Você está na página 1de 14

GEOGRAFIA E

RECURSOS
HÍDRICOS
As mudanças
climáticas e os
recursos hídricos
Marcelo Messias Henriques

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Descrever os impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos.


>> Reconhecer o papel dos oceanos na retenção de gás carbônico.
>> Relacionar os impactos do aumento do nível dos mares em cidades litorâneas.

Introdução
Os recursos hídricos estão irremediavelmente relacionados com as mudanças
climáticas, uma vez que esses ambientes são altamente suscetíveis a alterações
do clima. Essas alterações impactam desde o nível médio dos mares até a pro-
babilidade de ocorrência de eventos extremos, como períodos de secas severas
e inundações, degelo glacial, etc.
Neste capítulo, vamos explicar como as mudanças climáticas afetam os recursos
hídricos, pondo em risco a segurança hídrica e as áreas costeiras. Além disso, vamos
mostrar a importância dos oceanos como sumidouros de gás carbônico, o que é deno-
minado blue carbon. Por fim, vamos descrever como o aumento médio dos níveis dos
mares tem afetado comunidades litorâneas, fazendo populações tradicionais deixarem
suas comunidades e, por consequência, dando origem aos “refugiados climáticos”.
2 As mudanças climáticas e os recursos hídricos

Mudanças climáticas
Vivemos em um mundo dinâmico, com disruptivas mudanças históricas
nas áreas sociais, econômicas, ambientais e culturais. Essas mudanças
podem ser sentidas instantaneamente, como um desmatamento para
cultivo agrícola, por exemplo, ou levar séculos, como as alterações geo-
lógicas. O clima também apresenta mudanças naturais, com aquecimento
e resfriamento.

A expressão mudança global se popularizou quando ficou evidente


que as emissões da queima de combustíveis fósseis e de outras
atividades estavam começando a alterar a química da atmosfera. De fato, as
pessoas estão cada vez mais preocupadas com as mudanças antropogênicas que
foram observadas em todos os componentes do sistema do clima (GROTZINGER;
JORDAN, 2013).

Estudos indicam que entre 3.000 a 2.300 anos antes do presente (AP)
a temperatura na Terra era mais fria; posteriormente, entre 1.000 a 709
anos AP, passamos por um período chamado de clima óptimo, com tem-
peratura terrestre média variando entre 20 a 24°C. Mais recentemente,
entre 478 a 101 anos AP, a Terra vivenciou a conhecida Pequena Idade
do Gelo, que, apesar de não ser um evento climático global, apresentou
uma significativa expansão das geleiras na América do Norte e na Europa
(BARRY; CHORLEY, 2017).
Entretanto, apesar desse aquecimento e resfriamento naturais, a partir
da Revolução Industrial, a Terra passou a registrar índices altíssimos de
emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera (Figura 1). Esse gás
é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, que impede que a
energia solar refletida pelo planeta se dissipe. Esse fato faz com que
haja um aquecimento gradual das temperaturas médias do planeta, o
que pode causar impactos irreversíveis. Esse processo é conhecido como
aquecimento global.
As mudanças climáticas e os recursos hídricos 3

Figura 1. Concentração atmosférica de CO2 nos últimos 10 mil anos.


Fonte: Grotzinger e Jordan (2013, p. 673).

Quando o Sol aquece a superfície da Terra, parte do calor é aprisionada


por vapor d’água, CO2 e outros gases na atmosfera (Figura 2), semelhante a
como o calor é aprisionado por um vidro fosco em uma estufa. Por isso “efeito
estufa”, que explica por que a Terra tem um clima que possibilita a vida. Se
a atmosfera não contivesse gases do efeito estufa, a superfície terrestre
seria sólida e congelada. Portanto, os gases do efeito estufa, sobretudo o
CO2, exercem uma função crucial na regulação do clima.

