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AULA 01
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
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Gestão da Qualidade do ar
1.1 ATMOSFERA
A atmosfera é uma camada de ar formada por uma mistura de gases com espessura de 800
km que envolve completamente o planeta Terra e representa essencialmente uma mistura de
nitrogênio e oxigênio. A atmosfera controla as condições de temperatura da superfície da Terra
por meio de (i) absorção da radiação ultravioleta solar e (ii) manutenção das propriedades de
“estufa”.
ESTRATOSFERA
Camada mais espessa de ozônio que protege a Terra das radiações ultravioleta do sol;
Temperatura se eleva com o aumento da altitude.
MESOSFERA
Forte decréscimo da temperatura (temperaturas mais baixas da atmosfera);
Ausência da absorção da radiação eletromagnética, ou por falta de espécies químicas que
absorvem radiação, ou porque a radiação foi absorvida na termosfera.
TERMOSFERA OU IONOSFERA
Temperatura volta a crescer em função da altitude;
Importante para as telecomunicações.
EXOSFERA
Camada superior da atmosfera, fica a mais ou menos 900 km acima da Terra;
Ar muito rarefeito e as moléculas de gás se transformam em íons.
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Gestão da Qualidade do ar
C A M A DA S DA AT M O S F E R A
DA TERRA
N AV E E M Ó R B I TA
TERRESTRE
E S PAÇO
EXOSFERA
+1000°C
650 KM
TERMOSFERA
-95°C
80 KM
RAIOS CÓSMICOS
NUVENS
LUMINESCENTES
MESOSFERA
-90°C
50 KM
Camada de Ozônio E S T R AT O S F E R A
Máxima concetração -55ºC
da camada de Ozônio
20 a 30 KM
TROPOSFERA
11 KM
Figura 1: Camadas da atmofera
Fonte:adaptado de Senai, 2014
SUPERFÍCIE
TERRESTRE
20°C
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Gestão da Qualidade do ar
nos membros e no sistema nervoso e pelo menos 37 já nasceram mortas devido a problemas
como a anencefalia - falta de cérebro. Apontada pela ONU como a cidade “mais poluída
do mundo”, Cubatão ficou conhecida mundialmente como “Vale da Morte”. Além do ar, as
indústrias também contaminavam a água e o solo da região, trazendo chuvas ácidas e
deslizamentos na Serra do Mar (COSTA, 2017).
Emissões antropogênicas
São provenientes de atividades humanas, como indústrias, transporte e geração de energia.
A análise das emissões procedentes de várias fontes proporciona informações sobre o tipo e
a quantidade de poluentes primários emitidos por essas fontes, geralmente em termos de es-
pécie química e de seu estado físico.
Fontes Pontuais
Também conhecidas como fontes fixas ou estacionárias – incluem refinarias, indústrias quí-
micas, indústrias metalúrgicas, dentre outras. Os poluentes são emitidos por chaminés, vents
(dutos de ventilação de processo) e flares (tochas que queimam correntes gasosas industriais
em situação de emergência, como queda de energia).
Fontes móveis - não se encontram fixas em um local. Referem-se aos meios de transporte,
sendo:
Fontes móveis rodoviárias – são as emissões devido à queima de combustíveis por veículos
que circulam nas ruas e rodovias, por exemplo: carros, motos e caminhões;
Fontes móveis não rodoviárias – são os outros meios de transporte, com exceção de veícu-
los que trafegam em rodovias. Incluem aviões, barcos, locomotivas etc.
Fontes de emissões fugitivas
São as emissões atmosféricas resultantes de vazamentos em tubulações e equipamentos,
tais como: suspiros de tanques de estocagem de produtos químicos; emissões em gaxetas,
bombas, válvulas e flanges; e pontos de tomada de amostra nas indústrias.
Fontes volumes
São fontes tridimensionais de emissão. Essencialmente são fontes áreas com a terceira
dimensão (altura). Exemplo de fontes volumes: tanques de estocagem de produtos líquidos
e esteiras transportadoras (STERN, et al., 1984).
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Gestão da Qualidade do ar
A interação entre as fontes de poluição e a atmosfera vai definir o nível de qualidade do ar, que
determina, por sua vez, o surgimento de efeitos adversos da poluição do ar sobre os receptores,
que podem ser o homem, os animais, as plantas e os materiais (CETESB, s.d.).
A seguir são fornecidas mais informações sobre os poluentes atmosféricos de maior relevância:
Ozônio (O3)
Composto por três átomos de oxigênio, o ozônio (O3) é um dos poluentes atmosféricos que
causam mais danos à saúde humana. Por isso, sua presença no ar ambiente é atualmente uma
das maiores preocupações quando se trata da qualidade do ar, principalmente nos grandes
centros urbanos e suas proximidades, uma vez que são os veículos e as indústrias que emitem
seus precursores - Compostos Orgânicos Voláteis e Óxidos de Nitrogênio.
O ozônio é um gás reativo e oxidante, presente tanto na estratosfera quanto na troposfera.
A figura 3 apresenta essa distribuição nas duas camadas. O ozônio é um componente natural
na estratosfera e funciona como uma barreira para os raios ultravioleta. Porém, próximo da
superfície, onde é produzido através de vários mecanismos, ele é muito prejudicial à saúde e ao
meio ambiente. É um poluente de difícil controle, devido à complexidade de sua formação. A
troposfera possui apenas 10% do ozônio total da atmosfera. É na estratosfera que são encontradas
as altas concentrações de O3 (NEVES, 2010).
Figura 3: Concentrações e Efeitos do Ozônio em diferentes altitudes
35
30
25
Altitude (Quilômetros)
O3 na Estratosfera filtra
90%dos raios UV
20
O3 na Tropopausa é um gás
de efeito estufa
15
10
0 5 10 15 20 25
Fonte: Fonte: Slanina, Sjaak 2003 apud Neves, 2009. Representação MMA.
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Gestão da Qualidade do ar
Essas partículas existem em muitos tamanhos e formas e podem ser compostas por centenas
de substâncias químicas diferentes. Por isso causam sérios impactos à nossa saúde (EPA, s.d.).
Algumas são emitidas diretamente de uma fonte de emissão, tais como: canteiros de obras,
estradas não pavimentadas, chaminés ou queimadas. A maioria das partículas se forma na
atmosfera como resultado de reações complexas a partir de compostos químicos, como
dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, que são poluentes emitidos por usinas termoelétricas,
indústrias e automóveis (EPA, s.d.).
são os carros, caminhões e outros veículos ou máquinas que queimam combustíveis (EPA, s.d.).
Respirar o ar com uma alta concentração de CO reduz a quantidade de oxigênio que pode ser
transportado na corrente sanguínea para órgãos essenciais como o coração e o cérebro (EPA,
s.d.). A exposição à altas concentrações de CO pode causar tontura, confusão, inconsciência e
até morte (EPA, s.d.). Com o avanço das tecnologias de controle das emissões veiculares, os
níveis de CO reduziram-se muito, principalmente nos grandes centros urbanos.
O SO2 também está presente na emissão veicular como resultado da queima de combustíveis
fósseis que possuem enxofre em sua composição. Da mesma forma que o CO, a concentração
ambiental do SO2 vem decrescendo em razão do maior controle das emissões e da redução no
teor de enxofre nos combustíveis (CETESB, 2012).
O SO2 presente na atmosfera pode levar à formação de chuva ácida e é precursora dos sulfatos,
um dos principais componentes das partículas inaláveis (MP10). Os sulfatos incorporados aos
aerossóis são associados à acidificação de corpos d’água, redução da visibilidade, corrosão de
edificações, monumentos, estruturas metálicas e condutores elétricos (CETESB, 2012).
A exposição de curto prazo ao SO2 pode prejudicar o sistema respiratório e dificultar a respiração.
Pessoas com asma, principalmente crianças, são mais sensíveis a esses efeitos (CETESB, 2012).
O dióxido de nitrogênio faz parte de um grupo de gases altamente reativos conhecidos como
óxidos de nitrogênio (NOx). Outros óxidos de nitrogênio incluem ácido nitroso e ácido nítrico. O
NO2 é usado como o indicador para o grupo maior de óxidos de nitrogênio (EPA, s.d.).
