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EQUIPE DE ELABORAÇÃO
FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS
COORDENAÇÃO GERAL
Gláucia Moreira Drummond
Cássio Soares Martins
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Yasmine Antonini
2
EQUIPE TÉCNICA
EQUIPE DE APOIO
Meio Físico
Laura Arantes Campos
Sheilla Mara Prado da Silva
Flávio Henrique da Silva Neves
Johannes Wilson Souza Castro
Cristiane Marques Botelho
Mariângela Evaristo Ferreira
Flávia Aparecida Machado
Maurício Teixeira Aguiar
3
Meio Biótico
Alexsander Araújo de Azevedo
Christiana Mara de Assis Rodrigues
Deise Tatiane Bueno Miola
Diego Hoffmann
Gustavo Schiffler
Henrique Belfort Gomes
Ítalo Martins da Costa Mourthé
Joaquim de Araújo Silva
José Carlos Chaves dos Santos
Leonardo Rodrigo Viana
Luciene de Paula Faria
Maíra Figueiredo Goulart
Marconi Souza Silva
Marcos Alexandre dos Santos
Maria Auxiliadora Miguel Jacob
Nilson Gonçalves da Fonseca
Ricardo Oliveira Latini
Samuel Lopez Murcia
Zenilde das Graças Guimarães Viola
4
COORDENAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - CUCO
PROMATA
Sônia Maria C. Carvalho
Cornelius Von Frustemberg
5
SUMÁRIO
Página
3. ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ................................................................ 17
3.1. Informações Gerais....................................................................................................... 17
3.1.1. Acessos .................................................................................................................. 17
3.1.2. Histórico de Criação do PESRM e EEF .................................................................. 19
3.1.3. Origem do Nome .................................................................................................... 19
3.2. Caracterização dos Fatores Abióticos e Bióticos........................................................... 20
3.2.1. Meio Abiótico .......................................................................................................... 20
3.2.1.1. Caracterização Fisiográfica ...............................................................................................22
3.2.1.1.1. Compartimentação geológico-geomorfolófica.............................................................22
3.2.1.1.2. Compartimento das cabeceiras...................................................................................23
3.2.1.2. Análise do comportamento atmosférico e dos elementos climáticos ................................27
3.2.2. Meio Biótico ............................................................................................................ 35
3.2.2.1. Avaliação Ecológica Rápida ..............................................................................................35
3.2.2.2. Vegetação ..........................................................................................................................37
3.2.2.2.1. Floresta Estacional Semidecidual ...............................................................................37
3.2.2.2.2. Savana Arborizada (Campo Cerrado).........................................................................40
3.2.2.2.3. Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Sujo ou Campo Ferruginoso)...........................41
3.2.2.2.4. Refúgios Ecológicos (Campos Rupestres) .................................................................41
3.2.2.2.5. Espécies Ameaçadas de Extinção ..............................................................................42
3.2.2.2.6. Espécies Exóticas .......................................................................................................43
3.2.2.3. Caracterização Limnológica...............................................................................................44
3.2.2.3.1. Avaliação das Características Ecológicas de Trechos de Bacia ................................48
3.2.2.3.2. Resultados da Avaliação dos Trechos de Bacia.........................................................51
3.2.2.3.3. Comunidade Planctônica ............................................................................................58
3.2.2.3.4. Qualidade das águas ..................................................................................................62
3.2.2.4. Bioespeleologia..................................................................................................................67
3.2.2.4.1. Avaliação Bioespeleológica.........................................................................................68
3.2.2.4.2. Avaliação do Patrimônio Espeleológico ......................................................................68
3.2.2.4.3. Caracterização trófica geral das cavernas da área.....................................................69
3.2.2.4.4. Caracterização faunística geral das cavidades...........................................................71
3.2.2.4.5. Caracterização biológica específica de cada cavidade ..............................................75
3.2.2.4.6. Avaliação Preliminar do Patrimônio Espeleológico.....................................................79
3.2.5. Fauna ..................................................................................................................... 80
3.2.5.1. Mamíferos (Mastofauna) ....................................................................................................80
3.2.5.1.4. Espécies de Interesse Especial ..................................................................................83
3.2.5.1.5. Espécies Exóticas e Invasoras....................................................................................84
3.2.5.2. Aves ...................................................................................................................................84
6
3.2.5.2.1. Espécies Especiais – Endêmicas e Ameaçadas de Extinção ....................................87
3.2.5.2.2. Espécies Exóticas e Potencialmente Danosas ...........................................................90
3.2.5.3. Herpetofauna .....................................................................................................................90
3.2.5.3.1. Táxons de interesse para conservação ......................................................................93
3.2.5.4. Entomofauna......................................................................................................................93
3.2.5.4.1. Abelhas........................................................................................................................94
3.2.5.4.2. Besouros .....................................................................................................................95
3.2.5.4.3. Espécies Ameaçadas de Extinção ..............................................................................96
3.2.5.4.4. Espécies Raras ...........................................................................................................97
3.2.5.4.5. Espécies Exóticas .......................................................................................................97
3.3. Análise Intertemática .................................................................................................... 98
3.3.1. Interpretação da Pontuação da Vegetação ............................................................. 98
3.3.3. Análise Intertemática para Caracterização dos Pontos ......................................... 101
3.4. Descrição dos Sítios Históricos e Arqueológicos......................................................... 107
3.4.1. Sítios situados no interior do Parque Estadual da Serra do Rola Moça ................ 107
3.4.1.1. Gruta Rola Moça 1 ...........................................................................................................108
3.4.1.2. Gruta do Rola Moça 18....................................................................................................110
3.4.1.3. Gruta do Rola Moça 3......................................................................................................111
3.4.1.4. Gruta do Rola Moça 4......................................................................................................112
3.4.1.5. Gruta do Rola Moça 13....................................................................................................112
3.4.1.6. Muro de Pedra - Histórico ................................................................................................112
3.5. Socioeconomia ........................................................................................................... 113
3.5.1. Aspectos demográficos......................................................................................... 116
3.5.2. Atividades predominantes..................................................................................... 116
3.5.3. Infra-estrutura e condições de moradia................................................................. 119
3.5.4. Equipamentos públicos......................................................................................... 120
3.5.5. Organização social e associativismo .................................................................... 122
3.5.6. Apropriação dos Recursos Naturais e Situações de Conflito ................................ 129
3.5.7. Visão das Comunidades Residentes sobre a UC.................................................. 131
3.5.8. Grupos de Interesse ............................................................................................. 135
3.5.8.1. Grupos de Interesse Primário ..........................................................................................135
3.5.8.2. Grupos de Interesse Secundário .....................................................................................136
3.6 - Situação Fundiária..................................................................................................... 137
3.7. Fogo e outras ocorrências excepcionais ..................................................................... 141
3.7.1. Histórico de Incêndios........................................................................................... 142
3.8. Uso público do Parque Estadual da Serra do Rola Moça............................................ 143
3.8.1. Influência regional para o desenvolvimento do Uso Público na UC....................... 144
3.8.2. Metodologia utilizada no diagnóstico .................................................................... 145
3.8.3. Descrição das características de cada localidade avaliada................................... 147
7
3.8.3.1. Sítio I - Mineração ............................................................................................................147
3.8.3.2. Sítio II - APE Taboões .....................................................................................................150
3.8.3.3. Sítio III - APE Bálsamo ....................................................................................................150
3.8.3.4. Sítio IV - Região do Barreiro ............................................................................................151
3.8.3.5. Sítio V - APE Barreiro ......................................................................................................154
3.8.3.6. Sítio VI - APE Mutuca ......................................................................................................155
3.8.3.7. Sítio VII - APE Catarina ...................................................................................................157
3.8.3.8. Sítio VIII – Estação Ecológica de Fechos (EEF) .............................................................159
3.8.4. Caracterização do uso público atual da UC .......................................................... 160
3.8.4.1. Atividades educacionais e culturais disponíveis..............................................................160
3.8.4.2. Atividades de lazer...........................................................................................................163
3.8.4.3. Pesquisa científica ...........................................................................................................166
3.8.4.4. Serviços oferecidos..........................................................................................................167
3.8.4.5. Infra-estrutura, equipamentos e manejo..........................................................................167
3.8.5. Resultados do diagnóstico do uso público ............................................................ 170
3.8.5.1. Pesquisa de Demanda Atual de Uso Público ..................................................................170
3.8.5.2. Caracterização do Visitante .............................................................................................170
3.8.5.3. Atrativos atuais e potenciais ............................................................................................174
3.8.5.4. Impactos observados no interior da UC ..........................................................................174
3.8.5.4.1. Estradas internas ao PESRM....................................................................................177
3.8.6. Proposta para o uso público do PESRM ............................................................... 178
3.8.6.1. Serviços e atrativos..........................................................................................................178
3.8.6.2. Infra-estrutura de apoio....................................................................................................183
3.8.6.3. Trilhas potenciais .............................................................................................................186
3.8.6.4. Roteiros de visitação........................................................................................................189
3.8.6.5. Capacidade suporte.........................................................................................................200
3.8.6.6. Atividades de lazer, educação e cultura ..........................................................................204
3.8.6.7. Manual de conduta para funcionários e visitantes...........................................................206
3.9. Declaração de Significância........................................................................................ 207
3.10. Referências Bibliográficas......................................................................................... 209
8
Figuras
Página
Figura. 3.1 Mapa de localização e acesso ao Parque Estadual da Serra do Rola Moça e a
Estação Ecológica de Fechos, nas proximidades de Belo Horizonte, Minas Gerais. ...............18
Figura 3.3. Modelagem tridimensional geológica do Parque Estadual da Serra do Rola Moça. .....22
Figura 3.8 Velocidade do vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça. ................................28
Figura 3.9 Modelo Tridimensional da direção do vento no Parque Estadual da Serra do Rola
Moça – direção do vento as 12:00.............................................................................................29
Figura 3.10. Temperatura ambiente no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 12:00............29
Figura 3.11. Umidade Relativa do Ar no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 12:00. .........30
Figura 3.12. Velocidade do Vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 18:00. ..............31
Figura 3.13. Modelo Tridimensional do relevo no vento no Parque Estadual da Serra do Rola
Moça – direção do vento as 18:00.............................................................................................31
Figura 3.14. Temperatura ambiente no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 18:00............32
Figura 3.15. Umidade relativa do ar no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 18:00. ...........32
Figura 3.16. Velocidade do Vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 00:00. ..............33
Figura 3.17. Modelo Tridimensional do relevo no Parque Estadual da Serra do Rola Moça –
direção do vento as 00:00..........................................................................................................33
Figura 3.18. Temperatura ambiente no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 00:00............34
Figura. 3.19. Umidade relativa do ar no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 00:00...........34
Figura 3.20. Sítios de amostragem da Avaliação Ecológica Rápida (AER) no Parque Estadual da
Serra do rola Moça (PESRM) e na Estação Ecológica de Fechos (EEF), MG. ........................36
9
Figura 3.21. Fotos ilustrando as formações campestres (A) e florestais (B) encontradas na região
do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e Estação Ecológica de Fechos. Fotos:
Alexander Azevedo e Marconi Sousa Silva. ..............................................................................37
Figura 3.22. Classificação dos tipos vegetacionais e/ou fitofisionomias do Parque Estadual da
Serra do rola Moça (PESRM) e da Estação Ecológica de Fechos (EEF), Minas Gerais..........38
Figura 3.23. Formações florestais do interior do PESRM. Fotos: Leonardo Viana e Alexander
Azevedo. ....................................................................................................................................39
Figura 3.24. À esquerda aspecto das formações savânicas. À direita, flor de pequi (Caryocar
brasiliense) espécie tipica desse tipo vegetacioanal Fotos: Yasmine Antonini e Marcos
Alexandre. ..................................................................................................................................40
Figura. 3.26. Aspectos da vegetação sobre canga couraçada. Foto: Alexander Azevedo ..............42
Figura 3.27. Artrocereus glaziovii, espécie ameaçada de extinção. Foto: Alexander Azevedo. ......43
Figura 3.28: Imagem das estações de amostragem 1 a 5 (ambientes lóticos), no Parque Estadual
da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais, obtidas em novembro de 2004....................45
Figura 3.29: Fotos das estações de amostragem 6 a 9 (ambientes lênticos), no Parque Estadual
da Serra do Rola Moça (PESRm), Minas Gerais, obtidas em novembro de 2004....................46
Figura 2.30. Principais macroinvertebrados bentônicos coletados nos ecossistemas lêntico (A) e
lótico (B) do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, durante a Avaliação Ecológica Rápida
do plano de manejo do Parque..................................................................................................47
Figura 3.31. Coleta de água com redes de fito e zooplâncton (A e B); utilização do Horiba em
campo (C); coleta de água para a determinação da concentração de oxigênio dissolvido na
água (D). Todas as coletas foram realizadas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça
(PESRM), Minas Gerais, no mês de novembro de 2004...........................................................48
Figura 3.32. Coleta de macroinvertebrados nos ecossistemas lóticos (A) e lênticos (B), realizadas
em novembro de 2004, no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais.49
Figura 3.33. Processamento das amostras em laboratório: lavagem sobre peneiras (A); triagem
dos macroinvertebrados bentônicos (B) e; depósito dos macroinvertebrados na coleção de
referência do ICB-UFMG (C). ....................................................................................................50
Figura 3.34. Concentrações (µg/L) do íon amônio, ortofosfato e silicato nos ambientes aquáticos
amostrados no Parque Estadual da Serra do Rola Moça em novembro de 2004. (observar
diferenças nas escalas). ............................................................................................................54
Figura 3.35. Concentrações de nitrogênio total, nitrato, ortofosfato e fósforo total nos ambientes
aquáticos amostrados no Parque Estadual da Serra do Rola Moça em novembro de 2004....54
Figura 3.36. Ocorrência de carbono nos mananciais do Parque Estadual da Serra do Rola Moça,
Minas Gerais. .............................................................................................................................55
10
Figura 3.37. Composição granulométrica do sedimento nos ecossistemas estudados em
novembro de 2004 no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (MG). AMG - areia muito
grossa; AG - areia grossa ; AM - areia média, AF - areia fina, AMF - areia muito fina e S +
Arg - silte + argila. ......................................................................................................................57
Figura 3.38. Riqueza específica de algas perifíticas nos diferentes pontos amostrados do Parque
Estadual da Serra do Rola Moça, Minas Gerais, em novembro de 2004. ................................59
Figura 3.39. Alguns representantes dos gêneros identificados nos pontos amostrados no Parque
Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais: (A) Euastrum sp.
(Zygnemaphyceae); (B) Staurastrum tetracerum e (C) Cosmarium asphaesporum.................60
Figura 3.41. Raízes que crescem interceptando as galerias de diferentes cavernas ferruginosas.
