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Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (CEMBRA). O Brasil e o mar no século XXI: Relatório aos tomadores de
decisão do País: Capítulo XVII – Mudanças Climáticas / Cembra, coord. Luiz Philippe da Costa Fernandes, prep.
Lucimar Luciano de Oliveira. – 2. ed., rev. e ampl. Niterói, RJ : BHMN, 2012. 540 p.
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Segundo o Cembra (2012, p.424), representa a relação da radiação refletida pela superfície e a
incidência dessa radiação, medidas em ondas curtas.
formas de manifestação, a intensidade e o impacto dessas mudanças, além de sua
previsibilidade nas escalas do tempo anual e interdecadal” (CEMBRA, 2012, p.425).
Desde a revolução industrial, no século XIX, explica o Cembra (2012, p.425), o uso de
combustíveis fosseis se intensificou no mundo, além do processo de industrialização nos
centros urbanos que contribuiu para o êxodo rural. Essa tendência tem predominado nos
dias atuais, e a população urbana na maioria dos países industrializados é bem maior
que a população rural, o que pressupõe uma maior ocupação urbana em detrimento das
áreas de floresta nativa. Ainda, uma maior demanda por energia e transporte contribuiu
para aumentar a quantidade de gás carbônico, sem contar com o aumento da produção
agropecuária para atender ao mercado consumidor, gerando consigo o aumento de gás
metano na atmosfera e, consequentemente, a emissão de GEE para a atmosfera do
planeta. O efeito estufa, portanto, se tornou um agravante para a questão do equilíbrio
do clima, sendo atualmente um fenômeno em voga nas discussões das políticas
domésticas e externa dos Estados desenvolvidos.
Todavia, os oceanos têm servido como “amortecedores” dos efeitos das variações do
clima, ao longo dos séculos, pois sem a existência das correntes de calor que atuam
amenizando a temperatura do planeta, “levando das regiões tropicais o calor em direção
às altas altitudes”, ele mantem a estabilidade do clima (CEMBRA, 2012, p.426) e,
ainda, vem atuando de forma “altamente eficiente no sequestro de gás carbônico da
atmosfera” (CEMBRA, 2012, p.427). Porém, como enfatiza o Cembra (2012, p.427), os
estudos sobre a importância dos oceanos para o equilíbrio do sistema climático requer
maiores investimentos em tecnologias e pesquisas científicas, representando uma lacuna
na literatura contemporânea2, devido principalmente à pouca “lentidão com que o
oceano reage às alterações no meio ambiente”. No entanto, os estudos desenvolvidos
recentemente tem revelado que a capacidade de absorção do gás carbônico da atmosfera
do planeta, nos últimos 15 anos, teve uma redução drástica, ocasionada pelo aumento da
sua temperatura e, consequentemente, sua acidificação com a redução do pH,
impactando em sua eficiência em sequestrar carbono e “desencadeando um processo de
retroalimentação, aumentando ainda mais a concentração de CO² na atmosfera
(CEMBRA, 2012, p.427).
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Algumas considerações sobre o tema são encontradas nos artigos da Science Beat, datado no ano de
2001, disponibilizado no site: <https://www2.lbl.gov/Science-Articles/Archive/sea-carb-bish.html>.
Para agravar os desafios nesse cenário, explica o Cembra (2012, p.427), o aumento do
volume dos oceanos, propiciado pelo degelo das geleiras continentais e das calotas
polares, aumentou sua massa e volume, gerando o aumento do nível médio dos mares.
Algumas dessas evidências podem ser percebidas, por exemplo:
Desse modo, a evidência das mudanças climáticas como consequência desse fenômeno
do aumento dos níveis dos mares tem cada vez mais ganhado notoriedade nas pesquisas
científicas, como destacou os indicadores do Intergovernmental Panel on climate
Change (IPCC), que afirma que houve um aumento de 30 a 50 cm no nível global
(CEMBRA, 2012, p.428). Contudo, para alguns especialistas, essa estimativa é um tanto
conservadora, devido às consequências que podem ser sentidas nos regimes dos ventos
e chuvas, e nas interações dos oceanos com a atmosfera, podendo “desencadear no
futuro uma era glacial no hemisfério norte”. Segundo o Cembra (2012, p.428), no
hemisfério Sul essas alterações globais podem ter consequências em escala regional,
principalmente nas áreas costeiras que estão em situação de vulnerabilidade, devido às
inundações, às alterações nos sistemas de ressurgências e intrusão de águas do mar em
lençóis aquíferos. Outra preocupação nas costas litorâneas, reitera o Cembra (2012,
p.428), se deve ao fenômeno do El Ninõ, às mudanças no regime de monções que
alteram a circulação atmosférica e a precipitação das chuvas no continente, ou aos
ciclones extratropicais, como o caso do Furação Catarina, ocorrido em 2004.
