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EDIÇÃO Nº 1 – 2017
1
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
2
SUMÁRIO
UNIDADE 01................................................................................................................... 4
ABASTECIMENTO DE ÁGUA ..............................................................................................4
INTRODUÇÃO ÀS ÁGUAS DE ABASTECIMENTO..................................................................5
INTRODUÇÃO...................................................................................................................5
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – ASPECTOS GERAIS ............................................9
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ......................................................................... 13
CONCEITOS E FUNCIONAMENTO .................................................................................... 13
QUESTÕES ..................................................................................................................... 29
UNIDADE 02................................................................................................................. 32
ASPECTOS FÍSICO, QUÍMICOS E FÍSICO-QUÍMICOS – PARTE 1 (COAGULAÇÃO E
FLOCULAÇÃO) ................................................................................................................ 32
COAGULAÇÃO................................................................................................................ 33
INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE TRATAMENTO .............................................................. 33
COAGULAÇÃO................................................................................................................ 33
FLOCULAÇÃO ................................................................................................................. 45
QUESTÕES ..................................................................................................................... 53
UNIDADE 03................................................................................................................. 56
ASPECTOS FÍSICO, QUÍMICOS E FÍSICO-QUÍMICOS – PARTE 2 (DECANTAÇÃO E FILTRAÇÃO)
...................................................................................................................................... 56
DECANTAÇÃO ................................................................................................................ 57
TIPOS DE DECANTADORES .............................................................................................. 59
EFICIÊNCIA DOS DECANTADORES.................................................................................... 62
FILTRAÇÃO..................................................................................................................... 65
INOVAÇÃO EM SISTEMAS DE FILTRAÇÃO ........................................................................ 70
QUESTÕES ..................................................................................................................... 77
UNIDADE 04................................................................................................................. 81
ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS ÁGUAS DE ABASTECIMENTO (DESINFECÇÃO) E CONTROLE DE
QUALIDADE ................................................................................................................... 81
DESINFECÇÃO DA ÁGUA................................................................................................. 82
TIPOS DE DESINFETANTES .............................................................................................. 86
FLUORETAÇÃO ............................................................................................................... 92
CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA.............................................................................. 97
QUESTÕES ................................................................................................................... 100
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UNIDADE 01
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Conteúdos da Unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 01 e 02). No capítulo
01 verificaremos os principais aspectos históricos para a formação da rede de
abastecimento atual, o estado da arte envolvendo o abastecimento público e os
principais aspectos envolvendo o abastecimento público. No capítulo 02
verificaremos os principais conceitos e sistema de funcionamento na rede de
abastecimento público, considerando-se seus aspectos desde sua captação no
manancial até a sua distribuição à comunidade.
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1. CAPÍTULO 01
INTRODUÇÃO
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mantém e usam os antigos aquedutos para o suprimento de água ainda hoje. A
cidade de Roma, sendo a maior cidade do mundo na época, tinha a maior
concentração de aquedutos, num sistema de 11 aquedutos construídos num
período de 500 anos. A soma das extensões dos mesmos, em Roma, era de
aproximadamente 416 km. Destes, somente 47 km eram elevados. A maioria
dos aquedutos romanos eram subterrâneos, o que mantinha a água livre de
doenças (como as contidas em carcaças de animais) e ajudava a mantê-los
seguros de ataques inimigos. A Figura 1 apresenta a imagem de um aqueduto
romano.
1
é um movimento médico que se baseia na aplicação do método científico a toda a prática médica,
especialmente àquelas tradicionalmente estabelecidas que ainda não foram submetidas ao escrutínio
sistemático científico. Também conhecida como Medicina Baseada em Evidências ela adota técnicas
oriundas da ciência, engenharia e estatística tais como: meta -revisões da literatura existente (também
conhecidas como meta-análises), Análise de risco-benefício, Experimentos clínicos aleatorizados e
controlados, Estudos naturalísticos populacionais, dentre outras.
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O abastecimento de água potável e saneamento básico constituem os
objetivos prioritários das Políticas Hídricas. Estima-se que 80% de todas as
moléstias e mais de 1/3 dos óbitos nos países em desenvolvimento sejam
causados pelo consumo de água contaminada. São jogados 2 milhões de
toneladas de lixo por ano nas águas do planeta.
O abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada
pessoa devem ser contínuos e suficientes para usos pessoais e domésticos.
Estes usos incluem, habitualmente, beber, saneamento pessoal, lavagem de
roupa, preparação de refeições e higiene pessoal e do lar. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), são necessários entre 50 a 100 litros
de água por pessoa, por dia, para assegurar a satisfação das necessidades
mais básicas e a minimização dos problemas de saúde.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da
Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que quase metade da
população mundial (2,6 bilhões de pessoas) não conta com serviço de
saneamento básico e que uma em cada seis pessoas (cerca de 1,1 bilhão de
pessoas) ainda não possui sistema de abastecimento de água adequado. As
projeções da Organização das Nações Unidas indicam que, se a tendência
continuar, em 2050 mais de 45% da população mundial estará vivendo em
países que não poderão garantir a cota diária mínima de 50 litros de água por
pessoa. Com base nestes dados, em 2000, os 189 países membros da ONU
assumiram como uma das metas de desenvolvimento do milênio reduzir à
metade a quantidade de pessoas que não têm acesso à água potável e
saneamento básico até 2015. A meta para a redução de pessoas que não têm
acesso à água tratada foi atingida em 2010, cinco anos antes do previsto pela
ONU. Desta forma, mais de 2,6 bilhões de pessoas passaram a ter acesso à
água tratada desde 1990, o que representa uma redução de mais da metade
deste total. Desde 1990, o número de países com cobertura de menos de 50%
de acesso à água potável diminuiu 23 para 3.
Entretanto, em estudos realizados pela UNICEF (2014) constatou-se que
existem 750 milhões de pessoas no mundo sem acesso a fontes de água
melhoradas, principalmente nos países em desenvolvimento. Existe a real
necessidade de se combater a exclusão sanitária de grupos minoritários,
representados pelos habitantes rurais e pela população pobre, em geral. A
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situação de desigualdade que se expressa de maneira profunda nos países da
África Subsaariana é emblemática neste sentido, haja vista que duas em cada
cinco pessoas sem acesso à água ali vivem.
Em âmbito nacional, a falta de acesso ou o acesso precário à água é
uma situação ainda bastante presente na realidade brasileira, e particularmente
crítica para a população localizada na zona rural, em especial para aquela em
situação de vulnerabilidade social. Variações climáticas que afetam a
disponibilidade de água, a poluição de fontes hídricas disponíveis, conjugadas
com uma reduzida oferta da rede pública de abastecimento de água, afetam
severamente as condições de sobrevivência dessa população, que muitas
vezes não dispõe de meios suficientes para suprir demandas mínimas de água.
No semiárido, a falta de acesso à água produz efeitos ainda mais graves, uma
vez que associa a mais elevada proporção da população localizada na zona
rural (quase 40% da população) com os mais baixos índices de
desenvolvimento humano local. De acordo com dados do Censo Demográfico
de 2010 (IBGE), dos cerca de 16 milhões de extremamente pobres no Brasil,
considerados como aqueles com renda até R$ 70,00, quase 20% reside na
zona rural do semiárido brasileiro, representando mais de 3 milhões de
pessoas.
Nas regiões Sul e Sudeste, o impacto maior sobre as obras hidráulicas
tem origem nas cargas difusas agrícolas e pontuais de despejos de esgotos
domésticos, industriais e pluviais. Na bacia do rio Paraná, concentra-se o maior
número de aproveitamentos dos recursos hídricos, principalmente hidrelétricos.
Essa é uma bacia que tenderá a apresentar conflitos dos usos dos recursos
hídricos, além de demandar um urgente programa de conservação ambiental.
A bacia tem uma sucessão de reservatórios em cascata e em paralelo para
aproveitamento energético, sendo que, praticamente, esgotou o seu potencial
hidrelétrico em nível de grandes bacias. Como as principais metrópoles
encontram-se na cabeceira de rios dessa bacia, como São Paulo, no Tietê, e
Curitiba, no Iguaçu, a diminuição da disponibilidade hídrica para abastecimento
e a deterioração da qualidade da água dos rios compõem um quadro que
consumirá, cada vez mais, uma parcela significativa dos orçamentos estaduais
e mesmo federal.
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SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – ASPECTOS GERAIS
9
Figura 02 – Representação esquemática de um aquífero.
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impermeáveis de crosta terrestre e submetido à uma pressão superior a
pressão atmosférica local.