Figura 2. Quando a superfície terrestre é aquecida pelo Sol, ela irradia calor de volta para a
atmosfera. O CO2 e outros gases de efeito estufa absorvem parte dessa radiação infravermelha
e a irradiam para todas as direções, inclusive para a superfície da Terra. Dessa maneira, a
atmosfera armazena calor, como um vidro em uma estufa.
Fonte: Grotzinger e Jordan (2013, p. 417).
4 As mudanças climáticas e os recursos hídricos

Assim, embora os gases de efeito estufa sejam importantes para a ma-


nutenção da vida na Terra, sua emissão excessiva acabou por desencadear
mudanças climáticas, uma variação estatisticamente significativa no estado
médio do clima ou em sua variabilidade, que persiste por um período prolon-
gado, geralmente de décadas ou mais. Trata-se, portanto, de uma alteração
no clima que é atribuída direta ou indiretamente à atividade humana, que
modifica a composição da atmosfera e que se soma à variabilidade climática
natural observada ao longo de escalas temporais comparáveis. Ou seja, as
mudanças climáticas podem ser decorrentes de processos internos naturais,
forçantes externas naturais, ou mudanças antropogênicas persistentes na
composição atmosférica e no uso da terra (BARRY; CHORLEY, 2017).
Assim, apesar de o aquecimento do planeta ser um processo natural, a
ação do homem acelera esse processo pelo desflorestamento para expansões
agrícola, urbana e industrial, e, sobretudo, por meio do lançamento de CO2
na atmosfera. Os impactos causados pela atuação humano são denominadas
ações antropogênicas (GROTZINGER; JORDAN, 2013).
Portanto, as emissões humanas de carbono estão intensificando o efeito
estufa pelo aumento da concentração de CO2 na atmosfera, e parte desse
CO2 dissolve-se nos oceanos, onde se combina com a água para formar ácido
carbônico. Essa acidificação oceânica está reduzindo a capacidade que os
crustáceos e os corais têm de calcificar suas conchas e esqueletos, e pode
afetar de modo adverso muitos outros tipos de organismos marinhos, preju-
dicando os ecossistemas marinhos. De acordo com Grotzinger e Jordan (2013),
a biodiversidade de ecossistemas continentais está em declínio em razão da
perda de hábitat e dos efeitos do aquecimento global, de forma que a rápida
taxa atual de extinção de espécies pode, por fim, levar a uma redução da
biodiversidade equivalente às extinções em massa do passado.
Dessa forma, as mudanças climáticas afetam, sobremaneira, os recursos
hídricos. Por exemplo, com relação ao uso do solo, o desmatamento pode afetar
o escoamento superficial de uma bacia hidrográfica, alterando a vazão e a
qualidade da água, o que impacta a sobrevivência dos animais no hábitat, o
fornecimento para consumo, etc. Assim, de forma genérica, a associação entre
desmatamento e aquecimento global ameaça a sobrevivência das comunidades
de peixes, que necessitam de um hábitat com temperatura adequada para
sobreviver. Segundo Val e Almeida-Val (2008), se mantidas as taxas atuais de
desmatamento, entre 2% e 8% das espécies poderiam desaparecer nas próxi-
mas duas décadas. Além disso, o aquecimento global influencia diretamente
o regime pluviométrico, provocando inundações em diversos locais e secas
severas em outros, como comentamos na introdução deste capítulo.
As mudanças climáticas e os recursos hídricos 5

O aquecimento global pode afetar diretamente a segurança hídrica


global. Conforme relatório publicado pela Organização Meteorológica
Mundial, mais de 90% da energia retida pelos gases de efeito estufa penetram
nos oceanos. Porém, o ano de 2018 foi marcado por um registro de elevações
da temperatura do oceano nos primeiros 700 metros a 2.000 metros de água,
superando o recorde anterior estabelecido em 2017, o que pode causar impactos
diretos em espécies aquáticas e no derretimento das geleiras (INTERGOVERN-
MENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2018).

