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RESUMO
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estufa” (GEE). Apesar de este fenômeno ser fundamental para o desenvolvimento e
manutenção da vida, pois permite o aquecimento da superfície e da atmosfera (em baixas
altitudes), as alterações recentes na quantidade de emissões antrópicas elevaram os níveis de
concentração de GEE a níveis nunca observados nos últimos 650 mil anos (PETIT et al.,
1999).
Alteração de Concentração de
temperatura GEE’s na atmosfera
Ocorrência de
Mudança na eventos climáticos Aumento do nível
precipitação extremos do mar
Emissão de GEE’s
Padrões de produção
e consumo
Saúde População
Figura 1: modelo básico das inter-relações entre emissões antropogênicas e mudanças climáticas
* Organização dos autores
The evidence that climate change is in large measure anthropogenic and set on a
very worrying path grows ever stronger. There are a few scientists, who still dispute
the argument and/or evidence, but they are a small minority and their positions
become weaker as the evidence accumulates (2006b, p. 2).
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Entretanto, visões míopes criam um ambiente favorável à adoção da posição de que a
questão das mudanças climáticas é um problema exclusivamente ambiental, remetendo os
estudos realizados a um lugar comum, um “discurso ambientalista”. Mas, é urgente
compreender que apesar de possuir um componente ambiental evidente, as mudanças
climáticas não são somente um problema ambiental, é uma grave ameaça ao sistema
socioeconômico.
A fim de melhorar o nível de conhecimento científico acerca dessas mudanças por
intermédio da análise das informações científicas, técnicas e socioeconômicas relacionadas ao
fenômeno do aquecimento global e seus efeitos, a Organização Meteorológica Mundial
(WMO) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) criaram em 1988
o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate
Change - IPCC). O IPCC subsidia as negociações internacionais para mitigação desses
impactos.
Muitos foram os impactos nos ecossistemas correlacionados às mudanças climáticos já
registrados na literatura. Segundo o Relatório do quarto grupo de trabalho do IPCC (2007),
onze dos últimos doze anos estão entre os doze mais quentes desde 1850. No hemisfério
norte, as temperaturas durante a última metade do século XX foram muito maiores que as de
qualquer outro período de 50 anos nos últimos 500 anos e maiores que qualquer outro nos
últimos 1300 anos.
O nível do mar, desde 1993, teve seu aumento estimado em 3,1mm/ano (2,4 a 3,8)
devido principalmente, segundo o Relatório, ao aquecimento e, conseqüentemente, ao
derretimento de glaciares e capas de gelo polares. O aumento na intensidade dos ciclones
registrados no Atlântico Norte desde 1970 também é evidente. Além disso, alterações nos
regimes de chuvas foram observadas desde o início do século XX. Desde então, as
precipitações aumentaram significantemente no leste da América do Norte e América do Sul e
no norte na Europa e Ásia Central, entretanto, apresentaram-se declínios na região do
Mediterrâneo, sul da África e partes do sudeste asiático (IPCC, 2007).
O estudo destacou que a biodiversidade foi afetada de diferentes formas pelas atividades
humanas e transformações ambientais em todas as regiões do planeta. Segundo o Relatório,
transformações nos ecossistemas terrestres estão sendo relatados e relacionados ao
aquecimento, e nas áreas marinhas, fluviais e lacustres, afetando algas, plânctons e peixes.
Neste caso, a principal causa da perda de biodiversidade relatada tem sido o aumento da
temperatura das águas.
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Em um estudo sobre as mudanças climáticas na América Latina, Magrin et al. (2007)
apontaram eventos climáticos extremos, tais como: as intensas chuvas na Venezuela em 1999
e 2005, as tempestades de raios na Bolívia em 2002, o furação Catarina no Atlântico Sul em
2004. O estudo mostrou alterações nos regimes de precipitação, incluindo, o aumento das
chuvas no Paraguai, Uruguai, Argentina e sudeste do Brasil, a redução das mesmas no sul do
Chile, sudoeste da Argentina, Peru e oeste da América Central. Destacam-se ainda, as secas
na Bolívia em 2004, no Paraguai em 2005 e na região do Chaco na Argentina em 2004, que
deixou perdas estimadas em US$ 360 milhões. Webster et al. (2005) destacaram os recordes
de furacões na região do Caribe. Em relação a aumentos de temperatura, Ferraz et al. (2006)
as identificaram em quase todas as regiões da América Latina.