O NO2 pode, ainda, reagir com outros compostos no ar, por meio de reações fotoquímicas,
formando o ozônio troposférico. Ambos também são prejudiciais quando inalados devido aos
seus efeitos no sistema respiratório (EPA, s.d.).
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Gestão da Qualidade do ar
Fumaça (FMC)
A fumaça está associada ao material particulado suspenso na atmosfera proveniente dos
processos de combustão. O método de determinação da fumaça é baseado na medida de
refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro). Esse parâmetro está diretamente
relacionado ao teor de fuligem na atmosfera (CETESB, s.d.).
Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
São gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de combustíveis e de
outros produtos orgânicos, sendo emitidos pelos veículos, pelas indústrias, pelos processos de
estocagem e transferência de combustível etc. Muitos desses compostos participam ativamente
das reações de formação do ozônio troposférico.
Peroxiacetilnitrato (PAN)
É uma ameaça não só para a saúde humana, mas também para a vegetação em muitas
cidades do mundo. Foi identificado pela primeira vez na bacia aérea de Los Angeles, em 1940,
onde ocorrem com frequência os episódios meteorológicos de estagnação das massas de ar. A
poluição fotoquímica, como é denominada a produção de O3 e de outros oxidantes, é originada
a partir das emissões de óxidos de nitrogênio e de hidrocarbonetos lançados na atmosfera
pelos veículos e pelas indústrias (NEVES, 2010).
Chumbo
No passado, os veículos eram os principais contribuintes de emissões de chumbo para o
ar, devido sua adição como antidetonante na gasolina. Em 1989, o Brasil começou a retirar
o chumbo de sua gasolina automotiva, eliminando totalmente essa prática em 1992. Essa
conquista deu-se graças à substituição do chumbo pelo etanol anidro como aditivo à gasolina.
Como consequência, a concentração de chumbo na atmosfera das áreas urbanas diminuiu
significativamente. Atualmente, o chumbo é encontrado em maior concentração em locais
específicos, como próximo a fundições de chumbo e indústrias de fabricação de baterias
chumbo-ácido (CETESB, s.d.).
O impacto adverso da poluição na saúde humana é o principal motivo para seu controle. A
população em geral, principalmente a que vive nas zonas urbanas, sofre com os efeitos da
poluição, mas, certamente, alguns subgrupos são mais sensíveis a esses impactos:
Crianças muito novas, nas quais os sistemas respiratórios e circulatórios ainda estão em
formação
Pessoas idosas, nas quais esses sistemas não funcionam mais de forma eficiente; e
Pessoas que têm doenças como asma, enfisema e doenças cardíacas
Esses subgrupos mais sensíveis aos poluentes, em contato com a poluição, apresentam res-
postas mais nocivas do que a população em geral. A poluição do ar afeta principalmente o
sistema respiratório, circulatório e olfativo.
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Gestão da Qualidade do ar
Além dos problemas respiratórios causados pela exposição aos poluentes, outras áreas do
corpo humano são afetadas, como os olhos, que são sensíveis a oxidantes como o peroxiace-
tilnitrato (PAN), por exemplo. Porém, qualquer agente químico presente no ar exerce efeitos
potencialmente danosos sobre as funções pulmonares e sobre todo o organismo.
Quanto maior a concentração ou o tempo de exposição aos poluentes, maior será a pro-
babilidade de causar danos à saúde. Outros efeitos da poluição atmosférica mais difíceis de
mensurar são aqueles gerados no sistema imunológico, neurológico e reprodutivo.
O sistema respiratório é dividido basicamente em três regiões, que são afetadas pela expo-
sição aos poluentes
Nasal (composta do nariz, boca e garganta);
Traqueobrônquica (composta da traqueia, brônquios e saco alveolar); e
Pulmonar (terminação dos brônquios e saco alveolar). A traqueia se ramifica nos brônquios
direito e esquerdo.
Figura 05: Diferentes impactos dos poluentes no corpo humano devido à sua solubilidade
S O2
Brônquios Cl 2
Média Br 2
Bronquíolos RCOCI
R(NCO) 2
Bronquíolos O3 O 2
Álveolos NO 2
pulmonares Baixa
COCl 2
Capilares CDO
O Banco Mundial lançou em 2016 a publicação: “O Custo da Poluição do Ar”, na qual estimou
os custos econômicos da mortalidade prematura devido à poluição do ar, buscando motivar os
governos a reduzirem a poluição. Como principais conclusões, o estudo estimou que:
Na extremidade inferior, as perdas ainda eram iguais a 2,2% do PIB no Oriente Médio e no
Norte da África. A poluição do ar doméstico devido ao uso de carvão para cozinhar foi a
maior causa de perdas no Sul da Ásia e na África Subsaariana.
Em todas as outras regiões, as perdas foram causadas em grande parte pela poluição do
ar ambiente por partículas finas (MP2,5). As perdas de renda do trabalho, embora fossem
esperadas menores do que as perdas de bem-estar, foram substanciais em regiões com
populações mais jovens. A renda perdida para os países do Sul da Ásia totalizou mais de 66
bilhões de dólares em 2013, o equivalente a quase 1% do PIB. Globalmente, as perdas de
renda do trabalho totalizaram 225 bilhões de dólares em 2013.
Por outro lado, nos Estados Unidos, entre os anos de 1970 e 2018 as emissões combinadas
de seis poluentes (PM2,5 e PM10; SO2; NOx, COV, CO e Pb) caíram 74%. Enquanto isso, no mesmo
período, a economia dos Estados Unidos continuou a crescer, como apresenta o gráfico 1 - o
Produto Interno Bruto aumentou 300% e a população aumentou 100%. O consumo de energia
aumentou e a distância que os veículos percorreram (em milhas) também aumentou cerca de
200%. Entretanto, o aumento verificado nas emissões atmosféricas foi cerca de 20%, o que sig-
nifica que, aplicando as tecnologias corretas, é possível desenvolver a economia e manter as
emissões sob controle. Porém, se não forem considerados os métodos de controle de poluen-
tes nem as leis ambientais, as consequências são muito graves, como apresentado no item 1.1.3,
quando grandes episódios de poluição aconteceram, causando milhares de mortes, devasta-
ção ambiental, impactos na saúde e na economia (EPA, 2019).
Veículos milhas
percorridas
200%
População
100%
Consumo de
Energia
0% Emissão de CO2
Emissões Agregadas
(seis poluentes comuns)
-100%
Os Valores Guia não são padrões, nem critérios legais; seu objetivo é oferecer orientação na redução
dos impactos da poluição do ar na saúde, com base na avaliação de especialistas e nas evidências
científicas atuais. Devem ser aplicados em todas as regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e
apoiar uma ampla gama de opções de políticas para a gestão da qualidade do ar. O conhecimento das
propriedades perigosas dos poluentes e a indicação do risco relacionado à sua exposição resumidos
nas diretrizes fornecem uma contribuição científica essencial para o desenvolvimento de estratégias de
gestão da qualidade do ar (OMS, 2006).
Os Valores Guia são baseados em extensas evidências científicas sobre a poluição do ar e suas con-
sequências para a saúde. Embora essas informações tenham lacunas e incertezas, oferecem uma base
sólida para as diretrizes. Algumas conclusões gerais da pesquisa precisam ser enfatizadas em relação
às diretrizes. Entre elas, as evidências para ozônio e MP que mostram riscos à saúde em concentrações
atualmente encontradas em muitas cidades de países desenvolvidos. Os estudos epidemiológicos tam-
bém indicam que as diretrizes podem não fornecer proteção total à população, uma vez que não foram
identificados limites abaixo dos quais os efeitos adversos não ocorrem (OMS, 2006).
Em 2021, a OMS atualizou os valores guia para as concentrações máximas recomendadas para os
principais poluentes atmosféricos, indicando os valores que trariam maior proteção à saúde humana.
