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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ

BACHARELADO EM ENGENHARIA QUÍMICA

GESTÃO AMBIENTAL PARA A INDÚSTRIA QUÍMICA

MADSON DA SILVA LIMA

O DESMATAMENTO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

MACAPÁ

2023
MADSON DA SILVA LIMA

O DESMATAMENTO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Trabalho sobre O Desmatamento e as


Mudanças Climáticas, como requisito para a
disciplina de Gestão Ambiental para a
Indústria Química, ministrada pelo professor
Me. Menyklen Penafort.

MACAPÁ

2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………….…4

2 O DESMATAMENTO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS………………………………...4

2.1 O DESMATAMENTO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS………………………………4

2.2 EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS RECENTES NO BRASIL ………………...…………7

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………..10

4 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………..11
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1 INTRODUÇÃO
O desmatamento é caracterizado pela remoção da vegetação nativa de uma área. A
sua causa está atrelada principalmente à ação antrópica, ou seja, à atuação do homem no
desenvolvimento das atividades produtivas. As consequências do desmatamento estão ligadas
à perda da biodiversidade e, consequentemente, à extinção de espécies. Além disso, o desmate
provoca um amplo conjunto de impactos ambientais negativos e é apontado como um dos
grandes responsáveis pelas mudanças climáticas.
Segundo relatório da ONU, lançado em março de 2020, o período de 2010 a 2019 foi
a década mais quente da história. O aumento da temperatura, inclusive, tem crescimento
sucessivo a cada década desde 1850. Como apresentado no panorama, o ano de 2019 foi o
terceiro mais quente, perdendo apenas para 2016 e 2015, período em que o fenômeno El Niño
atuou na mudança de temperatura da superfície do Oceano Pacífico, gerando fortes impactos
climáticos na América do Sul e no mundo.
As mudanças climáticas afetam consideravelmente os diversos biomas espalhados
pelas dimensões continentais brasileiras. Por conta do vasto território em longitude e latitude,
o Brasil em si é composto por seis biomas diferentes, que apresentam ecossistemas com
características semelhantes. São eles: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e
Pantanal. Mas como esses efeitos no clima impactam o nosso meio ambiente e colocam o
equilíbrio dos nossos biomas como pauta fundamental.

2 DESEMVOLVIMENTO

2.1 O DESMATAMENTO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS


Tratamos anteriormente as principais causas do desmatamento nos biomas
brasileiros. Agora chegou o momento de falarmos um pouco sobre uma das suas
consequências mais drásticas: as mudanças climáticas.
Já tratamos do assunto aquecimento global na disciplina de Controle de Poluição do
Ar. Porém, nesse momento a intenção é discutir sobre como o desmatamento tem contribuído
para as mudanças climáticas, uma vez que esta prática é a terceira maior causa da emissão de
gases do efeito estufa, ficando atrás somente da produção de energia e da indústria e à frente
do setor de transportes (MARENGO et al., 2011).
Enquanto a queima de combustíveis fósseis representa 88% das emissões globais de
gases de efeito estufa, o desmatamento tropical é responsável por aproximadamente 12%
dessas emissões (Lè Querè, 2009 apud IPAM/FVPP, 2011). Já no Brasil, 68% das emissões
são resultantes do desmatamento e mudanças no uso do solo (IPAM/FVPP, 2011).
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Mas como o desmatamento influencia nas mudanças climáticas?


A vegetação possui um papel importantíssimo na estocagem de carbono,
participando na ciclagem deste elemento químico e limitando a quantidade liberada na
atmosfera. Considerando que o dióxido de carbono (CO2) é o gás que mais contribui para o
aquecimento global, são notórias as consequências advindas do desmatamento.
Ainda, a remoção da cobertura florestal pode causar alterações no balanço hídrico,
tornando clima mais seco e quente. Isso ocorre porque o desmatamento e a exploração
madeireira diminuem a quantidade de água liberada pela vegetação para a atmosfera e,
consequentemente, reduzem o volume das chuvas (consulte a etapa que trata sobre a água).
Com menos chuvas, há maior possibilidade de ocorrência de incêndios florestais. A fumaça
produzida por essas queimadas e pelos incêndios florestais interfere nos mecanismos de
formação das nuvens, dificultando ainda mais a ocorrência das chuvas. Todos estes fatores
combinados agravam os efeitos das mudanças climáticas (IPAM/FVPP, 2011).
Tamanha é a contribuição do desmatamento para as mudanças climáticas que os
planos de ação para prevenção e controle do desmatamento nos biomas foram considerados
instrumentos da Política Nacional sobre Mudanças do Clima (Lei no 12.187/2009)
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011).
Porém, algumas medidas já haviam sido tomadas antes desta regulamentação. De
fato, o Governo Federal lançou em 2004 o Plano de Ação para Prevenção e Controle do
Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Posteriormente, em 2010, foi a vez do
Cerrado ter o seu desmatamento controlado, com a criação do Plano de Ação para Prevenção
e Controle do Desmatamento e das Queimadas do Cerrado (PPCerrado). Para os outros
biomas já estão previstas ações na Política Nacional sobre Mudanças do Clima, porém essas
ainda não foram implantadas.
Veja na figura 1, a seguir, as metas previstas para o Brasil e a grande parcela de
contribuição do uso da terra no total de emissões de gás carbônico realizadas pelo Brasil.
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FIGURA 1 – EMISSÕES DE GÁS CARBÔNICO