Mas não é só isso. As várias consequências do efeito estufa incluem (IN-


TERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2018):

„„ o derretimento das calotas polares e o consequente aumento do nível


do mar;
„„ o comprometimento da segurança alimentar, prejudicando as colheitas
e a pesca;
„„ a extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas;
„„ perdas de terras em decorrência do aumento do nível do mar, que
provocará, também, ondas migratórias;
„„ a escassez de água em algumas regiões;
„„ inundações nas latitudes do Norte e no Pacífico Equatorial;
„„ riscos de conflitos em virtude da escassez de recursos naturais;
„„ problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.

O Brasil no meio de tudo isso


O Brasil, quinta maior nação do mundo, é o país com maior disponibilidade
hídrica do planeta, com cerca de 12% da água doce mundial. Por outro lado,
é o sétimo maior produtor mundial de gases de efeito estufa, apesar de ter
um exemplar sistema de produção de eletricidade. Milz (2019) afirma que a
utilização do solo na agricultura é responsável por quase a metade dessas
emissões, das quais grande parte se deve à dizimação das matas.
Acerca do desmatamento, além da retirada da vegetação, da degradação
do solo e do aumento do escoamento superficial, os gases liberados durante
os incêndios, muitos deles criminosos, contribuem significativamente para o
efeito estufa. No Brasil, por exemplo, o ano de 2020 foi marcado por números
recordes de desmatamento na Amazônia e no Pantanal, destruindo impor-
tantes hotspots da biodiversidade e devastando espécies inteiras. Mesmo
sendo considerada uma das maiores áreas úmidas do planeta, a planície
6 As mudanças climáticas e os recursos hídricos

pantaneira vem apresentando secas severas, que culminam na disseminação


de focos de incêndio. Esses eventos demonstram como o aquecimento global
afeta no regime pluviométrico e traz impactos severos à biodiversidade
(AMAZÔNIA..., 2020).

Estima-se que o desmatamento e a queima de biomassa na Amazônia


e em outros locais representem, aproximadamente, 25% do aumento
no dióxido de carbono atmosférico desde os períodos pré-industriais (BARRY;
CHORLEY, 2017).

Além disso, o desmatamento da Amazônia impede a formação de massas


de ar carregadas de vapor da água, que levam a umidade da Amazônia ao
Centro-Oeste, ao Sudeste e ao Sul do Brasil. Tal evento é denominado “rios
voadores” e está sendo diretamente ameaçado pelas ações antrópicas. Um
exemplo disso é a escassez hídrica vivenciada pela cidade de São Paulo em 2014.

De acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change (2018),


em 2014, São Paulo enfrentou a pior crise hídrica da história. Seus
reservatórios chegaram aos menores índices registrados no estado. Curitiba,
capital do Paraná, também registrou a maior crise hídrica da história em 2020.
Além de impactar o abastecimento urbano, a crise hídrica pode afetar a geração
de energia, a agricultura, etc. Referente à agricultura, por exemplo, sabe-se que
15% das regiões produtoras de trigo do mundo correm risco de escassez severa
de água ao mesmo tempo. Mesmo que o aquecimento global fique abaixo de
1,5°C até 2100, a chance de estresse hídrico simultâneo nos continentes ainda
dobrará entre 2030 e 2070 (TRNKA et al., 2019).

Os oceanos e o gás carbônico


Os oceanos possuem papel fundamental na absorção de CO2, sendo consi-
derados grandes sumidouros desse gás. Nascimento ([2017]) salienta que as
macroalgas e os fitoplânctons (seres marinhos) realizam fotossíntese para
converter CO2 em açúcares da mesma forma como o fazem as plantas terres-
tres. Estima-se que os oceanos retiram, da atmosfera, cerca de 1/3 do carbono
emitido pela atividade humana, o que corresponde a aproximadamente
dois bilhões de toneladas métricas por ano. Assim, o processo natural de
fotossíntese, seja em ecossistemas terrestres ou aquáticos, ajuda a diminuir
consideravelmente a quantidade de CO2 na atmosfera (NASCIMENTO, [2017]).
As mudanças climáticas e os recursos hídricos 7

