio da Tabela 1, já conhecida.

Finalmente, a vazão, ou chuva, procurada, xTr (escreve-se, normalmente, com a


notação QTr ou PTr) se obtém da transformação

Equação 56

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Exemplo 7.

Considere a série anual das vazões máximas diárias referidas à seção de um dado
curso d’água natural, conforme é fornecido nas duas primeiras colunas da Tabela 2.
Com base nestes dados, pede-se:

a. testar, por meio de construções gráficas, a aplicabilidade dos modelos normal e log-
normal de probabilidade à série de dados;

b. estimar, com base nos modelo normal e log-normal, a magnitude das cheias de 100
anos e de 200 anos de recorrência

Solução:
Item a.

a1. Teste do modelo Gaussiano de probabilidade.

• Observar a tabela série anual, a seguir, onde nas 1ª e 2ª colunas encontram-se


os anos e as respectivas vazões observadas.
• Nas colunas 5 e 8 da tabela temos os dados de vazão e do logaritmo decimal da
vazão. A ordem de classificação (ranking), m, é posta na coluna 3.,

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• Pela equação acima, as frequências são calculadas e lançadas na coluna 04)

• A média e o desvio padrão são calculadas Pelas equações 25, 26, 34 e 35 e se


acham apresentadas na o final da tabela.

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Tabela 3. Série anual das descargas máximas diárias (Fonte de dados: U.S. Geological
Survey Open File Report I 19.2: W75, 1971.7.1.2 Distribuição Gumbel

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Tabela 3. Série anual das descargas máximas diárias (Fonte de dados: U.S.
Geological Survey Open File Report I 19.2: W75, 1971.7.1.2 Distribuição Gumbel-
Continuação...

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Tabela 3. Série anual das descargas máximas diárias (Fonte de dados: U.S.
Geological Survey Open File Report I 19.2: W75, 1971.7.1.2 Distribuição Gumbel-
Continuação...

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Nas Figuras a e b, conforme ilustrado a seguir, encontram-se lançados valores das
vazões máximas anuais (abcissas), em função das frequências acumuladas (ordenadas).
As frequências neste gráfico são calculadas na tabela construída (série anual de
descargas) para os dados do problema e representam as probabilidades de não
excedência F(Qp) = P(Q<Qp).

Figura a. Frequência das cheias anuais (máximos valores Figura b. Frequência das cheias anuais (máximos
de cada ano) e modelo normal de probabilidade, para os valores de cada ano) e modelo log-normal de
probabilidade, para os dados da Tabela 3 (gráfico em
dados da Tabela construída para o problema.
papel logarítmico de probabilidade).
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Para testar o modelo Gausiano, na Figura a
(anterior), os valores de F encontram-se
em escala de probabilidade e os valores de
Q em escala aritmética (papel aritmético
de probabilidade.

A linha traçada representa, neste gráfico, a


distribuição normal, definida pela equação
função densidade de probabilidade.

Conforme, também, ilustrado na Figura c,


ao lado, a reta passa pelos pontos
característicos:
Figura c. Distribuição normal – função
Desta feita, temos: densidade de probabilidade acumulada em
papel de probabilidade
Q= = 194,34 m3 /s e F = 50 %

Q= -s = 194,34 – 84,17 = 110,17 m3/s e F = 15,87 %

Q = + s = 194,34 + 84,17 = 278,51 m3 /s e F = 84,13 %

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A Figura (a) mostra que, na faixa de valores extremos de vazão, a aderência da linha
aos pontos não é boa. Isto sugere que os dados que poderiam ser obtidos, no caso,
valores subestimados de vazões se as previsões forem feitas pela extrapolação dos
dados históricos com base no modelo gausiano.

Figura a. Frequência das cheias anuais (máximos valores de cada ano) e modelo
normal de probabilidade, para os dados da Tabela construída para o problema.

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b1. Modelo log-normal

Para testar o modelo log-normal, na Figura b os valores de F encontram-se em escala de


probabilidade, enquanto os valores de Q são lançados em escala logarítmica (papel
logarítmico de probabilidade). A linha traçada, que representa o modelo normal de
probabilidade para a função transformada logarítmica das vazões, passa agora pelos
pontos:

Recorrendo ao modelo de Ven Te Chow, temos: YTr = + K . Sy

Lembramos que a vazão ou chuva, procuradas, XTr, escreve-se normalmente com a


notação QTR ou PTR e se obtém da seguinte expressão.

