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ÁGUAS
EDIÇÃO Nº 1 – 2017
1
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
2
Sumário
UNIDADE 1...........................................................................................................................5
1. CAPÍTULO 01 – A ÁGUA..........................................................................................6
1.1 INTRODUÇÃO – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA ......................6
1.2 PRESENÇA DA ÁGUA NO PLANETA ......................................................8
1.2.1 Contexto Hídrico Atual ......................................................................8
1.2.2 Atuações da água nos seres vivos e natureza ...............................9
1.3 CICLO HIDROLÓGICO............................................................................. 14
1.3.1 Evaporação e Evapotranspiração da água ................................... 16
1.3.2 Precipitação ...................................................................................... 16
1.3.3 Escoamento superficial e subterrâneo.......................................... 18
2 CAPÍTULO 02 – USOS DA ÁGUA ............................................................................ 23
2.1 USOS ANTROPOGÊNICOS DA ÁGUA................................................................... 23
UNIDADE 02 ....................................................................................................................... 37
ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA ÁGUA.......................................................... 37
3 CAPÍTULO 03 – ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA ÁGUA ................. 38
3.1 ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA ............................................................. 38
3.1.1 Estrutura química da molécula de água ........................................ 39
3.1.2 Tensão superficial ............................................................................ 45
3.1.3 Capacidade Térmica da água e Calor específico ......................... 48
3.1.4 Salinidade .......................................................................................... 49
4 CAPÍTULO 04 – ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA ÁGUA ................. 50
4.1 ASPECTOS BIOLÓGICOS RELACIONADOS À ÁGUA ............................................... 50
4.1.1 Introdução....................................................................................................... 50
4.1.2 Doenças relacionadas à água ou de transmissão hídrica ..................................... 52
UNIDADE 03 ....................................................................................................................... 61
A POLUIÇÃO....................................................................................................................... 61
5 CAPÍTULO 05 – A POLUIÇÃO ................................................................................. 62
5.1 INTRODUÇÃO À POLUIÇÃO ............................................................................... 62
5.2 TIPOS DE POLUIÇÃO ......................................................................................... 64
5.2.1 Poluição Sedimentar ........................................................................................ 65
5.2.2 Poluição Biológica ............................................................................................ 65
5.2.3 Poluição Térmica.............................................................................................. 65
5.2.4 Poluição Química ............................................................................................. 66
5.3 PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO..................................................................... 67
5.4 PRINCIPAIS POLUENTES DA ÁGUA E SEUS EFEITOS ............................................. 69
5.4.1 Efluentes Urbanos e Industriais ......................................................................... 69
5.4.2 Agroquímicos................................................................................................... 71
3
5.4.3 Metais Pesados................................................................................................ 73
5.4.4 Petróleo .......................................................................................................... 75
6 CAPÍTULO 06 – POLUIÇÃO TÉRMICA, SEDIMENTOS, NUTRIENTES E AUTODEPURAÇÃO
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6.1 POLUIÇÃO TÉRMICA, SEDIMENTOS, NUTRIENTES............................................... 76
6.1.1 Poluição Térmica.............................................................................................. 76
6.1.2 Sedimentos...................................................................................................... 76
6.1.3 Nutrientes ....................................................................................................... 77
6.2 PROCESSOS DE AUTODEPURAÇÃO .................................................................... 82
6.2.1 Conceito.......................................................................................................... 82
UNIDADE 04 ....................................................................................................................... 88
LEGISLAÇÃO E QUALIDADE DAS ÁGUAS ............................................................................... 88
7 CAPÍTULO 07 – LEGISLAÇÃO DAS ÁGUAS............................................................... 89
7.1 LEGISLAÇÕES E ASPECTOS GLOBAIS................................................................... 89
7.1.1 Agência Nacional das Águas .............................................................................. 92
7.1.2 Aspectos Internacionais.................................................................................... 93
8 CAPÍTULO 08 – QUALIDADE DAS ÁGUAS ............................................................... 95
8.1 GARANTIA DA QUALIDADE ............................................................................... 95
8.2 QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................... 95
8.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) .......................................................... 98
8.4 PARÂMETROS DE CONTROLE DE ÁGUAS .......................................................... 100
8.4.1 Temperatura.................................................................................................. 100
8.4.2 Resíduo Total ................................................................................................. 101
8.4.3 Cor ................................................................................................................ 102
8.4.4 Turbidez ........................................................................................................ 102
8.4.5 Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO......................................................... 103
8.4.6 Oxigênio Dissolvido – OD ................................................................................ 103
8.4.7 Nitratos e Nitritos .......................................................................................... 104
8.4.8 Fosfato Total.................................................................................................. 105
8.4.9 Sólidos Dissolvidos Total (SDT) ....................................................................... 105
8.4.10 Potencial Hidrogeniônico - pH ..................................................................... 105
8.4.11 Alcalinidade ............................................................................................... 106
8.4.12 Coliformes Termotolerantes ....................................................................... 106
8.4.13 Coliformes Totais ....................................................................................... 106
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 108
4
UNIDADE 1
A ÁGUA E O CICLO HIDROLÓGICO
Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
hidrológico.
Conteúdos da Unidade
atual e sua atuação nos seres vivos e na natureza, e o seu funcionamento no ciclo
antropogênicos.
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1. CAPÍTULO 01 – A ÁGUA
6
depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os
ciclos começam.
Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é,
sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma
necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as
gerações presentes e futuras.
Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor
econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e
que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De
maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento
para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da
qualidade das reservas atualmente disponíveis.
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1.2 PRESENÇA DA ÁGUA NO PLANETA
1,0% de toda a água está disponível para o nosso consumo, sendo encontrada
na forma de rios, lagos, água subterrânea, incluindo ainda a água presente no
solo, atmosfera (umidade) e na biota. A Figura 01 demonstra esse comparativo
frente ao total global.
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Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) divulgado em 2015 menciona que as reservas
hídricas do mundo podem encolher em 40% até 2030. Segundo o documento,
há no mundo água suficiente para suprir as necessidades de crescimento do
consumo, desde que haja uma mudança dramática no uso, gerenciamento e
compartilhamento do recurso. De acordo com a organização, nas últimas
décadas, o consumo de água cresceu duas vezes mais do que a população, e
a estimativa é que a demanda aumente em 55% até 2050. Os desafios são
muitos: o crescimento da população está estimado em 80 milhões de pessoas
por ano, podendo chegar a 9,1 bilhões em 2050.
No Brasil, a utilização das águas superficiais como fonte de
abastecimento público continua sendo a alternativa de manancial mais
utilizada. Com base nas informações da ANA – Agência Nacional das Águas
(2003), 56% do total dos municípios do país utilizam águas superficiais pelo
menos como uma das alternativas de mananciais. Entretanto, observa-se que
essa alternativa é a que está mais exposta às fontes de poluição e
contaminação. Observaram-se, por exemplo, uma ou mais formas de poluição
ou contaminação em 26,7% do total de municípios com captações superficiais,
sendo que em 14,24% deles foram verificadas contaminações por despejo de
esgotos domésticos e, em 16,22%, por resíduos agrotóxicos. Uma das
consequências desse fato é o elevado grau de trofia verificado em alguns
corpos hídricos superficiais, especialmente os localizados nas regiões
metropolitanas, que recebem continuamente excessivo grau de matéria
orgânica.
9
na superfície do solo entre os poros do solo e nos cursos d’água, promovendo
o funcionamento, pelo menos em parte, dos ciclos dos nutrientes.
Além disso, é considerada solvente universal, e é uma das poucas
substâncias que se encontra presente nos três estados físicos: gasoso, líquido
e sólido. A Figura 02 apresenta os três estados físicos da água junto aos
processos envolvidos em cada mudança de fase.
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Atuação direta na regulação da temperatura atmosférica do
planeta, atenuando a incidência de raios infravermelhos na superfície.
Isso ocorre pois grandes quantidades de moléculas de vapor d’água são
encontradas geralmente próximas à superfície, e vão decrescendo
conforme a altitude, devido ao ar mais quente reter mais vapor d’água do
que o ar frio. É o componente atmosférico mais importante na
determinação do tempo e do clima. A quantidade de vapor de água
presente na atmosfera varia de lugar para lugar e no transcurso do
tempo em determinada localidade. Ela pode variar de quase zero, em
áreas quentes e áridas, até um máximo de 3%, nas latitudes médias, e
4%, nos trópicos úmidos.
(Equação 01)
1
Condensação e liquefação são, na verdade, sinônimos. Isso é, ambas caracterizam o processo de
passagem do estado gasoso para o líquido. A única diferença é que usamos o termo condensação
quando um vapor passa para o estado líquido, e usamos liquefação quando um gás pass a para o estado
líquido.
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Desta forma, verifica-se que existirá uma pressão parcial desse vapor de
água, que em situações aplicadas está intimamente relacionada a fenômenos
ligados à meteorologia e agronomia.
Os gases estão em constante troca na interface oceano-atmosfera e,
consequentemente, há, em um determinado momento, o equilíbrio do sistema,
quando as taxas de trocas são iguais de acordo com o perfil de solubilidade
dos gases. Essa constante termodinâmica de equilíbrio para troca de gases
pode ser representada pela equação 02.
(Equação 02)
Higrômetro elétrico
o O higrômetro elétrico contém um condutor elétrico coberto com
uma camada de produto químico absorvente. Baseia-se no
princípio de que a passagem de corrente varia à medida que varia
a umidade relativa.
Psicrômetro
o Consiste de dois termômetros idênticos, montados lado a lado.
Um deles é o chamado termômetro de bulbo úmido, que tem um
pedaço de musselina amarrado em torno do bulbo. Para usar o
psicrômetro, o tecido é molhado e é exposto à contínua corrente
de ar, girando o instrumento ou forçando uma corrente de ar
através dele até este atingir uma temperatura estacionária
(saturação). A temperatura de bulbo úmido cai, devido ao calor
retirado para evaporar a água. O seu resfriamento é diretamente
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proporcional à secura do ar. Quanto mais seco o ar, maior o
resfriamento. Portanto, quanto maior a diferença entre as
temperaturas de bulbo úmido e de bulbo seco, menor a umidade
relativa; quanto menor a diferença, maior a umidade relativa. Se o
ar está saturado, nenhuma evaporação ocorrerá e os dois
termômetros terão leituras idênticas.
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1.3 CICLO HIDROLÓGICO
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Rios 16 dias
Biomassa Algumas horas
Vapor d’água na atmosfera 8 dias
1.3.2 Precipitação
Precipitação é qualquer partícula de água, sólida ou líquida, que cai da
atmosfera e atinge o solo, proveniente das nuvens. A condensação (ou
sublimação) do vapor de água atmosférico em torno de núcleos de
condensação (ou de sublimação) é uma condição necessária para haver
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precipitação. A precipitação ocorre quando a velocidade de queda das gotas de
água da nuvem supera a velocidade das correntes ascendentes que existem
no interior da mesma (isto é, rompe-se a estabilidade coloidal da nuvem). O
efeito combinado da colisão e fusão de gotículas e do processo de crescimento
de cristais de gelo assegura o aumento da dimensão das gotículas até caírem,
por efeito da gravidade.