No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu novas diretrizes para os pa-
drões de qualidade do ar com a publicação da Resolução nº 491, de 19 de novembro de 2018, a qual
fixou limites mais restritivos e incluiu outros compostos na lista de poluentes regulados. Seguindo essa
Resolução, o Conama delega aos órgãos ambientais estaduais e distrital a elaboração, em até 3 anos a
partir da sua entrada em vigor, de um Plano Regional de Controle de Emissões Atmosféricas. Com base
nesse plano e também nos Relatórios de Avaliação da Qualidade do Ar elaborados pelos órgãos estadu-
ais e distritais, serão adotadas as novas fases dos Padrões de Qualidade do Ar Intermediários (PI-1, PI-2,
PI-3) e, na sequência, de forma conclusiva, será adotado o padrão de qualidade do ar final (PF).
24 horas 50
Material Particulado - MP 10
Anual 20
24 horas 25
Material Particulado - MP 2,5
Anual 10
24 horas 20
Dióxido de Enxofre – SO2
Anual -
1 hora 200
Dióxido de Nitrogênio - NO2
Anual 40
Ozônio – O3 8 horas 100
24 horas 50
Fumaça*
Anual 20
Monóxido de Carbono – CO 8 horas 9 ppm
24 horas 240
Partículas Totais em Suspensão PTS*
Anual 80
Chumbo – Pb* Anual 0,5
Os poluentes climáticos de vida curta são forças climáticas poderosas que permanecem
na atmosfera por um período muito mais curto do que o dióxido de carbono (CO2), mas seu
potencial para aquecer a atmosfera pode ser muito maior. Certos poluentes climáticos de vida
curta também são poluentes atmosféricos perigosos, com efeitos prejudiciais para as pessoas,
os ecossistemas e a produtividade agrícola.
Dos poluentes climáticos de curta duração, carbono negro, metano, ozônio troposférico e hi-
drofluorocarbonos são os contribuintes mais importantes para o efeito estufa global causado
pelo homem depois do dióxido de carbono. Eles são responsáveis por até 45% do aquecimento
global atual. Se nenhuma ação para reduzir as emissões desses poluentes for tomada nas pró-
ximas décadas, é esperado que eles sejam responsáveis por até metade do aquecimento da
atmosfera causado pela atividade humana.
O carbono negro é um poluente climático de curta duração, com uma vida útil de apenas
alguns dias a semanas, após a liberação na atmosfera. Durante esse curto período, o carbono
negro pode ter impactos diretos e indiretos significativos no clima, regiões glaciais, agricultura
e saúde humana (CCAC, s.d.).
Metano (CH4)
O metano é um poderoso gás de efeito estufa emitido por atividades humanas, como vaza-
mento de sistemas de gás natural e criação de gado, bem como por fontes naturais como pân-
tanos. Tem uma influência direta no clima.
Hidrofluorcarbonos (HFCs)
Hidrofluorcarbonos (HFCs) é um grupo de produtos químicos industriais usados principalmente
para resfriamento e refrigeração. Os HFCs foram desenvolvidos para substituir as substâncias
destruidoras da camada de ozônio estratosférica que estão atualmente sendo eliminadas de
acordo com o Protocolo de Montreal. Muitos HFCs são gases de efeito estufa muito poderosos
e um número substancial deles são poluentes climáticos de curta duração com uma vida útil
de 15 a 29 anos na atmosfera. Embora os HFCs representem atualmente cerca de 1% do total de
gases de efeito estufa, seu impacto no aquecimento global pode ser de centenas a milhares de
vezes maior do que o dióxido de carbono por unidade de massa (CCAC, s.d.).
Ozônio Troposférico
O ozônio troposférico é um poluente climático de curta duração com uma vida atmosférica de
horas a semanas. Não existem fontes de emissões diretas de O3 - trata-se de um gás secundário
formado pela reação da luz solar com hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, que é emitido
por veículos, usinas de combustível fóssil e outras fontes artificiais (CCAC, s.d.). Poluentes cli-
máticos de vida curta como o ozônio troposférico e o carbono negro são perigosos poluentes
atmosféricos responsáveis por mortes prematuras, por doenças cardíacas e pulmonares, der-
rames, ataques cardíacos, doenças crônicas e respiratórias, como bronquite, asma agravada
e outros sintomas cardiorrespiratórios. A redução dos poluentes climáticos de curta duração
evitará milhões de mortes prematuras a cada ano devido à poluição do ar (OMS, 2015).
As negociações internacionais sobre mudança do clima têm como marco inicial a criação da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês),
em 1992, que deu início às reuniões da Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês). A COP
congrega anualmente os países-parte em conferências mundiais para tomar decisões coletivas
e consensuais sobre temas relacionados à mudança do clima (ADAPTACLIMA, s.d.).
O primeiro grande acordo das COPs foi criado em 1997 e entrou em vigor em 2005: o Protoco-
lo de Quioto, tratado que definiu metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE)
para países desenvolvidos. Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37
países se comprometeram a reduzir 5% das suas emissões em relação a 1990. No segundo pe-
ríodo de compromisso, as Partes se comprometeram a reduzir, de 2013 a 2020, as emissões em
pelo menos 18% dos níveis de 1990. O Brasil ratificou o documento em 2002 (ADAPTACLIMA,
s.d.).
Na 21ª reunião da Conferência das Partes (COP 21), em 2015, foi aprovado um novo acordo
global, o Acordo de Paris, que contempla metas de redução de emissões de GEE para todos os
países, desenvolvidos e em desenvolvimento, definidas nacionalmente conforme as priorida-
des e possibilidades de cada um. Além disso, foi determinado um objetivo global para aumen-
tar a capacidade de adaptação, fortalecer a resiliência e reduzir as vulnerabilidades à mudança
do clima (ADAPTACLIMA, s.d.).
Nesse histórico das negociações sobre clima, o foco sempre foi mitigação das emissões de
GEE e o papel da adaptação era muito pequeno. Porém, a partir dos anos 2000, a adaptação
ganha cada vez mais espaço nos debates e decisões tomadas nas Conferências (ADAPTACLI-
MA, s.d.).
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Gestão da Qualidade do ar
Um grande marco ocorreu em 2010, com a adoção pelos países do Quadro de Adaptação
de Cancun (Cancun Adaptation Framework - CAF, em inglês) na COP16. Nos acordos, as Partes
afirmam que ações em adaptação devem ter o mesmo grau de prioridade que as de mitiga-
ção. No que tange à implementação de ações em adaptação, o CAF propõe um processo para
possibilitar que países menos desenvolvidos formulem e implementem Planos Nacionais de
Adaptação, além de um programa de trabalho que considere abordagens para lidar com per-
das e danos associados aos impactos da mudança do clima em países em desenvolvimento, os
quais estão particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do clima (UNFCCC,
2011 apud ADAPTACLIMA, s.d.).
No Brasil, entre os marcos em nível nacional do combate e adaptação aos impactos associa-
dos à mudança do clima, cita-se como principal a Política Nacional sobre Mudança do Clima
(PNMC), instituída em 2009. O órgão responsável por sua implementação é o Comitê Intermi-
nisterial sobre Mudança do Clima (CIM). A partir da legislação, o Ministério do Meio Ambiente
(MMA) lidera a definição de estratégias e propõe políticas relacionadas ao monitoramento e à
implementação dos planos setoriais de mitigação e adaptação contidos na PNMC (ADAPTACLI-
MA, s.d.).
O principal instrumento para levar adiante ações de adaptação é o Plano Nacional de Adapta-
ção à Mudança do Clima (PNA), instituído em 2016. O PNA foi elaborado pelo governo federal
em colaboração com a sociedade civil, setor privado e governos estaduais, e tem como objeti-
vo promover a redução da vulnerabilidade nacional à mudança do clima e realizar a gestão do
risco associada a esse fenômeno (ADAPTACLIMA, s.d.).
Segundo informações do Atlas Global do Carbono (2019) o Brasil é o décimo terceiro país do
mundo que mais contribui para o aquecimento global. A maior parte dos gases de efeito estufa
emitidos no Brasil tem relação com desmatamento para pastagens e plantações. No setor elé-
trico, a falta de chuva obriga o governo a ligar as térmicas, aumentando a poluição, e a situação
seria pior, se não fosse a queima de biomassa, como o bagaço de cana, e o crescimento na
geração de energia eólica e solar.