Além dos oceanos, áreas costeiras como mangues e marismas fornecem inú-
meros benefícios e serviços essenciais para a adaptação às mudanças climáticas
ao longo das costas em todo o mundo, incluindo proteção contra inundações
e o aumento do nível do mar, prevenção da erosão costeira, manutenção da
qualidade da água costeira, fornecimento de hábitat para pescas comerciais e
espécies marinhas ameaçadas, e segurança alimentar para muitas comunidades
costeiras. Além disso, esses ecossistemas sequestram e armazenam quantidades
significativas de carbono azul costeiro da atmosfera e do oceano, e, portanto,
agora são reconhecidos por seu papel na mitigação das mudanças climáticas.
O carbono azul (blue carbon) se refere a todo carbono que é capturado
da atmosfera e é armazenado nos ecossistemas costeiros (ECYCLE, c2017).
Estima-se que áreas oceânicas e costeiras apresentem taxas significativa-
mente mais altas de absorção de carbono do que as florestas terrestres. Os
depósitos de carbono acumulados dentro desses sistemas são armazenados
acima do solo na biomassa das plantas (troncos de árvores, caules e folhas),
abaixo do solo na biomassa da planta (sistemas radiculares e rizomas) e nos
solos orgânicos ricos em carbono, típicos desses ecossistemas (Figura 3).

Figura 3. Manguezais e pântanos salgados ao longo de nossa costa “capturam e retêm” carbono,
agindo como sumidouros de carbono. Esses sistemas costeiros, embora muito menores que
as florestas, sequestram o carbono em um ritmo muito mais rápido e podem continuar a
fazê-lo por milhões de anos. A maior parte do carbono absorvido por esses ecossistemas
é armazenada abaixo do solo.
Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration (2019, documento on-line).
8 As mudanças climáticas e os recursos hídricos

Entretanto, apesar da importância desses ambientes no sequestro de


carbono, nos últimos 50 anos, entre 30–50% dos manguezais foram perdi-
dos e continuam a ser perdidos a uma taxa de 2% ao ano (ECYCLE, c2017).
As principais causas de destruição dos ecossistemas de mangue incluem
o desmatamento e o aterro para a inserção urbana e industrial, a criação
de tanques de aquicultura e outras formas de desenvolvimento costeiro
insustentável.
Macreadie et al. (2019) descrevem três abordagens amplas de gestão para
a conservação desses ambientes e a garantia do sequestro de carbono como
método mitigador das mudanças climáticas:

1. preservação;
2. restauração;
3. criação.

A preservação da qualidade e da extensão das áreas costeiras, por meio


de proteção legislativa e/ou apoio a meios de subsistência alternativos,
por exemplo, tem o benefício duplo de evitar a remineralização de carbono
historicamente sequestrado ao mesmo tempo que protege a capacidade de
sequestro futura. A preservação pode incluir abordagens diretas ou indiretas
para manter ou melhorar os processos biogeoquímicos, como sedimentação
e abastecimento de água (MACREADI et al., 2019).
A restauração pertence a uma gama de atividades que buscam melho-
rar os processos biofísicos e geoquímicos (e, portanto, a capacidade de
sequestro) nos ecossistemas de carbono azul. Exemplos incluem reflo-
restamento passivo e/ou ativo de manguezais explorados e degradados,
intervenções de terraplenagem para devolver lagoas de aquicultura aos
ecossistemas de mangue e a restauração da hidrologia em planícies de
inundação costeiras drenadas. De acordo com Macreadi et al. (2019), embora
a restauração possa restabelecer os processos de sequestro de carbono,
é importante notar que ela pode não evitar que grandes quantidades de
carbono sejam perdidas após distúrbios ou intervenções futuras.
Por fim, a criação compreende incentivos à pesquisa e o desenvolvi-
mento de métodos e de técnicas capazes de proteger esses ambientes,
garantindo um pleno funcionamento destes ecossistemas (MACREADI
et al., 2019).
As mudanças climáticas e os recursos hídricos 9