O processo de coalescência (aumento do volume das gotas de água
para formação de chuva) pode ser explicado pela fusão de diversas gotas em
apenas uma, devido ao efeito de choques repetidos entre elas, o que pode ser
atribuído a:
Atração eletrostática de gotículas de nuvens carregadas
eletricamente;
Efeitos de indução provocados pelo deslocamento das
gotas no campo magnético terrestre;
Atração hidrodinâmica entre duas gotas próximas e em
movimento relativo ao ar que as envolve;
Microturbulência com aumento do número de colisões;
Aprisionamento de pequenas gotas por parte de gotas de
maiores dimensões.
O processo de coalescência por ser visualizado na Figura 05.
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1.3.3 Escoamento superficial e subterrâneo
O escoamento superficial é a fase do ciclo hidrológico que resulta do
excedente das águas precipitadas que não se infiltraram ou evaporaram, e que
escoam superficialmente pelo relevo, indo na direção das depressões, lagos,
cursos d’água e mares. Num segundo estágio, também é escoamento
superficial o escoamento dos cursos d’água que são alimentados pela
drenagem dos lençóis d’água subterrâneos. A figura 06 apresenta as
correlações entre o processo de escoamento e da precipitação.
18
vários fatores, como tipo e condição dos materiais terrestres
(presença de materiais porosos e permeáveis), cobertura vegetal,
topografia, precipitação e ocupação do solo.
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O valor da relação escoamento/precipitação fornece uma ideia de qual
proporção da precipitação é transformada em escoamento. Ele é um reflexo do
regime climático do continente e das características físicas das bacias
hidrográficas, que são os agentes ativos no processo de transformação da
chuva em vazão. Não se deve esquecer que as atividades antrópicas nas
bacias interferem diretamente no ciclo hidrológico.
As variações temporais e/ou espaciais dos fenômenos do ciclo da água
podem ser descritas pelas variáveis hidrológicas. São exemplos de variáveis
hidrológicas o número anual de dias consecutivos sem precipitação, em um
dado local, e a intensidade máxima anual da chuva de duração igual a 30
minutos. Outros exemplos são a vazão média anual de uma bacia hidrográfica,
o total diário de evaporação de um reservatório ou a categoria dos “estados do
tempo” empregada em alguns boletins meteorológicos.
Em geral, as variáveis hidrológicas são registradas por meio das
chamadas séries hidrológicas, que constituem as observações organizadas no
modo sequencial de sua ocorrência no tempo (ou espaço).
Duas são as causas frequentemente apontadas como indutoras de
distúrbios nas séries hidrológicas:
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pela urbanização. Fisicamente, quando se altera a vegetação de uma bacia
hidrográfica, muda-se o balanço entre interceptação vegetal,
evapotranspiração, infiltração no solo e escoamento superficial. Na grande
maioria dos casos, o tempo entre a chuva e a chegada da água no rio é
reduzido, afetando picos de cheias. Alternativamente, podem ser observadas
diminuições nas vazões afluentes de rios devido ao aumento da demanda
hídrica.
As mudanças nas séries hidrológicas podem ocorrer de muitas maneiras
diferentes. A alteração pode acontecer de forma abrupta (presença de saltos),
gradualmente (tendência), ou pode assumir formas mais complexas. As
mudanças podem ser vistas em valores médios, na variabilidade (variância,
extremos, persistência) ou na distribuição dentro de anos (por exemplo, na
mudança de sazonalidade e, no caso de vazões, nas mudanças nos regimes
fluviais). As mudanças abruptas, no caso das vazões, podem ser esperadas
como resultado de uma alteração repentina na bacia, como em construção de
reservatórios, transposição etc. Alterações hidrológicas graduais tipicamente
acompanham as mudanças que ocorrem lentamente, como a urbanização, o
desmatamento e as mudanças climáticas.
Em relação às mudanças ocasionadas pelo desenvolvimento urbano em
função do ciclo hidrológico, percebe-se, principalmente, alterações na
cobertura vegetal, provocando diversos efeitos que modificam os componentes
de tal ciclo. Com a urbanização, a cobertura da bacia é alterada para
pavimentos impermeáveis, e são introduzidos condutos para escoamento
pluvial, gerando as seguintes alterações no referido ciclo:
Redução da infiltração do solo;
Aumento do escoamento superficial;
Redução do escoamento subterrâneo;
Redução da evapotranspiração.
A impermeabilização impede que haja infiltração da água no solo,
aumentando picos de cheia e diminuindo a manutenção dos lençóis freáticos,
reduzindo, assim, a disponibilidade de água nos períodos de baixa
precipitação.
As consequências das alterações ocasionadas no ciclo hidrológico são
muitas, e existem evidências de que eventos extremos, como secas,
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enchentes, ondas de calor e de frio, furacões e tempestades, têm afetado
diferentes partes do planeta e produzido enormes perdas econômicas.
Os ecossistemas florestais, constituídos por parte aérea (árvores) e
parte terrestre (solos florestais), desempenham inúmeras funções: (1)
mitigação do clima (temperatura e umidade); (2) diminuição do pico do
hidrograma (redução de enchentes e recarga para os rios); (3) controle de
erosão; (4) melhoramento da qualidade da água no solo e no rio; (5) atenuação
da poluição atmosférica; (6) fornecimento do oxigênio (O2) e absorção do gás
carbônico (CO2); (7) prevenção contra ação do vento e ruídos; (8) recreação e
educação; (9) produção de biomassa; e (10) fornecimento de energia.
O ciclo da água também é afetado pelo desmatamento. Árvores extraem
água subterrânea através de suas raízes e liberam-na para a atmosfera.
Quando há um processo de desmatamento, não ocorre a evaporação desta
água, ocasionando um clima mais seco. Além disso, o desmatamento reduz o
teor de água no solo e de águas subterrâneas, promovendo uma redução na
coesão do solo e, consequentemente, um aumento dos processos erosivos,
deslizamentos de terra e inundações.
O ciclo da água é um dos reguladores de todos os outros ciclos, de tal
sorte que, caso ele seja quebrado ou mesmo tenha seu equilíbrio alterado de
alguma forma, todos os outros ciclos sofrerão abalos em sua forma de atuação.
Uma alteração no ciclo da água leva, por exemplo, a uma alteração no ciclo do
fósforo. É pela ação da água que parte do fósforo é retirado das rochas e
absorvido pelas plantas, e, em seguida, incorporado aos organismos
superiores via alimentação.
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2 CAPÍTULO 02 – USOS DA ÁGUA
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aproximadamente 91% da população é urbana - conforme pode ser
dimensionado pela Figura 09.
(COLOCAR A FIGURA 09 AQUI)
Figura 09 – Grau de organização do Brasil (Fonte: IBGE, 1991)
2
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 182, ao atribuir aos municípios a responsabilidade na
definição de suas políticas de desenvolvimento urbano, com a finalidade de ordenar o pleno incremento
das funções sociais das cidades, a partir da implementação do chamado plano diretor, deu um passo
importante para enfrentar este desafio. Em decorrência, surgiu o Estatuto das Cidades (Lei Federal n º
10.257/2001), reforçando o papel do plano diretor como instrumento fundamental de pl anejamento
sustentável das cidades, como instrumento de planejamento e norteador da política de
desenvolvimento e expansão urbana.
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áreas mais baixas. Ele se manifesta quando a quantidade da água das chuvas
é maior do que a capacidade de infiltração no solo. Assim, a infiltração das
águas no solo e o escoamento superficial são fatores relacionados e muito
importantes na distribuição da quantidade das águas pluviais. Nas condições
naturais, a sua variação é muito grande, dependendo dos tipos de solos e
rochas que lhes dão origem.
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A definição do que é urbano e rural para o planejamento do município é
feita a partir da aprovação de uma lei municipal pela Câmara de Vereadores;
em cada localidade, são desenhados os perímetros urbanos e rurais em função
dos interesses e das perspectivas de desenvolvimento territorial do município.
De acordo com o Instituto Polis (2004), essa definição conserva uma relação
estreita com os objetivos políticos, esbarrando muitas vezes em relações
clientelistas, o que resulta no crescimento da lógica de expansão do urbano
sobre o rural, com a abertura de loteamentos residenciais, muitas vezes de
cunho eleitoreiro. Além desse viés político, é comum haver certa precariedade
nos instrumentos de planejamento do território rural na maioria dos municípios
brasileiros, dos quais alguns ainda não possuem sequer mapas que mostrem
as estradas, recursos naturais, vilas etc. De fato, ainda se sabe muito pouco do
que ocorre fora dos perímetros urbanos.
Levando em conta que a transformação de um ambiente urbano e rural
pode resultar em alterações ambientais, compete ao poder público adequá-las
para que os efeitos negativos no local sejam os mínimos possíveis, sempre
priorizando a conservação dos recursos naturais.
Atualmente na zona rural do Brasil, além da rede coletora, existem
também o uso de fossa séptica (ligada ou não à rede de esgoto), fossas
rudimentares, entre outros (IBGE, 2011a). O mais comum é a fossa rudimentar
(que serve 48% da população rural do país), a qual, juntamente com outros
métodos e com a não coleta/tratamento do esgoto, corresponde ao percentual
da população rural que não é assistida com coleta adequada do esgoto. Essas
fossas são incluídas nessa lista porque as não funcionam como forma de evitar
a contaminação das águas superficiais e subterrâneas. O Gráfico 01 e a Tabela
02 apresentam os dados sobre as redes coletoras brasileiras de 1992 a 2009,
coletados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, efetuada
pelo IBGE.
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(COLOCAR O GRÁFICO 01 AQUI)
Gráfico 01 - Redes coletoras brasileiras de 1992 a 2009 (Fonte: IBGE).
27
A composição química das águas subterrâneas e sua evolução são
resultado da combinação dos diferentes tipos de água que infiltram o solo, do
tipo de solo e das rochas presentes no terreno. A concentração das
substâncias depende da velocidade de infiltração e das reações químicas que
ocorrem durante a percolação 3. O risco da contaminação do lençol freático
pode ser avaliado por meio da associação entre a vulnerabilidade natural do
aquífero e a carga contaminante potencial existente - a vulnerabilidade do
lençol depende da interação de três fatores:
A forma de ocorrência da água subterrânea;
O esqueleto litológico que sustenta o aquífero;
O nível do lençol freático.
3
Percolação é o avanço descendente da água na zona não saturada .
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encontrado em águas subterrâneas de zonas urbanas, oriundo da deposição
de excretas em fossas negras ou sépticas, constituindo-se em importante fator
de comprometimento do estado de saúde das populações.
Alta concentração de NO3- em água potável pode acarretar sérios danos
à saúde humana, como o câncer, especialmente o gástrico, em adultos. Para
crianças abaixo de 3 meses de idade, o consumo de águas com excesso de
nitrato pode provocar um quadro de meta-hemoglobinemia, caracterizada por
uma anemia profunda, conhecido como cianose ou “síndrome do bebê azul”,
podendo inclusive levar a criança a óbito por asfixia. Os nomes "cianose" e
"síndrome do bebê azul" se dão por conta da coloração azul ao redor dos olhos
e da boca do lactente. A Figura 10 apresenta um exemplo de cianose.
30
capacidade de retenção de oxigênio das águas e, consequentemente,
prejudicando a vida aquática. A água empregada para resfriar os equipamentos
nas usinas também causa sérios problemas de poluição. Essa água, que é
lançada nos rios ainda quente, faz aumentar a temperatura da água do rio e
acaba provocando a eliminação de algumas espécies de peixes, a proliferação
excessiva de outras e, em alguns casos, a destruição de todas. A poluição das
águas realizada pelas indústrias é causada, sobretudo, pelos compostos
orgânicos e inorgânicos.