FONTE: Disponível em: <http://www.ecodebate.com.br/foto/co2-brasil.jpg>. Acesso em: 21 maio 2013.

As negociações internacionais sobre mudanças climáticas têm se dado no âmbito da


Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas e do Protocolo de
Quioto, os principais instrumentos existentes para promover a mitigação das mudanças
climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em particular o dióxido de
carbono. Entretanto, o texto do referido Protocolo não contém qualquer mecanismo
específico que contemple as emissões de carbono por uso do solo, o que está relacionada às
emissões resultantes do desmatamento e fogo (incêndios florestais) em áreas de floresta
tropical, o que, por sua vez, representa aproximadamente 20% das emissões globais. Neste 9
contexto, a Amazônia assume um papel importante nos esforços para redução de emissões de
gases de efeito estufa (IPAM, 2006).
As florestas da Amazônia contêm quantidade de carbono equivalente a mais de uma
década de emissões globais, e pequenas mudanças no seu metabolismo, seja através do
aquecimento ou seca severa, podem contribuir para inviabilizar as metas de redução de gases
estufa consubstanciadas nos instrumentos do Protocolo de Quioto. Quando o desmatamento
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ou fogo afetam a floresta, uma grande quantidade de CO2 é liberado para a atmosfera.
Atualmente, as florestas da Amazônia brasileira têm sido desmatadas a uma taxa anual de 2
milhões de hectares, liberando cerca de 200 milhões de toneladas de carbono (TC) para a
atmosfera (2-3 % das emissões globais), muito mais do que as emissões brasileiras por
queima de combustíveis fósseis (95 milhões TC / ano) (IPAM, 2006).
Mas de que forma as mudanças climáticas têm sido notadas em nosso país? Eventos
de seca extrema, enchentes, desmoronamentos de terra... Nos últimos anos temos tomado
conhecimento desses fenômenos e das diversas catástrofes naturais resultantes deles através
dos noticiários nacionais. Serão esses eventos desconectados ou fruto das mudanças
climáticas? O desmatamento tem influência sobre esses fenômenos?
Apesar da dificuldade em se comprovar a influência das atividades humanas sobre
as últimas grandes catástrofes naturais ocorridas no Brasil, alguns dados ao menos sugerem
tal relação. Na sequência, comentaremos alguns desses fenômenos e como o uso
indiscriminado dos recursos naturais parece atuar sobre os mesmos.

2.2 EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS RECENTES NO BRASIL


Nos últimos anos o bioma Amazônia passou por pelo menos dois eventos de seca
extrema (2005 e 2010), e duas grandes enchentes (2009 e 2012
No ano de 2005, o sudoeste da Amazônia sofreu uma das secas mais intensas dos
últimos cem anos. De fato, as chuvas aproximaram-se de 100mm por mês, abaixo da média
de longo prazo, que é de 200-400 mm/mês. Apenas quatro anos depois, na mesma região,
foram registrados excessos e 100 mm por mês de chuva. Estima-se que a precipitação foi
quase 100% acima do normal para a região e época do ano! Era a enchente de 2009. No ano
seguinte, um novo evento de seca extrema atingiu a região amazônica (MARENGO;
TOMASELLA; SOARES, 2011). Por fim, no ano de 2012 ocorreu a maior enchente de que
já se teve notícia na região amazônica.
Durante os dois eventos de seca, a atividade pesqueira e o abastecimento de água na
região amazônica ficaram seriamente comprometidos. A navegação ao longo de vários
canais teve de ser suspensa. Também houve alto índice de mortalidade de peixes. Milhares
de pessoas ficaram sem alimentos e a geração de energia hídrica ficou comprometida
(MARENGO; TOMASELLA; SOARES, 2011).
Já nos períodos de enchente, verificou-se grandes impactos sobre a saúde pública,
com a ocorrência de casos de leptospirose e de doenças transmitidas pela água. Ainda, houve
danos sobre a infraestrutura e as propriedades (MARENGO; TOMASELLA; SOARES,
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2011).
De acordo com modelos climáticos desenvolvidos para a região, até o final do
século XXI as mudanças climáticas deverão aumentar a frequência e a intensidade das
precipitações pluviométricas na Amazônia. Ainda, eventos de seca, que geralmente ocorrem
apenas uma vez em 20 anos, podem passara ocorrer até o ano de 2025 uma vez a cada dois
anos, e até o ano de 2060, nove vezes em 10 anos!
Não somente a Amazônia tem sofrido com os eventos climáticos extremos. No
Nordeste, na região da Caatinga, o ano de 2012 foi um marco devido à pior seca em 50 anos.
Como consequência, houve perdas agrícolas e, na pecuária, falta de água para consumo
humano, impactos na saúde pública e a intensificação do fenômeno de migração (RITTL,
2012). Em outras áreas, como o Sudeste e Sul do Brasil, as enchentes, enxurradas e
deslizamentos têm constantemente sido manchete de jornais.
Deslizamentos no Rio de Janeiro, em Minais Gerais e em Santa Catarina.
Enxurradas em São Paulo. Enchentes em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esses são
apenas alguns exemplos de vários e constantes eventos ocorridos. Veja na figura 2 e 3 o
panorama futuro que é esperado para as diferentes regiões do país devido às mudanças
climáticas.