No Brasil, são citados na literatura, entre outras: a grande seca na Amazônia em 2005
(MAGRIN et al., 2007), a onda de calor em setembro de 2004 na qual a temperatura esteve
4°C acima do habitual durante alguns dias e causou prejuízos estimados em US$ 50 milhões
somente no Estado de São Paulo (FIORAVANTI, 2006) e o inédito Furacão Catarina, que
atingiu o sul da costa brasileira em 2004.
Neste contexto, é crucial compreender o sistema climático global para se estabelecer as
mais eficazes políticas de enfrentamento a este que pode ser entendido como o maior desafio
da civilização neste século (SCHIERMEIER, 2007). Devem ser desenvolvidos modelos
capazes de predizer o comportamento do sistema climático sobre diversas influências para
que sejam desenvolvidos os mecanismos mais adequados ao enfrentamento do problema.
A publicação do IV Relatório do IPCC (2007) evidenciou uma ampliação da
compreensão das mudanças climáticas e contribuiu para destacar o homem como um
importante vetor dessas mudanças. O Relatório apresentou diversos cenários para o século
XXI. As projeções do IPCC basearam-se em modelos utilizados para estabelecer a
importância de diferentes fatores no aquecimento global. Tais modelos basearam-se em dados
sobre emissões antropogênicas de gases causadores de efeito estufa e aerossóis, gerados a
partir de 35 diferentes cenários.
Entre os cenários, o IPCC destacou em seu relatório os resultados das projeções
baseadas em seis deles (Tabela I). Os cenários foram projetados a partir da estimativa de
emissão de CO2 até 2100. Os cenários B1, A1T, B2, A1B, A2 e A1FI correspondem aos
resultados para as respectivas emissões em 2100: 600, 700, 800, 850, 1250 e 1550 ppm. Os
cenários sugerem um aumento médio de temperatura superficial do planeta entre 1,1 e 6.4º C
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neste século. O nível do mar deve subir de 0,18 a 0,59 metros nesse mesmo período (IPCC,
2007).
Em geral, a resposta dos sistemas ambientais ao aumento de temperatura é, geralmente,
realizada de forma gradual. Entretanto, diversas pesquisas têm mostrado que esta mudança
gradual dos estados dos ecossistemas tem sido interrompida por uma rápida e drástica
mudança para novos e contrastantes estados. Segundo Scheffer et al. (2001, p. 591), recentes
estudos sugeriram que a superação de certos limites (resiliência) nos ecossistemas1 é
geralmente um dos aspectos que promovem a abrupta reorganização deste para um estado
alternativo de equilíbrio dinâmico.
Tabela I: Estimativas do IPCC para variação de temperatura e nível do mar até o fim
do século XXI
Alteração de temperatura Aumento do nível do mar
(°C em 2090-2099 relativo a 1980-1999) (m em 2090-2099 relativo a 1980-1999)
Cenário estimativa variação variação*
B1 1.8 1.1 - 2.9 0.18 – 0.38
A1T 2.4 1.4 – 3.8 0.20 – 0.45
B2 2.4 1.4 – 3.8 0.20 – 0.43
A1B 2.8 1.7 – 4.4 0.21 – 0.48
A2 3.4 2.0 – 5.4 0.23 – 0.51
A1FI 4.0 2.4 – 6.4 0.26 – 0.59
Fonte: IPCC (2007)
* excluído do modelo possíveis mudanças bruscas no derretimento do gelo.
A resiliência foi definida por Folke et al. (2004, p. 558) como “[…] a capacidade de um
sistema em absorver distúrbios e se reorganizar enquanto se modifica apenas para manter
essencialmente sua função, estrutura, identidade, e retroações”. As pesquisas, cada vez em
maior número e qualidade, estão destacando que os ecossistemas e serviços ambientais que
eles proporcionam podem ser transformados pela ação humana um menos produtivo ou
indesejado novo estado.