A degradação dos recursos naturais e a contaminação da água por
fertilizantes e outros químicos vem crescendo e trazendo graves
consequências para o ambiente e para a saúde humana. O crescimento da
atividade agropecuária e a perda de sedimentos por meio do escoamento
superficial afetam a qualidade das águas superficiais não apenas no local de
origem da contaminação, mas também em outros pontos de interferência dos
recursos hídricos. A contaminação de águas superficiais e subterrâneas tem
um potencial extremamente poluente, pois se, por exemplo, o local onde for
aplicado o agrotóxico for próximo a um manancial hídrico que abasteça uma
cidade, a qualidade dessa água captada também deverá estar comprometida.
A indústria de mineração e de beneficiamento de minérios e as indústrias
petroquímicas, entre outras, são responsáveis pelo despejo ou descarga de
resíduos químicos letais (mercúrio, benzeno, enxofre, entre outros) nos solos e
rios, causando impactos muitas vezes irreversíveis na saúde das populações
residentes na região.
O lançamento de esgotos não tratados aumentou dramaticamente nas
últimas décadas, com impactos eutróficos severos sobre a fauna, a flora e os
próprios seres humanos. Outro tipo de contaminação da água ocorre por meio
do despejo de dejetos líquidos de suínos, que servem como fonte de nutrientes
às plantas. Porém, quando o seu uso é inadequado, podem causar o acúmulo
de fósforo no solo, que posteriormente pode ser transferido para o meio
aquático, causando eutrofização.
Uma parcela significativa das águas, depois de utilizadas para o
abastecimento público e nos processos produtivos, retorna suja aos cursos
d’água e, em muitos casos, leva ao comprometimento de sua qualidade para
os diversos usos, inclusive para a agricultura. Dependendo do grau de
31
poluição, essa água residual pode ser imprópria para a vida, causando, por
exemplo, a mortandade de peixes. Também pode haver liberação de
compostos voláteis, que provocam mau odor e sabor acentuado, e poderão
trazer problemas em uma nova operação de purificação e tratamento dessa
água. Segundo dados do BNDES (1998), 65% das internações hospitalares de
crianças menores de 10 anos estão associadas à falta de saneamento básico.
Nos países em desenvolvimento, onde se enquadra o Brasil, estima-se que
80% das doenças e mais de um terço das mortes estão associadas à utilização
e consumo de águas contaminadas. A hepatite infecciosa, o cólera, a disenteria
e a febre tifóide são exemplos de doenças de veiculação hídrica, ou seja, um
problema de saúde pública
O crescimento populacional e as atividades humanas têm se despontado
como os maiores responsáveis pela poluição do meio aquático. Ao longo dos
anos, os rios se tornaram depositários de rejeitos e resíduos de diversas
formas: os esgotos domésticos e as águas residuárias provenientes de
atividades pecuárias contribuem com elevadas cargas orgânicas; as indústrias,
com uma série de compostos sintéticos e elementos químicos potencialmente
tóxicos; e as atividades agrícolas, com a contaminação por pesticidas e
fertilizantes ricos em sais minerais. Essas ações antrópicas podem afetar a
qualidade do ambiente para os organismos aquáticos, ou mesmo para a saúde
humana, por meio da ingestão de águas contaminadas. As últimas décadas
foram marcadas pela crescente preocupação com o efeito das atividades
humanas sobre o meio ambiente. A sociedade organizada está cada vez
menos tolerante aos problemas associados à poluição hídrica.
Não existe na natureza água absolutamente pura. A água contém
matéria orgânica e inorgânica, às vezes não perceptíveis visualmente. É
comum classificar as impurezas encontradas na água como suspensas,
coloidais e dissolvidas. De acordo com a sua origem, as águas podem ser
genericamente classificadas como superficiais ou subterrâneas.
As águas subterrâneas (lençóis freáticos, semi-artesianos e
artesianos) são consideradas de melhor qualidade comparadas
às águas superficiais. Isto se deve ao fato de que, ao penetrar no
solo, as águas subterrâneas vêm sendo filtradas pelas diversas
camadas existentes - entretanto, podem conter altas
32
concentrações de substâncias minerais, e também sofrer
contaminações.
As águas superficiais (rios, lagos, mares, oceanos e geleiras)
podem sofrer maior contaminação, pois, ao percolarem pela
superfície do solo, fazem uma espécie de "lavagem", carregando
diferentes substâncias orgânicas, tais como terra,
microrganismos, fezes, entre outros.
33
EXERCÍCIOS
1) (ENEM) Segundo uma organização mundial de estudos ambientais, em
2025, duas de cada três pessoas viverão situações de carência de água,
caso não haja mudanças no padrão atual de consumo do produto. Uma
alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se
a disponibilidade global, seria:
a. desenvolver processos de reutilização da água.
b. explorar leitos de água subterrânea.
c. ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
d. captar águas pluviais.
e. importar água doce de outros estados.
34
II. a vegetação participa do ciclo hidrológico por meio da
transpiração.
III. o ciclo hidrológico condiciona processos que ocorrem na litosfera,
na atmosfera e na biosfera.
IV. a energia gravitacional movimenta a água dentro do seu ciclo.
V. o ciclo hidrológico é passível de sofrer interferência humana,
podendo apresentar desequilíbrios.
4) Explique:
a. Escoamento de base;
b. Infiltração.
35
GABARITO
1) A
2) E
3) D
4)
a. Escoamento de base ou subterrâneo é aquele produzido pelo
fluxo de água do aquífero livre (região saturada do solo com água
em movimento), sendo importante do ponto de vista ambiental,
uma vez que refletirá a produção de água na bacia durante as
estações secas (responsável pela alimentação do curso de água
durante o período de estiagem).
b. Infiltração é o processo mais importante de recarga da água no
subsolo. O volume e a velocidade de infiltração dependem de
vários fatores, como tipo e condição dos materiais terrestres
(presença de materiais porosos e permeáveis), cobertura vegetal,
topografia, precipitação e ocupação do solo.
5) O crescimento populacional e as atividades humanas têm se
despontado como os maiores responsáveis pela poluição do meio
aquático. Os rios se tornaram, ao longo dos anos, depositários de
rejeitos e resíduos de diversas formas: os esgotos domésticos e as
águas residuárias provenientes de atividades pecuárias contribuem com
elevadas cargas orgânicas; as indústrias, com uma série de compostos
sintéticos e elementos químicos potencialmente tóxicos; e as atividades
agrícolas, com a contaminação por pesticidas e fertilizantes ricos em
sais minerais. Essas ações antrópicas podem afetar a qualidade do
ambiente para os organismos aquáticos ou mesmo para a saúde
humana, por meio da ingestão de águas contaminadas. As últimas
décadas foram marcadas pela crescente preocupação com o efeito das
atividades humanas sobre o meio ambiente. A sociedade organizada
está cada vez menos tolerante aos problemas associados à poluição
hídrica.
36
UNIDADE 2
ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS E
BIOLÓGICOS DA ÁGUA
Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
características relacionadas.
Conteúdos da Unidade
antropogênicos.
37
3 CAPÍTULO 3 – ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA
ÁGUA
4
Teoria quântica proposta por Planck foi reforçada por um trabalho apresentado por Albert Einstein. Em
1905, Einstein, com base nas ideias de Planck, publicou um artigo sobre o chamado efeito fotoelétrico,
no qual demonstra que, quando um feixe de luz inci de sobre a superfície de certos metais, há emissão
de elétrons, cuja energia independe da intensidade da luz, e parece aumentar com a frequência da luz
incidente. Para explicar o modo particular como isso ocorre, Einstein se viu obrigado a considerar o rai o
luminoso como uma chuva de partículas, ou seja, pequenos pacotes de luz. Vinte anos mais tarde, essas
partículas seriam chamadas de fótons. Então, de novo, tínhamos a radiação – desta vez, luminosa – se
propagando de forma descontínua, em pequenos pacotes de energia. Essa nova descrição da luz parecia
estar em confronto com a ideia, então mais aceita, segundo a qual a luz consiste em ondas que se
propagam de forma contínua. O próprio Planck relutou muito a aceitar a existência dos fótons. Ele teve
que rever tudo em que acreditava: as sólidas bases da física clássica. Em 1907, ainda inspirado em
Planck, Einstein inaugurou a teoria quântica da matéria, descrevendo propriedades sobre como os
corpos se aquecem. Essa teoria explica propriedades da absorção de c alor pelo diamante, que durante
muitos anos desafiava qualquer explicação baseada na física clássica.
38
o Propriedades químicas: são aquelas que se referem à capacidade de
uma substância de sofrer transformações.
39
Assim, a água tem uma carga negativa parcial (δ -) junto ao átomo de
oxigênio, devido aos pares de elétrons não compartilhados, e tem cargas
positivas parciais (δ+) junto aos átomos de hidrogênio. Uma atração
eletrostática entre as cargas positivas parciais dos átomos de hidrogênio e a
carga negativa parcial do átomo de oxigênio resulta na formação de forças
intermoleculares (forças atuantes entre moléculas), que conferem forte
interação5 às moléculas de água.
O quadro 02 apresenta os tipos de forças intermoleculares (ou
interações intermoleculares) existentes e as espécies envolvidas.
5
Quando moléculas, átomos ou íons aproximam-se uns dos outros, dois fenômenos podem ocorrer: (i)
eles podem reagir ou (ii) eles podem interagir. Uma reaç ão química, por definição, requer que ligações
químicas sejam quebradas e/ou formadas.
40
energia de ligação (a energia necessária para romper a ligação) equivalente a
4,7 kcal/mol, se comparada com 110kcal/mol para a ligação covalente entre os
átomos de oxigênio e hidrogênio (O-H).
Aproximadamente dois terços do valor de vaporização da água, no ponto
de ebulição, são gastos na destruição das ligações de hidrogênio (Figura 13).
O ponto de ebulição da água é anormalmente alto, devido ao número de
ligações de hidrogênio existentes. A molécula de água, com um peso molecular
de 18 u.m.a., tem o ponto de ebulição mais alto entre todas as moléculas com
peso molecular menor que 100 u.m.a..
41
viscosa, como acontece com a glicerina, que também forma ligações de
hidrogênio entre suas moléculas.
Importante: A viscosidade de um líquido geralmente é uma indicação da
intensidade das forças entre as moléculas: interações intermoleculares fortes
mantêm as moléculas unidas, dificultando seu afastamento que caracteriza o
escoamento, aumentando a viscosidade do líquido. A predição da viscosidade,
entretanto, é difícil, porque não depende apenas da intensidade das forças
intermoleculares, mas também da facilidade com que as moléculas do líquido
assumem diferentes posições, devido ao movimento.
42
inviabilizando a existência de formas de vida nesses locais. Se assim fosse, a
Terra estaria confinada a uma era de gelo permanente, e a vida talvez nunca
tivesse prosperado.
