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Índice

1.Introdução

A interação entre secas, inundações e mudanças climáticas é um tema de crescente relevância


global, que tem despertado a atenção de cientistas, governos e sociedade civil nas últimas
décadas. À medida que as mudanças climáticas se intensificam, o clima da Terra está passando
por alterações significativas, que têm implicações profundas nas condições meteorológicas
extremas. Secas e inundações são dois exemplos marcantes desses eventos climáticos extremos,
cujas ocorrências e intensidades estão sendo moldadas pelas mudanças climáticas.

As secas, caracterizadas pela escassez prolongada de chuvas, têm afetado áreas geográficas
extensas e têm consequências sérias para a agricultura, a disponibilidade de água potável e o
ecossistema em geral. Por outro lado, as inundações, resultantes de chuvas intensas, aumento do
nível do mar e outros fatores, podem causar destruição maciça de propriedades, deslocamento de
comunidades e impactos econômicos adversos.

As mudanças climáticas, impulsionadas pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa,
estão elevando as temperaturas globais e causando alterações nos padrões climáticos em todo o
mundo. Isso, por sua vez, está contribuindo para a intensificação e frequência de eventos
extremos, como secas e inundações. Essas mudanças têm sérias implicações sociais, econômicas
e ambientais, e demandam ações urgentes para mitigar seus efeitos e adaptar-se às novas
realidades climáticas.

A mudança do clima pode ser considerada o grande debate das últimas décadas e talvez o desafio
principal trazido pelo Antropoceno (MENDES, 2020), sendo cada vez mais urgente e atual, já
que se relaciona não apenas ao aquecimento global, mas também a eventos climáticos extremos.
Como consequências das alterações das temperaturas, são observadas mudanças globais e
regionais de precipitação, que alteram os padrões de chuvas e as estações agrícolas, e geram
dificuldades de produção de alimentos, migrações em massa, surgimento de novas doenças, entre
outros. Portanto, tem provocado grande impacto na segurança, saúde e bem-estar humano (ONU,
2015; VENTURA, FERNÁNDEZ GARCÍA & ANDRADE, 2019).

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1.1 Objectivos:

1.1.1 Objectivo geral:

 Compreender a relação das mudanças climáticas e a ocorrência de secas/ inundações

1.1.2 Objectivos específicos:

 Apresentar os conceitos básicos a respeito do tema


 Descrever o impacto das mudanças climáticas no mundo e em Moçambique
 Descrever as ações propostas para a redução dos impactos das Mudanças Climáticas em
Moçambique

1.2 Metodologia

A metodologia é um conjunto de princípios, procedimentos e técnicas que orientam a pesquisa e


a investigação em diversas áreas do conhecimento. Ela define como um estudo é planejado,
conduzido e analisado, visando alcançar resultados confiáveis e relevantes. Quanto ao tipo de
metodologia, o presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica e exploratória, tendo
consistido na recolha de materiais, artigos da internet que deram início e desenvolver do
trabalho.

A metodologia é o caminho que liga o conhecimento atual ao conhecimento que se quer adquirir.
- Karl Popper

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2. Mudanças Climáticas

Em 1988, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e a
Organização Meteorológica Mundial (OMM) criaram o Painel Intergovernamental sobre
Mudança do Clima (IPCC) com o objetivo de fornecer aos formuladores de políticas avaliações
científicas regulares sobre a mudança do clima, suas implicações e possíveis riscos futuros, bem
como para propor opções de adaptação e mitigação (BRASIL, 2019). Em 1992, a assinatura da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, em inglês, United
Nations Framework Convention on Climate Change), formaliza a formação de um regime de
governança internacional para a temática, em que os países concordam em 2022).

Para o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (Intergovernamental Panel For


Climate Change - IPCC), mudanças climáticas são as mudanças nos padrões do clima que podem
ser identificados (através de testes estatísticos, por exemplo) por mudanças na média e/ou na
variabilidade das suas propriedades e que persistem por um período extenso, tipicamente décadas
ou mais. Então, se refere a qualquer mudança no clima ao longo do tempo devido a variações
naturais ou como resultado das ações humanas.