O IPCC (2007) destacou alguns sistemas que são mais propensos a serem afetados pelas
alterações previstas no clima, tais como: 1) tundra, floresta boreal e regiões montanhosas pela
suas sensibilidades ao adoecimento; 2) ecossistemas típicos mediterrâneos e florestas
tropicais, devido à redução da incidência de chuvas; 3) áreas costeiras, com alterações de
habitats devido ao aumento dos níveis do mar; 4) recifes de coral, que são muito sensíveis ao
aquecimento da água; 5) recursos hídricos, em algumas regiões de meia altitude e nos trópicos
secos, tendem a ter alterados o regime de precipitações e de evapotranspiração, podendo levar
1
Ecossistemas são complexos, “[...] sistemas adaptáveis que se caracterizam por dependência histόrica,
dinâmicas não lineares e possuem previsibilidade limitada” (LEVIN, 1999, p. 434).
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a escassez; 6) as áreas costeiras devem sofrer com o aumento do nível do mar e podem sofrer
eventos climáticos extremos; e 7) a saúde humana pode ser afetada pela baixa capacidade
adaptativa de determinadas populações.
Nobre et al. (2007) chamaram a atenção para limites climáticos perigosos. Segundo os
autores, com aumento de 0,6°C ocorrerá branqueamento de corais e perda de gelo no oeste da
Antártica. Há 0,7°C de variação desaparecerá a geleira do Kilimanjaro. Com 1°C
desaparecerão as geleiras dos Andes tropicais. Com 1,6°C se iniciará o derretimento da
geleira da Groenlândia. Entre 2°C e 3°C haverá colapso na Floresta Amazônica e a 4°C de
aumento, está previsto o colapso da corrente termohalina.
Para Cox e Stephenson (2007), as maiores fontes de incertezas concentram-se na
dificuldade de previsão para o comportamento das emissões antropogênicas futuras; nos
parâmetros utilizados para explicar os processos climáticos e nos riscos de mudanças
climáticas abruptas causadas por retroações positivas no ciclo do carbono. Os autores
sugeriram que esses aspectos não foram suficientemente aprofundados pelo modelo utilizado
pelo IPCC. Na abordagem do IPCC, as possíveis emissões futuras de gases promotores do
efeito estufa e aerossóis são geradas com modelos socioeconômicos que levam em conta as
linhas históricas de crescimento global, desenvolvimento econômico, uso e origem de energia.
Estes cenários de emissão são usados para rodar os modelos de ciclo de carbono atmosférico
que simula mudanças na concentração de gases de estufa e aerossóis. Os cenários de
concentração resultante são incluídos em modelos de circulação geral do sistema climático, o
que gera cenários de mudanças climáticas que são utilizados então, para rodar modelos de
impactos nos sistemas ecológicos e socioeconômicos.
É necessário compreender que as previsões das mudanças climáticas são realizadas a
partir de dados disponíveis, estimativas e modelos. Para Schiermeier (2007), podem ocorrer
fenômenos não previstos por ser um processo de aproximação, onde há aprendizado
constante. Todavia, pode-se questionar se a capacidade dos pesquisadores será suficiente para
desenvolver a tempo hábil resultados cada vez menos controversos. Entretanto, Rahmstorf et
al. (2007) ao compararem as projeções climáticas utilizadas pelo IPCC em 2001com as
alterações identificadas desde então, concluíram que não houve relevantes diferenças, houve
uma pequena subestimação pelo IPCC do aumento dos níveis do mar.
Além das projeções globais, o IPCC (2007) desenvolveu projeções para continentes e
regiões. Os resultados para a África mostraram que por volta de 2020, entre 75 e 250 milhões
de pessoas sofrerão com a falta de água. Em alguns países, a produção agrícola pode reduzir
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em até 50%, inclusive, comprometendo o acesso a alimentos que deve gerar um aumento de
desnutrição. Até o fim do século, o aumento do nível dos oceanos afetará grande parte das
áreas costeiras que abrigam grandes populações. E, um aumento de 5% a 8% de áreas áridas e
semi-áridas.
