ENTREVISTA Alexandre Silveira, ALÉM DO DÉFICIT PARQUES PRIVADOS

ministro de Minas e Energia: “O Brasil Lula terá de abrir mão de gastos A fórmula da Urbia para obter
terá de liderar a transição energética sociais para avançar com agenda lucro na gestão de áreas verdes
sem abrir mão do petróleo” econômica no Congresso como o Ibirapuera, em São Paulo

“Depois da
reestruturação,
começamos
uma jornada de
crescimento”
EDSON HIGO
CEO da
Danone Brasil

O alimento
da DANONE
para crescer
Com faturamento global na casa de 27 bilhões
de euros, companhia francesa coloca o Brasil
no centro de sua reorganização. O foco está
em grandes marcas, fórmulas mais saudáveis
e meta de crescer dois dígitos ao ano até 2025
Publi_Maranata_Trombetas_Istoe e Dinh.indd 2-3 10/17/23 4:48 PM
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Dinheirodaredação 08 de Novembro de 2023. Edição 1.349
META PARA INGLÊS VER
Foi um fuzuê dos grandes. Lula desacreditou a meta do déficit
zero em 2024 e a banca financeira, em especial, não perdoou.
Caiu matando. Sabiam todos, de antemão, que ela não seria
cumprida. Estava ali mais como um alvo (aquele tipo de conquis-
ta louvável, tipo desejo dourado, tal qual a compra da primeira
casa própria) para enquadrar e estimular todos os agentes rumo à
disciplina fiscal. Não passava, sejamos francos, de uma espécie de
ordem do dia para, quem sabe muito lá na frente, fosse consa-
grada como realidade. Dito isso, soa incompreensível — para não
dizer, demasiadamente oportunista — a reação pública dos que
reclamaram ferozmente do aviso do presidente, ensaiando um ar
de surpresa com o que ele disse. Não é de hoje, um vasto elenco
do mundo financista e de homens da produção torcem o nariz a
qualquer mérito eventual da gestão do demiurgo Lula (até mes-
mo o recorde histórico de queda na taxa de desemprego, divulga-
da na mesma semana, passou em branco, porque resultado bom
é para desconsiderar) e não poupam esforços para espinafrar
potenciais erros de cálculo. Foi assim de novo. A tropa da chama-
da Faria Lima reclamou das incertezas no ar, falou de irresponsa-
bilidade, da falta de compromisso, fez o diabo. E olha que o ajuste
previsto no cálculo do orçamento pode variar milimétricos 0,25%
a 0,5%. Diria o bardo inglês Willian Shakespeare: “é muito baru-
lho por nada”. Não pela conta em dinheiro e sim pela esperteza
embutida nos tais donos do capital que sabiam impossível zerar
o déficit em tão pouco tempo — menos de um ano após a farra de
gastos imorais do antecessor Bolsonaro com o seu famigerado
“orçamento secreto” de distribuição de emendas bilionárias aos
parlamentares para tentar se reeleger. Valeu o teatro. Tinham
04 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: AGÊNCIA O GLOBO | ROGERIO CASSIMIRO | CLAUDIO GATTI | SERGIO DUTTI | DIVULGAÇÃO
o argumento, o roteiro e tentaram encenar a tragicomédia. No
script, para apimentar a peça, até um suposto desentendimento
inconciliável entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e
o chefe. Algo que na verdade não aconteceu e o próprio Haddad
tratou logo de desmentir. “O Lula está compromissado com nos-
sos esforços para reduzir o déficit”, disse. O titular da pasta evitou
apontar novas metas para evitar, justamente, que as especulações
e críticas adicionais poluíssem o debate. Informou que pode an-
tecipar para este ano medidas que estavam previstas para entrar
em vigor apenas em 2024, mas não detalhou quais seriam elas.
Entendeu e colocou em prática o princípio de que trabalhar em
silêncio gera melhores resultados. Em 2023, o rombo pode girar
na casa dos R$ 93 bilhões. O relator da Lei de Diretrizes Orça-
mentárias (LDO), deputado Danilo Forte, demonstrou disposição
em revisar a meta, que de mais a mais foi inicialmente desenha-
da para inglês ver. Seria impossível cumpri-la no exíguo prazo
estabelecido de pouco mais de um ano da troca de governo. O que
é importante se ter em mente: há sim um esforço em andamento
pela disciplina. O mandatário tem se reunido com os congressis-
tas para conter o apetite da turma — que parece insaciável — e em
busca de caminhos para mais arrecadação. Falta ainda um maior
esforço por cortes e a pretendida Reforma Administrativa viria
em boa hora nesse sentido. De resto, foi apenas muita espuma.
Carlos José Marques
Diretor editorial
Índice
CAPA
CEO da Danone no Brasil,
Edson Higo diz que reestru-
turação trouxe a fase de
crescimento. Receita global
da companhia francesa é
de 27 bilhões de euros e foco
está em grandes marcas
e fórmulas mais saudáveis
pág. 28

ENTREVISTA SEMANA
Desocupação cai para 7,7% no trimestre,
Para o ministro
o menor índice desde 2015
de Minas e Energia,
Alexandre Silveira, pág. 06
Brasil precisa
liderar a transição
energética sem MOEDA FORTE
abrir mão do Anjos do Brasil: mais de R$ 360 milhões
petróleo investidos em startups nos últimos três anos
pág. 12 pág. 08

SUSTENTABILIDADE
NEGÓCIOS Pesquisa Sodexo On-Site mapeia saúde
Eduardo Fischer, mental no trabalho
CEO da MRV&Co,
detalha os planos pág. 16
de smart city no
bairro paulistano
de Pirituba, com DINHEIRO EM BITS
investimentos de Brasileiros estão entre os que mais tempo
R$ 2 bilhões passam on-line e em redes sociais
pág. 34 pág. 50

COBIÇA
TECNOLOGIA Ainda há tempo para reservar seu réveillon
num hotel cinco estrelas
Criada em 2015
por Ricardo Amper, pág. 54
Incode tem valuation
de US$ 1,25 bilhão
e atua com
autenticação ARTIGO
de identidade Educação, um quadro disfuncional,
baseada em IA por Edson Rossi

pág. 52 pág. 66

CAPA Foto: Rogerio Cassimiro

Dinheiro 08/11/2023 05
Dinheironasemana POR EDSON ROSSI

BRASIL-IL-IL
DÉFICIT ZERO: CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA
Na sexta-feira (27), Lula fez aniversário: 78 anos.
Mas o presente foi de grego e caiu no colo do ministro da
Fazenda, Fernando Haddad. Tudo porque nosso soberano
afirmou que a meta fiscal não precisa ter meta. “O que a
gente puder fazer para cumprir, a gente vai cumprir. O que
eu posso dizer é que ela não precisa ser zero. Eu não vou
estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar
o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritá-
rias neste País.” O presidente se engana. E três vezes:
1) o que ele denomina obras prioritárias quase nunca são
obras prioritárias (normalmente são as emendas secretas
que não mais se chamam secretas); 2) dinamitar a meta
fiscal significa tumultuar o complexo jogo de queda de
juros; 3) a tal da previsibilidade como princípio econômi-
co, termo usado por ele em campanha, foi mais uma vez
jogada no lixo. Para o presidente, um déficit correspon-
dente a 0,5% do PIB não seria nada. Haddad ficou com a
saia justa e a ingrata missão de defender sozinho a respon-
sabilidade fiscal num partido que odeia responsabilidade
fiscal. Claro que o novo número mágico já entrou no Excel
da Fazenda. Zerar o déficit no ano que vem foi uma pre-
missa de Haddad em toda a discussão do Arcabouço Fiscal.

DESEMPREGO CAI População ocupada

(EM MILHÕES DE PESSOAS)
99,8
Na terça-feira (31),
o IBGE divulgou a taxa de População fora da força de trabalho 66,8
desocupação no terceiro
trimestre. Ela ficou em
População desocupada 8,3
7,7%, o menor patamar População desalentada 3,5
percentual desde o
trimestre encerrado em
fevereiro de 2015 (7,5%).