XTr = 10 YTr ou seja: XTr =QTr = 10 YTr

Q 50 % = 10 2,24758 = 176,84 m3/s para F = 50 %


Q15,87 % = 10 2,05394 = 113,224 m3/s para F = 15,87%

Q84,13 % = 10 2,44122 = 276,198 m3/s para F = 84,13%

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Figura b. Frequência das cheias anuais (máximos valores de cada ano) e modelo
log-normal de probabilidade, para os dados da Tabela 3 (gráfico em papel
logarítmico de probabilidade).
Vê-se, nesse caso, que o modelo log-normal, representado pela linha reta na Figura b,
apresenta uma boa aderência aos pontos. Isso sugere que as extrapolações são mais
confiáveis do que as realizadas com o uso do gráfico do Figura a.

Em outras palavras, numa inspeção visual comparativa das duas figuras, nota-se que o
modelo log-normal pode ser considerado superior ao modelo gaussiano, pela maior
aderência dos pontos à reta.
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b. Estimativas das cheias de 100 e 200 anos
Da conclusão apresentada no item (a), as extrapolações seriam mais
confiáveis se realizadas empregando-se o modelo log-normal. Contudo,
apenas a título de ilustração do uso do modelo gaussiano, far-se-ão as
determinações das vazões com recorrência de 100 e 200 anos por ambos os
modelos e segundo a equação de Chow

b1. Tr = 100 anos.

Como o estudo se refere a máximas, F=1-1/Tr = 1-1/100 = 0,99.

 Distribuição Normal:

Pela Tabela 1, temos para F=0,99 → z = K ≅ 2,33. E através da equação da


distribuição normal, temos:

QTr=100 = 194,34 + 2,33*84,173  QTr=100 = 390,5m3/s

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 Distribuição Log-Normal:

Como visto, K = 2,33. E utilizando-se a equação de Ven Te Chow:

yTr=100 = 2,2476 + 2,33* 0,19364 = 2,69878

QTr = 102,69878 = 499,8 m3/s

b2. Tr = 200 anos.

Novamente, o estudo refere-se a máximas, F=1-1/Tr = 1-1/200 = 0,995.

 Distribuição Normal:

Da Tabela 1, para F=0,995 → z = K ≅ 2,575.

QTr=200 = 194,34 +2,575*84,173  QTr=200 = 411,1 m3/s

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 Distribuição Log-Normal:

Como antes, K = 2,575.

YTr=200 = 2,2476+2,575*0,19364 = 2,74622

QTr=200 = 102,74622 = 557,m3/s

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4.2.3. Distribuição de Gumbel

Essa distribuição é também conhecida como distribuição de eventos


extremos ou de Fisher - Tippett e é aplicada a eventos extremos, em séries
anuais.

Gumbel, em 1945, sugeriu que essa distribuição de valores extremos seria


apropriada para a análise de frequência das cheias em um rio, desde que a
série fosse anual, isto é, cada vazão da série de valores extremos fosse
considerada a maior de uma amostra de 365 possibilidades.

• Quando for de interesse estudar os valores máximos prováveis de um


fenômeno, a série anual deve conter os valores máximos observados em
cada ano, ordenados no sentido decrescente, que é o caso das
precipitações e vazões máximas.

• Quando for de interesse estudar os valores mínimos prováveis de um


fenômeno, a série deverá conter os valores mínimos de cada ano,
=
ordenados de forma crescente; este é o caso das vazões mínimas.

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Apoiando-se no argumento de que não há limite físico para o valor da
máxima vazão da cheia ou enchente, Gumbel apresentou as seguintes
propostas:
1 Admitir a probabilidade da ocorrência um evento da série anual não ser
igualado no futuro:

Equação 57
Sendo,
e = a base dos logaritmos neperianos (2,71828)
Y = uma variável reduzida da distribuição de Gumbel.