Raízes presas às laterais do conduto (A); Retículos radiculares que crescem pelo piso em
diferentes cavernas (B, C e D); “Rizotemas” (E); Orifício no topo de um rizotema,
correspondendo ao local onde as gotas atingem a formação (F). ............................................71
Figura 3.42. Eukoenenia spn. (Palpigradi) observado na gruta Rola Moca I. A seta de número 1
indica o flagelo e a seta de número 2 indica a pata tátil do organismo.....................................72
Figura 3.43. Arrhopalites spn. (Collembola) observado nas grutas Rola Moca III e IV. ...................72
Figura 3.45. Chthoniidae sp1 (Pseudoscorpionida) troglomórfico encontrado nas grutas Rola
Moca III e IV. A elipse amarela indica indica a quelícera direita do organismo. .......................73
Figura 3.46. Coleóptero troglóbio da família Carabidae (Coarazuphium) encontrado na gruta Rola
Moça III. .....................................................................................................................................74
Figura 3.47. Opilião troglomórfico encontrado na gruta Rola Moça II. Reparar a acentuada
despigmentação do tegumento e a anoftalmia..........................................................................74
Figura 3.48. Curva do coletor reprsentando o esforço amostral (em dias de coleta) e o número
acumulado de espécies de mamíferos registradas no Parque Estadual da Serra do Rola
Moça e Estação Ecológica de Fechos, Minas Gerais. ..............................................................80
Figura 3.49. Rastro de lobo-guará Crysocyon brachyurus (A), fezes de um mamífero (B) e rastro
de cachorro-do-mato Cerdocyon thous (B), observados no Parque Estadual da Serra do
Rola Moça durante os estudos de campo. Fotos: Leonardo R. Viana. .....................................81
Figura 3.50. Abundância Relativa das Espécies de Médios e Grandes Mamíferos Registrados
Através das Caixas de Areia no Parque Estadual do Rola Moça, MG......................................81
11
Figura 3.51. Abundância Relativa das Espécies de Pequenos Mamíferos Capturados no Parque
Estadual do Rola Moça, MG. .....................................................................................................82
Figura 3.52. Espécime de Akodon cursor (A) e Bolomys lasiurus (B) capturados no Parque
Estadual da Serra do rla Moça, Minas Gerais, durante os trabalhos de campo. Foto
Leonardo R. Viana. ....................................................................................................................83
Figura 3.53. Número acumulativo de espécies em relação aos dias de amostragem no Parque
Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), MG.......................................................................85
Figura 3.54. Incremento de espécies em relação aos dias de amostragem no Parque Estadual da
Serra do Rola Moça (PESRM), MG. ..........................................................................................86
Figura 3.57. Ninho com Ovos (A) e Macho (B) da Perereca Hyla faber. Fotos: Paula C. Eterovick.91
Figura 3.58. Habitat reprodutivo de Hyla minuta e Scinax fuscovarius (A), indivíduo jovem da
rãzinha Eleutherodactylus binotatus (B) e indivíduos macho das pererecas Scinax
longilineus (C) e Hyla circumdata (D). Fotos: Paula C. Eterovick. ............................................92
Figura 3.59. Indivíduo Jovem da Serpente Tropidodryas sp. (A), coletado na APE Taboões e o
lagarto Tropidurus sp. (B). Fotos: Paula C. Eterovick. ..............................................................93
Figura 3.62. Freqüência de Classificação de Pontos na AER para o Plano de Manejo do Estadual
da Serra do Rola Moça (PESRM), incluindo a Estação Ecológica de Fechos (EEF), segundo
os grupos temáticos de Fauna.................................................................................................101
Figura 3.63. Vista da entrada da gruta Rola Moça 1 – Município de Nova Lima/MG.....................108
Figuras 3.64. Material arqueológico em superfície – Gruta Rola Moça 1 – Município de Nova
Lima – MG. Cerâmica encoantrada no fundo da gruta............................................................109
Figura 3.65. Carvão em superfície (A) e possível estrutura de combustão com blocos de hematita
aparentemente organizados, lembrando um braseiro (B). ......................................................109
Figura 3.66. Fragmento espesso e conjunto de fragmentos cerâmicos com antiplástico aparente.110
Figura 3.68. Características naturais e sinais de atividade humana na Gruta do Rola Moça 3.....111
12
Figura 3.70. Fragmento de batedor em superfície (A) e carvões em superfície (B).......................112
Figura 3.72. Rede de Lideranças e mapa de relações dos bairros do entorno do PESRM
pertencentes ao município de Brumadinho. ............................................................................126
Figura 3.73. Rede de Lideranças e mapa de relações dos bairros do entorno do PESRM
pertencentes ao município de Ibirité. .......................................................................................127
Figura 3.74. Rede de Lideranças e mapa de relações pertencentes ao município de Nova Lima.128
Figura 3.75. Visão geral do município de Ibirité com plantações nas imediações do PESRM. .....129
Figura 3.77. Propriedades da MBR e da PBH nas bacias de Mutuca e Fechos. Fonte: MBR.......138
Figura 3. 79. Propriedades da MBR no interior e entorno do PESRM. Fonte: MBR ......................140
Figura 3.80. Probabilidade de ocorrência de fogo no PESRM. Pontos em vermelho indicam maior
probabilidade. Fonte: Arcebispo 2002. ....................................................................................141
Figura 3.81. Evolução das ocorrências de incêndios no PESRM de 1999 a 2005. Dados: Alan
Daniel Pessoa. .........................................................................................................................142
Figura 3.82. Freqüência das ocorrências de incêndios no PESRM de 1999 a 2005 nos três
períodos do dia. Dados: Alan Daniel Pessoa ..........................................................................143
Figura 3.83. Resumo esquemático das atividades definidas e executadas pela equipe
responsável pelo diagnóstico do uso público para a elaboração do plano de manejo do
Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Minas Gerais. ........................................................146
Figura 3.84. Fotografia divulgada entre os praticantes de escalada, indicando as vias existentes
na Serra das Andorinhas, Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG. .............................148
Figura 3.85. Restos de uma mina na região de Santa Paulina, Parque Estadual da Serra do Rola
Moça, MG.................................................................................................................................149
Figura 3.86. Região da nascente do rio Arrudas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.152
Figura 3.87. Restos de uma área de mineração abandonada com focos de erosão localizada no
Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG. .......................................................................153
Figura 3.88. Centro Integrado do Corpo de Bombeiros (A); Barragem antiga do manancial
Barreiro (B) e; o Museu do Barragista no manancial Barreiro (C)...........................................154
Figura 3.89. Cachoeira do Álvaro Antônio (A) e os centenários jequitibás da região do Barreiro
(B) no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG..............................................................155
Figura 3.90. Fraturas na couraça ferrífera detrítica, formando grutas na região da APE Mutuca
(A); antena e o centro de monitoramento de cargas elétricas na Serra do Cachimbo (B) e; o
Museu Ecológico no manancial do Mutuca, Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG. .156
13
Figura 3.91. Manancial Catarina com reservatório de água cristalina que foi apelidado de “Copo
d’Água” pelos ciclistas que freqüentam a região da APE Catarina no Parque Estadual da
Serra do Rola Moça, MG. ........................................................................................................157
Figura 3.92. Barragem auxiliar da Estação Ecológica de Fechos (EEF) margeada por Diksonia
sp., espécie da flora ameaçada de extinção. ..........................................................................160
Figura 3.93. Palestra oferecida para escolares no auditório do Parque Estadual da Serra do Rola
Moça (A); material de educação ambiental distribuído pela Polícia Militar do Meio Ambiente
na portaria do bairro Jardim Canadá (B) e; visita de funcionários da COPASA orientados por
guia capacitado para realizar esta atividade (C). ....................................................................161
Figura 3.94. Portaria do bairro Jardim Canadá (A) e a portaria desativada da região de Ibirité (B)
que permitem o acesso ao Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.............................168
Figura 3.95. Identificação e localização dos atrativos do Parque Estadual da Serra do Rola Moça
(PESRM), Minas Gerais...........................................................................................................175
Figura 3.96. Impactos identificados no interior do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Minas
Gerais, durante a elaboração do plano de manejo da unidade...............................................176
Figura 3.97. Mapeamento das trilhas potenciais do Parque Estadual da Serra do Rola Moça,
Minas Gerais, realizado durante a elaboração do plano de manejo da unidade. ...................188
Figura 3.98. Proposta para prática da escalada no quartzito, na Serra das Andorinhas,
denominado Roteiro 1..............................................................................................................193
14
Lista de Tabelas
Página
Tabela 3.1. Pontos de amostragem da estratigrafia do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e
as principais características de cada localidade.......................................................................... 26
Tabela 3.3. Síntese do comportamento atmosférico e dos elementos climáticos nos pontos de
amostragem no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Minas Gerais................................... 30
Tabela 3.4. Espécies de plantas exóticas encontradas no Parque Estadual da Serra do Rola
Moça (PESRM), Minas Gerais..................................................................................................... 43
Tabela 3.7. Classificação da qualidade das águas com base na pontuação atribuída pelo BMWP
(segundo Alba-Tercedor & Sanches-Ortega, 1998 e Junqueira & Campos, 1998). ................... 50
Tabela 3.8. Variáveis físicas e químicas da água, medidas em diferentes locais de coelta do
Parque Estadual da Serra do rola Moça (PESRM), em novembro de 2004. Os parâmetros
temperatura (T), pH, condutividade elétrica (cond.) e turbidez (Turb) foram medidos in situ e
a concentração de oxigênio dissolvido na coluna d’água (OD), a alcalinidade (Alc) e a
concentração de clorofila-a foram determinados em laboratório. ............................................... 52
Tabela 3.9. Concentração de sílicato, nitrato, amônio, nitrogênio total, ortofosfato e fósforo total
presentes em novembro de 2004, em 10 pontos amostrados no Parque Estadual da Serra
do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais. Obs.: o hífen indica valores inferiores a 11 (µg/l). ....... 53
Tabela 3.10: Classificação das águas segundo a pontuação do BMWP nas estações amostrais
avaliadas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais. ...................... 56
-1
Tabela 3.11: Densidade (org mL ) das classes fitoplanctônicas identificadas nos ambientes
aquáticos lênticos e lóticos amostrados em novembro de 2004, no Parque Estadual da Serra
do Rola Moça (MG)...................................................................................................................... 59
Tabela 3.12: Índices bióticos e classes de qualidade de água do Córrego Seco na captação
Fechos (AV240), com base nos macroinvertebrados, obtidos no período de Abril, Julho e
Outubro de 2003. ......................................................................................................................... 64
15
Tabela 3.13: Índices Bióticos e Classes de Qualidade de Água do Córrego Capão do Boi na
Captação Mutuca, Barragem Principal (AV280), com Base nos Macroinvertebrados, em
Julho e Outubro de 2003. ............................................................................................................ 65
Tabela 3.15. Valores atribuídos para a riqueza, espécies endêmicas (EN), fragilidade (FH),
qualidade (QH) e diversidade (DH) de hábitat, com a respectiva média aritmética dos pontos
amostrados no PESRM (MG). ..................................................................................................... 86
Tabela 3.16. Espécies endêmicas (EN) e ameaçadas de extinção (AM) com registro pro PESRM
(MG). * Registros advindos do programa de reintrodução. ......................................................... 87
Tabela 3.17. Integração da categorização dos pontos amostrados durante a Avaliação Ecológica
Rápida do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, incluindo a Estação
Ecológica de Fechos. 1- Excelente; 2- Boa; 3- Regular; 4- Ruim; 5- Péssima. ........................ 100
Tabela 3.19 Domicílios particulares permanentes, segundo condição de ocupação (%). ............... 119
Tabela 3.21. Principais impactos observados no interior do Parque Estadual da Serra do Rola
Moça, Minas Gerais, durante a elaboração do plano de manejo da unidade. .......................... 174
Tabela 3.23. Variáveis utilizadas para o cálculo da capacidade de carga para o uso das trilhas e
roteiros propostos durante a elaboração do plano de manejo do Parque estadual da Serra
do Rola Moça, Minas Gerais. Para maiores detalhes consultar o texto.................................... 201
16
3. ANÁLISE DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
O Parque Estadual da Serra do Rola Moça, com uma área total de 3.941,09 ha, e a
Estação Ecológica de Fechos, com uma área de 602,95 ha, estão situados na confluência
das Serras do Curral, da Moeda e dos Três Irmãos, englobando quatro municípios do
Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho. Localizados
próximos a grandes concentrações urbanas, abrigam uma paisagem peculiar por suas
características geológicas (Figura 3.2) e topografia acidentada. Região de natureza
privilegiada se destaca pela beleza cênica dos ondulados das serras conformando um
horizonte convidativo à contemplação e ao reencontro com a natureza. Suas riquezas
naturais estão presentes nos diferentes ecossistemas que abrigam, como as matas ciliares,
as áreas de cerrado e os campos rupestres. As conhecidas e peculiares canelas-de-ema
são plantas facilmente encontradas em ambas as unidades, bem como o lobo-guará, a
lontra e o mico-estrela, exemplos de uma fauna diversificada e, em alguns casos, ameaçada
de extinção.
3.1.1. Acessos
Dada a sua proximidade com a capital, Belo Horizonte, o PESRM e a EEF dispõem
de fácil acesso às suas dependências (Figura 3.1). O município de Belo Horizonte tem
conexão rodoviária com importantes cidades do Brasil através da rodovia BR-381, na
direção de São Paulo, e da BR-040, na direção de Brasília e do Rio de Janeiro. Além
destas, dispõe do Aeroporto da Pampulha, com vôos regionais e pontes aéreas para São
Paulo e Brasília e do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.
17
Figura. 3.1 Mapa de localização e acesso ao Parque Estadual da Serra do Rola Moça e a Estação
Ecológica de Fechos, nas proximidades de Belo Horizonte, Minas Gerais.
18
3.1.2. Histórico de Criação do PESRM e EEF
A proposição para criação do Parque Estadual da Serra do Rola Moça surgiu para
preencher lacunas existentes no Sistema de Unidades de Conservação do Estado.
Qualitativamente, Minas Gerais é um dos estados de maior diversidade biológica do Brasil,
com rica fauna e flora, distribuídas em três biomas: Mata atlântica, Caatinga e Cerrado.
De acordo com Wilson Geraldo Braga, zelador, morador da região, existia uma
fazenda lá no fundo onde morava um casal que tinha seus filhos. A moça casou e no belo
dia com festança. O transporte era só a cavalo. No caminho pra nova casa, a casa deles,
aconteceu o acidente. Eles rolaram. Aí pegou o nome, Serra do Rola Moça. O caso inspirou
Mário de Andrade, poeta modernista:
A serra do rola-moça
21
3.2.1.1. Caracterização Fisiográfica
O Parque Estadual da Serra do Rola Moça, por estar localizado na junção das
megaestruturas que constituem as Serras do Curral e da Moeda, apresenta um relevo
dividido em compartimentos caracterizados pela litologia.
Nesta escarpa podem ser encontradas, de oeste para leste, as cabeceiras dos
córregos Taboão, Fubá, Rola Moça, Bálsamo e Barreiro. As nascentes ocorrem no contato
entre as rochas dolomíticas do patamar intermediário e as rochas filíticas e quartzíticas do
terço inferior (Figuras 3.3 e 3.4).
Figura 3.3. Modelagem tridimensional geológica do Parque Estadual da Serra do Rola Moça.
22
Figura 3.4. A Modelagem tridimensional da compartimentação geológica do Parque Estadual da Serra
do Rola Moça – escarpa norte.
23
Ribeirão Catarina
Ribeirão Mutuca
24
local é bastante dissecado por ravinamentos sobre os itabiritos, suavizando-se sobre as
rochas dolomíticas. Um colúvio recobre o contato litológico, onde se originam as nascentes
do córrego de Fechos (ver Figuras 3.3 e 3.7).
25
cria quatro direções de escoamento, duas para cada bacia principal, direcionando a
drenagem das sub-bacias para sul (Mutuca e Fechos – bacia do Rio das Velhas; Catarina e
Casa Branca – bacia do Paraopeba) ou para norte (Barreiro e Jatobá – bacia do Rio das
Velhas; Taboão, Fubá, Rola Moça e Bálsamo – bacia do Paraopeba).
Tabela 3.1. Pontos de amostragem da estratigrafia do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e as
principais características de cada localidade.
Compartimento Ponto de análise Coordenadas Características importantes
(UTM)
26
3.2.1.2. Análise do comportamento atmosférico e dos elementos climáticos
Tabela 3.2. Locais de amostragem da circulação atmosférica do Parque Estadual da Serra do Rola
Moça (PESRM) e as características gerais de cada ponto.
III-Superfície 3.1 - Mirante dos Veados 0601113 / 7781678 Superfície coberta por
Cimeira canga
28
Figura 3.9 Modelo Tridimensional da direção do vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça –
direção do vento as 12:00
Foram observadas temperaturas que variaram entre 18ºC e 19ºC (Figura 3.10). Nas
Cabeceiras do Ribeirão Casa Branca (2.1) registrou-se a menor temperatura ambiente e a
mais elevada umidade relativa do ar (Figura 3.14) - 71%-, enquanto o sítio da Captação do
Mutuca (2.3) apresentou a temperatura mais elevada. Observou-se um gradiente E-W de
temperatura e umidade, estando o extremo SW (sítio 2.1) no setor mais fresco e úmido da
região (Figura 3.11). Os dados observados sugerem uma dinâmica ambiental diferenciada
que necessita estudos complementares (Tabela.3.3).
Figura 3.10. Temperatura ambiente no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 12:00.
29
Figura 3.11. Umidade Relativa do Ar no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 12:00.
Tabela 3.3. Síntese do comportamento atmosférico e dos elementos climáticos nos pontos de
amostragem no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Minas Gerais.
Compartimento Local de Horário Elemento Climático
amostragem de Temperatura Umidade Direção Velocidade
coleta (em ºC) relativa do vento do vento
do ar (%) (m/s)
I-Escarpa norte 1.1-Estrada da 12:00z * * * *
captação Bálsamo 18:00z 24 68 N-Ne 4
00:00z 18 90 N-Ne 3
1.2-Estrada de 12:00z * * * *
Pitangueiras 18:00z 24 60 N 5
00:00z 17 89 Calmaria 0
II-Setor 2.1-Cabeceiras do 12:00z 18 71 E 6
Meridional Rib. Casa Branca 18:00z 21 67 Se 4
00:00z 17 80 E 5
2.2-Cabeceiras do 12:00z 19 63 Ne 1
Rib. Catarina 18:00z 23 59 Ne 1
00:00z 17 80 Ne 1
Captação do 12:00z 21 65 SW 3
Mutuca 18:00z 26 55 N-Ne 2
00:00z 18 90 Ne 1
Estação Ecológica 12:00z 19 65 E 4
de Fechos 18:00z 20 73 E 3
00:00z 17 90 E 3
III-Superfície 3.1-Mirante dos 12:00z 19 63 Se 6
Cimeira Veados 18:00z 23 67 Se 3
00:00z 16 79 Se 5
*Não foram coletados dados nos horários indicados.
30
A coleta das 18:00z – (15:00h no horário de Brasília)
Figura 3.12. Velocidade do Vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 18:00.
Figura 3.13. Modelo Tridimensional do relevo no vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça –
direção do vento as 18:00.
31
Os registros deste horário apontaram a possibilidade de aporte de poluentes
oriundos do tecido urbano de Belo Horizonte para o Compartimento I (Escarpa Norte),
expondo as captações deste setor à influência de componentes atmosféricos e particulados
derivados de atividades urbano-industriais. A situação no sítio 2.2 permaneceu inalterada,
bem como a interpretação proposta.
Figura 3.14. Temperatura ambiente no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 18:00.
Figura 3.15. Umidade relativa do ar no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 18:00.
32
A coleta das 00:00z – (21:00h no horário de Brasília)
Figura 3.16. Velocidade do Vento no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 00:00.
Figura 3.17. Modelo Tridimensional do relevo no Parque Estadual da Serra do Rola Moça – direção
do vento as 00:00.
33
influência do tecido urbano de Belo Horizonte. Persistiram os registros de orientação e
velocidade do vento no sítio 2.2.
Figura 3.18. Temperatura ambiente no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 00:00.
Figura. 3.19. Umidade relativa do ar no Parque Estadual da Serra do Rola Moça as 00:00.
34
3.2.2. Meio Biótico
Foram definidos na área do PESRM oito sítios de amostragem, sendo que a EEF,
apesar de ser uma unidade autônoma ao PESRM, foi considerada como sendo um dos
sítios de amostragem (Figura 3.20). Os sítios e pontos definidos, bem como as suas
coordenadas geográficas resultaram no mapa de vegetação do PESRM e EEF (Figura
3.22). Em campo, cada ponto de amostragem foi inicialmente avaliado pela equipe quanto
ao seu estado geral de conservação, por meio do uso de fichas padronizadas; em seguida,
cada área temática na Avaliação Ecológica Rápida (AER) envolvida utilizou métodos
próprios de observação, através dos quais puderam efetuar diagnósticos específicos de
suas respectivas áreas de conhecimento.
Uma vez concluídas as avaliações dos pontos integrantes de cada sítio amostral,
foram efetuadas as comparações entre esses pontos e avaliações gerais dos sítios, onde foi
assinalada a relevância, em termos gerais para a conservação da biodiversidade como um
todo, de espécies ou grupos especiais e os impactos de natureza antrópica a incidirem
sobre os mesmos. Esta análise foi efetuada individualmente para cada disciplina envolvida e
em conjunto, neste caso buscando-se uma visão coesa sobre os problemas sofridos pela
unidade.
35
Figura 3.20. Sítios de amostragem da Avaliação Ecológica Rápida (AER) no Parque Estadual da
Serra do rola Moça (PESRM) e na Estação Ecológica de Fechos (EEF), MG.
36
3.2.2.2. Vegetação
A B
Figura 3.21. Fotos ilustrando as formações campestres (A) e florestais (B) encontradas na região do
Parque Estadual da Serra do Rola Moça e Estação Ecológica de Fechos. Fotos: Alexander Azevedo e
Marconi Sousa Silva.
37
Figura 3.22. Classificação dos tipos vegetacionais e/ou fitofisionomias do Parque Estadual da Serra
do rola Moça (PESRM) e da Estação Ecológica de Fechos (EEF), Minas Gerais.
38
Considerando a latitude e as faixas altimétricas, as florestas encontradas no PESRM
são classificadas como formações montanas. As grandes extensões de mata situam-se no
fundo dos vales, junto aos córregos, em altitudes ao redor dos 1000 m, como nas APEs
Catarina, Taboões, Barreiro, Fechos e Mutuca. Prolongamentos, na forma de florestas de
galeria, estendem-se até altitudes maiores, através das linhas de drenagem dos córregos e
nascentes, atravessando a Savana (Cerrado) e atingindo a Savana Gramíneo-Lenhosa
(Campos Sujos e Ferruginosos).
