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Meteorologia
Mudanças Climáticas
Rita Yuri Ynoue
Michelle S. Reboita
Tércio Ambrizzi
Gyrlene A. M. da Silva
Nathalie T. Boiaski
13.1 Introdução
13.2 Causas naturais das mudanças climáticas
13.2.1 Fatores Externos
13.2.1.1 Movimento das placas tectônicas
13.2.1.2 Variações na radiação solar
13.2.1.3 Parâmetros orbitais de Milankovitch
13.2.1.4 Erupções vulcânicas
13.2.2 Fator interno
13.2.2.1 Os oceanos
13.3 Causas antropogênicas das mudanças climáticas (fator interno)
13.4 Mudanças observadas no clima
13.5 Projeções do Clima Futuro
13.6 O mundo e as mudanças climáticas
Referências
13.1 Introdução
Os registros geológicos ou paleoclimáticos (testemunhos de gelo, anéis de árvore etc.) indicam
que ocorreram mudanças drásticas no clima no passado, e a maior parte delas na ausência de seres
humanos (Figura 13.1). Por isso, podem ser chamadas de mudanças climáticas naturais.
As mudanças climáticas naturais são provocadas por modificações nas forçantes climáticas.
As forçantes impostas ao sistema climático são divididas em duas categorias: externas e internas.
De acordo com Hartmann (1994), a atmosfera, o oceano e a superfície terrestre são conside-
rados fatores internos ao sistema climático; já o interior do planeta e tudo o que está fora da
atmosfera terrestre (extraterrestre) são fatores externos, pois influenciam o clima terrestre, mas
não são influenciados por ele. Portanto, variações na deriva continental, na constante solar, na
órbita da Terra ao redor do Sol e erupções vulcânicas são consideradas forçantes externas.
Em 1988 foi criado o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) com a função de
avaliar as pesquisas realizadas em todo o planeta, que sejam relevantes para entender os riscos
das mudanças climáticas, bem como projetar impactos e, ainda, apontar opções de estratégia e
mitigação desses impactos (Oliveira et al., 2009). Associados às mudanças climáticas estão os
eventos extremos1 de tempo e de clima. Os eventos extremos podem causar grandes
transtornos para a sociedade, dependendo da vulnerabilidade da região afetada e de quanto
tempo ela leva para se recuperar após o evento extremo.
Diante do exposto, este texto tem como objetivos: descrever as causas naturais e
antropogênicas das mudanças climáticas apresentar
evidências das mudanças climáticas nas últimas décadas extremo¹
O quarto relatório do IPCC (2007) define um evento
como um evento de tempo atmosférico tão
e as projeções dos modelos numéricos para o final do raro quanto ou mais raro do que o percentil 10 ou 90 da
função de densidade de probabilidade. E ainda, quando
século XXI e, por fim, uma breve síntese das políticas e um evento extremo de tempo persiste por um longo
tempo cronológico (como uma estação, por exemplo),
acordos internacionais pode ser classificado como um extremo climático.
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Figura 13.1: Escala do tempo geológico e reconstrução esquemática da temperatura média global e do nível do mar nos últimos
500 milhões de anos.
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A Terra apresenta movimentos continentais que são dirigidos pela convecção no manto
terrestre. A distribuição atual dos oceanos e continentes é muito diferente daquela do período
cambriano e de períodos posteriores a ele (Figura 13.2), o que implicou em diferenças no
aquecimento da superfície oceânica e continental, influenciando a circulação atmosférica e
resultando em mudanças nos regimes climáticos sobre determinadas regiões do globo. Durante o
holocênico, época mais recente do tempo geológico, e que se tem a maior parte das informações
sobre o clima, as posições continentais praticamente permanecem fixas.
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O total de energia que sai do Sol é um determinante central do clima da Terra. Uma forma
dessa forçante mudar o clima seria através da variação da quantidade de energia emitida pelo
Sol. As teorias da evolução estelar sugerem que a radiação solar aumentou cerca de 30% desde a
formação do sistema solar. Esse aumento está associado à conversão de hidrogênio em hélio no
Sol, o que leva a um aumento concomitante da densidade solar, temperatura do núcleo solar,
taxa de fusão e produção de energia. Se a radiação solar decrescesse subitamente 30%, a Terra
rapidamente se tornaria mais fria.