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Gestão da Qualidade do ar
Também nesse sentido, o MMA elaborou um Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação
da Qualidade do Ar. Publicado em 2020, o Guia está entre as medidas complementares toma-
das pelo Ministério do Meio Ambiente para trabalhar com entes públicos e setor privado pelo
ar limpo nas cidades, levando sustentabilidade, mais saúde e, consequentemente, melhoria da
qualidade de vida a todos os brasileiros.
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Gestão da Qualidade do ar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2021. 21
MÓDULO I - INTRODUÇÃO À QUALIDADE DO AR E LEGISLAÇÃO APLICADA
AULA 02
EMISSÕES E QUALIDADE DO AR
22
Gestão da Qualidade do ar
Tome nota
O objetivo da gestão da qualidade do ar é controlar a poluição atmosférica,
de forma a garantir o desenvolvimento socioeconômico de forma equilibrada
e ambientalmente sustentável. Essa gestão deve incluir o controle das fontes,
especialmente em situações meteorológicas de dispersão desfavoráveis, como, por
exemplo, a inversão térmica, ou ainda a desconcentração das fontes para reduzir as
emissões e os impactos destes poluentes. Para tanto, é necessário adotar ações
de monitoramento, prevenção e redução das emissões de poluentes. O produto
da interação desse complexo conjunto de fatores é que irá assegurar a qualidade
ambiental de uma determinada região (MMA, 2019).
Conforme Gomes (2010), a meteorologia determina o que acontece com os gases emitidos na
atmosfera desde o momento em que estes são emitidos até quando são detectados em qualquer outro
lugar. Segundo a FEAM (2016) apud Raia e Reis (2006), o relevo é um fator determinante na qualidade
do ar de uma região. O relevo ondulado, formado por áreas de serra, como ocorre em Minas Gerais,
pode impactar de forma direta a dinâmica de alguns fenômenos climáticos, tais como a distribuição das
chuvas, variação da temperatura, velocidade e direção dos ventos, entre outros (RIBEIRO et al, 2019).
Por meio do zoneamento e do licenciamento ambiental o poder público pode evitar a instalação
de fontes de poluição específicas em determinado local, bem como definir as medidas de
controle para cada fonte poluidora, como a aplicação de limites de emissão e a exigência da
melhor tecnologia disponível.
Saiba Mais
O planejamento territorial urbano baseia-se no princípio do afastamento geográfico
entre fontes de emissão e núcleos populacionais (receptores). Contudo, a proteção
da população não é o único alvo da gestão atmosférica. Muitos outros fatores devem
ser considerados na localização de um empreendimento potencialmente poluidor,
como, por exemplo: a existência de reservas naturais, áreas agrícolas e mananciais
nas proximidades; o tipo de poluente; a vazão; as características da geografia e dos
ventos predominantes; e as condições de dispersão dos poluentes. Essa análise
deve ser feita previamente pelos empreendedores e depois avaliada pelos órgãos
ambientais competentes. Uma ferramenta importante é o estabelecimento de leis
de zoneamento urbano, visando nortear o crescimento de municípios de forma
ordenada, impedindo a proximidade entre fontes emissoras e os núcleos residenciais
(FERNANDES, 2011)
2.1.2 METEOROLOGIA
• Estabilidade atmosférica
• Temperatura ambiente
• Radiação solar
• Umidade relativa do ar
Em uma escala local, o vento e a estabilidade atmosférica são os principais fatores que afetam
o transporte e dispersão dos poluentes. A atmosfera está sempre em movimento, e o movimento
do ar, tanto horizontal (o vento) quanto vertical (como a mistura vertical), está extremamente
relacionado com a dispersão dos poluentes; a partir de sua fonte de emissão, o vento dilui os
poluentes e também os dispersa rapidamente, como mostra a figura 7:
Figura 7: Transporte e Transformação das emissões na Atmosfera
Reações químicas
na atmosfera
Plantas absorvem
Solo se torna ácido substâncias venenosas
Clima
Constitui o estado médio e o comportamento estatístico da variabilidade dos parâmetros do
tempo (temperatura, chuva, vento etc.) de uma localidade em um período suficientemente
grande. O período recomendado é de 30 anos, denominado “Normal Climatológica”.
Tempo meteorológico
Conjunto de condições atmosféricas e fenômenos meteorológicos que afetam a biosfera e a
superfície terrestre em um dado momento e local (horas, dia, dias). Temperatura, chuva, vento,
umidade, nevoeiro, nebulosidade etc., formam o conjunto de parâmetros do tempo.
26
Gestão da Qualidade do ar
Umidade relativa do ar
É a quantidade de água presente no ar em relação ao seu ponto de saturação. Assim, quando
a umidade relativa do ar é de 60%, significa que o ar está com 60% da sua capacidade máxima
de água. A umidade do ar participa ativamente das reações químicas na atmosfera.
27
Gestão da Qualidade do ar
&QYZWF
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-TWF
QTHFQ RX
No Brasil, nem sempre é fácil obter os dados meteorológicos, pois as pequenas cidades
raramente possuem dados. As capitais são mais cobertas pelas estações meteorológicas,
principalmente do Inmet. Apresenta-se a seguir, algumas fontes de dados disponíveis:
28
Gestão da Qualidade do ar
• Infraero: www.infraero.gov.br
• Daesp: www.daesp.sp.gov.br
• Cetesb: https://cetesb.sp.gov.br/ar/qualar/
Importante
Importante observar que, antes de utilizar os dados, eles devem ser avaliados por
um meteorologista para verificar se existem falhas e para verificar a qualidade dos
dados, inclusive a localização da torre meteorológica.
29
Gestão da Qualidade do ar
Vento
10x a altura posicionamento padrão aberto, é de 10m
Direção/ 10 metros grama ou cascalho
do obstáculo acima do solo
Velocidade
A gestão da qualidade do ar tem como objetivo controlar a poluição atmosférica para garantir
o desenvolvimento socioeconômico de forma equilibrada e ambientalmente sustentável.
30
Gestão da Qualidade do ar
Para tanto, é necessário adotar ações de monitoramento, prevenção, combate e redução das
emissões de poluentes.
Exemplo
As emissões contribuem para as concentrações locais de poluentes, que ocorrem
quando esses se acumulam em quantidades significativas em locais específicos,
por exemplo, perto de estradas movimentadas, instalações industriais ou grandes
operações agrícolas intensivas. A exposição a altas concentrações de poluentes
resulta diretamente em impactos adversos, que são cumulativos, sendo necessário
focar esforços na redução da exposição (DEFRA, 2018).
Existem dois métodos para garantir a qualidade do ar, quais sejam: (i) adoção de métodos de
prevenção da poluição; e (ii) adoção de tecnologias de controle que removem os poluentes
das fontes fixas e móveis.
Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou a lei Pollution Prevention (P2) Act em 1990; desde
então, foram identificadas inúmeras possibilidades para as indústrias reduzirem ou prevenirem,
significativamente, a poluição na fonte por meio de mudanças nos seus processos produtivos, na
operação e no uso de matérias primas. E essas mudanças oferecem às indústrias uma economia
significativa no uso de menor quantidade de matérias primas, no controle da poluição, além de
proteger o meio ambiente e reduzir os riscos referentes à saúde e segurança dos trabalhadores.
A prevenção da poluição inclui uma série de medidas, que se iniciam no projeto das
indústrias e equipamentos, tais como:
31
Gestão da Qualidade do ar
São diversos os instrumentos utilizados para gestão ambiental dentre os quais cita-se: os
padrões de qualidade ambiental, os limites de emissão/lançamento, o zoneamento ambiental, o
licenciamento ambiental, os programas de controle, as penalidades disciplinares, os inventários
das fontes de poluição e os relatórios de qualidade ambiental.
Desta forma, a redução dos níveis de poluição do ar não deve se basear, exclusivamente, em
medidas tecnológicas para a redução das emissões dos veículos isoladamente, mas numa ação
integrada dos diversos setores da sociedade.
Importante
O controle de emissões consiste em procedimentos destinados à redução ou à prevenção
da liberação de poluentes para a atmosfera e implantação de equipamentos de controle
de poluição do ar, que são dispositivos que reduzem as emissões atmosféricas. Existe um
número muito grande de equipamentos de controle da poluição do ar, mas a seleção do
equipamento mais adequado deve ser realizada por especialistas, pois os equipamentos
requerem investimento e custo de operação consideráveis.