Figura 3.23. Formações florestais do interior do PESRM. Fotos: Leonardo Viana e Alexander
Azevedo.
Na EEF, a família Lauraceae (famíla das canelas) possui uma expressiva riqueza e
dominância, como encontrada em outras florestas montanas neotropicais, geralmente
bastante úmidas (Gentry, 1995). Nessa mesma área, foram encontradas espécies
associadas às florestas semidecíduas e de altitudes acima de 1100 m, como Nectandra
lanceolata (Lauraceae), Pimenta pseudocaryophyllus (Myrtaceae) e Euplassa cf. incana
(Proteaceae) (Oliveira Filho & Fontes, 2000).
Figura 3.24. À esquerda aspecto das formações savânicas. À direita, flor de pequi (Caryocar
brasiliense) espécie típica desse tipo vegetacioanal Fotos: Yasmine Antonini e Marcos Alexandre.
40
3.2.2.2.3. Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo Sujo ou Campo Ferruginoso)
Apesar dessa formação ser dominada por espécies das famílias Poaceae,
Asteraceae, Fabaceae e Cyperaceae (Figura 3.26), numa área de canga couraçada na
Serra do Rola-Moça, foi registrada uma alta dominância de Poaceae, sendo este o grupo
responsável por mais de 60% do valor de cobertura da vegetação (Vincent, 2004). Na
Savana Gramíneo-Lenhosa do PESRM foram registradas as seguintes espécies presentes
na lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais (Mendonça
& Lins, 2000): Aulomenia effusa (Poaceae), Camarea hirsuta (Melastomataceae),
Cinnamomum quadrangulum (Lauraceae), Calibrachoa elegans (Figura 3.25) (citada como
Petunia elegans) (Solanaceae) e Mikania glauca (Asteraceae).
No PESRM o campo rupestre ocorre sobre a tanto sobre Canga como sobre o
Quartzito, podendo ser denominado Campo Ferruginoso (Hematítico) ou Quartzítico,
respectivamente. Contudo, as maiores extensões encontradas referem-se ao Campo
Ferruginoso.
41
teores de fósforo e magnésio, médios de potássio, altos de boro e cálcio e cátions metálicos,
com ferro, zinco, cádmio, níquel e chumbo (Vincent, 2004).
Figura. 3.26. Aspectos da vegetação sobre canga couraçada. Foto: Alexander Azevedo
42
Figura 3.27. Artrocereus glaziovii, espécie ameaçada de extinção. Foto: Alexander Azevedo.
Tabela 3.4. Espécies de plantas exóticas encontradas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça
(PESRM), Minas Gerais.
43
3.2.2.3. Caracterização Limnológica
Foram coletados 1.094 organismos, sendo 217 nos ecossistemas lênticos (Figura
2.30A) e 877 nos lóticos (Figura 2.30B), distribuídos em 65 taxa, dentre os quais os
predominantes foram Chironomidae (Diptera), com 26 gêneros, e Elmidae (Coleoptera), com
7 gêneros. Os resultados obtidos evidenciam uma elevada riqueza de macroinvertebrados
bentônicos e fitoplâncton em relação a outros ecossistemas aquáticos brasileiros, embora
esta avaliação se caracterize apenas como uma fotografia instantânea do estado de
conservação dos ecossistemas aquáticos do PESRM, não levando em consideração as
flutuações sazonais, populacionais e os processos ecológicos que mantém as comunidades
bentônica e planctônica.
Tabela 3.5. Coordenadas Geográficas das Estações de Amostragem no Parque Estadual da Serra do
Rola Moça.
o
N Estação de amostragem Datas Coordenadas
1A Bar. Taboões 11/11/05 20º04'36,7"S 44º34'23,5''W
1B Cor. Taboões 11/11/05 - -
02 Cor. Rola Moça 11/11/05 20º03'10,6"S 44º02'23,6"W
03 Cor. Bálsamo 11/11/05 20º03'42,5"S 44º02'58,4"W
04 Cor. Barreiro 11/11/05 20º00'11,8"S 44º00'01,9"W
05 Cor. Mãe d’água 12/11/05 20º01'04,1"S 43º58'25,7"W
06 Bar. Mutuca 12/11/05 20º00'59,2"S 43º58'24,3"W
07 Cor. Mutuca 12/11/05 20º00'33,5"S 43º58'09,4"W
08 Bar. Fechos 12/11/05 20º01'33,5"S 43º58'09,4"W
09 Bar. Lagoa Azul 12/11/05 20º04'05,1"S 43º59'59,6"W
44
Barragem Taboões (1A) Córrego Taboões (1B)
Figura 3.28: Imagem das estações de amostragem 1 a 5 (ambientes lóticos), no Parque Estadual da
Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais, obtidas em novembro de 2004.
45
Os resultados obtidos no diagnóstico da qualidade das águas e biodiversidade
aquática em ecossistemas representativos no Parque Estadual da Serra do Rola Moça
indicam uma boa qualidade da água nos mananciais estudados. A classificação dos
mananciais como áreas de Proteção Especial garantem a manutenção da qualidade destes
ambientes que abastecem parte da população na região metropolitana de Belo Horizonte.
Figura 3.29: Fotos das estações de amostragem 6 a 9 (ambientes lênticos), no Parque Estadual da
Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais, obtidas em novembro de 2004.
46
Oligo Microcyll Ceratopog Harnischi Cricotopu Empidi Hydroptili Bival Planor
Oligo Plecopter Microcyll Stenelm Hydrops Polycentr Ceratopo Ablabes Coryd Limnoc
Figura 2.30. Principais macroinvertebrados bentônicos coletados nos ecossistemas lêntico (A) e lótico
(B) do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, durante a Avaliação Ecológica Rápida do plano de
manejo do Parque.
47
3.2.2.3.1. Avaliação das Características Ecológicas de Trechos de Bacia
Figura 3.31. Coleta de água com redes de fito e zooplâncton (A e B); utilização do Horiba em campo
(C); coleta de água para a determinação da concentração de oxigênio dissolvido na água (D). Todas
as coletas foram realizadas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais, no
mês de novembro de 2004.
48
Figura 3.32. Coleta de macroinvertebrados nos ecossistemas lóticos (A) e lênticos (B), realizadas em
novembro de 2004, no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais.
Processamento em Laboratório
Comunidade Planctônica
As amostras de sedimento foram lavadas sobre peneiras de 1,00 e 0,50 mm, triadas
em microscópio estereoscópico e os macroinvertebrados identificados segundo Pérez
(1988), Epler (1995), Cranston (1996), Pescador (1997), Merrit & Cummins (1998) e Olifiers
et al. (2004) e depositados na Coleção de Referência de Macroinvertebrados Bentônicos do
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Callisto et al., 1998) (Figura 3.33). As
comunidades de macroinvertebrados bentônicos coletadas foram avaliadas com base nos
valores de riqueza taxonômica (n° de espécies), densidade (Indivíduos. m-2), índices de
diversidade (H’) de Shannon-Wiener e equitabilidade (J’) de Pielou segundo Magurran
(1991). Foi feita uma classificação em grupos tróficos funcionais segundo Merritt & Cummins
(1988) com o objetivo de se identificar a estrutura trófica das comunidades avaliadas. Foram
ainda aplicados índices como BMWP (Biomonitoring Working Party) (Junqueira e Campos
1998) (Tabela 3.6), juntamente com o índice ASPT (Average Score Per Taxa) (Johnson et
49
al. 1993). A significância dos resultados obtidos foi avaliada por meio da aplicação da
análise de médias de Kruskal-Wallis, ANOVA multivariada e Cluster no programa Statistica
6.2.
Figura 3.33. Processamento das amostras em laboratório: lavagem sobre peneiras (A); triagem dos
macroinvertebrados bentônicos (B) e; depósito dos macroinvertebrados na coleção de referência do
ICB-UFMG (C).
Tabela 3.6: Pontuação atribuída aos macroinvertebrados bentônicos para a determinação do BMWP.
Taxa Pontuação
Helicopsychidae, Odontoceridae, Hydroscaphidae, Gripopterygidae, Leptophlebiidae 10
Calopterygidae, Psephenidae, Libellulidae, Leptohyphidae, Perlidae 8
Leptoceridae, Polycentropodidae, Hydrobiosidae, Coenagrionidae, Glossosomatidae,
7
Hydroptilidae, Philopotamidae
Nepidae, Hydropsychidae 6
Naucoridae, Simuliidae, Gomphidae, Gerridae, Elmidae, Hydrophilidae, Baetidae,
5
Corixidae, Tipulidae, Pyralidae
Caenidae, Hidracarina, Dytiscidae, Corydalidae, Empididae, Ceratopogonidae,
4
Microcrustacea
Thiaridae, Tabanidae 3
Chironomidae, Psychodidae, Veliidae, Nematoda 2
Oligochaeta, Culicidae 1
Tabela 3.7. Classificação da qualidade das águas com base na pontuação atribuída pelo BMWP
(segundo Alba-Tercedor & Sanches-Ortega, 1998 e Junqueira & Campos, 1998).
Classes de Água Pontuação do BMWP Qualidade de Água
I > 86 Ótima
II 64 – 85 Boa
III 37 – 63 Satisfatória
IV 17 – 36 Ruim
V < 16 Péssima
50
Composição Granulométrica e Teores de Matéria Orgânica
%PPC = P1 - P3 x 100
P2
Onde:
P2 – Peso da Amostra
51
Tabela 3.8. Variáveis físicas e químicas da água, medidas em diferentes locais de coelta do Parque
Estadual da Serra do rola Moça (PESRM), em novembro de 2004. Os parâmetros temperatura (T),
pH, condutividade elétrica (cond.) e turbidez (Turb) foram medidos in situ e a concentração de
oxigênio dissolvido na coluna d’água (OD), a alcalinidade (Alc) e a concentração de clorofila-a foram
determinados em laboratório.
Cor. Rola
02 20,9 6,48 7,0 38,0 8,0
Moça 0,07 4,28
Cor. Mãe
05 19,8 6,63 13,0 5,0 7,8
d’água 0,17 4,28
Bar. Lagoa
09 22,1 5,68 18,0 0,0 7,8
Azul 0,11 2,14
Tabela 3.9. Concentração de sílicato, nitrato, amônio, nitrogênio total, ortofosfato e fósforo total
presentes em novembro de 2004, em 10 pontos amostrados no Parque Estadual da Serra do Rola
Moça (PESRM), Minas Gerais. Obs.: o hífen indica valores inferiores a 11 (µg/l).
Nutrientes SiO4 NO3- NH4+ N Inorg. Total N Org. N/Total PO4-3 P Org. P/Total
Pontos A. Lênticos (mg/l) (µg/L) (µg/L) (µg/L) (µg/L) (µg/L) (µg/L) (µg/L) (µg/L)
1A Bar. Taboões 4,70 6,93 - 6,93 162,47 169,40 2,15 5,56 7,71
6 Bar.Mutuca 3,45 5,00 1,03 6,03 156,02 162,05 2,45 2,91 5,36
8 Bar. Fechos 3,69 4,35 9,30 13,65 107,94 121,59 2,06 9,28 11,34
9 Bar. Lagoa Azul 3,82 3,45 - 3,45 307,75 311,20 1,20 6,60 7,80
A. Lóticos
1B C.Taboões 5,61 5,25 10,01 15,26 86,69 101,95 0,98 4,67 5,65
2 C.Rola Moça 4,33 5,64 - 5,64 50,04 55,68 3,05 4,45 7,50
3 C.Bálsamo 4,63 4,48 12,46 16,94 184,86 201,8 1,46 6,48 7,94
4 C.Barreiro 4,61 3,19 4,71 7,90 163,40 171,3 2,40 7,90 10,30
5 C.Mãe d’água 3,59 1,64 - 1,64 28,99 30,63 1,46 7,07 8,53
7 C.Mutuca 4,06 2,93 5,93 8,86 208,69 217,55 3,91 3,44 7,35
A maior parte do nitrogênio e fósforo presentes nos pontos analisados nestas datas,
esteve sob a forma orgânica. Dentre os ambientes lênticos destaca-se a Lagoa Azul com a
maior concentração de nitrogênio orgânico (307,75 µg/L) e Fechos com a maior
concentração de fósforo orgânico (9,28 µg/L). Dentre os ambientes lóticos amostrados os
córregos Mutuca e Barreiro apresentaram as maiores concentrações de nitrogênio orgânico
(208,69 µg/L) e fósforo orgânico (10,30 µg/L), respectivamente. Provavelmente os valores
elevados da fração orgânica se devem à contribuição alóctone de material vegetal (folhas,
galhos, etc) já que a maioria dos pontos amostrados apresenta uma vegetação marginal
bem desenvolvida.
53
Amônio Ortofosfato (ug/L)
14 14
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
1A 1B 2 3 4 5 6 7 8 9 1A 1B 2 3 4 5 6 7 8 9
Pontos amostrais Pontos am ostrais
Silicato
C on ce n tr ação (m g /L ) 6
5
4
3
2
1
0
1A 1B 2 3 4 5 6 7 8 9
Pontos amostrais
Figura 3.34. Concentrações (µg/L) do íon amônio, ortofosfato e silicato nos ambientes aquáticos
amostrados no Parque Estadual da Serra do Rola Moça em novembro de 2004. (observar diferenças
nas escalas).
300 14
250 12
200 10
8
150
6
100
4
50 2
0 0
1A 1B 2 3 4 5 6 7 8 9 1A 1B 2 3 4 5 6 7 8 9
Pontos am ostrais Pontos amostrais
Figura 3.35. Concentrações de nitrogênio total, nitrato, ortofosfato e fósforo total nos ambientes
aquáticos amostrados no Parque Estadual da Serra do Rola Moça em novembro de 2004.
Carbono
100%
80%
Ocorrência (%)
60%
40%
20%
0%
03 1A 1B 02 04 A 04 B 05 07 06 08 09
Estações de Amostragem
Figura 3.36. Ocorrência de carbono nos mananciais do Parque Estadual da Serra do Rola Moça,
Minas Gerais.
55
Comunidades de Macroinvertebrados Bentônicos
Foram coletados 1.094 organismos, sendo 217 nos ecossistemas lênticos e 877 nos
lóticos, distribuídos em 65 taxa, dentre os quais os predominantes foram Chironomidae
(Diptera) com 26 gêneros e Elmidae (Coleoptera) com sete gêneros.
Tabela 3.10: Classificação das águas segundo a pontuação do BMWP nas estações amostrais
avaliadas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais.
56
100
80
Porcentagem
60
40
20
0
1A 1B 2 3 4 5 6 7 8 9
Estações Amostrais
O resultado da aplicação dos índices BMWP e ASPT indicou que os tipos de água
identificados apresentam comunidades bentônicas afetadas pelas intervenções para a
captação de água, como indicado por Pérez (1988) e Hynes (1974). A determinação das
classes de água segundo a legislação brasileira leva em consideração apenas a sua
constituição físico-química, não considerando as comunidades biológicas nem a
manutenção da biodiversidade aquática. Os índices BMWP e ASPT foram desenvolvidos
para aplicação em ecossistemas lóticos. Assim, os resultados obtidos nas estações lênticas
não necessariamente traduzem a realidade, devendo ser avaliada com ressalvas quanto à
indicação da qualidade de água.
Fitoplâncton
58
100%
Zygnemaphyceae
80% Oedogonophyceae
Riqueza específica
Euglenophyceae
60%
Dinophyceae
40% Cyanophyceae
Crysophyceae
20%
Cryptophyceae
0% Chlorophyceae
io
l
Bacillariophyceae
ro
em
pa
R
ei
ci
ag
ro
rr
in
Ba
rr
ei
pr
Ba
rr
em
Ba
a
rin
ag
ta
rr
Ca
Ba
a
uc
ut
M
Trechos amostrados
Figura 3.38. Riqueza específica de algas perifíticas nos diferentes pontos amostrados do Parque
Estadual da Serra do Rola Moça, Minas Gerais, em novembro de 2004.
-1
Tabela 3.11: Densidade (org mL ) das classes fitoplanctônicas identificadas nos ambientes aquáticos
lênticos e lóticos amostrados em novembro de 2004, no Parque Estadual da Serra do Rola Moça
(MG).
Barragem Barragem Barragem Barragem Barragem Córrego Córrego Córrego Córrego Córrego Mãe Córrego
Classes Taboões Mutuca Fechos Barreiro Lagoa Azul Taboões Rola Moça Bálsamo Barreiro D'Àgua Mutuca
Bacillariophyceae 0,7 0,2 0,62 31,7 2,11 3,52 17,62 0,08 160,07
Chlorophyceae 0,04 0,06 8,46 1,41 10,57
Crytophyceae 0,02
Cyanophyceae 0,7 0,22 0,06 9,16 24,68 0,02 0,7 1,41 0,1
Dinophyceae 0,7 0,7
Euglenophyceae 0,02 1,417 1,41
Zygnemaphyceae 1,41 0,04 0,7 144,56 1,41 1,41
Total 2,81 0,5 0,76 41,56 181,927 0,02 0,7 7,04 31,01 0,2 161,48
59
classe Cyanophyceae indica baixas concentrações de nutrientes, principalmente fósforo, e
de carga orgânica nos mananciais estudados.
Figura 3.39. Alguns representantes dos gêneros identificados nos pontos amostrados no Parque
Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais: (A) Euastrum sp. (Zygnemaphyceae); (B)
Staurastrum tetracerum e (C) Cosmarium asphaesporum.
Zooplâncton
A riqueza de espécies registrada nos pontos analisados pode ser considerada baixa,
resultado até certo ponto esperado, por se tratarem de águas oligotróficas em região de
nascentes. A contribuição percentual dos diferentes grupos registrada para os ambientes
lóticos e lênticos analisados é apresentada na Figura 3.40.
60
Ambientes Lênticos Ambientes Lóticos
100% 100%
Abundância Relativa
Abundância Relativa
80% 80%
60% 60%
40%
40%
20%
20%
0%
B.Taboões B. M utuca B. Fechos B. Lagoa 0%
C. C. Ro la C. C. C. Mãe C.
Azul
Tab oõ es Mo ça Bálsamo Barreiro d 'Água Mutuca
Figura 3.40. Número táxons (riqueza) identificados na comunidade zooplanctônica nos ambientes
lênticos e lóticos no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), Minas Gerais, em novembro
de 2004.
25
Riq u e z a ( n º d e t á x o n s )
20
20
Riq u e z a ( n º d e t á x o n s )
15
15
10
10
5 5
0 0
B.Taboões B.Mutuca B.Fechos B.Lagoa Azul
a
ir o
uc
Protozoa Rotiferos Copepodos Cladoceros Ostracoda
re
t
Mu
ar
B
C.
C.