39,0
Com isso, o número de
desocupados caiu para 8,3 34,7 13,3 12,2
milhões de pessoas. A
população ocupada 25,5 5,8 4,2
(99,8 milhões) é
recorde desde o Trabalhador Com carteira Por conta Sem carteria Servidor Trabalhadores Empregadores
início da série informal de trabalho própria de trabalho público domésticos
histórica, (privado) (privado)
em 2012. O
rendimento
médio real (% NO TERCEIRO TRIMESTRE)
chegou a
R$ 2.982.
9,0 11,9 12,5 12,0 11,9 14,9 12,6 7,7
7,1 7,0 6,9 8,7
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

06 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ AGÊNCIA BRASIL I CLAUDIO BELLI/VALOR/FOLHAPRESS

 FUNDADOR: DOMINGO ALZUGARAY
(1932 - 2017)

-57%
EDITORA
BRASIL-IL-IL CATIA ALZUGARAY

Meta fiscal vai PRESIDENTE-EXECUTIVO

pro Congresso
CACO ALZUGARAY

Com a fala de Lula (ver nota ao lado,

Déficit zero: crônica de uma morte
anunciada), a bola vai para o
Congresso. E aí é que o bicho pode
virar monstro. O presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco, já se
manifestou logo na segunda-feira
(30). “Devemos seguir a orientação
e as diretrizes do ministro da
Fazenda, a quem está confiada a
importante missão de estabelecer a
política econômica do Brasil, e ir na
contramão disso colocaria o País
em rota perigosa”, disse. “O
DIRETOR EDITORIAL
Na segunda-feira (30), funcionários da CARLOS JOSÉ MARQUES
X (ex-Twitter) receberam participação
acionária na empresa a partir de uma
DIRETOR DE NÚCLEO
avaliação de valuation de US$ 19 bilhões,
de acordo com documentos da
CELSO MASSON
companhia revelados pelo The Verge. Esse
preço representa menos 57% em relação
TEXTO
REDATOR-CHEFE: Edson Rossi
ao preço de compra original pago há um EDITORES: Hugo Cilo, Paula Cristina e Sérgio Vieira
ano por Elon Musk. Nos documentos EDITOR-ASSISTENTE: Beto Silva
vazados, consta que “o valor justo de REPORTAGEM: Angelo Verotti, Jaqueline Mendes e Victoria Ribeiro

Parlamento tem essa compreensão
e buscará contribuir com as aprova-
ções necessárias, perseguindo o
cumprimento da meta estabeleci-
da.” As declarações até parecem
republicanas, mas escondem o que
não foi dito: Pacheco não menciona
o objetivo de zerar o déficit fiscal
em 2024. O Senado pretende votar
o texto da Reforma Tributária
até a quinta-feira (9).
mercado por ação é determinado pelo
Conselho de Administração com base em
uma série de fatores de maneira que
esteja em conformidade com as regras
fiscais aplicáveis”. O problema é que Musk
ainda não criou um conselho formal. A
transação de compra do Twitter (hoje X)
pelo bilionário empresário começou em
abril do ano passado e foi concluída seis
meses depois, em 27 de outubro, pelo
valor de US$ 44 bilhões.
ARTE
DIRETOR DE ARTE: Jefferson Barbato
DESIGNERS: Christiane Pinho e Iara Spina
ILUSTRAÇÃO: Fabio X
PROJETO GRÁFICO: Ricardo van Steen (colaborou Bruno Pugens)
ISTOÉ DINHEIRO ON-LINE
EDITOR EXECUTIVO: Airton Seligman
WEB DESIGNER: Alinne Nascimento Souza
APOIO ADMINISTRATIVO
Gerente: Maria Amé­lia Scarcello
Assistente: Cláudio Monteiro

MERCADO LEITOR E LOGÍSTICA

FUTEBOL
Copa de 2034 está nas mãos da Arábia Saudita
Com o recuo da Austrália de se candidatar para sediar o mundial de seleções mas-
culinas de futebol em 2034, a Copa do Mundo deverá ser jogada na Arábia Saudita.
A federação australiana comunicou oficialmente sua desistência na terça-feira (31).
Ter o país árabe à frente do torneio trará inevitáveis protestos. Num tom acima do
que já aconteceu no Catar. A Arábia Saudita é criticada por violações dos direitos
humanos, abusos dos direitos das mulheres e criminalização da homossexualidade.
A Anistia Internacional afirmou ainda que, em 2022, houve no país o maior número
de execuções em 30 anos, com 196 pessoas mortas. A próxima Copa do Mundo
(2026) acontecerá no Canadá, nos Estados Unidos e no México. A de 2030 será
ainda mais intrigante: haverá jogos iniciais por Argentina, Paraguai e Uruguai,
depois o torneio acontecerá por Espanha, Portugal e Marrocos.
EUROPA
Inflação cai,
e economia também O Arcabouço Fiscal
Aumentar juro ainda é uma cartilha sem bateu um recorde:
Diretor: Edgardo A. Zabala
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Gianoni Comércio & Representações Ltda • Tel./fax: (51) 3388-7712/
99309-1626
Dinheiro (ISSN 1414-7645) é uma publicação semanal da Três Editorial Ltda.
Redação e administração: Rua William Speers, no 1.088, São Paulo-SP,

erros para derrubar índices de preços. A CEP: 05067-900. Tel.: 11 3618 4200 •

inflação na zona do euro caiu em outubro está desfeito antes de Dinheiro não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.
Comercialização e Distribuição: Três Comércio de Publicações Ltda.
para 2,9%, o menor nível em dois anos, de começar a operar. [Com isso], Rua William Speers, 1212 – São Paulo-SP.

acordo com dados preliminares divulga- vamos trabalhar com inflação

dos pela Eurostat na terça-feira (31). No
mês anterior ela estava em 4,3%. O PIB da
região contraiu 0,1% no terceiro trimes-
tre. A previsão é de que a economia cresça
apenas 0,7% este ano — mais 1% em 2024
e 1,5% em 2025.
Impressão e acabamento: D'ARTHY Editora e Gráfica Ltda.
Rua Osasco, 1086 - Guaturinho, CEP 07750-000 Cajamar - SP
mais alta, juros mais altos e
crescimento mais baixo”
ALEXANDRE SCHWARTSMAN
economista e ex-diretor do BC

Dinheiro 08/11/2023 07
Moedaforte POR HUGO CILO

MAIS DE R$ 360 M
Relatório inédito da SlingHub,
companhia que analisa aportes
recebidos pelas startups na
América Latina, aponta que as
empresas investidas pelos
membros da Anjos do Brasil,
organização sem fins lucrativos
que fomenta o investimento-
anjo para a promoção do
empreendedorismo de
inovação, já captaram mais
de R$ 360 milhões nos últimos
três anos. Isso está em sintonia
com a recomendação da
Organização para Cooperação

CORRETORES FAZEM
TRADEMASTER ACELERA BEM À SAÚDE
Fintech que turbina as vendas nas cadeias de distribuição do varejo, a Levantamento realizado pela Bradesco
Trademaster acaba de ultrapassar duas importantes marcas: R$ 25 Seguros revelou que 44% de pessoas que
bilhões transacionados em sua plataforma e mais de 270 mil operações por
“EX ELIQUUN TORENT OMNIANTEM QUOS SITIAM
mês. Com os bancos Sofisa e BV entre os sócios, a empresa desenvolve
possuem um plano de saúde contrataram
seus seguros com o apoio de corretores.
DOLORIS DOLORUP TAEREM. NAM VOLUM, SEQUIAT”
soluções financeiras para que pequenos e médios varejistas possam inves-
tir em seus estoques e ter melhor fluxo de caixa. "Mesmo em um cenário
Além deles, 14% informaram ter adquirido
através de site pela internet, 7% com seus
bastante desafiador, conseguimos crescer 15% em volume transacionado gerentes de banco e 5% através de
no primeiro semestre”, disse Francisco Pereira, CEO da Trademaster. “Isso aplicativo para smartphone. Para
reforça a eficiência do nosso modelo proprietário de negócio para as gran- Flávio Bitter, diretor-gerente da Bradesco
des indústrias.” Hoje a empresa possui mais de 1 milhão de varejistas Saúde, o índice revela a importância do
cadastrados e 130 indústrias e distribuidores conveniados. papel do corretor para o negócio de seguros,
especialmente no setor de saúde, que tem
sido cada vez mais valorizado como um bem
essencial para os brasileiros. “A pesquisa
ELDORADO CATARINENSE reforça a importância dos corretores na
Maior projeto imobiliário do País, agilidade e excelência no relacionamento
o Vivapark Porto Belo, em Santa com o beneficiário”, disse Bitter.
Catarina, acaba de superar 160%
de valorização desde o lançamento,
no ano passado, O bairro-parque
idealizado por Jaime Lerner (1937-2021)
vai entrar em sua segunda fase de
venda, destinada apenas a casas, com
R$ 1,2 bilhão de Valor Geral de Vendas
(VGV), segundo Roderjan Volaco,
presidente da Vokkan, empresa
responsável pela execução e venda
do empreendimento.

08 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: BRUNO COVELO | DIVULGAÇÃO

0 MILHÕES PARA AS STARTUPS
e Desenvolvimento Econômico Brasil tem capacidade de
(OCDE), que apoia o chegar a R$ 10 bilhões anuais
investimento-anjo para acelerar dentro de uma década. “Feito
o crescimento e a taxa de por empresários, executivos
sucesso das startups. O e profissionais liberais
relatório considerou dados de com recursos próprios, o
rodadas de 81 companhias que investimento-anjo tem um
receberam investimentos por papel fundamental em apoiar
meio da rede da ONG. Os as startups inovadoras”, disse
dados apontam que 46% Spina. “Mas, por enquanto,
correspondem ao modelo B2B o investimento nelas ainda CANNABIS QUE
e 22% ao B2C. Segundo o
fundador e presidente da Anjos
carece de maior estímulo
para chegar aos patamares
AJUDA NO HUMOR
do Brasil, Cassio Spina, o necessários pelo tamanho Startup brasileira especializada em cannabis
investimento em startups no do Brasil.” medicinal, a Humora quer promover os
benefícios do consumo em microdosagens
de produtos com canabidiol (CBD).
A substância da maconha pode ser
utilizada para TPM, imunidade, líbido, sono,
esgotamento e reparação física prescritos
O PROBLEMA NÃO É MATAR UM LEÃO POR por profissionais médicos e com autorização
DIA, É DESVIAR DAS ANTAS. TEM QUE ESTAR para importação pela Anvisa, segundo a
CEO Ana Júlia Kiss. A empresa, segundo
MUITO ATENTO O TEMPO INTEIRO, PORQUE ela, tem a missão de desmistificar o uso do
OS PROBLEMAS ESTÃO SEMPRE PRESENTES” CBD ao colocar a saúde e o diálogo direto
com os clientes no centro das operações.
ALOIZIO MERCADANTE, PRESIDENTE DO BNDES “Buscamos trazer de volta a reintrodução
dos canabinóides em nossas vidas”, disse.