2. Sugeriu que a probabilidade da ocorrência de um evento (uma cheia por


exemplo) de magnitude igual ou superior a um dado valor x
(probabilidade de excedência) pode ser expressa por:
Equação 58

Sendo “e” a base dos logaritmos neperianos (2,71828), e “Y” uma


variável reduzida, definida pela seguinte expressão:
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Equação 59

Equação 60

Equação 61

Explicitando a variável reduzida y da equação 41 (tomando duas vezes


o logaritmo neperiano na função probabilidade, temos como resultado:

Y(Fx) = -ln [-ln (Fx) ] Equação 62

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Equação 63

A expressão 43, a seguir,

é utilizada para série anuais infinitas (teóricas) ou muito longa foi


ajustada tendo por base a equação de Ven TE Chow e aplicando-se o
Método dos Momentos. Sendo:

Onde, y é a variável reduzida = x - xf (Sy/Sx)

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Equação 64

Equação 65

Equação 66

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Exemplo 08

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Portanto, segundo a distribuição de Gumbel o período de retorno da vazão
média é igual a 2,33 anos, isto é, existe uma probabilidade teórica de
aproximadamente 43% de ocorrer uma vazão igual ou superior à média em
um ano qualquer.

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Exemplo 09.

Usando os dados da tabela do exemplo 07, estimar as magnitudes das cheias


de 50 e 100 anos de recorrência, com base na distribuição Gumbel-Chow.

Da tabela mencionada (exemplo 02), temos:

= 194,339m3/s e s = 84,173m3/s.

• Para Tr = 100 anos e N=73, temos:


K obtido diretamente da Tabela 04 da variável reduzida → K=3,4044.

Pela equação da Distribuição normal:

QTr=100 = 194,34 + 3,4044 * 84,173  QTr=100 = 480,9m3/s

• Para Tr = 50 anos e N=73, temos


K obtido diretamente da Tabela 04 da variável reduzida → K=2,8167.

QTr=50 = 194,34 + 2,8167 * 84,173  QTr=100 = 431,4m3/s

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Tabela 4. Valores do fator frequência para a distribuição de Gumbel - Chow

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Tabela 04. Valores do fator frequência para a distribuição de Gumbel – Chow.
Continuação..

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Tabela 04. Valores do fator frequência para a distribuição de Gumbel – Chow.
Continuação..

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Tabela 04. Valores do fator frequência para a distribuição de Gumbel – Chow.
Continuação..

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4ª PARTE:

ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS E


MAPEAMENTO DE GRANDEZAS CLIMÁTICAS

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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS
1. Análise de Chuvas intensas

Chuvas intensas, ou precipitações máximas, são definidas como


aquelas chuvas cujas intensidades ultrapassam um determinado
valor mínimo.

As principais características das chuvas intensas são a sua intensidade, sua


distribuição temporal (duração) e espacial, e sua frequência de ocorrência. O
conhecimento dessas características é de fundamental importância na
análise de diversos problemas na engenharia de recursos hídricos, no projeto
de obras hidráulicas, tais como vertedores de barragens, sistemas de
drenagem, galerias de águas pluviais, dimensionamento de bueiros, entre
outros, e em projetos de conservação de solos.

Com relação à conservação do solo, além das precipitações máximas com


vistas ao dimensionamento de estruturas de contenção do escoamento
superficial, a erosividade das chuvas tem grande importância, pois está
diretamente relacionada com a erosão do solo.

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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS
Considerações a serem observadas:

 A precipitação máxima é entendida como a ocorrência extrema, com


determinada duração, distribuição temporal e espacial crítica para
uma área ou bacia hidrográfica.

 A precipitação tem efeito direto sobre a erosão do solo, em


inundações em áreas urbanas e rurais, obras hidráulicas, entre outras.
O estudo das precipitações máximas é um dos caminhos para
conhecer-se a vazão de enchente de uma bacia hidrográfica.

 Normalmente, os dados para uma análise de chuvas intensas são


obtidos dos pluviogramas (registros pluviográficos). Desses gráficos
pode-se estabelecer, para diversas durações, as máximas intensidades
ocorridas durante uma dada chuva, sem que necessariamente as
durações maiores devam incluir as menores.

 As durações usuais são de 5, 10, 15, 30 e 45 minutos e 1, 2, 3, 6, 12


e 24 horas. O limite inferior de duração é fixado em 5 minutos porque
este é o menor intervalo que se pode ler nos registros pluviográficos
com precisão adequada.
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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS
 Na análise estatística da estrutura hidrológica das séries de chuva
podem ser seguidos dois enfoques alternativos: séries anuais ou
séries parciais. A escolha de um outro tipo de série depende do
tamanho da série disponível e do objetivo do estudo.
 A metodologia de séries parciais é utilizada quando o número de
anos de registro é pequeno (menos de 12 anos de registro) e os
períodos de retorno que serão utilizados são inferiores a 5 anos.