Pontos Amostrais
Pontos Amostrais
61
3.2.2.3.4. Qualidade das águas
O IGAM monitorou nos anos de 2003 e 2004 o córrego Fechos e o córrego Seco
localizados na Estação Ecológica de Fechos e os córregos Capão do Boi e Mutuca nas
captações Mutuca, barragem principal e secundária, respectivamente. O ribeirão Catarina e
ribeirão Casa Branca, monitorados em trechos no entorno do parque, são analisados pelo
IGAM a partir do ano 2003 e foram avaliados os resultados de 2003 e 2004, em trechos no
entorno do parque, onde o impacto urbano é bastante representativo.
Ressalta-se ainda que tanto o córrego Fechos quanto o córrego Seco apresentaram
nível de IQA Excelente em pelo menos um dos anos, no período de estiagem.
63
alimentarem e também os predadores, que dependem da visibilidade para capturarem suas
presas.
Tabela 3.12: Índices bióticos e classes de qualidade de água do Córrego Seco na captação Fechos
(AV240), com base nos macroinvertebrados, obtidos no período de Abril, Julho e Outubro de 2003.
Índices Bióticos - 35 63 -
Classificação Boa
64
O córrego Capão do Boi e o córrego Mutuca foram monitorados nos dois pontos de
captação operados pela COPASA no Sistema Mutuca, sendo que um compreende a
barragem principal (AV280) e o outro a barragem auxiliar (AV290), respectivamente.
Para o córrego Capão do Boi na captação Mutuca, barragem principal (AV280) foi
avaliado quanto as comunidades zoobentônicas no ano de 2003. Tendo em vista os efeitos
do período chuvoso, a comunidade zoobentônica do córrego Capão do Boi foi caracterizada
apenas no período de estiagem, nos meses de julho e outubro. Neste período as
populações foram ricas e abundantes considerando as características do curso d’água. Na
Tabela 3.13 são apresentados todos os índices bióticos obtidos com aplicação do método
“BMWP”, adaptado para a bacia do alto rio das Velhas para o córrego Capão do Boi.
Tabela 3.13: Índices Bióticos e Classes de Qualidade de Água do Córrego Capão do Boi na Captação
Mutuca, Barragem Principal (AV280), com Base nos Macroinvertebrados, em Julho e Outubro de
2003.
Índices Bióticos - - 86 88
Pode-se constatar que uma melhor qualidade de água ocorreu na estação AV280,
localizada no córrego Capão do Boi, cuja média anual dos índices bióticos registrou um
valor de 87, correspondendo à classe excelente de qualidade de água.
Essa estação pode ser considerada como uma estação de referência (controle) para
uma avaliação comparativa de qualidade das águas dos rios na bacia do alto rio das Velhas,
visto que ainda preserva em seus habitats bentônicos muitas de suas características nativas
de um ecossistema lótico tropical. Portanto, esse córrego sofre muito pouco dos efeitos de
alterações antrópicas, pois se localiza dentro de uma área de proteção especial.
65
O Ribeirão Casa Branca é monitorado no trecho que recebe influência do distrito de
Casa Branca em Brumadinho.
Verificou-se ainda, em 2004, que o nível de cor no ribeirão Casa Branca foi elevado
na primeira campanha, além de uma ocorrência mais representativa de óleos e graxas na
terceira campanha.
Ribeirão Catarina
O ribeirão Catarina mostrou média anual do Índice de Qualidade das Águas IQA no
nível Bom em 2003 e 2004, com apenas uma ocorrência de IQA Médio, na última campanha
de 2003. A variável que mais contribuiu para este registro foi coliformes fecais, com valor
bem acima do permitido pela legislação em novembro. O fosfato total apresentou valor
acima do padrão da legislação apenas na segunda campanha de 2003, o que, entretanto,
não influenciou fortemente o IQA, que se manteve Bom nesta campanha. Coliformes fecais
apresentaram teores elevados na quarta campanha de 2004, mas não foi alto o suficiente
para alterar o nível do IQA.
A Contaminação por Tóxicos foi Alta no ribeirão Catarina nos dois anos de
amostragem. Em 2003, isto foi decorrente da elevada ocorrência de índice de fenóis na
quarta campanha, com valor quatro vezes acima do limite legal. Em 2004, com valore três
vezes acima do limite legal, o índice de fenóis também foi o responsável pela CT Alta no
ribeirão Catarina. Ressalta-se ainda, que em 2004 o nível de cor foi elevado na primeira
campanha e óleos e graxas na terceira campanha, condição semelhante ao ribeirão Casa
66
Branca, fato este relacionado ao lançamento de esgotos domésticos do distrito de Casa
Branca nas águas do ribeirão Catarina.
3.2.2.4. Bioespeleologia
68
− VALOR RELIGIOSO: As cavernas, com seus amplos espaços subterrâneos e formações
peculiares, vêm sendo palco de diversas manifestações religiosas utilizados, muitas vezes,
como verdadeiros templos.
Além disso, a vegetação epígea associada aos campos ferruginosos não possui
elevada produtividade, nem tampouco elevada produção de serrapilheira. Desta forma, os
recursos orgânicos externos que poderiam ser dissolvidos já se mostram pouco abundantes
quando comparados aos presentes em outros sistemas de fitofisionomia mais densa, como
florestas. Sendo assim, acredita-se que a quantidade de material orgânico dissolvido
aportado aos sistemas subterrâneos por águas de percolação é provavelmente pequena se
comparada a de outros sistemas.
69
freqüentes na maioria das áreas cársticas de Minas Gerais sejam de morcegos
hematófagos.
Nas grutas do complexo Capão Xavier e Rola Moça existe uma situação pouco
convencional em sistemas cavernícolas brasileiros. Uma vez que os recursos orgânicos
“convencionais” são relativamente raros nas cavernas da área, o grande número de
espécies associado ao reduzido tamanho das cavidades aparece enquanto um fato
paradoxal. No entanto, a elevada riqueza das cavernas tem como base trófica um tipo de
recurso bastante inusitado e pouquíssimo comum em cavernas brasileiras: raízes de plantas
da vegetação externa que se desenvolvem através dos interstícios da rocha e alcançam a
galeria das cavernas. Tais recursos, embora relativamente incomuns em cavernas,
assumem papel fundamental em certos sistemas subterrâneos, como em tubos de lava
presente nas ilhas Canárias e no Hawai (Oromi & Izquierdo, 1994; Howarth, 2001). No
Brasil, conhecem-se poucos sistemas cavernícolas onde esta via de produtividade primária
“indireta” assume considerável importância (Souza-Silva, 2003).
70
Figura 3.41. Raízes que crescem interceptando as galerias de diferentes cavernas ferruginosas.
Raízes presas às laterais do conduto (A); Retículos radiculares que crescem pelo piso em diferentes
cavernas (B, C e D); “Rizotemas” (E); Orifício no topo de um rizotema, correspondendo ao local onde
as gotas atingem a formação (F).
71
Os organismos troglomórficos/edafobiontes encontrados consistem de 10 espécies:
Eukoenenia sp1 (Palpigradi: Eukoeniidae – espécie nova em descrição), Chthoniidae sp1 e
sp2 (Pseudoscorpionida), Opilionida sp3, Arrhopalites sp. n? (Collembola: Arrhopalitidae),
Isotomidae sp1 (Collembola), Coarazuphium sp.n (Coleoptera: Carabidae), Coleoptera larva
sp12, Enicocephalidae sp1 (Heteroptera), Polydesmida sp2 (Diplopoda) (Figuras 3.42 a
3.47).
Figura 3.42. Eukoenenia spn. (Palpigradi) observado na gruta Rola Moca I. A seta de número 1 indica
o flagelo e a seta de número 2 indica a pata tátil do organismo.
Figura 3.43. Arrhopalites spn. (Collembola) observado nas grutas Rola Moca III e IV.
72
Figura 3.44. Heteróptero troglomórfico da família Enicocephalidae encontrado na gruta Rola Moça III.
O parêntese indica o alongamento do corpo. Note a despigmentação do tegumento e a marcante
redução dos olhos (detalhe na seta amarela). A seta vermelha indica o tarso em forma de ungüis que
o organismo utiliza para capturar presas.
Figura 3.45. Chthoniidae sp1 (Pseudoscorpionida) troglomórfico encontrado nas grutas Rola Moca III
e IV. A elipse amarela indica a quelícera direita do organismo.
73
Figura 3.46. Coleóptero troglóbio da família Carabidae (Coarazuphium) encontrado na gruta Rola
Moça III.
Figura 3.47. Opilião troglomórfico encontrado na gruta Rola Moça II. Reparar a acentuada
despigmentação do tegumento e a anoftalmia.
74
De forma geral, as cavidades apresentaram baixos valores de similaridade entre as
comunidades bióticas, não tendo sido evidenciado nenhum valor acima de 30% (em geral,
consideram-se valores elevados aqueles iguais ou superiores a 70% de similaridade).
75
Caracterização faunística geral da cavidade
76
Caracterização faunística geral da cavidade
Cavidade cuja gênese foi aparentemente determinada por uma linha de drenagem
que alcança a borda do vale do ribeirão Rola Moça. Esta cavidade (a maior dentre as
inventariadas) possui duas entradas, sendo uma delas de grande dimensão (comparada às
demais da área) que comunicam ao único conduto da caverna, que é descendente com
relação à entrada (condição pouco comum nas cavernas da área). O tamanho e orientação
da entrada favorecem também o estabelecimento de vegetais em uma considerável
extensão nas proximidades da maior entrada desta caverna, fato que certamente contribui
para o sistema trófico da cavidade. O conduto principal, após o suave declive que se segue
à entrada, torna-se aplainado, possuindo piso conformado de sedimento clástico adensado,
sobre o qual se observam fragmentos de rocha de tamanhos variáveis, concentrados, no
entanto, junto aos flancos da galeria. O pequeno “salão” presente ao final da cavidade
conecta-se a vários canalículos (presentes também em toda a extensão do conduto da
caverna) que aparentemente conectam o macro-conduto (caverna) a um extenso sistema
intersticial desenvolvido sob a canga.
Esta caverna possui entrada associada à porção basal de uma grande quebra na canga
sendo, desta forma, a cavidade mais profunda dentre as inventariadas. O conduto da
caverna encontra-se a dezenas de metros da superfície, circunstância que tem sérias
implicações tróficas para a caverna. O conduto ascendente em relação à entrada impede a
importação de recursos orgânicos via água de enxurradas. Os poucos recursos orgânicos
de origem vegetal presentes foram trazidos pelo vento e se depositam nas proximidades
imediatas da entrada.
78
espécies troglomórficas: Arrhopalites sp. (Collembola: Arrhopalitidae) e Chthoniidae sp1
(Pseudoscorpionida).
As cavernas vêm sendo objeto de uma valorização crescente, não só como patrimônio
natural/cultural, mas como um ecossistema frágil e peculiar. Diante dos atributos
selecionados para a valoração das cavernas inventariadas (científico, ambiental,
paisagístico, religioso e econômico) foi possível efetuar uma avaliação preliminar do
patrimônio espeleológico da caverna.
A gruta Rola Moça I possui carvões associados a diferentes pontos no piso, o que
sugere um uso pretérito da cavidade. Desta forma, esta caverna possui um atributo especial
de valoração científica: a arqueologia.
79
A gruta Rola Moça III, onde foi evidenciado o uso antrópico, possui tal uso
aparentemente vinculado a manifestações religiosas. Durante os trabalhos de inventário
bioespeleológico, vários papéis com orações foram encontrados “guardados” em espaços
na rocha. Além disso, foi encontrado também um caderno, onde existiam anotações
referentes à registros acerca de visitas à cavidade para momentos de oração. Infelizmente,
nesta caverna, concentra-se boa parte das espécies troglomórficas encontradas.
3.2.5. Fauna
30
25
Nº cumulativo de spp
20
15
10
0
1 3 5 7 9 11
Esforço amostral (dias)
Figura 3.48. Curva do coletor representando o esforço amostral (em dias de coleta) e o número
acumulado de espécies de mamíferos registradas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça e
Estação Ecológica de Fechos, Minas Gerais.
80
Vestígios
Figura 3.49. Rastro de lobo-guará Crysocyon brachyurus (A), fezes de um mamífero (B) e rastro de
cachorro-do-mato Cerdocyon thous (B), observados no Parque Estadual da Serra do Rola Moça
durante os estudos de campo. Fotos: Leonardo R. Viana.
30,00
25,00
Abundância relativa (%)
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
cancrivurus
brasiliensis
Chrysocyon
Lycalopex
familiaris
Cerdocyon
Dasyprocta
Leopardus
americana
brachyurus
Sylvilagus
Mazama
vetulus
Canis
Procyon
tigrinus
Thous
sp.
Figura 3.50. Abundância Relativa das Espécies de Médios e Grandes Mamíferos Registrados Através
das Caixas de Areia no Parque Estadual do Rola Moça, MG.
81
As espécies de canídeos foram as mais registradas, representadas pelo cachorro-do-
mato (Cerdocyon thous), cachorro doméstico (Canis familiares) e raposa-do-campo
(Pseudalopex vetulus). No caso de cachorro doméstico, sua presença foi registrada em
diferentes locais do parque, através do monitoramento de vestígios. Segundo relatos de
funcionários e observações pessoais, os cães parecem utilizar habitualmente a área para
deslocamento e mesmo forrageamento, uma vez que os limites da unidade de conservação
são contíguos às áreas urbanizadas e densamente ocupadas.
Foram encontradas cinco amostras fecais, das quais duas de lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus) e as restantes distribuídas entre canídeo silvestre, cachorro doméstico e
canídeo não identificado. Para as fezes de lobos-guará foram identificados itens alimentares
comumente registrados na dieta da espécie, composta por pequenos mamíferos e frutos. No
entanto, para as amostras fecais provenientes de cachorro doméstico e canídeo não
identificado foram registradas as ocorrências de elementos da fauna nativa como, pequenos
mamíferos, gambá (Didelphis sp.) e insetos, denotando o dano potencial causado pela
presença de cachorros domésticos dentro de unidades de conservação.
Para o ponto situado sobre a estrada asfaltada foi observado um fluxo contínuo de
fauna, uma vez que diferentes espécies, representadas por animais de grande e pequeno
porte utilizaram essa passagem ativamente por dias seguidos.
30,0
Abundância relativa (%)
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
albiventris
Philander
Akodon
opossum
Marmosops
Bolomys
Nectomys
Oligorizomys
Oryzomys
Rhipdomys
mastacalis
Didelphis
lasiurus
cursor
incanus
sp.
sp.
sp.
Figura 3.51. Abundância Relativa das Espécies de Pequenos Mamíferos Capturados no Parque
Estadual do Rola Moça, MG.
82
A B
Figura 3.52. Espécime de Akodon cursor (A) e Bolomys lasiurus (B) capturados no Parque Estadual
da Serra do Rola Moça, Minas Gerais, durante os trabalhos de campo. Foto Leonardo R. Viana.
Visualizações
De uma forma geral as espécies presentes no PESRM são espécies comuns, face à
situação de isolamento e pressão urbana que a área sofre. Das espécies registradas
durante a elaboração do plano de manejo, a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato-
pequeno (Leopardus tigrinus) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) figuram entre as
espécies ameaçadas de extinção, tanto na lista nacional como na estadual (Machado et al.,
1998; MMA, 2003).
83
domésticos no interior do PESRM. As outras espécies, listadas apenas para Minas Gerais
(Machado et al., 1998) são mais comuns em geral no Cerrado, mas a presença das duas
espécies de veados é relevante, uma vez que a pressão de caça é alta. A presença destas
duas espécies na área está vinculada a uma fiscalização eficiente para coibir a caça.
A cutia que foi registrada necessita ser identificada em nível específico, para
avaliação de seu status taxonômico e biogeográfico.
3.2.5.2. Aves
Foram utilizadas oito redes de neblina (12 x 2 m cada rede): em Fechos, o esforço foi
de 6 hs, em Taboões 6:30hs e na Catarina, 5:30hs. As espécies nos sítios foram registradas
por meio de captura, vocalização e/ou visualização e sempre que possível, a vocalização
das espécies foi gravada, usando o gravador digital MD Sony MD Mz-R 700 ou Sony TCE
5000 EV e microfone direcional Sennheiser ME66/67. Foram usados os registros de
espécies obtidos através de dados de literatura (referências) e observações de outros
pesquisadores para acrescentar espécies à lista de aves.
O esforço empregado nos três sítios correspondeu a nove dias de observação (aqui
não estão incluídas as espécies capturadas nem observadas fora dos pontos), sendo
observado aumento maior de espécies no início da campanha, sendo a adição de espécies
um fator constante ao longo dos dias, porém menos acentuado (Figura 3.53).
160
140
Número de espécies
120
100
80
60
40
20
0
10/11 11/11 12/11 13/11 14/11 15/11 16/11 17/11
Dias de Amostragem
Figura 3.53. Número acumulativo de espécies em relação aos dias de amostragem no Parque
Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM), MG.
85
50
45
40
Número de espécies
35
30
25
20
15
10
0
10/11 11/11 12/11 13/11 14/11 15/11 16/11 17/11
Dias de Amostragem
Figura 3.54. Incremento de espécies em relação aos dias de amostragem no Parque Estadual da
Serra do Rola Moça (PESRM), MG.
Foram capturadas apenas nove espécies nas redes de neblina, sete espécies na
Catarina, cinco em Taboões e oito em Fechos. Os pontos foram escalonados de acordo com
a pontuação abaixo (Tabela 3.14) e usando os intervalos de valores, sempre que possível,
resultando na média para os parâmetros utilizados (Tabela 3.15).
Tabela 3.15. Valores atribuídos para a riqueza, espécies endêmicas (EN), fragilidade (FH), qualidade
(QH) e diversidade (DH) de hábitat, com a respectiva média aritmética dos pontos amostrados no
PESRM (MG).
Sítios Pontos Riqueza EN FH QH DH Total
1.1 – Mata 3 (49) 3 (2) 3 2 2 2,6
1 – Bálsamo (72)
1.2 – Cerrado 2 (34) 2 (3) 2 2 3 2,2
2.3 – VIII Mata 3 (48) 4 (1) 3 2 2 2,8
2.4 – Canga 5 (28) 3 (2) 1 1 3 2,6
2 – APE Catarina (91) 2.5 – Sede 5 (17) 0 (0) 1 4 3 2,6
2.6 – VII Cerrado 4 (40) 3 (2) 2 2 3 2,8
2.7 – Portão I 5 (21) 2 (4) 2 4 4 3,4
3.8 – II Mata 4 (38) 4 (1) 3 2 2 3
3 – Taboões (94) 3.9 – Lixão 5 (21) 0 (0) 4 5 5 3,8
3.10 – Cerrado Obra 1 (68) 4 (1) 2 3 2 2,4
4 – Jatobá (56) 4.11 – Cerrado IV 2 (55) 3 (2) 2 3 2 2,4
5 – EE Fechos (56) 5.12 – Mata VIII 2 (55) 0 (0) 3 2 2 1,8
86
De acordo com as regras de pontuação do quadro acima, muitas áreas têm
importância alta (valores menores) para a conservação devido à presença de elementos
exclusivos. Nesses locais, as atividades antrópicas devem ser fiscalizadas freqüentemente e
os seus efeitos monitorados em intervalos pequenos de tempo. A área de maior importância
foi a EE Fechos, onde existe registro de três espécies ameaçadas de extinção (dados do
programa de reintrodução).