EMPRESAS ESTABILIZAM, NO SUFOCO

O INDICADOR DE
INADIMPLÊNCIA
DAS EMPRESAS DA Quantidade de empresas inadimplentes
SERASA EXPERIAN, (em milhões)

6,55 6,59 6,59

6,27 6,33 6,39 6,44 6,42 6,46 6,49 6,51 6,48 6,52
DIVULGADO EM
PRIMEIRA MÃO
PARA A DINHEIRO,
MOSTRA QUE A
INADIMPLÊNCIA
PAROU DE SUBIR, Set/22 Out/22 Nov/22 Dez/22 Jan/23 Fev/23 Mar/23 Abr/23 Mai/23 Jun/23 Jul/23 Ago/23 Set/23
MAS SEGUE EM UM
PATAMAR MUITO
ALTO. VEJA AO LADO A 6,59 milhões R$ 122,2 BILHÕES R$ 2.596,30
de companhias estavam com o é a dívida somada das é o tíquete médio de
EVOLUÇÃO DO ÍNDICE: CNPJ no vermelho em setembro empresas cada conta atrasada
Fonte: Serasa Experian

Dinheiro 08/11/2023 09
 Chegou
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ENTREVISTA | Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia

“O Brasil tem
que liderar
a transição
energética sem
abrir mão do
petróleo”
Ministro afirma que
um dos objetivos
é fazer do país
autossuficiente em
fabricação de fertilizantes,
algo essencial para
garantir segurança à
produção agrícola