 A metodologia de séries anuais baseia-se na seleção das maiores


precipitações anuais de uma duração escolhida. Com base nesta
série de valores é ajustada uma distribuição de extremos que
melhor se ajuste aos valores.
 Para utilização prática dos dados de chuvas nos trabalhos de
engenharia, é necessário conhecer a relação entre as quatro
características fundamentais da chuva: intensidade, duração,
frequência e distribuição.
 Assim sendo, as relações entre estas características
fundamentais da chuva podem ser caracterizadas por
intermédio da equação de chuvas intensas genéricas.
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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS

2. Equação de chuvas intensas:

Equação 67

onde:

i = é a intensidade média de precipitação (mm/min ou mm/h),


t = tempo de duração da precipitação (min);
C, m, to e n são parâmetros a determinar.

Alguns autores procuram relacionar C com o período de retorno Tr por meio


de uma equação do tipo C = K Trm e expressar a equação a anterior na
forma mais geral:

Equação 68

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2.1. Como determinar os parâmetros da equação:

a. Métodos Computacionais e regressão linear

Além de métodos computacionais disponíveis, os parâmetros dessa equação


podem ser ajustados pelo processo de regressão linear, linearizando-se a
equação acima por meio de série de transformações logarítmicas.

• A primeira transformação pode ser promovida fixando-se o valor de Tr no


numerador da seguinte forma: C = KTrm
Aplicando-se logaritmo à equação 67 ( ), obtém-se:

log i = log C – n log (t + to) Equação 69

• Por sucessivas regressões, testando-se valores para t (somando-os aos


valores de to), será obtido um valor para C e n e, consequentemente, um
coeficiente de correlação entre log (I) e log (t+to), para cada Tr avaliado.

• Em seguida, toma-se o maior coeficiente de correlação(r) obtido e adota-se


C, n e t correspondentes a este melhor ajuste, independentemente de Tr.

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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS

• Dentre as regressões para cada Tr, escolhe-se o maior coeficiente


correlação e então o t definitivo.

- O valor de n pode ser obtido pela média dos valores extraídos da melhor
regressão de cada Tr.
- Da mesma forma, os valores de K e m são obtidos por regressão linear após a
linearização da equação C = KTrm , tomando-se o melhor ajuste para todos os
Tempos de Retorno.

• Observa-se que o coeficiente linear C da equação varia com o período de


retorno.
- Lançando-se os valores deste parâmetro em função do período de
retorno “T”, em coordenadas logarítmicas, pode-se determinar os
parâmetros “K” e “m” pelo método de mínimos quadrados.
Equação 70
log C = log K + m log Tr

Sendo determinados os valores de “Tr”, “n”, “K” e “m” pode-se escrever a


equação geral que representa a relação intensidade – duração – frequência
que só é válida para a região em que foram obtidos os dados.
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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS

Exemplo 10.

A análise de uma série de pluviogramas das chuvas mais intensas ocorridas


numa determinada região permitiu a constituição das séries parciais das
intensidades médias máximas para as chuvas com duração entre 5 e 120
minutos.

Solução:

A partir dessas séries, foram


obtidos os valores da média e do
desvio padrão dos dados e os
parâmetros da distribuição Gumbel
(e) obtidos pelo método dos
momentos, os quais são
apresentados a seguir.

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ANÁLISE DE CHUVAS INTENSAS
Passos:
• Tempo de duração “t”: obtido através da análise dos pluviogramas.
• Média e desvio padrão: obtidos a partir da análise das séries de
precipitações.
• Parâmetros da distribuição de Gumbel: obtidos pelo método dos momentos,
a partir das expressões a seguir:

Por intermédio das duas expressões acima, obtém-se, em seguida, os


valores de XTr, utilizando-se a equação abaixo para estimativa de uma
variável hidrológica X em função do Tr, desenvolvida com base na equação
de Gumbel (manipulação algébrica).

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Para t = 5 min, temos::

 1,2826/30 = 0,042753 Fazer o mesmo procedimento


para os demais tempos de
 120 – 0,45 * 30 = 106,5 duração.

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Ajustando-se a distribuição Gumbel, considerando Trs iguais a 5, 10, 20,
50 e 100 anos, obtém-se os dados da tabela a seguir

Por exemplo: Os Valores de XTr foram obtidos por intermédio da


expressão:

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Para cada Tr foram ajustadas regressões, considerando diferentes valores para to até
alcançar o valor que produziu os melhores resultados (maior R2), que neste caso, foi
de 25 minutos. Os resultados obtidos para C, n e r são:

Com a regressão linear entre os valores de Tr e C (equação 70), os valores de “K” e “m”
estimados foram:
K = 1806
m = 0,0898
C = KTrm
r = 0,9994
log C = log K + m log Tr
C = 1086 Tr 0,0898

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Desta feita, pode-se estruturar a seguinte equação de chuvas intensas válidas para
Tr entre 05 e 100 anos e t entre 05 e 120 minutos.