Tabela 3.16. Espécies endêmicas e ameaçadas de extinção com registro para o PESRM e EEF
A B
Polysticus superciliaris
88
Antilophia galeata - Soldadinho
89
3.2.5.2.2. Espécies Exóticas e Potencialmente Danosas
3.2.5.3. Herpetofauna
90
Para cada indivíduo observado foram registrados: espécie, ambiente ocupado e
informações relevantes sobre o microambiente utilizado (e.g. tipo de substrato, tipo de corpo
d’água), sobre comportamentos reprodutivos, presença de casais em amplexo,
vocalizações, desovas, girinos e jovens recém-metamorfoseados. Outros eventos de
interesse tais como, predação, deslocamentos, locais de abrigo, táticas defensivas, etc.,
foram também registrados quando observados.
O objetivo deste trabalho foi analisar a fauna em relação aos parâmetros qualitativos,
sendo o mesmo, portanto, de caráter preliminar em termos de conhecimento da
herpetofauna local. Foi estudada principalmente a riqueza específica da composição
faunística da área amostrada (número de espécies na área amostrada). Foi dada maior
ênfase ao grupo dos anfíbios, devido ao seu potencial de indicação de qualidade ambiental
e à possibilidade de obtenção de maior quantidade de dados em um curto intervalo de
tempo, disponível para a Avaliação Ecológica Rápida.
A B
Figura 3.57. Ninho com Ovos (A) e Macho (B) da Perereca Hyla faber. Fotos: Paula C. Eterovick.
91
Dentre as 34 espécies de anfíbios para a região do PESRM e entorno, destacam-se
Hyla minuta e Scinax fuscovarius (Hylidae) que estavam em atividade reprodutiva na
represa (Figura 3.58A), um indivíduo jovem da rãzinha Eleutherodactylus binotatus (Figura
3.58B), Hyla circumdata (Figura 3.58C) e Scinax longilineus (Figura 3.58D).
A B
Figura 3.58. Habitat reprodutivo de Hyla minuta e Scinax fuscovarius (A), indivíduo jovem da rãzinha
Eleutherodactylus binotatus (B) e indivíduos macho das pererecas Scinax longilineus (C) e Hyla
circumdata (D). Fotos: Paula C. Eterovick.
92
A B
Figura 3.59. Indivíduo Jovem da Serpente Tropidodryas sp. (A), coletado na APE Taboões e o
lagarto Tropidurus sp. (B). Fotos: Paula C. Eterovick.
3.2.5.4. Entomofauna
93
Dois problemas principais para a proteção da entomofauna foram identificados: a
ocorrência de fogo, que muitas vezes deriva de ações antrópicas no parque e no seu
entorno e, a coleta predatória de algumas espécies de plantas, sabidamente utilizadas por
insetos para obtenção de recurso alimentar. Além destes, chácaras e pequenos terrenos
representam um terceiro problema pelo possível uso de agrotóxicos (pesticidas) e pela
presença de animais domésticos que podem favorecer a introdução de espécies exóticas de
insetos. Com base na riqueza de espécies, na ocorrência de táxons relevantes e diversos
problemas para a sua conservação, foram feitas recomendações para priorizar todas as
áreas de campo ferruginoso e de floresta, bem como algumas de cerrado.
3.2.5.4.1. Abelhas
Nos dois métodos foram usadas as seguintes fragrâncias artificiais: cineol, eugenol,
salicilato, acetato de benzila e cinamato. Todas as abelhas foram sacrificadas e
acondicionadas em envelopes de papel contendo informação sobre local e composto
aromático visitado. De maneira oportunística, abelhas de outros grupos que eventualmente
foram visualizadas na mata também foram capturadas.
94
As abelhas capturadas foram montadas em alfinete entomológico, etiquetadas e
depositadas na coleção de referência do Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas
do Departamento de Zoologia da UFMG. A identificação foi obtida por meio de chaves
taxonômicas e por comparação com abelhas identificadas previamente por especialistas
existentes na coleção.
3.2.5.4.2. Besouros
Após a retirada das armadilhas, o material foi fixado em álcool 70%, para
posteriormente ser triado e identificado. Foi realizada uma identificação prévia dos besouros
como morfo-espécies para uma análise preliminar dos dados e posteriormente foi feita uma
análise minuciosa ao nível de espécies. Os espécimes coletados foram depositados na
coleção de Scarabaeidae do Laboratório de Ecologia de Populações, da Universidade
Federal de Minas Gerais.
95
pelos fortes ventos, que por muitas vezes as desarmaram chegando a alguns casos a
danificá-las. Desta forma sua eficácia foi prejudicada, tendo sido amostrado apenas um
indivíduo na canga couraçada do sítio APE Catarina (Canthon sp.) no período da
amostragem.
Ainda com os imprevistos causados pelo tempo, o esforço amostral empregado foi
suficiente para fazer dar um panorama geral das espécies que ocorrem em cada ponto.
Através da curva de rarefação (Figura 3.60) pode-se verificar que todos os pontos quase
atingem o número máximo de espécies esperado, mostrando que poucas espécies serão
acrescidas com o aumento do esforço amostral em cada ponto.
20
CE-BS
15 CP-CT
Espécies (N)
CP-MC
10
MT-TB
MT-MC
5
MT-CT
0 MT-FC
0 50 100 150
Indivíduos (N)
Figura 3.60. Curva de Rarefação de Espécies de Carabaeidae em 7 Pontos: CE-BS, Cerrado
Balsamo; CP-CT, Campo Sujo Catarina; CP-MC, Campo Sujo Mutuca; MT-TB Mata TAboões; MT-MC
Mata Mutuca; MT-CT Mata Catarina; MT-FC Mata Fechos.
96
3.2.5.4.4. Espécies Raras
A Análise Intertemática foi realizada pela compilação dos resultados das avaliações
de cada grupo temático tanto em relação aos pontos de amostragem. Para que a análise
não ficasse representada apenas por números fez-se uma caracterização de cada ponto de
acordo com as diferentes avaliações realizadas. Essa caracterização teve por objetivo
comparar a avaliação preliminar de cada ponto com os resultados de cada grupo temático.
Utilizando-se a pontuação anotada de cada área temática obteve-se um índice médio
referente à qualidade ambiental de cada ponto em questão que indica o grau de
conservação ou de integridade de cada ambiente de acordo com as seguintes categorias:
1 Excelente
2 Bom
3 Regular
4 Ruim
5 Péssimo
Além da pontuação para cada ponto foi realizada uma análise sobre o estado de
conservação pela presença de espécies da fauna e flora, indicadoras da importância
específica para a conservação da biodiversidade in situ. De posse dessas informações foi
possível elaborar o texto relativo à significância da unidade de conservação, assim como a
priorização de projetos que deverão ser implementados, para que a unidade cumpra a sua
missão de conservação da biodiversidade.
Na análise dos dados observou-se que a maior parte dos pontos foi classificada
como sendo CLASSE 2 – BOM (6 Pontos), seguido da CLASSE 3 – REGULAR (5 Pontos) e
apenas em dois pontos a conservação foi considerada EXCELENTE. Quanto aos pontos
98
com baixo nível de conservação, foram identificados 8 pontos divididos entre a CLASSE 4 -
RUIM e a CLASSE 5 – PÉSSIMA. O número de ocorrências de cada categoria está
apresentado na Figura 3.61.
7
6
5
Ocorrências
4
3
2
1
0
1 2 3 4 5
Categoria de conservação
Figura 3. 61. Freqüência de Classificação de Pontos na AER para o Plano de Manejo do Estadual da
Serra do Rola Moça e Estação Ecológica de Fechos segundo o grupo temático de Vegetação
99
Tabela 3.17. Integração da categorização dos pontos amostrados durante a Avaliação Ecológica
Rápida do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, incluindo a Estação
Ecológica de Fechos. 1- Excelente; 2- Boa; 3- Regular; 4- Ruim; 5- Péssima.
Mastofauna
Avifauna
Herpetofauna
Entomofauna
Vegetação
Fauna Final Final
I 4 4 5 5 5 4,5 5
5 5 4 4 4,4 4
II 6 5 5 5 5 5 5
9 3 2 3 2 3 2,5 2,7 3
19 3 3 3 2 3 2,75 2,8 3
20 3 3 2 3 2 2,5 2,7 3
21 2 3 3 2 2 2,5 2,2 2
IV 22 4 3 3 3,5 4
V 45 1 2 1 1 2 1,5 1,2 1
46 2 3 3 2,5 2
23 3 3 3 3 3,0 3
VI 41 2 3 2 2,5 2,2 2
42 2 2 3 2 3,5 2,7 2
44 4 3 3 3 3,5 4
31 5 3 2 2,5 3,8 4
32 3 4 3 2 3 3 3
34 2 2 3 1 2 2 2
VIII 36 2 2 2 1 3 2 2 2
A pontuação concedida para cada ponto, pelos diferentes grupos temáticos, variou,
de maneira geral, mas a variação foi relativamente pequena (ver Tabela 3.17). Houve, em
geral, uma concordância sobre o estado de conservação e importância da área para os
grupos temáticos, sendo possível calcular uma média geral para os pontos. A maioria dos
pontos foi classificada como REGULAR pelos grupos faunísticos (24 Pontos), seguida de
BOM (17 Pontos) e RUIM (7 pontos) (ver Tabela 3.17 e Figura 3.62).
100
30
25
20
Ocorrências
15
10
0
1 2 3 4 5
Categorias de Conservação
Figura 3.62. Freqüência de Classificação de Pontos na AER para o Plano de Manejo do Estadual da
Serra do Rola Moça (PESRM), incluindo a Estação Ecológica de Fechos (EEF), segundo os grupos
temáticos de Fauna.
Sítio I – Mineração
Sítio II – Taboões
101
lixo. Segundo Peixoto (2004), o acampamento e a pernoite de pessoas em um
eucaliptal localizado ao lado do lixão são também comuns.
102
Ponto 14 – Eucaliptal: Esse ponto se caracteriza pela presença de um cerrado ralo,
com predominância de capim meloso. Esse ponto se localiza na divisa do parque
onde existe um eucaliptal e extensas áreas cobertas com “Capim-Meloso”. Devido à
proximidade com o lixão de Ibirité, esse ponto é contaminado com o lixo trazido pelo
vento (sacolas e garrafas plásticas) que além de sujar o local ainda representa uma
ameaça para a fauna.
Ponto 19 – Mata Rola Moça: Esse ponto se caracteriza pela ocorrência de uma
mata ciliar. Próximo aos mananciais pode ser observado diversas residências,
cultivos de horta e pomares, além da criação de animais. O cultivo familiar nas
residências da área é constituído principalmente por ervas medicinais e
condimentos.
Sítio IV – Jatobá
Ponto 22 – Jatobá: Esse ponto pode ser considerado o mais antropizado de todo o
parque. A vegetação se restringe a pequenas manchas localizadas em pequenas
grotas. Nessa área ocorre uma ocupação urbana indiscriminada e o fogo e o corte de
madeira para lenha são as principais ameaças. Foram registradas 56 espécies de
aves, sendo o único local do parque onde foi avistado o gavião-peneira (Elanus
leucurus). É provável que esta espécie também ocorra em outros sítios. Foram
observadas apenas duas espécies endêmicas do Cerrado: o tapaculo-de-colarinho
(Melanopareia torquata) e a gralha-do-campo, (Cyanocorax cristatellus), ambos de
ampla ocorrência no parque.
103
Sítio V – Barreiro
Ponto 45 - Mata Barreiro: Esse ponto apresenta uma das áreas de mata mais bem
conservadas de todo o parque e por isso apresentou uma grande riqueza de
espécies de fauna. Foram registradas 11 espécies de pequenos mamíferos, com
destaque para a presença de Caluromys philander e de três espécies distintas de
Oligorizomys. Nos plots de rastros destaca-se a presença de lobo-guará e do gato-
do-mato, mas também de cães domésticos.
Sítio VI – Mutuca
105
Nesse sítio foram coletadas espécies bastante tolerantes a ambientes abertos
como as abelhas Centris (Centris) aenea, Bombus (Fervidobombus) atratus, além da
espécie exótica Apis mellifera. Em relação às aves, foram observados o tucão,
Elaenia obscura e a asa-branca, Patagioenas picazuro.
106
Neste ponto foram registradas 56 espécies de aves, sendo o único local do
parque onde foi avistado o gavião-peneira (Elanus leucurus). É provável que esta
espécie também ocorra em outros sítios. Foram observadas apenas duas espécies
endêmicas do Cerrado: o tapaculo-de-colarinho (Melanopareia torquata) e a gralha-
do-campo, (Cyanocorax cristatellus), ambos de ampla ocorrência no parque. Foram
registradas 11 espécies de pequenos mamíferos com destaque para a presença de
Caluromys philander e de três espécies distintas de Oligorizomys. Nos plots de
rastros destaca-se a presença de lobo-guará e do gato-do-mato, mas também de
cães domésticos.
Obviamente, esta primeira vistoria apresenta caráter amostral revelando tão somente
a grande potencialidade arqueológica contida nas unidades de conservação e seu entorno.
Foram realizadas observações da superfície e subsuperfície do solo nos diferentes
compartimentos ambientais, aproveitando locais em que estes se encontravam mais
expostos, como em valas abertas, cortes de estradas, focos de erosão, dentre outros.
Foram vistoriadas ao todo dez cavidades, com grande potencial arqueológico dentro
da área desta unidade de conservação, tendo sido encontrados vestígios arqueológicos em
quatro delas. Esta realidade implica na necessidade da indicação de uma diretriz de
monitoramento dos sítios já conhecidos, além de outras vistorias em busca de novas
cavidades e sítios arqueológicos no interior e entorno do Parque Estadual da Serra do Rola
Moça.
107
3.4.1.1. Gruta Rola Moça 1
Figura 3.63. Vista da entrada da gruta Rola Moça 1 – Município de Nova Lima/MG
A cerâmica encontrada no fundo da gruta (Figuras 3.64A e B), pelo que se pode
observar, possui um coeficiente de redução de aproximadamente 90% e alisamento
bastante fino. Cogita-se a hipótese de ter sido aplicada barbotina no intuito de obter melhor
alisamento. Possui marcas de fuligem, nas partes interna e externa, não podendo descartar
a idéia de ser esta fuligem, vestígio de uso. O fragmento possui borda com lábio direto de
forma arredondada, não possuindo nenhum tipo de decoração, nem na borda nem em seu
corpo.
108
A B
Figuras 3.64. Material arqueológico em superfície – Gruta Rola Moça 1 – Município de Nova Lima –
MG. Cerâmica encontrada no fundo da gruta.
A B
Figura 3.65. Carvão em superfície (A) e possível estrutura de combustão com blocos de hematita
aparentemente organizados, lembrando um braseiro (B).
Quase já na parte externa da gruta, logo em sua entrada, foram identificados alguns
fragmentos de cerâmica arqueológica. Estes têm maior espessura que os da parte interna
final da gruta, possuindo antiplásticos bem mais aparentes. Possui um coeficiente de
redução de aproximadamente 80%. Resta saber se os antiplásticos estão aparentes em
virtude das intempéries a que estes fragmentos estão expostos, o que teria retirado sua
possível barbotina ou um possível banho, ou se realmente foi feito desta maneira, com
pouco privilégio para o acabamento e maior praticidade da peça. Não foi identificado, a
princípio, nenhum vestígio de uso. Estima-se que a praticidade de um utensílio espesso e de
acabamento mais tosco seja maior, tendo em vista as condições pouco confortáveis em que
os que a utilizavam viviam. Pode ser, portanto, que o utensílio a que o fragmento interno da
gruta pertence, seja para um uso mais delicado, e os fragmentos encontrados na boca da
gruta, tenham uma utilização mais prática para as necessidades usuais.
109
3.4.1.2. Gruta do Rola Moça 18
Em um abrigo, nas proximidades da Gruta Rola Moça 1, cujas coordenadas são 23K
603.196 E 7.781.893 N, foi também identificado grande quantidade de material cerâmico
arqueológico em superfície (Figuras 3.66).
Figura 3.66. Fragmento espesso e conjunto de fragmentos cerâmicos com antiplástico aparente.
110
3.4.1.3. Gruta do Rola Moça 3
Nas coordenadas UTM 23K 603.963 E e 7.783.394 N. Foi identificada a Gruta Rola
Moça 3. Foram encontrados velas e pedidos de oração em seu interior, vestígios de
fogueiras recentes, garrafas de vinho “Chapinha”, tampas de garrafas de refrigerantes,
luvas, resto de arroz, pimenta e preservativos usados (Figuras 3.68). Não foi, contudo,
identificado material arqueológico em superfície. Faz-se necessário, todavia, uma vistoria
mais aprofundada e com melhor iluminação dentro desta cavidade. Tem altura,
profundidade e acesso ideal para o estabelecimento humano, sendo utilizada até os dias
atuais.
Figura 3.68. Características naturais e sinais de atividade humana na Gruta do Rola Moça 3.
111
3.4.1.4. Gruta do Rola Moça 4
A Gruta Rola Moça 4, situada entre as coordenadas UTM 23K 605.172 E e 7.784.341
N, Datum: Córrego Alegre possui grande extensão e potencial para ocupação humana.
Apesar de sua entrada ser bastante discreta e baixa, a parte interna se mostra com altura
razoável para um estabelecimento com certo conforto (Figura 3.69). Foram identificados
focos de carvão em superfície, na área interna da gruta, podendo se tratar de vestígio de
rápida ocupação pré-colonial.
A B
112
3.5. Socioeconomia
Nas diferentes visões colhidas junto aos entrevistados dos diferentes municípios do
entorno, destacam-se algumas que traduzem o nível do desafio da administração do
PESRM:
É uma área de “mato”, onde matam animais (cobras), põem fogo, jogam lixo e
arrancam plantas (“a canela-de-ema é ótima para se usar no fogão à lenha”);
É uma bênção para a comunidade, todos querem preservar, mas ainda não existe a
conscientização pela preservação.
O parque conta com uma estrutura fundiária com algumas pendências, mas, em sua
maioria, apresenta áreas regularizadas. São apenas duas categorias de moradores em seu
interior: funcionários e ex-funcionários do IEF, com suas famílias, e os estabelecidos em
casas irregulares construídas na área do parque, destacando-se o Bairro Solar e o antigo
Parque Municipal Jatobá (que integra o território do PESRM). Em toda a área do antigo
Parque Jatobá não há delimitação do terreno, com forte pressão de invasão.