43
Tabela 03 – Algumas propriedades físicas da água líquida (Fonte: Fonte: http://www.moretti.agrarias.ufpr.br)
(COLOCAR A TABELA 3 AQUI)
44
Uma característica típica da estrutura do gelo é o espaço vazio que a rede
cristalina contém: a formação das ligações de hidrogênio impede um
empacotamento compacto das moléculas e ocasiona uma separação mínima
entre átomos de oxigênio vizinhos. Em consequência, existe um volume
apreciável de espaço não ocupado por átomos no meio das unidades hexagonais
e, por isso, diz-se que a estrutura do gelo é muito aberta.
45
Em outras palavras, tensão superficial também pode ser definida como a
força resultante da atração entre as moléculas do interior do líquido pelas
moléculas na sua superfície. A magnitude dessa força, que atua
perpendicularmente sobre um ponto a uma distância longitudinal plana da
superfície, é dada por:
46
densidade semelhante) que apresentem tensão superficial elevada formam gotas
maiores que líquidos de tensão superficial baixa no mesmo conta-gotas.
47
Detergentes, sabões em pó e outros compostos que contêm substâncias
tensoativas diminuem a tensão superficial de ecossistemas aquáticos,
prejudicando os organismos que vivem na superfície da água.
48
Portanto, a capacidade térmica é proporcional à massa dos corpos. Essa
proporcionalidade é definida por uma grandeza denominada calor específico (c),
que é determinada pela razão constante entre a capacidade térmica e a massa de
uma substância, expresso matematicamente pela equação 03:
(Equação 03)
3.1.4 Salinidade
Salinidade é uma medida da quantidade de sais dissolvidos, expressa em
gramas de material dissolvido num quilograma de água do mar. Um valor médio
para a água do mar é 35 g por 1000 g, expresso por 35‰ (partes por mil) ou, hoje
em dia, apenas 35. O efeito dos sais dissolvidos na água do mar altera as
propriedades físicas da água pura, mas não faz com que ela desenvolva novas
propriedades. Ele induz a:
Pequenas variações na compressibilidade, expansão térmica e
índice de refração;
Grandes variações no ponto de congelamento, densidade,
temperatura de densidade máxima e condutividade elétrica.
49
4 CAPÍTULO 4 – ASPECTOS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA
ÁGUA
50
Deses usos, os quatro primeiros implicam na retirada significativa de água
das fontes onde se encontram (uso consuntivo). Os demais usos são
considerados não consuntivos6, em função da não retirada do recurso do meio
original. Biologicamente, a água tem determinadas funções, como no
funcionamento e manutenção do corpo humano.
A ONU considera que o acesso básico ocorre quando uma família dispõe de, pelo
menos, 20 litros de água per capita por dia e percorre uma distância inferior a 1 km para
buscá-la. Sob o ponto de vista da garantia de uma boa saúde, a Organização Mundial da
Saúde aponta que o acesso diário mínimo é de 50 litros de água por pessoa/dia. No
Brasil, são estimados parâmetros médios de consumo de 200 a 270 litros por pessoa/dia
para a projeção de sistemas de abastecimento urbano de água, com o objetivo de definir
os investimentos necessários para o atendimento da demanda hídrica local. No meio
rural, estima-se que a demanda média esteja entre 70 e 100 litros per capita/dia.
Com relação à produção de alimentos, os parâmetros de demanda variam de
acordo com cada cultura e o tipo de irrigação utilizada. A agricultura irrigada é
responsável por grande desperdício de água - seja devido ao uso de equipamentos mal
dimensionados, com grandes perdas de água nos sistemas por falta de manutenção,
devido a turnos de rega que tendem a utilizar mais água do que a necessária, ou ao uso
de sistemas de irrigação inadequados para as condições climáticas.
Devido à alta demanda de alimentos, há a degradação dos solos, a baixa
resposta positiva da produtividade ao uso de fertilizantes e defensivos, e a escassez de
água, principais entraves que inviabilizaram o aumento da produção agrícola compatível
com a população.
O Brasil é possuidor de uma das maiores áreas agrícolas do planeta,
ocupando cerca de 3,5 milhões de km2, ou 353,6 milhões de hectares (41,4% da
área territorial do país). E há ainda no Brasil 100 a 200 milhões de hectares
potencialmente aproveitáveis para uso agropecuário. O consumo de água para a
produção da carne bovina contabiliza a água utilizada desde o início do cultivo até
a comercialização final da carne, considerando-se, por exemplo, as demandas:
do consumo direto (aproximadamente um consumo per capita de 60
litros/água/dia);
para produção de ração, capins e forrageiras;
6
O uso consuntivo ocorre quando parte da água captada é consumida no processo produtivo, não
retornando ao curso de água. E o uso não consuntivo refere-se ao uso da água captada ou utilizada em
determinada atividade que é devolvida na mesma quantidade e qualidade, ou então a água é utilizada
apenas como meio para determinada atividade.
51
de tratamento (serviços como limpeza);
para processamento dos produtos finais.
52
A) Riscos relativos à ingestão de água contaminada por
agentes biológicos (vírus, bactérias e parasitas), através de
contato direto ou por meio de insetos vetores que
necessitam da água em seu ciclo biológico;
B) Riscos derivados de poluentes químicos e, em geral,
efluentes de esgotos industriais.
53
Cólera
Doença infecciosa aguda, transmissível, caracterizada, em sua forma mais
evidente, por diarreia aquosa súbita, cujo agente etiológico é o Vibrio cholerae
(bactéria Gram-negativa, em forma de bastonete encurvado, móvel), transmitida
principalmente pela contaminação fecal da água, alimentos e outros produtos que
vão à boca. A cólera é um modelo clássico de enterotoxigenicidade 7.
Disenteria bacilar
Bactérias do gênero Shigella são bacilos Gram-negativos, não formadores
de esporos, anaeróbios facultativos, pertencentes à família Enterobacteriaceae.
Este gênero é constituído por quatro espécies: S. dysenteriae, S. flexneri, S.boydii
e S. sonnei Shigella sp. Caracteriza-se por dor abdominal e cólica, diarreia com
sangue, pus ou muco; febre, vômitos e tenesmo, que iniciam-se, em geral, um ou
dois dias após a exposição às bactérias. Geralmente, trata-se de infecção auto
limitada, durando de 4 a 7 dias. A infecção grave, com febre alta, pode estar
associada com convulsões em crianças menores de 2 anos de idade.
Febre tifoide
A febre tifoide é uma doença bacteriana aguda de distribuição mundial. É
causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi. Está associada a baixos níveis
socioeconômicos, relacionando-se, principalmente, com precárias condições de
saneamento e de higiene pessoal e ambiental. A sintomatologia clínica clássica
consiste em febre alta, cefaleia, mal-estar geral, dor abdominal, falta de apetite,
bradicardia relativa (dissociação pulso-temperatura), esplenomegalia, manchas
rosadas no tronco (roséolas tíficas), obstipação intestinal ou diarreia e tosse seca.
Como fator de transmissão indireta, há a relação estreita com a água (sua
distribuição e utilização) e alimentos, que podem ser contaminados com fezes ou
urina de um doente ou portador.
Hepatite A
7
É a capacidade de uma bactéria produzir toxinas, podendo ser: exotoxinas, quando a b actéria libera
toxinas pra fora dela; ou endotoxinas, quando as toxinas estão dentro da bactéria a nível entérico.
54
A forma mais comum de transmissão é a oral, por meio da ingestão do
vírus com alimentos ou água contaminados. Nos países subdesenvolvidos, a
transmissão se dá pela ingestão de água, alimentos e objetos contaminados, e a
infecção é precoce, ocorrendo após os oito meses de idade, quando os anticorpos
maternos começam a desaparecer. Nos países em desenvolvimento, a
transmissão clássica por água e alimentos contaminados, precoce, vai diminuindo
na medida em que as condições higiênicas vão melhorando, como tem sido
observado no Sul e Sudeste do Brasil. Doença infecciosa viral, contagiosa,
causada pelo vírus A (HAV) e também conhecida como “hepatite infecciosa”,
“hepatite epidêmica”, ou “hepatite de período de incubação curto”. O agente
etiológico é um pequeno vírus RNA, membro da família Picornaviridae.
Febre paratifoide
A febre paratifoide é mais rara do que a tifoide, causada pela Salmonella
paratyphi dos tipos “A”, “B” ou “C”. Sua fonte de infecção é a mesma da febre
tifoide.
Gastroenterites
As Salmonellas se difundem amplamente na natureza, podendo estar
presentes no solo, no ar, na água, em águas residuais, nos animais, nos seres
humanos, nos alimentos, nas fezes, nos equipamentos etc. Entretanto, seu
habitat natural é o trato intestinal dos seres humanos e animais. As salmoneloses
caracterizam-se por sintomas que incluem diarreia, febre, dores abdominais e
vômitos. Os sintomas aparecem, em média, 12 a 36 horas após o contato com o
microrganismo, durante um a quatro dias.
Diarreia infantil
As doenças diarreicas agudas são enfermidades infecciosas e
transmissíveis, que pertencem ao grupo das gastroenterites provocadas por
diferentes agentes infecciosos. Os agentes enteropatogênicos mais comuns são
as bactérias Escherichia coli (patogênica, toxigênica e invasiva), Shiguella,
Salmonella, Campylobacter, protozoários como Giardia lamblia, Entamoeba
hystolítica, Criptosporidium e os vírus Rotavírus e Adenovírus. Os helmintos mais
comuns são Trichuris trichiura, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis
55
e Schistosoma mansoni. A diarreia aguda é uma das principais causas de
mortalidade nos países em desenvolvimento, especialmente em crianças
menores de seis meses. A diarreia mata por desidratação e causa morbidade por
desnutrição.
Leptospirose
A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias do gênero leptospira,
que compreende duas espécies: L. biflexa, de vida livre e L. interrogans,
patogênica. Essa última é subdividida em sorovares 8, de acordo com diferenças
antigênicas. A infecção ocorre, na maioria das vezes, de maneira indireta, através
do contato com água ou solo úmido contaminado e a subsequente penetração da
leptospira em abrasões na pele e mucosas, intactas ou não. O contato direto com
urina e tecidos de animais é responsável por uma proporção menor das
infecções, sendo mais comum em algumas profissões, como veterinários e
açougueiros. Dentre as manifestações clínicas, realça-se febre alta com calafrios,
dores abdominais, diarreia e cefaleias.
8
Diferente variedade de uma determinada espécie de bactéria, tendo por base a especificidade
imunológica de determinados componentes da superfície da célula, como os da parede celular ou do
flagelo.
56
EXERCÍCIOS
57
que o normal. Isso deixa a região temerosa, pois o açude abastece
várias cidades da região Norte do Ceará - sem falar que o açude
abastece também o Perímetro Irrigado Araras Norte. Isso está deixando
os irrigantes apreensivos, pois eles temem a possibilidade de
racionamento de água por parte do açude, afetando diretamente o
perímetro Araras Norte e o perímetro Baixo Acaraú, este dependente do
rio Acaraú, abastecido pelo açude Araras. O DNOCS afirmou que a
água, em primeiro plano, é para o consumo humano, e com isso todas
as cidades abastecidas pelo açude Araras não sofrerão nenhum
racionamento, pois o açude tem água para mais alguns anos sem
chuvas, ainda não sendo hora de alarmes. Mas todos os municípios
devem começar a racionar voluntariamente sua água, para que não
falte no futuro.”
(http://www.robertoliranoticia.net/2013/05/varjota-estiagem-deixa-acude-
araras-sob.html; acesso em 12/05/2014. Adaptado.).