Existem equipamentos de controle para gases e para partículas; e para fontes fixas e móveis. O
quadro 3 apresenta alguns equipamentos usados nas indústrias para controle de fontes fixas:
32
Gestão da Qualidade do ar
*QNRNSFITW
IJS[TF
Fonte: Cetesb, 2017
1±VZNIT
1±VZNIT
,¥XHTR
5FWYNHZQFIT
5FWYNHZQFIT
J1±VZNIT
33
Gestão da Qualidade do ar
• Mitigar os congestionamentos;
34
Gestão da Qualidade do ar
O processo de controle das fontes de emissões se inicia muito antes de sua operação, e ocorre
na fase de planejamento dos empreendimentos, como fábricas ou rodovias; e também no
seu licenciamento ambiental, procedimento pelo qual o órgão ambiental competente analisa
a proposta apresentada para o empreendimento e a legitima, considerando as disposições
legais e regulamentares aplicáveis e sua interdependência com o meio ambiente, emitindo a
respectiva licença.
1
Avaliar tecnicamente a viabilidade de empreendimentos com potencial poluidor;
3
Identificar e caracterizar os impactos ambientais; e
O processo é extenso e detalhado, para cada impacto ambiental. Para avaliar os impactos na
atmosfera é preciso elaborar o estudo de clima, de topografia, a modelagem matemática (desde
o inventário de emissões), medir as concentrações dos poluentes de background, visando não
permitir o aumento das concentrações e selecionar os equipamentos de controle que serão
instalados.
Tome nota
Tanto a Resolução Conama nº 382/2006 como a Resolução nº 436/2011 atrelaram
o uso dos limites de emissão à manutenção ou restauração da qualidade do ar,
fazendo explícita menção à necessidade de que sejam associados à capacidade de
suporte do meio. Essas resoluções explicitam que “O órgão ambiental licenciador
poderá, mediante decisão fundamentada, determinar limites de emissão mais
restritivos que os aqui estabelecidos em áreas onde, a seu critério, o gerenciamento
da qualidade do ar assim o exigir” (IEMA, 2012).
No que diz respeito ao estabelecimento dos limites das emissões industriais, há a importante
participação dos órgãos estaduais de meio ambiente na edição de regulamentações, tendo
em vista seu papel preponderante no licenciamento e na fiscalização dessas atividades e o
conhecimento empírico que detêm da realidade de seus territórios. Além disso, participam
ativamente das discussões os representantes da indústria brasileira, dos governos municipais e
da sociedade civil, propiciando resoluções baseadas na realidade do país e com a colaboração
de todos os setores.
Terras indígenas;
Domínio da União;
Empreendimentos militares.
Saiba Mais
O Ibama possui também o Guia de Emissões de Poluentes Atmosféricos para
preenchimento do Cadastro Técnico Federal – CTF, que deve ser preenchido pelos
estabelecimentos que emitiram poluentes atmosféricos por meio de uma chaminé
e que exerceram pelo menos uma das atividades listadas no Anexo, no período de 1
de janeiro a 31 de dezembro do ano ao qual o relatório se refere (Instrução Normativa
Ibama 06/2014, disponível em:
https://servicos.ibama.gov.br/phocadownload/manual/guiageral_rapp_2014_v2.pdf)
37
Gestão da Qualidade do ar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MMA, Ministério do Meio Ambiente. Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação da Qualidade do
Ar. Brasília, DF, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/centrais-de-conteudo/mma-guia-tecnico-
qualidade-do-ar-pdf . Acesso em 15 jun. 2021.
CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório da Qualidade do Ar no Estado de São Paulo
– 2019. Série Relatórios, São Paulo – SP, 2020. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/wp-content/uploads/
sites/28/2020/07/Relat%C3%B3rio-de-Qualidade-do-Ar-2019.pdf Acesso em 15 jun. 2021.
_____. Poluição do Ar: Gerenciamento e Controle de Fontes – 2017. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/
posgraduacao/wp-content/uploads/sites/33/2017/11/Apostila-Poluição-do-Ar-Gerenciamento-e-Controle-de-
Fontes.pdf . Acesso em 15 jun. 2021.
CHEREMISINOFF, Nicholas P. Handbook of Air Pollution Prevention and Control. 1. ed. Oxônia: Butterworth-
Heinemann, 2002.
DEFRA, Department of Environment, Food and Rural Affairs. Clean Air Strategy – 2018. Londres, Inglaterra, 2018.
Disponível em: https://consult.defra.gov.uk/environmental-quality/clean-air-strategy-consultation/supporting_
documents/Clean%20Air%20Strategy%202018%20Consultation.pdf . Acesso em 15 jun. 2021.
EPA. United States Environmental Protection Agency. Pollution Prevention (P2). Disponível em: https://www.epa.
gov/p2/learn-about-pollution-prevention. Acesso em 15 jun. 2021.
_____. Meteorological Monitoring Guidance for Regulatory Modeling Applications. Disponível em: https://www.epa.
gov/sites/production/files/2020-10/documents/mmgrma_0.pdf . Acesso em 15 jun. 2021.
FERNANDES P. S. Gestão de Fontes Estacionárias de Poluição Atmosférica. In Álvares Junior et al. Emissões
Atmosféricas, Cap. 3, pp 181-286, 2011. Disponível em: http://www.ambiental.ufpr.br/portal/wp-content/
uploads/2014/08/Livro_TGA-EA-_cap_3_Fontes_Fixas.pdf . Acesso em 15 jun. 2021
IEMA, Instituto de Energia e Meio Ambiente. Padrões de qualidade do ar: experiência comparada Brasil, EUA e
União Europeia, 2012. Disponível em: https://iema-site-staging.s3.amazonaws.com/padroes-final01.pdf . Acesso
em 15 jun. 2021
LOPES A. Química Atmosférica. Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Ciências Exatas, 2016.
RIBEIRO M. V., FERREIRA T. K. A., SANTOS J. D. Modelagem da dispersão de poluentes atmosféricos para avaliação
da qualidade do ar em São José da Lapa/MG. Revista Brasileira de Climatologia. Ano 15 - Vol. 24 - Jan/Jun, 2019.
SENTELHAS, Paulo Cesar; ANGELOCCI, Luiz Roberto Angelocci. Aula 6 – Temperatura do ar e do solo. Disponível
em: http://www.leb.esalq.usp.br/leb/aulas/lce306/Aula6_2012.pdf . Acesso em 15 jun. 2021.
38
MÓDULO I - INTRODUÇÃO À QUALIDADE DO AR E LEGISLAÇÃO APLICADA
AULA 03
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR
39
Gestão da Qualidade do ar
Com base nas disposições da Lei n. 6.938 de 1981, o Conama revisou a Portaria n. 0231,
acrescentando os poluentes fumaça, partículas inaláveis e dióxido de nitrogênio. Foram
estabelecidos também padrões primários e secundários para a exposição de curto e longo
prazo para cada um dos poluentes, assim como seus métodos de referência.
No Rio de Janeiro, segundo divulgado pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA), o
monitoramento ocorre desde 1967, ano em que foram instaladas as primeiras estações manuais
de amostragem de material particulado total (INEA, 2017).
Em 1989 foi criado o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (Pronar), pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolução Conama nº 05 de 15 de junho de
1989. O estabelecimento do programa ocorreu devido à percepção do acelerado crescimento
urbano e industrial brasileiro e da frota de veículos automotores; do progressivo aumento da
poluição atmosférica, principalmente nas regiões metropolitanas; dos seus reflexos negativos
sobre a sociedade, a economia e o meio ambiente; das perspectivas de continuidade destas
condições e, da necessidade de se estabelecer estratégias para o controle, preservação e
recuperação da qualidade do ar, válidas para todo o território nacional.
Novas redes foram criadas entre o fim da década de 80 e a década de 90, como a Rede de
Monitoramento da Qualidade do Ar do Polo Industrial de Camaçari (Bahia), financiada pelas
empresas do Polo; da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler
(Fepam), no Rio Grande do Sul, dentre outras.