114
Foram ouvidas 17 lideranças dos quatro municípios, dos setores público e privado,
sendo quatro de Belo Horizonte, seis de Brumadinho, três de Ibirité e quatro de Nova Lima.
Seus contatos encontram-se na Tabela 3.18.
115
3.5.1. Aspectos demográficos
No ano 2000, segundo dados do IBGE, a área sob estudo contava com população
total de 2.462.571 habitantes, representando 56,6% da população da RMBH e 14,7% de
Minas Gerais. A análise da série histórica apresentada no encarte 2, entre 1950 e 2000,
mostrou que é grande a tendência ao adensamento populacional na região, principalmente
condicionada pela saturação do território urbano da capital mineira, expandindo-se para os
demais municípios da região metropolitana. Ibirité, por exemplo, é um caso exemplar, visto
que sua densidade demográfica passou de 30,6 hab/km2 em 1950 para 1.806,2 hab/km2 no
ano 2000.
Seguindo a tendência verificada em todo o país nas últimas décadas, a região das
UCs apresentam uma alta taxa de urbanização, variável entre 98% e 100%, sendo que
apenas Brumadinho apresenta percentual relevante de população habitando em zonas
rurais (27%).
116
Somando-se as quatro cidades, havia quase 81 mil empresas cadastradas, que
empregavam, juntas, cerca de 1.049 mil pessoas. Vê-se que cerca de 41% dos empregos
gerados nos setores secundário e terciário da região estão concentrados em
estabelecimentos de grande porte, com mais de 1 mil empregados cada um. Por outro lado,
as empresas de micro e pequeno porte, até 9 funcionários, geravam, segundo os dados
apurados, cerca de 200 mil empregos, indicando também o potencial de geração de renda
desta fatia da economia.
Como se vê, as atividades do setor primário têm restrita significação nos municípios
de Nova Lima e Ibirité, sendo inexistentes em Belo Horizonte. Na região sob estudo, apenas
Brumadinho apresenta algum tipo de produção agropecuária, com destaque para a
bovinocultura leiteira, criação de galinhas e produção de feijão e milho. Ainda assim, sua
contribuição para o PIB do município não atinge 5%, como se viu anteriormente.
O atendimento aos moradores dos diversos condomínios é uma das maiores fontes
de emprego e renda na região, a tal ponto que, segundo entrevistados, não há desemprego
no povoado.
117
Já na área industrial destaca-se não apenas a Petrobrás, que possui parte de sua
planta no município, mas também indústrias diversas situadas no Distrito Industrial,
especialmente as fornecedoras de equipamentos para a montadora Fiat.
A região do Jardim Canadá, por sua vez, tem perfil econômico bastante complexo e
diferenciado. O uso residencial convive no bairro, lado a lado, com atividades industriais,
comerciais e de prestação de serviços.
118
Brumadinho e Nova Lima já apresentam panorama diferenciado dos demais
municípios no que se refere à atividade turística. A região de Casa Branca, em Brumadinho,
conta com uma série de pousadas e restaurantes, que atraem número significativo de
visitantes nos finais de semana e feriados. Ademais, conta com vários condomínios e sítios,
parte dos quais utilizados como lazer pelas famílias, residentes em Belo Horizonte e outras
cidades da RMBH.
Em Nova Lima o destaque fica no distrito de São Sebastião das Águas Claras –
Macacos – onde já há uma série de pousadas e restaurantes com grande fluxo de visitantes.
Segundo os entrevistados, também o Jardim Canadá se destaca pela presença de
restaurantes, mas o grande potencial turístico citado foi mesmo o PESRM, considerado
ainda pouco preparado para atendimento aos visitantes.
Também predominam os imóveis próprios, que são, em média, 75% do total, entre
quitados e em quitação. A maior incidência de aluguéis se dá em Belo Horizonte e a menor
em Ibirité (Tabela 3.19). No que é relativo ao atendimento de infra-estrutura, são
apresentados os dados do Censo 2000, do IBGE, no Encarte 2.
119
3.5.4. Equipamentos públicos
Em primeiro lugar, vê-se que a situação do Barreiro é atípica, uma vez que há uma
série de equipamentos sociais no território, muitas vezes concentrados na área central da
regional ou em outros bairros da região. No caso da área que confronta com o PESRM
esses equipamentos já são mais reduzidos, deixando o atendimento a desejar em algumas
áreas, na opinião das lideranças entrevistadas.
Não foi citado nenhum equipamento cultural na região, enquanto na área de lazer e
esportes foi citada a presença de dois campos de futebol, além do Parque Burle Marx, que
confronta com o PESRM. A falta de áreas de lazer é uma das principais demandas dessa
população, que vê no Parque do Rola Moça uma alternativa para os momentos de folga.
Essa carência é ainda mais explícita quando se avaliam os itens relativos à cultura e
ao lazer, uma vez que os únicos equipamentos mais presentes nos bairros analisados são
campos de futebol.
121
3.5.5. Organização social e associativismo
Para se ter uma visão a respeito da organização social das áreas lindeiras ao
parque, foram incluídas questões relacionadas a esta temática nas entrevistas qualitativas
com lideranças.
Nova Lima tem administração regional no Jardim Canadá, que, entretanto, estava
sem secretário à época da pesquisa, não havendo outros funcionários dispostos ou aptos a
responderem em nome da Prefeitura. Também a relação do bairro com o Parque é bastante
estreita e constante.
123
Em termos de entidades existentes, foram citadas:
Associação Comercial e Industrial do Jardim Canadá;
Associação Comunitária do Bairro Jardim Canadá;
Associação São Judas Tadeu;
Clube de Mães da Maçonaria;
Cooperativa de Apicultores – CONAP;
Cooperativa de Artesãos – Minas Arte Gerais (em fase de encerramento);
Cooperativa de Costureiras;
Fórum Dlis.
As Figuras 3.71 a 3.74 mostram as lideranças entrevistadas nos quatro municípios
do entorno do PESRM bem como apresenta os mapas de relações identificadas entre elas.
124
Mariinha (atuação religiosa)
Alda (moradora)
José Moacir (morador)
Figura 3.71. Rede de Lideranças e mapa de relações dos bairros do entorno do PESRM, pertencentes ao município de Belo Horizonte.
125
Caio Júlio ( CONSEP, AMA aldeia)
Raquel Lobo Miranda
(síndica cond. Recanto do Vale)
Odilon ( APASUL)
Figura 3.72. Rede de Lideranças e mapa de relações dos bairros do entorno do PESRM pertencentes ao município de Brumadinho.
126
Emi de Oliveira Melgaço
Mário Lúcio Moreira
(sitiante)
Hervé de Melo
(Prefeitura de Ibirité)
Figura 3.73. Rede de Lideranças e mapa de relações dos bairros do entorno do PESRM pertencentes ao município de Ibirité.
127
Ana (arquiteta)
Dona Zita
(moradora, trabalho social)
Regina Lopes Maciel
(Fórum DLIS)
Figura 3.74. Rede de Lideranças e mapa de relações pertencentes ao município de Nova Lima.
128
3.5.6. Apropriação dos Recursos Naturais e Situações de Conflito
A presença de cães, gatos, eqüinos e plantas exóticas nas áreas internas ao parque
e seu entorno, está relacionada tanto com as famílias moradoras no interior da UC quanto
às das áreas urbanizadas do entorno. Cultivo de mandioca, milho e banana são observados
em residências que se confrontam com o PESRM na região do Alto Mineirão (ruas Professor
José Moreira e Luiz de Souza Lima). Propriedades agrícolas vizinhas ao Parque na região
de Ibirité (Figura 3.75), utilizam o fogo para limpeza dos terrenos e insumos químicos nas
hortas, aumentando o risco a incêndios e à contaminação do solo e lençol freático.
Figura 3.75. Visão geral do município de Ibirité com plantações nas imediações do PESRM.
130
Um projeto conjunto foi elaborado pela diretoria de Educação Ambiental do PESRM e
pela Fundação Dom Cabral para determinar e difundir entre produtores locais, a viabilidade
técnica e econômica de propagação comercial de espécies nativas ornamentais e
ameaçadas, do PESRM. Tal projeto ainda carece de financiamento para viabilizar seus
objetivos.
Em geral, o PESRM, antes visto como entrave, hoje é valorizado pela comunidade,
e, na opinião das lideranças ouvidas, essa mudança foi devida a atitudes da administração e
à ação do jornal da Apa-Sul. Entretanto, grande parte da comunidade não conhece muito
bem o PESRM, não o freqüenta e ainda não está conscientizada da importância de sua
preservação. Alguns disseram que conhecem o parque apenas pelas suas tragédias
(incêndios), outros que têm pouco contato, pela distância, dificuldades de acesso para os
moradores e pouca divulgação. Nas palavras de uma das lideranças: “acham lá ‘um mato’.
Matam animais (cobras), põe fogo, lixo, arrancam plantas. Canela de ema é ótima para
fogão a lenha”. Um entrevistado afirmou que o parque está “desleixado, um pouco jogado às
traças”.
131
Invasões que podem levar a prejuízos, como desmatamento, matança de animais,
incêndios;
Via de degradação que vem de Ibirité, devido à declividade, vem trazendo minérios,
acúmulo de resíduos, não tem escoamento;
Desmatamento, pelas pessoas que transitam pelo local;
Queimadas, principalmente pela presença humana no parque - de cigarros a crenças
religiosas, pessoas na cachoeira fazendo churrasco, acampamento. Moradores do
entorno colocando fogo nos lotes e sitiantes (limpeza de terreno);
Retirada de plantas (orquídeas, bromélias e canela de ema);
Trânsito de marginais, carros roubados, violência.
Por outro lado, a população do entorno não tem conhecimento do processo de
demarcação do parque e de seu objetivo específico de preservação. Os entrevistados
consideram que a falta de conhecimento está diretamente relacionada à falta de divulgação
e à falta de preparo da unidade para receber a visitação. Um dos entrevistados afirmou
também que a questão da demarcação e decreto do parque só interessa para quem mora
na divisa, isto é, os confrontantes do PESRM.
Por outro lado, houve vários entrevistados que consideraram negativo ou inexistente
o relacionamento com a administração do parque. Nas palavras de um deles: “não se
apresentam, não tem contato com a comunidade, não dão informações de espécie alguma”.
Outras informaram que até então não existia relacionamento e que este está iniciando agora
com a presença do gerente de comunicação, Roberto Bendia, “que trouxe um pouco de
132
proximidade do parque com a região, através de reuniões informativas sobre o que acontece
lá” e a criação do viveiro escola.
Todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que o parque não traz pontos
negativos ou prejuízos à comunidade. Ao contrário, apontam benefícios diversos desta
proximidade, realçando:
Preservação ambiental e vigilância;
Controle do crescimento desordenado e da invasão de terras;
Contribui para a fixação da população no local – pela natureza;
Ajuda na educação ambiental – convivência com área verde requer um profundo
envolvimento e aprendizado para a população;
Qualidade de vida, ajudando ainda na auto-estima da população;
O oxigênio, ar puro, diminuição da poluição, o clima, as nascentes, a paisagem muito
bonita, contato com a natureza;
Delimita o bairro Jardim Canadá;
É um dos maiores atrativos da região.
Houve dois entrevistados que afirmaram que o parque poderia trazer benefícios para
a região, isso se houvesse algum projeto conjunto, alguma parceria com a comunidade para
lazer, turismo, geração de emprego para população local na parte de limpeza, vigilância, etc.
Por outro lado, as lideranças locais consideram que as populações dos bairros do
entorno são responsáveis por uma série de prejuízos ao PESRM. Nesse sentido, foram
citados:
Colocação de fogo no lixo, ameaçando o parque;
Depredação pela população dos loteamentos, que desmata a área verde na fronteira
com o parque, secando nascentes;
Presença de lixão no limite do parque, em Ibirité;
Cortam madeira, roubam plantas, levam animais para pastar, poluem as nascentes
com lixo;
Utilização do parque para pastagem de animais.
A maioria dos entrevistados avalia que o parque tem como função primordial a
proteção de mananciais de água e vegetação típica, manutenção da fauna e preservação
ambiental. Entretanto, há muitos que realçam a importância do PESRM como ponto cultural
e histórico, como local para a recreação da população. Um deles mencionou o papel do
parque na restrição do crescimento urbano desordenado, como barreira física para esta
expansão.
Muitos consideram que tais funções são adequadas, mas outros entrevistados
consideram que o parque deveria desempenhar outros papéis diferentes:
Turismo, monitorado e supervisionado, a partir do plano de manejo;
Atendimento a escolas e estudantes, com maior divulgação;
Divulgar, disseminar o conhecimento sobre a vegetação do cerrado para a
população adquirir envolvimento e responsabilidade com o local;
Oferta de área de lazer para a comunidade;
Pesquisa na área da medicina alternativa;
133
Área para treinamentos de jardineiros, plantio de hortas, etc.
Ponto cultural, histórico e de educação ambiental.
Ao serem levados a pensar a respeito do que deveria ser proibido e o que deveria
ser permitido no interior do parque, os entrevistados teceram uma série de considerações a
respeito de condutas e atitudes da população e deram sugestões para o manejo do parque.
134
Seminários com o empresariado, palestras em escolas e no parque para sua
preservação, cursos ambientais, preservação de hortas, plantações, conhecer as
plantas locais e saber cultivá-las;
Controle e vigilância da região – área do precipício, desova de automóveis roubados,
peças e cadáveres;
Parceria com a comunidade trabalhando como vigilantes da região.
Algumas destas sugestões foram incorporadas às propostas do meio antrópico para
o Plano de Manejo e serão apresentadas mais adiante neste trabalho.
135
Possibilidade apoio à população de entorno e realização de atividades com
visitantes.
O PESRM tem aproximadamente 80% de sua área total com situação fundiária
regularizada. No entanto, os 20% restantes pertencem às empresas de mineração e
pequenos proprietários rurais, sendo necessário a incorporação dessas áreas em caráter de
urgência. A MBR é proprietária de terrenos no interior da poligonal definida no Decreto
Estadual, num total que corresponde a cerca de 20% da área total prevista para o Parque
Estadual da Serra do Rola Moça. Existem ainda outras propriedades sendo
aproximadamente 300 hectares pertencentes a Mineração Extrativa Paraopeba, localizadas
próximo ao Mirante dos Veados e outra propriedade nas imediações de Taboões de
propriedade de Emi de Oliveira Melgaço.
Até o final da década de 1940, Belo Horizonte contava apenas com os seguintes
mananciais de abastecimento de água: Serra (hoje desativado por poluição urbana),
Cercadinho, Barreiro, Taboões e Rola Moça. Face à forte demanda por água foram
selecionadas as bacias dos ribeirões Mutuca, Fechos e Catarina, para a implantação de
possíveis estruturas de captação. Entretanto, estes terrenos pertenciam à empresa St. John
D’el Rey Mining Co. – SJDR, antecessora da MBR.
137
Após uma negociação entre a Prefeitura de Belo Horizonte, PBH, e a SJDR, que à
época, manifestou seus interesses minerários na região, particularmente na área de Capão
Xavier, ficou estabelecido um acordo, em 1956, no qual algumas glebas (indicadas em
amarelo na Figura 3.77) onde não havia interesse minerário, seriam adquiridas pela PBH,
para a implantação dos mananciais de Mutuca e Fechos.
A propriedade da parcela restante das áreas nestas bacias hidrográficas, onde havia
interesse minerário, permaneceu com a empresa que, entretanto, se comprometeu a “...não
iniciar qualquer serviço daquela natureza (mineração) nas referidas glebas sem a fiel
observância das disposições do Código de Minas e das condições estabelecidas pela
Prefeitura...com a finalidade de evitar-se a poluição dos mananciais...” \1.
Figura 3.77. Propriedades da MBR e da PBH nas bacias de Mutuca e Fechos. Fonte: MBR.
1
Escritura pública de desapropriação amigável entre PBH e SJDR.
138
No biênio 1981/1982, o Governo Estadual editou decretos definindo diversas áreas
de proteção especial para fins de preservação de mananciais (APEs), dentre as quais as
APEs de Mutuca, Fechos, Catarina e Barreiro, situadas no entorno da jazida de Capão
Xavier (Figura 3.78).
140
3.7. Fogo e outras ocorrências excepcionais
O clima sazonal com períodos secos que se estendem por diversos meses no
PESRM (Vincent 2001) associado à alta radiação solar e velocidade do vento associa-se na
desidratação da vegetação e propagação do fogo (Soares 1972). A topografia do PESRM é
propensa à propagação do fogo e dificulta o acesso a áreas com focos de incêndios
(Arcebispo 2002). O material combustível da vegetação do PESRM é por si só, nos períodos
de seca, altamente propício à combustão. No entanto, a alta taxa de invasão do parque pelo
capim gordura, que no período de seca entra em senescência fazendo com que suas folhas
adquirem um estado fisiológico desidratado, agrava enormemente a situação. Tal
informação foi confirmada pelo Tenente Santana em entrevista realizada em maio de 2005.
Figura 3.80. Probabilidade de ocorrência de fogo no PESRM. Pontos em vermelho indicam maior
probabilidade. Fonte: Arcebispo 2002.
141
3.7.1. Histórico de Incêndios
Um estudo realizado recentemente por Alan Daniel Pessoa (dados não publicados)
aponta o ano de 2003 como o de maior incidência de incêndios, desde 1999 (Figura 3.81).
Esse estudo mostra ainda que nos meses de inverno (correspondentes ao período seco)
são registradas as maiores ocorrências.
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
0 20 40 60 80 100
Número de ocorrências
Figura 3.81. Evolução das ocorrências de incêndios no PESRM de 1999 a 2005. Dados: Alan Daniel
Pessoa.
142
Nesse período (1999 a 2005) a maior freqüência de incêndios (42,64%) ocorreu no
período da tarde e a menor freqüência pela manhã (Figura 3.82). Em 15.19% das
ocorrências o período do dia não foi mencionado.
15.19%
27.55%
Manhã
14.62% Tarde
Noite
Não mencionado
42.64%
Figura 3.82. Freqüência das ocorrências de incêndios no PESRM de 1999 a 2005 nos três períodos
do dia. Dados: Alan Daniel Pessoa
O Parque Estadual da Serra do Rola Moça é administrado por uma integração entre
a COPASA (Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais) e o IEF (Instituto
Estadual de Florestas). Além dessas duas instituições, o parque também sofre a influência
de diversas empresas circunvizinhas, principalmente da MBR, da Mannesman, da Itaminas,
da Extrativa Paraopeba e da SICAL. Complementando o quadro de influências, outros
atores são as Prefeituras de Brumadinho, Ibirité, Regional da Prefeitura de Belo Horizonte -
Bairro Barreiro e Regional da Prefeitura de Nova Lima - Bairro Jardim Canadá. Participam
do seu entorno social, os moradores dos condomínios Retiro das Pedras, Quintas de Casa
Branca, Morro do Chapéu e Passárgada, dos bairros Mineirão e Independência, do
loteamento Solar do Barreiro e sitiantes do município de Ibirité.