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em que os laços magnéticos saem e retornam à fotosfera têm polaridades magnéticas opostas
e nelas surgem as manchas solares, com temperatura média de 4.300 K (isto é, as regiões
com manchas solares são 1.700 K mais frias do que as regiões sem manchas). Na realidade, as
manchas não são negras. Elas têm uma coloração avermelhada, parecendo escuras apenas por
causa do contraste com as regiões vizinhas, as manchas com extensão de poucas centenas de
quilômetros duram de 1 a 2 dias, mas as maiores, com cerca de milhares de quilômetros, podem
durar vários meses. Na média, as manchas solares perduram por uma ou duas semanas.
Figura 13.3: Radiação solar recebida no topo da atmosfera comparada com o número de manchas solares entre 1979 e 2001.
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Figura 13.4: Ciclo das manchas solares com destaque para o período de inatividade das manchas, chamado Mínimo de Maunder.
De acordo com Hartman (1994), a pequena variação da radiação solar no topo da atmosfera
terrestre na ocorrência de manchas solares tem efeito negligenciável sobre o clima. Por outro
lado, é possível que a radiação solar seja um importante fator nas escalas de 80 anos (ciclo de
Gleissberg) ou maiores. Na Figura 13.5, se o número médio mensal de manchas solares for
comparado individualmente com as anomalias médias anuais de temperatura do ar no planeta,
pouca ou nenhuma correlação é encontrada, mas se a Figura 13.5 for observada de uma
maneira geral, nota-se que o número de manchas solares aumenta na primeira metade do
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século XX concomitantemente com a temperatura. Esse aumento na atividade solar pode estar
conectado ao ciclo de Gleissberg. Já o aumento da temperatura no final da segunda metade do
século XX parece não estar relacionado com o número de manchas solares.
Desde o início do século XIX havia pesquisadores que defendiam a ideia de que as
mudanças climáticas na Terra estavam ligadas às variações de sua órbita. Entretanto, o crédito pelo
desenvolvimento das hipóteses que relacionam os movimentos da Terra e as mudanças climáticas
é dado ao astrônomo Milutin Milankovitch (1879-1954). Existem diversas formas em que a
configuração orbital pode afetar a radiação solar recebida e, consequentemente, o clima na Terra.
Por isso, Milankovitch formulou um modelo matemático baseado nos seguintes elementos:
1. variações na forma da órbita da Terra em torno do Sol (excentricidade);
2. mudanças na inclinação do eixo da Terra em relação ao plano orbital do planeta
(obliquidade);
3. oscilação do eixo da Terra como um pião (precessão).
Os três movimentos são chamados de ciclos de Milankovitch e a sua descrição é dada na sequência.
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1. Excentricidade orbital
No início do século XVII, Johannes Kepler descobriu sua primeira lei: que as órbitas dos
planetas são elipses, com o Sol localizado em um dos focos (ver Figura 3.8). O grau em que
uma órbita desvia do formato de um círculo é medido pela excentricidade da elipse. Numa
órbita elíptica, num dado momento, a Terra fica mais próxima do Sol e em outra, mais afastada.
O ponto onde o planeta está mais próximo do Sol é chamado periélio e, onde está mais
afastado, afélio. A excentricidade (E) pode ser obtida através da expressão (Hartmann, 1994):
da − d p
E= 13.1
da + d p
onde:
• da = distância Terra-Sol no afélio (Terra mais afastada do Sol, atualmente em torno do dia
4 de julho).
• dp = distância Terra-Sol no periélio (Terra mais próxima do Sol, atualmente em torno do
dia 4 de janeiro).