40
Gestão da Qualidade do ar
Tome nota
O primeiro dispositivo legal decorrente do Pronar foi a Resolução Conama nº 03,
de 28 de junho de 1990, que estabelecia os padrões nacionais de qualidade do ar.
Esta resolução foi substituída em 2018 pela Resolução Conama nº 491, na qual o Art.
8o estabelece a elaboração do Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação da
Qualidade do Ar, com o objetivo de uniformizar o monitoramento da qualidade do
ar no Brasil. O referido guia foi elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)
em conjunto com os órgãos ambientais estaduais e distrital, e apresenta todos os
requisitos para instalação de uma rede de monitoramento da qualidade do ar.
Objetivo I
Verificar o grau de exposição da população aos poluentes atmosféricos, considerando critérios
de saúde pública
Objetivo II
Acompanhar tendências de médio e longo prazo para verificar a eficácia dos programas de
controle, avaliando a necessidade de aprimoramentos.
Para atingir esses objetivos, várias estratégias podem ser adotadas, tais como:
41
Gestão da Qualidade do ar
Exemplo
Essas necessidades podem incluir, por exemplo, o levantamento de dados e
informações sobre os fatores que influenciam na qualidade do ar, assim como os
impactos da concentração de poluentes em populações vulneráveis, os efeitos na
fauna, na vegetação, nos cultivos e nos materiais, entre outras variáveis relevantes.
Existem vários métodos disponíveis para o monitoramento; sua seleção depende de muitos
fatores, desde o objetivo do monitoramento, da capacidade de investir em sua aquisição e
manutenção, até do modelo de gestão, que pode ter diferentes formatos, envolvendo os órgãos
ambientais diretamente ou por meio do apoio financeiro do setor industrial, como ocorre no
Polo Industrial de Camaçari, onde as empresas são responsáveis pela rede de monitoramento
da qualidade do ar situada em seu entorno.
Amostradores Passivos
Dispositivos, em geral, na forma de tubos ou discos, que absorvem ou adsorvem poluentes
específicos através de uma reação química. Após certo tempo de exposição (de poucas horas
a um mês), a amostra é analisada em laboratório. Essa metodologia pode ser aplicada a uma
grande variedade de poluentes como NH3, BTX (benzeno, tolueno e xileno), SO2, NOX, O3, HF,
HCl, aldeídos e compostos orgânicos voláteis.
42
Gestão da Qualidade do ar
Foto: Maxxam.
Os três amostradores passivos apresentados na Figura 14, instalados dentro de um abrigo para
protegê-los da chuva, são baseados em difusão molecular, segundo a Lei de Fick. Cada um
deles serve para medir um poluente específico, e consiste em um corpo cilíndrico de polietileno,
fechado no fundo para evitar transporte convectivo, que produz erros nas concentrações do
gás amostrado. A figura 15 mostra os dispositivos instalados em campo.
Figura 15: Amostradores passivos em campos.
Foto: Maxxam.
Suas principais vantagens são seu baixo custo, a existência de amostradores para uma vasta
gama de poluentes, e o fato de não necessitarem de energia elétrica. Porém não possuem
resolução temporal, ou seja, não fornecem dados para curtos períodos de exposição em tempo
real.
Biomonitores
O biomonitoramento serve para avaliar o impacto dos poluentes no ambiente, e complementa
as informações obtidas sobre a qualidade do ar. Fundamenta-se na capacidade que todo ser
vivo tem de responder às alterações impostas pelo ambiente.
43
Gestão da Qualidade do ar
Fonte: Energética
Fonte: Enveea
externos, sendo que 90% delas ocorrem em países de baixa e média renda.
Saiba Mais
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
estima-se que cerca de 6 a 9 milhões de mortes prematuras ocorrerão por ano até
2060 em decorrência da poluição do ar.
MT
AM PA
MA CE ES DF
RN
PB
GO
PI
PE
AL RJ
AC TO MS
RO SE SP
BA
MT
DF
GO
Região Nordeste Região Sul
MG
MS ES
PR
MA CE
SP RN
RJ
PB
PR PI PE SC
AL
SC SE
RS
Legenda BH
Legenda
RS
Estação de monitoramento
Estação de m
Limite estadual
Limite estadu
Elaboração MMA
46
Gestão da Qualidade do ar
Diante destes dados, ao estabelecer paralelo com políticas praticadas em outros países,
verifica-se que no Brasil, o número de estações de monitoramento da qualidade do ar ainda é
muito pequeno (SILVA e VIEIRA, 2017).
A gestão ambiental no Brasil teve seu início com o estabelecimento de legislações que
evoluíram, passo a passo, dentro da realidade de cada época. Portanto, desde o licenciamento
dos empreendimentos, conforme estabelece a Resolução Conama n. 1/1986, deve ser feita a
gestão da qualidade do ar, sempre reavaliando o ciclo de sua gestão em busca da melhoria
contínua. A figura 21 apresenta o ciclo da poluição do ar.
Figura 21: Ciclo da poluição do ar
Representação MMA
Poluentes Diluição
Reações Químicas
47
Gestão da Qualidade do ar
O ciclo da gestão da qualidade do ar deve atuar em todas estas fases, e sempre voltando às
fontes de emissões, causa principal da poluição do ar. Os inventários de emissões devem ser
sempre revistos, bem como a aplicação dos modelos matemáticos.
Exemplo
Como exemplo, no Polo Petroquímico de Camaçari, o inventário é revisado a cada
dois anos para avaliar as mudanças que ocorrem na região, como a instalação de
novas indústrias (novas fontes de emissões) ou fechamento de outras, a substituição
de combustíveis, a instalação de equipamentos de controle, entre outros. A
modelagem também é realizada a cada dois anos, para avaliar a localização das
estações de monitoramento do ar, algumas delas, inclusive, já foram realocadas em
função deste ciclo de gestão.
Como exemplos de sucesso internacional podem ser citados o caso da Airparif1 na França e o
caso de redução de emissões veiculares em Londres.
A Airparif é uma organização sem fins lucrativos credenciada pelo Ministério do Meio Ambiente
francês para monitorar e avaliar continuamente a qualidade do ar na região de Paris. Seus
objetivos principais são:
Em Londres diversas medidas foram tomadas pelo governo local para reduzir as emissões e
concentrações de poluentes atmosféricos devido à utilização de veículos, entre essas medidas
pode-se destacar:
48
Gestão da Qualidade do ar
Zona de Baixa Emissão (LEZ, na sigla em inglês) – essa zona foi implantada para encorajar
os veículos pesados a diesel, mais poluentes, que dirigem em Londres, a se tornarem mais
limpos.
Zona de emissão ultrabaixa (ULEZ, na sigla em inglês) – nessa zona são permitidos somen-
te veículos com baixas emissões, auxiliando na redução das emissões veiculares na parte
central de Londres.
Como já mencionado, a importância do monitoramento é enorme, pois é por meio deste que
são registradas as tendências e a evolução das concentrações, demonstrando a necessidade
de controle da poluição.
“Tirar o Brasil do atraso”, este era o projeto a ser realizado pelo governo Juscelino Kubitschek
a partir de 1956 em Cubatão, localizado na Região Metropolitana da Baixada Santista, próximo
à Serra do Mar. Surgiram, então, muitas indústrias, responsáveis por transformações no ramo
petroquímico, siderúrgico e de fertilizantes, que começaram a interferir, direta e indiretamente,
na cidade, sem se preocupar com o meio ambiente e com a saúde da população. Desde então,
a fonte de renda de Cubatão é o Polo industrial.
100
80
MP10(µg/m3)
60
40
20
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Cubatão - Centro (A) Cubatão - Vale Mogi (A) Cubatão - Vale Parisi (A)
Santos (A) Santos - Praia da Praia (A) Santos - Vincente de Carvalho (A)
Fonte: Cetesb, 2020
O Gráfico 2 apresenta a evolução das concentrações médias anuais de MP10 para as estações
da Baixada Santista, inclusive Cubatão - Vila Parisi e Cubatão - Vale do Mogi, para o período de
2010 a 2019, observa-se uma tendência de queda significativa das concentrações para este
poluente nas duas estações de Cubatão e também nas demais estações. Somente na estação
Cubatão – Vila Parisi, o padrão anual de 40 µg/m3 ainda é ultrapassado.