FIGURA 2 – IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NAS DIFERENTES


REGIÕES DO BRASIL

FONTE: Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/sites/default/files/


uploads/u4/impactos_no_brasil.gif>. Acesso em: 16 mai. 2013.
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FIGURA 3 – CENÁRIOS CLIMÁTICOS FUTUROS NAS DIFERENTES LOCAIS NO


MUNDO

FONTE: Disponível em: www.itapeceria.sp.gov.br. Acesso em: 20 out. 2023.

Desde o início das discussões sobre as mudanças climáticas, em diferentes fóruns


mundiais, o uso da terra e das florestas como mecanismo para mitigar as mudanças
climáticas devido ao efeito-estufa sempre foi considerado. No entanto, por causa de
incertezas científicas sobre as emissões de CO2 decorrentes das atividades de desmatamento
e sobre as taxas de desmatamento em todo o mundo, esse assunto gera, ainda, muita
polêmica. Somente a partir do estabelecimento dos mecanismos de flexibilização no
Protocolo de Quioto, em 1997, na Convenção das Partes - 3 (COP-3), o foco da discussão
migrou para o sequestro de carbono pelas florestas, como uma das alternativas de
compensação das emissões dos países industrializados (YU, 2002).
Tendo em vista esse foco, o Brasil poderá assumir uma posição privilegiada em
relação aos países que buscam reverter o processo de mudança climática global, tanto do
ponto de vista das reduções de emissões (evitando queimadas) quanto do sequestro de
carbono (através de reflorestamentos), uma vez que poucos países possuem condições
climáticas e tecnológicas apropriadas para a produção florestal como o Brasil (ROCHA,
2002).
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3 CONCLUSÃO
Concluímos que o desmatamento é uma questão crucial que está intrinsecamente
ligada às mudanças climáticas. portanto, é fundamental considerar que o desmatamento
contribui significativamente para as mudanças climáticas, devido à liberação de gases de
efeito estufa, à perda da capacidade de sequestro de carbono das florestas e ao impacto nas
cadeias alimentares e no equilíbrio dos ecossistemas. Portanto, para combater as mudanças
climáticas de maneira eficaz, é imperativo tomar medidas para conter o desmatamento,
promover o reflorestamento e adotar práticas de uso da terra sustentável.
Para minimizar os problemas ocasionados pelas mudanças climáticas o Brasil
deveria:
• Conter as queimadas e os desmatamentos na Amazônia, reduzindo suas emissões;
• intensificar os programas de conservação e uso sustentável e regenerar pelo menos
parte das florestas e cerrados perdidos, visando a descarbonização atmosférica.
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REFERÊNCIAS

CORDEIRO, Sidney; SOUZA, Celso; MENDONZA, Zaíra; Floresta Brasileira e as Mudanças


Climáticas. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, Edição número 11, Páginas 01 a
20, fevereiro de 2008.

COUTO, Leonardo. Clima Brasil 2020. Futura, 2020. Disponível em:


https://futura.frm.org.br/conteudo/midias-educativas/noticia/clima-brasil-2020
Acesso em: 12 de outubro de 2023.

CAMPOS, Mateus. Desmatamento. Mundo Educação, 2023. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/desmatamento.htm
Aceso em: 12 de outubro de 2023.

TORRES, F. S.; et al. Os Biomas Brasileiros e a Ameaça do Desmatamento. Editora UNIASSELVI,


2011.

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