Portanto, explica o Cembra (2012, p. 429) a circulação oceânica tem grande relevância
para a variabilidade do clima, e precisa ser entendida essa dinâmica nos movimentos das
correntes em grandes escalas espaciais-temporais (quilométricas), bem como os agentes
fornecedores de energia, por exemplo, “a gravidade terrestre, os gradientes de densidade
resultantes das diferentes distribuições de temperatura e salinidade, e o arrasto do vento
na superfície do mar”. Todavia, os vento interferem nos movimentos das correntes
oceânicas até 1.000 metros de profundidade, com velocidades de 0,1 a 1,0 metros por
segundo (m/s), sendo conhecida essa ação como “circulação forçada pelo vento”. A
circulação do vento é responsável pelo transporte do excedente de calor dos trópicos
para as latitudes médias, e nas altas latitudes essa redistribuição de calor é completada
pela circulação atmosférica (CEMBRA, 2012, P. 429).
No lado oeste da bacia oceânica do Atlântico Sul, explica o Cembra (2012, p. 432), as
águas são mais frias e menos salinas devido à Corrente Circumpolar Antártica (CCA),
no qual uma parte fica e a outra flui para o norte, em direção à Argentina, alimentando a
Corrente de Malvinas, retornando em direção à Corrente do Brasil (CB), reintegrando à
CAA. Nessa região de confluência, uma parte dessas águas se mistura com o oceano
Pacífico, formando a massa de água do Atlântico Sul.
Fonte: http://afmata-tropicalia.blogspot.com/2012/03/blog-post_28.html
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A unidade de medida utilizada para mensurar aa salinidade da água é o psu, ou seja, a Practical Salinity
Units ouUnidades Práticas de Salinidade.
A corrente Sul-Equatorial é formada pelas massas provenientes dos oceanos Atlântico e
Índico, formando a camada superior da região subtropical do Atlântico Sul. Ao se
dirigir para noroeste aproxima da costa brasileira, bifurcando na corrente do Brasil ao
sul e na corrente norte do Brasil, ao norte, formando um complexo de correntes no
Equador (CEMBRA, 2012, p.433). No entanto, reitera o Cembra (2012, p. 433), nos
estudos de Goni et al.4 (2008 apud CEMBRA, 2012, p.433) e Sato e Polito5 (2008 apud
CEMBRA, 2012, p.433) têm revelado o aumento do “vazamento de agulhas” devido ao
deslocamento do sistema de ventos da corrente do Atlântico Sul para o sul e o aumento
do seu giro subtropical em 40%, entre 1992 e 2006, levantando a hipótese do aumento
de calor na superfície do oceano e maior salinidade.
No Brasil, a hipótese levantada por esses cientistas por meio do uso de satélites levou
para a necessidade de monitoramento da região oceânica sudeste, com a proposta
similar ao do Projeto Pirata, no Atlântico Tropical, o instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), instalou boia meteo-oceanográfica
para observar na superfície do oceano, a temperatura, salinidade, precipitação pressão
atmosférica e velocidade do vento, bem como em uma profundidade de até 500 metros.
Assim, através do satélite disponibilizado pelo Global Telecommunication System
(GTS), mantido pela Organização Meteorológica Mundal (OMM), foi possível
acompanhar a evolução desses eventos associados às condições oceânicas da costa
brasileira.
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Goni, G.F.; Bringas, P.; Dinezio. Observed variability of the South Atlantic subtropical gyre. Geophys.
Res. Letters, 2008.
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SATO, O.; POLITO, P. Influence of salinity on the interannual heat storagetrends in the Atlantic stimated from
altimeters and the Pilote Research Moored Array in the Tropical Atlantic data. Journal of Geophysical Research,
2008.