Belo Horizonte é uma metrópole com uma densa população e a situação ambiental é
comum aos grandes centros urbanos brasileiros, onde as áreas marginais dos municípios
sofrem com precárias condições de infra-estrutura urbana. O uso e a ocupação do solo na
sua região sul, onde se limita com o PESRM, é basicamente feito por indústrias e, em
especial, nos bairros Barreiro e demais bairros próximos, destinado à moradia de população
de baixa renda. Os aspectos referentes ao turismo do município, de modo geral, giram em
torno dos negócios, feiras e eventos.
145
Pesquisa de gabinete Entrevistas qualitativas Visitas de campo para
Mapas com os pesquisadores reconhecimento da área
Dados secundários dos meios Biótico e e Pesquisa com os
Físico funcionários
Elaboração do Diagnóstico:
Literatura;
AER;
Fotos;
Mapeamento;
Capacidade de Carga.
Produção do Relatório
Final – USO PÚBLICO
Figura 3.83. Resumo esquemático das atividades definidas e executadas pela equipe responsável
pelo diagnóstico do uso público para a elaboração do plano de manejo do Parque Estadual da Serra
do Rola Moça, Minas Gerais.
146
divergências entre o potencial de uso dos atrativos identificados e o risco ambiental
associado à sua manutenção.
Por último, foi elaborado o cenário futuro para o uso público do parque através da
extrapolação de todas as informações obtidas durante o diagnóstico sobre o Uso Público no
PESRM, além das experiências bem sucedidas de outros parques no Brasil e no mundo.
Este sítio encontra-se ao longo do trecho que liga o Centro Administrativo a Ibirité.
De seus pontos altos pode-se visualizar do lado esquerdo da estrada a parte sudoeste do
PESRM, e do lado direito, sua parte noroeste. Nesta região foram registrados relatos de
apreensões de caçadores e da captura de pássaros.
Figura 3.84. Fotografia divulgada entre os praticantes de escalada, indicando as vias existentes na
Serra das Andorinhas, Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.
148
Figura 3.85. Restos de uma mina na região de Santa Paulina, Parque Estadual da Serra do Rola
Moça, MG.
Também se encontra no lado noroeste desse sítio, o Lixão Sarzedo, onde várias
famílias trabalham, diariamente, como catadores de material reciclável. Durante a manhã,
pode-se confirmar a chegada de inúmeras pessoas que, no final da tarde, esperam carona
para o retorno a Ibirité. Segundo Peixoto (2004), é também comum o acampamento e
pernoite destas pessoas em um eucaliptal, localizado ao lado do lixão.
149
Apesar dos problemas citados, o distrito de Casa Branca e o sítio Mineração
possuem aspectos ecoturísticos, paisagísticos e histórico-culturais, que poderiam ser
utilizados de forma integrada.
A portaria localizada na estrada que liga o sítio a Ibirité foi ativa por algum tempo e,
segundo funcionários da COPASA e Polícia Militar Ambiental de Nova Lima, foi abandonada
depois que um porteiro testemunhou um assassinato. Suas ruínas são hoje utilizadas como
esconderijo de criminosos e para práticas de consumo de drogas, além da depredação. É
extremamente preocupante o fato de que os criminosos que transitam na área normalmente
portam armas de fogo, fato evidente em toda a estrutura da referida guarita, na qual se
identificam diversas marcas de projéteis. A intensa presença e circulação de criminosos são
comuns tanto neste sítio quanto no da Mineração, uma vez que estes são adjacentes.
As áreas de manancial localizadas na base da Serra do Rola Moça, com acesso pela
estrada que passa pela Mineração Santa Paulina e pelo lixão, são os principais locais de
desovas de cadáveres e veículos da região. Neste local, onde criminosos buscam peças dos
veículos desovados, observa-se o livre acesso à prática de atividades ilícitas. Percebe-se
uma contradição nos aspectos do uso desta área, que durante o dia é utilizada pelos
visitantes à procura da beleza e tranqüilidade da serra, e durante a noite é utilizada para
atividades criminosas.
Este sítio faz divida, em sua parte norte, com os bairros Independência, Alto
Mineirão, Barreiro e a favela Gogó da Gia e, na parte sul, com o Bairro Solar e a indústria de
alumínio SICAL. O ponto marcante deste sítio é o antigo Parque Municipal Jatobá, que se
integra ao território do PESRM e onde se encontra a nascente do Rio Arrudas (Figura 3.86).
Em toda a área do antigo Parque Jatobá não há delimitação do terreno, e percebem-se as
invasões e diversas outras ameaças a que o PESRM é exposto como os freqüentes bota-
foras de lixo.
151
Figura 3.86. Região da nascente do rio Arrudas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.
A “Estrada dos Sertões” que passa por este sítio é o antigo acesso da região do
Barreiro até a cidade de Brumadinho e, hoje, é utilizada para passeios recreativos a cavalo.
Esta estrada apresenta trechos de calçamento aparentemente antigos, remetendo-se ao
poema de Mário de Andrade, o que atribui grande valor histórico-cultural a esta região.
Neste sítio existem, ainda, dois campos de futebol, com intensa visitação de
moradores do entorno, porém sem controle ou restrição do setor responsável pela
fiscalização do PESRM. Um dos campos de futebol, de terra batida, é obra da Prefeitura de
Belo Horizonte, apresentando dimensões próximas às de um campo oficial e traves de ferro
sem rede. O outro campo, de dimensões menores, apresenta um gramado em péssimas
condições e traves improvisadas com madeiras de eucalipto. Nestes campos de futebol é
evidente a erosão e o lixo gerados por seus usuários favorecendo a degradação do meio
ambiente e a poluição a longas distâncias, bem como a soltura de pipas com a utilização de
“cerol”, provocando acidentes com os visitantes.
A proximidade deste sítio com a favela Gogó da Gia, dominada por grupos de
criminosos e traficantes de drogas, torna a área intransitável, preocupação comum a todos
os moradores. A equipe de uso público foi orientada por moradores locais, durante visita a
campo, a evitar o trânsito nas proximidades do bairro, uma vez que seria certa a abordagem
por assaltantes. Já houve registros de desovas de cadáveres na região do Pontilhão, na
linha de trem, e nas cachoeiras. A freqüente coleta de lenha e plantas medicinais pelos
moradores do entorno, agregado à alta incidência de incêndios, o extrativismo predatório de
152
plantas nativas e a falta de segurança neste sítio, tornam inviáveis, na situação atual, a
implantação de projetos de ecoturismo e pesquisa científica, apesar do potencial
identificado.
A região do Barreiro é uma das áreas mais visitadas do PESRM sem, no entanto,
haver controle de fluxo e permanência de pessoas. As portarias localizadas neste sítio, em
especial a que dá acesso ao Centro Integrado de Combate a Incêndios Florestais do Corpo
de Bombeiros (CICICB), sendo registrado apenas um pequeno fluxo de pessoas face ao
trânsito freqüente de pessoas no sítio, evidenciando a existência de “entradas alternativas”,
impossibilitando o controle dos visitantes e facilitando a ação de infratores e criminosos,
demonstrando seu mau posicionamento na área do parque.
Figura 3.87. Restos de uma área de mineração abandonada com focos de erosão localizada no
Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.
153
3.8.3.5. Sítio V - APE Barreiro
O sítio é margeado, em sua porção norte, pelos bairros Barreiro e Olhos d’Água,
sendo caracterizado como a área mais utilizada para caminhadas e ciclismo, em razão de
sua rede de trilhas largas e planas. Sua principal característica é a presença do CICICB, no
qual os profissionais ficam de plantão 24 horas para o monitoramento, prevenção e combate
a incêndios dentro dos limites e das adjacências do PESRM (Figura 3.88 A). O local também
é contemplado com quadras poli-esportivas e quiosques, muito utilizados pela população
dos bairros próximos.
A C
Figura 3.88. Centro Integrado do Corpo de Bombeiros (A); Barragem antiga do manancial Barreiro (B)
e; o Museu do Barragista no manancial Barreiro (C).
No limite do PESRM com o bairro Olhos d’Água há uma fábrica de cimento que
causa intensa poluição do ar, através da poeira proveniente das suas atividades.
154
A região apresenta flora e fauna ricas e íntegras, as quais foram amplamente
pesquisadas pelo CETEC - Centro de Tecnologia, durante oito anos (CETEC, 1993),
constituindo uma das poucas áreas de mata fechada visitáveis do parque. A “Cachoeira do
Álvaro Antônio” é dotada de um cenário de extrema beleza, apresentando duas quedas
d’água seqüenciais, de aproximadamente cinco metros cada uma (Figura 3.89A). No
entanto, visitações turísticas neste local devem ser extremamente restritas, uma vez que se
trata de uma área ambientalmente frágil devido a alta umidade e solo turfoso. Nas florestas
deste sítio foram detectadas diversas espécies de árvores em estágios tardios da sucessão
ecológica, incluindo exemplares de jequitibás, medindo mais de 100 cm de diâmetro e 20 m
de altura (CETEC 1993, Meyer et al. 2004; Figura 3.89B). Junto à Cachoeira Álvaro Antônio,
estes indivíduos de jequitibás centenários e a estrada que conduz a eles, formam um
conjunto de atrativos naturais de alta hierarquia no ponto de vista turístico.
A B
Figura 3.89. Cachoeira do Álvaro Antônio (A) e os centenários jequitibás da região do Barreiro (B) no
Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.
Os pontos críticos da divisa do sítio são, na parte leste, a BR 040, e, na parte sul, a
presença da Mina de Capão Xavier e o bairro Jardim Canadá. Na parte norte, o restaurante
“Rancho do Boi”.
A B
Figura 3.90. Fraturas na couraça ferrífera detrítica, formando grutas na região da APE Mutuca (A);
antena e o centro de monitoramento de cargas elétricas na Serra do Cachimbo (B) e; o Museu
Ecológico no manancial do Mutuca, Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.
156
O sítio Mutuca apresenta trânsito mais restrito de pessoas, devido à dificuldade de
acesso e fiscalização intensa por parte da COPASA. É o ponto mais bem preservado do
PESRM, mas este sítio pode sofrer impactos intensos pela presença da “Mina Capão
Xavier” da MBR devido a explosões diárias e constante tráfego de caminhões. Além disso,
no limite com a BR-040, o local é utilizado para atividades ilícitas e bota-fora de lixo. Apesar
da alta restrição à entrada de pessoas neste sítio, há relatos de cultos religiosos no
“Cruzeiro” e extração predatória de plantas ornamentais nos campos ferruginosos (Cláudia
Jacobi, comunicação pessoal).
O sítio limita-se, a leste, com uma área preservada de Cerrado (campo sujo) de
propriedade da empresa MBR e com o bairro Jardim Canadá; a sul, com o Condomínio
Retiro das Pedras; e a oeste, com a Extrativa Paraopeba.
Figura 3.91. Manancial Catarina com reservatório de água cristalina que foi apelidado de “Copo
d’Água” pelos ciclistas que freqüentam a região da APE Catarina no Parque Estadual da Serra do
Rola Moça, MG.
157
Reforçando o potencial do local, a COPASA vem utilizando essa área para educação
ambiental de seus funcionários. Como em todas as barragens da COPASA no interior do
PESRM, o local também oferece risco de invasão biológica às áreas adjacentes pela
presença de cultivo de pomares e plantas ornamentais exóticas.
Uma rede de trilhas que passa pela área da APA Catarina, juntamente com a
freqüente prática de ciclismo, sugere um bom potencial de exploração para tais atividades.
No entanto, os ciclistas provenientes de Belo Horizonte e dos condomínios de classe alta da
região, demonstram comportamento indevido ao banharem-se, com freqüência, nas águas
da barragem. Apesar de alguns pontos de descaso, a fiscalização realizada pela COPASA é
considerada satisfatória ao que se propõe.
A área caracterizada por Cerrado (campo sujo), preservada pela empresa MBR, que
contorna este sítio em sua porção leste, funciona efetivamente como uma zona de
amortecimento de grande valor para o PESRM em decorrência de sua constante
fiscalização, impossibilitando invasões por posseiros de terras. Outra atribuição positiva é a
manutenção de aceiros e a presença de uma brigada que evita a propagação de incêndios
florestais para o interior do PESRM.
Um dos principais campos ferruginosos do PESRM está localizado na parte sul deste
sítio. São vastos os estudos científicos acerca da flora e da fauna realizados neste local, que
apresenta um amplo campo para pesquisas sobre a biologia dos campos ferruginosos.
Este fragmento de 554,67ha faz limite em sua parte sul, com os condomínios: Vale
do Sol, Passárgada e Morro do Chapéu. Em seu limite oeste está à rodovia BR-040, cuja via
marginal abriga empreendimentos comerciais, principalmente depósitos de material de
construção, venda de material de demolição e um espaço de eventos. Na parte noroeste,
encontra-se a região de São Sebastião das Águas Claras e uma área que, recentemente,
obteve licença para implantação de um loteamento, aumentando o risco de ocupação das
matas ainda preservadas nesta região. Há a existência de cavas originadas pela Mineração
Rio Verde e MBR próximas a este sítio.
159
Figura 3.92. Barragem auxiliar da Estação Ecológica de Fechos (EEF) margeada por Diksonia sp.,
espécie da flora ameaçada de extinção.
160
A
B
Figura 3.93. Palestra oferecida para escolares no auditório do Parque Estadual da Serra do Rola
Moça (A); material de educação ambiental distribuído pela Polícia Militar do Meio Ambiente na
portaria do bairro Jardim Canadá (B) e; visita de funcionários da COPASA orientados por guia
capacitado para realizar esta atividade (C).
2. Lei Estadual que criou o Parque. Lei Federal que disciplina as Unidades de
Conservação. O que é Unidade de Conservação? De acordo com a turma é
abordado o que é lei e de onde elas vêm. Processo de abordagem interativa.
161
4. Os seis mananciais do Parque e sua localização. Importância para as comunidades
do entorno e região Metropolitana.
Contemplação e fotografia
Estas atividades são executadas com freqüência nos mirantes, podendo representar
umas das atividades atualmente mais praticadas no parque. Já foram registrados fotógrafos
profissionais, realizando trabalhos para revistas, fotógrafos amadores e até gravação de
vídeos-clipe de bandas de música.
A presença da estrada que liga o bairro Jardim Canadá a Casa Branca apresenta
um enorme fluxo de pessoas constituído, muitas vezes, apenas de curiosos e passantes. O
mirante Morro dos Veados é o que mais recebe este tipo de visita, seguido pelos mirantes
Planeta e Três Pedras. A principal causa de impactos desse tipo de visitação se deve à
ausência de controle e informação ao visitante, nas portarias do bairro Jardim Canadá ou de
Casa Branca. Além disso, o controle do acesso às áreas durante a noite é inexistente.
Cultos Religiosos
Mountain-bike e trekking
A trilha “Boi Preto 1”, vai do Retiro das Pedras a Casa Branca, com extensão de 18
km de trilha fechada, possui sinal de celular, mas não conta com local de
abastecimento de água ou para compra de alimentos no percurso, que gasta, em
média, 2h e 30 min. O Guia Mineiro de Mountain Bike (Rallo, 2000) a descreve como
uma trilha “clássica para motos e bikes, descidas radicais em caminho de pedras,
seguida de trilhas fechadas e técnicas em terreno bem acidentado. Para quem gosta
de emoção, é um prato cheio. As bikes sem suspensão passam aperto”.
A trilha “Casarão”, que vai do Jardim Canadá a Macacos, com extensão de 12,9 km
de trilha aberta de alta velocidade, possui sinal de celular, abastecimento de água e
local para compra de alimentos no percurso, que gasta, em média, 50 min. Sua
descrição pelo Guia se faz assim: “Excelente para quem gosta de descer rápido. No
início, um aquecimento na pista de treino dos treieiros (o percurso passa no meio) e,
depois, só morro abaixo até chegar ao Bar do Engenho. Cuidado com as motos e
jipes. Todo mundo acelera. A planilha termina no asfalto para São Sebastião das
águas Claras (Macacos)”.
A trilha “Ferteco” vai até Casa Branca, passando no Jardim Canadá, num percurso
de 46 km, percorridos em 4h e 30 min, em média, com possível abastecimento de
164
água, sinal de celular e local para compra de alimentos no caminho, descrita pelo
Guia como “um circuito longo, com declives e aclive bem acentuado. A paisagem é a
mais bela, o que compensa o desgaste. A trilha que chega à cachoeira não tem onde
ser melhor. Aproveite o banho de cachoeira e relaxe bem porque a volta castiga. Se
preferir, providencie um resgate em Casa Branca, enquanto você se alimenta”.
A trilha “Retiro das Pedras” passa por um percurso aberto, com trechos fechados,
num total de 22,7km, nas imediações do condomínio. Não apresenta local para
abastecimento de água, nem para compra de alimentos, mas há sinal de celular. O
Guia a descreve: “Existe uma infinidade de trilhas dentro deste roteiro que
“planilhamos”. O ideal é você ir explorando com o tempo. Todas são excelentes. O
lugar é maravilhoso e por ser alto, o clima é bem agradável para pedalar. Essa trilha
tem um Down Hill eletrizante. Cuidado com as motos. A galera gosta de acelerar”.
Práticas de esportes com corda, como rappel e escalada esportiva, cujos ativistas
são numerosos na região metropolitana de Belo Horizonte, são praticadas dentro do
PESRM, na área conhecida como “Serra das Andorinhas” por visitantes provenientes de
Casa Branca, principalmente. As diversas “vias” presentes nos paredões desta formação
rochosa quartzítica, que se localiza no parque, são amplamente conhecidas pelos
esportistas (ver Figura 3.86).
Foram relatados impactos diretos sobre avifauna rupícola que pode retardar sua
saída ou entrada das grutas, à noite, observada a presença de escaladores no paredão ou
nas bases de escaladas próximas (Ribeiro et al., 2003). Nos trechos próximos aos paredões
rochosos são comuns os “caminhos de escaladores”, caracterizados por múltiplas trilhas e
atalhos íngremes que conduzem às diversas bases de escalada. Nas bases das escaladas
pode haver forte compactação do solo, ou locais íngremes e de solo pouco consolidado (ou
platôs), que podem ceder por completo. O acúmulo de lixo orgânico pode modificar o
comportamento da fauna e atrair e/ou aumentar o número de possíveis predadores. Outra
ocorrência impactante são os gritos e algazarras de grandes grupos, que ocasionam o
espanto dos animais, desencadeando, por exemplo, a derrubada de ovos ao chão pelas
próprias aves quando assustadas.