A excentricidade da órbita de um planeta indica o quanto a sua órbita se desvia de um
círculo. Quanto maior a excentricidade, maior o valor de E, e para um círculo perfeito
E = 0,0167. A excentricidade da órbita da Terra ao redor do Sol varia de elíptica para quase
circular em ciclos irregulares de 90.000 a 100.000 anos (Moran, 2012), que atualmente há
uma diferença de cerca de 3% na distância Terra-Sol entre o afélio, que ocorre em torno do dia
4 de julho e no periélio, que ocorre por volta do dia 4 de janeiro. Se a Terra está, ligeiramente,
mais afastada do Sol em julho, seria esperado um verão mais brando no Hemisfério Norte. Isso
não ocorre, pois a Terra recebe somente cerca de 6% menos de energia em julho comparada a
janeiro, não sendo suficiente para modificar o clima.
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Para o Hemisfério Sul, Oliveira Filho e Saraiva (2002) mencionam que as estações do ano
não se tornam mais rigorosas do que as do Hemisfério Norte por causa da maior proporção
de oceanos nesse hemisfério, o que as torna mais amenas (a água tem maior calor específico e,
além disso, usa a energia para aquecer camadas mais profundas).
As variações na excentricidade da Terra ocorrem com frequência de cerca de 100.000 anos
e têm pequeno impacto sobre a quantia total de radiação recebida no topo da atmosfera
terrestre. As variações da radiação são da ordem de 0,1%, o que não contribui para impactos
significativos sobre o clima.
Figura 13.6: Excentricidade da órbita da Terra. A linha rosa indica uma órbita quase circular
enquanto a linha azul, uma órbita mais elíptica. O Sol está representado em amarelo e Terra
em verde.
2. Obliquidade
Um parâmetro de grande importância para a variação sazonal do clima é a obliquidade,
que é o ângulo entre o eixo de rotação da Terra e o plano da órbita da Terra ao redor do Sol
(Hartmann, 1994). O eixo de rotação da Terra tem inclinação que varia de aproximadamente
22° a 24,5° (Figura 13.7), num período de cerca de 41.000 anos. O valor corrente é 23,5°
(isso equivale a 23°27’). As variações sazonais no clima da Terra dependem da obliquidade: se a
obliquidade é grande, os contrastes sazonais também aumentam, de forma que os invernos são
mais frios e os verões mais quentes em ambos os hemisférios. Se a obliquidade fosse nula, não
haveria estações do ano e a quantidade de energia solar que atingiria uma dada localidade no
planeta seria constante ao longo do ano.
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3. Precessão
De acordo com Oliveira Filho e Saraiva (2007), o efeito da precessão (Figura 13.8a) pode
ser comparado ao movimento de um pião: assim como o pião gira em torno de si (rotação) e
seu eixo bamboleia descrevendo um movimento em torno de uma elipse, a Terra também. Esse
fenômeno ocorre devido à interação gravitacional da Terra com outros planetas.
Figura 13.8a: Comparação do movimento de um pião com o da Terra mostrando o efeito da precessão.
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Figura 13.10: Anomalia da temperatura média global do ar. Na parte superior da figura são indicadas
as datas de grandes erupções vulcânicas.
13.2.2.1 Os oceanos
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nutricionais que permitem que organismos marinhos criem conchas ou esqueletos de carbo-
nato de cálcio etc. A mistura das águas oceânicas provoca a redistribuição do CO2 absorvido.
É importante destacar que os oceanos, ao absorverem CO2 da atmosfera, contribuem para a
redução de gás na atmosfera de forma que haja menos impacto do efeito estufa no planeta.
Com as alterações climáticas ao longo dos últimos anos, o nível dos oceanos tem aumentado
sistematicamente. No painel da Figura 13.11 é mostrado que, em nível global, o aumento vem
sendo da ordem de 1.8 mm a 2 mm por ano e a amplitude varia de região para região.
Figura 13.11: Painel superior: média global do aumento do nível do mar ao longo dos
últimos anos. Painel inferior: Distribuição regional estimada do aumento do nível do mar
(janeiro de 1950 a dezembro 2000). / Fonte: Churchet, 2004.
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Figura 13.12: Sistemática da introdução dos GEE na atmosfera. / Fonte: adaptado de IPCC, 2007.