Algumas equações de chuvas intensas foram determinadas para cidades


brasileira, com i em mm/h e Tr em anos e t em minutos:

Obtida por Paulo Sampaio Wilken, para um


período de análise de 25 anos ( 1935 a 1960)

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Para durações iguais ou inferiores a


60 minutos.

Para durações superiores a


60minutos.

Obtida por Antonio Garcia Occchipinti e Paulo


Marques dos Santos, para um período de análise
de 37 anos ( 1928 a 1964)

Obtida por Uisses de Alcântara e Aguinaldo Rocha


Lima, para um período de análise de 33 anos
(1922 a 1945; 1949 a 1955; 1958 a 1959)

Obtida por Pedro Viriato Parigot de Souza, para um


período de análise de 31 anos (1921 a 1951)

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Obtida por adir José de Freitas e Ana Amélia


Carvalho de Souza, para um período de análise
de 31 anos ( 1938 a 1969)

b. Expressão de Otto Pfafstetter para precipitação máxima

Outro trabalho muito importante e pioneiro, que até hoje é utilizado para o
estudo das chuvas intensas, se deve a Otto Pfafstetter e foi apresentado em
1957 sob o título “Chuvas Intensas no Brasil”, publicado pelo Departamento
Nacional de Obras de Saneamento (DNOS)12.
O autor propôs o ajuste da equação, com base em observações de 98 postos
pluviográficos localizados em diferentes regiões do Brasil. E a partir de
plotagem das curvas p-d-f, em escala logarítmica, o autor ajustou para cada
posto a uma relação empírica da forma:

Equação 71

Equação 72

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Equação 73

Sendo:
β = parâmetro que depende da duração
P = precipitação máxima, em mm; da chuva e variável de posto para
Tr = período de retorno, em anos; posto (tabelado);
td = duração da chuva, em horas; Y = Constante (adotada para todos os
R = Fator de probabilidade, postos igual a 0,25)
α = parâmetro que depende da duração da a, b e c = constantes para cada
chuva (tabelado); posto.

O fator R permite a calcular a estimativa para outros tempos de retorno.


Na Tabela 3 são apresentados os valores de α válidos para todos os postos
estudados, para duração entre 5 min e 6 dias. α = parâmetro que depende
da duração da chuva (tabelado);

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Valores do coeficiente α da Eq. (73), em função da duração da


precipitação, são apresentados na Tabela 5.

Na Tabela 5, para alguns postos espalhados pelo Brasil, apresentam-se os


valores dos coeficientes β, a, b e c, conforme Pfafstetter, que adotou
γ=0,25 para todos os postos

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Tabela 5 – Valores dos coeficiente , a, b e c de Pfafstetter para algumas
cidades brasileiras (TUCCI et al, 1995)
β
Postos Pluviográficos a b c
5 min 15 min 30 min 1h - 6d
Aracaju - SE 0,00 0,04 0,08 0,20 0,60 24,00 30,00
Belém - PA -0,04 0,00 0,00 0,04 0,40 31,00 20,00
Belo Horizonte - MG 0,12 0,12 0,12 0,04 0,60 26,00 20,00
Caxias do Sul - RG 0,00 0,08 0,08 0,08 0,50 23,00 20,00
Curitiba - PR 0,16 0,16 0,16 0,08 0,20 25,00 20,00
Florianópolis - SC -0,04 0,12 0,20 0,20 0,30 33,00 10,00
Fortaleza - CE 0,04 0,04 0,08 0,08 0,20 36,00 20,00
Rio de Janeiro - RJ -0,04 0,12 0,12 0,20 0,00 35,00 10,00
Maceio - AL 0,00 0,04 0,08 0,20 0,50 29,00 10,00
Manaus 0,04 0,00 0,00 0,04 0,10 33,00 20,00
Natal - RN -0,08 0,00 0,08 0,12 0,70 23,00 20,00
Porto Alegre - RS 0,00 0,08 0,08 0,08 0,40 22,00 20,00
São Carlos - SP -0,04 0,08 0,08 0,12 0,40 29,00 20,00
Uruguaiana - RS 0,04 0,08 0,08 0,12 0,20 38,00 10,00
Fonte: Tucci (1977)
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Exemplo 11.