Nos últimos três anos, as concentrações médias anuais destas duas estações mantiveram-
se praticamente estáveis. A queda ocorrida nos anos anteriores, bem como a manutenção nos
últimos pode estar relacionada às condições meteorológicas mais favoráveis observadas na
região, bem como à manutenção da paralisação parcial de alguns processos industriais de
empresas locais.
Na área central de Cubatão, como apresenta o Gráfico 3, no ano de 2019, em 95,6% do ano
a qualidade do ar foi Boa para PM10. Este percentual tem se mantido nesta faixa nos últimos 5
anos.
50
Gestão da Qualidade do ar
0,3%
3,8% 2,8% 1,1%
100%
10% 4,4%
75%
25%
0%
2015 2016 2017 2018 2019
1,1%
100% 3,3% 3,5% 4,4%
12,6% 11,1%
15,6% 17,1% 16,5%
17,7%
75% 24,7%
42,5% 38,2% 39,1%
50% 41,2%
44,8%
25%
38,6% 41,2% 40%
30%
16,7%
0%
2015 2016 2017 2018 2019
51
Gestão da Qualidade do ar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARNDT, U e SCHWEIZER, B. The use of bioindicators for environmental monitoring in tropical and subtropical
countries. In: Ellenberg H, Arndt V, Bretthauer R, Ruthsatz B, Stenbing L (eds), Biological monitoring - signals from
the environment, pp.199-260. 1991.
BBC, BBC News Brasil. Mais de 3 décadas após ‘Vale da Morte’, Cubatão volta a lutar contra alta na poluição,
2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39204054.
CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade do ar – Histórico. São Paulo, SP, 2021.
Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/#:~:text=O%20monitoramento%20da%20qualidade%20do,SO2)%20
e%20fuma%C3%A7a%20preta.
INEA, Instituto Estadual do Ambiente. Plano de Ação do Banco de Projetos Ambientais. Rio de Janeiro,
RJ, 2017. Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/Projeto.INEA_.01.17-
Manuten%C3%A7%C3%A3o-da-rede-semiautom%C3%A1tica-de-monitoramento-da-qualidade-do-ar.pdf
MMA, Ministério do Meio Ambiente. Guia Técnico para o Monitoramento e Avaliação da Qualidade do Ar. Brasília,
DF, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/centrais-de-conteudo/mma-guia-tecnico-qualidade-
do-ar-pdf
ONU, Organização das Nações Unidas. Poluição do ar custa US$ 1,6 trilhão por ano aos países da Europa, 2015.
Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2015/04/1510161-poluicao-do-ar-custa-us-16-trilhao-por-ano-aos-
paises-da-europa
PROTOTTIPO. Cubatão: do vale da morte ao vale da vida, 2012. Disponível em: https://protottipo.wordpress.
com/2012/12/16/cubatao-do-vale-da-morte-ao-vale-da-vida/
SILVA, A.F. e VIEIRA, C.A. Aspectos da poluição atmosférica: Uma reflexão sobre a qualidade do ar nas cidades
brasileiras, 2017.
VORMITTAG, E. M. et al. Monitoramento da qualidade do ar no Brasil. São Paulo: Instituto Saúde e Sustentabilidade,
52
MÓDULO I - INTRODUÇÃO À QUALIDADE DO AR E LEGISLAÇÃO APLICADA
AULA 04
COMPETÊNCIAS E LEGISLAÇÃO RELACIONADAS À
QUALIDADE DO AR NO BRASIL
53
Gestão da Qualidade do ar
Órgão central, com a função de planejar, supervisionar e controlar as ações referentes à qualidade do ar em
União MMA âmbito nacional;
Consolidar as informações disponibilizadas pelos órgãos ambientais estaduais e distrital referentes ao Plano de
Controle de Emissões Atmosféricas e Relatórios de Avaliação da Qualidade do Ar;
Elaborar, em conjunto com os órgãos ambientais estaduais e distrital, guia técnico para fins de monitoramento
da qualidade do ar;
Elaborar relatório anual de acompanhamento e apresentá-lo na última reunião ordinária do Conama do ano;
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é autarquia federal,
IBAMA vinculada ao Ministério do Meio Ambiente;
Exercer o poder de polícia ambiental federal e executar ações de meio ambiente referentes às atribuições
federais de licenciamento ambiental, controle da qualidade ambiental, autorização de uso dos recursos naturais
e fiscalização, monitoramento e controle ambiental;
Entidade responsável pelo gerenciamento do Pronar e pelo apoio na formulação dos programas de controle,
avaliação e inventário que o instrumentalizam.
Promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pú-
blica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental;
Articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambien-
te;
Formular, com a colaboração dos órgãos municipais, os Planos de Controle de Emissões Atmosféricas;
Estabelecer critérios aplicáveis ao licenciamento ambiental observando, no mínimo, os padrões de qualidade do
ar nacional constantes na Resolução CONAMA nº 491/2018;
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Gestão da Qualidade do ar
Elaborar e divulgar, anualmente, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Relatório de Avalia-
ção da Qualidade do Ar;
Elaborar, com base nos níveis de atenção, de alerta e de emergência, um Plano para Episódios Críticos de Polui-
ção do Ar;
Divulgar, em sua página da internet, dados de monitoramento e informações relacionados à gestão da qualidade
do ar e o Índice de Qualidade do Ar;
Promover adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle de emissões para o estabeleci-
mento de padrões de qualidade do ar;
Garantir a uniformidade da política ambiental para todo o país, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
Legislar sobre assuntos de interesse local observando, no mínimo, os padrões nacionais aplicáveis ao gerencia-
Municípios Órgãos locais ou mento da qualidade do ar;
entidades municipais
Suplementar a legislação federal e a estadual, no que couber, quanto ao controle de emissões de poluentes;
Promover o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle de emissões para o estabele-
cimento de padrões de qualidade do ar;
Garantir a uniformidade da política ambiental para todo o país, respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
Reprodução MMA
A busca pela redução da poluição do ar em uma cidade ou região pode levar anos ou mesmo
décadas, como ocorre em Cubatão (SP). É um desafio multidisciplinar, que envolve áreas
diferentes como saúde pública, mobilidade urbana, planejamento urbano, além da comunicação,
legislação e análises de dados, entre outras.
Cada cidade ou região apresenta realidade específica sendo um grande desafio encontrar
soluções particulares para cada local. Melhorar a qualidade do ar requer uma ação integrada
entre diversos setores, como por exemplo, academia, institutos de pesquisa, setores público e
privado, além da participação da sociedade civil.
Tome nota
O acesso a dados confiáveis, atualizados e compreensíveis é um desafio
significativo, especialmente nos níveis municipal e estadual em relação à qualidade
do ar e às fontes de emissões.
A sociedade civil atua na identificação de falhas nas políticas de qualidade do ar, enquanto a
academia e institutos de pesquisa buscam conhecer e divulgar a real dimensão do problema,
além de apontar as soluções.
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Gestão da Qualidade do ar
A preocupação em proteger a saúde pública dos efeitos causados pela poluição do ar é antiga
no país. Existe desde 1941, quando a lei de Contravenções Penais – Decreto no 3.688 -, em seu
artigo 38, já considerava uma violação “provocar abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou
gás, que possa ofender ou molestar alguém”.
Legislação
Foi com publicação da Portaria nº 231, de 1976, do Ministério do Interior, que a
legislação sobre a poluição do ar começou a ser implementada no território nacional,
remetendo aos estados a responsabilidade de monitorar os poluentes para os quais
foram estabelecidos padrões: partículas totais em suspensão, dióxido de enxofre,
monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos, bem como os respectivos métodos
de referência para realizar o monitoramento.
Para alcançar seus objetivos, além de prever regras gerais sobre conservação e preservação
da biodiversidade e controle de outras formas de poluição (hídrica e do solo), a PNMA traz
as diretrizes gerais de suporte, direto ou indireto, àquelas que devem compor as principais
medidas de gestão da qualidade do ar, tais como: monitoramento, padrões de qualidade do
ar, zoneamento ambiental, recuperação de áreas degradadas, controle de fontes de emissão,
desenvolvimento tecnológico-científico e informação ambiental.