A Figura 13.13 mostra a evolução temporal Global das concentrações dos GEE (dióxido
de carbono, metano e óxido nitroso) nos últimos 2.005 anos. É evidente o grande aumento da
concentração desses gases a partir de 1750, esse aumento estar associado às atividades humanas
da era industrial, conforme relatos do IPCC (2007,2013).
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Figura 13.13: Indicadores das mudanças climáticas no globo: (a) temperatura do ar na superfície continental,
(b) na temperatura na superfície do mar, (c) temperatura do ar marinho, (d) nível do mar e (e) extensão do gelo
marinho no Ártico entre junho a agosto. O eixo das ordenadas indica a anomalia dessas variáveis em relação ao
período 1961-1990, exceto para (e) cujo período é 1967-1990. / Fonte: adaptado de IPCC, 2007-2013.
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As atividades humanas emitem diferentes GEE, mas quatro gases são os principais para o
efeito estufa (IPCC, 2007): dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e
halocarbonetos (um grupo de gases contendo flúor, cloro e bromo). Esses gases se acumulam na
atmosfera, fazendo com que as concentrações aumentem com o tempo. Uma explanação sobre
como esses e outros gases e aerossóis são lançados na atmosfera, com base no quarto relatório
do IPCC (2007), é apresentada na sequência.
• O dióxido de carbono tem aumentado devido ao uso de combustível fóssil no transporte,
aquecimento, produção de cimento etc. O desflorestamento libera CO2 e reduz a absorção
pelas plantas. O dióxido de carbono também é liberado em processos naturais, como o
decaimento de matéria vegetal.
• O metano tem aumentado como resultado das atividades humanas relacionadas à agri-
cultura, distribuição de gás natural e aterros sanitários. O metano também é liberado no
processo natural ligado a manguezais.
• O óxido nitroso é emitido pelas atividades de aplicação de fertilizantes em plantações e
queima de combustíveis fósseis. Alguns processos naturais nos solos e oceanos também
liberam óxido nitroso.
• A concentração de halocarbonetos tem aumentado principalmente devido às atividades
humanas. Já os processos naturais são apenas uma pequena fonte. Os principais halocar-
bonetos incluem clorofluorcarbonos (exemplos: CFC-11 e CFC-12). Esses gases foram
muito usados na refrigeração até se descobrir que eles causam a remoção de ozônio
estratosférico, isto é, contribuem para o buraco na camada de ozônio.
• O ozônio (troposférico) é um gás de efeito estufa que é continuamente produzido e
destruído na atmosfera por reações químicas. Na troposfera, as atividades humanas têm
aumentado a concentração de ozônio através da liberação de gases, como monóxido de
carbono, hidrocarbonos e óxido de nitrogênio, que reagem quimicamente e formam o
ozônio. Como já mencionado, os halocarbonetos liberados pela atividade humana destroem
o ozônio estratosférico e contribuem para o buraco na camada de ozônio.
• O vapor d’água é o mais abundante e importante gás de efeito estufa na atmosfera. Entretanto,
as atividades humanas têm somente uma pequena influência direta na quantia de vapor
d’água. Indiretamente, os seres humanos podem afetar substancialmente a quantia de vapor
d’água e mudar o clima. Por exemplo, uma atmosfera mais quente contém mais vapor
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A Figura 13.14 mostra algumas das fontes de emissão de GEE e contribuição associada no Globo.
É possível observar que 66% das emissões são devidas à industrialização e à queima de combustíveis
fósseis, sendo o CO2 o maior contribuinte. A agropecuária responde por 20%, sendo o metano o
maior responsável. Os restantes 14% são originados de processos de mudanças no uso da terra, em
que o CO2 tem também a maior contribuição.
No Brasil, a principal fonte de emissão de GEE é a mudança no uso do solo (Figura 13.15),
que tem a grande influência do desmatamento e queimadas.
Figura 13.15: Emissões de gases e efeito estufa no Brasil entre 1990 e 2012. / Fonte: GVCES.