Na Ásia (centro, sul, leste e sudeste), na metade do século, a disponibilidade de água
potável deverá reduzir drasticamente. As áreas costeiras, especialmente, muitas das áreas
populosas localizadas junto a deltas deverão sofrer inundações. As mudanças climáticas
causarão aumento de pressão sobre os recursos naturais aliados a grande urbanização,
industrialização e desenvolvimento econômico. As previsões para a Austrália e Nova
Zelândia mostram que por volta de 2020 grande perda de biodiversidade deverá ocorrer,
incluindo a morte da grande barreira de corais. Em 2030 são previstos problemas de
disponibilidade de água e a produção agrícola deve ser reduzida, assim como as áreas
florestais do sul da Austrália. No leste da Nova Zelândia são previstos aumentos de secas e
queimadas. Em 2050 o crescimento urbano e populacional das áreas costeiras sofrerá com o
aumento dos riscos de inundações e tempestades.
Na Europa, as projeções sugerem que as disparidades regionais serão acentuadas em
relação aos recursos naturais. São previstas rápidas inundações nas áreas baixas interiores,
maior freqüência de inundações nas áreas costeiras incluindo, aumento das erosões
relacionadas a tempestades mais intensas e aumento dos níveis dos oceanos. Nas áreas de
montanha, haverá retração dos glaciares e redução da cobertura de neve e turismo de inverno,
com grande perda de espécies (cerca de 60% no cenário A2 até 2080). Ao sudeste, estão
previstas altas temperaturas e longas secas, em uma região muito vulnerável a mudanças
climáticas com redução da disponibilidade de água, potencial energético, turismo litorâneo e
produtividade pesqueira.
Projetam-se para a América do Norte, nas áreas montanhosas a oeste, redução de neve,
inundações e aumento de conflitos pelo acesso aos recursos hídricos. No início do século,
pode haver aumento de 5% a 20% na produção agrícola com grandes variações regionais,
entretanto, a redução dos recursos hídricos durante o século deverá prejudicar gravemente esta
produção. As cidades devem esperar ondas de calor cada vez mais intensas e freqüentes com
potenciais impactos para a saúde humana.
Nas regiões polares as projeções destacam a redução dos glaciares, capas de gelo e gelo
marinho. Mudanças nos ecossistemas com efeitos perversos sobre grande diversidade de
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organismos, incluindo aves migratórias, mamíferos e grandes predadores. E, redução da
capacidade de defesa contra espécies invasoras.
Nas pequenas ilhas, o aumento do nível do mar deverá aumentar à freqüência de
inundações, tempestades, erosões, e outras catástrofes costeiras prejudicando a infra-estrutura
de suporte a vida nas ilhas. Deterioração e morte de corais e recursos costeiros. Até a metade
do século a água potável das ilhas deverá reduzir até ser insuficiente para as necessidades
locais. Com as altas temperaturas, aumentarão as invasões de espécies não nativas
principalmente nas de médias e altas latitudes.
Na América Latina, as previsões do IPCC (2007) apontam para uma redução
significativamente na disponibilidade de água para o consumo humano, agricultura e geração
de energia devido a mudanças nos regimes de precipitação e desaparecimento de glaciares. O
aumento do nível dos oceanos deve causar aumento de risco de inundações em áreas costeiras.
O aumento de temperatura prevista para o meio do século associada com decréscimo da
água do solo tende a reorganizar a localização das florestas tropicais e a substituí-las por
savana no leste da Amazônia. Nas áreas áridas, as mudanças climáticas devem provocar
salinização e desertificação de áreas agricultáveis. A produtividade de elementos importantes
deverá diminuir e o estoque de recursos deve decrescer com conseqüências drásticas para a
segurança alimentar. Nas zonas temperadas, as plantações de soja devem aumentar. Além dos
estudos do IPCC, são diversos os trabalhos com foco em impactos das mudanças climáticas
na América Latina (ACEITUNO, 2007; MARENGO, 2007).
Barbassa (2007) estudou os efeitos das alterações do clima na Patagônia, Península
Antarctica e Terra do Fogo, e sugeriu que serão perdidos até o fim do século, 95% dos
glaciares. Previu ainda, problemas estruturais nas edificações e estradas nas regiões de
montanha provocadas por grande ocorrência de eventos catastróficos.