Hugo CILO

12 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: SERGIO DUTTI

Desde janeiro, quando assumiu o minis-
tério de Minas e Energia do governo Lula
3, o mineiro Alexandre Silveira tem en-
frentado desafios monumentais em sua
pasta — desde o apagão nacional em 15
de agosto até a maior seca em décadas na
região Norte. Mesmo assim, Silveira se
diz satisfeito e otimista com os rumos do
setor energético brasileiro, que vem re-
cuperando, segundo ele, o protagonismo
global em sustentabilidade e descarbo-
nização. Em entrevista à DINHEIRO, o
ministro afirma que os investimentos
públicos e privados vão consolidar o Bra-
sil na vanguarda da energia verde, geran-
do empregos e riqueza em todas as partes
do País. Confira, a seguir, sua entrevista:
DINHEIRO — Qual o balanço desses dez
primeiros meses do governo no setor
energético?
ALEXANDRE SILVEIRA — Esses meses fo-
ram realmente uma prova de fogo. Estou
muito satisfeito com os resultados. Eu não
esperava que no setor elé-
trico, o setor de petróleo e
gás, o setor mineral por
causa dos minerais críticos
de terras raras e a transição
energética fossem se tornar
temas tão robustos. Tudo
isso tem sido debatido em
especial internacionalmente. E o Brasil,
pelas suas particularidades e potenciali-
dades, tem se tornado o grande foco e,
consequentemente, o grande protagonis-
ta dessas pautas no mundo.
Mas não é novidade que o Brasil é referên-
cia em energia limpa...
Sim, sim. Mas por já ser reconhecido, isso
tem ajudado a atrair investimentos. Temos
nossa matriz elétrica 88% limpa e renovável.
No mundo, é 15%. E ainda temos muito
potencial para crescer em renováveis, prin-
cipalmente em eólica e solar.
O potencial é imenso, mas falta investi-
mento em infraestrutura, não?
Sempre há espaço para mais investimentos.
As políticas públicas de estruturação de
transmissão deixaram de ser feitas há mui-
tos anos, e nós voltamos a fazer de forma
muito vigorosa agora. Por isso estamos Sim. Mesmo tendo perdido 100% da geração
contratando um volume enorme de linhas de Santa Antônio, que deixou de gerar por
de transmissão. Foram R$ 16 bilhões só na falta de água, já que não é uma usina com
primeira metade do ano. Já assinamos os reservatório, é uma usina que nós chamamos
contratos, demos ordem de serviço. Vamos de fio d'água, não tivemos nenhum proble-
começar as obras em Minas Gerais e na ma energético. Antes mesmo do problema,
Bahia. E vamos contratar mais R$ 40 bi- tomamos precauções importantes. Deter-
lhões. Haverá leilão de linhas de transmis- minamos que todos os 169 sistemas de ge-
são em dezembro e março. Somando tudo, ração isolados da região Norte, onde não
serão R$ 56 bilhões de linhas de transmis- tem densidade demográfica que permite
são para poder permitir destravar investi- viabilizar a linha de transmissão e que ope-
mentos de mais de R$ 200 bilhões em ram com térmicas a óleo, fossem abastecidos
eólica e solar no Nordeste brasileiro nos no seu limite. Isso contribuiu muito para a
próximos anos, trazendo essa energia para manutenção da segurança energética do
centro de carga, que é o Sudeste. A expan- Norte. Custou R$ 12 bilhões, mas preservou
são da estrutura energética vai ajudar no a segurança energética da região.
processo de reindustrialização do País.
Queimar óleo diesel para gerar energia não
Ter energia limpa e mais barata vai ser contraria a estratégia de reduzir o impac-
suficiente para atrair empresas de fora? to ambiental?
Com certeza. Entra nesse pacote o hidro- É uma questão temporária. Por isso é que
gênio verde, tanto para reindustrializar oqueremos começar a hibridizar essas usinas
Brasil, quanto para exportar sustentabili-a óleo. Vamos começar por onde é tecnica-
dade. Já que dessa forma, literalmente, nós
mente viável. Podemos hibridizar as usinas
térmicas com energia solar.
Estamos fazendo estudos.
Estamos contratando um volume Queremos concluir esses
enorme de linhas de transmissão. Serão estudos no primeiro semes-
R$$ 56 bilhões em 2023 para destravar tre do ano que vem e come-
çar obras já no ano que vem.
investimentos de R$ 200 bilhões” Vai custar cerca de R$ 3
bilhões e já temos o recurso
armazenaremos energia. Vamos poder es- com fundo da Eletrobras, que será pago
tocar vento e estocar sol. Porque teremos nos próximos anos. E temos linha de finan-
como armazenar energia gerada pelo vento. ciamento do BNDES para isso.
O sistema elétrico brasileiro está em risco A privatização da Eletrobras não prejudica
com a estiagem na região Norte? o plano do governo de investir em locais que
Estive, pessoalmente, numa missão lidera- não são rentáveis, mas têm um viés social?
da pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, Não tem correlação, já que a geração de-
por determinação do presidente Lula, e fi- pende só do governo. Sobre a privatização
quei muito impactado de ver rios extrema- da Eletrobras, todos conhecem a minha
mente caudalosos, hoje secos. Mas não há posição pública. Um setor estratégico,
riscos iminentes à nossa segurança energé- como é o setor elétrico, deveria ter o go-
tica porque temos alternativas de geração. verno com participação majoritária. En-
Em caso de necessidade, temos térmicas a tendo que a Eletrobras deveria ter conti-
óleo, térmicas a gás, algumas a biodiesel e, nuado no Estado ou que fosse uma
portanto, temos um planejamento muito empresa onde o governo fosse controlador.
seguro. Além disso, os reservatórios do Su- O modelo ideal, na minha modesta opinião,
deste ainda estão em níveis muito positivos. é o modelo da Petrobras, de economia
mista, de capital aberto dentro e fora do
Mesmo com o desligamento de hidrelétricas Brasil, mas com o governo brasileiro como
no Norte, como a usina de Santo Antônio? controlador.
Dinheiro 08/11/2023 13
ENTREVISTA | Alexandre Silveira
De forma concreta, o Brasil tem atraído que
tipo de investimento na área energética?
Investir em energia não é só em eletricida-
de. Estamos criando condições para que o
capital, tanto nacional quanto externo,
invista em geração de energia, para que nós
tenhamos cada vez mais superávit de pro-
dução de energia limpa e renovável, mos-
trando que nós vamos poder reindustria-
lizar o Brasil, assim como fazer o Brasil
autossustentável na produção de fertili-
zantes. Hoje nós somos muito dependentes.
É importante a gente lembrar algumas
coisas fundamentais. O Brasil é reconhe-
cido no mundo como o celeiro que alimen-
ta a humanidade. Então,
temos que nos tornar au-
tossustentáveis nos fertili-
zantes, e o hidrogênio verde
será fundamental, porque
é dele que nós vamos pro-
duzir amônia, que vai pro-
duzir ureia, consequente-
mente os nitrogenados. Com isso,
acreditamos muito na exportação de sus-
tentabilidade pelas nossas potencialidades.
As crises energética e ambiental como a
que o mundo enfrenta vão, cada vez mais,
valorizar nossos produtos verdes.
O etanol também continua como estraté-
gico para o governo?
Sem dúvida. Um exemplo disso é o etanol
de segunda geração. Hoje já estamos na
oitava usina de etanol de segunda geração,
e o mundo, os países industrializados, já
pagam pelo etanol de segunda geração,
que é um etanol produzido de forma mais
descarbonizada. Se o Brasil souber apro-
veitar essa oportunidade, vamos poder
vender diversos outros produtos da cadeia
produtiva e da indústria com valor agre-
gado, já que nós todos reconhecemos a
necessidade que o mundo tem de descar-
bonizar. Uma grande frente é a descarbo-
nização através dos biocombustíveis. O
Brasil, por ter 11 % da água doce do plane-
ta, por ter terra fértil, por ter mão de obra
qualificada, por ter uma terra que investiu
muito em tecnologia nas últimas décadas,
é quem lidera essa transição.
14 Dinheiro 08/11/2023
Mas a migração dos combustíveis fósseis cumprimento da legislação ambiental.
para os elétricos no Brasil está defasada em Mas isso não tem, absolutamente, nenhu-
comparação a outros países... ma correlação com o atravancamento do
No setor de transporte, não vamos direta- desenvolvimento nacional. O grande de-
mente para a eletrificação, como a China safio do Brasil é buscar um equilíbrio en-
quer. Antes, vamos ter uma matriz híbrida. tre desenvolvimento econômico, com
Isso porque a grande força do Brasil é a sua frutos sociais, resultados efetivos para a
diversidade, é a sua pluralidade energética. vida das pessoas, e sustentabilidade. É
Antes de vermos carros 100% elétricos, possível fazer isso na exploração de pe-
teremos muitos veículos híbridos flex. A tróleo, de forma correta. Ou seja, cumprir
concorrência entre as diversas fontes de toda a legislação vigente e todas as condi-
energia é nosso grande diferencial compe- cionantes para a segurança de exploração.
titivo. Quem ganha é o consumidor.
Mas explorar petróleo na Amazônia não é
Faz sentido esse discurso de descarboni- arriscado para o meio ambiente?
Por isso é que defendemos
que o Ibama avance nos li-
O grande desafio do Brasil é buscar cenciamentos, colocando as
um equilíbrio entre desenvolvimento condições necessárias para
econômico, com frutos sociais, que preservemos todo o bio-
e sustentabilidade” ma e toda a condição am-
biental daquela região. Mas
é um erro chamar aquela
zação do governo, enquanto a Petrobras região de Foz do Amazonas. Não é foz ne-
busca novas reservas de petróleo, inclu- nhuma. Está a 500 quilômetros da verda-
sive na Foz do Amazonas? deira Foz do Amazonas. Ou seja, está em
Faz todo o sentido. A transição energética águas profundas, completamente fora do
é uma realidade e nós não perderemos bioma amazônico. Vai do Amapá até o Rio
essa oportunidade. Primeiro porque a Grande do Norte. A ANP, à época, foi infeliz
transição energética, em sua semântica, de dar o nome de Foz do Amazonas.
é uma transição, um processo gradual,
uma jornada. O Brasil tem que liderar a Qual será o maior legado do governo Lula
transição enérgica sem abrir mão do pe- 3 para o setor energético do Brasil?
tróleo. Temos de ser realistas e reconhecer Vários. Será um governo lembrado por en-
que a matriz ainda é dependente da gaso- tregar um País energeticamente mais segu-
lina, do diesel e do gás. Sabemos que a ro, com mais equilíbrio entre segurança
única forma de combater desigualdade de energética e mobilidade tarifária, para que
forma sólida e consistente é através da a gente não só atenda o melhor custo-bene-
geração de emprego. E como é que nós fício de energia elétrica, mas para que isso
vamos gerar emprego? Usando essa plu- também sirva de mola propulsora do desen-
ralidade energética nossa. É importante volvimento nacional. Um país que valorizou
a gente ressaltar e esclarecer à população o conteúdo local com o propósito de gerar
brasileira que parte da arrecadação da emprego, renda, combater desigualdade e
indústria do petróleo vai ainda para o fun- cuidar das pessoas, que é o grande propósi-
do social que financia educação e saúde. to do governo liderado pelo presidente Lula.
Um país que investiu na sua pluralidade
Então, antes de descarbonizar o Brasil energética e que reconheceu a importância
precisará carbonizar? dos biocombustíveis para o Brasil. Os bio-
O Brasil já é um país que pode ser consi- combustíveis terão para o Brasil a mesma
derado líder em sustentabilidade. Nosso importância que o petróleo tem para a Ará-
governo não transigirá com relação ao bia Saudita.
 AGO_Publieditorial PaginaInteira_v1.pdf
CASHBACK OU
RECOMPENSAS:
SUA EMPRESA SABE
QUAL ESCOLHER?
O cashback (dinheiro de volta, em português)
consiste em um programa de recompensa ao
consumidor, em que é possível ter de volta uma
parcela do dinheiro investido em um produto
ou serviço.
Além desse retorno, muitos programas de
cashback contam com parceiros, permitindo
que você compre algo (combustível, uso em
aplicativos de comida, etc) com a quantidade
acumulada do “dinheiro de volta”. Mas isso
também pode levar um tempo, ou seja,
pode demorar para seu cliente sentir que
“recuperou algo”.
Para usar esses programas, é necessário se
cadastrar em uma plataforma específica ou
fazer download de aplicativos. Depois, basta
fazer a compra do produto em um site parceiro
e, antes de finalizar a aquisição, é só ativar a
opção do cashback. O retorno do dinheiro pode
variar em diferentes porcentagens.
Após a finalização, a loja parceira tem um
prazo para avisar o intermediário sobre a
compra, para que o dinheiro volte ao cliente
ou fique disponível em forma de descontos,
vouchers e cupons.
É bem comum que haja confusão entre
ações de cashback e estratégias de
marketing de recompensas. De fato, ambas
têm semelhanças, como a oferta de uma
experiência única de compra ao cliente. Porém, o
marketing de recompensas trabalha com a
oferta de algo diferenciado ao cliente no valor da
compra, sem necessariamente requisitar
um cadastro.
1 11/04/2023 14:45
Além do mais, os programas de cashback
tornam as relações entre marca e público
puramente transacionais, tendo um impacto
relativamente baixo no reconhecimento da sua
organização. Por outro lado, o marketing de
recompensas oferece opções personalizadas
ao cliente, aproximando a sua empresa dos
valores e necessidade de cada comprador,
proporcionando a eles viagens, idas ao cinema
e até assinaturas de streaming.
As recompensas instantâneas têm alguns
pontos mais vantajosos, como a aproximação
da marca com o cliente, sendo uma ótima
estratégia para aumentar a conversão de
leads (potenciais clientes).
Segundo uma pesquisa realizada pela
SmarterHQ, cerca de 90% dos consumidores
estão dispostos a oferecer seus dados de
comportamento de compra, em troca de
benefícios adicionais para melhorar a
experiência de compra.
Conheça algumas ações do marketing
de recompensas:
GRATIFICAÇÃO INSTANTÂNEA
As gratificações instantâneas são brindes que
os clientes recebem na hora, após realizar
alguma ação (compra de produto, cadastro
em plataforma, etc.). Muitas empresas invest-
em em brindes como infoprodutos, ou seja,
trocam conteúdos de qualidade por dados de
comportamento do consumidor. Assim, é
possível realizar uma pesquisa de mercado
mais assertiva.
CARTÃO-PRESENTE
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Faça parte dos maiores programas
de relacionamento do Brasil.
INGRESSOS DE CINEMA
EM REDES CREDENCIADAS
CRÉDITOS PARA
COMPRA NO SITE
CONEXÃO EMOCIONAL
O marketing de recompensas é capaz de gerar
uma conexão emocional com os seus clientes,
pois se sentem especiais e vão lembrar da sua
marca sempre. Como efeito, além de aumentar
as taxas de conversão, você também conquista
a fidelização do público e maior índice de vendas.
MAIOR RETORNO DE VALOR
O maior retorno de valor depende fundamental-
mente de boas estratégias de marketing. Com a
oferta de recompensas instantâneas, muitos
consumidores se sentem especiais, próximos da
marca e não se importam tanto com o preço (ao
contrário, eles dão importância à experiência
de compra).
MAIOR ENGAJAMENTO DO PÚBLICO
Outro resultado positivo do marketing de recom-
pensas em comparação aos programas de
cashback é o maior engajamento do público.
Isso porque as pessoas passam a ver a sua
marca com mais carinho e afetividade quando
recebem uma recompensa, especialmente se
ela for instantânea.
RETENÇÃO DE CLIENTES
A retenção de clientes também aparece como
uma vantagem competitiva do marketing de
recompensas em relação aos programas de
cashback. Muito disso deve-se à curiosidade
do público em relação às recompensas
instantâneas e porque o consumidor se sente
valorizado pela marca.
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Sustentabilidade
MAIS APRENDIZAGEM
UNIÃO PELA EDUCAÇÃO PAULISTA
A organização social Parceiros da
Educação, que no ano que vem
completa 20 anos, conseguiu arrecadar,
durante a ação Levante a Mão pela
Educação, realizada entre setembro
e outubro, R$ 6,1 milhões em doações
para continuar o trabalho de contribuir
com a aprendizagem nas escolas
públicas de São Paulo. Do total, R$ 3,6
milhões vieram de doadores eventuais
e o restante foi complementado por
COMPROMISSO PÚBLICO
INFRAESTRUTURA
COM MENOS
EMISSÃO DE
CARBONO
16 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: GEREMANO LÜDERS | DIVULGAÇÃO
POR SÉRGIO VIEIRA
O cuidado com o corpo e
Pesquisa realizada pela Sodexo On-Site
traz uma verdade inconveniente: três
em cada quatro funcionários declaram
ter uma boa saúde mental. Só que,
quando a saúde mental é ruim, para
quase oito em dez colaboradores
o motivo está relacionado ao
trabalho, especialmente estresse.
O levantamento também mostra que
22% disseram ter hábitos alimentares
inadequados quando atuam de forma
remota. “Nosso levantamento apontou
que as empresas precisam focar
na qualidade de vida de seus
colaboradores, reconhecendo o
impacto do ambiente de trabalho na
saúde física e, principalmente, mental.
Assim, sendo necessário promover cada
vez mais um ambiente de trabalho
apoiadores fixos, como Alexandre
Bettamio (Bank of America), Ana
Maria Diniz (Instituto Península),
Walter Schalka (Suzano), entre outros,
na condição de pessoas físicas. “Temos
parcerias com escolas, com regionais de
ensino e diretamente com municípios. A
gente fez um diagnóstico, definindo os
desafios para melhorar a aprendizagem
dos alunos”, disse Rafael Machiaverni,
CEO da Parceiros. A organização atua na
O Grupo CCR teve recentemente suas
metas de redução de emissões de
gases de efeito estufa aprovadas pela
Science Based Targets Initiative (SBTi).
Com isso, a companhia se tornou a
primeira do setor de infraestrutura no
País a firmar o compromisso público
de descarbonização com a iniciativa,
fruto de cooperação entre o Carbon
saudável, abordando aspectos físicos,
mentais e nutricionais”, disse à
DINHEIRO Danielle Totti, vice-presidente
de Estratégia, Marketing, Comercial e
Performance no Brasil da Sodexo
On-Site. Neste sentido, a companhia
tem desenvolvido soluções como o
Sabor Brasil, restaurante corporativo
pautado por inovação e tecnologia, e o
programa Mais Saúde, em que a Sodexo
oferece orientação nutricional além da
alimentação saudável. “É fundamental
compreender que nossas escolhas
alimentares não apenas afetam o
corpo, mas também têm um impacto
significativo em nossa mente e
emoções, destacando a importância de
escolhas conscientes na alimentação
para promover nosso bem-estar geral.”
formação de professores,
apoio de gestão, materiais
complementares e até
ações de infraestrutura, para
conseguir aumentar em 40% a
aprendizagem nas escolas em que a
Parceiros da Educação atua. O objetivo
é, em 2024, saltar de 602 escolas
atendidas para 780. A missão é, em
cinco anos, chegar a 1,5 mil unidades
públicas de ensino no estado.
Disclosure Project, o Pacto Global das
Nações Unidas, o World Resources
Institute e o World Wide Fund for
Nature. Foram aprovadas pelo SBTi
as metas de redução de 59% das
emissões de CO2 nos escopos 1 e 2
e de 27% no escopo 3, até 2033,
em relação ao ano-base de 2019.
“Sabemos que a descarbonização do
o e a mente
DOS QUE DIZEM TER
PROBLEMA COM A SAÚDE,
AS CAUSAS SÃO...
49%
Não ter tempo para fazer exercícios  
31%
Não ter tempo para
preparar opções de comida
saudável
31%
Trajeto cansativo/longo
para o trabalho
27%
Insônia relacionada ao trabalho
23%
Não ter opções de alimentos
saudáveis/nutritivos no
local de trabalho
20%
Meu trabalho é fisicamente
desgastante
setor de transportes é um tema
crucial para a mitigação dos
efeitos do Aquecimento Global.
Por isso, temos o compromisso de
liderar a agenda ESG em nosso
setor, mobilizando nossos
parceiros e potencializando o
impacto de nossas ações”, disse
Miguel Setas, CEO do Grupo CCR.
CARBONO NEUTRO
UM CASTELO SUSTENTÁVEL
O luxuoso Castelo Saint reflorestamento na r
Andrews, que fica em egião e conscientização
Gramado (SP), lançou ambiental climática para
um projeto inédito de públicos estratégicos.
carbono neutro, Foram dez meses de
o único entre os desenvolvimento que
empreendimentos de resultaram no
hotelaria do Brasil que desenvolvimento do 1º
integram o Relais & Inventário de Carbono do
Château a ter essa Saint Andrews e que vai
iniciativa. O projeto visa gerar um amplo plano de
neutralizar as emissões mitigação de impactos.
de carbono geradas pelas “Convido a todos a
operações do castelo, juntarem-se a nós, para
com ações como construirmos um futuro
REDE DE APOIO Com uso da
tecnologia, a TIM
OPERADORA TIM resolveu dar um passo
adiante no combate à
COMBATE VIOLÊNCIA violência contra a
CONTRA A MULHER
mulher. A partir de
agora, as lojas
passam a ser ponto
de referência para
mulher em situação
de perigo, indicadas
como locais seguros
na ferramenta digital
Caminho Delas, do
aplicativo Mulheres
Positivas. A primeira
fase engloba 11 lojas
em Rio de Janeiro, São
Gonçalo, Duque de
Caxias, São Paulo e
Osasco. As vítimas
terão acesso a um
smartphone e uma
cartilha com contatos
Dinheiro 08/11/2023
mais verde e sustentável
para as gerações atuais
e futuras. Desejo que o
Saint Andrews seja
lembrado não apenas
por sua beleza histórica
e excelência em
hospitalidade e luxo,
mas também por seu
compromisso com a
sustentabilidade da
região mais promissora
do Brasil”, disse
Guilherme Paulus,
proprietário do castelo.
de entidades para
denúncia. A operadora
também lançou um
manifesto sobre
equidade de gênero.
“Isso representa a
evolução do nosso
compromisso com
diversidade e
inclusão. No pilar
de gênero, chegamos
a uma fase em
que celebramos
conquistas,
influenciamos
o mercado e
reforçamos nosso
posicionamento para
toda a sociedade”,
disse Maria
Antonietta Russo,
vice-presidente de
Pessoas, Cultura e
Organização da TIM.
17
Empresasediversidade