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Figura 13.17: Comparação entre as simulações dos modelos climáticos e dados observados de temperatura do ar à superfície no
período de 1850 a 2010. A curva preta indica as observações, enquanto a azul, simulações usando apenas forçantes naturais e a
rosa, simulações usando forçantes naturais e atropogênicas. / Fonte: adaptado de Climatechange, 2013.
A Figura 13.17 mostra uma comparação entre as simulações dos modelos climáticos
(curvas cloridas) e os dados observados de anomalia global da temperatura em superfície
(curva preta) entre 1850 e 2010. Quando os modelos são dirigidos apenas por forçantes
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naturais (curva em azul), as simulações não representam de maneira adequada as tendências das
anomalias observadas. Quando dirigidos por forçantes naturaus e antropogênicas (curva em
rosa), as simulações conseguem reproduzir o aumento da temperatura ao longo dos últimos
40 anos. Assim a Figura 13.17 sugere que é muito provável que o aumento observado da
temperatura média global em superfície média global nas últimas décadas esteja relacionado
com o aumento das concentrações do GEE associadas às forçantes antropogênicas.
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302 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 2
Figura 13.18: Mudanças projetadas para a temperatura do ar (°C) próxima à superfície em termos anuais, considerando 4 cenários:
RCP 2.6, 4.5, 6.0 e 8.5, três períodos: 2046-2065 (coluna esquerda), 2081-2100 (coluna central) e 2181-2200 (coluna direita) e a medida
de diferentes modelos. As figuras correspondem às medidas dos períodos futuros menos a dos período 1986-2005.
/ Fonte: adaptado de IPCC,2013.
Com relação à precipitação, a Figura 13.18 mostra as mudanças projetadas para cada
estação do ano considerando o cenário RCP 8.5 e três períodos: 2046-2065, 2081-2100 e
2181-2200. De forma geral, em todas as estações do ano é projetado aumento de precipitação
no polos e na região da ZCIT.
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Figura 13.19: Mudanças projetadas para a precipitação (porcentagem), em termos sazonais, considerando o cenário RCP 8.5, três
períodos: 2046-2065 (coluna esquerda), 2081-2100 (coluna direita) e 2181-2200 (coluna direita) e a média de diferentes modelos. As
figuras correspondem a média dos períodos futuros menos a do período 1986-2005. / Fonte: adaptado de IPCC, 2013.
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Existem algumas incertezas nas projeções climáticas, que são inerentes aos
diversos dados observados e às limitações dos modelos de clima. Mas, mesmo
que as incertezas continuem persistindo, sabe-se o suficiente para afirmar que
o aumento na concentração dos Gases de Efeito Estufa (e seu impacto no
aquecimento global), associado às fontes antropogênicas, é um fato e deve ser
levado em consideração.
Para finalizar esta seção, a Figura 13.22 mostra a relação sistemática entre emissões e concen-
trações dos GEE, mudança climática, impacto nos sistemas naturais e os caminhos do desenvolvi-
mento socioeconômico. Nela, o termo adaptação refere-se a medidas para reduzir, em curto prazo,
o impacto das mudanças climáticas na sociedade e está relacionada a esforços locais e nacionais.
Já o termo mitigação refere-se a medidas para diminuir as emissões antropogênicas dos GEE a
longo prazo e está relacionada a esforços internacionais como os acordos entre países.
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306 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 2
Figura 13.22: Relação sistemática entre emissões e concentrações dos GEE, mudança climática,
impacto nos sistemas naturais e os caminhos do desenvolvimento socioeconômico.
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Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 2 307
Oliveira et al. (2009) também mencionam que foi na COP 3 que a delegação brasileira
apresentou oficialmente a proposta do Brasil, que previa a criação de um fundo mundial,
denominado Fundo de Desenvolvimento Limpo,que seria alimentado por contribuições advindas
de penalidades arbitradas aos países industrializados que não cumprissem suas metas quantitativas
de redução de emissões acordadas. Esse fundo serviria para financiar projetos em países em
desenvolvimento para a implementação de ações orientadas ao desenvolvimento sustentável.