Para o Brasil, as previsões dos efeitos das mudanças climáticas não são menos intensas
(Quadro 1). Os trabalhos localizados concentram-se principalmente nas regiões Norte e
Nordeste.
Na Região Norte, a economia baseia-se principalmente em atividades industriais e
mineração, incluindo a extração de petróleo e gás, extrativismo vegetal, agricultura e turismo.
A atividade industrial é representada pela Zona Franca de Manaus e por indústrias isoladas
voltadas principalmente para o beneficiamento da produção agrícola ou do extrativismo. A
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Zona Franca abriga cerca de 500 indústrias em sua grande maioria de produtos eletrônicos
cujos materiais são trazidos de fora da região.
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de pescado em algumas áreas. Além disso, com a elevação da temperatura e redução da
precipitação sobre o extremo norte da região (Jones et al., 2003), as florestas poderão entrar
em colapso devido a retroações positivas no ciclo do carbono (COX et al., 2004).
Redução do volume de
água armazenada no Perda de áreas litorâneas
solo, gerando deficiência devido ao aumento dos
no balanço hidrológico. níveis do mar.
NORDESTE
Em um futuro não distante, pode-se esperar que o aumento da evaporação leve a uma
redução do volume de água armazenada no solo causando um déficit hidrológico, provocando
uma redução na agricultura de subsistência e perda de capacidade de irrigação (ARAÚJO;
DOLL; GUNTNER, 2006). Fatores que podem contribuir para o aumento da pobreza e da
migração, principalmente para as cidades litorâneas mais próximas. Fenômeno que pode levar
a um agravamento dos problemas sociais já existentes nos grandes centros urbanos do
Nordeste e do Brasil.
Além desses impactos, Marengo (2007b) aponta para a perda de porção significativa do
território litorâneo devido ao aumento do nível do mar. Em Recife, a faixa costeira já recuou
cerca de 80 metros entre 1915 e 1950, e aproximadamente 25 metros entre 1985 e 1995.
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A segunda maior região do país, o Centro-Oeste possui uma área de 1.606.371,5 Km2,
entretanto é a região menos populosa, apresentando concentrações urbanas e grandes vazios
populacionais. As principais atividades econômicas da região são o extrativismo mineral e
vegetal, a agricultura, a pecuária e a indústria. Esta última, ainda pouco expressiva.
A extração mineral concentra-se na exploração de ferro, manganês e cristal de rocha.
Utilizados para consumo interno e exportação (Estados Unidos, Japão, Argentina e Uruguai),
mas ainda pouco expressiva. Ao contrário, o extrativismo vegetal é uma relevante atividade
econômica do Centro-Oeste, em especial nas áreas mais distantes dos centros urbanos. Na
área norte (floresta amazônica) extrai-se borracha e madeira, no sudeste do Mato Grosso,
extrai-se angico e poaia para a indústria farmacêutica e no pantanal, o quebracho, usado para
curtimento de couro.
Na agricultura, cultivos de milho, abóbora, arroz, feijão e mandioca são cultivados para
subsistência. Além disso, tem aumentado muito a demanda por alimentos, o que vem
impulsionando a agricultura comercial na região. As principais culturas agrícolas são a soja, o
milho, o algodão, o café, amendoim, e recentemente, o trigo.
Em relação à pecuária, a região possui mais de quatro cabeças de gado por habitante,
criados de forma extensiva. As áreas de campo localizadas no pantanal são as mais utilizadas
para a atividade. Além do rebanho bovino, que representa 80% da criação, destacam-se as
criações de suínos no estado de Goiás. A indústria, ainda pouco desenvolvida, desenvolveu-se
principalmente no eixo Goiânia-Brasília, onde se destacam a indústria de alimentos, têxteis,
produtos minerais, madeiras e bebidas.
Na região (Figura 5), as projeções indicam que deverá ocorrer aumento de temperatura e
precipitação (principalmente ao sul e a oeste da região) o que deverá promover um aumento
significativo nos fluxos dos rios, com incidências de maiores inundações (HULME;
SHEARD, 1999). Este fenômeno pode representar graves riscos aos ecossistemas no pantanal,
provocando perda de biodiversidade.