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, NEOINDUSTRIALIZAÇÃO

E A PROMOÇÃO DA DIVERSIDADE RACIAL
U
ma questão essencial ao mercado hoje é como se Internacional de Equidade Racial Empresarial, que ocu-
RAPHAEL relacionam, quais as tendências e os desafios atre- pará a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
VICENTE
DIRETOR-GERAL
lados às mudanças climáticas, a neoindustrialização Paulo) nos dias 16 e 17 de novembro, e reunirá presiden-
DA INICIATIVA e a promoção da diversidade racial nos negócios? tes de empresas, especialistas do Brasil, internacionais,
EMPRESARIAL A única certeza dos tempos atuais é de que a mudan- do mercado corporativo, financeiro e membros do setor
PELA IGUALDADE ça chegou em todos os sentidos. Lidar com as suas com- público. A realização é da Iniciativa Empresarial pela
RACIAL.
ADVOGADO,
plexidades é um imperativo da gestão. Os efeitos das Igualdade Racial, Fiesp e Mover – Movimento pela Equi-
MESTRE E mudanças climáticas, há muito tempo anunciados, estão dade Racial, e está em sua terceira edição.
DOUTOR EM latentes, provocando todo o tipo de efeito nos negócios. Entre as presenças internacionais já confirmadas
CIÊNCIAS A neoindustrialização, ou seja, o esforço para rever- estão a norte-americana Reta Jo Lewis, presidente do
SOCIAIS PELA
PUC-SP.
ter o processo de desindustrialização, deve ser um Banco de Exportação e Importação dos EUA, e a nige-
PROFESSOR E imperativo no Brasil, sob pena de ficarmos obsoletos. riana Ngozi Okonjo–Iweala, diretora-geral da Organi-
DIRETOR Aumentar a competitividade zação Mundial do Comércio
GERAL DA da indústria nos mercados na- (OMC). Ambas farão conferên-
UNIVERSIDADE
ZUMBI DOS
cionais e internacionais, buscar A luta contra todas as formas cias no dia 16. Reta Jo Lewis
PALMARES a inovação, eficiência, susten- de discriminação no ambiente de também participa da mesa do
tabilidade e integração ao co- Conselhão CDES - Conselho
mércio internacional, como
trabalho escancarou culturas de Desenvolvimento Econô-
uma medida de crescimento
nocivas à saúde mental e mico e Sustentável da Presi-
econômico sustentado, ecoa consequentemente física, dência da República, que ocor-
imediatamente com a susten- assédios, líderes despreparados, rerá no dia a partir das 14h.
tabilidade nos negócios, uma o que incide diretamente A proposta do fórum é se
vez que esta tornou-se uma nos desafios de uma debruçar sobre os desafios aqui
exigência nos principais mer- neoindustrialização no Brasil elencados e buscar de uma for-
cados do mundo. ma interseccional valiosas e
As mudanças no mercado potentes ações que possam
de trabalho estão desconstruindo e reconstruindo se- garantir ações de enfrentamento as mudanças climáti-
tores inteiros, exigindo novos conhecimentos, habili- cas, avanço da neoindustrialização e a ampliação da
dades e ajustes de toda natureza. A luta contra todas as inclusão, participação das minorias sociais, bem como
formas de discriminação no ambiente de trabalho es- da construção de mecanismos e políticas públicas e
cancarou culturas nocivas à saúde mental e consequen- privadas que permitam o fortalecimento, o financia-
temente física, assédios, líderes despreparados e, inclu- mento e a consolidação da diversidade racial como valor
sive, os prejuízos pela não atração ou retenção de social, empresarial e corporativo relevante.
talentos, além da ineficiência e queda de produtividade Os desafios estão postos, agora cabe a nossa geração
de ambientes tóxicos, o que incide diretamente nos não repetir os erros do passado. O desenvolvimento
desafios de uma neoindustrialização no Brasil. sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da
Em 2023, essas serão as pautas do maior encontro de geração atual sem comprometer a capacidade das gera-
presidentes, CEOs e líderes empresarias da América ções futuras de satisfazerem as suas próprias necessi-
Latina tratando da promoção da equidade racial, o Fórum dades (Nosso Futuro, ONU).