Silva & Tommaselli, 2007); destaca que o planeta terra vivencia um longo ciclo de variação da
temperatura, sendo o aquecimento proporcionado apenas por processos naturais; e a dos que
defendem a inter-relação entre as atividades humanas e os fenômenos naturais como principais

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responsáveis pelo estágio atual das mudanças climáticas (Ribeiro, 2002; Molion, 2008; Onça,
2007).

As temperaturas desde 2011 excedem as do último período quente longo (6.500 anos atrás) e se
igualam às do período quente anterior (125 mil anos atrás). Tais aumentos acarretam mudanças
de maiores magnitudes quanto aos eventos extremos: cada 0,5ºC a mais de aquecimento trará
mais ondas de calor, tempestades e secas. Em todos os cenários, o aquecimento global de 1,5ºC
(limite estabelecido no Acordo de Paris) deve ser ultrapassado entre 2021 e 2040 e, ainda que
estabilizado nessa taxa, eventos extremos sem precedentes no registro histórico deverão ocorrer
(OC, 2022).

2.1 Fatores que Podem Afetar o Equilíbrio Climático

Diferentes fenômenos podem afetar o equilíbrio entre a radiação que entra e a que sai da Terra,
levando ao aquecimento ou ao resfriamento do sistema climático. Tais fenômenos podem ser
naturais ou fruto de atividades humanas. Dentre esses fenômenos, destacam-se: a atividade solar,
alterações na órbita da Terra, a variação climática natural, os aerossóis e alterações no efeito
estufa. Os três primeiros são fenômenos naturais, porém os dois últimos, além de serem
processos naturais, são também influenciados pelas atividades humanas.

2.2 Impactos das Mudanças Climáticas

Quando fatores deflagradores, como eventos extremos pontuais, atingem locais habitados,
desastres naturais ou de outros tipos podem vir a ocorrer (LONDE et al., 2014). Para a Estratégia
Internacional para a Redução de Desastres da Organização das Nações Unidas (EIRD/ONU),
desastre é uma ´´séria interrupção do funcionamento de uma comunidade ou sociedade, que
causa perdas humanas e/ou importantes impactos ou perdas materiais, econômicas ou ambientais
que excedem a capacidade da comunidade ou sociedade afetada de lidar com a situação
utilizando seus próprios recursos`` (UNISDR, 2009).

Por envolver âmbitos ambientais, sociais, humanos, econômicos, uma situação de desastre
apresenta cenários de risco diferentes e interligados. Assim, segundo Londe et al. (2014), para

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lidar com a complexidade, a gestão de riscos deve ser tratada de maneira integrada e deve
englobar as etapas de prevenção, mitigação, preparação, resposta e mitigação.

`´O Relatório Global de Avaliação sobre redução do Risco de Desastre de Desastre de


2002``, da Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres – em inglês,
United Nations Office for Disaster Risk Reduction (UNDRR) -, apresenta que a criação de risco
está muito maior que a redução de risco. Desastres, perdas econômicas e as vulnerabilidades
subjacentes que geram riscos (como pobreza e desigualdade) estão aumentando, assim como
ecossistemas e biosferas correm o risco de colapso.

Diniz et al. (2020), Hu (2011) e Sumargo et al. (2019) consideram impactos socioambientais
aquelas alterações no meio ambiente, em todas as escalas geográficas, provocadas por ações ou
atividades humanas - de organizações de diferentes portes, setores produtivos, de indivíduos e
comunidades - e que afetam negativamente a qualidade de vida, a saúde, a economia e outros
âmbitos. Apesar de qualquer atividade humana provocar efeitos no ambiente, eles terão graus
distintos de acordo com o modo de viver de cada pessoa e de cada comunidade (tanto os
causadores, como os afetados). Como exemplificam Davel et al. (2021): o modo de viver de um
indígena causa significativamente menos impactos aos recursos naturais do planeta comparado a
um habitante médio de um país desenvolvido. Portanto, quando o meio ambiente é tratado sob o
viés utilitarista e exploratório, ou seja, para a produção de bens e serviços segundo a lógica
predatória e do modelo capitalista, as consequências tendem a ser exponencialmente ampliadas
(VENTURA & DAVEL, 2021).