Para o gerenciamento da pressão em sistemas de distribuição de água,
é necessário que a rede esteja dividida em setores, com o devido controle de
pressão, parte do zoneamento piezométrico onde se controlam todas as
entradas de alimentação, que são chamados de Zonas de Medição e Controle
(ZMC). A setorização é proveniente da escola de engenharia anglo-saxônica e
vem sendo progressivamente preconizada internacionalmente. As ZMC podem
ter dimensões muito variadas dependendo da topologia da rede, densidade
populacional e densidade de ramais, podendo conter entre 500 a 5000
ligações. Estes fatores também influenciam no número de pontos de entrada
de alimentação, que por razões de economia e simplicidade de operação se
procura uma configuração com um menor número possível. No Brasil é
incomum a adoção de setores com mais de uma entrada de alimentação. A
setorização possibilita a administração da pressão em cada distrito ou grupo de
distritos de forma que a rede é operada no nível ótimo de pressão, além de
facilitar o monitoramento das perdas de água.
A Figura 04 apresenta um desenho esquemático mostrando a
setorização, com a utilização de reservatórios, booster e válvulas.
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É considerado um sistema em "alta" se é constituído por um conjunto de
componentes a montante da rede de distribuição de água, fazendo a ligação do
meio hídrico ao sistema em "baixa". O sistema de abastecimento de água é
um sistema em "baixa" se é constituído por um conjunto de componentes que
ligam o sistema em "alta" ao usuário final. O sistema de abastecimento de água
presta um serviço em "alta" e em "baixa" sempre que vincula o meio hídrico ao
usuário final.
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2. CAPÍTULO 02
CONCEITOS E FUNCIONAMENTO
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Rede de distribuição: adutoras, tubulações e encanamentos por
onde se distribui a água tratada para a população.
2.1.1. Manancial
Manancial de abastecimento é qualquer corpo d’água superficial ou
subterrâneo utilizado para fins humanos, industriais, animais ou de irrigação,
sendo também uma conceituação de fonte de abastecimento de água que pode
ser, por exemplo, um rio um lago, uma nascente ou poço, proveniente do lençol
freático ou do lençol profundo. O Brasil está incluído entre os países de maior
reserva de água doce, ou seja, 13,8% do deflúvio médio mundial, com uma
disponibilidade hídrica per capita variando de 1.835 m³/hab./ano, na bacia
hidrográfica do Atlântico Leste, a 628.938 m³/hab./ano, na bacia Amazônica.
Porém, devido às suas dimensões geográficas e diversidade climática,
algumas regiões sofrem graves problemas de escassez de água, como o
Semiárido nordestino.
A boa qualidade das águas do manancial de abastecimento é
fundamental para a efetividade do tratamento convencional quanto à sua
capacidade de tornar a água bruta em potável. Segundo a Resolução
CONAMA 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências, as
águas de Classe 2 (os padrões de qualidade desta classe são definidos no art.
15 da mesma resolução), dentre os demais usos a que se destinam, podem
destinar-se ao abastecimento doméstico após tratamento convencional. À
medida que a qualidade das águas do manancial tende a se deteriorar, novas
etapas devem ser implementadas ao processo de tratamento para alcançar os
padrões de potabilidade determinados pela portaria do Ministério da Saúde.
Portanto, é fundamental proteger o manancial de abastecimento para garantir a
manutenção da qualidade das águas superficiais e evitar o acréscimo nos
custos de tratamento.
A revitalização de rios, lagos e represas em muitas regiões do Brasil,
especialmente no Sudeste, pode também promover estímulos econômicos e
recuperar o ciclo hidrossocial. Nessas regiões impactadas do Sudeste, com um
passivo ambiental muito alto, a revitalização pode promover geração de
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emprego e renda, novas oportunidades de usos múltiplos e gerar uma indústria
de novas e promissoras tecnologias para gestão (monitoramento avançado,
consultorias, formação de recursos humanos). É fundamental, entretanto,
promover, em âmbito nacional no Brasil, um conjunto de estudos estratégicos
sobre recursos hídricos e energia, recursos hídricos e economia, água e saúde
humana, água e mudanças globais, com a finalidade de promover visões e
cenários de longo prazo que estimulem políticas públicas consolidadas.
A importância da preservação do manancial de captação é lembrada na
Declaração Universal dos Direitos da Água, promulgada pela ONU em 1992,
em seu artigo 3º. Ela lembra que: “Os mecanismos naturais de transformação
da água bruta em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim
sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e
parcimônia.” Deve-se usar as ferramentas da legislação ambiental para garantir
a proteção dos mananciais.
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contínuos, inclusive em épocas de estiagem; Localizar-se em ponto de maior
proteção sanitária contra eventual poluição e acidente com produtos químicos,
a fim de garantir a melhor qualidade da água bruta.
Na captação de águas subterrâneas 2 (lençol freático e lençol
confinado) – como via preventiva em águas presentes em áreas urbanas,
sugere-se a implantação de redes de coleta de esgotos e de lixo urbano para
que não comprometa a qualidade de tais águas.
As captações de água de superfície destinada ao abastecimento
humano, mesmo que cercadas de cuidados com a qualidade do manancial,
estão sujeitas a fatores que comprometem a qualidade das águas captadas,
tais como: lançamento de esgoto sanitário, despejos de resíduos industriais,
destinação inadequada de lixo, atividade mineradora e presença de resíduos
de agrotóxicos. Num processo de captação de água, algumas condições
devem ser analisadas, tais como:
Quantidade de água – suficiência da vazão em processos de
(não) estiagem, quantidade suficiente para o consumo previsto;
Qualidade da água – livre de poluentes ou contaminantes
atendendo as proteções sanitárias adequadas;
Garantia de funcionamento – evitando-se interrupções imprevistas
no sistema e garantia do nível mínimo e máximo, evitando-se
escassez e inundações.
Economia das instalações – menor curso e maior funcionalidade
possível.
Localização – aquela que possibilite o menor percurso possível de
adução e menores alturas de transposição para caminhamento.
2.1.3. Adutoras
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Como regra geral, a água subterrânea não necessita ser tratada para ser consumida, como acontece com
as águas dos rios, tendo em vista ser naturalmente filtrada e purificada, muito além do qu e se poderia
obter por meio do processo usual de tratamento. Como resultado, a utilização do manancial subterrâneo é
relativamente muito mais barata, sobretudo quando 90% dos esgotos e 70% dos efluentes industriais são
lançados sem tratamento nos rios. Portanto, as exigências de qualidade das empresas, que estão sendo
feitas pelo "Mercado Global" (ISO 9000, ISO 14000), inclusive das empresas de saneamento, e a Lei
Federal N o. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, representam boas perspectivas de incremento no uso do
manancial subterrâneo para abastecimento urbano no Brasil.
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Adução é a etapa onde a água é transportada de uma unidade do
sistema à outra. Esse transporte é feito nas adutoras. O transporte da água
pode dar-se de duas formas: utilizando energia elétrica ou energia potencial
(gravidade). A utilização de uma ou de outra forma está intrinsecamente ligada
ao relevo da região onde se encontra a captação, a ETA e os reservatórios.
Sempre que possível irá se optar pelo transporte pela gravidade. Assim, caso a
captação ou a ETA estejam em uma cota superior aos reservatórios, far-se-á
uso da gravidade para o transporte. Já, nos casos em que a ETA ou os
reservatórios encontrem-se em uma cota acima da captação ou da ETA, é
necessário o emprego de equipamento de recalque (conjunto motor-bomba e
acessórios). Ainda existe a possibilidade, devido ao relevo, da necessidade de
utilização de adutoras mistas, ou seja, até determinado ponto se utiliza a força
da gravidade e, daí em diante, emprega-se equipamentos de recalque.
As adutoras podem ainda ser classificadas como:
Adutora por gravidade em conduto livre: nesse tipo de adutora, a
água escoa sempre em declive, mantendo uma superfície livre
sob o efeito da pressão atmosférica. Os condutos não funcionam
com seção plena (totalmente cheios).
Adutora por gravidade em conduto forçado: nesse tipo de adutora,
a pressão interna permanentemente superior à pressão
atmosférica permite à água mover-se, quer em sentido
descendente, quer em sentido ascendente.
Adutora de recalque: quando, por exemplo, o local da captação
estiver em um nível inferior, que não possibilite a adução por
gravidade, é necessário o emprego de equipamento de recalque
(conjunto moto-bomba e acessórios). Nesse caso, diz-se que a
adução é feita em condutos forçados por recalque.
17
a
c
Figura 05 – Sistemas de adução por: (a) gravidade por conduto livre, (b)
gravidade por conduto forçado e (c) por recalque. (FONTE: VERAS, 2017)
18
Facilidades de acesso
Menor desnível geométrico
Trajeto mais curto da tubulação de recalque
Influências nas condições ambientais
Harmonização da obra com o ambiente circunvizinho
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parâmetros e de dimensões que devem ser respeitados, como forma de
otimizar a operação da ETA. Porém, caso sejam realizados testes em
laboratórios que comprovem que os resultados encontrados experimentalmente
são mais eficientes, é possível a não utilização dos parâmetros definidos na
norma. Além disso, a mesma NBR define e fornece diretrizes de outros
processos do tratamento convencional, como a desinfecção, coagulação e
correção de pH.