18 Dinheiro 08/11/2023
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ECONOMIA

O DILEMA DE LULA PARA

Ao tentar demonstrar
mais responsabilidade
fiscal, o presidente vai
precisar desapegar da
pauta progressista para
destravar com Arthur Lira
uma agenda que eleve a
arrecadação pública

Paula CRISTINA

O
cenário em Brasília é o mesmo dos
últimos dez anos: um presidente da
Câmara cheio de exigências, um
presidente da República entre a cruz
e a espada e uma economia frágil
reagindo mal a qualquer tropeço.
Nessa corda bamba, as falas de Lula sobre
responsabilidade fiscal e o fisiologismo do
Congresso só corroem mais a atividade eco-
nomia. E para evitar que isso se espalhe,
Lula terá de entrar de vez na articulação
política. Primeiro para mostrar resultados
mais sólidos sobre a responsabilidade fiscal
e de quebra melhorar a imagem do Minis-
tério da Fazenda — que, algumas vezes, teve
seus pareceres diminuídos ou desvalidados
por falas do próprio chefe do Executivo. No
topo das prioridades na negociação está o
Projeto de Lei 5.129/23 que revisa a aplica- JUNTOS ATÉ A
ção de benefício fiscal para grandes empre- PÁGINA DOIS
sas e pode render R$ 70 bilhões entre 2024 Lula precisa dar um
sinal mais claro de
e 2025. Em um encontro com pelo menos
responsabilidade
25 deputados e senadores, Lula negociou o fiscal. Lira pode
avanço da pauta, mas sabe que precisará ajudar o petista a
rifar temas polêmicos e diminuir os gastos conseguir isso, mas
cobrará seu preço
com política social para ser atendido pelo
presidente da Câmara, Arthur Lira.

20 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: GABRIELA BILÓ/FOLHAPRESS

A A AGENDA ECONÔMICA
Segundo o ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
a negociação é parte de um jogo que Lula sabe jogar e sabe das regras,
e que o presidente tem clareza sobre seus objetivos. “Continuaremos
cuidando do mais pobre. Os ajustes fazem parte do quebra-cabeça da
República”, disse. O entendimento do ministro se alinha (pelo menos
em público) ao de Fernando Haddad (Fazenda) que acrescenta ser a
responsabilidade fiscal um dos pilares para o desenvolvimento do
Brasil. “Meu papel é buscar o equilíbrio fiscal, farei isso enquanto esti-
ver no cargo. Não é por pressão do mercado, não é porque sou ortodo-
xo, mas tem dez anos que é preciso voltar às contas públicas.”
É aqui que entra no roteiro o Projeto de Lei 5.129/23, enviado pelo
Executivo (porque Lira não gosta quando o governo envia Medida
Provisória), e que regulamenta a isenção tributária para créditos fiscais
oriundos de subvenção para investimentos. Esses créditos são trans-
ferências de recursos para uma empresa para auxiliar, por exemplo, na
ampliação de seu parque industrial ou diver-
sificação de atividades. Em análise na Câmara
dos Deputados, a proposta do Executivo tem
o objetivo de regulamentar uma decisão do GOVERNO QUER DO APOIO DE LIRA PARA
Superior Tribunal de Justiça (STJ) segundo a
qual os créditos fiscais devem ser incluídos na ANDAR COM MUDANÇA TRIBUTÁRIA QUE
base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre RENDERÁ R$ 70 BILHÕES EM DOIS ANOS
o Lucro Líquido (CSLL).
No julgamento, o STJ estabeleceu que não
é preciso demonstrar a origem do crédito para garantir a sua exclusão
do cálculo dos tributos, mas que a Receita pode lançar a tributação
sobre o crédito se verificar que os valores foram usados para outra fi-
nalidade. O plano do governo é seguir o entendimento, mas mudar a
ordem: passa a ser necessário comprovar o uso adequado da subvenção
e do crédito para se obter o benefício da isenção tributária. Dessa forma,
o crédito fiscal somente poderá ser calculado após o fim da implantação
ou da expansão do empreendimento econômico.
NEGOCIAÇÃO Na bateria de encontros com líderes de bancadas, a
expectativa do governo é que uma comissão mista para avaliar o tema
esteja ativa na primeira semana de novembro. A informação foi con-
firmada pelo líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), à DINHEIRO. O
parlamentar também falou sobre mudar a forma, já que qualquer
modificação tributária por PL precisa de 90 dias antes de entrar em
vigor. Uma MP, como queria o governo mas não queria Arthur Lira,
teria feito imediato até a chancela do Congresso. “Conversei com o
presidente Lira e com Haddad para resolver a questão. Estou otimista.”
Para que o projeto avance como MP, o
presidente Lula precisará abrir mão de al-
guns pontos importantes em sua agenda
social, temas que são caros aos apoiadores
petistas e parte da esquerda mais jovem.
Um assunto que sairá da pauta de curto e
médio é a descriminalização da maconha,
que seria feita via Congresso, tirando do STF
a pecha de legislador. O mesmo valeria para
flexbilização do aborto, dois temas espinho-
sos e de caminho praticamente inviável
dentro do Legislativo brasileiro. Também
serão colocados à mesa pelo Legislativo
contrapontos ao que um senador do MDB,
que falou sob condição de anonimato, cha-
mou de “gastança desgovernada.” Segundo
ele, todos os ministérios instituem políticas
próprias e gastam para a mesma finalidade:
igualdade racial, direitos humanos e educa-
ção, por exemplo. “Há programas iguais
destinados ao mesmo público. Tem que
cortar”. Nessa linha, o governo Lula sinali-
za cortes de R$ 14 bilhões no Orçamento de
2024, além da promessa de passar um pen-
te fino nos benefícios previdenciários, au-
xílio desemprego e Bolsa Família. Lula,
assim como o resto do Brasil, assistiu nos
últimos dez anos como se dá a relação Exe-
cutivo-Legislativo, e sabe que conduzir os
temas relevantes nos extremos é ruim. É
impossível governar sem coalizão, mas tam-
bém é inócuo deixar tudo nas mãos do Con-
gresso e virar a Rainha da Inglaterra.
Dinheiro 08/11/2023 21
ECONOMIA

REFORMA QUE
C O M B AT E O
CONTRABANDO
NOVA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DEVE CONTRIBUIR NO
COMBATE A CRIMES FISCAIS E EVASÃO DE DIVISAS,
DIZ ESTUDO DE ENTIDADE ESPECIALIZADA EM PIRATARIA

Jaqueline MENDES

22 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: ISTOCK I LEONARDO RODRIGUES

E 13%
stão dadas as condições ideais para o Brasil enfrentar um
dos crimes que mais afetam nosso desenvolvimento: o
contrabando. Dados do Fórum Nacional Contra a Pirata-
ria e a Ilegalidade (FNCP) mostram que, em 2022, o País
perdeu R$ 410 bilhões entre evasão fiscal e prejuízos em
14 setores da indústria com o mercado ilegal. E a lógica
para tamanha eficiência desse tipo de crime passa pelo mau uso
do sistema tributário. A disparidade de tributos entre Brasil e
Paraguai, por exemplo, é um dos atrativos para a atividade ilegal,
por isso o fluxo entre os países é tão grande. O cigarro falso, item
mais apreendido pela Receita Federal, representa bem essa
disparidade. Por aqui os impostos ficam entre 70% e 90%, no
país vizinho a taxa média é de 13%.
Especialistas apontam que a vantagem econômica faz o
crime crescer. É nesse contexto que entra na pauta da Reforma
Tributária o mercado ilícito. Além da substituição de cinco
Nos últimos 11 anos, os dados mostram
que foram mais de R$ 94 bilhões de perdas
em evasão fiscal. A participação do co-
mércio ilegal de cigarros passou de 39%
(em 2015) para 57% (2019). O presidente
do Fórum Nacional de Combate à Pirata-
É O IMPOSTO
ria e à Ilegalidade, Edson Vismona, cor- MÉDIO PAGO
robora as conclusões de Shikida. “O mo- NO CIGARRO
delo tributário é uma ferramenta capaz NO PARAGUAI.
de enfraquecer o contrabando, desde que NO BRASIL A
não onere ainda mais os produtos brasi- ALÍQUOTA
leiros”, afirmou. Ele diz que a mercadoria VARIA ENTRE
fabricada no Brasil e o produto importa- 70% E 90%
do legalmente não podem ter aumento
de impostos. “Se aumentar, o contraban-
do se favorece imediatamente. O ilegal