2.2.1 Impactos das Mudanças Climáticas nos Recursos Hídricos

Usualmente, os desastres associados aos recursos hídricos estão associados ao excesso de água
(inundações graduais e bruscas, rompimento de barragens) ou à sua escassez (estiagem, seca,
dificuldades no abastecimento de água potável, impactos na agricultura) (LONDE et al., 2014).
Vale ressaltar que esses são causados por extremos e não estão relacionados às médias (OGURA,
2013). Além dos extremos, outros tipos de desastres podem envolver os recursos hídricos de
diferentes maneiras, com impactos no ambiente, saúde pública, dinâmica urbana e produção
agrícola (LONDE et al., 2014).

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Outros impactos nos recursos hídricos, diretos ou indiretos, associados às mudanças climáticas
são: redução da biodiversidade, por meio da extinção de várias espécies vegetais menos
tolerantes ao calor; redução da cobertura vegetal, com maior exposição do solo; redução da
estabilidade dos agregados do solo devido à diminuição do teor de matéria orgânica e de outros
agentes de agregação do solo, tornando seus agregados menos estáveis; redução da taxa de
infiltração de água no solo devido a três causas básicas: a) menor volume de água disponível; b)
maior taxa de evaporação e c) redução da permeabilidade do solo devido à maior instabilidade de
seus agregados; redução do volume de água dos rios, como consequência natural do menor
volume disponibilizado pelas chuvas (GOMES, 2008).

As fortes chuvas e rajadas de vento causam danos materiais incomensuráveis como os bens
pessoais e de valor sentimental, imateriais, humanos e da infraestrutura da cidade. As enchentes
causam danos a habitações (propriedades, casas e construções que são parcial ou totalmente
destruídas), deixam desabrigados e desalojados e podem provocar mortes de pessoas e demais
seres vivos (abruptamente ou por soterramento). Além de atingir a infraestrutura e os serviços,
causam prejuízos econômicos e perdas materiais que impactam a economia local, o que afeta as
fontes de renda e trabalho no comércio, fábricas, entre outros (FREITAS & XIMENES, 2012;
LIMA, 2013).

As enchentes podem também gerar consequências sobre a agricultura e a pecuária, atingindo a


produção de alimentos e a qualidade do mesmo, como a do leite, por exemplo, agindo
diretamente a condição nutricional da população afetada podendo levar à desnutrição e à fome
(FREITAS & XIMENES, 2012). Segundo Marengo (2006), mesmo com a tendência do aumento
de chuva para algumas regiões, as elevadas temperaturas poderiam, de alguma forma e
eventualmente, limitar a disponibilidade de água para consumo, agricultura e geração de energia
devido a um acréscimo na evaporação e na evapotranspiração.

A enxurrada de água provenientes das áreas antropizadas pode chegar ao rio trazendo diversos
tipos de sedimentos e partículas do solo. Dependendo do volume e velocidade da enxurrada do
escoamento, a água permite transportar resíduos sólidos e tóxicos das áreas contaminadas por
enchentes. Esses elementos podem contaminar não só o rio como também o solo, devido à
lavagem das ruas e afetar a qualidade e quantidade de água (TUCCI & MENDES, 2006). A água
escoada das áreas urbanas pode gerar aumento da temperatura das águas dos rios, formando

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bolsões aquecidos por receberem as águas vindas do calçamento, o que se caracteriza por ser
altamente prejudicial à vida aquática (MESQUITA et al., 2017). O transporte para o rio de
sedimentos, partículas do solo e resíduos sólidos (inclusive, de produtos químicos) gerados pela
poluição, além de contribuir para o processo de assoreamento do mesmo, afeta também a
turbidez da água (MESQUITA et al., 2017).

2.2.2 Impacto das Mudanças Climáticas em Moçambique

Moçambique é um país vulnerável às mudanças climáticas devido à sua localização geográfica


(com cerca de 2,700 Km de costa, maior parte dos rios internacionais atravessarem o país antes
de desaguarem no Oceano Índico, superfícies abaixo do nível das águas do mar); temperaturas
altas; aridez e pobreza dos solos; ocorrência de doenças endémicas; deficiente vias de
comunicação; alto nível de analfabetismo, elevada taxa de crescimento populacional; pobreza
absoluta e dependência dos recursos naturais que por sua vez dependem da quantidade de
precipitação.