A PNMA também criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), que deu origem à
estrutura institucional sob a qual se dá o ordenamento da atuação dos órgãos ambientais da
União, dos Estados e dos Municípios, e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ao
qual foi atribuído competências consultivas e normativas.
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Gestão da Qualidade do ar
e a emissão de ruído por fontes móveis (veículos automotores), fixando prazos, limites má-
ximos de emissão e estabelecendo exigências tecnológicas para veículos automotores, na-
cionais e importados;
Os itens seguintes fornecem mais informações sobre esses marcos para o controle da poluição
do ar.
Nas grandes metrópoles a preocupação com a poluição das motocicletas é ainda maior.
Estima-se que, enquanto um carro percorre em média 30 quilômetros por dia, as motos de
entrega percorrem até 180 quilômetros, poluindo tanto quanto 120 automóveis (MMA, 2013).
Para atingir o objetivo de reduzir os níveis de emissão de poluentes pelos diferentes veículos
comercializados no mercado brasileiro foram estabelecidos padrões de emissão, basicamente
para:
Veículos leves (L), que incluíam automóveis de passageiros e veículos leves comerciais, e
Tais padrões foram se tornando mais restritivos ao longo dos anos, agrupados nas denominadas
“fases do Proconve”. As fases foram introduzidas em intervalos de tempo irregulares, tanto
aquelas que estabeleciam as emissões dos veículos leves como as dos veículos pesados.
Exemplo
Para atender os limites de emissão em consonância com a evolução das fases de
controle estabelecidas pelo Proconve, os veículos incorporaram uma série de itens
tecnológicos, como por exemplo, a substituição do uso do carburador, dispositivo
utilizado para a formação da mistura carburante (ar e combustível) nos veículos
leves equipados com motores do ciclo Otto.
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Gestão da Qualidade do ar
Tecnologia similar foi adotada nos veículos pesados somente em meados dos anos 2000
(injeção de diesel com controle eletrônico) e, em 2012, adotou-se de forma generalizada o
catalisador nessa categoria, com a utilização da tecnologia SCR (Selective Catalyst Reduction),
responsável pela redução do principal poluente dos veículos diesel, o NOx.
O Conama publicou em 2018 as Resoluções nº 490 e nº 492, que trazem as novas fases
do Proconve L7 e P8, que entrarão em vigor a partir de 2022. A nova fase L7 trará redução
significativa dos vapores de combustíveis que são emitidos para a atmosfera, enquanto a fase
P8 deve reduzir significativamente a emissão dos óxidos de nitrogênio. Essas duas ações se
complementam e devem contribuir para a redução da formação dos compostos de oxidação
na atmosfera dos grandes centros urbanos, sobretudo do ozônio.
A nova fase L8 vigorará a partir de 2025 e traz uma mudança metodológica para aprovação
nos processos de licenciamento, que deixará de ser por modelo de veículo e passará a ser
pela média corporativa, exigindo que os veículos comercializados de uma empresa apresentem
uma média de emissão que atenda limites progressivamente mais restritivos. Assim, se induz à
produção de veículos de emissão zero (como os veículos elétricos), que compensem a produção
de veículos que sejam mais emissores.¹
Saiba Mais
Nos links a seguir podem ser acessadas as Informações Técnicas que detalham o escopo
dessas resoluções, bem como as justificativas e estimativas do ganho ambiental a ser
alcançado com a sua implementação.
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Gestão da Qualidade do ar
Legislação
“Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condições de segurança, de controle
de emissão de gases poluentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será
obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN para os itens de
segurança e pelo Conama para emissão de gases poluentes e ruído”.
Em 2019, uma pesquisa foi realizada pelo MMA demonstrando que 20 das 27 unidades da
federação (74%) possuíam seus PCPV atualizados: Acre, Amazonas, Ceará, Distrito Federal,
Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo,
Sergipe e Tocantins.
A Resolução Conama nº 491/2018, que dispõe sobre padrões de qualidade do ar, revogou a
Resolução nº 03/1990. De acordo com essa resolução, o padrão de qualidade do ar é um dos
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Gestão da Qualidade do ar
Tome nota
Segundo a OMS, os padrões de qualidade do ar variam de acordo com a abordagem
adotada para balancear riscos à saúde, viabilidade técnica, considerações econômicas
e vários outros fatores políticos e sociais que, por sua vez, dependem, dentre outras
coisas, do nível de desenvolvimento e da capacidade nacional de gerenciar a
qualidade do ar (OMS, 2006).
Devido a claras evidências dos danos que a poluição do ar inflige à saúde humana, a OMS
publicou em setembro de 2021 novas Diretrizes Globais de Qualidade do Ar (AQG, na sigla em
inglês). Novos valores-guia para partículas (PM2,5 e PM10), ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido
de enxofre e monóxido de carbono recomendados foram ainda mais baixos que os anteriores.
Padrão de qualidade do ar final - PF: valores guia definidos pela OMS em 2005
A Resolução traz ainda, em seu artigo 4º, a aplicação dos padrões de qualidade do ar ora
estabelecidos:
Legislação
“Art. 4º Os Padrões de Qualidade do Ar definidos nesta Resolução serão adotados
sequencialmente, em quatro etapas.
Período de PI - 1 PI - 2 PI - 3 PF
Poluente Atmosférico
Referência µg/m³ µg/m³ µg/m³ µg/m³ Ppm
24 horas 60 50 37 25 -
Material Particulado - MP2,5
Anual1 20 17 15 10 -
24 horas 125 50 30 20 -
Dióxido de Enxofre - MP 2
Anual1 40 30 20 - -
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24 horas - - - 240 -
Partículas Totais em
Fumaça
Gestão da Qualidade do ar
Anual1 40 35 30 20 -
24 horas - - - 240 -
Partículas Totais em
Suspensão - PTS
Anual4 - - - 80 -
II - Média horária
Acrescenta-se ainda que, a cada 3 anos, os órgãos ambientais estaduais e distrital devem
elaborar relatório de acompanhamento do plano, indicando eventuais necessidades de
reavaliação e garantindo a sua publicidade.
A Resolução Conama nº 491/2018 fixa também os critérios para episódios agudos de poluição
do ar, como apresenta o quadro 6. Ressalte-se que a declaração dos estados de “Atenção”,
“Alerta” e “Emergência” requer, além dos níveis de concentração atingidos, a previsão de
condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.
Poluentes e concentrações
Meterial Particulado
SO CO O NO
µg/m³ MP10 MP2,5 PPM PPM PPM
Nivel (média de 24h) µg/m³ µg/m³ µg/m³
µg/m³ µg/m³ (média móvel de 8h) (média móvel de 8h) (média móvel de 8h)
(média de 24h) (média de 24h)
SO₂ = dióxido de enxofre; MP10 = material particulado com diâmetro aerodinâmico equiva-
lente de corte 10μm;
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Gestão da Qualidade do ar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
CETESB (São Paulo). PCPV: Plano de Controle de Poluição Veicular 2017- 2019; Elaboração Antônio de Castro
Bruni [et al.]. - - São Paulo: CETESB, 2017. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/veicular/wp-content/uploads/
sites/6/2018/01/PCPV-2017-2019.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
CONAMA. Resolução nº 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar. Brasília, DF,
2018.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Programa de Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores. Distrito Federal, 2017. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/
emissoes/veiculos-automotores/programa-de-controle-de-emissoes-veiculares-proconve>. Acesso em: 20 set.
2019.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Promot: Programa de controle da poluição do ar por motociclos e veículos
similares, 2013. Disponível em: < https://antigo.mma.gov.br/estruturas/163/_arquivos/promot_163.pdf >. Acesso
em 20 set. 2019.
OMS. Organização Mundial da Saúde (WHO). ONU. Air Quality Guidelines Global Update 2005. 2006. Disponível em:
<http://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0005/78638/E90038.pdf?ua=1>. Acesso em 17 de setembro
de 2019.
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