A agricultura da região deverá sofrer grandes transformações. Magrin et al. (2007)
projetaram uma grande perda de áreas disponíveis e adequadas para a agricultura regional.
Além disso, fatores relacionados à saúde, como o aumento da incidência de casos de malária
(LIESHOUT et al., 2004) também são previstos.
A região mais populosa e rica do Brasil, o Sudeste ocupa uma área equivalente a
10,85% do território nacional. Uma região altamente urbanizada que abriga três das mais
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importantes regiões metropolitanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o
sudeste conta com uma economia muito diversificada.
Redução progressiva de
áreas agricultáveis
Aumento da incidência de
casos de malária
Redução da biodiversidade
16
e Bittencourt (2006) em um trabalho sobre o vale do Jequitinhonha, corroboraram para esta
projeção, identificando os impactos deste fenômeno na Região.
Inundações e grandes
Aumento de precipitação
erosões na região do Vale
principalmente na parte sul
do Jequitinhonha/SP
da região deverá aumentar a
freqüência e da intensidade
das inundações nas grandes
cidades.
Assim como na Região Centro-Oeste, no Sudeste, a agricultura deverá ser uma das
atividades mais afetadas (MAGRIN, 2007). Muitas culturas atuais deverão ser inviabilizadas,
como o café, que terá sua produtividade reduzida em aproximadamente 94% na Região. Picos
de temperatura e precipitação cada vez mais intensos deverão promover impactos também
sobre a saúde da população (poderá haver aumento de doenças provocadas por vetores, como
a dengue e a febre amarela) e na geração de energia elétrica (MARENGO, 2007b).
Na faixa costeira, pode-se projetar uma perda de áreas litorâneas mais baixas, com
alterações de habitats como manguezais e lagunas, perjudicando a biodiversidade e a pesca.
Além disso, como grande parte da população regional encontra-se junto ao litoral, perdas
econômicas com a destruição de ambientes costeiros deverão ocorrer com freqüência. Neste
sentido, pode haver ampliação do déficit habitacional em algunas cidades litorâneas. Também
se devem ampliar as ocorrências de eventos climáticos severos, como ressacas, tempestades
de vento, ondas de calor, entre outras.
A Região Sul possui uma superfície de 576.300,8 Km2, é a menor em extensão entre as
regiões brasileiras. Entretanto, apresenta altos índices sociais e econômicos. Possui o maior
IDH (0,860) e a segunda maior renda per capita do país (R$ 13.208,00). Seu produto Interno
Bruto é de aproximadamente R$ 314 bilhões. São diversas as riquezas produzidas na região.
A agricultura regional é a que gera os maiores rendimentos e empregos. Nas pequenas
propriedades é desenvolvida a policultura introduzida em geral pelos imigrantes europeus.
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Cultiva-se principalmente milho, mandioca, feijão, batata, fumo, laranja e maçã. Nas
propriedades de grande porte instituiu-se a monocultura comercial, principalmente nas áreas
de campo. As principais culturas são a soja, trigo, arroz, algodão, cana-de-açúcar e café.
O extrativismo também é importante regionalmente. O extrativismo vegetal é realizado
principalmente na mata de araucárias de onde se extraem o pinheiro-do-paraná, imbuia, erva-
mate, entre outras. O extrativismo animal é praticado principalmente nas áreas costeiras,
sendo principalmente coletados os seguintes pescados: sardinha, merluza, tainha e camarão,
entre outros. A extração mineral é também forte, destacando-se o carvão mineral, o caulim, a
argila e o petróleo.
Na pecuária, destacam-se a criação de suínos no Paraná e de bovinos e ovinos no Rio
Grande do sul. A região concentra mais de 60% dos ovinos do país. Além disso, a pecuária
leiteira intensiva é bastante desenvolvida na região.
Diferente da Região Sudeste, no Sul estas se encontram nas regiões próximas de
matéria-prima. As principais tipologias de indústrias da região são: produção de laticínios,
frigoríficos, madeireiras, automóveis, refino de petróleo, roupas, móveis, entre outras.