A localização geográfica é um dos principais factores que contribui para a vulnerabilidade do


País aos eventos extremos, na medida em que alguns dos ciclones tropicais e depressões são
formadas no Oceano Índico, atravessam o Canal de Moçambique e afectam a parte costeira. Com
a subida da temperatura global, aumentará a frequência e severidade de secas no interior do País
e de cheias nas regiões costeiras.

São exemplos os eventos de cheias que tiveram lugar em 2000 no sul e em 2001 no centro de
Moçambique.

A produção de alimentos devia aumentar para satisfazer a demanda da população humana em


rápido crescimento. Contudo, previsões indicam menos chuva para maior parte de África, onde
muitos agricultores dependem da queda de chuvas (Sanches, 2000). Em adição, pragas ocorrem
frequentemente durante ou depois de um evento extremo reduzindo a produção agrícola e
piorando a situação de emergência das famílias agrícolas.

Os principais eventos extremos são as secas, cheias e ciclones tropicais.

2.2.2.1 Situação da Seca no País

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A seca e desertificação são problemas ambientais globais com graves consequências sociais e
económicas. Os custos sociais são elevados e traduzem-se na perda de oportunidades de
obtenção de meios de subsistência seja ao nível do emprego, produção directa para auto consumo
ou ainda pelo desmembramento de famílias por morte ou migração.

A experiência mostra que a seca tem impacto negativo em diferentes áreas de actividade,
podendo causar diferentes efeitos tais como:

 Perda de culturas;
 Secagem de pontos de água (poços, lagoas, lagos, riachos, rios etc.);
 Redução da produtividade primária nas zonas costeira, afectando negativamente a
pesca;
 Redução de áreas de pastagem;
 Subida de preços dos produtos agrícolas e de primeira necessidade;
 Subida de importações de alimentos;
 Aumento de apelos para ajuda externa;
 Perda de vidas humanas e de animais;
 Eclosão de doenças, e;
 Perda de Biodiversidade.

As causas da seca e desertificação podem ser naturais ou antropogénicas. As naturais são


principalmente de origem climática, sendo associadas à redução drástica na quantidade ou
mudanças no regime da precipitação. As causas antropogénicas (ou humanas) incluem a
utilização excessiva dos solos para fins agrícolas, o sobre-pastoreio, as queimadas e o
desmatamento associado à abertura de novas áreas de cultivo, ao corte de lenha, produção de
carvão e exploração industrial da floresta. Os factores de origem humana estão intimamente
relacionados com a pobreza das comunidades, que as leva a retirar o máximo da terra, mesmo
comprometendo o seu próprio futuro ou o das gerações vindouras.

As secas são frequentes nas regiões centro e sul de Moçambique, ocorrendo também alguns
focos nas províncias do norte. A seca resulta da escassez de chuvas e está associada ao fenómeno
El Ninõ ou ENSO (El Ninõ Southern Oscilation). Em Moçambique a seca e desertificação
resultam da combinação dos baixos índices de precipitação que resultam na falta de água para

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manutenção da cobertura vegetal e o uso excessivo e inadequado dos solos para agricultura e
pecuária.

2.2.2.2 Situação das Inundações no País

As cheias ocorrem durante a época chuvosa principalmente ao longo das bacias hidrográficas,
zonas baixas do litoral e áreas com problemas de drenagem (Plano de Contingência 2002/2003 –
INGC). As cheias são influenciadas pelo fenómeno La Ninã, que provoca chuvas e ciclones
tropicais, ou seja, efeitos da Zona de Convergência Intertropical.

As cheias no País são causadas não só pela precipitação que ocorre dentro do território nacional,
mas também pelo escoamento das águas provenientes das descargas das barragens dos países
vizinhos situados a montante das bacias hidrográficas partilhadas.