Com relação à segurança, a falta de um documento que oriente a ação dos gestores
sobre o manejo de riscos deixa os responsáveis pela administração do parque inseguros,
levando a cautelas excessivas e à idéia da obrigatoriedade de guias. Cabe ressaltar que faz
parte da filosofia destes esportes a escolha livre e aleatória dos pontos a serem escalados,
assim como as exposições voluntárias ao risco, devendo-se, portanto, procurar meios de
harmonizar proteção e as demandas por liberdade (Ribeiro et al., 2003). Contudo, diversas
áreas pouco providas de vegetação, nesta formação rochosa, podem ser liberadas,
contando os riscos e danos já aceitos em outras formas de uso público.
Centro de Visitantes
O prédio conta com duas salas amplas com uma anti-sala, onde trabalham o gerente
geral, o gerente operacional, uma secretária e um assessor. Possui ainda uma copa, um
almoxarifado, uma sala ampla utilizada para reuniões, um auditório semicircular, em
patamares diferenciados para facilitar a visão, com as paredes compostas por pedras típicas
da região, com capacidade para 90 pessoas, acomodadas em cadeiras confortáveis, de
excelente acústica. Atualmente o centro de monitoramento e a sala de apoio à Polícia
Ambiental funcionam em duas outras salas com uma ampla anti-sala. Existem ainda no local
dois banheiros amplos, um bebedouro, um almoxarifado e uma sala ocupada pelo Centro
de Informação da Gerência de Comunicação e Educação Ambiental.
Equipamentos
A B
Figura 3.94. Portaria do bairro Jardim Canadá (A) e a portaria desativada da região de Ibirité (B) que
permitem o acesso ao Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG.
168
A comunicação interna efetuada com o visitante, por meio de encartes, folders e
painéis também apresentam problemas, pois a única publicação institucional do PESRM
contém um mapa fora de escala e incompleto. Existe também um pequeno texto institucional
que ressalta elementos da biodiversidade local, além de orientar quanto a restrições de
deposição de lixo, visitação e coleta de material.
Proteção e manejo
A regularização fundiária dos locais sob risco de invasões torna-se uma necessidade
imediata, principalmente no Vale do Jatobá e no Bairro Solar. Existe a necessidade de
regularização e integração de funcionários, cuja moradia é permanente no PESRM, como
ocorrida no bairro Independência e dois funcionários do IEF, no bairro Jatobá.
169
3.8.5. Resultados do diagnóstico do uso público
Realizou-se uma pesquisa sobre a atual demanda com relação ao Uso Público do
PESRM quando foram aplicados questionários a visitantes do Parque nas portarias dos
bairros Jardim Canadá e Barreiro. Foram realizadas 286 entrevistas, ocorridas durante a
semana e nos fins-de-semana. O período de coleta de dados através das entrevistas teve
duração total de 400 horas.
Quanto ao estado civil dos visitantes foi mais freqüente a entrada de pessoas
solteiras na portaria Barreiro durante a semana, diminuindo aos finais de semana. Na
portaria do Jardim Canadá foi mais freqüente a visitação de pessoas casadas, tendo um
pequeno aumento no fim de semana. Tal fato pode ser atribuído ao grande número de
casais em direção a residências de fim de semana no distrito de Casa Branca.
O público mais jovem foi constatado na portaria do Barreiro, nos dois períodos da
semana, com maior freqüência de pessoas da faixa etária de 22 a 30 anos, seguido da faixa
de 16 a 21 anos e, finalmente, de 31 a 50 anos. Este público jovem é composto,
principalmente, por praticantes de esportes (futebol, basquete e cooper) que visitam trilhas e
as quadras do Centro Integrado com maior freqüência durante a semana.
170
(durante o fim de semana). Tal resultado é corroborado pela renda mensal diagnosticada,
onde a maioria do público do Barreiro é de pessoas cujo salário não ultrapassa R$ 900,00
(novecentos reais), enquanto o público do Jardim Canadá ganha, com grande freqüência,
valores acima de R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
A visitação
Quanto à composição dos grupos de visitantes foi observado que durante a semana,
tanto no Barreiro quanto no Jardim Canadá, a maioria das pessoas entraram sozinhas nos
limites do parque. Em ambos os pontos, muitos visitantes são passantes que utilizam as
estradas para “cortar caminho” pelo parque. No Barreiro, um grande número dos visitantes
sozinhos, em sua maioria homens, visita as quadras e fazem cooper. A composição dos
grupos, ao analisar os dois locais amostrados, difere durante o fim de semana. No Jardim
Canadá, ocorre uma maior porcentagem de famílias, viajando para Casa Branca e Ibirité,
enquanto que, no Barreiro, há uma grande freqüência de esportistas no próprio parque ou
em Moeda e região do Retiro das Pedras.
Tabela 3.21. Principais impactos observados no interior do Parque Estadual da Serra do Rola Moça,
Minas Gerais, durante a elaboração do plano de manejo da unidade.
174
Figura 3.95. Identificação e localização dos atrativos do Parque Estadual da Serra do Rola Moça
(PESRM), Minas Gerais.
175
Figura 3.96. Impactos identificados no interior do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Minas
Gerais, durante a elaboração do plano de manejo da unidade.
176
3.8.5.4.1. Estradas internas ao PESRM
O PESRM é cortado por estradas que ligam Belo Horizonte a cidade de Ibirité e
Brumadinho (Casa Branca). Essas vias não apresentam fiscalização e têm sido utilizadas
como rota de fuga e trânsito de vândalos (Peixoto, 2004). Segundo o mesmo autor, a
existência de desvios e caminhos clandestinos nestas estradas dificulta ainda mais a
fiscalização e coibição de ações de tais atividades praticadas. Outros impactos também são
observados nas estradas internas do PESRM como, por exemplo, a alta velocidade dos
automóveis gerando riscos de acidentes e atropelamentos de visitantes, pesquisadores e da
fauna silvestre, deposição de lixo arremessado dos carros nas canaletas de drenagem e a
possibilidade de propagação de incêndios originados pelo arremesso de cigarros acesos.
Ao longo das estradas, principalmente aquelas que ligam às áreas urbanas próximas
ao PESRM, os incêndios podem se disseminar a distâncias de até 300m das suas margens.
Dessa forma, o risco de incêndios no parque é agravado pela existência de uma malha de
estradas associada à fiscalização deficiente de trânsito.
A estrada de asfalto que liga o Jardim Canadá a Casa Branca possui características
compatíveis com as requisitadas para uma “Estrada Parque”, segundo documento
elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica (2004). Neste documento, “uma Estrada
Parque é um museu permanente de percurso que atravessa unidades de conservação,
implantada com o objetivo de aliar a preservação ambiental ao desenvolvimento sustentável
da região, através do fomento ao ecoturismo e às atividades de educação ambiental, lazer e
cultura”. Essa estrada permite que o passeio se torne uma boa experiência em termos de
aproveitamento visual dos elementos naturais e históricos ao longo de seu percurso, sendo
necessário intervenções que promovam o turismo e o aperfeiçoamento do seu tráfego,
valorizando a beleza cênica em sua extensão.
177
3.8.6. Proposta para o uso público do PESRM
Sítio I - Mineração
178
Sítio II - APE Taboões
179
Sítio IV - Região do Barreiro (antigo Parque Jatobá)
180
Sítio V - APE Barreiro
181
2. O uso público na área de influência da unidade: O PESRM deve
estabelecer parceria com o restaurante “Companhia do Boi” a fim de
promover ações em conjunto, principalmente, nas questões relacionadas à
segurança e ao combate a incêndios.
182
Sítio VIII - Estação Ecológica de Fechos
183
Estrada Interna
Museu do Barragista
184
Museu do Mutuca
Realização: Recomenda-se que o controle seja feito por parceria entre a COPASA e
o IEF.
Loja de Souvenir
Realização: Recomenda-se que o controle seja feito por parceria entre a COPASA e
o IEF.
Biblioteca
A biblioteca deve ficar responsável, após prévia aprovação do Gerente Geral, pelo
estabelecimento de contrato com os pesquisadores que realizem pesquisas na área
do PESRM;
Por possuir uma malha de trilhas, múltiplas e paralelas, muitas vezes geradas pela
constante vigilância da COPASA, o parque vem sofrendo impacto acentuado em seu
território. Diante disso, o uso das trilhas deve ser precedido de um planejamento que
minimize os impactos ambientais de seu uso contínuo, que indique o seu percurso, que
contenha uma correta sinalização, que indique as trilhas abertas à visitação e aquelas
exclusivas à fiscalização e manejo do parque, entre outros. Este planejamento das trilhas
deve ser feito de forma integrada entre os responsáveis pela fiscalização, manejo, educação
ambiental, administração da unidade e representantes dos parceiros locais. Durante a
elaboração do Plano de Manejo foram mapeadas as trilhas potenciais do PESRM (Figura
3.97).
186
A pedido da administração do PESRM foi definida uma ferramenta para avaliar, de
forma preliminar, o custo e atratividade para cada roteiro proposto (Tabela 3.22), visando
integrar as demandas e o orçamento disponível para a unidade. Desta forma, a presente
avaliação tem como objetivo auxiliar na tomada de decisão da administração do parque
quanto à prioridade de investimentos nas trilhas e roteiros sugeridos pelo Plano de Manejo,
com base no custo de implementação e atratividade de cada modelo proposto. Tanto para
custos como para atratividade foi definida uma escala de valor variando de I (menor custo
de implementação ou baixo poder de atratividade) a III (maior custo de implementação ou
maior poder de atratividade).
Custo de Prioridade de
Trilha / Roteiro Atratividade
implementação investimento
Trilha Travessia II III 1
Roteiro 1 III III 2
Trilha Campo Ferruginoso II II 3
Roteiro 4 II II 3
Trilha Morro III I II 4
Roteiro 3 I II 4
Roteiro 7 I II 4
Roteiro 2 II I 5
Roteiro 5 II I 5
Roteiro 6 I I 6
Legenda:
Custo de implementação: (I) Baixo custo; (II) Custo médio; (III) Alto custo.
Atratividade: (I) Baixa atratividade; (II) Atratividade média; (III) Atratividade alta.
187
Figura 3.97. Mapeamento das trilhas potenciais do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Minas
Gerais, realizado durante a elaboração do plano de manejo da unidade.
188
3.8.6.4. Roteiros de visitação
Trilhas 1, 2 e 3
189
Trilha 3 - Travessia
Da mesma forma, o público-alvo deverá ser definido para cada roteiro, de modo a
atender melhor aos interesses de grupos específicos. Recomenda-se que os moradores do
entorno e visitantes em geral tenham o máximo de opções possíveis, de forma a
conhecerem as peculiaridades do parque.
Roteiros de 1 a 7
Capacidade de Carga: Estima-se uma capacidade de 100 pessoas por dia, sendo o
tamanho dos grupos determinados pelas limitações da transmissão de
conhecimentos pelos instrutores / monitores.
191
Roteiro 6 - Educação Ambiental, Patrimonial e Interpretação Ambiental na trilha do
Museu Ecológico (Figura 3.103)
192
Figura 3.98. Proposta para prática da escalada no quartzito, na Serra das Andorinhas, denominado
Roteiro 1.
193
Figura 3.99. Proposta de percurso para desenvolvimento da educação ambiental e patrimonial no
lixão e na Mineração Santa Paulina, denominada Roteiro 2.
194
Figura 3.100. Proposta de percurso para desenvolvimento da educação ambiental, patrimonial e
interpretação na Área de Proteção Especial (APE) Taboões, denominada Roteiro 3.
195
Figura 3.101. Proposta de percurso para desenvolvimento da educação ambiental, patrimonial e
interpretação no Cerrado stricto sensu e em Pitangueiras, denominada Roteiro 4.
196
Figura 3.102. Proposta de desenvolvimento da educação ambiental, patrimonial e interpretação na
antiga mineração próxima ao bairro Solar, denominada Roteiro 5.
197
Figura 3.103. Proposta de desenvolvimento da educação ambiental, patrimonial e interpretação
ambiental na trilha do Museu Ecológico, denominada Roteiro 6.
198
Figura 3.104. Proposta de desenvolvimento da educação ambiental, patrimonial e interpretação
ambiental na barragem Catarina, denominada Roteiro 7.
199
3.8.6.5. Capacidade suporte
Neste contexto serão expostos os valores das capacidades de carga física, real e
efetiva das trilhas em estudo, gerando, como resultado, um valor estimado do número de
visitantes/dia (Tabela 3.23). A Capacidade de Carga Física (CCF) admite que cada visitante
ocupe um espaço físico mínimo em um tempo determinado, o que define o limite máximo de
visitas realizáveis neste espaço-tempo. A seguir é possível calcular a Capacidade de Carga
Real (CCR) e, por último a Capacidade de Carga Efetiva (CCE), que advém da comparação
da CCR com a capacidade de manejo (CM) da administração da área protegida. A CCE
significa o limite máximo aceitável de visitas que se pode permitir em dado período de
tempo. A CM é definida como a soma de condições que a administração da área protegida
necessita para poder cumprir com suas funções e objetivos de manejo. Para essa CM são
relacionadas variáveis como recurso humano disponível, equipamentos e infra-estrutura.
FÓRMULAS: LEGENDA:
CCF = Capacidade de Carga Física;
CCF= [(S / s) x (T / t)] x v S = Distância da trilha ou área de atrativo;
s = Distância entre grupos;
FC = (nº escolhido / 100) x 100 T = Horário de utilização do Parque;
t = Tempo de percurso;
CCR= CCF x (100 – FC1 / 100) x (100 - FC2 / v = Número de pessoas por grupos na trilha;
100) x (100 - FCn / 100)
CCR = Capacidade de Carga Real;
FC = Fatores de Correção (o valor escolhido varia de
CM = (CI / CA) x 100
acordo com o fator);
CCE = CCR x (CM / 100) CCE = Capacidade de Carga Efetiva;
CM = Capacidade de Manejo;
CI = Capacidade Instalada (quantidade de pessoas,
equipamentos e infra-estrutura disponível);
CA = Capacidade Adequada (quantidade mínima de que
se necessita ter da capacidade instalada).
200
Tabela 3.23. Variáveis utilizadas para o cálculo da capacidade de carga para o uso das trilhas e
roteiros propostos durante a elaboração do plano de manejo do Parque estadual da Serra do Rola
Moça, Minas Gerais. Para maiores detalhes consultar o texto.
Trilhas e Composição
CCF FC CCR CM CCE
Roteiros T
V t S S
Roteiro 1 5 240 9 -- -- -- 87 23 20 4 5
Trilha 3 - Travessia
202
Roteiro 4 - Educação Ambiental, Patrimonial, Interpretação Ambiental e trilha no
Cerrado sensu strictu e Pitangueiras
203
Considerações sobre o cálculo da Capacidade de Carga
Os valores de CCE expostos são estimados com base no sistema atual de gestão e
na expectativa de melhorias de monitoramento da visitação a curto prazo. Os valores de
CCE podem, portanto, serem alterados com o tempo após a fase experimental do sistema
de visitação, devido ao incremento da capacidade de manejo, alterações ambientais ou
detecção de novos fatores de correção nas trilhas e roteiros.
Ressalta-se que, para todos os roteiros e trilhas são necessários projetos específicos
de acesso, sinalização e interpretação ambiental, não estando prontos para atender à
demanda da visitação, como mencionado anteriormente.
204
Público Alvo: Moradores do entorno.
205
3.8.6.7. Manual de conduta para funcionários e visitantes
4. Remover o lixo: O lixo produzido dentro dos limites do PESRM deve ser
carregado por seu produtor, pois tudo que entra deve sair. O mínimo de impacto ao
meio representa o máximo de proteção ao parque.
7. Manter o impacto nas trilhas dentro dos limites aceitáveis: Ao passar por uma
trilha preocupe-se em mantê-la num bom estado para que o próximo visitante tenha
uma experiência rica e segura como a sua. Na maior parte do tempo não há pessoas
nas trilhas, devendo ser gerado o menor ruído possível, propiciando a aproximação
dos animais e aumentando a chance de vê-los. Andar em fila indiana sempre que a
trilha for estreita, minimizando, assim, o impacto do pisoteio. Manter-se junto ao
grupo, sem sair da trilha, evitando situações de risco e impacto desnecessário ao
meio;
206
9. Tratar todas as manifestações culturais com respeito: As manifestações
culturais precisam ser respeitadas por fazerem parte da identidade de um povo,
sendo sua preservação e valorização essenciais à manutenção da diversidade
cultural.
10. Não alimentar os animais: Os animais que vivem livres no meio devem
acostumar-se a buscar seu próprio alimento. Caso o alimento seja encontrado
facilmente, estes tendem a perder o instinto de caça, um dos princípios básicos para
sua sobrevivência.
Ambas as unidades estão situadas em uma área de tensão ecológica entre a Mata
Atlântica e o Cerrado, representando áreas importantes para a conservação de espécies da
fauna e flora, além de ecossistemas importantes e únicos na região. De acordo com o
(MMA, 2002) o PESRM foi declarado como uma área de importância biológica extrema e foi
recomendado, como uma das ações prioritárias, a elaboração de planos de manejo e
estudos mais detalhados nos ecossistemas de campos ferruginosos. Além disso, o Atlas de
Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade no Estado de Minas Gerais
(Drummond et al., 2005) novamente apontou essa região como sendo de importância
especial pela presença de ambientes únicos no Estado - os campos ferruginosos -
ressaltando assim, a importância dessa unidade de conservação.
Quanto à fauna de anfíbios anuros, o PESRM e a EEF detém uma alta riqueza de
espécies (34), apesar de que nenhuma espécie endêmica ou ameaçada de extinção foi
registrada. No entanto vale destacar a presença de espécies indicadoras de boa qualidade
ambiental, como Hyalinobatrachium eurygnathum e Phasmahyla jandaia. Esta última já foi
incluída na lista de espécies ameaçadas do estado de Minas Gerais (Costa et al. 1998), mas
tem sido registrada em novas localidades, inclusive na área do Parque Estadual da Serra do
Rola Moça. E em relação aos insetos, mais especificamente abelhas, as unidades abrigam
uma alta riqueza de espécies, 134 espécies sendo apenas uma nacionalmente ameaçada
de extinção, Xylocopa (Diaxylocopa) truxali.
Parte da água que escoa pelos rios resulta diretamente da ação das chuvas, por
efeito do escoamento sobre os solos, criando pequenas correntes de água que vão se
juntando para formar os córregos e os rios. Outra parte resulta apenas indiretamente da
ação das chuvas. Trata-se da água da chuva que infiltra no solo e vai percolando, em
movimento vertical pelo meio poroso, até atingir o aqüífero subterrâneo. Dentro desse
contexto, é importante observar a necessidade de estabelecer restrições a certas atividades,
que eventualmente causariam impactos ambientais nas áreas de recarga, como a
descaracterização da cobertura vegetal, o despejo de dejetos domésticos e industriais, além
dos resíduos da mineração.
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