Utilize o método empírico apresentado por Pfafstetter (1957) para


determinar:
a. Precipitação com 1 hora de duração e 10 anos de tempo de retorno em,
Uruguaiana - RS.
b. Tempo de retorno de uma precipitação de 14 mm e 5 minutos de tempo
de duração ocorrida em Florianópolis – SC.

Solução

a: Para 1 hora de duração obtém-se das tabela 4 e 5 os seguintes dados:

α = 0,156
β = 0,12
a = 0,2
b = 38
c = 10

que resulta em: P = 10 [0,156 + 0,120/( 10 0,25 )] * [0,2 *1+38* log(1+10*1)]


P = 66,53 mm
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b: Para 5 minutos de duração obtém-se das tabelas 3 e 4 os seguintes
dados:
α = 0,108
β = -0,04
a = 0,3
b = 33
c = 10

Para Tr = 1 ano:

P/R = [0,3*0,083+33*log(1+10*0,83)] =8,68 mm

Dividindo a precipitação observada pela precipitação correspondente a 1


ano de retorno, obtém-se o fator R, que se segue:

R = 14 mm/8,68 = 1,61

Dado que a equação 72 é não linear com relação a Tr, este último valor
pode ser obtido com base na relação gráfica entre R e Tr ou pelo uso
do método iterativo indicado a seguir.

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Através de arranjo matemático, utilizando-se as conhecidas equações


aplicáveis para hidrologia estatística, obtém-se a seguinte equação:

Tr = R 1/(α + β/Try) Equação 73

Considere Tro = R 1/α como primeira iteração na equação 73.

Calcule Tr e repita o procedimento até que entre uma iteração e outra a


diferença seja pequena.

Para o exemplo obtém-se :

Tro = 1,61 1/0,108 = 83,6 anos

Substituindo este valor na equação 73, temos Tr = 152,2.


Após algumas iterações ocorre a convergência para Tr = 140 anos.

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Quando as únicas informações disponíveis são de chuvas registradas pelo uso
de pluviômetros, a análise das chuvas intensas é, em princípio, feita para as
chuvas com duração de 1 dia.
Pode-se, contudo, fazer a avaliação das chuvas de 24 horas a partir das chuvas máximas
de 1 dia. Para isso, alguns autores (CETESB, 1986; TUCCI e outros, 1995)
desenvolveram relações entre as chuvas de 24 horas e de 1 dia de duração, de mesmo
período de retorno.

Foi mostrado que, em termos de altura pluviométrica, a chuva máxima de


24 horas pode ser estimada da chuva de máxima de 1 dia, de período de
retorno correspondente, segundo a relação:

Equação 74

Equação válida para períodos de retorno de 5 a 100 anos.

Ainda, com base em estudos do Departamento Nacional de Obras de


Saneamento - DNOS (citado em CETESB, 1986), as alturas das chuvas
máximas de diferentes durações podem ser relacionadas entre si, conforme
fornecido na Tabela 5. Os valores apresentados são válidos para períodos de
retorno entre 2 e 100 anos.
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Precipitação máxima de 1dia e de 24 h
Pmx de 24 h

P
Pmx de 1 dia

tempo

A precipitação de 24 horas é o total precipitado em um período contínuo de 24h e a


de 1 dia é o total precipitado compreendido entre os horários de observação.

Normalmente, as precipitações de 24h são maiores que as de 1dia, exceto nas


regiões onde a precipitação convectiva é predominante (chuvas no final da tarde).

Os fatores de conversão (r) apresentam uma leve tendência a variar com o tempo de
retorno.

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Desagregação de chuva diária
Tabela 5 - Relações entre chuvas máximas de diferentes durações.
Valores médios dos estudos do DNOS

ESTADOS UNIDOS
Postos Pluviográficos BRASIL (r)
W.S.W. Bureau DENVER
5 min/30 min 0,34 0,37 0,42
10 min/30 min 0,54 0,57 0,63
15 min/30min 0,70 0,72 0,75
20 min/30min 0,81 0,84
25 min/30min 0,91 0,92
30 min/1h 0,74 0,79
1 h/24h 0,42
6 h/24h 0,72
8 h/24h 0,78
10 h/24h 0,82
12 h/ 24 dia 0,85
24 h/ 1 dia 1,14 1,13
24 h/1 dia 1,10

(Tucci, 2003)
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(Tucci, 2003)
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Convém observar que os valores de chuvas gerados com base na Eq. 74
e na Tabela 5 não devem ser vistos como tendo a mesma precisão dos
resultados que seriam obtidos com base nos registros de pluviógrafos.