Considerando que o país tem 9 bacias hidrográficas internacionais e outras tantas pequenas
bacias pode se afirmar que com maior ou menor intensidade todo o país é vulnerável a cheias.
Nos anos 2000 e 2001, o país foi afectado por graves cheias devidas a chuvas torrenciais nos
países vizinhos que levaram ao agravamento do débito dos rios internacionais e consequente
alagamento das áreas ribeirinhas. Os danos das inundações de 2000 e 2001 são estimados em
cerca de 800 vidas humanas perdidas e mais de setecentos e cinquenta milhões de dólares em
prejuízos materiais.

Os efeitos negativos das cheias são amplamente conhecidos tanto a nível mundial como em
Moçambique, trazendo as seguintes consequências:

 Inundações;
 Perdas de vidas e propriedades;
 Perda de culturas;
 Eclosão de doenças;
 Deslocados;
 Perda de Biodiversidade, e;
 Ruptura das actividades normais em diferentes áreas

2.2.3 Ações Propostas para a Redução dos Impactos das Mudanças Climáticas em

Moçambique

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 Primeira acção: Fortalecimento do sistema de aviso prévio.
 Segunda acção: Fortalecimento das capacidades dos produtores agrários a lidarem com
as mudanças climáticas
 Terceira acção: redução do impacto das mudanças climáticas nas zonas costeiras
 Quarta acção: Gestão dos Recursos Hídricos no Âmbito das Mudanças Climáticas

2.2.4 Estratégias de Moçambique na Mitigação de Alterações Climáticas

Cenários climáticos desenvolvidos para Moçambique, aquando da preparação da Primeira


Comunicação Nacional, indicam que até 2075 poderá registar-se um aumento da temperatura
média do ar entre 1,8 ºC a 3,2 ºC, redução da precipitação entre 2% a 9%, aumento da radiação
solar entre 2% a 3% e aumento da evapotranspiração entre 9% a 13%.

Moçambique, assumiu algumas acções a desenvolver na mitigação das emissões de gases com
efeito de estufa, bem como na adaptação das suas políticas de desenvolvimento com vista a
responder aos impactos das mudanças climáticas e promoção e cooperação em campos como a
investigação científica, tecnológica, técnica e sócio-económica, a observação sistemática, a
educação, a formação e informação do público.

Sendo Moçambique um país menos desenvolvido manifesta uma vulnerabilidade acrescida por
ter menor capacidade adaptativa, seus sectores de actividade económica e populações estarem
grandemente dependentes do sistema natural e por estarem também expostos ao risco dos
eventos climáticos devido à sua localização geográfica. Por outro lado, o território Moçambicano
apresenta características que fazem dele uma região potencial para produção de energia, em
quantidades para a auto-suficiência, factor fundamental no desenvolvimento sócio-económico
nacional e de sustentabilidade sócio-ambiental.

2.2.4.1 Estratégias de Mitigação Ligadas à Questões Energéticas

Moçambique, apesar das suas baixas emissões de gases de efeito estufa, reconhece o potencial
para mitigação e desenvolvimento de baixo carbono em determinadas áreas, as quais dão
oportunidade de orientar desde o começo, um desenvolvimento sustentável, e de aceder a fontes
adicionais de financiamento de iniciativas orientadas para o desenvolvimento sustentável.

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Como forma de minimizar os efeitos das mudanças climáticas, seguem abaixo as estratégias de
Moçambique face às energias renováveis:

I.Melhorar o acesso às energias renováveis

 Promover a electrificação de comunidades rurais com recurso a energias renováveis;


 Promover a utilização de fontes de energia renovável (biogás, biomassa, solar, eólica,
térmica, ondas e geotermia);
 Promover a expansão da rede nacional ou a criação de micro-redes de distribuição de
energia;
 Promover e disseminar técnicas e tecnologias de produção e uso sustentável da energia de
biomassa;
 Avaliar mecanismos de mitigação em infra-estruturas de produção e transmissão de
electricidade.