A dinâmica dos mares e a ocupação


de áreas litorâneas
As linhas de costa do mundo servem como barômetros para as iminentes mu-
danças causadas por muitos tipos de atividades humanas. A poluição dos nossos
cursos d’água nos continentes, cedo ou tarde, chega às praias, assim como o
chorume dos lixões das cidades e o óleo de lavagem de tanques em alto-mar são
levados à costa. À medida que a ocupação imobiliária e as construções ao longo
das linhas costeiras expandem-se, veremos a diminuição continuada e, mesmo,
o desaparecimento de algumas de nossas mais belas praias (Figura 4). Da mesma
forma, também veremos efeitos consideráveis em nossas praias à medida que o
aquecimento global causar a subida do nível do mar (GROTZINGER; JORDAN, 2013).

Figura 4. A urbanização excessiva em Balneário Camboriú, Santa Catarina, vem diminuindo


a faixa de areia da praia central.
Fonte: Passaporte Oficina (2019, documento on-line).

De fato, durante o século XX, o nível do mar subiu em torno de 200 mm


e está atualmente aumentando a uma taxa aproximada de 3 mm por ano.
O aumento do nível do mar é uma ameaça grave à sociedade humana, pois
poderia inundar deltas, atóis e outros terrenos baixos costeiros, além de
erodir praias, aumentar as cheias costeiras e ameaçar a qualidade da água
em estuários e aquíferos, comprometendo a segurança de 745 milhões de
pessoas em todo o mundo (NASCIMENTO, [2017]).
A verdade é que mudanças lentas no meio ambiente, como a acidificação
dos oceanos, a desertificação e a erosão costeira, também estão afetando
10 As mudanças climáticas e os recursos hídricos

diretamente os meios de subsistência das pessoas e sua capacidade de


sobreviver em seus locais de origem. Essas populações são chamadas de
refugiados climáticos, grupos que acabam migrando para locais de podem
ofertar subsídios para a manutenção da vida.
No Brasil, por exemplo, devido à escassez de água, muitos povos migram do
interior nordestino para cidades do Sudeste, fugindo das secas. A pouca incidência
ou, mesmo, a ausência de chuvas torna os solos improdutivos e inviabiliza a
criação de animais. Políticas públicas ineficazes também agravam essa situação:

[...] o estudo “Mudanças no padrão espaço-temporal de secas no nordeste brasileiro”,


publicado na Atmopsheric Science Letters, no ano passado, revelou que a seca, entre
2012 e 2017, foi a pior em 30 anos e prejudicou a população de 24 milhões de pessoas
que vive na região, promovendo milhares de deslocamentos, em especial para a região
Sudeste, algo que já ocorria em determinados períodos, desde a década de 1990. [...] O
levantamento alerta que a combinação de alta variabilidade espacial e temporal das
chuvas, falta de irrigação, degradação da terra devido ao manejo inadequado do solo e
a pobreza em larga escala nas áreas rurais tornam a região uma das áreas mais vulnerá-
veis do​​ mundo aos impactos das mudanças climáticas (RESK, 2019, documento on-line).

Conforme a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (AC-


NUR), desde o ano de 2009, estima-se que, a cada segundo, uma pessoa é deslocada
em razão de um desastre ambiental. Em 2018, foram registrados, no mundo, 17
milhões de novos deslocamentos relativos a desastres naturais e a mudanças
climáticas. E as previsões são alarmantes. A mudança climática deverá expulsar
140 milhões pessoas de suas casas, o que reforça que não é mais possível descon-
siderar essa questão nas agendas das políticas públicas dos países (RESK, 2019).
Diante dos fatos, é perceptível que os fenômenos climáticos vão além
de questões naturais, interferindo diretamente nos fenômenos humanos. É
necessário sensibilizar-se com essas questões em prol de um ensino crítico,
que promova a busca por políticas públicas eficientes, minimizando impactos
negativos na vida humana.