Os impactos projetados para a Região Sul são destacados pela Figura 7. Esteves,
Williams e Dillenburg (2006) ao estudarem os efeitos das variações do nível do mar previstas
para este século, indicaram que deverá ocorrer alteração de posição da faixa costeira. Os
autores afirmam que inundações e erosões serão freqüentes em toda a faixa litorânea. Além
disso, o aumento de temperatura e precipitação previstos para a região deve promover um
aumento na freqüência e incidência de cheias, inundações e aumento de processos erosivos no
interior (MENDONÇA, 2007).
Ao estudar os impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura no Brasil, Siqueira
et al. (2000) concluíram que os cenários climáticos futuros implicam numa redução média de
31% na produção nacional de grãos do trigo, com maiores reflexos na região Centro-Sul.
Considerando-se as áreas de cultivo atuais, os autores sugeriram maiores reflexos na produção
de grãos. Sendo que, deve haver redução das produções de trigo e milho e aumento de soja.
Além disso, as alterações de temperatura e precipitação deverão causar grandes perdas de
áreas de florestas de araucárias (MARENGO, 2006b).
Outro aspecto relevante é o possível aumento nos casos de leishmaniose, identificados
por Peterson e Shaw (2003) que devem ocorrer devido ao aumento de vetores associado a
maior umidade e calor.
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Cheias, inundações e Aumento dos casos de
aumento de processos leischmaniose
erosivos devido ao aumento
de precipitação
Perda de florestas de
araucárias
Apesar das projeções para os impactos das alterações do clima no Brasil, é necessário
observar que as inter-relações sistêmicas atingem todo o planeta, assim, os estudos devem
apressar-se para incorporar essas relações socioeconômicas. As projeções do IPCC contêm
questões ainda não resolvidas, como (SCHIERMEIER (2007): 1) a complexidade dos fluxos
de carbono entre solos, plantas e atmosfera; 2) as relações do carbono na atmosfera com a
captura deste elemento pelos oceanos; 3) o aumento dos níveis do mar, que ainda encontra-se
aparentemente subestimado; e 4) a difícil previsibilidade de eventos climáticos extremos.
Além desses aspectos, o uso dos modelos do IPCC para a realização de projeções
regionais ou locais ainda é inicial. Apesar dos modelos do IPCC serem desenvolvidos em alta
resolução, ainda carece de conhecimentos a nível microclimático, o que pode gerar previsões
pouco precisas. Todavia, esses aspectos devem ser minimizados com o passar do tempo e
estes não devem ser considerados como percalços às imprescindíveis ações de mitigação e
adaptação a este fenômeno que é, senão o maior, um dos maiores desafios deste século.
Stern (2006) alertou que as ações humanas nas próximas décadas podem reduzir ou
ampliar os efeitos já previstos das mudanças climáticas. Neste sentido, é imprescindível tomar
medidas de mitigação e adaptação às mesmas. Pois, entende-se que quanto menos eficazes
forem às medidas de mitigação adotadas, maiores serão as dificuldades para adaptações no
futuro.
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A mitigação refere-se a ações que podem reduzir as causas das mudanças climáticas,
tais como aquelas que venham a reduzir a emissão de gases promotores do efeito estufa. A
adaptação por sua vez, refere-se a ações que minimizem as conseqüências dessas alterações,
atuais e futuras, promovidas pelas mudanças nas dinâmicas do clima.
A mitigação diz respeito a emissão dos gases de efeito estufa. Por serem os benefícios
dessas ações distribuídas uniformemente entre as nações, estas ações devem ser discutidas no
ambiente internacional. Em 1990, o IPCC recomendou o estabelecimento de bases para as
negociações internacionais sobre o tema. Neste contexto iniciou-se um processo de discussão
que culminou com o lançamento em 1992 da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (UNFCCC) ratificada por 175 países.
Em 1997 foi elaborado o Protocolo de Quioto com o objetivo de alcançar metas
estabelecidas de redução da emissão de gases de efeito estufa. A necessidade de ratificação do
protocolo pelos países industrializados para reduzir suas emissões aos níveis de 1900 até 2012
já pode ser considerado um fracasso devido a posturas divergentes que vêm impedindo a
universalização do acordo. Apesar dessa necessidade, é importante considerar que mesmo
com as reduções acordadas, é esperado que as mudanças climáticas continuem com seu
comportamento nas próximas décadas, independente das medidas de mitigação.