Tal proposta serviu de inspiração para o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL). No MDL, as empresas ou governos dos países industrializados compram créditos de
projetos que reduzem as emissões dos GEE em países em desenvolvimento e promovem, ao
mesmo tempo, o desenvolvimento sustentável. Assim, essas nações podem usar esses créditos
para atingir sua própria meta de redução de emissões.
Em 1998, foi realizada a COP 4 em Buenos Aires. Nela, um total de 39 países desenvol-
vidos assinaram o Protocolo de Quioto, inclusive os Estados Unidos. No entanto, o senado
norte-americano não o ratificou, o que desobrigava o país de cumprir a sua meta. Só em
16 de fevereiro de 2005 o Protocolo de Quioto entrou em vigor, com as seguintes metas:
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308 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 2
• Os países do anexo I terão de reduzir, no período de 2008 a 2012, 5,2% de suas emissões
de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), em relação aos
níveis do ano de 1990. (No Anexo I estão os países-membros da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), além dos países do antigo bloco
soviético – grupo de países com compromisso de redução de seus GEE; já fora do Anexo
I estão todos os demais, principalmente os países em desenvolvimento - grupo sem
compromisso de redução de seus GEE.
• Os países do Anexo I terão de reduzir seus níveis de hidroclorofluorcarbono (CFH),
perfluorcarbono e hexafluoreto de enxofre (SF6) aos níveis do ano de 1995.
• É permitido o “comércio de emissões” entre países do Anexo I. Países que reduzirem mais
do que a sua meta podem vender créditos para aqueles que não conseguirem alcançar sua
própria meta.
• É permitido aos países do Anexo I que não conseguirem cumprir suas metas de redução
de emissão utilizar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, “pagando” pelo não
cumprimento das metas com investimentos em projetos em países do Não-Anexo I que
reduzam emissões.
Na realidade, o Protocolo de Quioto estabeleceu uma meta de redução de emissões para
cada país, e cada país do Anexo I declarou a meta de redução que desejava e/ou poderia atingir.
Em 1999, foi realizada a COP 5 em Bonn, na Alemanha. Já, em 2005, ocorreu a COP 11 em
Montreal, no Canadá. Nesta, começaram os debates sobre as regras a serem seguidas depois do
primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto (a partir de 2012).
A Tabela 13.1 mostra o ano e local de ocorrência da COPs até 2015.
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Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 2 309
Tabela 13.1 Ano e local de ocorrência das COPs.
Referências
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Yapp, C.J.; Poths, H. Ancient atmospheric CO2 pressures inferred from natural geothites.
Glossário
Adaptação: iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos aos
efeitos atuais e esperados das mudanças climáticas. Em outras palavras, é criar estratégias para
conviver com as mudanças do clima.
Eventos extremos: os eventos extremos podem ser de tempo ou de clima e se referem a fenômenos
que ocorrem com pouca frequência. Um exemplo extremo de tempo é a ocorrência de 10 mm de
precipitação no sudeste do Brasil no período de 1 hora.
Forçante climática: mudança imposta ao balanço de energia da Terra que, tipicamente, causa uma
mudança na temperatura global.
Forçantes climáticas: uma força é uma mudança imposta ao balanço de energia da Terra que,
tipicamente, causa uma mudança na temperatura global.
Fotosfera: a camada visível do Sol.
Mitigação: no contexto das mudanças climáticas, significa implementar políticas para reduzir a emissão
de gases de efeito estufa.
Mudanças climáticas naturais: mudanças ocorridas no clima devido a fatores, sem a influência
do homem.
Resiliência: é a capacidade de um sistema social ou ecológico em absorver as perturbações sofridas sem
modificar sua estrutura básica e formas de funcionamento, a capacidade de auto-organização e a
capacidade de se adaptar ao estresse e mudança.
Vulnerabilidade: é o grau em que um sistema é susceptível e incapaz de lidar com os efeitos adversos das
mudanças climáticas, incluindo a variabilidade climática e os eventos extremos.
Meteorologia