Para realizar o tratamento completo da água, a mesma deve passar por
diversos procedimentos nos quais eventuais falhas podem ocorrer, resultando
em custos operacionais. Assim, o tratamento de água é dividido nas seguintes
etapas: Antes do tratamento: comprometimento dos mananciais, necessidade
de busca de mananciais mais distantes exigindo maior consumo de energia,
infraestrutura para adução, bombeamento, entre outros. Durante o tratamento:
consumo de produtos químicos, controle operacional, perda de água, consumo
de energia elétrica e geração de resíduos. Após o tratamento: qualidade da
água tratada, análise de resíduos gerados e seu destino final. O controle de
qualidade em cada etapa possibilita à estação de tratamento de água (ETA)
atender a critérios de qualidade e legislações pertinentes.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo –
SABESP (Figura 06) é uma sociedade anônima de economia mista fundada em
1973 e atualmente é responsável pelo fornecimento de água, coleta e
tratamento de esgotos de 367 municípios do Estado de São Paulo. Ela é
considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em
população atendida. São 27,7 milhões de pessoas abastecidas com água e
21,4 milhões de pessoas com coleta de esgotos.
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Figura 06 – Foto da Sabesp (Fonte: www.sabesp.com.br)
2.1.6. Reservatórios
São unidades destinadas a compensar as variações horárias de vazão.
Os reservatórios de distribuição nas redes de água potável (Figura 07)
destinam-se a garantir a quantidade de água necessária para atender as
variações de consumo. Eles evitam interrupções do fornecimento de água, no
caso de acidentes no sistema da adução, na estação de tratamento e em
certos trechos do sistema de distribuição, além de oferecerem maior segurança
ao abastecimento, quando a demanda de emergência se destina a combate de
incêndio.
(COLOCAR UMA FOTO OU IMAGEM DE UM RESERVATÓRIO DE
DISTRIBUIÇÃO NAS REDES DE ÁGUA POTÁVEL)
21
contaminação, é necessário que sejam protegidos com estrutura adequada,
tubo de ventilação, impermeabilização, cobertura, sistema de drenagem,
abertura para limpeza, registro de descarga, ladrão e indicador de nível.
Reservatórios não produzem água, portanto é importante entender o
momento de sua construção para não gerar falsas expectativas e desperdício
de recursos erroneamente. Dependendo da sua configuração em relação à
rede de distribuição, podem ser classificados como enterrados,
semienterrados, apoiados, elevados, de montante e/ou de jusante. Em relação
ao seu dimensionamento, devem respeitar as seguintes condições:
Funcionar como volantes de distribuição, atendendo à variação
horária do consumo;
Assegurar uma reserva de água para combate a incêndios;
Manter uma reserva para atender a condições de emergência
(acidentes, reparo nas instalações, interrupções da adução e
outras);
Manutenção de pressão na rede de distribuição.
22
Quadro 01 - Especificações mais importantes de um reservatório em relação às suas cotas de níveis característicos
Tipo de Nível Características
Nível d’água mínimo operacional É o nível mínimo necessário para a operação adequada do reservatório.
Normalmente este nível é definido acima do limite superior da estrutura de tomada
d’água (tomada d’água para casa de força, por exemplo) de modo a evitar a
formação de vórtices nesta entrada e evitar o ingresso de ar no conduto forçado
Volume morto Corresponde à parcela do volume total do reservatório inativa ou indisponível para
fins de captação de água. Corresponde ao volume do reservatório compreendido
abaixo nível mínimo operacional.
Nível d’água máximo operacional Corresponde ao nível máximo permitido para operação normal do reservatório (sem
vertimento). Este nível normalmente corresponde à cota da crista do vertedor ou à
borda superior das comportas vertedor. Este nível define o limite máximo do volume
útil do reservatório.
Volume útil É o volume disponível para operação do reservatório, ou seja, ao atendimento das
diversas demandas de água, sendo este volume compreendido entre os níveis
máximo e mínimo de operação do reservatório.
Volume de espera É o volume para controle de cheias. Corresponde à parcela do volume útil do
reservatório destinada ao amortecimento de ondas de cheia, visando ao atendimento
das restrições de vazão à jusante do barramento. Estas restrições são, em geral,
adotadas em função da capacidade de escoamento do canal à jusante e pelo não
23
comprometimento de infraestruturas existentes, como pontes, rodovias ou áreas
urbanas em zonas de inundação. O volume de espera pode ser variável de acordo
com a época do ano, uma vez que a probabilidade de ocorrência de vazões intensas
varia ao longo do ano.
Nível d’água máximo maximorum Corresponde à sobrelevação máxima do nível d’água, medida a partir do máximo
operacional, disponível para a passagem de cheias. Esta sobrelevação consiste em
um free-board definido entre o nível da crista do vertedor e da crista do barramento
que garante que as ondas formadas pela ação dos ventos não passem por sobre o
barramento, fato este que poderia ser danoso à estrutura.
24
2.1.7. Redes de Distribuição
Diferente das unidades localizadas, as redes de distribuição de água são
compostas por tubulações, conexões, válvulas e hidrantes, que abrangem toda
a área do sistema de abastecimento e funcionam como elemento logístico do
sistema encarregado da distribuição em escala ininterrupta. Sua função é a
distribuição de água potável para cada usuário do sistema, geralmente por
conduto forçado. Ou seja, onde a água é conduzida à seção plena e sob
pressão maior que a atmosfera e considerando-se que todos os seus
componentes devem ter resistência suficiente para suportar as pressões
internas estáticas, dinâmicas e ocasionadas por transitórios hidráulicos
operacionais, além dos esforços externos devido ao peso do solo sobre a
tubulação e carga de veículos na superfície.
A partir desta rede geral, são alimentados, por meio de ramais de
ligação (define-se ramal de ligação como a tubulação que assegura o
abastecimento predial de água, desde a rede pública até ao limite da
propriedade a servir), os diversos edifícios ou instalações.
Em relação à rede de distribuição, distinguem-se dois tipos de condutos:
Os condutos principais, também chamados troncos ou mestres,
são as canalizações de maior diâmetro responsáveis pela
alimentação dos condutos secundários. A eles interessa, portanto,
o abastecimento de extensas áreas.
Os condutos secundários, de menor diâmetro, são os que estão
imediatamente em contato com os prédios a abastecer e cuja
alimentação depende diretamente deles.
A área servida por um conduto deste tipo é restrito e está nas suas
vizinhanças. O traçado dos condutos principais deve tomar em consideração,
de preferência:
Ruas sem pavimentação;
Ruas com pavimentação menos onerosa;
Ruas de menor intensidade de trânsito;
Proximidade de grandes consumidores;
25
Proximidade das áreas e de edifícios que devem ser protegidos
contra incêndio.
26
Figura 08 – Tipos de traçados aplicados às redes de distribuição. (Fonte:
http://slideplayer.com.br/slide/1317351/, 2007)
(ESSA FIGURA DE CIMA SÓ CONSEGUI DESTE SITE, SE PUDEREM
FAZER UMA EM FORMATO LINEAR, SERÁ MELHOR. ASSIM MUDAMOS
ESSA FONTE UTILIZADA )
27
tubulações rígidas. No caso de tubulações plásticas, a função é praticamente
linear.
As perdas de água se configuram também como um grave problema
ambiental, onde medidas urgentes devem ser tomadas no sentido de minimizar
tais perdas, na tentativa de evitar problemas futuros de disponibilidade hídrica.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS
(2015), atualmente, o Brasil tem, em média, perda de 37% a 42% de água
tratada em seus sistemas de abastecimento, um índice consideravelmente
acima do adequado. Ciente disso, o Plano Nacional de Saneamento, em junho
de 2013, definiu que o país diminua esse índice de perdas na distribuição de
água para 31% até 2033.
Se forem comparados a outros países, como a Alemanha e o Japão, que
tem este índice de apenas 11%, ou a Austrália, que passou por um período
histórico de secas e atualmente apresenta 16% de perda, o objetivo do Brasil é
muito modesto. A manutenção correta do sistema de distribuição de água é um
investimento alto e de longo prazo que interfere de forma direta em uma conta
de água menos custosa para o consumidor e benefícios futuros imensos.