Sobre este aspecto, Joly sugeriu que,
O Brasil tem a oportunidade histórica e a obrigação moral de iniciar as negociações
do Período Pós-2012 (Pós-Kyoto), propondo uma diminuição voluntária de suas
emissões de GEE’s, com metas pré-fixadas de redução de desmatamento e com
mecanismos de certificação e fiscalização internacional. Uma redução, perene e
consistente, de 35% das taxas anuais de desmatamento, uma meta que interessa para
a economia do país, pois significaria a implantação de um novo modelo de
desenvolvimento, mais sustentável e ambientalmente correto, estaríamos reduzindo
em 20% nossa taxa de emissão de gases de efeito estufa (2007, p. 171).
Ao abordar as dificuldades de incorporação das ameaças do aquecimento global como
problemas sociais e econômicos, Anastasiadis (2005) apontou três: 1) apesar de haverem
evidências de que políticas de enfrentamento podem promover benefícios econômicos, o meio
ambiente e a competitividade são atualmente compreendidos como mutuamente excludentes;
2) as dificuldades de apresentação de soluções alternativas concebíveis promovem uma
arriscada confiança nas soluções tecnológicas (indisponíveis) e; 3) a questão das mudanças
climáticas é facilmente ignorada por profissionais que não atuam na área ambiental.
Na ausência de gestão eficaz, os recursos e o ambiente estão em um período de
aumentar a população humana, consumo e distribuição de tecnologias avançadas para o uso
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dos recursos em níveis sem precedentes. Por outro lado, recursos em escalas maiores foram
protegidos com sucesso com regimes apropriados de governança ambiental a nível
internacional, tais como o protocolo de Montreal. O tratado internacional para reduzir-se o
impacto antropogênico na camada de ozônio é considerado um exemplo de um bem sucedido
esforço em proteger recursos comuns globais. Ao contrário, esforços internacionais para
reduzir as concentrações de CO2 não tiveram ainda um impacto relevante (DIERTZ,
OSTROM; STERN, 2003)
As provas demonstram que ignorar as mudanças climáticas vai acabar por prejudicar o
crescimento econômico. Nossas ações durante as próximas décadas poderão criar riscos de
grave perturbação para as atividades econômicas e sociais, no final deste século e no próximo,
a uma escala semelhante às associadas com as grandes guerras e a depressão econômica da
primeira metade do século XX. Para Stern (2006b), será difícil, ou mesmo impossível,
inverter estas mudanças. A luta contra as mudanças climáticas é a estratégia em prol do
crescimento em longo prazo, podendo ser realizada de forma a não limitar as aspirações ao
crescimento por parte dos países ricos ou pobres.
Neste contexto, os países pobres e em desenvolvimento deverão ter maiores
dificuldades para programar medidas de mitigação os adaptação devido a diversos fatores.
Como grande parte desses países encontra-se em regiões tropicais e subtropicais, serão mais
afetados pelas alterações climáticas. Além disso, a habilidade necessária ao enfrentamento das
questões não se apresentam suficientes (POST, 2006). Os principais fatores apontados para
esta carência de capacidade são: 1) a pobreza será ampliada pelos impactos da mudança
climática; 2) as produções agrícolas desses países serão as mais afetadas; e 3) a baixa
capacidade de adaptação é função da pouca cooperação social.
5 Considerações finais
21
Brasil. É preciso atentar que o Brasil é país em desenvolvimento, com altos índices de
pobreza e desigualdade social, portanto, é potencialmente vulnerável às mudanças climáticas.
Pode-se afirmar, entretanto, que são significantes, mas insuficientes os estudos
realizados até o momento, principalmente quando se aborda a distribuição geográfica dos
mesmos, que geralmente estão concentrados nas regiões mais desenvolvidas economicamente
do planeta. Há carência de estudos aprofundados sobre a América Latina e, especificamente,
sobre o Brasil.
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