58
d. A quantidade de água evaporada por unidade de volume, e a
quantidade de água condensada pela mesma unidade de
volume, devem ser iguais para que haja uma preocupação mais
efetiva e para que, posteriormente, seja adotada uma ação de
racionamento de água na região atendida pelo açude Araras.
e. Deve-se adotar uma postura no sentido de estimular um uso
racional de água potável, quando as taxas de evaporação das
águas dos reservatórios de uma dada região forem superiores às
taxas de condensação das massas de ar dessa dada região.
59
GABARITO
1) D
2) E
3) E
4) A viscosidade de um líquido geralmente é uma indicação da intensidade
das forças entre as moléculas: interações intermoleculares fortes mantêm
as moléculas unidas, dificultando seu afastamento, que caracteriza o
escoamento, aumentando a viscosidade do líquido. A predição da
viscosidade, entretanto, é difícil, porque não depende apenas da
intensidade das forças intermoleculares, mas também da facilidade com
que as moléculas do líquido assumem diferentes posições, devido ao
movimento.
5) A
60
UNIDADE 3
A POLUIÇÃO
Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
os processos de autodepuração.
Conteúdos da Unidade
61
5 CAPÍTULO 5 – A POLUIÇÃO
62
resultado da soma das pressões sobre o meio ambiente, tem-se a poluição
ambiental.
Analisando o lado direito da mesma figura, pode-se constatar que quanto
maior for a população, maior será o consumo de alimentos, energia, água,
minerais etc., e, consequentemente, maior será a pressão sobre os ecossistemas
naturais, e maior a degradação da biosfera, ou seja, maior a poluição ambiental.
Assim, conclui-se que o crescimento populacional pode ser apontado como causa
maior da degradação ambiental. Rico polui, pobre também polui. Este, por
necessidade de sobrevivência, aquele, muitas vezes por ganância. Porém, a
população não pode crescer indefinidamente, pois está limitada à capacidade de
suporte do planeta. A capacidade de suporte para a vida humana varia de acordo
com a forma como o homem maneja os recursos naturais, podendo ser
melhorada ou piorada pelas atividades humanas. Cria-se assim um ciclo vicioso,
no qual a população crescente polui o ambiente, e o ambiente assim degradado
vai perdendo a sua capacidade de suporte.
Toda atividade humana (seja produção ou consumo) produz resíduos,
alguns dos quais podem ser reutilizados ou reciclados nos processos de produção
em que estão inseridos. Os resíduos que não podem ser reutilizados ou
reciclados tornam-se lixo depositado no meio ambiente, seja na sua forma original
ou após passar por algum tipo de tratamento. O meio ambiente tem uma certa
capacidade natural de assimilar determinados tipos de dejetos sem causar efeitos
negativos a si próprio. Os dejetos não assimilados resultam em poluição.
63
No contexto hídrico, o crescimento demográfico e a expansão industrial,
em ambiente urbano, vêm provocando grandes conflitos entre o ambiente natural
e o desenvolvimento físico-urbanístico. Com o aumento do processo de
urbanização e industrialização, assistimos ao desmatamento, à ocupação de
áreas inadequadas para a construção de infraestruturas e à proliferação da
atividade urbana e industrial nas cidades - fatores que têm consequências graves
ao nível da degradação do solo e dos rios, devido à contaminação provocada pela
descarga de resíduos e efluentes, produzidos tanto pela ação doméstica quanto
pela ação industrial, e que vão sendo transportados para os campos agrícolas,
promovendo a contaminação das águas e do solo.
IMPORTANTE: Poluição hídrica é todo ato ou fato pelo qual se lance na água
qualquer produto que provoque a alteração das características dela, ou a torne
imprópria para o uso. A água é considerada poluída quando a sua composição
está alterada, de forma que se torna inadequada para as pessoas no estado
natural. São as alterações de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas
que a tornam nociva para a saúde e o bem estar da população, ou imprópria para
uso, tanto para fins domésticos, agrícolas, industriais e recreativos, como para a
fauna e a flora. As causas mais comuns da poluição da água são os despejos de
dejetos humanos e industriais e de produtos químicos e/ou radioativos.
64
5.2.1 Poluição Sedimentar
Resulta do acúmulo de partículas em suspensão (por exemplo, partículas
de solo ou de produtos químicos insolúveis, orgânicos ou inorgânicos). Esses
sedimentos poluem de várias maneiras:
o Os sedimentos bloqueiam a entrada dos raios solares na lâmina de
água, interferindo na fotossíntese das plantas aquáticas e
diminuindo a capacidade dos animais aquáticos de verem e
encontrarem comida;
o Os sedimentos também carregam poluentes químicos e biológicos
neles adsorvidos. Mundialmente, os sedimentos constituem a maior
massa de poluentes e geram a maior quantidade de poluição nas
águas.
65
5.2.4 Poluição Química
Causada por produtos químicos estranhos ao ambiente, tornando-se
nocivos ou indesejáveis, cujos resultados podem ser catastróficos. Sobre esse
tipo de poluição, os principais agentes poluidores são:
o Os fertilizantes empregados na agricultura, que são arrastados pelas
chuvas para córregos, rios, lagos e lençóis subterrâneos. Esses
agentes poluidores contêm em sua composição nitratos ( ) e
fosfatos ( ), que favorecem processos de eutrofização;
o Os materiais orgânicos sintéticos, como plásticos, detergentes,
solventes, tintas, produtos farmacêuticos etc. Esses agentes são
muito variados e geralmente alteram diferentes propriedades físicas
(cor, sabor e toxidez) e químicas (pH, concentrações de
substâncias, equilíbrios químicos diversos etc.) da água, causando
acúmulos sólidos;
o O petróleo e seus derivados, usados na forma de combustíveis em
embarcações ou quando transportados por oleodutos no fundo do
mar, ou por navios;
o Os materiais inorgânicos, como minerais ou produtos industriais, que
podem causar variações de pH, salinidade, concentração de gases,
além de tornarem a água tóxica; além da possibilidade da perigosa
contaminação por diferentes metais pesados (Cu, Zn, Pb, Cd, Hg,
Ni, Sn etc.).
66
5.3 PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO
As emissões de nutrientes nos corpos d'água são provenientes de fontes
pontuais e difusas de poluição. As fontes pontuais se caracterizam por lançarem,
de forma constante, efluentes em locais específicos, sendo os esgotos
domésticos e efluentes industriais as principais fontes de contribuição desta
natureza. As fontes difusas ou não pontuais são resultantes de ações dispersas
na bacia hidrográfica e não podem ser identificadas em um único local de
descarga, sendo difíceis de mensurar e identificar, com aportes significativos no
período chuvoso. As fontes mistas são aquelas que englobam características de
cada uma das fontes anteriormente descritas.
As cargas poluidoras não pontuais (ou difusas) são geradas em áreas
extensas e chegam aos corpos de água de forma intermitente, dificultando, assim,
sua identificação, medição e controle. As cargas difusas estão intimamente
associadas à geologia, ao uso do solo (presença e tipo de floresta, práticas
agrícolas e pastagens) e à morfologia da bacia de drenagem.
A poluição difusa é complexa e provém de diversas fontes, tais como freios
de automóveis, resíduos de pneus, resíduos de pinturas em geral, fezes de
animais, resíduos de ferro, zinco, cobre e alumínio de materiais de construção,
deposição seca e úmida de particulados de hidrocarbonetos, restos de vegetação,
derramamentos, erosão, fuligem, poeira, enxofre, metais, pesticidas, nitritos e
nitratos, cloretos, fluoretos, silicatos, cinzas, compostos químicos e resíduos
sólidos, entre outros. Além das fontes acima citadas, corroboram para a poluição
difusa as ligações clandestinas de esgotos, efluentes de fossas sépticas,
vazamentos de tanques de combustível enterrados, restos de óleo lubrificante,
tintas, solventes, e outros produtos tóxicos despejados em sarjetas e bueiros
também contribuem para o aumento das cargas poluidoras transportadas pelas
redes de drenagem urbana. A tabela 05 apresenta as características das fontes
de poluição.
67
Tabela 05 – Características das fontes de poluição (Fonte: http://www.vetorial.net/~regissp/pol.pdf)
Pesticidas/ Micropoluentes
Fontes Bactéria Nutrientes Óleos e Graxas
Herbicidas Orgânicos Industriais
Fontes Pontuais
Esgoto Doméstico 3 3 1 3
Esgoto Industrial 1 3-G 2
Fontes Difusas
Agrícolas 2 3 3-G
Dragagem 1 2 3 1
Navegação e portos 1 1 1 3
Fontes Mistas
Escoamento urbano e depósitos de lixo 2 2 2 2 2
Depósitos de cargas industriais 1 1 3 1
Legenda:
(1) Fonte de significância local
(2) De moderada significância local/regional
(3) De significância regional
(4) De significância global
68
5.4 PRINCIPAIS POLUENTES DA ÁGUA E SEUS EFEITOS
69
consumem por meio do processo de respiração, podendo causar a redução da
concentração do OD ao meio. Outras formas de consumo de OD ocorrem através
da nitrificação (oxidação da amônia a nitrato) e da demanda bentônica (lodo de
fundo). Se o seu consumo for exorbitante, ocorrerá a morte de seres aquáticos,
inclusive dos peixes; e, ainda, se o consumo do OD for total, o meio passa a ser
anaeróbio e pode causar odores. Portanto, o OD é um parâmetro de
caracterização de poluição das águas por despejos orgânicos.
Nas indústrias, as águas podem ser utilizadas de diversas formas, tais
como:
Incorporação aos produtos;
Limpezas de pisos, tubulações e equipamentos;
Resfriamento;
Aspersão sobre pilhas de minérios para evitar o arraste de finos, e sobre
áreas de tráfego, para evitar poeiras;
Irrigação;
Lavagens de veículos;
Oficinas de manutenção;
Consumo humano e usos sanitários.
70
As características dos efluentes industriais são inerentes à composição das
matérias-primas, das águas de abastecimento e do processo industrial. A
concentração dos poluentes nos efluentes ocorre em função das perdas no
processo ou pelo consumo de água. Um efluente pode conter poluentes orgânicos
e inorgânicos, os quais podem estar solúveis na água ou em suspensão na forma
de partículas (sólidas ou líquidas). O material em suspensão pode ser removido
da água por métodos físico-químicos, cuja escolha dependerá das características
do material particulado (tamanho, densidade, carga elétrica etc.). Nessa
operação, gera-se um resíduo sólido ou pastoso, cujo destino deve ser estudado
caso a caso. O material solúvel é removido por métodos físico-químicos ou
biológicos.
5.4.2 Agroquímicos
Do ponto de vista ambiental, o pesticida deveria eliminar os organismos-
alvo sem atuar nos demais seres que se encontram no ambiente, e então ser
degradado e dissipado do meio ambiente. Entretanto, isso nem sempre acontece.
Os períodos de ação efetiva de um pesticida e de sua permanência no solo
estabelecem sua persistência no ambiente. A persistência de um produto químico
no solo é parâmetro importante na avaliação da qualidade ambiental, uma vez
que ele, diretamente, através de pulverizações e fumigações; bem como
indiretamente, pela queda de folhas e frutos tratados, podem ser lixiviados,
contaminando ambientes aquáticos.