57%
impostos pelo modelo de IVA dual, a PEC 45/2019 prevê um ganha competitividade e será muito mais
Imposto Seletivo. De acordo com o texto, ele incidirá sobre favorável à sua venda.”
produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente ­— o rol de Segundo Vismona, é inegável que a
produtos e as alíquotas ainda estão indefinidos, dependendo de luta passa pelo combate à oferta e deman-
uma lei complementar. A intenção dos congressistas é subir o da do cigarro ilícito, “e a oferta é enfren-
preço dos produtos para diminuir o consumo. tada através da repressão, ao impedir a
Mas essa lógica, segundo especialistas, já se provou falha. circulação de produtos ilegais”. E acres- É A FATIA DO
Em agosto, durante seminário em Brasília, o senador Efraim centa que o contrabando é dominado pelo COMÉRCIO
Filho, relator do Grupo de Trabalho da reforma no Senado, se crime organizado e milícias. “Por isso, não ILEGAL DE
manifestou contra aumento de carga via Imposto Seletivo. “Qual é inteligente que o combate seja feito uni- CIGARROS
NO MERCADO
é o problema que tá posto? Se você majorar, quanto maior a camente pela repressão. Para diminuir a
BRASILEIRO ATÉ
diferença maior o atrativo pra contrabandear”, disse. “O gran- atratividade dos produtos ilegais a questão 2019, EM 2015 A
de problema é que você concorre contra quem sonega, contra tributária é imprescindível.” No mundo PARTICIPAÇÃO
quem não paga nada. E quanto mais essa margem aumenta, moderno isso significa quebrar o crime ERA DE 39%
mais atrativo é comprar o ilegal.” Outro agravante na questão sendo mais inteligente que ele.
é que, segundo o Ipec, consultoria especializada no mercado
consumidor brasileiro, o crime organizado domina 41% do
comércio ilegal de cigarros.

PREÇO X CONSUMO Pery Shikida, professor da Unioeste, em

parceria com Mário Margarido e Daniel Komesu, acompanhou
a evolução desse segmento no estudo Elasticidades no Mercado
Brasileiro de Cigarros. Segundo Shikida, o aumento de impostos,
no período estudado, provocou diminuição de arrecadação. “O
imposto mais caro para cigarros foi responsável pela queda de
1,39% ao ano”, afirmou. “Apesar da maior incidência de tributos
sobre os cigarros, que subiu 67% no período de janeiro de 2012 EFRAIM FILHO
Senador afirma
a setembro de 2021, a arrecadação registrou uma tendência de
que precisa haver
queda ano a ano a partir de 2014.” Paralelamente houve “aumen- redução de
to da participação do mercado ilícito do produto no País, que impostos nos itens
cresceu, em média, 8,79% ao ano”. A lógica, de acordo com originais para que
os produtos falsos
Shikida, é simples: aumento de preço não inibe consumo. Isso
não tenham ainda
porque o consumidor tem à disposição o ilegal: mais barato e mais vantagens
acessível. O que acontece, portanto, é uma migração. econômicas

Dinheiro 08/11/2023 23
INTERNACIONAL

ACABOU A RECESSÃO
D
ivida 2023 em duas partes: expectativa e re- cura desafiam a política de alta dos juros
Crescimento de alidade. No lado da expectativa, o mundo promovida pelo Fed para conter a inflação,
4,9% do PIB dos começou o ano com medo do agravamento da hoje em 3,7% (quase o dobro da meta de
EUA no terceiro guerra na Ucrânia, de desaceleração econô-
mica na China (causada pela crise imobiliária)
2%). A atual taxa de juros entre 5,25% e
5,50% ao ano, depois de 11 aumentos con-
trimestre (taxa e, principalmente, de recessão nos Estados secutivos, é a maior em 22 anos. Jerome
igual à da China Unidos. No campo da realidade, já na reta final do Powell, presidente do Fed, admitiu recen-
ciclo, pode-se afirmar que tudo isso não passou de temente que o momento é tão único que
no mesmo palpite. Palpites errados. A guerra de Vladimir Putin as previsões do banco têm um risco maior
período) segue seu ritmo — ofuscada por outro conflito, entre de não se concretizarem. “Não é simples
Israel e Hamas —, a China acelerou 4,9% no terceiro e não podemos usar a história como re-
surpreende trimestre e a maior economia do mundo, a america- ferência”, afirmou.
positivamente, na, cresce a ritmo chinês. O Produto Interno Bruto
(PIB) avançou a uma taxa anualizada de 4,9% no
mata a ‘retração terceiro trimestre, maior alta desde o quarto trimes-
que não houve’ e tre de 2021, segundo o Departamento do Comércio.
afasta temor de O resultado ficou muito acima da taxa de menos
de 2% que as autoridades do Federal Reserve (Fed, o
crise na maior banco central americano) estimavam no começo do
economia do ano. Esse superaquecimento enterra, ao menos até
a próxima crise global ameaçar o mundo, a tese de
mundo retração dos Estados Unidos e de contaminação da
atividade econômica global. O que chama a atenção
no fenômeno americano é que a explosão de gastos
de consumo das famílias e a demanda das empresas
Jaqueline MENDES por reposição de estoques para atender a forte pro-

24 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: YUKI IWAMURA I TAYFUN COSKUN I BRENDAN SMIALOWSKI MANDEL NGAN
O AMERICANA?
Esse respiro na economia também
fortalece os planos de Powell para con-
trolar a inflação. Em comunicado, ele
voltou a sinalizar que a autoridade mo-
netária está pronta para promover novas
altas na taxa de juros, caso a demanda
Joe Biden, presidente dos EUA entendeu o recado de Powell, superaquecida resulte em pressão sobre
OTIMISMO
mas diz que o governo já esperava o reaquecimento uma vez a inflação. “Não mediremos esforços para
OU CAUTELA que fortes políticas de estímulo à demanda interna dariam trazer a inflação para dentro da meta. O
Enquanto Joe Biden tração à atividade econômica. E os dados do terceiro trimestre controle dos preços é fundamental para
(esq.) comemora o reforçaram isso. Agora, tanto o Fed quanto o governo esperam a estabilização do crescimento no médio
avanço de 4,9% do
PIB apesar da
para o quarto trimestre alta entre 2,2% e 2,7% (em abril a pre- prazo”, disse. Um dos motivos para a
incerteza global, visão era 0,9%), mas ainda é difícil tatear os reflexos das duas preocupação está associado ao fato de as
Jerome Powell fala guerrar simultaneas que acontecem no mundo, o que exige famílias americanas terem conseguido
em manter a curva cautela dos otimistas. Dentro dos EUA, no entanto, o plano é preservar a poupança desde a pandemia.
de alta nos juros para
segurar a inflação
manter o ritmo do consumo crescendo entre 2% e 3%, já que Isso aconteceu porque o aquecimento do
após incremento da foi a alta de 4,9% o terceiro trimestre que acrescentou 2,69 mercado de trabalho (+3,7%) garantiu
demanda interna pontos percentuais ao crescimento do PIB. novas rendas aos cidadãos e a poupança
passou a ser injetada na economia, esti-
mulando a alta dos preços.
A combinação atingiu positivamente
a produção de automóveis no terceiro
trimestre, que subiu 2,1% com a reorga-
nização das cadeias de abastecimento.
Segundo o economista Nelson Maroni,
professor da FGV, mesmo com custos
mais elevados de financiamento, o con-
sumo de diversos produtos foi impulsio-
nado por promoções que neutralizaram
os juros mais altos. Um movimento que,
se mantido, iguala os americanos aos
gatos, que caem em pé.

Dinheiro 08/11/2023 25
INTERNACIONAL

Mais recentemente, Putz esteve no conse-

lho de uma empresa indiana de transmis-
são de energia. Para o presidente do Ciarb
Brasil, Napoleão Casado Filho, o que torna
a eleição de Charles Putz notável é o fato
de ele ser o primeiro e único latino-ame-
ricano no board of trustees na sede do Ciarb
em Londres. “Essa conquista, além de mo-
tivo de orgulho para os brasileiros, demons-
tra a importância que as instituições estão
passando a dar a diferentes aspectos de
diversidade”, afirmou Casado Filho.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Embora a

MAIS DIVERSIDADE NA
inclusão de um latino-americano fosse uma
das exigências do conselho, o papel de Putz
não será o de representar a região e nem o
Brasil no instituto. “Entre minhas atribui-

SOLUÇÃO DE CONFLITOS
ções está desenhar a estratégia do Ciarb
para contribuir na resolução de conflitos
no mundo, inclusive usando inteligência
artificial para isso”, disse Putz.
Com 17 mil associados e filiais em 45
Com sede em Londres e aval do Reino Britânico, o Ciarb, mais países, incluindo o Brasil, o Ciarb é uma
influente órgão internacional de arbitragem, renova o conselho entidade sem fins lucrativos formalmente
para incluir duas mulheres, dois homens negros e um brasileiro reconhecida pelo reino da Inglaterra. Sua
função é propiciar a resolução alternativa
Celso MASSON de litígios (ADR, na sigla em inglês), ou seja,
evitando o meio judicial. Os principais be-