II.Aumentar a eficiência energética

 Assegurar a disponibilidade e o acesso a combustíveis fósseis de baixo teor de


carbono;
 Promover iniciativas de substituição de combustíveis de alto teor de carbono e
não renováveis por combustíveis de baixo teor de carbono ou renováveis nos
sectores de transportes e de processos produtivos;
 Assegurar a implementação de instrumentos regulamentares, programas e
projectos de baixo carbono para o sector dos transportes como produção de
biodiesel para uso em frotas de transporte que gerem novas fontes de rendimento
e diversificação da economia nas áreas rurais;
 Utilizar tecnologias de “carvão limpo” em centrais térmicas a carvão (incluindo o
recurso à cogeração, sempre que for aplicável);
 Reduzir as emissões associados às centrais térmicas.

III. Garantir o cumprimento dos padrões regulamentados para as emissões provenientes


das actividades da indústria extractiva

 Recuperar metano durante o processo de extração mineral e de hidrocarbonetos;


 Avaliar as possibilidades de captura e armazenamento de carbono.

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IV.Promover urbanização de baixo carbono

 Elaborar e implementar políticas e medidas para integrar nas directivas de


construção de infra-estruturas como edifícios, vias de comunicação e estruturas
relacionadas, a componente da eficiência energética e do aproveitamento/
utilização de fontes de energia renováveis;
 Desenvolver projectos e programas de microgeração de energia em edifícios
comerciais e residenciais; Incentivar o uso de sistemas solares térmicos nos
grandes edifícios comerciais e industriais, edifícios públicos e residenciais;
 Incentivar a substituição de lâmpadas incandescente por lâmpadas de baixo
consumo;
 Promover a massificação da utilização do gás para uso doméstico, industrial e
transporte público e privado em alternativa a fontes de energia menos limpas;
 Promover, através de códigos de construção e normas de produção, as práticas da
eficiência energética e a utilização de equipamentos de aproveitamento de fontes
de energia renováveis e de produção descentralizada de energia.

Mudanças na matriz energética devem ser encaradas como desafio e oportunidade de inovação
tecnológica, com vista a reduzir a dependência aos combustíveis fósseis e promover a eficiência
energética e energias renováveis alternativas (eólica, solar e biomassa).

Pela localização geográfica e as condições geológicas, Moçambique dispõe de uma vasta gama
de recursos energéticos renováveis e não renováveis, que provêem condições favoráveis para
satisfazer as necessidades energéticas locais e regionais.

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3. Conclusão

As secas e inundações são eventos climáticos extremos que têm se tornado mais frequentes e
intensos devido às mudanças climáticas. Concluir sobre esse assunto envolve reconhecer que as
mudanças climáticas têm um papel significativo na amplificação desses eventos e que a
humanidade deve adotar medidas urgentes para mitigar seus impactos.

As secas estão se tornando mais prolongadas e severas em muitas regiões do mundo, causando
escassez de água, perdas agrícolas e deslocamento de populações. Por outro lado, as inundações
estão se tornando mais frequentes devido ao aumento da precipitação em curtos períodos e à
elevação do nível do mar, ameaçando comunidades costeiras e áreas de baixa altitude.

Para combater esses problemas, é crucial adotar uma abordagem multifacetada. Primeiramente, a
redução das emissões de gases de efeito estufa é fundamental para conter o aquecimento global e

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minimizar as mudanças climáticas. Além disso, é necessário investir em infraestrutura resiliente
para lidar com eventos extremos, melhorar a gestão dos recursos hídricos e promover práticas
agrícolas sustentáveis. A educação e a conscientização pública também desempenham um papel
vital na adoção de medidas de adaptação e mitigação.

4. Referências Bibliográficas

MICOA (2004), “Síntese da informação disponível sobre efeitos adversos das mudanças
climáticas”, MICOA, Maputo, Moçambique.

MICOA (2000) “Plano Nacional de Combate a Seca e desertificação”, Maputo Moçambique.

MICOA (2005), “Medidas de adaptação as mudanças climáticas”, MICOA Maputo


Moçambique.

ALEXANDER, L. V. et al. Global observed changes in daily climate extremes of temperature


and precipitation. Submitted to J. Geophys Res., 2006.

ALLAN, R. P.; SODEN, B. J. Atmospheric warming and the amplification of precipitation


extremes. Science, v.321, p.1480 1484, 2008.

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