A degradação da qualidade de águas subterrâneas e superficiais tem sido
identificada como a principal preocupação no que diz respeito ao impacto da
agricultura no ambiente. A contaminação de coleções de água superficiais e
subterrâneas tem um potencial extremamente poluente, pois se, por exemplo, o
local onde o agrotóxico for aplicado for próximo a um manancial hídrico que
abasteça uma cidade, a qualidade dessa água captada também deverá estar
comprometida.
Em contato com o solo, esses compostos podem sofrer processos de
transporte, tais como lixiviação, volatilização, adsorção e escoamento superficial,
podendo também sofrer processos de transformação, como degradação química,
hidrólise, fotólise, hidroxilação etc., e/ou degradação por microrganismos. Assim,
dependendo do tipo de transformação, esses pesticidas e/ou seus metabólitos
71
podem ter diferentes destinos no ecossistema: sofrer mineralização total,
permanecer por longo tempo no solo, atingir águas subterrâneas, ou ser
bioacumulado através da cadeia alimentar.
Destacando-se por essas características, os organoclorados têm maior
probabilidade de estarem ligados à superfície do material particulado orgânico em
suspensão na água e nos sedimentos do que estar dissolvido na própria água.
Com isso, são lentamente liberados para a água e introduzidos nos organismos
aquáticos, como os peixes. Eles são compostos orgânicos de difícil degradação,
hidrofóbicos e bioacumulativos. Apresentam alta estabilidade química,
fotoquímica e taxa de biodegradação muito lenta. Alguns desses compostos
encontram-se no ambiente aquático, em concentrações que não são perigosas ou
tóxicas. No entanto, em consequência do fenômeno da bioacumulação, sua
concentração no tecido dos organismos aquáticos pode ser relativamente alta,
caso não possuam mecanismos metabólicos que eliminem os compostos após
sua ingestão. Nesta classe de compostos estão incluídos uma grande variedade
de compostos orgânicos, como os halogenados, agroquímicos (pesticidas),
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, dioxinas, furanos e os estrogênios
ambientais.
Muitos agroquímicos, como o DDT, Metoxicloro, Toxafeno, Dieldrin,
bifenilas policloradas (PCB’s); e outros compostos químicos sintéticos, como as
dioxinas e os ésteres do tipo ftalato; foram encontrados em concentrações
relativamente elevadas em tecidos de peixes e outros animais aquáticos,
especialmente daqueles provenientes de rios e lagos, localizados próximos a
grandes centros industriais. A evidência dos efeitos tóxicos dessas substâncias é
causa de grande preocupação, e a legislação tem estabelecido restrições no
consumo de peixes provenientes de regiões poluídas. Esses compostos
mimetizam a ação de hormônios, afetando a saúde reprodutiva dos organismos
superiores, sendo conhecidos como estrogênios ambientais.
O desenvolvimento da agricultura em terras sem curvas de nível e sem
conservação das matas ciliares possibilita com maior facilidade o carreamento de
agrotóxicos e de fertilizantes, causando a erosão e o assoreamento dos rios,
desviando o leito dos rios e diminuindo a altura da lâmina d’água, criando
depósitos e diminuindo a vida aquática.
72
5.4.3 Metais Pesados
Os principais fatores para a contaminação de sistemas aquáticos são as
descargas de efluentes domésticos ou industriais e a lixiviação de pesticidas em
áreas agrícolas. Sendo assim, as regiões costeiras e estuarinas recebem esses
efluentes, na maioria das vezes sem tratamento adequado, ficando contaminadas
por metais pesados, compostos químicos orgânicos e nutrientes; expondo, por
conseguinte, toda a vida marinha.
Os termos “metais pesados”, “metais tóxicos”, “metais traço”, “elementos
traço” e ainda “constituintes traço” têm sido utilizados como sinônimos na
literatura, referindo-se a elementos (nem sempre metais) de alto potencial
toxicológico e associados à poluição. Por outro lado, diversos cientistas defendem
que o termo “metal pesado” teria surgido como uma conveniência para os
legisladores, a fim de referir-se a metais com potencial tóxico. Cádmio, mercúrio,
chumbo e bismuto têm sido frequentemente mencionados, até porque a atividade
humana causou o aumento da sua concentração no ambiente.
Diferentemente do senso comum, nem todos os metais causam danos à
saúde humana e animal. São danosos aqueles que estiverem em formas não
disponíveis biologicamente, e caso a dieta do organismo que o ingeriu não
contiver determinados elementos que se complexam com os metais, tendo como
produto final um metal sob uma forma então tóxica.
Os metais podem ser introduzidos nos ecossistemas aquáticos de maneira
natural ou artificial. Naturalmente, isso ocorre por meio do aporte atmosférico e
das chuvas, pela liberação e transporte a partir da rocha matriz ou outros
compartimentos do solo onde estão naturalmente. De modo artificial, isso ocorre
por fontes antropogênicas de diversos ramos: esgoto in natura de zonas urbanas,
efluentes de indústrias, atividades agrícolas e rejeitos de áreas de mineração e
garimpos. A agricultura, por exemplo, constitui uma das mais importantes fontes
não pontuais de poluição por metais em corpos d’água. As principais fontes
liberadoras são os fertilizantes (Cd, Cr, Pb, Zn), os pesticidas (Cu, Pb, Mn, Zn), os
preservativos de madeira (Cu, Cr), e os dejetos de produção intensiva de bovinos,
suínos e aves (Cu, As, e Zn).
Além disso, os metais lançados no solo a partir da agricultura são
carreados para os rios devido ao escoamento de águas superficiais provenientes
73
das chuvas, persistindo no meio aquático por apresentarem forma livre, ou iônica,
o que facilita sua acumulação nos tecidos dos animais, principalmente dos peixes.
74
5.4.4 Petróleo
O que se tem notado, nas duas últimas décadas, é que a poluição causada
por petróleo e seus derivados tem sido um dos principais problemas ao meio
ambiente. Quando ocorre o derramamento de gasolina no solo, por exemplo, uma
das principais preocupações é a contaminação das águas subterrâneas, que
também podem contaminar, especialmente, os aquíferos, que são usados como
fontes de abastecimento de água para o consumo humano. Os frequentes
derramamentos de petróleo e seus derivados registrados em solos brasileiros
vêm motivando o desenvolvimento de novas técnicas que visam, principalmente,
a descontaminação dessas matrizes. Diante disso, diversas técnicas físicas,
químicas e biológicas vêm sendo desenvolvidas para a remoção ou a
degradação in-situ ou ex-situ do petróleo derramado e para a redução de seus
efeitos sobre o ecossistema, especialmente os tóxicos.
Em poluição, atribui-se o termo intemperismo, também referenciado como
intemperização natural ou atenuação natural, aos efeitos combinados de
processos naturais, bióticos e abióticos, que reduzem a persistência, a
mobilidade, a massa e a toxicidade dos hidrocarbonetos do petróleo liberados no
meio ambiente. No processo de intemperização, geralmente são os
hidrocarbonetos aromáticos voláteis, como BTEX, que apresentam taxas
significativas. Os demais compostos, de maiores cadeias carbônicas, são
relativamente insolúveis em água, se comparados aos BTEX. Dessa forma, os
hidrocarbonetos do petróleo mais pesados, como os policíclicos aromáticos, ficam
retidos na região da fonte por longos períodos de tempo.
Quando ocorre um vazamento de petróleo no mar, são formadas manchas
de óleo que se espalham pela superfície das águas, carregadas por correntes
marítimas. Esses derramamentos sempre causam grandes impactos aos seres
que fazem parte do ecossistema afetado. Entre os principais impactos,
encontram-se:
Morte direta de organismos;
Alteração na estrutura alimentar (com o desaparecimento de espécies mais
sensíveis);
Interferência nos índices de reprodução de animais;
Morte ecológica (impedindo os organismos de realizarem suas funções no
ecossistema).
75
UNIDADE 3
6.1.2 Sedimentos
Os sedimentos que atingem a macrodrenagem se depositam devido à
redução de declividade e da capacidade de transporte. Os sedimentos
depositados reduzem a capacidade de escoamento de cheias dos canais da
macrodrenagem, e as inundações se tornam mais frequentes. A atividade
humana não somente acelera o processo de erosão, mas também sofre as
consequências desse processo. O transporte de sedimentos afeta a qualidade da
76
água para consumo humano e para outras finalidades, na medida em que ele
próprio constitui-se como poluente e, ao mesmo tempo, atua como catalisador,
carreador e agente fixador de outros poluentes.
A associação de poluentes tóxicos com materiais finos produz redução da
qualidade da água. Da mesma forma, os depósitos de sedimentos associados
com esgoto sanitários, devido à interligação clandestinas dos sistemas pluviais,
são fontes de degradação anaeróbia que se formam na rede de escoamento.
Esses depósitos geram a demanda de oxigênio bentônica. Portanto, os impactos
do transporte do escoamento pluvial estão relacionados à acumulação de
nutrientes, metais, hidrocarbonetos e bactérias nos sedimentos. Em resumo, as
principais consequências ambientais da produção de sedimentos são as
seguintes: assoreamento da drenagem, com redução da capacidade de
escoamento de condutos, rios e lagos urbanos; e o transporte de poluentes
agregados ao sedimento, que contaminam as águas pluviais.
6.1.3 Nutrientes
O crescimento da população e das cidades, além do desenvolvimento de
novas tecnologias e produtos, gera cada vez mais resíduos líquidos e sólidos, os
quais, quando dispostos inadequadamente, causam impactos negativos ao meio
ambiente. A eutrofização resulta no aumento de produtividade e da biomassa
algal, e na redução da diversidade fitoplanctônica, com predominância de alguns
grupos. O crescimento excessivo do fitoplâncton, denominado floração, causa
problemas, como a redução das concentrações de oxigênio, levando à morte de
organismos aquáticos; e as alterações na coloração e odor das águas. Muitas
florações em ambientes de água doce são causadas por populações de
cianobactérias. Como muitas espécies são consideradas nocivas, eventos de
florações despertam preocupações, devido aos riscos à saúde pública,
especialmente quando a água do manancial é utilizada para o abastecimento
público.
Todas as impurezas da água, exceto os gases dissolvidos, contribuem para
a carga total de sólidos presente na água. A clorofila a é um pigmento presente
em indivíduos autótrofos, como fitoplâncton e algas, e está relacionada
diretamente à quantidade de nutrientes, pois quanto maior a disponibilidade,
maior a taxa de crescimento dos organismos e, consequentemente, maior a
77
quantidade de clorofila no ambiente aquático. A Figura 18 exemplifica esse
processo de eutrofização.
(COLOCAR A FIGURA 18 AQUI)
78
Tabela 07 – Estado Trófico e IET (Fonte:
http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/PUBLICACOES)
P-total Clorofila a -
Estado Trófico Critério
(mg ) (mg )
79
Quadro 03 – Principais agentes poluidores e efeitos (Fonte: Rede Tec)
Fonte
Principais Águas residuárias Águas pluviais
Constituinte parâmetros Agricultura Possível efeito poluidor
representativos Urbanas Industriais Urbanas e
pastagem
- Problemas estéticos;
Sólidos em
Sólidos em - Depósito de lodo;
suspensão XXX ↔ XX X
suspensão - Adsorção de poluentes;
totais
- Proteção de patogênicos.
Matéria Demanda - Consumo de oxigênio;
orgânica bioquímica de XXX ↔ XX X - Mortandade de peixes;
biodegradável oxigênio (DBO) - Condições sépticas.