28
QUESTÕES
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3. (ENEM-2009) Técnicos concluem mapeamento do aquífero Guarani:
O aquífero Guarani localiza-se no subterrâneo dos territórios da Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai, com extensão total de 1.200.000 quilômetros
quadrados, dos quais 840.000 quilômetros quadrados estão no Brasil. O
aquífero armazena cerca de 30 mil quilômetros cúbicos de água e é
considerado um dos maiores do mundo. Na maioria das vezes em que são
feitas referências à água, são usadas as unidades metro cúbico e litro, e não as
unidades já descritas. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (SABESP) divulgou, por exemplo, um novo reservatório cuja capacidade
de armazenagem é de 20 milhões de litros. (Disponível em:
http://noticias.terra.com.br. Acesso em: 10 jul. 2009 (adaptado)).
30
GABARITO
1. E
2. As adutoras podem ainda ser classificadas como:
Adutora por gravidade em conduto livre: nesse tipo de adutora, a água escoa
sempre em declive, mantendo uma superfície livre sob o efeito da pressão
atmosférica. Os condutos não funcionam com seção plena (totalmente cheios).
Adutora por gravidade em conduto forçado: nesse tipo de adutora, a pressão
interna permanentemente superior à pressão atmosférica permite à água
mover-se, quer em sentido descendente, quer em sentido ascendente.
Adutora de recalque: quando, por exemplo, o local da captação estiver em um
nível inferior, que não possibilite a adução por gravidade, é necessário o
emprego de equipamento de recalque (conjunto moto-bomba e acessórios).
Nesse caso, diz-se que a adução é feita em condutos forçados por recalque.
3. E
31
UNIDADE 02
Conteúdos da Unidade
A unidade 02 contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 03 e 04). No
capítulo 03 verificaremos os principais pontos, conceitos e mecanismos
envolvidos na coagulação química nas águas de abastecimento, tipos de
coagulantes e equipamentos envolvidos no processo de tratamento. O capítulo
04 abordará os principais aspectos envolvidos na floculação, os processos de
sedimentação/flotação e os auxiliares de floculação.
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3. CAPÍTULO 03
COAGULAÇÃO
COAGULAÇÃO
O conceito de coagulação surgiu em 1844, com a finalidade de melhorar
o aspecto visual da água para o consumo humano. Em meados do século XIX,
foi dado uma maior importância a esse processo, pois descobriu-se que a
33
relação entre a concentração de partículas e a presença de patógenos era
diretamente proporcional, o que acarretou na diminuição da transmissão de
doenças causadas pelo contato com a água contaminada.
A coagulação é empregada para a remoção de material em suspensão
ou coloidal. Os colóides são misturas heterogêneas de pelo menos duas fases
diferentes, com a matéria de uma das fases na forma finamente dividida
(sólido, líquido ou gás), denominada fase dispersa, misturada com a fase
contínua (sólido, líquido ou gás), denominada meio de dispersão. A ciência dos
colóides está relacionada com o estudo dos sistemas nos quais pelo menos um
dos componentes da mistura apresenta uma dimensão no intervalo de 1 a 1000
nanômetros (1 nm = 10-9 m) e sua presença pode ocasionar alterações na cor e
turbidez da água. As partículas coloidais não sedimentam e não podem ser
removidas por processos de tratamento físicos convencionais.
36
utilizados em uma ampla faixa de valores de pHs e temperaturas ao contrário
dos coagulantes que apresentam faixas ideais de aplicação, geralmente
restritas.
São exemplos de coagulantes químicos a base de polímeros sintéticos:
aminometil policrilamida, polialquileno, poliamina, polietilenimina e cloreto de
polidialildimetil amônio (poli-DADMAC).
Há também polieletrólitos naturais que foram utilizados desde 2000 a.C.,
onde Strychno potatorium Linn extraído de sementes era usado como
clarificador de água. Após a crise do petróleo em 1970-1980, a substituição dos
polieletrólitos sintéticos pelos produtos naturais tem recebido considerável
atenção. Várias fontes de polieletrólitos naturais foram pesquisadas tais como o
Floccotan, extraído do quebracho Schinopsis lorentziu e quimicamente
modificado, sendo bastante utilizado como clarificador de águas na América do
Sul. O cactus Cereus peruvianus natural da Argentina e Brasil fornece um
polieletrólito bastante viscoso que é utilizado em tratamento de águas como
auxiliares de floculação e coagulação.
38
concentrações mais altas de sódio e zinco, o qual o lodo gerado será
direcionado para as Estações de Tratamento.
A carga de alumínio contida nestes lodos, acumulados nos
decantadores, pelo uso do sulfato de alumínio como coagulante retorna ao
curso d'água utilizado na captação da água bruta. São necessários estudos
aprofundados do lodo das Estações de Tratamento de água, o que possibilitará
a escolha da melhor técnica para a sua disposição final, com a segurança de
que os padrões de missão estabelecidos pela legislação sejam atingidos
minimizando os efeitos provocados pelo seu descarte in natura.
Um dos fatores mais relevantes o qual influencia o mecanismo de
coagulação que predomina no sistema é a dosagem de coagulante aplicada no
tratamento da água, e, uma ferramenta criada para auxiliar e facilitar o
entendimento de como o coagulante atua na remoção das partículas é o
diagrama de coagulação. O diagrama de coagulação é criado a partir de
ensaios de bancada, geralmente testes de jarros (Jar test). Busca-se variar o
pH e a dosagem de coagulante, seguido de sucessivas análises de turbidez
remanescente para analisar a remoção e atingir condições ótimas de
coagulação da água de cada manancial a ser tratado.
Em 1982 os pesquisadores Amirtharajh e Mills (1982) desenvolveram o
diagrama de coagulação para o sulfato de alumínio, Figura 10, considerando
dosagens de Al2(SO4)3.14,3 H2O versus pH da mistura. Pode-se notar regiões
distintas para diferentes mecanismos de coagulação, seja na adsorção e
neutralização de cargas, na varredura, ou na combinação de ambas. Na região
de coagulação por varredura ocorre excessiva formação de precipitados de
hidróxido de alumínio, cujas partículas coloidais estão aprisionadas. Esta
região é recomendada para ETA com tratamento completo, pois os flocos são
densos e ficam retidos no decantador.
(COLOCAR A FIGURA 10 AQUI)
39
Figura 10 – Diagrama de coagulação (típico) com o sulfato de alumínio
para remoção da turbidez. (Fonte: PAVANELLI, 2001)
3.1.3. Misturadores
Segundo a NBR 12216, mistura rápida é a operação destinada a
dispersar produtos químicos na água a ser tratada, em particular no processo
40
de coagulação, no qual as condições ideais em termos de gradiente de
velocidade, tempo de mistura e concentração da solução de coagulante devem
ser determinadas preferencialmente através de ensaios de laboratório. Quando
estes ensaios não podem ser realizados, a dispersão de coagulantes metálicos
hidrolisáveis deve ser feita a gradientes de velocidade compreendidos entre
700 s-1 e 1100 s-1, em tempo de mistura não superior a 5s.
A aplicação da solução de coagulante deve ser sempre feita
imediatamente antes do ponto de maior dissipação de energia e através de
jatos separados de no máximo 10 cm.
Para misturar o coagulante com a água a ser tratada, podem-se utilizar
misturadores hidráulicos ou mecanizados.
41
Figura 11 – Esquema de uma calha Parshall convencional (Fonte:
www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/PARSHALL.html, 2017)
42
Figura 12 – Esquema de uma queda d'água de vertedouros
convencional com malha difusora. (Fonte: TRATAMENTO DE ÁGUA DE
ABASTECIMENTO, 2017)
43
Os misturadores mecanizados do tipo hélice e turbina são apresentados
na Figura 14.
44
4. CAPÍTULO 04
FLOCULAÇÃO
INTRODUÇÃO
45
existentes em suspensão e no estado coloidal da água. Estes gradientes são
limitados para que não ultrapassem a capacidade de resistência do
cisalhamento destas partículas. Dependendo do tamanho da partícula
envolvida o processo de floculação ,pode ser classificado em microfloculação
(ou floculação pericinética) e macrofloculação (ou floculação ortocinética).
Na floculação pericinética o processo se desenvolve para
partículas pequenas (<1 µm), predominando o movimento
browniano3, pois as moléculas de água envolvidas no processo
proporcionam movimentos erráticos das partículas favorecendo a
colisão entre as mesmas.
A floculação ortocinética é aplicada às moléculas com tamanhos
superiores a 1 µm. O processo se desenvolve pelas diferenças de
velocidades dentro do líquido, tanto em regime laminar como em
regime turbulento, ressaltando-se pela distribuição do tamanho
das partículas primárias na otimização do floco.
Em geral, todas as partículas estão submetidas a esses dois tipos de
floculação. A relação do tamanho e densidade do floco em função do gradiente
de velocidade de floculação mais alta acarretaria flocos mais densos e de
melhores dimensões e vice-versa.
A introdução de ácidos fracos e sais hidrolisados, como o sulfato de
alumínio e cloreto férrico, influenciam diretamente nos índices de acidez e
alcalinidade, de forma que a aplicação de alcalinizantes se faz necessária, a
fim de restaurar o equilíbrio dos parâmetros fora dos padrões.