Elas servem, contudo, como estimativas das chuvas intensas de menores


durações quando se dispõem somente de dados diários de chuvas obtidos
por pluviômetros.

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Desagregação de chuva diária (exemplo)

Exemplo 11.

Utilizando a tabela de desagregação de chuva diária para o Brasil, calcule a


precipitação com 1 hora de duração, sabendo que a de 1 dia é de 100 mm.

Resposta:
*
Deve-se fazer a desagregação de 1 dia para 24 horas, para depois de 24
horas para 1 hora, da seguinte forma:

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c. Equações de chuvas intensas para o Brasil – Método Interpolador

Alguns trabalhos tem sido realizados com o propósitos de determinar


equações de chuvas intensas para diversas localidades do Brasil. Entre eles
destaca o trabalho realizado por Cecílio e Prusk (2003) que estudaram
diferentes formas de se interpolar os parâmetros da equação de chuvas
intensas a fim de se obterem estimativas de máxima média de precipitação.

Esses autores utilizaram 625 combinações variadas, dentre os quatro


parâmetros de chuvas intensas (“K” “a” “b” e “c”), interpolados com
emprego da metodologia do inverso da potencia da distância, através de
cinco diferentes potências (1 a 5). Perceberam em todas combinações
tendência de superestimativa da intensidade de precipitação. Para 28 das
combinações realizadas, o erro médio variou entre 18,65 e 19,83 % (valores
estatisticamente diferentes).

Esses autores, a partir deste trabalho, desenvolveram uma metodologia que


que permite obter a equação de chuvas para qualquer localidade do Brasil

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Metodologia utilizada:

A metodologia está fundamentada nos uso do Interpolador que permite obter


cada um dos parâmetros da equação de intensidade-duração-frequência da
precipitação a partir das informações disponíveis para cada estado e,
consequentemente, obter a própria equação de chuvas intensas para essa
área.

Para Minas Gerais, especificamente, a UFV, através do Departamento de


Engenharia Agrícola, tem estudos sobre chuvas intensas, com valores dos
parâmetros K, a, b e c disponibilizados na internet (www.ufv.br/dea/gprh),
bastando apenas clicar em ‘softwares” e entrar com o nome da cidade. Em
seguida, basta entrar com o tempo de duração da chuva e o tempo de
retorno.

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Exemplo 11

Qual é a máxima precipitação esperada para Viçosa - MG, com duração de


20 minutos e tempo de retorno de 05 anos.

Parâmetros:

t = 20 min
Tr = 05 anos

a = m = 0,265
b = to = 24
c = n = 0,775

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Exemplo 12

Qual é a máxima precipitação esperada para Montes Claros - MG, com


duração de 30 minutos e tempo de retorno de 10 anos.

Parâmetros:

Tr = anos
t = min
Imáx = = 94,94 mm/h
K = 4050
a = m = 0,167
b = to = 34,789
c = n = 0,992

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3. Importância do mapeamento de grandezas climáticas:

O mapeamento de grandezas climáticas tem sido uma das áreas da


hidrologia aplicada que tem recebido grande atenção dos pesquisadores,
tanto trabalhando na busca por melhoria de aspectos metodológicos,
aprimorando técnicas, quanto gerando produtos (mapas ou equações) de
uso e aplicação imediata e prática.

Vejamos algumas considerações:

• Mapas de chuvas e erosividade são fundamentais para aplicação em


locais desprovidos de monitoramento da precipitação, possibilitando que
sejam elaborados projetos hidráulicos e conservacionistas com boa
precisão e segurança.

• O advento de recursos computacionais tem sido o suporte para a


geração destes produtos. Técnicas estatísticas que antes não eram
aplicadas pelas dificuldades impostas por cálculos complexos e em
grande quantidade, são facilmente resolvidos com os recursos
computacionais disponíveis.

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• A geoestatística é uma delas, demandando situações trabalhosas para
aplicação de seu interpolador, principalmente em grandes escalas, com
grande quantidade de dados.

• Outra técnica que tem recebido destaque consiste da aplicação de redes


neurais, possibilitando bons resultados no tocante à geração de mapas
de grandezas climáticas.