- Crescimento excessivo de algas;
Nitrogênio; - Toxidade aos peixes (amônia)
Nutriente XXX ↔ XX X
Fósforo. - Doença em recém-nascidos;
- Poluição de água subterrânea.
Organismos
Coliformes XXX ↔ XX X - Doenças de veiculação hídrica
patogênicos
Matéria Pesticidas; - Toxidade (vários)
orgânica não Alguns XX ↔ X XX - Espumas (detergentes);
biodegradável detergentes; - Redução da transferência de oxigênio
80
Produtos (detergentes);
farmacêuticos; - Biodegradabilidade reduzida ou inexistente;
Outros. - Maus odores
Elementos - Toxidade (vários)
específicos (As, - Inibição do tratamento biológico do esgoto;
Metais XX ↔ X
Cd, Cr, Cu, Hg, - Problemas na disposição do lodo na agricultura;
Ni, Pb, etc...) Contaminação da água subterrânea.
Sólidos
Sólidos dissolvidos - Salinidade excessiva
inorgânicos totais; XX ↔ X - Toxidade a plantas;
dissolvidos Condutividade - Problemas de permeabilidade do solo (sódio)
elétrica
Legenda:
X – Pouco
XX – Médio
XXX – Muito
↔ - Variável
Em branco – usualmente não importante
81
6.2 PROCESSOS DE AUTODEPURAÇÃO
6.2.1 Conceito
82
Zona de degradação
É a região onde ocorre a degradação aeróbia da matéria orgânica e
inorgânica do efluente, com grande consumo de OD, podendo chegar a uma
concentração zerada de oxigênio.
Zona de recuperação
Nessa zona, a concentração de OD aumenta gradualmente, enquanto que
a concentração de sólidos em suspensão diminui. Os microrganismos estão em
pequena concentração, dada a pouca disponibilidade de substrato. As espécies
de microrganismos anaeróbios desaparecem totalmente, e as espécies aeróbias
já sem encontram em uma pequena concentração.
83
OD necessário para a efetivação desse processo é quantificado em uma fase
denominada DBO nitrogenada.
Após o lançamento dos esgotos, o curso d’água poderá se recuperar por
mecanismos puramente naturais, constituindo o fenômeno da autodepuração. É
de grande importância o conhecimento do fenômeno de autodepuração e da sua
quantificação, tendo em vista os seguintes objetivos:
Utilizar a capacidade de assimilação dos rios. Dentro de uma visão prática,
pode-se considerar que a capacidade que um corpo d'água tem de
assimilar os despejos, sem apresentar problemas do ponto de vista
ambiental, é um recurso natural que pode ser explorado. Essa visão
realística é de grande importância em nossas condições, em que a
carência de recursos justifica que se utilizem os cursos d'água como
complementação dos processos que ocorrem no tratamento de esgotos
(desde que feito com parcimônia e dentro de critérios técnicos seguros e
bem definidos);
Impedir o lançamento de despejos acima do que possa suportar o corpo
d'água. Dessa forma, a capacidade de assimilação do corpo d'água pode
ser utilizada até um ponto aceitável e não prejudicial, não sendo admitido o
lançamento de cargas poluidoras acima desse limite.
Exemplificando
Num curso d’água em que um efluente de uma determinada indústria seja
despejado ocorre a elevação da temperatura de 10 ºC a 18 ºC (essa temperatura
encontra-se no próprio local de despejo). Conforme há a movimentação do fluxo
de água em direção à foz, ocorre uma redução na temperatura até a condição de
equilíbrio inicial. Partindo da mesma premissa, pode-se pensar nos demais
poluentes lançados em cursos d’água que vão diluindo-se ao longo do leito.
Portanto, dependendo da intensidade da carga em função da vazão do curso, a
velocidade de dissipação do poluente será direcionada até seu retorno ao
equilíbrio. Esse processo é caracterizado como capacidade de autodepuração.
As Figuras 20 a 22 exemplificam esse processo.
(COLOCAR AQUI A FIGURA 20)
84
Figura 20 – Diagrama de correlação entre temperatura do corpo hídrico e vazão
da nascente à foz. (Fonte: www.seta.org.pt/ficha_rios_36.pdf)
85
EXERCÍCIOS
1) Descreva as principais formas de poluição.
2) Explique o que são poluições:
a. difusas.
b. pontuais.
c. mistas.
3) Qual é a importância do OD na caracterização da poluição das águas?
4) Defina eutrofização.
5) Explique o processo de autodepuração e suas zonas presentes.
GABARITO
1) Sedimentar, biológica, térmica e química.
86
4) A eutrofização resulta no aumento de produtividade e da biomassa algal, e
na redução da diversidade fitoplanctônica, com predominância de alguns
grupos. O crescimento excessivo do fitoplâncton, denominado floração,
causa problemas como a redução das concentrações de oxigênio, levando
à morte de organismos aquáticos, e alterações na coloração e odor das
águas. Muitas florações em ambientes de água doce são causadas por
populações de cianobactérias. Como muitas espécies são consideradas
nocivas, eventos de florações despertam preocupações devido aos riscos à
saúde pública, especialmente quando a água do manancial é utilizada para
o abastecimento público.
87
UNIDADE 4
ÁGUAS
Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
águas.
Conteúdos da Unidade
o IQA.
88
7 CAPÍTULO 7 – LEGISLAÇÃO DAS ÁGUAS
A Constituição Federal, em seu artigo 20, inciso III, declara que são
propriedade da União os rios, lagos e quaisquer correntes de água em terrenos
de seu domínio, ou que banhem mais de um estado; sirvam de limites com outros
países; ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham. Os incisos V e
VI também colocam sob o domínio da União o Mar Territorial, os recursos naturais
da Plataforma Continental e da Zona Econômica Exclusiva.
89
O artigo 26, inciso I, da Carta Magna estabelece que se incluem entre os
bens do estado as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito; ressalvadas, nesse caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
União. O rio Tietê, em São Paulo, é um típico rio estadual. Os municípios não são
contemplados com qualquer domínio sobre rios ou lacustres. Desde a
Constituição de 1946, referidos bens estão partilhados entre a União e os
estados, excluídos os municípios. Mas isso não impede que eles fiscalizem
eventual infração ambiental sobre águas. Afinal, cabe-lhes zelar pelo equilíbrio
ambiental (CF, art. 225), e também pertencem ao Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Lei n. 6.938, de 31/8/81, art. 6, inciso V). Por exemplo, a Lei n. 7.833,
de 1º/12/91, do Município de Curitiba, cita como assunto de interesse local (art.
3°) a preservação dos rios, e determina fiscalização da Sema sobre eventuais
infrações (arts.48 e 52). As Constituições Estaduais, regra geral, repetem os
dizeres da Carta Federal. Assim faz, por exemplo, a Constituição do Paraná, que,
no artigo 8°, reproduz o art. 26, inciso I, da Carta Magna. Outras são mais
minuciosas no tema, como a de São Paulo, que trata do assunto nos artigos 205
a 213.
Adicionalmente, os estados não podem administrar as águas de seu
domínio apenas com regras próprias. A limitação deriva da Constituição, que
atribui à União a responsabilidade de implementar o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, e, em particular, definir critérios de outorga
de direitos de uso. Portanto, mesmo quando um corpo hídrico for de domínio do
Estado, o correspondente Governo Estadual está impedido de emitir outorgas de
direito de uso em desacordo com os critérios estabelecidos pela União. Mais
ainda, como todos os usos de recursos hídricos, com exceção dos insignificantes
(art. 12, § 1º, da Lei 9433/97), devem estar amparados por uma outorga de direito
de uso, é de responsabilidade do Governo Estadual coibir usos em desacordo
com os referidos critérios.
Desde a década de 1930, o Brasil dispõe do Código de Águas, instituído
pelo Decreto 24.643 de 10 de junho de 1934 (ainda que modificado por novas leis
e decretos-lei e complementado por legislação correlata sobre meio ambiente,
irrigação e obras contra a seca), consubstanciou a legislação brasileira de águas
até a promulgação da Lei 9.433 de 08 de janeiro de 1997. A lei de 1997 não o
revoga, mas altera alguns de seus princípios fundamentais.
90
Considerado avançado para a época por técnicos e políticos, o Decreto
24.643/34 procurou atender às demandas de um país que se urbanizava e era
palco de importantes transformações econômicas, sociais e políticas. Um país
servido por abundância relativa de água e grande potencial hidro-energético, no
qual se fortalecia o ideário do desenvolvimento, identificado à industrialização. O
Decreto n° 24.643 está dividido em três livros: I Águas em geral e sua
propriedade; II Aproveitamento das águas; III Forças hidráulicas –
regulamentação da indústria hidroelétrica.
Entretanto, em vista do aumento das demandas e de mudanças
institucionais, tal ordenamento jurídico não foi capaz de incorporar meios para
combater o desequilíbrio hídrico e os conflitos de uso, tampouco de promover
meios adequados para uma gestão descentralizada e participativa, exigências dos
dias de hoje. Para preencher essa lacuna, foram sancionadas a Lei nº 9.433, de
08 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e
estabeleceu o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(Singreh); e a Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, que criou a Agência Nacional
de Águas – ANA, entidade federal encarregada da implementação dessa política
e da coordenação desse sistema.
Segundo a Lei das Águas, a água é considerada um bem de domínio
público e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. A lei prevê que
a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar os usos múltiplos das águas, de
forma descentralizada e participativa, contando com a participação do poder
público, dos usuários e das comunidades. A mesma tem como fundamento a
compreensão de que a água é um bem público (não pode ser privatizada), sendo
sua gestão baseada em usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação,
indústria etc.) e descentralizada, com participação de usuários, da sociedade civil
e do governo. Também determina que, em situações de escassez, o uso
prioritário da água é para o consumo humano e para a dessedentação de
animais. Outro fundamento é o de que a bacia hidrográfica é a unidade de
atuação do Singreh e de implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH).
O segundo artigo da lei explicita os objetivos da PNRH: assegurar a
disponibilidade de água de qualidade às gerações presentes e futuras; promover
uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos e a prevenção e defesa
91
contra eventos hidrológicos (chuvas, secas e enchentes), sejam eles naturais ou
decorrentes do mau uso dos recursos naturais.
Um dos principais objetivos da Lei das Águas é assegurar a disponibilidade
de água, em padrões de qualidade adequados, bem como promover uma
utilização racional e integrada dos recursos hídricos.
Como a Lei das Águas descentraliza a gestão do uso da água, o Estado
abre mão de uma parte de seus poderes e compartilha com os diversos
segmentos da sociedade uma participação ativa nas decisões. Compete à União
e aos estados legislar sobre as águas e organizar, a partir das bacias
hidrográficas, um sistema de administração de recursos hídricos que atenda as
necessidades regionais. O poder público, a sociedade civil organizada e os
usuários da água integram os comitês e atuam, em conjunto, na busca de
melhores soluções para sua realidade.
Assegurar o acesso a água conforme previsto na Lei das Águas é um
desafio, principalmente devido à execução e efetividade da gestão. Existem
diferentes capacidades dentro dos estados, com níveis diversos de pessoal
qualificado, investimento, sistema de monitoramento da quantidade e qualidade
das águas e capilaridade na execução.