Para que a floculação tenha um bom desempenho, é primordial que a
água em questão não apresente valores extremos de alcalinidade. Uma vez
detectados valores excessivamente altos ou baixos, deve-se aplicar produtos
que corrijam artificialmente a alcalinidade. Cal hidratada (Ca(OH) 2) e carbonato
de sódio (Na2CO3) são aplicados em situações de baixa alcalinidade. Para
alcalinidades elevadas, a acidificação é o procedimento padrão. Somente
assim os mecanismos de coagulação poderão ser ativados, possibilitando a
efetivação da floculação.
3
O movimento browniano pode ser defi nido como movimento aleatório de partículas microscópicas
imersas em fluido. Este movimento provém dos choques das moléculas do fluido nessas partículas
microscópicas e é muito importante pois comprova a teoria corpuscular da matéria.
46
Não existe uma regra geral para a escolha do auxiliar de floculação. O
auxiliar de floculação mais eficaz, a faixa de pH, o tipo de polímero (catiônico,
aniônico e não-iônico) e a dosagem ideal do polieletrólito só podem ser
efetuadas por meio do teste de jarros. A Figura 16 apresenta um modelo
esquemático dos processos.
47
Estudos demonstram que a coagulação e a floculação são as etapas
mais delicadas do tratamento de água para abastecimento, sendo que a
correta operação influi de modo decisivo na preparação da decantação e
indiretamente para que se processe uma boa filtração.
48
utilizado para águas de abastecimento, porém existem diversos processos. O
Quadro 02 apresenta as características principais dos processos de flotação
aplicados ao tratamento de água (tanto de abastecimento quando para águas
residuais).
49
Quadro 02 – Principais características e processos aplicados à flotação
Tamanhos de
partículas
Técnica Características
resultantes
(µm)
Flotação por ar Produção de bolhas de ar pela despressurização de uma corrente aquosa saturada
20 – 100
dissolvido – FAD com ar em uma pressão acima da pressão atmosféricas
Geração de microbolhas pela eletrólise de soluções aquosas com a produção de gás
Eletro-Flotação 10 – 40
nos dois eletrodos
Ar induzido Produção de bolhas pela agitação mecânica de um disco rotador em baixa rotação 50 – 1500
Condicionamento em Injeção de microbolhas diretamente na água via aeração, pela extração do ar
10 – 100
alta intensidade – CAI ambiente, para um meio de injeção de microbolhas
Extração do ar da água reciclada via aspirador de gás, que em seguida é
Aspersão ou Nozzle descarregado em um recipiente de flotação para o desenvolvimento de uma mistura 400 – 800
de ar e água de duas fases
Geração de bolhas pela sucção de ar em um tubo descendente (downcomer) por
Jameson ou a Jato 100 – 800
contrição tipo Venturi
Operação em regime contracorrente, bolhas ascendentes e alimentação da mistura
Flotação em coluna 50 – 1000
descente, mas também pode operar em regime concorrente.
50
4.1.3. Auxiliares de floculação
Quando a floculação não ocorre, há demora na sedimentação. Por isso,
é necessário o uso de floculantes, que melhoram a clarificação, a filtração e as
operações de centrifugação. Atuam também no processo: velocidade de
escoamento (m/s), tempo de detenção (min) e gradiente de velocidade (s -1).
Dependendo da água a ser tratada, verifica-se que os flocos formados
necessitam de maior densidade para poderem sedimentar em decantadores.
Recorre-se então aos auxiliares de floculação, como os polieletrólitos, que
aumentam a velocidade de sedimentação dos flocos e a resistência às forças
de cisalhamento.
Polímeros sintéticos e naturais (amidos em geral) têm sido utilizados
como auxiliares de coagulação, floculação e filtração. O emprego de pequenas
quantidades desses auxiliares reduzem consideravelmente as dosagens de
coagulantes primários, quando estes são sais de alumínio ou ferro. Dentre os
diversos polímeros naturais usados como auxiliares em tratamento de água de
abastecimento, o mais comumente utilizado é o amido. Além do amido, podem
ser citados a quitosana, o tanino o emprego de algumas plantas, tais como:
quiabo (Abelmoschus esculentus), mutamba (Guazuma ulmifolia), além do
cacau (Theobroma cacau) e a goma xantana.
4.1.4. Floculadores
Os sistemas de floculação hidráulicos apresentam alguns
inconvenientes, como a pouca flexibilidade em relação à variação da vazão,
impossibilidade de variar ou ajustar a gradiente de velocidade e podem
apresentar perda de carga relativamente alta, quando comparado com os
floculadores mecanizados. Apresentam como vantagens menores custos de
implantação, operação e manutenção, e não exigir pessoal qualificado para
operação e manutenção.
Os sistemas mecanizados apresentam diversas vantagens sobre os
hidráulicos como a baixa perda de carga, facilidade de instalação em estações
existentes e maior flexibilidade de operação em função das variações das
características da água bruta. As limitações referem-se ao consumo de
energia, à maior probabilidade de curtos-circuitos e à necessidade de
manutenção dos equipamentos. A NBR 12216/92, norma técnica que
51
regulamenta os projetos de estações de tratamento de água para fins de
abastecimento, recomenda. para floculadores mecanizados. tempo de
residência teórico de 30 a 40 min, em média 40 % maior que para projetos de
floculadores hidráulicos (20 a 30 min).
A floculação pode ser executada através de:
Floculadores hidráulicos:
Floculadores hidráulicos de fluxo horizontal
Floculadores hidráulicos de fluxo vertical
Floculador Alabama
Floculadores em meio poroso
Floculadores mecânicos:
Agitadores de fluxo radial
Agitadores de fluxo axial
Agitadores de fluxo radial e axial
52
QUESTÕES
53
d. Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e. As afirmativas I, II, III, e IV são verdadeiras.
54
GABARITO
1. C
2. D
3. D
4. B
55
UNIDADE 03
Conteúdos da Unidade
A unidade 03 contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 05 e 06). No
capítulo 05 verificaremos os mecanismos de funcionamento da decantação, os
principais tipos de decantadores e os principais aspectos de mensuração da
eficiência dos mesmos. No capítulo 06 abordaremos os principais processos de
filtração das águas e seus processos de inovação (microfiltração, ultrafiltração,
nanofiltração e osmose reversa)
.
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os
assuntos, à medida que for estudando.
56
5. CAPÍTULO 05
DECANTAÇÃO
TIPOS DE DECANTADORES
59
Quanto ao fundo
Fundo pouco inclinado
Fundo inclinado
Fundo com poços de lodo
Quanto ao sistema de remoção de lodos
Mecanizado
Limpeza manual
Quanto ao acionamento nos decantadores circulares
Tração central
Tração periférica
60
Figura 19 – Decantador convencional (Fonte:
http://www.dec.ufcg.edu.br, 2017)
61
vertical, a aplicação é feita por baixo, cujo líquido efetua o movimento
ascendente. Nos decantadores compactos, o processo de floculação e
decantação são feitos ao mesmo tempo. A Figura 21 apresenta um esquema
de um decantador vertical.
(COLOCAR A FIGURA 21 AQUI)
62
Geralmente, para a determinação da eficiência dos decantadores, é
adotada a relação entre a concentração de partículas no afluente e efluente
dos decantadores, ou seja:
63
aqueles que tomaram a iniciativa de instalar as canaletas de transbordamento
em diversos decantadores.
A decantação tem sido empregada principalmente quando se têm
mananciais superficiais cujas nascentes são próximas a montanhas, como no
caso dos países andinos. Nas épocas chuvosas, os picos de sólidos suspensos
e de turbidez são bem elevados, tornando impraticável o funcionamento da
estação de tratamento sem a existência de unidades de pré-tratamento. Na
decantação plena, a água captada no rio é conduzida a um lago com tempo de
detenção geralmente superior a 2 meses. No lago, ocorre remoção
considerável, não apenas de sólidos suspensos, mas também de bactérias,
protozoários, fungos, vírus e outros organismos, fato relacionado ao tempo
médio de detenção. Há pesquisadores que defendem que com a clarificação da
água e, com a maior penetração da luz solar, podem surgir florescimentos de
algas, caso a água contenha os nutrientes necessários e dificultar a operação
da estação de tratamento, caso que também deve ser analisado.
64
6. CAPÍTULO 06
FILTRAÇÃO
66
A filtração pode ser feita também para redução de dureza ou
abrandamento ou retirada de cálcio e magnésio; filtração de ferro e manganês,
filtração de gases como o sulfídrico (H2S), amônia (NH4), cloretos (Cl-),
resíduos de óleo, micro-organismos (algas, vírus, bactérias, etc..), argilas e
outros colóides, metais pesados, etc.. Na filtração é importante saber o
tamanho das partículas e se a contaminação é de particulados, gás ou oleosa.
Um filtro de areia, por exemplo, funciona bem para partículas de 5 a 25 micra,
mas não vai filtrar bactérias nem vírus com tamanho entre 0,1 e 10 micra.
Neste caso, em geral, pode-se aplicar a ultrafiltração ou osmose reversa. A
Tabela 01 apresenta as dimensões aproximadas de alguns tipos de partículas:
67
Carvão ativado granular > 225
4 3 2
m /m .dia
68
Os filtros são lavados quando a qualidade da água não mais atende ao
padrão de potabilidade ou quando o nível de água no filtro atinge o limite
máximo estabelecido. A frequência da lavagem dos filtros lentos é bem menor
em comparação à dos filtros rápidos. Um filtro lento pode chegar a ficar três ou
mais meses sem lavar, enquanto o filtro rápido é lavado, normalmente, todo dia
ou a cada dois dias, dependendo do processo.
69
em ácido presentes no material filtrante, os quais podem ser lixiviados para a
água, prejudicando com isso a qualidade final da água tratada.
O monitoramento da água pós-filtrada pode também ser avaliado pelo
cumprimento da Portaria MS no 2.914/2011 quanto ao parâmetro turbidez ser
feito mediante a construção de tabelas de distribuição frequência, dada a
natureza do dado (valores de turbidez constituem variáveis de natureza
quantitativa) e ao fato da legislação definir um valor máximo permitido (VMP)
de 0,5 uT para 95% das amostras.
6.1.1. Microfiltração
A microfiltração é um processo de separação, a pressões entre 0,5 e 3
Bar (pressões baixas), de componentes em suspensão com alto peso
molecular, tais como microrganismos (bactérias e alguns tipos de vírus) e de
compostos coloidais, com tamanhos de 0,1 a 10 μm. As principais aplicações
da microfiltração são:
Separação de bactérias da água em processos industriais;
Clareamento de bebidas;
Esterilização parcial da água em processos farmacêuticos;
Tratamento de efluentes;
Separação de emulsões água/óleo;
Pré-tratamento para sistemas de nanofiltração e Osmose
Reversa.
71
Figura 23 – Esquema da membrana de microfiltração e seu processo de
lavagem reversa. (Fonte: FERRARO, 2008)
6.1.2. Ultrafiltração
Uma membrana de ultrafiltração é um filtro molecular que realiza
separações baseadas no tamanho; água e pequenos solutos podem passar
através da membrana, enquanto que maiores gotículas de óleo e sólidos em
suspensão são retidos (filtração em escalas moleculares). Os tamanhos de
poro típicos variam de até 0,02 µm de diâmetro. A água e as partículas com
baixa massa molecular penetram pela membrana enquanto partículas, coloides
e macromoléculas são rejeitadas, cujo processo de purificação se efetua
através de uma pressão hidrostática entre 0,5 e 5 bar.
O processo de ultrafiltração pode ser operado em modo contínuo ou em
modo descontínuo. Na operação em contínuo, parte da corrente do retido é
reaproveitada para o tanque de alimentação ao módulo. Este modo de
operação é normalmente empregue em processos de ultrafiltração à escala
industrial, com áreas de membrana superiores a 100 m 2. Já a operação em
descontínuo, constitui o modo de operação mais comum em instalações
laboratoriais e à escala piloto. Nesta operação, o permeado é recolhido
continuamente e a corrente de retido é reintroduzida no tanque de alimentação.
6.1.3. Nanofiltração
A nanofiltração é um processo especial de membranas que remove
partículas de diâmetros até a ordem de 1 nanômetro (10 Angstroms). A
nanofiltração é um processo situado entre a osmose reversa e a ultrafiltração.
Matéria orgânica e sais com ânions divalentes são eficientemente removidos. A
72
Nanofiltração é utilizada, principalmente, para a remoção de cor, carbono
orgânico total e sólidos dissolvidos em águas residuárias.
Tal como na osmose reversa, o mecanismo de transferência de massa
na nanofiltração é por difusão-sorção5. A Nanofiltração permite, assim,
permeabilidades mais elevadas que a osmose reversa com rejeições
aceitáveis, dependendo das aplicações e das espécies químicas consideradas.
Por exemplo, as membranas de nanofiltração têm normalmente rejeições muito
elevadas de íons multivalentes, e rejeições moderadas de íons monovalentes.
Frente a isso, foram descobertas novas possibilidades para a produção
de água potável, dando respostas a novos desafios, tais como a remoção de
arsênico, remoção de pesticidas, disruptores endócrinos, produtos químicos e
dessalinização parcial.
5
Sorção refere-se à ação do efeito de absorção e adsorção ocorrendo simultaneamente. Como tal, é o
efeito de gases ou líquidos a ser incorporados num material de um estado diferente e aderente à
superfície de uma outra molécula. A absorção é a incorporação de uma substância em um estado para
outro de um estado diferente (por exemplo, líquidos de serem absorvidos por um sólido ou gases de ser
absorvidos por um líquido). Já a difusão é migração de átomos ou moléculas num sistema físico (sólido,
líquido ou gás), ger. devido a sua própria agitação térmica, ou causada pela influência de um gradiente
de temperatura, pressão, ou por um potencial químico ou elétrico.
73
É posicionada como o nível mais elevado de filtração disponível. A
membrana age como uma barreira a todos os sais e moléculas inorgânicas
dissolvidas, como também moléculas orgânicas com um peso molecular maior
que aproximadamente 100 u. Por outro lado, moléculas de água atravessam a
membrana, criando um fluxo de produto purificado livremente. Rejeição de sais
dissolvidos é tipicamente 95% para maior que 99%.
O fenômeno de osmose ocorre quando água pura flui de uma solução
salina de baixa concentração para uma solução salina de maior concentração,
separadas por uma membrana. Consequentemente, o sistema vai tentar entrar
em equilíbrio, (atingir a mesma concentração em ambos os lados da
membrana). A única maneira de se alcançar o equilíbrio é com água passando
do compartimento da solução pura para o compartimento da solução salina,
diluindo esta solução. Caso uma força seja aplicada nesta coluna de água, o
fluxo de água que passa através da membrana pode ser invertido, sendo este o
principio base da osmose reversa. A Figura 24 apresenta este esquema de
funcionamento.
74
Figura 24 – Mecanismos de funcionamento da osmose e osmose
reversa. (Fonte: https://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-osmose-e-osmose-
reversa-image36770523)
Nota-se que este fluxo reverso através da membrana produz água pura
proveniente da solução salina. Isto porque a membrana não permite a
passagem de sal ou íons.
A membrana de OR é um fino filme, enrolado várias vezes, composto
por três camadas. Uma camada suporte de poliéster, uma camada
intermediária de polisulfona microporosa e uma terceira camada ultrafina de
poliamida na superfície. A Figura 25 apresenta o esquema de uma membrana
de OR.
75
6.1.5. Limpeza das Membranas
Todos os processos de membranas possuem um sistema que permite a
limpeza química periódica das mesmas. Assim, é possível utilizá-la para
minimizar os efeitos da colmatação e realizar a manutenção do fluxo de
permeação sem elevar o consumo de energia nos processos de separação. Tal
limpeza é utilizada para remoção de material remanescente aos processos de
retrolavagem, tais como: óxidos de ferro, sedimentos, carvão, sílica, sais, géis
de matéria orgânica e biofilmes microbianos. Do mesmo modo, os ciclos de
limpeza química podem ocorrer em intervalos variados, dependendo da
intensidade de colmatação 6, ao qual os parâmetros de operação, fluxo e
pressão podem ser combinados.
6
Preenchimento de poros, buracos, falhas, irregularidades.
76
QUESTÕES
77
4. (IDECAN -2015) A água utilizada em processos industriais requer um
grau de pureza diferente da alcançada durante o tratamento de água potável.
Isso porque alguns sais causam problemas na indústria, tais como depósitos
nas tubulações, contaminação de produto e corrosão. Existem diversos
métodos empregados no tratamento de água para fins industriais para remoção
de impurezas inconvenientes. Sobre tais métodos, marque V para as
afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
(XXX) Um sistema de abrandamento serve para diminuir/remover a dureza
presente na água.
(XXX) O processo de micro/nanofiltração utilizado para remover íons
responsáveis pela dureza utiliza produtos químicos.
(XXX) Na desmineralização por osmose reversa, toda a água alimentada sai no
permeado, de modo que não existe taxa de rejeição.
(XXX) O processo de desmineralização por troca iônica pode ser efetuado
fazendo-se passar a água através de leitos de resinas catiônicas do grupo de
hidrogênio e leitos de resinas aniônicas carregadas com hidroxilas.
A sequência está correta em:
a. F, F, V, V.
b. V, F, F, V.
c. F, V, F, V.
d. F, F, V, F.
e. V, V, F, F.
78
d. o diâmetro de poros de uma membrana de nanoflitração é maior
do que de microfiltração.
e. não é possível recuperar os filtros usados, por isso eles devem
ser trocados e descartados frequentemente.
b. Processo - ultrafiltração
Características do soluto - moléculas orgânicas de baixo e alto
peso molecular
Características do permeado - sais dissolvidos
c. Processo- nanofiltração
Características do soluto - moléculas orgânicas de baixo peso
molecular e íons bivalentes
Características do permeado - íons monovalentes
e. Processo - eletrodiálise
Características do soluto - todos os solutos
Características do permeado - praticamente água
79
GABARITO
1. A
2. B
3. A
4. B
5. B
6. C
80
UNIDADE 04
Conteúdos da Unidade
A unidade 04 contará com 3 capítulos (nomeados Capítulo 07, 08 e 09). No
capítulo 07 abordaremos os principais processos de desinfecção aplicados às
águas e os tipos de desinfetantes mais utilizados. No capítulo 08 verificamos o
funcionamento do processo de Fluoretação das águas e estabilização das
águas. No capítulo 09 finalizaremos com uma abordagem introdutória sobre os
processos de controle de qualidade das águas de abastecimento.
81
7. CAPÍTULO 07
DESINFECÇÃO DA ÁGUA
7
Essa portaria dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de potabilidade.
82
Quadro 03 – Estrutura básica da Portaria MS nº 2914/11. (Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)
Capítulo I Trata da abrangência do objeto de aplicação do setor saúde (vigilância) e responsável pelo
Das disposições gerais (Art. 2°, 3° e 4°) abastecimento coletivo da água (controle).
Capítulo II
Esse capítulo apresenta todas as definições adotadas nesta Portaria.
Das definições (Art. 5°)
Contempla as competências atribuídas à União, Estados, Municípios. No âmbito do
Ministério da Saúde (MS), as competências foram atribuídas às entidades a ele vinculadas,
Capítulo III tais como: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), Secretaria Especial de Saúde
Das competências e responsabilidades Indígena (SESAI/MS), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Agência Nacional de
(Art. 6° até 22) Vigilância Sanitária (Anvisa). Cabe ainda destacar uma seção específica de atribuições aos
Laboratórios de Controle e Vigilância. Competências do Responsável pelo Sistema ou
Solução Alternativa Coletiva de Abastecimento de Água para consumo humano.
Capítulo IV
Das exigências aplicáveis aos sistemas e
Traz as exigências de operação dos sistemas e as soluções alternativas coletivas de
soluções alternativas coletivas de
abastecimento de água para consumo humano.
abastecimento de água para consumo
humano (Art. 23 até 26)
Capítulo V Estabelece o conjunto de valores permitidos como parâmetro da qualidade da água para
Do padrão de potabilidade (Art. 27 até 39) consumo humano.
83
Capítulo VI Define o plano de amostragem para os responsáveis pelo controle da qualidade da água
Dos planos de amostragem (Art. 27 até de sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo
39) humano, supridos por manancial superficial e subterrâneo.
Trata das sanções administrativas previstas na Lei Nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, aos
Capítulo VII
responsáveis pela operação dos sistemas ou soluções alternativas de abastecimento de
Das penalidades (Art. 42 e 43)
água que não observarem as determinações constantes da Portaria.
Capítulo VIII
E por final, as disposições finais e transitórias que estabelece e disciplina a forma de
Das disposições finais e transitórias (Art.
transição da entre a Portaria MS n.° 518/2004 e a Portaria atual.
44 até 53)
84
A identificação dos microrganismos patogênicos na água é, quase
sempre, morosa, complexa e onerosa. Por tal razão, tradicionalmente recorre-
se à identificação dos organismos indicadores de contaminação, na
interpretação de que sua presença indicaria a introdução de matéria de origem
fecal (humana ou animal) na água e, portanto, o risco potencial da presença de
organismos patogênicos. Um organismo indicador “ideal” deveria preencher os
seguintes requisitos:
ser de origem exclusivamente fecal;
apresentar maior resistência que os patogênicos aos efeitos
adversos do meio ambiente e processos de tratamento;
ser removido e/ou inativado por meio do tratamento da água,
pelos mesmos mecanismos e na mesma proporção que os
patogênicos;
apresentar-se em maior número que os patogênicos;
ser de fácil identificação;
não se reproduzir no meio ambiente.
85
Brasil, mesmo que originalmente introduzidas na água por poluição fecal,
podem adaptar-se ao meio aquático.
A presença de microrganismos patogênicos na água, na maioria das
vezes, é decorrente da poluição por fezes de humanos e de animais e, devido
ao fato de que os microrganismos patogênicos usualmente aparecem de forma
intermitente e em baixo número na água, podem-se pesquisar outros grupos de
microrganismos que coexistem com os patogênicos nas fezes. Desse modo, a
presença desses microrganismos na água constitui indicador de poluição fecal,
principalmente originária do homem e de animais de sangue quente.
Os parâmetros microbiológicos exigidos na mesma Portaria do Ministério
da Saúde contém níveis de coliformes totais, coliformes termotolerantes ou
Escherichia coli. Numericamente, as amostras de água de fontes alternativas
destinadas ao consumo humano podem ter a presença de coliformes totais,
desde que haja a ausência de E.coli/100 mL, devendo ser monitorada a origem
da ocorrência da provável contaminação e providenciar as medidas corretivas e
preventivas, como a cloração.
Nas ETA’s geralmente há dois pontos de dosagens de cloro,
classificados com pré-cloração e cloração final. A pré-cloração ocorre no início
do tratamento e tem por objetivo principal auxiliar a eficiência da coagulação,
realizar o controle de algas e micro-organismo e reduzir a produção de certos
gostos e odores. A cloração final visa garantir total desinfecção e qualidade
biológica da água a ser distribuída. Ocorre após os processos de filtração.
TIPOS DE DESINFETANTES
7.1.1. Cloro
O cloro, substância largamente utilizada para desinfecção da água de
abastecimento em todo o mundo, apesar da indiscutível eficiência, tem
contribuído significativamente para o aparecimento de subprodutos tóxicos na
malha hídrica global. Entre os subprodutos, destacam-se os ácidos
haloacéticos (HAA) e os trihalometanos (THMs). Em vários países, como
França, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, entre outros, desde que o
problema da formação de THMs foi detectado na água potável, observa-se a
86
preocupação com as consequências da utilização do cloro também nas plantas
de esgotos.
Os THMs mais comumente encontrados nas águas de abastecimento e
residuárias são: clorofórmio (CHCl3), bromodiclorometano (CHBrCl2),
dibromoclorometano (CHBr2Cl) e bromofórmio (CHBr3). Esses subprodutos são
carcinogênicos e foram classificados como possíveis carcinogênicos em
humanos, pela Agência Internacional de Pesquisa ao Câncer. O THM com
mais facilidade de ser detectado é o clorofórmio.
Na água, o cloro age de duas formas principais: a) como desinfetante,
destruindo ou inativando os micro-organismos patogênicos, algas e bactérias
de vida livre; e b) como oxidante de compostos orgânicos e inorgânicos
presentes. Quando o cloro é adicionado a uma água isenta de impurezas,
ocorre a seguinte reação:
7.1.2. Ozônio
Desde 1837, o Ozônio é conhecido como substancia química. Ele é uma
forma alotrópica do oxigênio, é muito volátil e pouco estável, com propriedades
altamente oxidantes, sendo muito eficaz em oxidar compostos orgânicos e
inorgânicos presentes na água. Apesar de essas propriedades garantirem uma
87
alta eficácia do ozônio como agente desinfetante, o mesmo só teve seu
potencial desinfetante explorado a partir do final do século XIX. Em 1893, em
Oudshoorm, Holanda, registrou-se a primeira utilização industrial do ozônio
como insumo de purificação no tratamento de água e, a partir de então, a
utilização do ozônio nesse processo começou a aumentar. Em 1914, já havia
na Europa 49 estações de tratamento de água que utilizavam o ozônio como
insumo de limpeza principal. Até a década de 70, cloro e ozônio coexistiam
como compostos de tratamento em diversas estações de tratamento de água.
Porém, em 1975, o cloro sofre grande revés ao se descobrir sua relação com a
formação de compostos cancerígenos.
A utilização de ozônio como desinfetante (ozonização) passou a ser
utilizada no Brasil como alternativa aos métodos convencionais de pré-cloração
e pré-aeração no tratamento de águas superficiais a partir de 1983. Em solução
aquosa, o ozônio pode reagir com os compostos orgânicos através de reações
diretas, as quais envolvem o ozônio molecular ou através de reações indiretas
que envolvem reações com os radicais hidroxila (OH•) formados a partir da
decomposição do ozônio. Ambos os mecanismos de ação do ozônio competem
pelo substrato8. As reações diretas do ozônio molecular com os compostos
dissolvidos são bastante lentas e seletivas. Devido a este caráter seletivo,
pequenas doses de ozônio produzem grande efeito sobre determinadas etapas
em sistema de tratamento de águas e efluentes. Já as reações indiretas são
muito rápidas, porém não seletivas. A hidroxilação geralmente é seguida da
abertura do ciclo aromático, levando à formação de aldeídos, acetonas e
ácidos.
A ozonização tem sido uma das técnicas mais empregadas em diversas
ETAs devido ao seu alto potencial de oxidação que tem se mostrado eficiente
na desinfecção, remoção de cor, controle de sabor e odor, decréscimo na
formação de subprodutos de processos de desinfecção, aumento da
biodegradabilidade e também para a degradação de contaminantes orgânicos.
8
Composto à ser oxidado
88
Outra técnica de desinfecção química consiste na utilização de dióxido
de cloro (ClO2), a qual poderá ser encarada como uma potencial alternativa à
cloração e à ozonização. O dióxido de cloro é um composto neutro que
desinfeta por oxidação. Em concentrações elevadas reage violentamente com
os agentes redutores. Porém, é um composto relativamente estável em
soluções diluídas, ao abrigo da luz. O dióxido de cloro possui um poder
desinfetante superior ao do cloro, contudo inferior ao do ozono, tendo-lhe sido
reconhecida capacidade bactericida, virucida e para inativação de protozoários.
Embora seja um derivado do cloro, ele gera quantidade insignificante de
subprodutos (trihalometanos) não se obtendo a formação de cloraminas, e
sendo os fenóis oxidados a formas mais simples, caracterizando-se assim
como um produto de baixo potencial carcinogênico. Além disso, o dióxido de
cloro é um agente oxidante forte, que na maioria das vezes reage por meio do
mecanismo de transferência de elétrons atacando a membrana celular,
penetrando, desidratando e, por último, oxidando os componentes internos da
célula microbiana sem, no entanto, causar ação tóxica como a maioria dos
compostos de cloro.
89
I = intensidade de radiação que passa pelo meio líquido (mW/cm 2); t =
tempo de exposição à radiação UV (s)
90
ativado é o adsorvente mais utilizado para a remoção de cor verdadeira, sabor
e odor causados por substâncias orgânicas e inorgânicas, naturais ou
sintéticas, entre elas as cianotoxinas; qualquer composto orgânico com massa
molecular superior a 45 g é considerado bom adsorvato em carvão ativado.
A maior importância tecnológica dos carvões ativados é devido às suas
propriedades de adsorção superficial. Em especial, no tratamento de águas se
dá pela capacidade da superfície do carvão ativado em reduzir o hipoclorito
para cloreto. Em contato com a superfície sólida do carvão ativado, o
hipoclorito é reduzido para cloreto através da Equação 07.
91
8. CAPÍTULO 08
FLUORETAÇÃO
92
O monitoramento da qualidade da água oferecida à população e a
verificação da sua conformidade com os padrões estabelecidos em legislações
específicas é de competência das vigilâncias sanitárias municipais, mediante
ações de fiscalização e adoção de medidas para evitar que a população
atendida pelo sistema público de abastecimento seja exposta a riscos em sua
saúde.
O heterocontrole, que consiste no controle e análises periódicas do
processo de fluoretação das águas por uma instituição pública ou privada
distinta daquela que realiza a distribuição e tratamento da água, é realizado
pela vigilâncias sanitárias municipais. O heterocontrole é imprescindível para
avaliar se os resultados obtidos no controle interno, realizado pelos operadores
dos sistemas de abastecimento, estão adequados, como também para detectar
possíveis problemas técnicos ou de metodologias empregadas nessa
vigilância, auxiliando os municípios com dificuldades no controle e/ou
adequação das concentrações de flúor em suas águas de abastecimento.
O Programa Brasil Sorridente, maior programa público de saúde bucal
do mundo, está vigente desde 2004 e apresenta avanços consideráveis na
saúde dos brasileiros, que dentre as medidas do programa, destacam-se as
ações de promoção e prevenção, com viabilização da adição de flúor nas
estações de tratamento de águas de abastecimento público entre outras ações.
A concentração ideal de fluoreto na água destinada ao consumo humano
varia de acordo com a média das temperaturas máximas diárias do ar de cada
região, pois isso afeta o consumo de água dos indivíduos. Para avaliar os
teores de flúor nas águas em função de temperatura do local, firmou-se um
documento para orientar a classificação dos teores de flúor nas águas
(Visando a ampliação da participação pública, a Portaria nº 518 foi
disponibilizada à consulta pública, com o objetivo de receber contribuições de
profissionais, entidades e de instituições de todo o Brasil), pelos órgãos de
vigilância em Saúde, levando-se em conta, simultaneamente, o benefício e o
risco. Desse modo, foi estabelecido que a concentração de fluoreto nas águas
que oferece o benefício máximo e risco baixo, para localidades em que as
médias das temperaturas máximas diárias do ar se situem entre 26,3°C e
32,5°C, deve estar entre 0,55 – 0,84 mgF/L.
93
94
8.1. ESTABILIZAÇÃO DA ÁGUA
Quanto mais pura for a água, tanto mais corrosiva é aos materiais com
que estiver em contato, sendo estes basicamente as tubulações e as paredes
de tanques e reservatórios. Os problemas causados pela corrosividade da
água são de ordem sanitária, estética e econômica.
Os problemas sanitários são de dupla natureza: (i) incorporação à
água (por dissolução) de metais indesejáveis constituintes das
tubulações (inclusive materiais de juntas, como as soldas
metálicas). (ii) formação de incrustações na superfície interna dos
tubos por esses metais dissolvidos. Por exemplo, o ferro, as quais
favorecem desenvolvimento de biofilmes na rede de distribuição,
os quais, por sua vez, podem abrigar bactérias patogênicas ou
patogênicos oportunistas.
Os problemas estéticos dizem respeito à coloração e aos resíduos
sólidos incorporados à água pelos produtos da corrosão, que
dificultam a aceitação da água pelos consumidores.
Os problemas econômicos estão associados à redução da
capacidade de escoamento e ao rompimento de tubulações; ao
desenvolvimento de perfurações que causam vazamentos em
tubos, conexões, peças especiais, aparelhos e equipamentos
condutores de água; ao comprometimento de estruturas metálicas
e de concreto retentoras de água, como tanques e reservatórios,
pelo desgaste de suas paredes; e ao desenvolvimento de
manchas em louças sanitárias e em roupas lavadas com água
colorida por produtos de corrosão.
95
o a concentração de sulfato na água deve ser inferior a 250
mg/L.
96
9. CAPÍTULO 09
97
bem como variações de vazões afluentes à ETA decorrentes de alternativas de
operação e de aumento de demanda de consumo ao longo do período de
projeto.
Dentre esses, segue uma introdução sobre os principais parâmetros
físico-químicos:
Cor aparente
A cor aparente de uma amostra de água está associada ao grau de
redução de intensidade que a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se
por absorção de parte da radiação eletromagnética), devido a presença de
sólidos dissolvidos, principalmente material em estado coloidal orgânico e
inorgânico. É importante ressaltar que a coloração realizada na rede de
monitoramento consiste basicamente na observação visual no instante de
amostragem.
pH
É a medida da concentração hidrogeniônica da água ou solução, sendo
controlado por reações químicas e por equilíbrio entre os íons presentes. O pH
é essencialmente função do gás carbônico dissolvido e da alcalinidade da
água.
Turbidez
A turbidez é a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma
certa quantidade de água, conferindo uma aparência turva à mesma. Essa
medição é feita com o turbidímetro ou nefelômetro, que compara o
espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra, com o de um feixe
de igual intensidade, ao passar por uma suspensão padrão. Quanto maior o
espalhamento, maior será a turbidez. A Cor da água e as partículas de carbono
interferem na medida da turbidez devido às suas propriedades de absorverem
a luz. As amostras devem ser analisadas logo após a coleta (que deve ser feita
em recipiente de vidro ou de PVC bem limpos), pois a turbidez pode mudar se
a amostra for armazenada por um certo tempo.
98
Em pH ácido há maior formação de ácido hipocloroso e em pH alcalino
acima de 7,5 há maior formação de íon hipoclorito. O cloro presente na água
na forma de ácido hipocloroso e de íon hipoclorito é denominado de cloro
residual livre.
99
QUESTÕES
100
e. a temperatura e o pH não interferem no processo de desinfecção
realizado com ácido hipocloroso.
101
GABARITO
1. C
2. C
3. E
4. D
102
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