• A importância do geoprocessamento (Sistema de Informações


Geográficas – SIG) como técnica para produzir mapas a partir do
tratamento e gerenciamento de dados, é substancial, podendo, inclusive
incorporar a geoestatística nos procedimentos.

• Na atualidade, provavelmente seja muito difícil trabalhar com hidrologia


aplicada sem o conhecimento destas técnicas. A produção de mapas
com grandezas climáticas zoneadas permite aos diversos setores da
sociedade desenvolver técnicas e estudos apropriados, sendo o primeiro
passo para a execução racional de projetos no âmbito de uma região,
estado ou país.

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4. Períodos de retorno utilizados para projetos hidráulicos

Quanto maior o período de retorno, Tr, maiores serão os picos de vazão, mais
seguras e mais caras serão as obras. Assim, o período de retorno pode ser
estabelecido com base em estudos econômicos. Entretanto, a necessidade de
considerarem-se custos e benefícios de difícil quantificação ou impossíveis de
serem traduzidos em unidades monetárias, limitam tal análise.

Apresentam-se, a seguir, alguns valores aceitos na prática:

• Barragens: 1.000 a 10.000 anos.


• Galerias de águas pluviais: 5 a 10 anos.
• Canais em terra: 10 anos.
• Pontes e bueiros em córregos
mais importantes; e que dificilmente
permitirão ampliações futuras: 25 anos.
• Obras em geral em pequenas bacias urbanas: 5 a 50 anos.

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Mais especificamente em relação aos projetos de drenagem, os períodos de
retorno aceitos na literatura técnica e de consenso internacional, são
apresentados a seguir:

Períodos de retorno (Tr) propostos apresentados por Tucci (1995)

Tipo de Obra Tipo de Ocupação da áera Tr (anos)

Residencial 2

Comercial 5

Microdrenagem Áreas com edifícios de serviços ao público 5

Aeroportos 2 -5

Áreas comerciais e artérias de tráfego 5 - 10

Áreas comerciais e residenciais 50 - 100

Macrodrenagem Áreas de importância específica 500


PRECIPITAÇÃO

As apresentações deste tópico foram elaboradas com base em:

1. Slides próprios e adaptados de apresentações feitas por pelos


profissionais:

• Luciano Meneses Cardoso da Silva, Engº Civil - Especialista em Recursos Hídricos –


ANA
• Rubens Maciel Wanderley, Engº Civil - Especialista em Recursos Hídricos – ANA

2. Livros citados nas referências bibliográficas.

3. Apostilas de Hidrologia elaborada pelos Professores


• Daniel Fonseca de Carvalho e Leonardo Duarte Batista da Silva
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Tecnologia, Departamento
de Engenharia.
• Celimar Azambuja Teixeira e Giuliana Protzek – Apostila de Hidrologia do
Curso de Engenharia Civil da Universidade Tecnológica do Paraná.
• Antenor Rodrigues Barbosa Junior – Apostila de hidrologia do Curso de
Engenharia Civil da UFOP

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Referências:

• PRUSKI, F.F., et al. Hidros: dimensionamento de sistemas agrícolas.


Viçosa: ed. UFV, 2006. 259p.
• GARCEZ, L. N.; ALVAREZ, G. A. Hidrologia. 2. ed. rev. e atual. 9ª
impressão. São Paulo: Edgar Blucher, 2014. 291p.
• MELO, C. R.; SILVA, A. M. Hidrologia: Princípios e aplicações em sistemas
agrícolas. Lavras, Editora UFLA, 2013. 455p.
• SOLIMAN, M. Engenharia hidrológica das regiões áridas e semiáridas
(tradução de Luiz Cláudio de Queiroz Faria). Rio de Janeiro, LTC, 2013.
• SOUZA PINTO, N.L.; HOLTZ, A.C.T.; MARTINS, J.A.; GOMIDE, F.L.S.
Hidrologia Básica. Edgard Blucher, 1976.
• TUCCI, C.E.M. (organizador) Hidrologia, Ciência e Aplicação. Coleção
ABRH de Recursos Hídricos, vol. 4, EDUSP/ABRH, 1993.
• VILLELA, S.M. & MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. Editora McGRaw-Hill do
Brasil, 1975.

CURSO: GEOGRAFIA UNIMONTES – DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS


DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA Professor : Expedito José Ferreira – D.Sc
TÉRMINO DA 3ª APOSTILA ........

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