92
das bacias hidrográficas com rios de domínio da União, pois alcança aspectos
institucionais relacionados à regulação dos recursos hídricos em âmbito nacional.
93
cooperativa, focada na continuidade da vida. A partir dessa racionalidade
ecológica, supera-se a visão mercantil da água, a gestão da água passa a ser
comunitária, e o papel estratégico do Estado implica em avançar até uma
sociedade mais justa em que todos possam alcançar o bem viver. Sem dúvida,
diante da crise ambiental global, é necessária uma nova estratégia epistemológica
e política, com o aporte de diferentes culturas, um diálogo intercultural de saberes
(como a cosmovisão andina), para que se possa enfrentar os desafios e continuar
a caminhada civilizatória.
A ONU prevê que em 2025 a escassez de água afetará 5 bilhões de
pessoas em áreas urbanas. Isso significa que, se for mantida a concepção de
mercadoria, o preço da água vai disparar e poucos terão condições de arcar com
os custos. Essa realidade demanda urgência em medidas que informem, alertem
e determinem comportamentos legais de uso responsável da água, sob o risco de
implosão de guerras globais pelo produto.
Os resultados de uma pesquisa realizada junto a 403 acadêmicos revela
que a conscientização das pessoas sobre a questão da escassez da água é
pouca ou nenhuma, ou que, mesmo existindo, essa conscientização não
estabelece uma correspondente mudança de comportamento, de hábitos
cotidianos individuais. Atualmente, percebe-se uma maior consistência no alerta
dos cientistas e analistas internacionais de que o esgotamento dos recursos
hídricos pode afetar a estabilidade econômica e política do planeta nas próximas
duas décadas, e que a possibilidade de guerras pelo controle de grandes
mananciais de água doce é bem provável.
94
8 CAPÍTULO 8 – QUALIDADE DAS ÁGUAS
95
Um conjunto de problemas está relacionado à qualidade e quantidade da
água, e, em respostas a essas causas, há interferências na saúde humana e
saúde pública, com deterioração da qualidade de vida e do desenvolvimento
econômico e social. A posição central dos recursos hídricos quanto à geração de
energia, produção de alimentos, sustentabilidade da biodiversidade e a mudanças
globais é destacada na Figura 23, apresentando as principais inter-relações dos
processos que afetam a qualidade e quantidade de água, a biota aquática e a
população humana.
(COLOCAR A FIGURA 23 AQUI)
96
Águas doces (cujo a salinidade é < 0,05 %);
Águas salgadas (cujo a salinidade > 3%);
Águas salobras (cujo a salinidade está entre 0,05 e 3%).
Sendo que a cada classe atribuem-se padrões (teores máximos), para que
o corpo de água permita um conjunto de usos definidos. E cada número crescente
da classe indica uma diminuição da qualidade da supracitada. A Figura 24
apresenta esquematicamente uma correlação dessa classificação das águas
frente à sua qualidade e exigências.
97
A qualidade das águas dos rios é afetada por vários fatores, tais como o
uso de produtos industriais e a produção agrícola. Esses fatores podem
comprometer o corpo d'água, dependendo do tratamento aplicado e sua
capacidade de purificação.
Parâmetros Pesos
Oxigênio dissolvido w = 0,17
Coliformes fecais w = 0,15
Potencial Hidrogeniônico (pH) w = 0,12
Demanda Bioquímica de Oxigênio w = 0,10
Temperatura w = 0,10
Nitrogênio Total w = 0,10
98
Fósforo Total w = 0,10
Turbidez w = 0,08
Resíduo Total w = 0,08
(Equação 04)
(Equação 05)
99
Após a determinação numérica, pode-se determinar a qualidade da água,
representada pelo IQA, variando numa escala de 0 a 100, conforme tabela 08. Os
pesos relativos de cada parâmetro que compõe o IQA são mostrados na Figura
28.
(COLOCAR A FIGURA 28 AQUI)
8.4.1 Temperatura
O regime térmico dos corpos d'água na natureza tem grande importância
ecológica devido às interações entre a temperatura e a vida aquática. A
100
temperatura da água provavelmente tem maior influência sobre a vida e os
sistemas aquáticos do que qualquer outra variável tomada isoladamente. Pelo
fato de a temperatura afetar a solubilidade dos gases na água, o aquecimento
desta a empobrece em oxigênio, influenciando, assim, a decomposição de
matéria orgânica, com consequente efeito sobre a qualidade do líquido e sobre a
vida de organismos aeróbios aquáticos.
A temperatura é uma característica física das águas, sendo uma medida de
intensidade de calor ou energia térmica em trânsito, pois indica o grau de agitação
das moléculas. Também, em geral, à medida em que a temperatura aumenta, de
0 a 30 °C, a viscosidade, tensão superficial, compressibilidade, calor específico,
constante de ionização e calor latente de vaporização diminuem, enquanto que a
condutividade térmica e a pressão de vapor aumentam a solubilidade com a
elevação da temperatura.
Portanto, a temperatura tem um efeito direto sobre a taxa ou cinética das
reações químicas, nas estruturas proteicas e funções enzimáticas dos
organismos. Assim, as atividades biológicas dos organismos aquáticos sofrem
constantes alterações, decorridas das frequentes modificações comportamentais
do meio, como quando da elevação da temperatura, que, no caso, os obriga a um
consumo maior de oxigênio - este já reduzido em sua concentração na água, pelo
próprio processo físico.
101
8.4.3 Cor
Este parâmetro pode apresentar alterações de origem natural, tais como
decomposição de compostos orgânicos; e influência de compostos inorgânicos,
tais como a presença de ferro (coloração marrom, alaranjada) e manganês
(negra). As alterações de origem antropogênica são as oriundas da influência do
lançamento de esgotos domésticos (cor escura) e de efluentes industriais
(dependentes do processo produtivo envolvido). Quanto às origens, podem ser:
8.4.4 Turbidez
A turbidez é medida por meio do turbidímetro, comparando-se o
espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra com o espalhamento de
um feixe de igual intensidade ao passar por uma suspensão padrão. Quanto
maior o espalhamento, maior será a turbidez. Os valores são expressos em
Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT). A cor da água interfere negativamente
na medida da turbidez, devido à sua propriedade de absorver luz
As principais causas da turbidez da água são: presença de matérias
sólidas em suspensão (silte, argila, sílica, coloides), matéria orgânica e inorgânica
finamente divididas, organismos microscópicos e algas. A origem desses
materiais pode ser o solo (quando não há mata ciliar); a mineração (como a
retirada de areia ou a exploração de argila); as indústrias; ou o esgoto doméstico,
lançado no manancial sem tratamento. O exame microscópico e observações in
loco do manancial podem ajudar a determinar as causas da turbidez. Esses
102
materiais se apresentam em tamanhos diferentes, variando desde partículas
maiores (> 1 um) até as que permanecem em suspensão por muito tempo, como
é o caso das partículas coloidais (diam.= 10-4 a 10-6 cm).
103
normalmente são expressas em mg/L, podendo também ser registradas em
porcentagem de saturação (quantidade de oxigênio contido em 1L de água
relativo ao nível total de oxigênio que a água pode reter naquela temperatura).
Os níveis de OD têm variações sazonais e em períodos de 24h.
Normalmente, em águas naturais e ao nível do mar, a concentração está em torno
de 8mg/L a 25 º C. A concentração de OD em lagoas e represas varia
verticalmente na coluna de água, ao passo que, em rios e riachos, apresenta
variações mais horizontais ao longo do curso das águas. Rios de grande
profundidade podem apresentar alguma estratificação vertical do OD.
A determinação da concentração de OD é de importância fundamental na
avaliação da qualidade das águas, uma vez que o oxigênio está envolvido
praticamente em todos os processos químicos e biológicos. A descarga em
excesso de material orgânico na água pode resultar no esgotamento de oxigênio
do sistema. Exposições prolongadas a concentrações abaixo de 5mg/L podem
não matar alguns organismos presentes, mas aumenta a susceptibilidade ao
estresse. Exposição abaixo de 2 mg/L podem levar à morte a maioria dos
organismos.
104
8.4.8 Fosfato Total
O fósforo é o principal fator limitante da produtividade nos corpos hídricos,
e tem sido apontado como o principal responsável pela eutrofização artificial
desses ecossistemas, i.e., passa a existir uma maior produção de matéria
orgânica do que seu consumo e decomposição. O fósforo pode ser proveniente
de fontes naturais (presente na composição de rochas, carreado pelo escoamento
superficial da água da chuva, material particulado presente na atmosfera e
resultante da decomposição de organismos de origem alóctone) e artificiais, como
esgotos domésticos e industriais, fertilizantes agrícolas e material particulado de
origem industrial contido na atmosfera. O acúmulo desse nutriente na água
favorece o desenvolvimento de algas e macrófitas aquáticas, contribuindo para a
intensificação da produção primária e, com isso levando ao processo de
eutrofização e ao aumento da concentração de clorofila na água, devido ao
crescimento do fitoplâncton no corpo hídrico.
105
importante, podendo determinadas condições de pH contribuírem para a
precipitação de elementos químicos tóxicos, como os metais pesados. Outras
condições podem exercer efeitos sobre as solubilidades de nutrientes, e, dessa
forma, as restrições de faixas de pH são estabelecidas para as diversas classes
de águas naturais, de acordo com a legislação federal.
8.4.11 Alcalinidade
A alcalinidade em águas naturais é devido principalmente à presença de
um valor de pH da água acima de 7. Os principais constituintes que determinam
este parâmetro são os íons: bicarbonato , carbonato e hidróxidos OH-.
Se numa água quimicamente pura (pH = 7) for adicionada pequena quantidade de
um ácido fraco, seu pH mudará instantaneamente. Numa água com certa
alcalinidade, a adição de uma pequena quantidade de ácido fraco provocará a
elevação de seu pH, porque os íons presentes neutralizarão o ácido.
Frequentemente, tal alcalinidade da água é influenciada significativamente pelos
bicarbonatos de cálcio e magnésio, de forma que a tal alcalinidade é igual à
dureza da água.
106
a 35 ºC em 24-48 horas. Esse grupo contém os seguintes gêneros: Escherichia,
Citrobacter, Enterobacter e Klebisiela.
O índice de coliformes totais é utilizado para avaliar as condições
higiênicas, considerando que altas contagens indicam contaminação pós-
sanitização ou pós-processo, tratamentos térmicos ineficientes ou multiplicação
durante o processamento e estocagem.
EXERCÍCIOS
1) Qual a função principal da ANA na gestão dos recursos hídricos?
2) Como as águas podem ser classificadas de acordo com sua salinidade?
3) Qual o funcionamento do ensaio de DBO?
GABARITO
1) À ANA cabe disciplinar a implementação, a operacionalização, o controle e a
avaliação dos instrumentos de gestão criados pela Política Nacional de Recursos
Hídricos.
2) Águas doces (cujo a salinidade é < 0,05 %); Águas salgadas (cujo a
salinidade > 3%); Águas salobras (cujo a salinidade está entre 0,05 e 3%).
3) A determinação da DBO consiste em medidas da concentração de oxigênio
dissolvido nas amostras, diluídas ou não, antes e após o período de
incubação de 5 dias a 20 ºC. Durante esse período, ocorrerá redução da
concentração de OD na água, consumido por microrganismos aeróbios nas
reações bioquímicas de decomposição de compostos orgânicos
biodegradáveis.
107
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