Referências
AMAZÔNIA e Pantanal têm recorde de queimadas em outubro. Deutsche Welle, 2020.
Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/amaz%C3%B4nia-e-pantanal-t%C3%AAm-
-recorde-de-queimadas-em-outubro/a-55466497. Acesso em 18 nov. 2020.
BARRY, R. G.; CHORLEY, R. J. Atmosfera, tempo e clima. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018.
ECYCLE. Sequestro de carbono: o que é e como ocorre. c2017. Disponível em: https://
www.ecycle.com.br/2673-sequestro-de-carbono. Acesso em: 17 nov. 2020.
As mudanças climáticas e os recursos hídricos 11

GROTZINGER, J.; JORDAN, T. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Climate change 2017: synthesis
report. Geneva: WMO, 2018. (E-book).
MACREADIE, P. I. et al. The future of Blue Carbon science. Nature Communications, v10,
p. 1–13, 2019. Disponível em: https://www.cifor.org/publications/pdf_files/articles/
AMurdiyarso1902.pdf. Acesso em: 17 nov. 2020.
MILZ, T. Qual é o papel do Brasil na luta contra as mudanças climáticas? Deutsche
Welle, 2019. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/qual-%C3%A9-o-papel-do-
-brasil-na-luta-contra-as-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas/a-51456742. Acesso
em 18 nov. 2020.
NASCIMENTO, P. S. do. Sequestro de carbono. [2017]. Disponível em: https://www.
infoescola.com/ecologia/sequestro-de-carbono/. Acesso em: 18 nov. 2020.
NATIONAL OCEANIC AND ATMOSPHERIC ADMINISTRATION. What is Blue Carbon? 2019.
Disponível em: https://oceanservice.noaa.gov/facts/bluecarbon.html. Acesso em: 17
nov. 2020.
PASSAPORTE OFICINA. 7 praias pouco conhecidas de Balneário Camboriú. 2019. Disponível
em: https://grupoodp.com.br/7-praias-pouco-conhecidas-de-balneario-camboriu/.
Acesso em: 17 nov. 2020.
RESK, S. S. Refugiados climáticos: uma realidade brasileira. Neo Mondo, 2019. Disponível
em: http://www.neomondo.org.br/2019/10/16/refugiados-climaticos-uma-realidade-
-brasileira/. Acesso em 18 nov. 2020.
TRNKA, M. et al. Mitigation efforts will not fully alleviate the increase in water scarcity
occurrence probability in wheat-producing áreas. Science Advances, v. 5, nº. 9, det.
2019. Disponível em: https://advances.sciencemag.org/content/5/9/eaau2406. Acesso
em 18 nov. 2020.
VAL, A. L.; ALMEIDA-VAL, V. M. F. Mudanças climáticas e biodiversidade na Amazônia. In:
60a REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 60.,
2008, Campinas. Anais [...]. Campinas: SBPC, 2008.

Leituras recomendadas
BRASIL. Os efeitos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos: desafios para
a gestão. Brasília: ANA, 2017.
BRASIL. Programa de ação nacional de combate à desertificação e mitigação dos efeitos
da seca. Brasília: MMA, 2004.
NOBRE, C. A.; NOBRE, A. D. O balanço de carbono da Amazônia brasileira. Estudos
avançados, v. 16, nº 5, p. 81–90. 2002.
TUCCI, C. A. M. Mudanças climáticas e os impactos sobre os recursos hídricos no Brasil.
Ciência & Ambiente, v. 1, nº 34, p. 137–156, 2007.
12 As mudanças climáticas e os recursos hídricos

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar