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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
2. LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................................ 3
3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO NATURAL DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ.......... 6
3.1 ASPECTOS FÍSICOS ........................................................................................................................... 6
3.1.1 Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos .................................................................................................. 6
3.1.2 Relevo ...................................................................................................................................................... 23
3.1.3 Geologia / Geomorfologia ........................................................................................................................ 25
3.1.4 Hidrogeologia .......................................................................................................................................... 27
3.1.5 Pedologia ................................................................................................................................................. 29
3.1.6 Clima ....................................................................................................................................................... 30
3.1.7 Qualidade do Ar ....................................................................................................................................... 30
3.1.8 Qualidade das Águas Superficiais............................................................................................................. 32
3.1.9 Qualidade das Águas Subterrâneas........................................................................................................... 50
3.1.10 Enquadramento dos Corpos d’Água ..................................................................................................... 52
3.2 ASPECTOS BIÓTICOS ...................................................................................................................... 54
3.2.1 Vegetação ................................................................................................................................................ 54
3.2.2 Fauna ...................................................................................................................................................... 61
3.3 ÁREAS PROTEGIDAS ....................................................................................................................... 64
3.3.1 Unidades de Conservação ........................................................................................................................ 64
3.3.2 Áreas de Preservação Permanente ............................................................................................................ 69
4. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ ...... 75
4.1 DEMOGRAFIA ................................................................................................................................. 75
4.2 BREVE HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE BETIM E IBIRITÉ ......................................... 76
4.2.1 Betim........................................................................................................................................................ 76
4.2.2 Ibirité ....................................................................................................................................................... 77
4.3 PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DOS MUNICÍPIOS DE BETIM, IBIRITÉ E SARZEDO ................. 78
4.3.1 Betim e Ibirité .......................................................................................................................................... 78
4.3.2 Sarzedo .................................................................................................................................................... 82
4.4 EDUCAÇÃO .................................................................................................................................... 83
4.4.1 Betim e Ibirité .......................................................................................................................................... 83
4.4.2 Sarzedo .................................................................................................................................................... 84
4.5 SAÚDE ........................................................................................................................................... 85
4.5.1 Betim e Ibirité .......................................................................................................................................... 85
4.5.2 Sarzedo .................................................................................................................................................... 85
4.6 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH ............................................................................. 87
4.7 ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA NA ÁREA DA BACIA DA LAGOA DE IBIRITÉ................................ 87
5. SITUAÇÃO ATUAL DE INFRA-ESTRUTURA E DOS SERVIÇOS URBANOS ............... 89
5.1 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA......................................................................................... 89
5.1.1 Sistema de Abastecimento de Água do Município de Ibirité ....................................................................... 89
5.2 SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ......................................................................................... 92
5.2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário do Município de Ibirité ........................................................................ 92
5.2.2 Estação de Tratamento de Águas Fluviais do Ribeirão Ibirité - ETAF ....................................................... 96
5.2.3 Sistema de Esgotamento Sanitário da Sub-Bacia do Córrego Pelado em Betim ......................................... 98
5.3 RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................................................................ 99
5.4 DRENAGEM URBANA.....................................................................................................................103
5.4.1 Inundações ............................................................................................................................................. 105
5.5 SISTEMA VIÁRIO ...........................................................................................................................106
6. USO DA ÁGUA DA LAGOA DE IBIRITÉ PELA REGAP................................................. 110
6.1 HISTÓRICO DA REFINARIA GABRIEL PASSOS- REGAP ...................................................................110
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6.2 DADOS ATUAIS SOBRE A REGAP ..................................................................................................111
6.3 NOVOS INVESTIMENTOS ................................................................................................................112
6.4 PROCESSO INDUSTRIAL DA REGAP- CONSUMO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE EFLUENTES ......................114
6.4.1 Abastecimento de Água........................................................................................................................... 114
6.4.2 Geração de Efluentes.............................................................................................................................. 116
6.4.3 Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos .................................................................................... 120
7. CAUSAS E EFEITOS DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA DE IBIRITÉ .... 121
7.1 DADOS GERAIS .............................................................................................................................121
7.2 PRINCIPAIS FATORES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA DE IBIRITÉ ..................................123
7.2.1 Poluição Gerada pelo Esgoto Doméstico ................................................................................................ 124
7.2.2 Poluição Causada pelo Lançamento pe Esgoto Industrial ....................................................................... 132
7.2.3 Poluição Gerada pelo Lixo ..................................................................................................................... 134
7.2.4 Assoreamento ......................................................................................................................................... 134
8. QUESTÕES AMBIENTAIS .................................................................................................. 139
8.1 PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ ..............................................................................................139
8.2 PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM..............................................................................................139
9. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................. 142
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 146
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1. IN TRODUÇÃO
A lagoa de Ibirité é uma lagoa artificial, construída em 1967 para atender a demanda de
água da Refinaria Gabriel Passos – REGAP, uma refinaria da Petrobras.
Ao longo das duas últimas décadas, os efeitos de ações antrópicas sobre a lagoa de
Ibirité se tornaram cada vez mais visíveis, principalmente com relação ao
assoreamento desta lagoa, que já perdeu 30% do seu volume útil e à sua poluição por
esgotos. Atualmente, se observa um progressivo agravamento na degradação
ambiental deste corpo d’água, com potencial, tanto para afetar as comunidades
vizinhas, quanto para ameaçar a continuidade de seu uso como manancial para a
REGAP.
2
2. LOC AL IZ AÇ ÃO
CONTAGEM
BETIM
BELO
Bacia HORIZONTE
Lagoa
Ibirité
IBIRITÉ
MÁRIO SARZEDO
CAMPOS
BRUMADINHO
1
A RMBH é a terceira região metropolitana do Brasil. Representa o centro político, econômico e demográfico mais
importante do Estado de Minas Gerais. Congrega 34 municípios com perfis diferenciados e grande variabilidade de
indicadores econômico-sociais.
A bacia da lagoa de Ibirité abrange a totalidade da área do município de Ibirité. Este
município situa-se a uma distância de 25 km de Belo Horizonte, abrangendo uma área
de 73 km². As principais rodovias que servem de acesso ao município são a MG-40, a
BR-040 e a BR-381 (Fernão Dias), que liga Minas Gerais a São Paulo. A sede
municipal, situada a 880 m de altitude, se situa nas coordenadas geográficas de
20º01’18’’ de Latitude Sul e 44º03’32’ de Longitude Oeste. A divisão administrativa do
município é composta de dois distritos, o da sede e o de Durval de Barros.
5
3. C AR ACT ERIZ AÇÃ O DO MEIO N ATU R AL D A B AC IA D A L AGO A D E
IB IRIT É
Sf 9
SF 10
SF 8
SF 6
SF 7
SF 5
SF 4
SF 3
Bacia Rio
SF 1 SF 2 SF 3
Paraopeba
Figura 3.1: UPGRH da Sub-Bacia Mineira do Rio São Francisco- Destaque para a
Bacia do Paraopeba- SF-3
2
As UPGRH são divisões hidrográficas do Estado de Minas Gerais, na qual se caracteriza cada bacia hidrográfica
utilizada para o gerenciamento descentralizado e compartilhado dos recursos hídricos conforme prevê o Plano
Estadual de Recursos Hídricos de acordo com a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH-MG (Lei n°13.199, 29:/01/99).
3.1.1.1 Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba
A bacia hidrográfica do rio Paraopeba situa-se a sudeste do Estado de Minas Gerais,
entre os paralelos 18o 45' e 21o 00' S e os meridianos 43o30’e 45o15’ W e drena áreas
densamente ocupadas, como parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A bacia
abrange 35 sedes municipais, somando uma população estimada de 930.560
habitantes, numa área de drenagem de 12.091 km²
O rio Paraopeba tem suas nascentes ao sul do município de Cristiano Otoni a uma
altitude aproximada de 1.140m e percorre aproximadamente 510 km, segundo uma
direção NNW, até sua foz no lago da represa de Três Marias. O limite do alto
Paraopeba foi estabelecido na cachoeira do Salto, o médio estende-se desta cachoeira
ao local denominado Fecho do Funil e o baixo deste ponto à sua foz no lago da
Represa de Três Marias.
Quanto ao sistema de drenagem das bacias dos afluentes do rio Paraopeba, observa-
se que o trecho é constituído por cursos de água perenes, devido principalmente à
regularidade do regime pluviométrico e ainda pela ocorrência de formações pelíticas
carbonáticas do Grupo Bambuí, que concorrem para a manutenção dos fluxos de base
dos rios. A vazão média de longo termo Q5 LT é igual a 117,3 m3/s (produtividade igual
a 9,75 l/s/km2), enquanto a vazão mínima de referência Q7,10 é de 31,8 m3/s (2,64
l/s/km2).
7
3.1.1.2 Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité
A bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité possui área total de 91,6 km2, estando inserida
na bacia do ribeirão Sarzedo (Figura 3.2) e dispõe de uma rede hidrográfica muito rica,
sendo que a maioria de suas nascentes estão próximas às serras do Rola-Moça, Três
Irmãos, Fecho do Funil e Jangada.
A Figura 3.2 apresenta a bacia do ribeirão Sarzedo, com destaque para a bacia
hidrográfica da lagoa de Ibirité.
CONTAGEM
Cór. Pintado
BETIM
BELO
Ri HORIZONTE
b.
Ib
iri
rz edo té
. Sa
Ri b IBIRITÉ
MÁRIO SARZEDO
peba
BRUMADINHO
CAMPOS
Figura 3.2: Bacia do ribeirão Sarzedo- Destaque para a Bacia da Lagoa de Ibirité
O ribeirão Ibirité é o principal curso d’água desta bacia, nascendo nas proximidades do
Túnel do Jatobá, junto ao divisor de água das bacias do rio Paraopeba e rio das
Velhas. É interceptado pela lagoa de Ibirité - da qual é o principal formador - a partir da
qual passa a ser denominado ribeirão Sarzedo.
8
Figura 3.3: Sub-Bacias Pertencentes à Bacia Hidrográfica da Lagoa de Ibirité
9
A porção da bacia da Lagoa de Ibirité em Sarzedo abrange a área no entorno da lagoa,
em sua porção sul, sendo representada pelos bairros Quintas da Jangada (2º seção) e
Masterville.
CONTAGEM
BETIM
FIAT S
SBBP
Piinnttaaddoo
REGAP
S
SBBP
Paallm
maarreess
BH
S
SBBP
Peellaaddoo
SSBB
C
C ontribuuiiççããoo
o n t rib S
SBBR
Riibb.. IIbbiirriittéé
D
Diirreettaa LLaaggooaa
IBIRITÉ
SSBB
S
SBB
SARZEDO B
Barreirriinnhhoo
a rre i
S
Sumidoouurroo
u mid
S
SB B S
SBBR Roollaa
SSBB U
Urruubbuu M
Mooççaa
C
Camarrggooss
a m a S
SB B
S
SB B FFuubbáá
TTaabbooõõeess
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A. Ribeirão Ibirité
O ribeirão Ibirité sofre considerável degradação ambiental ao longo do seu curso,
recebendo os esgotos "in natura" da cidade de Ibirité. A criação de animais, a extração
de areia em suas margens e a erosão do solo na sua bacia de contribuição, originada
pela ocupação urbana desordenada, tem contribuído para a degradação da qualidade
de suas águas.
Figura 3.6: Ribeirão Ibirité no Bairro Jardim das Rosas- Notar presença de lixo e
entulhos em sua margem
A calha fluvial do ribeirão Ibirité tem sido palco de ocorrências de erosões e inundações
marginais, ocasionadas tanto por efeitos de remanso provocado pelos níveis d’água da
lagoa de Ibirité, quanto pela ocupação desordenada das suas áreas de contribuição.
Figura 3.7: Ribeirão Ibirité Bairro Jardim das Rosas - Notar Proximidades de Casas à
Direita e Travessia de Gado no Ribeirão
B. Córrego Pelado (ou Córrego do Retiro)
O córrego Pelado é um afluente da margem direita do ribeirão Ibirité, que nasce e se
desenvolve em grande parte, no Distrito de Durval de Barros, como pode ser visto pela
Figura 3.8. Este distrito é uma região bastante adensada, sendo que a ocupação desta
região remonta a uma época em que a aprovação dos loteamentos era feita sem exigir
nenhuma infra-estrutura urbana, inclusive a de pavimentação das ruas, e permitiu a
formação de grandes erosões e, conseqüentemente, de grande assoreamento em seu
leito.
Durval de BH
Barros
SUB-BACIA
PELADO
Figura 3.9: Córrego do Pelado, 300m a montante do seu lançamento no ribeirão Ibirité-
Notar Lançamento de Esgoto Neste Córrego
Pode-se observar a partir da Figura 3.10, que, a princípio, a várzea de inundação deste
córrego, nos bairros Aparecida e Serra Dourada, não é muito urbanizada, evidenciando
que a solução de canalização adotada neste local configura uma concepção
tipicamente contrária às tendências atuais de tratamento de fundo de vale, que prioriza
a manutenção dos córregos em seu leito natural.
14
‘
C. Córrego do Pintado
A sub-bacia do córrego Pintado possui área total de 16,48 km2, sendo que 79,4% da
área desta sub-bacia está localizada no município de Betim, 19,9% no município de
Ibirité e 0,7% no município de Contagem. Esta sub-bacia é cortada pela rodovia Fernão
Dias-BR-381.
Seus limites são: a Norte e Nordeste, o divisor de bacia com o córrego Imbiruçu, em
níveis altimétricos que variam entre 906 e 971 metros, a Oeste, com o divisor de bacia
do córrego Sarzedo, cujo interflúvio encontram-se a 925 metros de altitude, ao Sul, o
nível de base local, a lagoa de Ibirité, com altitude de 780 metros, a Sudeste, com o
divisor de bacia do córrego do Retiro ou Pelado, com altitude que variam entre 856 a
1002 metros e a Leste, divisas de município entre Betim, Contagem e Ibirité, onde
estão as nascentes do córrego do Pintado.
O córrego Pintado é um afluente da margem direita do ribeirão Ibirité, sendo que suas
nascentes estão localizadas em área urbana do município de Betim.
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Os bairros junto às nascentes do córrego Pintado em Betim, Jardim Piemonte e Riacho
II/ Jardim Pampulha, encontram-se em processo de ocupação, estando ainda
desprovido de infra-estrutura de saneamento adequada, recebendo uma expressiva
carga de poluentes, que degradam a qualidade de suas águas.
No restante de sua área em Betim a sub-bacia do córrego Pintado possui baixo índice
de urbanização, tendo como particularidade o fato de nela estarem situadas as
instalações industriais da refinaria de petróleo da Petrobrás – REGAP.
‘
Riacho II CONTAGEM
Piemonte
BR-381-Fernão Dias
BETIM
REGAP
SUB-BACIA PINTADO
Distrito
Industrial
Petrovale IBIRITÉ
Petrolina
Distrito
Industrial
Figura 3.12: Córrego Pintado, nas Figura 3.13: Córrego Pintado, nas
proximidades da BR-381, à montante proximidades da Usina Termoelétrica
da REGAP Aureliano Chaves, à jusante da REGAP
À jusante da REGAP, o córrego Pintado recebe seu maior afluente o córrego Palmares
(Figura 3.14), que recebe o esgoto in natura dos bairros Cascata, Petrolina, Palmeiras
e Bela Vista.
Córrego Palmares
Córrego Pintado
Bela
Vista
Palmeiras
Cascata
Petrolina
Palmira
V i la
Petrolina
Vista Alegre
Bosque
SUB-BACIA DO
CÓRREGO ROLA
MOÇA e BÁLSAMO
A bacia do córrego Barreirinho possui uma parte protegida à montante nas encostas da
Serra do Rola Moça, que deverá continuar assim, tendo em vista que não há condições
de efetuar expansão urbana nesta área.
V i la
Primavera
Morada da Águia
Serra Dourada
O ribeirão Sarzedo tem uma bacia hidrográfica com a área de 180 km, abrangendo os
municípios de Betim, Ibirité, Sarzedo e Mario Campos. Este curso d’água é afluente do
rio Paraopeba pela sua margem direita. Seus afluentes principais são os córregos:
Ibirité, do Pintado, Capão da Serra e Lambari.
3.1.2 Relevo
Os aspectos geomorfológicos do sítio natural de Belo Horizonte definem-se em três
províncias bem caracterizadas:
- Quadrilátero Ferrífero,
- Bacia Sedimentar,
- Depressão de Belo Horizonte.
Nesta área predominam as colinas de topo plano a arqueado com encostas côncavo-
convexas e altitudes entre 800 – 900 m, formadas pela dissecação fluvial das áreas
gnáissicas, que se iniciam com as primeiras elevações da serra do Curral e avançam
até as proximidades do município de Vespasiano ao norte, Pedro Leopoldo a noroeste,
Santa Luzia a nordeste e estende-se para oeste na direção de Betim.
A conformação do relevo da bacia corresponde a um vale amplo, de direção NE/SW
(determinada pelos lineamentos estruturais), apresentando grande declividade em
direção a cidade de Betim. Lateralmente a este terraço de nível erguem-se colinas
côncavos-convexas e pães-de-açúcar que atingem altitudes de 1.000 a 1.050 metros
próximo às cabeceiras, decrescendo na direção sudoeste, até atingir a calha do rio
Paraopeba (700 metros). Diferentemente da maior parte das colinas, os espigões
apresentam encostas de média a alta declividade muito vulneráveis ao escoamento
torrencial. Expressivos depósitos coluviais inconsolidados formam-se nas partes baixas
das encostas e interdigitam-se a jusante com sedimentos aluviais
Do ponto de vista topográfico, a área se situa dentro de uma região composta por
pequenos morros, como o existente próximo à REGAP, cuja altitude atinge cerca de
972 m. De um modo geral a topografia na região da REGAP é complexa, formada por
duas bacias: uma que envolve o centro da cidade de Contagem e outra composta por
morros que contornam o empreendimento, formando um pequeno divisor entre a
REGAP e a parte urbanizada de Betim.
24
REGAP
Lagoa de
Ibirité
Contagem
FIAT Centro-
Ibirité
Centro- REGAP
Betim
Lagoa Ibirité
A bacia da lagoa de Ibirité, em sua parte norte e nordeste, está inserido na grande
unidade geomorfológica do Cráton do São Francisco, que é representado pelo núcleo
crustal do centro - leste do país, tectonicamente estável do final do Paleoproterozóico e
margeado por áreas que sofreram regeneração no Neoproterozóico. Possui como limite
meridional o Quadrilátero Ferrífero, região de geologia complexa, conseqüência de
mais de uma fase de deformação e metamorfismo.
O relevo é mais acentuado a Sul e Sudeste onde ocorre o encontro com o Rola Moça e
a noroeste e oeste se encontram as cotas mais baixas.
A sudoeste e a oeste desta bacia está dentro do Complexo granito – gnaisse e por
isso, tem um relevo menos acentuado, com encostas suaves e colinas policonvexas
levemente onduladas, ocorre na área da lagoa de Ibirité. Onde as formações do
Supergrupo Minas afloram a Sul e Sudeste, topograficamente predominam elevações
constituídas por corpos remanescentes de itabiritos compactos, vales de acumulação
de solo, laterita, minério rolado e às vezes bauxita, além de extensos chapadões de
canga, mais ou menos ondulados, e sob os quais concentram – se as principais
ocorrências de minério.
Os talvegues demonstram a diferenciação litológica com vales impostos das formações
pré-cambrianas do centro do estado e são características da drenagem da área.
26
Depósitos aluvionares inconsolidados compostos por argilas, areias e cascalhos são
encontrados associados às drenagens locais.
3.1.4 Hidrogeologia
Na bacia da lagoa de Ibirité dois Sistemas Aqüíferos estão presentes, o Sistema
Aqüífero Gnáissico-Granítico (predominante) e o Sistema Aqüífero Xistoso.
27
fraturas. A permeabilidade geralmente é baixa, sendo a qualidade química da água
geralmente boa. O aqüífero cristalino tem porosidade média em torno de 1%,
aumentando em zonas muito fraturadas, onde pode chegar a 3%.
3.1.5 Pedologia
De maneira geral, os solos presentes na bacia da lagoa de Ibirité indicam a forte
associação com a geologia refletindo sua interação com o clima e com os
condicionantes estruturais. Na área de afloramento do Complexo Belo Horizonte
predomina a presença de cambissolos distróficos e latossolos distróficos vermelho-
amarelados, com textura média, são raras as presenças de manchas de solos
podzólicos vermelho-amarelos, distróficos ou eutróficos. Os solos de alteração de
rochas gnáissicas formam espessas camadas sobre o substrato rochoso e
correspondem as maiores elevações no relevo de colinas médias e pequenas.
Frequentemente estes solos encontram-se expostos à ação das intempéries devido à
remoção da delgada proteção do solo residual argiloso, pratica esta decorrente da
intensa ocupação da área. Expostos, estes solos, de fácil escavação e desmonte,
apresentam grande suscetibilidade a erosão laminar e linear, com a ocorrência de
processos como rastejo, ravinamento, voçorocas e assoreamento de cursos d’água.
Eliminada esta camada, encontra-se, bruscamente a rocha sã, de difícil desmonte.
Na porção a nordeste da área ocorrem as colinas mais altas, com altitudes superiores a
1000 metros em formas de “pães de açúcar”, onde as rochas encontram-se expostas.
Entre estas feições, pode-se observar as formações de selas topográficas e talvegues,
com altitudes em torno dos 900 metros, apresentam perfis convexos ou côncavos, com
desníveis de até 150 metros em declividades de até 50%. Nas colinas presentes no
restante da área predominam as coberturas de solo da alteração dos gnaisses do
Complexo Belo Horizonte.
Neste contexto, as declividades geralmente são inferiores a 20%, com altitudes entre
800 e 900 metros.
29
3.1.6 Clima
Pela sua posição geográfica, Ibirité sofre influência de massas polares e sistemas
atmosféricos derivados de frentes. A circulação atmosférica está relacionada à atuação
da Massa Equatorial Continental, Massa Tropical Atlântica e Massa Polar Atlântica.
O clima, tipo tropical de altitude (ou mesotérmico úmido), tem duas estações bem
definidas: o verão, de outubro a abril, período mais quente e chuvoso, quando atuam
as massas Tropical Atlântica e Equatorial Continental. Esta última, devido a sua grande
umidade e instabilidade, é responsável pelas chuvas que incidem sobre a cidade
naqueles meses. No inverno, de maio a setembro, o clima é seco e mais frio e as
incursões da Massa Polar Atlântica são responsáveis por quedas bruscas de
temperatura. A temperatura média anual é de 23ºC, sendo que a média do mês mais
quente corresponde a 29,4ºC e a do mês mais frio é igual a 16,8ºC. As condições
topográficas da área são responsáveis pela redução das temperaturas no verão e no
inverno.
Os ventos predominantes têm sua origem no núcleo das altas pressões subtropicais,
atuante durante todo o ano e responsável pela estabilidade do tempo e da circulação
atmosférica, alterada quando de invasões de correntes perturbadas.
3.1.7 Qualidade do Ar
A fonte de emissão predominante na bacia da lagoa de Ibirité é a REGAP, além de
outras indústrias da região, a rodovia e demais fontes dispersas. A Usina Termoelétrica
Aureliano Chaves, por operar apenas poucos dias ao ano, não representa uma fonte
significativa, embora, quando em atividade, possa trazer um incremento nas
concentrações de pico, particularmente os óxidos de nitrogênio. Além disso, a área
está sujeita às cargas poluidoras da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A estação Cascata está localizada na Escola Estadual José Rodrigues Betim, à Rua
Padre Eustáquio, 881, Bairro Cascata - Ibirité – MG, ao sul da REGAP. A estação
30
Petrovale está localizada na Rua Argentina, 64 – Bairro Petrovale – Betim – MG, na
Escola Municipal Valério Ferreira Palhares.
31
3.1.8 Qualidade das Águas Superficiais
O ribeirão Sarzedo próximo de sua foz no rio Paraopeba (Estação BP086) apresentou
média anual do Índice de Qualidade das Águas – IQA na faixa Ruim em 2007. A Tabela
3.2 apresenta a evolução do IQA para esta estação.
Ibirité
3
O Projeto "Águas de Minas" é responsável pelo monitoramento da qualidade das águas superficiais e subterrâneas
de Minas Gerais. Em execução desde 1997, o programa disponibiliza uma série histórica da qualidade das águas no
Estado e gera dados indispensáveis ao gerenciamento correto dos recursos hídricos.
Em 2005 os parâmetros que influenciaram o resultado do IQA foram, principalmente,
coliformes termotolerantes e turbidez. Os coliformes termotolerantes mostraram
resultados em desconformidade com o padrão de Classe 2 nas primeira e segunda
campanhas de 2005, refletindo a interferência dos lançamentos de esgotos dos
municípios de Ibirité, Sarzedo e Mário Campos.
33
A) Indicadores da Qualidade de Àgua
34
Tabela 3.4: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lóticos
(Dez/2006)
36
A2) AMBIENTES LÊNTICOS
37
Tabela 3.6: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico
(Jun/2006)
Corpo Receptor Trimestral (mg/L)
Limite de
Ambiente Lêntico - Pontos
Análise Detecção do
2 3 4 Método (mg/L)
Amônia 0,64 0,50 0,40 0,03
Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Chumbo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Cobalto Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005
Cond. Elétrica
345,80 345,90 351,30 0,01
(µs/cm)
Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
DBO 4,00 4,00 4,00 2,00
DQO 18,00 19,00 17,00 5,00
Fenóis <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Fosfato Total 0,20 0,20 0,30 0,03
Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002
Nitrato 1,70 1,70 1,70 5,0
Óleo e graxa 1,70 <1,40 1,40 1,4
OD 7,30 7,50 7,17 0,10
pH 7,70 7,70 7,60 0,10
Sulfato 30,70 27,20 32,60 1,00
Sulfeto ND ND ND 1,00
Turbidez (NTU) 1,90 1,69 1,79 0,05
ND: Não detectado
Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007
38
Tabela 3.7: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico
(Setembro /2006)
Corpo Receptor Trimestral (mg/L)
Limite de
Ambiente Lêntico - Pontos
Análise Detecção do
2 3 4 Método (mg/L)
Amônia 1,60 1,70 2,40 0,03
Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Chumbo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Cobalto Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005
Cond. Elétrica
376,00 360,00 398,00 0,01
(µs/cm)
Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
DBO 7,40 10,50 11,00 2,00
DQO 27,50 28,00 23,00 5,00
Fenóis <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Fosfato Total 0,20 0,20 0,25 0,03
Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002
Nitrato 0,90 1,70 0,80 5,0
Óleo e graxa 8,50 4,40 4,70 1,4
OD 7,40 8,60 7,60 0,10
pH 9,00 9,10 8,50 0,10
Sulfato 42,90 40,80 44,00 1,00
Sulfeto ND ND ND 1,00
Turbidez (NTU) 7,20 7,70 9,00 0,05
ND: Não detectado
Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007
39
Tabela 3.8: Características Físico-Químicas das Águas – Ambientes Lêntico
(Dezembro /2006)
Corpo Receptor Trimestral (mg/L)
Limite de
Ambiente Lêntico - Pontos
Análise Detecção do
2 3 4 Método (mg/L)
Amônia 4,00 1,22 1,10 0,03
Arsênio <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Chumbo <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Chumbo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Cobalto Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
Cobre <0,005 <0,005 <0,005 0,005
Cond. Elétrica
372,00 318,00 318,00 0,01
(µs/cm)
Cromo Total <0,01 <0,01 <0,01 0,01
DBO 29,00 5,00 5,50 2,00
DQO 39,00 37,20 31,00 5,00
Fenóis 0,009 <0,001 <0,001 0,01
Fosfato Total 0,70 0,12 0,12 0,03
Mercúrio <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002
Nitrato <5,00 <5,00 <5,00 5,0
Óleo e graxa 11,10 11,30 11,60 1,4
OD 7,20 7,90 7,20 0,10
pH 7,10 7,90 7,90 0,10
Sulfato 46,00 37,30 37,00 1,00
Sulfeto ND ND ND 1,00
Turbidez (NTU) 12,20 2,60 3,20 0,05
ND: Não detectado
Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007
40
ii. Indicadores do Balanço de Íons
A condutividade da água nos ambientes lênticos apresentou uma pequena
variação temporal e espacial, situando-se entre 271 e 398 µS/cm. Estes valores
embora inferiores dos encontrados nos ambientes lóticos, ainda são elevados
indicando ainda uma forte influencia dos cloretos presente no efluente final.
O pH variou entre 7,10 e 9,10 sendo alcalino em todos os pontos amostrados.
41
B) Hidrobiologia
Organismos ou populações podem fornecer a indicação da qualidade ambiental de
maneira bastante distinta. Por exemplo, uma espécie conhecida pela sua sensibilidade
ao déficit de oxigênio, ou ao seu baixo limite de tolerância a determinadas substâncias,
pode ser definida como própria de um determinado habitat, indicando a presença de
fatores limitantes. Apenas algumas poucas indicadoras são usadas como
representativas para uma dada comunidade. A seleção de espécies testes está
fundamentada em diversos critérios relacionados com a segurança desses organismos
como indicadores e a exeqüibilidade da sua manutenção em laboratório.
Segundo o mesmo trabalho, após cruzar a área da REGAP (ponto 1), o córrego
Pintado apresentou predominância numérica de clorofíceas em 2001 e de cianofíceas
em 2002, especialmente dos gêneros Chlorella e de Lynbya. Esse cenário
possivelmente foi decorrência do aumento da área de contribuição da bacia
hidrográfica nesse ponto que, em geral, favorece a proliferação de algas, mas
principalmente, refletiu os altos teores de nutrientes minerais lançados pelos efluentes
da refinaria.
No trecho do córrego Pintado mais a jusante (ponto 1A), à altura do distrito industrial de
Ibirité, a densidade e a diversidade do fitoplâncton sofreram pequeno grau de alteração
em relação ao ponto de montante no período analisado.
O mesmo trabalho indica que o ribeirão Ibirité, antes da foz do Pintado (ponto 1B)
representa a contribuição da área urbana de Ibirité. Esse local mostrou uma forte
dominância de algas azuis, em geral dos gêneros Planktolyngbya, Lyngbya.
42
Após receber o Pintado, o ribeirão Ibirité (ponto 1 C) praticamente manteve a mesma
composição taxonômica do córrego contribuinte, embora tenha apresentado em geral
menor densidade de algas devido ao efeito de diluição promovido pelo encontro dos
córregos. As bacilariofíceas e as clorofíceas foram os grupos de algas mais
abundantes na lagoa de Ibirité no período 2001/2002, com destaque para os gêneros
Microcystis, Melosira e Chlorella.
43
ampla maioria encontrada nos córregos contribuintes à Lagoa de Ibirité (14 taxa) e o
restante comum aos dois ambientes.
B3) ICTIOFAUNA
Os estudos da fauna de peixes da lagoa de Ibirité foram realizados CETEC (2006).
Foram identificadas 6 espécies diferentes de peixes neste trabalho, conforme
apresenta a Tabela 3.9, a seguir.
44
Segundo o CETEC (1998), foram realizadas campanhas de amostragem
(novembro/94, fevereiro/95, maio/95, outubro/95 e novembro/95) em cinco estações de
coleta, sendo uma delas, a estação 13, situada na posição mediana do braço da lagoa
alimentado pelo córrego Pintado. Este trabalho conclui que a diversidade da ictiofauna
na Lagoa de lbirité é baixa, tendo sido identificadas em todas as campanhas de
amostragem apenas oito espécies, dentre as quais Astyanax fasciatus (lambarí-do-
rabo-vermelho) é a única espécie considerada dominante, e Callichthys callichthys
(tamboatá) rara. Para os autores a espécie dominante, Astyanax fasciatus, é
considerada de pouco valor pesqueiro, tendo maior importância como espécie
forrageira, para a produção secundária na água. As espécies de maior valor pesqueiro
como Hoplias malabaricus (traíra) e Hoplias lacerdae (trairão) são pouco
representativas na lagoa.
Pontos de Amostragem
MESES Rede Hidrográfica Lagoa de
Ponto 1* Ponto 1A** Ponto 7*** Ibirité
Nov./94 0 1
Fev./95 0 1 0 5
Abr./95 0 3 0 0
Mai./95 14 4
Jul./95 1 26 0 0
Set./95 0 8 19 1
Nov./95 0 1 0 0
Total 1 40 33 10
Fonte: Estudo de Impacto Ambiental - Usina Termelétrica de Ibirité - 2000
* Ponto 1: Córrego Pintado, a jusante do lançamento do efluente final da REGAP e antes da
confluência com o córrego Palmares.
** Ponto 1 A: Córrego Pintado, a montante da confluência com o ribeirão Ibirité.
*** Ponto 7: Córrego Palmares, na sua cabeceira
45
estação 1 a menor. Com relação a investigação de vetores da esquistossomose na
Lagoa de Ibirité, constatou-se sua ocorrência, localizada na região litorânea, com um
total absoluto de planorbídeos de 10 indivíduos.
Do total de planorbídeos coletados pelo estudo do CETEC, apenas 15% puderam ser
submetidos ao teste de infecção ao Schistossoma mansoni, em decorrência da grande
mortandade ocorrida durante o seu transporte para o laboratório e o diâmetro da
concha abaixo de 5 mm, que impossibilita o teste. Dentre os moluscos testados,
nenhum apresentou resultado positivo. Contudo, o número de organismos testados foi
muito pequeno para que se possa afirmar, que a população presente na área de
influência não esteja infectada e, portanto, não transmitindo a doença.
D) Análise do Sedimento
Os sedimentos podem ser avaliados e classificados por meio de diferentes linhas de
evidência: concentração de substâncias químicas, ecotoxicidade, mutagenicidade e
comunidade bentônica.
46
Baseados em concentrações totais e na probabilidade de ocorrência de efeito deletério
sobre a biota, o menor limite - TEL (Threshold Effect Level) ou Nível 1 - representa a
concentração abaixo da qual raramente são esperados efeitos adversos para os
organismos. O maior limite - PEL (Probable Effect Level) ou Nível 2 - representa a
concentração acima da qual é freqüentemente esperado o citado efeito adverso para
os organismos. Na faixa entre TEL (Nível 1) e PEL (Nível 2) situam-se os valores onde
ocasionalmente espera-se tais efeitos. A adoção desses valores tem um caráter
meramente orientativo na busca de evidências da presença de contaminantes em
concentrações capazes de causar efeitos deletérios, sobretudo com relação à
toxicidade para a biota.
47
Tabela 3.13 - Caracterização do sedimento da Lagoa de Ibirité, na entrada do braço do
Clube de Funcionários da REGAP (2006)
Metais 1 2 3 4 Nível Nível
trimestre trimestre trimestre trimestre 1 2
Arsênio Total (As) <5 < 0,5 < 0,05 0,1 5,9 17
Cádmio Total (Cd) 0,02 0,88 0,715 0,6 0,6 3,5
Chumbo Total (Pb 0,22 20,10 10,00 10,5 35 91,3
Cobre Total (Cu) 0,47 61,66 36,225 11,6 35,7 197
Cromo Total (Cr) 0,56 28,72 10,007 34,5 37,3 90
Ferro Total (Fe) 343,87 34655,57 15564,765 18962,8 - -
Manganês Total (Mn) 1,82 270,52 137,205 199,5 - -
Mercúrio Total (Hg < 0,01 0,1886 < 0,0001 0,4 0,17 0,486
Zinco Total (Zn 0,72 36,63 10,657 33,9 123 315
Fonte: Estudo de Impacto Ambiental – Ampliação da Refinaria Gabriel Passos - 2007
48
3.1.8.3 Comunidade Zoobentonica
Segundo o estudo da CETEC (1998) a estação lA apresentou a comunidade bentônica
mais pobre, com 12 famílias zoobentônicas, sendo sete de insetos, dentre aquelas de
substrato pedregoso estudadas pelo CETEC (1998), na área de influência da REGAP.
Para os mesmos autores a variedade da fauna bentônica nas estações foi praticamente
igual em todo o período de estudo. Em média, a variedade faunística ficou em torno de
7 taxa no total, com 5 taxa de insetos na maioria das estações.
Esta diversidade faunística pode ser considerada baixa, quando comparada aos dados
da comunidade zoobentônica já registrados em outros cursos d’água.
49
3.1.9 Qualidade das Águas Subterrâneas
Em 2006 foi elaborado, como exigência para a revalidação da Licença de Operação da
REGAP, um estudo hidrogeoquímico de monitoramento das águas subterrâneas da
área da REGAP. Os principais resultados deste estudo são detalhados a seguir.
4
BTEX é um acronismo para benzeno, tolueno, etil-benzeno e xileno. Estes compostos são encontrados
em produtos derivados de petróleo. A principal fonte de contaminação é o vazamento de gasolina de
tanques subterrâneos mal conservados ou mau manejados. Outras fontes e contaminação por BTEX são
grandes pátios de armazenagem de derivados de petróleo, oleodutos com vazamentos ou oficinas
mecânicas que manipulam derivados de petróleo. Uma vez solto no ambiente, o BTEX pode volatilizar,
dissolver-se, adsorver às partículas de solo ou ser biologicamente degradado. Exposição aguda a
grandes quantidades de gasolina e seus componentes (BTEX), tem sido associada à irritação na pele e
problemas sensoriais, depressão de atividade do sistema nervoso central e efeitos no sistema
respiratório. Estes níveis normalmente não são atingidos ao se beber água contaminada, mas sim pela
exposição ocupacional. Exposições prolongadas a estes compostos provocam problemas semelhantes
nos rins, fígado e sistema sanguíneo. De acordo com o US EPA (U.S. Environmental Protection Agency)
há suficiente indicação que o benzeno é potencialmente carcinogênico, em estudos em animais e
humanos.
50
caráter de background dos solos tropicais. Suas fontes são minerais escuros (máficos)
portadores de Fe: Magnetita, biotita, pirita, piroxênios, anfibólios. Em virtude de
afinidades geoquímicas, quase sempre o Ferro é acompanhado pelo Manganês. Os
metais alumínio, Bário, Chumbo e Zinco foram detectados em grande parte dos poços
amostrados.
A definição precisa do perfil ambiental dos metais (MMP) na área da REGAP depende
de uma definição dos valores de sua ocorrência natural, seja em solo ou em água,
subterrânea. Desta forma, é necessário definir os valores de background destes metais
nos diversos pontos analisados.
51
3.1.10 Enquadramento dos Corpos d’Água
Conforme Deliberação Normativa do COPAM nº 14, de 28/12/1995, o enquadramento
do curso principal do rio Paraopeba apresenta a seguinte classificação:
- Classe Especial - da nascente até o barramento do primeiro açude;
- Classe 1 - do barramento do primeiro açude até a confluência com o rio Maranhão;
- Classe 2 - dessa confluência até a foz na represa de Três Marias.
52
Tabela 3.15: Classificação das águas doces - Resolução CONAMA 357/05
Uso Águas Doces - Classes
Espec 1 2 3 4
Abastecimento para consumo humano X (a) X (b) X (c) X (d)
Preservação equilíbrio natural das comunidades aquáticas X
Preservação de ambientes aquáticos em Unidades de X
Proteção das comunidades aqúaticas X (h) X
Recreação de contato primário (*) X X
Irrigação X (e) X (f) X (g)
Aqüicultura e atividade de pesca X
Pesca amadora X
Dessedentação de animais X
Recreação de contato secundário X
Nacegação X
Harmonia Paisagística X
O enquadramento dos corpos d’água expressa metas finais a serem alcançadas e deve
estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade
que deveriam possuir para atender às necessidades da comunidade. Portanto, em
função do atual estado de poluição das águas da lagoa de Ibirité, a maioria dos
parâmetros não atendem o padrão da Classe 2, atendendo ao Padrão Classe 4, para a
qual o uso das águas só é permitido para navegação e para harmonia paisagística
(Conforme Tabela 3.15). Portanto, não é recomendável nadar e nem pescar na lagoa
de Ibirité.
53
3.2 ASPECTOS BIÓTICOS
3.2.1 Vegetação
A bacia da lagoa de Ibirité encontra-se inserida em uma zona de transição entre os
biomas da Mata Atlântica e do Cerrado.
De acordo com as delimitações propostas pelo Projeto Radam Brasil (1983) e pelo
Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988) (reeditado em 1993), a bacia da lagoa de
Ibirité insere-se no Domínio da Mata Atlântica, que abrange uma série de formações
vegetais com estrutura e composição específicas que lhes conferem identidade própria.
Entre as formações abrangidas pelo Domínio da Mata Atlântica destacamos a Floresta
Estacional Semidecidual, formação predominante na região em estudo. Verifica-se,
ainda, na bacia, a presença de encraves de cerrado o que caracteriza essa região de
contato entre biomas.
54
cerca de 20% de área do bioma encontra-se em bom estado de conservação, e menos
de 4% encontra-se protegidos na forma de unidades de conservação de proteção
integral.
O Parque Estadual do Rola Moça apresenta uma vegetação diversificada onde são
encontradas espécies como o ipê, cambuí, aroeira branca, xaxim, sangra d'água,
canela, unha-de-vaca, pau d'óleo, quaresmeira, cangerana, cedro, carne de vaca,
cambotá, pau ferro, pequi, jacarandá do cerrado, ipê cascudo, murici, jatobá-do-
cerrado, pau-santo, pau de tucano, araticum e canela-de-ema.
55
3.2.1.2 Cobertura Vegetal do Entorno da Lagoa de Ibirité
A lagoa de Ibirité encontra-se inserida em uma paisagem cuja matriz é eminentemente
antrópica. Alternam-se áreas de intensa ocupação humana com áreas de
reflorestamento de eucalipto. São raros os fragmentos de vegetação nativa, sendo
produto do processo de sucessão secundária.
Figura 3.28: Vista dos Bairros São Pedro, Lagoa Azul e Canaã- Margem Esquerda da
Lagoa
Próximo a lagoa de Ibirité o eucaliptal possui espécies maduras, sem cortes anteriores,
demonstrando que não há exploração econômica da mesma, sendo ela utilizada para
compor a paisagem e manter a integridade do solo.
Os fragmentos de vegetação nativa se concentram nas margens da lagoa, onde há
maior luminosidade. Nestas porções a regeneração é mais vigorosa do que aquela
observado no sub-bosque do eucalipto. Predominam fragmentos de pequena extensão
de Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial de sucessão secundária. Essas
formações se caracterizam por apresentar aspecto florestal, porém de baixo porte,
atingindo cerca de 8 m de altura e baixa riqueza de espécies. As lianas são
abundantes, sendo comuns as sapindáceas, compostas, leguminosas, malpiguiáceas e
bignoniáceas. Não são observadas epífitas. A camada de serrapilheira é rala.
Entre as espécies arbóreas que ocorrem nessas formações citam-se como exemplo a
embaúba (Cecropia sp.), o capixinguí (Croton floribundus), o joá (Solanum sp.), a
aroeira-branca (Lithraea molleoides), a figueira (Ficus sp.), a capororoca (Rapanea sp.)
e a açoita-cavalo (Luehea sp.).
Os campos úmidos observado na área de estudo, por sua vez, caracterizam-se por
serem formações secundárias de porte arbustivo-herbáceo. São observadas nesses
ambientes espécies de gramíneas como o capim-colonião (Panicum maximum),
ciperáceas, taboas (Typha angustifolia), assim como alguns indivíduos de porte
arbóreo como a embaúba (Cecropia pachystachya) e o assa-peixe (Vernonia
polyanthes). Verifica-se, ainda, a presença de vegetação aquática que se desenvolve
nas margens do reservatório, como a salvínia (Salvinia sp.), uma pteridófita perene e
flutuante.
59
Figura 3.32: Cobertura Vegetal da Sub-Bacia do Córrego Pintado
60
a) Floresta mesófila
- Mata secundária de porte alto: ocorre predominantemente na porção central da
sub-bacia;
- Mata secundária de médio porte ou mata ciliar: é uma formação semelhante à
mata secundária de porte alto, porém mais densa e de menor porte. Este tipo de
formação desenvolve-se, em geral, ao longo dos cursos d’água e próximo às
nascentes, caracterizando-se pela presença de plantas higrófilas, epífitas e
cipós, que alcançam as copas das árvores. Sua presença pode ser notada ao
longo dos córregos Palmares e Pintado;
b) Campo cerrado
Campos: são formações que ocorrem nas regiões com altitudes superiores a
900 metros, caracterizadas pela vegetação rasteira que é constituída por
gramíneas, ciperácea e algumas leguminosas. Aparecem, sobretudo, nas
porções Leste/Nordeste e Oeste da sub-bacia. São utilizadas parcialmente como
pastagens e seu estado de preservação é, de modo geral, bom. A cobertura
vegetal da área é bastante representativa da estabilidade dos solos, muito
sensível a processos erosivos. Em todo a sub-bacia, observa-se que a retirada
de vegetação, não acompanhada de medidas de controle, provoca processos
erosivos, especialmente onde a declividade é mais acentuada.
c) Antrópico
Florestas plantadas: correspondem às plantações, fundamentalmente
constituídas de várias espécies de eucaliptos que chegam a ocupar grande parte
da área, ocorrendo em grandes manchas concentradas, sobretudo na porção sul
da sub-bacia (terrenos da Regap), ocupando parte do município de Ibirité nas
proximidades com a lagoa de Ibirité e em pequenas manchas junto à BR 381.
3.2.2 Fauna
3.2.2.1 Unidades de Conservação
- Parque Estadual do Rola Moça
De acordo com o inventário de fauna (exceto peixes) e flora coordenado pela
Fundação Biodiversitas para elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual
do Rola Moça, a Unidade de Conservação abriga hoje 893 das 11.910 espécies de
animais e plantas conhecidas no Estado. Isso significa que o Parque abriga, pelo
menos, 7,5% do total de espécies que ocorrem em Minas Gerais.
- APE Bálsamo
A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade, incluindo a espécie
Leopardus wiedii (gato-do-mato) que figura na “Lista de espécies ameaçadas de
extinção da fauna de Minas Gerais. Outras espécies encontradas: alma-de-gato,
curiango, rolinha, irara, raposa-do-mato, tatu-galinha, coati, tapeti, cuíca, sagui.
62
Tabela 3.19: Biodiversidade da Área de Proteção do Taboões
Espécies
Mamíferos 19 (2 em extinção)
Aves 28 (1 em extinção)
Fonte: COPASA
Nessa paisagem caracterizada por uma matriz tipicamente antrópica e por fragmentos
de vegetação nativa de pouca expressão biológica, verifica-se uma fauna composta por
espécies típicas de ambientes alterados que se caracterizam pela baixa sensitividade a
alterações ambientais e amplamente distribuídas. Por outro lado, a presença de um
grande corpo d’água cria condições para a ocorrência de inúmeras espécies típicas de
ambientes aquáticos e de transição.
63
3.3 ÁREAS PROTEGIDAS
64
Inserir Mapa 1 de Áreas Protegidas
65
Serra do Rola Moça
Figura 3.34: Vista da Mata do Soca, notar ao fundo a Serra do Rola Moça
67
Figura 3.35: Mapa de Localização da APA SUL
Merece mencionar que ocorrem com freqüência invasões das áreas dos mananciais de
abastecimento nos limites do município. Um dos loteamentos instalados irregularmente
e considerado clandestino, segundo a Prefeitura Municipal de Ibirité é denominado de
Jardim Casa Branca, que se encontra inserido parcialmente no Parque Estadual Serra
do Rola-Moça. Nas proximidades, estão instalados também os bairros do Jardim
Montanhês e Bosque Ibirité, que são loteamentos aprovados pela Prefeitura Municipal.
O bairro Vista Alegre, implantado há muitos anos, não foi aprovado pela Prefeitura.
68
3.3.2 Áreas de Preservação Permanente
As áreas de preservação permanente (APPs) são áreas legalmente protegidas,
cobertas ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas
Essas áreas prestam serviços ambientais fundamentais para todos os seres vivos e
para sua qualidade de vida, como produção e qualidade da água, controle de erosão,
deslizamentos e assoreamentos, proteção de fundos de vales, da diversidade
biológica, dos micro-climas, das paisagens, entre outros.
Na área urbana do município de Ibirité grande parte das APPs ao longo dos cursos
d’água encontram-se ocupadas ou degradadas.
70
INSERIR MAPA 2 DAS APPS DA BACIA
71
A faixa de APP ao longo do ribeirão Ibirité, dentro da área urbana do município de
Ibirité, apresenta diversos trechos degradados com atividades antrópicas, incluindo
lançamento de esgotos, supressão de vegetação, bem como ocupações irregulares.
Diversos pontos de bota-foras de entulhos e de disposição de lixo são observados na
região de APP às margens deste ribeirão, contribuindo para o assoreamento deste
curso d’água.
Figura 3.36: APP degradada ao longo do ribeirão Ibirité, no bairro Jardim das Rosas
73
Salienta-se que na área urbana do município de Betim (sub-bacia do córrego Pintado
ao norte da BR-381) e de Ibirité ainda existem locais marginais aos cursos d’água não
ocupados que, portanto, mesmo não havendo mata ciliar, são áreas de preservação
permanente e devem ser preservados e não ocupados, como mostra a Figura 3.40.
Figura 3.40: APP preservada ao longo do Ribeirão Ibirité junto à Mata do Rosário
74
4. C AR ACT ERIZ AÇÃ O SÓCIO-ECONÔMIC A D A B AC IA D A L AG O A
DE IB IRIT É
4.1 DEMOGRAFIA
O estudo populacional da bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité abrange a população
total do município de Ibirité, bem como parcelas de contingentes populacionais dos
municípios de Betim e Sarzedo, bem como em menor proporção habitantes de
Contagem e Belo Horizonte, localizados nesta bacia.
A bacia da lagoa de Ibirité possui uma população atual de 169.918 habitantes, assim
distribuídos:
- 148.535 habitantes do município de Ibirité (totalidade da população do município
em 2007, segundo a contagem da população realizada pelo IBGE);
- 16.992 habitantes do município de Betim;
- 2.469 habitantes do município de Sarzedo;
- 1.533 habitantes do município de Belo Horizonte;
- 389 habitantes do município de Contagem;
Betim
O município de Betim foi criado em 1938. O crescimento populacional foi
incrementado nas décadas de 70 (122,6%) e 80 (103%) e decresceu na de 90
(79,4%). O município possui uma taxa de urbanização muito alta - 97,26% -
sendo insignificante a população rural: 2,74% (8.417 hab), contra 298.258
habitantes urbanos, totalizando 306.675 habitantes, em 2000, quando a
densidade demográfica era de 886,44 habitantes por km². Com área de
345,9km², representa 2,40% da área da RMBH. Segunda a Contagem
Populacional a população de Betim, em 2007, totalizava 415.098 habitantes.
Ibirité
O município de Ibirité foi criado em 1962. O crescimento populacional foi
incrementado nas décadas de 70 (104%), 80 (132%), e arrefecido a partir da
década de 90 (44%) em diante. O município possui uma taxa de urbanização
muito alta - 99,46% - sendo insignificante a população rural: 0,53% (709hab),
contra 132.335 habitantes urbanos, totalizando 133.044 habitantes, em 2000.
Entretanto, estimativas mais recentes dão conta da queda da taxa de
crescimento demográfico de Ibirité, baseadas na tendência histórica e em
contagens realizadas pelo próprio IBGE, conforme a Tabela 4.1.
75
Com área de 73,0 km², representando 0,51% da área da região metropolitana,
sua densidade demográfica em 2000 era de 1.819,26 habitantes por km².
Segunda a Contagem Populacional a população de Ibirité, em 2007, totalizava
148.535 habitantes.
Sarzedo
O município de Sarzedo emancipou-se de Ibirité em janeiro de 1997 e no ano de
2000 o IBGE fez o primeiro censo no município. Segundo o Censo do IBGE, em
2000, Sarzedo possuia 17.274 habitantes, sendo que 85% da população viviam
na zona urbana. A zona rural do município ocupa aproximadamente 2/3 da área
territorial, sendo formada por importantes comunidades denominadas (Capão do
Bálsamo, Serra da Boa Esperança, Vila da Serra, Engenho Seco e Lambari
dentre outras. São aproximadamente 250 propriedades de pequeno e médio
porte que exploram a agricultura familiar, com destaque para a Horticultura,
importante fonte de emprego e renda do município. Com área de 61,9 km²,
representando 0,43% da área da região metropolitana, sua densidade
demográfica era de 279,51 habitantes por km², em 2000. Segunda a Contagem
Populacional a população de Sarzedo, em 2007, totalizava 23.282 habitantes.
4.2.1 Betim
O nome “Betim” tem origem no sertanista José Rodrigues Betim, que em 1711 recebe a
sesmaria localizada no vale do Ribeirão da Cachoeira, hoje Rio Betim, constituída de
terras que então pertenciam à imensa Vila Real de Sabará, entre o Rio Paraopeba e a
Estrada das Abóboras (Contagem).
Em 1910, chega à cidade a Estrada de Ferro Oeste de Minas. Sua construção, rumo ao
oeste e ao sul, auxilia na fixação de homens empreendedores, induzindo à ocupação
no entorno das inúmeras estações e paradas da ferrovia.
76
instalação de novas indústrias. Em 1948, é desmembrado de seu território o município
de Contagem.
4.2.2 Ibirité
O território onde se situa hoje o município de Ibirité era conhecido, desde 1810, pelo
nome de Vargem do Pantana ou Várzea do Pantana, em referência a um dos primeiros
moradores do lugar, Manoel Galvão Pantana.
Conforme a tradição, Vargem do Pantana era uma fazenda em 1810, em torno da qual
se constituíram, ao longo dos anos, os povoados de Jatobá, Maravilhas e Onça. A
economia da região, como outras na área central da província de Minas, dependia
basicamente de unidades agrícolas diversificadas internamente – fazendas, sítios,
roças – produzindo para consumo próprio e venda local. Nesta época, a região era
utilizada para pasto dos rebanhos trazidos dos sertões da Bahia, nas rotas dos rios São
Francisco e das Velhas. Ao ser criado o distrito, em 1890, contava com os três
povoados e as fazendas Mato Grosso, Capão, Rola-Moça, Canal e Serra.
77
A estação de trem de Ibirité é inaugurada em 1917, mesmo ano em que a linha do
Paraopeba atinge Belo Horizonte.
Hoje, o município se caracteriza como cidade dormitório, tendo mais de 50% de sua
população dependente de empregos em outras localidades, especialmente no eixo
Belo Horizonte e Contagem.
O Distrito Industrial, criado em 1996, está trazendo para o município nova expectativa
de desenvolvimento e, nos últimos anos, algumas empresas de grande porte estão se
instalando na região, possibilitando a geração de empregos diretos e indiretos e o
aumento da arrecadação municipal, trazendo perspectivas de melhora nas condições
da qualidade de vida.
Betim ocupa uma localização privilegiada na confluência com São Paulo, Rio de
Janeiro, Goiás, Bahia e a capital estadual Belo Horizonte. O desenvolvimento de Betim
relaciona-se também diretamente com a construção de Belo Horizonte, tendo se
tornado grande fornecedor de materiais de construção. Em 1941, como
reconhecimento do potencial econômico local e na tentativa de atrair novas atividades
para fortalecer o papel polarizador de Belo Horizonte, foi instituído um primeiro parque
industrial no território municipal de Betim. No final dos anos desta mesma década
instalaram-se na região as primeiras indústrias ceramistas de porte significativo
(Basiléia, Saffran, Ikera e Cerâmica Minas Gerais), além de algumas siderúrgicas de
ferro gusa, como a Paraopeba e a Amaral. A implantação da Cidade Industrial de
Contagem também acarretou efeitos significativos para Betim, tendo-se verificado
significativo adensamento de seu espaço urbano em resposta à demanda por moradia
originada pelo crescimento daquela cidade industrial.
No final dos anos 1980 ocorreu a primeira ampliação da Fiat Automóveis, com a
implantação de um novo cinturão de fornecedores.
Em Betim, em 2000, a FIAT construiu mais uma nova planta industrial, estruturada a
partir da utilização de equipamentos baseados na microeletrônica e automação
programável, seguindo os critérios de flexibilidade da produção enxuta, com a
intensificação da difusão de técnicas de produção e organização do trabalho, assim
como de sistemas de fornecimento hierarquizados de peças e componentes.
80
Foi intensa a multiplicação de sub habitações, em loteamentos clandestinos. Estudo
realizado em 1992 sobre os deslocamentos por motivo de trabalho no âmbito da
RMBH, indicou que 59,1% da população ocupada residente em Ibirité trabalhava em
outros municípios, enquanto para Betim essa proporção cai para 25,9.
Betim possui ainda um porto seco – Estação Aduaneira do Interior, que movimenta em
média cargas com valor de um bilhão de dólares anualmente, destacando-se
especialmente as operações da TNT Logistics, responsável pelo serviço de distribuição
de peças da FIAT Automóveis, suas congêneres, além de outras empresas.
Nos anos 1990 em Ibirité foi implantado um Distrito Industrial com empresas de
diversos ramos, incluindo confecções e artigos de vestuário, extração mineral,
fabricação de peças, autopeças, artigos de borracha e plástico, máquinas e
equipamentos, produtos alimentícios, produtos de madeira e têxteis. Finalmente, em
81
2002, foi implantada a IBIRITERMO, termoelétrica a gás, que veio preencher uma
carência da região, estimando-se que ocorra uma maior atração de indústrias para o
Distrito Industrial presente no município.
4.3.2 Sarzedo
A mineração constitui uma das principais atividades econômicas do município de
Sarzedo, onde a “Itaminas Comércio e Minérios S. A.”, explorou o minério de ferro nas
minas do “Engenho Seco e Jangada” há mais de cinco décadas, sempre utilizando a
cidade de Sarzedo como principal referência para o embarque do minério, através de
ramal da linha férrea que viabiliza a ligação direta com os portos de Sepetiba e
Tubarão.
82
de um acesso direto a Rodovia Fernão Dias (BR – 381), integrando a cidade de
Sarzedo ao principal corredor de desenvolvimento do Estado de Minas Gerais.
Atualmente 25 empresas estão funcionando ou em fase de construção, existindo
terrenos suficientes para implantação de 20 (vinte) outras empresas de pequeno e
médio porte.
4.4 EDUCAÇÃO
Hoje, além do ISEAT - Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira, mantém cursos
de ensino fundamental e médio; a Clínica de Psicologia “Eduard Claparède”; as
Oficinas Pedagógicas “Caio Martins”; e o setor de agropecuária, de sustentação à
Instituição, com apoio do Instituto Superior de Educação Rural, atendendo uma
população muito mais abrangente. Uma de suas unidades – o Instituto de Educação
Emendativa – funciona em área de mais de 12 mil metros quadrados, atendendo a
menores com deficiências mentais ou múltiplas, em regime de internato ou semi-
internato, sendo oferecidos escolarização especializada e treinamento prático
profissionalizante.
4.4.2 Sarzedo
A rede pública de ensino em Sarzedo conta com duas escolas estaduais e cinco
escolas municipais para ensino fundamental, duas escolas estaduais para ensino
médio e três escolas municipais pré-escolar.
84
4.5 SAÚDE
Tabela 4.5 – Número de Unidades por Tipo de Unidade de Saúde – julho de 2003
Tipo de Unidade Betim Ibirité
Unidades % Unidades %
Posto de Saúde 22 29,7 2 6,5
Centro de Saúde 20 27 8 25,8
Policlínica 1 1,4 1 3,2
Ambulatório de Unidade Hospitalar 2 2,7 - -
Especializada
Unidade Mista 5 6,8 - -
Pronto Socorro Especializado - - 1 3,2
Consultório 2 2,7 - -
Clínica Especializada 4 5,4 1 3,2
Centro/ Núcleo de Atenção Psicossocial 4 5,4 2 6,5
Centro/ Núcleo de Reabilitação 1 1,4 - -
Outros Serviços Auxiliares Diagnose e 10 13,5 1 3,2
Terapia
Unid.Móvel Terr.Prog.Enfrent.às Emergências 1 1,4 - -
e Traumas
Unidades de Saúde da Família - - 13 41,9
Unidades de Vigilância Sanitária 2 2,7 1 3,2
Unidades não especificadas - - 1 3,2
TOTAL 74 100 31 100
Para atualização destes dados, Ibirité irá contar com nova oferta de 100 leitos
hospitalares e 12 leitos de UTI, na abertura do primeiro hospital municipal, com o que
deverá aliviar parte do atendimento dos hospitais de Betim, Contagem e Belo Horizonte
que atendem a pacientes de Ibirité com diagnósticos de alta complexidade, por meio da
Pactuação de Programa Integrado (PPI), assegurando-se que, com a construção do
hospital, o município terá autonomia para atendimento à média complexidade. A nova
unidade se somará ao prontoatendimento já existente na Unidade Centro e à
Maternidade, inaugurada em junho de 2006, tendo realizado mil partos até fevereiro de
2007. Segundo o Secretário de Saúde de Ibirité, o município conta atualmente com 30
unidades de saúde e 31 equipes do Programa de Saúde da Família (PSF).
4.5.2 Sarzedo
As ações e serviços de saúde do município de Sarzedo estão a cargo da Secretaria
Municipal de Saúde. O município possui 10 Unidades de Saúde sendo:
85
- 01 Unidade de Saúde Bucal;
- 01 Unidade de Atenção Especializada;
- 01 Unidade de Atendimento de Urgência e Emergência;
- 01 Unidade de Controle das Zoonoses;
- 01 Unidade de Saúde Mental.
86
4.6 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH
O Índice de Desenvolvimento Humano- IDH foi criado pela Organização das Nações
Unidas (ONU) com o objetivo de analisar e comparar as condições de vida da
população, cuja escala varia de 0 a 1. De acordo com esta escala, quanto mais
próximo de 1 os indicadores estiverem, maior é o IDH do município ou seja, este possui
uma boa qualidade de vida.
Por ser um pólo industrial do Estado e abrigando uma grande população de base
operária integrante dos estratos de renda média e baixa, o município de Betim tem nas
entidades de natureza trabalhista e de promoção social - sindicatos de trabalhadores e
associações comunitárias de bairros - as suas principais formas de organização. A
atuação política se dá através do Sindicato dos Metalúrgicos, categoria predominante
na área, e do Sindicato dos Petroleiros, que apesar de sediado em Belo Horizonte tem
nessa localidade sua maior base sindical.
88
5. SITU AÇ ÃO ATU AL DE IN FR A-ESTRUTUR A E DOS SERVIÇO S
URB ANO S
Betim consome 890L/s, com água procedente dos Sistemas Serra Azul (35%), Vargem
das Rosas (26%) e Rio Manso (39%).
O consumo de 272L/s de Ibirité é sustentado pelos Sistemas Ibirité, que produz 33% e
pelo Sistema Integrado a Bacia do Rio Paraopeba (Serra Azul, Vargem das Rosas e
Rio Manso) contribuindo com 67%.
89
INSERIR MAPA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
90
O Sistema Ibirité capta as águas dos córregos Rola Moça, Bálsamo e Taboões, sendo
que no córrego Taboões são feitas duas outras captações, em dois de seus afluentes.
Na região dos bairros São Pedro e Industrial existe um registro que separa os
sistemas, Manso e Ibirité. Este registro fica sempre fechado separando as duas regiões
de abastecimento. Ele é aberto apenas nas ocasiões de manutenção de um lado ou de
outro, quando é necessário efetuar alguma interrupção.
91
5.2 SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
A lagoa de Ibirité recebe os esgotos domésticos sem tratamento de todo o município de
Ibirité e de parte dos esgotos sem tratamento do município de Betim que são lançados
no córrego Pintado e seus afluentes.
A cobrança pela prestação deste serviço era feita pela COPASA, junto com a conta de
água, através de um convênio firmado entre as partes. Segundo a Secretaria de Meio
Ambiente e Serviços Urbanos (SEMA) a COPASA estava autorizada a cobrar 20% pela
prestação do serviço de esgoto, aplicando este percentual sobre o valor cobrado pelo
consumo de água.
O serviço de esgotamento sanitário prestado pela Prefeitura de Ibirité foi feito ao longo
dos anos de forma precária e sem planejamento prévio, tanto que em 2004 não existia
cadastro físico de rede coletora, que é um instrumento de fundamental importância
para ampliação e manutenção do sistema.
92
INSERIR MAPA 4 DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
93
Segundo informações da COPASA (Fev. 2008) 62% da população do município de
Ibirité são atendidos por rede coletora de esgoto. O restante da população utiliza fossa
ou lança seu esgoto diretamente no solo a céu aberto ou nos cursos d’água e
drenagens.
Figura 5.1: Rua do bairro Cascata observa-se a falta de passeios, rede de drenagem
pluvial e o escorrimento de esgoto
O tratamento dos esgotos deverá ser de nível terciário5, caso o efluente final da
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) seja lançado na lagoa de Ibirité, de forma a
possibilitar a remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo) do efluente final, que
contribuem para a eutrofização da lagoa. Caso o efluente final seja lançado á jusante
da lagoa, no ribeirão Ibirité, o nível de tratamento poderá ser secundário.
5
O tratamento terciário dos esgotos tem por objetivo a redução das concentrações de nutrientes:
nitrogênio e fósforo, e é, geralmente fundamentado em processos biológicos realizados em duas fazes
subseqüentes denominadas nitrificação e desnitrificação. A remoção de fósforo também pode ser
efetuada através de tratamento químico, com sulfato de alumínio, por exemplo. Na nitrificação, o
nitrogênio é levado á forma de nitrato e posteriormente, na desnitrificação, é levado à produção de N2,
principalmente, que é volatizado para o ar.
95
5.2.2 Estação de Tratamento de Águas Fluviais do Ribeirão Ibirité - ETAF
A estação de tratamento de água fluvial (ETAF) foi construída em 2004, como resultado
de um convênio entre o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), a Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a Prefeitura Municipal de
Ibirité. Nesse convênio, a Petrobrás investiu recursos de 7 milhões para construção da
estação.
Atualmente a ETAF não está operando. A responsabilidade por sua operação ainda
não está definida, devendo ser objeto de negociação entre a Petrobrás, o Município de
Ibirité e a COPASA. A propósito, observou-se que a ETAF constitui uma intervenção
física que não é, tanto técnica e operacionalmente, quanto institucionalmente,
consensual entre os âmbitos de governo que ali operam (Prefeitura Municipal de Ibirité
e COPASA), constituindo um ponto de divergência que deve ser superado.
Cór. Pelado
Rib. Ibirité
ETAF
Bairro São
Pedro
A ETAF foi implantada em uma área de 10.228 m2, a montante da lagoa de Ibirité. O
tratamento por flotação em fluxo deverá ser aplicado em um canal de desvio do ribeirão
Ibirité, com extensão de aproximadamente 190m, seção transversal de 10m, e lâmina
d’água média de 1m. A unidade concebida tem capacidade para tratar vazões de até
1.000 L/s provenientes do ribeirão Ibirité. Estima-se que a operação da ETAF produzirá
cerca de 22 m3 de lodo por dia.
97
5.2.3 Sistema de Esgotamento Sanitário da Sub-Bacia do Córrego Pelado em
Betim
Os bairros juntos às nascentes do córrego Pintado em Betim, Jardim Piemonte e
Riacho II/ Jardim Pampulha, possuem índice de 90% de atendimento por rede coletora
de esgoto. Este esgoto é lançado sem tratamento no córrego Pintado e em seus
afluentes, que recebem, portanto uma expressiva carga de poluentes, que degradam a
qualidade de suas águas.
No restante de sua área em Betim, a sub-bacia do córrego Pintado possui baixo índice
de urbanização, tendo como particularidade o fato de nela estarem localizadas as
instalações industriais da refinaria de petróleo da Petrobrás – REGAP. Aliás, a REGAP
é a maior geradora de efluente industrial nesta bacia, uma vez que ela lança seus
efluentes tratados no córrego Pintado, à montante da lagoa de Ibirité.
98
5.3 RESÍDUOS SÓLIDOS
O município de Ibirité possui coleta de lixo domiciliar regular, atendendo
aproximadamente 85% da população do município. O restante da população, não
atendida por este serviço lança o lixo em terrenos baldios, talvegues, córregos, os
quais acabam sendo arrastados pelas águas das chuvas para a calha do ribeirão Ibirité
e desta para a lagoa de Ibirité.
O lixão foi criado em 1990 para receber os resíduos sólidos urbanos de Ibirité, Sarzedo
e Mário Campos, sendo depositado diariamente cerca de:
- 75 ton/dia - Ibirité;
- 12 ton/dia - Sarzedo;
- 6 ton/dia - Mário Campos.
No antigo lixão havia a presença de catadores, mas desde março de 2008, estes foram
retirados do local.
99
Figura 5.2: Localização do Aterro Controlado de Ibirité
Aterro Controlado
O lixo hospitalar e ambulatorial é cem por cento coletado e disposto em vala separada
no aterro.
O aterro controlado não é a solução definitiva para o destino final do lixo do município
de Ibirité, mas tornou-se necessário até que seja implantado o aterro sanitário. O aterro
controlado utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-
os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. Esta
forma de disposição produz, em geral, poluição localizada. Porém, não dispõe de
impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas),
nem sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados.
A Figura 5.6 apresenta o platô inferior onde atualmente é feita a disposição do lixo no
aterro controlado de Ibirité.
Os principais afluentes da margem esquerda do ribeirão Ibirité são: córrego Rola Moça,
Bálsamo, Taboões, Serrinha e Urubu, enquanto os da margem direita são: córrego do
Pelado (ou do Retiro) e córrego Pintado. O principal afluente do córrego Pintado é o
córrego Palmeiras.
Não existe cadastro da rede pluvial de drenagem, embora novas obras de drenagem
localizadas estejam permanentemente sendo feitas. Soube-se neste sentido que, em
geral, não são feitos projetos para implantação destas obras, sendo utilizadas até
tubulações de apenas 250mm de diâmetro, algumas delas em manilha de barro
vidrado.
Desta forma, a questão da drenagem pluvial vem sendo conduzida de forma precária,
sem planejamento e nem projetos o que contribui para o agravamento dos problemas
operacionais do sistema de drenagem urbana.
A calha fluvial do ribeirão Ibirité tem sido palco de ocorrências de erosões e inundações
marginais, ocasionadas tanto por efeitos de remanso provocado pelos níveis d’água da
lagoa de Ibirité, quanto pela ocupação desordenada das suas áreas de contribuição.
Entretanto, essas ocorrências não são observadas ao longo da calha do córrego
Pintado.
No ponto em que o córrego Fubá deságua no ribeirão Ibirité existe um trecho de canal
que, em ocasiões de chuvas mais fortes, extravasa e provoca inundações das ruas
mais próximas. A tendência de ocorrência de inundações, nesta região, tende a
aumentar já que o processo de impermeabilização da bacia continua crescendo.
Ainda dentro da sede urbana o ribeirão Ibirité recebe a contribuição do ribeirão Urubu,
onde, em sua bacia, localizam-se os bairros Jardim Montanhês, Monsenhor Horta,
Nossa Senhora de Fátima, Novo Horizonte, Jardim Primeiro de Outubro, Parque
Estrela do Sul, Dea Marly, Jardim Ipê, Macaúbas e Vila Pinheiros. O talvegue deste
afluente também está muito assoreado e se tornou insuficiente para o escoamento das
águas pluviais por ocasião de chuvas intensas.
103
Outro afluente do ribeirão Ibirité, o córrego Taboões, que deságua na região da
Fazenda do Rosário, possui bacia ainda pouco urbanizada e ainda não apresenta
inundações.
A partir da Fazenda do Rosário o ribeirão Ibirité passa por uma região de declividade
muito baixa, com bairros populosos e chacreamentos. Neste trecho que se estende até
o Jardim das Rosas, o ribeirão apresenta vários meandros, onde podem ser
observadas erosões às suas margens. O bairro Jardim das Rosas é uma região muito
crítica, com relação a inundações, uma vez que a planície de inundação do ribeirão
Ibirité nesta região é naturalmente mais extensa e encontra-se densamente povoada.
Um fator agravante neste local é a proximidade da lagoa de Ibirité que pode causar
refluxo de água em períodos chuvosos.
Figura 5.8: Ribeirão Ibirité- Bairro Jardim das Rosas (Notar grande quantidade de lixo
nas margens do ribeirão)
Seu afluente, pela margem direita, o córrego Pelado, nasce no Distrito de Durval de
Barros, que é uma região bastante adensada. A ocupação desta região remonta uma
época em que a aprovação dos loteamentos era feita sem exigir nenhuma infra-
estrutura urbana, inclusive a de pavimentação das ruas, e permitiu a formação de
grandes erosões e, consequentemente, de grande assoreamento em seu leito.
Recentemente, foi feita a canalização deste córrego com extensão de 3km, sendo a
maior parte desta, em seção fechada.
5.4.1 Inundações
A Tabela 5.1 apresenta as vazões de máximas de cheia do ribeirão Ibirité, com
períodos de retorno entre 2 e 1000 anos.
Outros fenômenos observados são as erosões nas margens dos córregos da bacia em
questão. Em função dos assoreamentos, as calhas originais foram desfiguradas e os
córregos mudaram seu percurso, atingindo margens não protegidas e sujeitas a
erosões, sendo um dos pontos críticos a curva do ribeirão Ibirité próxima ao bairro
Jardim das Rosas, ponto este que não sofre influência do Pintado.
A maior enchente observada nos últimos anos ocorreu em 1979 e corresponde a uma
chuva de recorrência cinquentenária. Pelo “Relatório dos Estudos Para Disciplinamento
do Ribeirão Ibirité e seus Afluentes” (Helmar, 1994), a cota máxima de alagamento foi
de 802 a 803 metros. Como o bairro Jardim das Rosas possui cota inferior à da lagoa,
que é de 799m, são agravados os riscos de enchente neste local.
105
As cabeceiras são muito íngremes o que favorece a rápida concentração do deflúvio,
num curto trecho, após a foz do córrego Rola Moça, onde deságuam todos os demais
afluentes, fazendo com que as cheias sejam súbitas na foz do ribeirão Ibirité, próximo
ao bairro Jardim das Rosa.
Em janeiro de 2008, ocorreu uma grande enchente, que inundou 80 casas em Ibirité,
cuja causa foi imputada pelos moradores ao represamento do ribeirão Ibirité, pelo canal
de acesso à Estação de Tratamento de Águas Fluviais do Ribeirão Ibirité – ETAF.
106
Figura 5.9: Acessos Viários Principais da RMBH
Com o início da duplicação da Fernão Dias na década de 90, diversifica-se ainda mais
o setor industrial em Betim, observando-se também um significativo crescimento do
setor serviços, como reflexo de atividades de suporte à indústria e ao comércio.
A influência da Fernão Dias, como grande eixo indutor de ocupação, não alcançou
Ibirité, município que se encontra ainda desarticulado em relação à rede troncal de
107
rodovias nacionais e estaduais, o que justifica em parte a evolução fragmentada da
ocupação urbana em Ibirité, a partir de núcleos isolados, aliada ao intenso
parcelamento do solo dirigido aos migrantes intrametropolitanos e às populações de
baixa renda carentes de moradia, vinculado, inicialmente, às concentrações industriais
em Belo Horizonte e Contagem, mais tarde incluindo-se Betim.
Ibirité, hoje, mantém ligações viárias mais acentuadas com o Município de Belo
Horizonte, principalmente pela conurbação na região do Barreiro, servindo-se da MG
040 como principal eixo viário. De forma secundária, articula-se com a BR 381 em
Betim, na altura da REGAP, de maneira mais acentuada a partir do início da instalação
do Distrito Industrial de Ibirité em 1995, ao sul do complexo industrial da Refinaria.
O principal eixo viário nesta região é a Avenida de Contorno, construída pela Petrobrás
como estrutura de circulação para a Refinaria e manutenção do Gasoduto, com a sua
continuação que ruma em direção sudoeste. Este eixo foi sendo apropriado por todos
os demais usos antrópicos que sucessivamente ocuparam espacialmente o entorno da
REGAP, criando-se derivações viárias para acesso a pontos antes desarticulados,
como a Rua Padre Eustáquio, ligando aos bairros de Cascata e Petrolina.
108
traçado das vias ao sul da REGAP foi reorganizado, criando-se uma grande rótula na
inflexão da Av. do Contorno com a avenida que margeia o Gasoduto e um largo
pavimentado na altura da Termelétrica, da qual se deriva a ligação para Jardim das
Rosas e o distrito industrial. Estas alterações decorrem mais diretamente do pesado
fluxo de caminhões e veículos vindos principalmente das indústrias instaladas em
Ibirité, a maior parte vinculada à indústria automotiva, em direção à BR 381, e, de
forma secundária, dos fluxos originados nas áreas urbanizadas ao sul da Petrovale.
A Avenida do Contorno mostra já sinais de saturação no tráfego, por ser a única rota
para acesso à Fernão Dias, arcando com um volume de veículos e caminhões muito
superior ao dimensionado, no princípio, para atendimento exclusivo dos fluxos gerados
pela REGAP. Notam-se pontos de estrangulamento e congestionamento em
determinados horários, agravando-se freqüentemente pela livre circulação de animais
na pista, devido à inexistência de cercas isolando campos antrópicos e pastos, em
propriedades sem destinação específica de uso.
Quanto à malha viária, interna aos bairros ocupados, todas de caráter local, mantêm-se
os comentários expressos no detalhamento dos usos do solo predominantes,
merecendo maior atenção, por parte do poder público, a correção das condições de
acesso e circulação para as áreas mais periféricas dos bairros de Cascata, Jardim das
Rosas e Petrovale/Vila Esperança, considerando-se as vias, nestes locais, como fator
de risco potencial a uma população que já se encontra em condição de grande
desigualdade social.
109
6. USO D A Á GU A D A L AG O A DE IBIR ITÉ PELA REG AP
A localização, após pesquisa em várias regiões, ficou definida para uma área no
Município de Betim, às margens da Rodovia Fernão Dias (atual BR 381, que liga Belo
Horizonte à São Paulo), distante cerca de 25 km do centro da capital e próxima a toda
a malha viária do Estado, o que facilita o escoamento da produção.
O rápido desenrolar das obras, que começaram em seis de fevereiro de 1963, permitiu
a conclusão do primeiro oleoduto Rio-Belo Horizonte já em 1967. As primeiras
remessas de derivados vindas do Rio para a refinaria começaram de imediato, sendo
armazenadas nos tanques já concluídos e distribuídas para todo o Estado. Finalmente,
em 30 de março de 1968 a REGAP, como é mais conhecida, era inaugurada.
110
6.2 DADOS ATUAIS SOBRE A REGAP
A REGAP possui capacidade para processar 150 mil barris de petróleo por dia e
produzir 17 diferentes tipos de derivados, sendo os principais a gasolina, diesel, gás de
cozinha, querosene de aviação, asfaltos, óleos combustíveis e nafta petroquímica.
111
- ORBEL II: Transporta petróleo do Rio de Janeiro para a Regap operando desde
1982. Capacidade = 25.000 a 30.000 m³/d
- GASBEL (Gasoduto Rio Belo Horizonte): Capacidade = 1,7 milhões m³/dia
(atual) – Extensão = 357 km – Traz gás natural da bacia de Campos.
O mercado da REGAP abrange 70% de Minas Gerais e partes dos estados de São
Paulo, Goiás, Distrito Federal e, eventualmente, Espírito Santo e Triângulo Mineiro.
A REGAP é responsável por cerca de R$ 1,26 bilhões por ano, em ICMS pago ao
governo.
112
cabos e fios, tubos para proteção de eletroeletrônicos, detergentes, fraldas
descartáveis e outros produtos.
Lagoa de
Ibirité
REGAP
Figura 6.3 – Visão Geral da área reservada para implantação do Complexo Acrílico
A nova Unidade de Recuperação de Enxofre tem por finalidade recuperar o enxofre das
correntes gasosas e manter as emissões de contaminantes, em caso de parada
operacional ou de manutenção, dentro dos padrões legais, sem comprometer a
continuidade operacional das unidades de processo.
A nova Unidade de Tratamento de Águas Ácidas tem por finalidade recuperar a água
de processo possibilitando o seu reaproveitamento e evitando o aumento de consumo
de água da refinaria retirando os contaminantes gasosos de sua composição e
enviando-os para a Unidade de Recuperação de Enxofre e para o incinerador de
amônia.
114
Tabela 6.3: Finalidades do Consumo de Água da REGAP
Finalidade de Quantidade (m3/mês) Origem
Consumo Máxima Média
Processo industrial 129.600 90.000* Lagoa de Ibirité
e lavagem de pisos (Contabilizada em (Contabilizada em
e equipamentos processo industrial) processo industrial)
Resfriamento e 329.130 328.365 Lagoa de Ibirité
refrigeração
Produção de vapor 145.440 142.665 Lagoa de Ibirité
Consumo humano 29.520 21.450 Poços Artesianos e
(sanitários, COPASA
refeitório, etc)
Fonte: Eia/ Rima Ampliação REGAP, 2006
Tipo de Tratamento
Unidade de Água Potável: a água captada dos poços artesianos é reunida em
uma caixa de passagem, onde recebe hipoclorito de sódio para desinfecção e é
direcionada para filtros de areia, visando à retenção de sólidos. A água tratada é
armazenada em tanques e segue para consumo.
115
6.4.2 Geração de Efluentes
Os sistemas de tratamento de efluentes da REGAP são operados pela própria
empresa, que, também, é a única instituição que monitora seus próprios efluentes
industriais.
Estes efluentes são encaminhados para as redes coletoras existentes (rede oleosa
velha, rede oleosa nova, rede oleosa do coque e rede de água contaminada) e em
seguida direcionados para a Estação de Tratamento de Despejos Industriais (ETDI)
com um regime de geração contínuo de aproximadamente 350 m³/h.
116
A Figura 6.4 apresenta o diagrama simplificado da ETDI da REGAP.
Tanque Esgoto
Caixa de Equalizador Doméstic
Chegada Separador API Separador PPI
Inhoff
Unidade
de Bacia de Bacia de
Flotação Aeração Aeração
Sul Norte Biodiscos
Córrego Pintado
Sistema de Regularização
Os efluentes líquidos industriais da REGAP são coletados nas redes: águas
contaminadas (RAC), águas oleosas nova (RON), velha (ROV) e água oleosa da
unidade de coque (ROC). Estas correntes se unem em caixas coletoras, a montante da
Estação de Tratamento de Despejos Industriais – ETDI e daí escoam por gravidade
para os Separadores de Água e Óleo API. Caso a vazão aumente além de 500 m³/h, a
alimentação da Unidade de Flotação é feita por bombas diretamente do poço, com
bloqueio do tanque pulmão. Em situações de picos de poluentes o envio do tanque
para a Unidade de Flotação poderá ser bloqueada até que o sistema seja normalizado.
Portanto, o excedente das caixas é enviado para duas bacias de acumulação de águas
de chuvas ou excedentes das redes de água oleosa e contaminada. O efluente da
Bacia de Acúmulo velha pode transbordar para o desarenador seguindo para a Bacia
de Acúmulo nova, daí, poderá verter para a lagoa de polimento.
Tanque Pulmão
O efluente tratado no Separador de Água e Óleo é encaminhado por gravidade para o
tanque pulmão, seguindo por gravidade para a unidade de flotação e daí segue seu
fluxo normal para os tratamentos secundário e terciário. O tanque pulmão tem a
finalidade de controlar a vazão e a concentração de poluentes da ETDI, amortecendo
picos e proporcionando uma operação estável e otimizada de toda estação. Este
tanque é um reservatório de aço carbono, do tipo teto flutuante, dotado de três
misturadores tipo hélice, com volume máximo operacional de 78.332m³ e altura
máxima operacional de 13.315 mm.
Biodigestor
Este sistema consiste em tratamento anaeróbico do esgoto doméstico, com capacidade
de 40 m³/h. A vazão atual é de aproximadamente 15 m³/h. Após tratamento, o licor é
enviado para a entrada da Bacia de Aeração Sul e os sólidos depois de desidratados
para aterro.
Bacias de Aeração
São duas bacias operando em série, Bacia de Aeração Sul e Bacia de Aeração Norte,
com capacidade de 24.000 m3 cada, que corresponde a um tempo de residência de
aproximadamente 6 dias, quando em tempo seco e de 4 dias no período chuvoso.
Estas bacias têm por finalidade promover a oxidação biológica da matéria orgânica e
outros compostos presentes na água. O oxigênio necessário para as reações de
oxidação é fornecido por aeradores mecânicos através de agitação turbilhonar. Para
118
correção da alcalinidade é adicionada cal hidratada. Na ocorrência de sulfeto é
adicionado Peróxido de Hidrogênio. É feita uma recirculação da água de saída da
Unidade de Biodiscos, para a Bacia de Aeração Sul com o objetivo de inocular
bactérias nitrificantes nesta lagoa. A Bacia de Aeração Sul recebe também o licor do
Biodigestor para remoção de matéria orgânica desta corrente. Estão instalados na
entrada da Bacia de Aeração Sul dois analisadores contínuos para amônia e oxigênio
dissolvido.
Biodisco
Esta unidade é composta por seis biodiscos, um sistema de dosagem de bicarbonato
de sódio para controle da alcalinidade e analisadores contínuos. Os analisadores de
amônia e alcalinidade têm por objetivo, além do controle de processo, acionar o
sistema de dosagem de bicarbonato de sódio. O Biodisco consiste em um tanque
contendo um conjunto de placas dispostas em paralelo formando um cilindro,
suportado por um eixo central. A rotação do biodisco é feita por ar comprimido. O
biodisco fica submerso aproximadamente 40% no efluente.
119
6.4.3 Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos
A REGAP possui outorga de direito de uso de água superficial da lagoa de Ibirité,
concedida pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, com as seguintes
características:
Coordenadas (UTM) do ponto de captação: 7.785.774,756740m N;
592.206,558006m E; MC 45º;
Vazão máxima de captação: 1.458,00 m3/h durante 24 horas
Data da concessão: 26 de maio de 2001
Validade da concessão: Cinco anos
OBS.: O pedido de outorga realizado pela UN – REGAP ao IGAM incluiu
também a vazão a ser captada na Lagoa de Ibirité para atender a Usina
Termoelétrica (UTE) de Ibirité a qual foi agregada ao complexo industrial, sendo
atendida pela captação existente. Considerando-se que o consumo atual da
REGAP é de aproximadamente 1.000 m3/h, admite-se que o restante da vazão
outorgada - 458 m3/h será utilizada na UTE.
A REGAP não possui outorga para lançamento de seus efluentes hídricos. No entanto,
esta empresa solicitou em 2001 ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas, informações
sobre os procedimentos para a obtenção de outorga para lançamento de efluentes em
curso de água. Em resposta encaminhada à REGAP em 16/07/01 o IGAM informou
que:
- “De acordo com o artigo 18 da Lei Estadual 13.199 de 29 de janeiro de 1999, que
dispõe sobre a Política Estadual de Recurso Hídricos, estão sujeitos a outorga pelo
Poder Público os lançamentos de esgotos e demais efluentes tratados ou não, com o
fim de sua diluição, transporte ou disposição final”;
- “O artigo 11 da Portaria Administrativa IGAM no.010/98 de 30 de dezembro de 1988,
prevê a emissão de outorgas para lançamentos de efluentes sem, contudo, fixar
critérios para as diversas cargas de poluentes lançados aos cursos de água”.
Assim sendo, foi esclarecido pelo IGAM que tão logo sejam definidos tais critérios, será
emitida Portaria para orientação aos diversos usuários de recursos hídricos do Estado.
Até que isso ocorra o IGAM não está exigindo e nem concedendo outorgas para
lançamentos de efluentes. O IGAM esclarece ainda que na oportunidade deverá ser
obedecida a legislação ambiental que dispõe sobre o tratamento e lançamento de
efluentes, cuja fiscalização é competência da FEAM – Fundação de Meio Ambiente.
120
7. C AUS AS E EFEIT OS D A DEGR AD AÇÃO AMB IENT AL D A L AGO A
DE IB IRIT É
Ao longo das duas últimas décadas os efeitos de ações antrópicas se tornaram cada
vez mais visíveis e hoje se observa uma progressiva degradação das suas condições,
com potencial tanto para afetar as comunidades vizinhas quanto para ameaçar a
continuidade de seu uso como manancial para a REGAP.
Alternativas ao abastecimento de água das empresas têm sido estudadas, sem que
houvesse, até o momento, a identificação de uma fonte que pudesse servir ao
propósito, com a mesma viabilidade econômica.
122
Torna-se assim, de suma importância identificar e espacializar as principais causas da
aceleração desse assoreamento.
Organismos Doenças
Patogênicos
Figura 7.4: Mortandade de Peixes Devido à Falta de Oxigênio Dissolvido Causada por
Lançamento de Esgoto em Curso d’água (Nota: Esta foto não se refere à Lagoa de Ibirité)
125
7.2.1.2 Nutrientes
Os esgotos contêm nitrogênio (N) e fósforo (F), presentes nas fezes e urina, nos restos
de alimentos, nos detergentes e outros subprodutos das atividades humanas.
126
Figura 7.5: Crescimento Excessivo de Plantas Aquáticas na Lagoa de Ibirité
Figura 7.6: Floração de Algas na Lagoa de Ibirité (notar o tom esverdeado da água)
127
Um dos principais problemas relacionados à eutrofização é a proliferação de
cianobactérias6 (algas azuis) em detrimento de outras espécies aquáticas. As
cianobactérias podem produzir gosto e odor desagradável na água e desequilibrar os
ecossistemas aquáticos.
6
As algas azuis ou cianobactérias, não podem ser consideradas nem como algas e nem como bactérias comuns. São
microorganismos com características celulares procariontes (bactérias sem membrana nuclear), porém com um
sistema fotossintetizante semelhante ao das algas (vegetais eucariontes), ou seja, são bactérias fotossintetizantes.
128
Figura 7.8: Cianobactéria Lyngbya
A contaminação de seres humanos por esgotos sanitários pode ser causada por
bactérias, vírus entéricos ou parasitas intestinais (protozoários e helmintos) presentes
em grandes quantidades no esgoto sanitário.
Uma breve descrição dos principais grupos de organismos patogênicos dos esgotos é
apresentada a seguir:
Vírus – No que se refere aos esgotos sanitários, os vírus de maior interesse são
conhecidos como vírus entéricos. Nesse grupo encontram-se aqueles que se
multiplicam no trato gastrointestinal do ser humano, sendo eliminados em
elevadas densidades pelas fezes. Os vírus entéricos podem causar vários tipos
de doenças, nem sempre restritas ao aparelho digestivo, dentre elas algumas
consideradas emergentes atualmente. As doenças mais conhecidas causadas
por vírus entéricos são a hepatite infecciosa (vírus da hepatite A), as
gastroenterites (enterovírus e parvovírus) e as diarréias (rotavírus e adenovírus).
130
grande destaque tem sido dado ao Cryptosporidium, anteriormente reconhecido
apenas como um patógeno animal.
A Figura 7.10 apresenta os principais riscos à saúde pública associados aos esgotos
“in natura.
Figura 7.10: Doenças que Podem ser Transmitidas pelo Esgoto Sanitário
Do total de caramujos coletados pelo estudo do CETEC, apenas 15% puderam ser
submetidos ao teste de infecção ao Schistossoma mansoni, em decorrência da grande
mortandade ocorrida durante o seu transporte para o laboratório e o diâmetro da
concha abaixo de 5 mm, que impossibilita o teste. Dentre os moluscos testados,
nenhum apresentou resultado positivo. Contudo, o número de organismos testados foi
muito pequeno para que se possa afirmar, que a população presente na área de
influência não esteja infectada e, portanto, não transmitindo a doença.
132
O monitoramento que a REGAP fez em 2006 (conforme detalhado no item 3.1.8.2) não
detectou metais pesados nem na lagoa de Ibirité, nem em seus tributários. Entre os
compostos orgânicos foi detectada a presença de óleos e graxas em concentração
bastante abaixo de oferecer qualquer risco a biota aquática (<1,4 e 11, mg/L).
Salienta-se que as análises revelaram que a maioria dos metais era proveniente do
ribeirão Ibirité. Foi constatada a presença elevada de cobre junto à captação de água
da REGAP. Este fato deve-se provavelmente a emprego de algicida.
133
7.2.3 Poluição Gerada pelo Lixo
Embora o município de Ibirité possua sistema de coleta de lixo que atende a cerca de
90% da população, ainda persistem situações em que os moradores lançam lixo nos
cursos d’ água, na lagoa de Ibirité e em lotes vagos. Lançamentos clandestinos de
despejos de entulhos são comuns ao longo da lagoa de Ibirité, sendo que a deposição
ilegal de entulhos é, em boa parte, feita às margens da lagoa.
Figura 7.11- Vista próxima a foz do ribeirão Ibirité, tendo-se ao fundo o lixo doméstico
removido da lagoa pela Regap.
7.2.4 Assoreamento
A ocupação desordenada no solo da bacia hidrográfica da lagoa de Ibirité favorece a
ocorrência de processos erosivos, com a conseqüente redução da cobertura vegetal e
um grande aporte de nutrientes em forma particulada até os cursos d’água afluentes à
lagoa.
135
O resultado deste estudo é sintetizado nas Figuras 7.12 e 7.13, que apresentam
respectivamente o mapa de potencial erosivo da bacia da Lagoa de Ibirité e o potencial
erosivo por sub-bacias.
A identificação dos potenciais erosivos por sub-bacia foi feita com objetivo de facilitar o
planejamento e a adoção de ações de controle para diminuir a geração de sedimentos.
136
Pintado
Palmares
Pelado
Contribuição
Direta da
Sub-bacia ribeirão Ibirité
Lagoa
Barreirinho
Sumidouro
Taboões
’
Figura 7.13 – Mapa de potencial erosivo por sub-bacia
A sub-bacia do córrego Palmares, embora seja um dos índices mais altos, tem sua
drenagem para uma pequena lagoa que fica ao fundo da refinaria (lagoa de Palmeiras)
que serve de contenção intermediária. Isto acaba reduzindo sua contribuição para o
processo de assoreamento da Lagoa de Ibirité, mas configura-se como uma
preocupação para a primeira lagoa já citada.
A sub-bacia de contribuição direta da Lagoa de Ibirité obteve o menor índice de
potencial erosivo, o que pode ser explicado pela razoável área de matas e
monoculturas em seu entorno, além de baixos índices de declividade.
138
8. QU ESTÕES AMB IEN T AIS
8.1 PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ
As condições ambientais em Ibirité foram bastante modificadas devido ao uso intenso
dos recursos naturais, o que ocorreu sem planejamento e de modo predatório. Esta
situação foi-se agravando ao longo dos anos pela aceleração do processo de
urbanização que, muitas vezes, teve lugar em áreas impróprias a ocupação, criando
um enorme passivo para a administração municipal. A ocupação urbana desordenada
foi responsável pelos inúmeros agravos ambientais, tais como: a erosão do solo,
incremento de focos de lançamento de lixo doméstico e lançamento dos esgotos a céu
aberto e sem tratamento.
A questão ambiental em Ibirité tem sido enfrentada com maior profundidade a partir da
criação da Secretária Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos em 1993 e da
reativação do Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente -
CODEMA.
Para que o município firmasse este convênio, houve necessidade de uma lei ambiental
municipal (Lei no. 3.274/99), de um Decreto que a regulamentasse (Decreto
16.660/01), além de uma estrutura técnica compatível com as classes a serem
licenciadas. Betim foi o 4º município a assinar este convênio no Estado de Minas
Gerais.
139
Secretaria Municipal
de Meio Ambiente
Seção de
Licenciamento Setor Central de Setor de Entulhos
Industrial Tratamento de e Coleta Seletiva
Resíduos Sólidos
Seção de Seção
Licenciamento para de
Fauna e Flora Saneamento
Seção de
Serviços
Gerais
Seção de
Parques e
Jardins
140
8.3 COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAOPEBA E CONSÓRCIO
INTERMUNICIPAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAOPEBA-
CIBAPAR
Tanto a lei nacional (Lei 9.433, de 1997) quanto a lei que detalhou a política estadual
de recursos hídricos em Minas Gerais (Lei 13.199, de 1999) trazem como premissa que
a gestão desses recursos será descentralizada, dela participando poder público,
usuários e comunidades. Essa é uma mudança conceitual importante, pois o poder de
definir as diretrizes e os investimentos relativos ao uso dos recursos hídricos se
desloca do Estado, onde sempre esteve, para os cidadãos que residem na bacia.
Diversos comitês já foram criados para bacias de domínio estadual em Minas Gerais,
entre os quais o Comitê da Bacia do Rio Paraopeba (na qual se insere a bacia
hidrográfica da lagoa de Ibirité), instituído em 28 de maio de 1.999, pelo Decreto n°
40.398.
141
9. RECOMEND AÇÕ ES
A natureza e a magnitude dos problemas ambientais da bacia hidrográfica da lagoa de
Ibirité guardam relação com o índice de urbanização dos municípios que integram esta
região. Desta forma, decorrem direta e indiretamente do uso e ocupação do solo tanto
das áreas urbanas, quanto das áreas rurais, estas últimas em crescente processo de
integração às franjas periurbanas dos municípios da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, onde a pressão do uso do solo sobre os recursos naturais se faz cada vez
mais intensa.
142
- Cadastro das fontes geradoras de efluentes industriais localizados na bacia da
lagoa de Ibirité, caracterizando as condições dos lançamentos e sua situação de
licenciamento;
143
elaboração de planos diretores, cujo prazo venceu em outubro de 2007. A
Secretaria de Planejamento de Ibirité esclareceu que a Prefeitura Municipal vai
se utilizar do novo prazo, até outubro de 2009, também estipulado pelo
Ministério das Cidades, para os casos de municípios que já dispunham de Plano
Diretor e que apenas procederiam à atualização desse plano. Recomenda-se,
que na atualização do PDDU seja considerada a compatibilização do uso do
solo com os aspectos de proteção das áreas de preservação permanente e
demais áreas protegidas;
144
- Finalmente, ressalta-se a importância da participação conjunta das
administrações municipais envolvidas, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
Paraopeba, da sua agência executiva: Consórcio Intermunicipal da Bacia do Rio
Paraopeba (Cibapar), da Petrobrás (Regap), da Copasa/MG e da comunidade
local na implementação das ações supramencionadas.
145
10. REFERÊNC IAS B IB LIOGRÁFIC AS
CIBAPAR - Consórcio Intermunicipal da Bacia do Rio Paraopeba / FOCUS Pesquisa e
Estratégia. A Lagoa de Ibirité- Percepções da População no Contexto Ambiental de
Ibirité- 2008
IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas - Projeto Águas de Minas – Projeto Sul
de Minas –“Relatório de Qualidade das Águas Interiores – 2005”.
IGAM- Instituto Mineiro de Gestão de Águas - Estudos das Metas de Qualidade Bacia
Hidrográfica do Rio Paraopeba. 2005
147