N
a próxima terça-feira (7), quando se reunirem pela pri- neficiários dessa abordagem são empresas
meira vez em Londres, os cinco novos membros do board em disputa. “A renovação do conselho per-
of trustees (conselho de curadores) do Chartered Institu- mitirá agregar à arbitragem, tradicional-
te of Arbitrators (Ciarb) darão uma nova cara ao até hoje mente feita por advogados e peritos, visões
um tanto vetusto órgão internacional de mediação de complementares e mais adequadas às de-
conflitos. Formado por 15 integrantes, o conselho acaba de reno- mandas atuais”, afirmou Putz. “Além disso,
var um terço dos assentos com uma clara missão: ampliar a diver- iremos supervisionar a gestão do próprio
sidade de gênero, raça e idade. Por isso, entre os cinco novos instituto para assegurar todas as questões
trustees há duas mulheres, dois homens negros e um brasileiro. de compliance.”
Trata-se do executivo Charles Laganá Putz, que foi CFO da Brasil
ESCOLHA
Telecom e CEO da Namisa (hoje CSN Mineração). “Eles me dis- NOTÁVEL
seram que a escolha se baseou não apenas no meu conhecimento Executivo que
como gestor mas por me considerarem uma pessoa de cabeça passou pela
aberta e coragem para questionar”, disse Putz à DINHEIRO. Brasil Telecom,
Namisa e
Apresentar pontos de vista diferentes e argumentar em sua Rio Bravo,
defesa é um dos atributos que se destacam na trajetória do exe- Charles Putz
cutivo brasileiro. Foi assim quando desenhou o modelo de negó- é o primeiro
cio da Namisa (Nacional Minérios S.A.), empresa que recebeu latino-americano
no conselho de
aportes de capital do Japão e da Coréia do Sul. Foi também assim curadores do
na Rio Bravo Investimento, criada pelo ex-presidente do Banco instituto de
Central Gustavo Fraco e mais tarde vendida para um fundo chinês. arbitragem

26 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: ISTOCK I DIVULGAÇÃO

T E C N O L O G I A E S U S T E N T A B I L I D A D E
NA POLE POSITION.
É com muito orgulho que a Gerdau chega ao Grande Prêmio de São Paulo
de Fórmula 1, levando um aço infinitamente reciclável e de baixa pegada de
carbono como solução para modernização do Autódromo de Interlagos.

Em parceria com a etapa brasileira da principal categoria do automobilismo

mundial, a maior empresa brasileira produtora de aço une tecnologia e
sustentabilidade, colocando o Brasil na pole position.

Siga a Gerdau nas redes sociais:

CAPA

O ALIMENTO
DA DANONE
PARA
CRESCER
Com faturamento de 27,6 bilhões
de euros no mundo, empresa
passa por reestruturação global,
com o Brasil pioneiro na unificação
de unidades de negócio

A
Beto SILVA

ntoine Riboud fez um discurso emblemático duran-

te um fórum organizado pela federação francesa de
empregadores, em outubro de 1972, em Marselha.
O então CEO da Danone resgatou o contexto social
e político da época para provocar reflexões sobre o
papel do empreendedorismo na sociedade. Defendeu
a responsabilidade das empresas no progresso eco-
nômico, social e ambiental, em conceitos conside-
rados à frente do seu tempo. “A responsabilidade
corporativa não termina no portão da fábrica ou na
porta do escritório”, disse Riboud, no que ficou
conhecido como O Discurso de Marselha.

28 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: ROGERIO CASSIMIRO

IDEAL
HISTÓRICO
CEO da Danone
Brasil, Edson Higo
aplica conceito de
jornada de duplo
propósito: portfólio
saudável para as
pessoas e para
o planeta

Dinheiro 08/11/2023 29
CAPA
PROTEÍNA
E ENERGIA
Uma das marcas
A partir das palavras do executivo, a
vedetes do
momento, YoPro companhia estabeleceu um projeto de
ganhou versão duplo propósito, em que vincula seu su-
Energy Boost. cesso financeiro ao progresso do entorno.
Ação publicitária
Virou uma espécie de mantra da gigante
estampou o nome
do produto na francesa de alimentos. Está enraizada na
camisa do cultura da empresa. Mais de meio século
RB Bragantino depois daquela manifestação histórica,
Edson Higo, CEO da Danone Brasil, passa
a seus 3,5 mil colaboradores os ensina-
mentos de Riboud: “Temos um portfólio
saudável para as pessoas e para o planeta”,
disse à DINHEIRO o executivo, que colo-
ca em prática os ideais do discurso cin-
quentenário para colocar o País entre os
destaques globais da Danone.
Globalmente, a empresa faturou 27,6
bilhões de euros em 2022, com lucro líqui-
do de 959 milhões de euros. A rentabilida-
de do primeiro semestre deste ano já su-
perou o período inteiro de 2022: 1,1 bilhão
de lucro líquido, para uma receita de 14,1
bilhões de euros. Puxada pelo Brasil, a Amé-
Ficamos muito voltados para
dentro, para arrumar a casa. Depois
da reorganização, começamos uma
jornada de crescimento”
EDSON HIGO, CEO DA DANONE BRASIL
30 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
rica Latina registrou vendas 11,7% mais altas, superior à média
global de 7,8%. A meta é continuar a evoluir em dois dígitos até
2025. Já a produtividade por aqui foi recorde, com aumento na
casa dos 8,1%, a melhor da companhia em todo o mundo.
Números e desempenho que levaram o CEO global da Da-
none, Antoine de Saint-Affrique, a citar a região na conferência
sobre os primeiros seis meses deste ano. O executivo abordou,
inclusive, a reorganização da companhia ao se desfazer de alguns
negócios e focar em outros, o que chamou de aceleração da ra-
cionalização do portfólio. “No Brasil, descontinuamos o negócio
de águas com margens baixas e licenciamos o de leite sob a
marca Paulista, o que nos permitirá concentrar recursos na
parte de maior valor agregado e lucrativa do portfólio”, disse
Saint-Affrique. Desde setembro de 2022 a empresa não produz
mais a água Bonafont no Brasil. E os produtos de leite da marca
Paulista passam para a Laticínios Tirol em 1º de dezembro.
Nos últimos anos, a Danone reduziu de 400 para cerca de
200 SKUs. No País, as linhas de negócios passaram de quatro
para três — produtos lácteos, base vegetal e nutrição especiali-
zada. Mais do que isso, mudou o formato da operação. Até 2021,
eram equipes diferentes para vender e distribuir os produtos de
cada categoria. A partir de 2022, como parte de uma reestrutu-
ração global em que o Brasil esteve no centro da estratégia,
unificou o portfólio para atuar de forma mais ágil e simplificada.
Fornecedores e canais de venda passaram a ter contato com
apenas uma equipe, num movimento de integração interna
ressaltado por Edson Higo. “Ficamos muito voltados para den-
tro, para arrumar a casa: ajustar o go-to-marketing, as nossas
relações com os clientes e reconectar com os consumidores”,
disse. “Depois da reorganização, começamos neste ano uma
jornada de crescimento.”
 UMA GIGANTE GLOBAL
Fazer esse movimento parece fácil ao
olhar de fora, levando-se em consideração
que se trata da Danone, companhia nota-
damente reconhecida. Algo como fazer DANONE NO 1º SEMESTRE DE 2023
uma baliza na direção de um carro de dire-

14,16 BILHÕES de euros 1,1 BILHÃO de euros

ção elétrica, com câmeras e sensores. Mas,
na realidade, está mais para atracar um Receita Lucro líquido
navio em um porto complicado, como é o
mercado brasileiro, com uma embarcação
CRESCIMENTO
gigante de 104 anos e tripulação de 96 mil
DA RECEITA
colaboradores. É, principalmente, uma
POR REGIÃO:
lição ao mercado quando Higo admite que
“existem coisas que a gente não sabia fazer Europa 6,4%
bem mesmo”. E a solução foi deixá-las de
lado para focar no core de grandes marcas.
América do Norte 8,3%
Professor da ESPM, do Insper e da Live Ásia e Oceania 12,4%
University, Fernando Moulin avalia que a
Danone está alinhada com diversos movi- América Latina 11,7%

Resto do mundo 7,7%

mentos estratégicos similares que ocorrem
em empresas competidoras diretas e em
segmentos com desafios semelhantes. “Há
uma busca intensa por maior foco e efici-
ência nos negócios, que vêm demandando RECEITA LUCRO LÍQUIDO
revisão extensiva de portfólio”, afirmou o
(em bilhões de euros) (em bilhões de euros) 27,6
especialista em negócios, transformação
25,3
digital e experiência do cliente. “Dado esse
contexto, a estratégia parece fazer sentido.” 23,6 24,3
NOVAS FÓRMULAS Marcos Freitas,
1,92 1,95 1,92
especialista em crescimento empresarial
e fundador do grupo Seja Alta Performan-
0,96
ce, corrobora, ao apontar que uma empre- 2019 2020 2021 2022
sa como a Danone está em constante aten-
ção em relação às necessidades de
mercado. “A redução do mix não é somen- DADOS DA OPERAÇÃO GLOBAL NO BRASIL
te devido à demanda, mas à concentração

96
de força nos produtos que estão funcionan-
do”, disse Freitas. “Com isso, além de ganhar mil 1970
é o ano do início da
força de produção, concentrada onde as funcionários no mundo
operação no País
coisas estão dando certo, vai conseguir uma
distribuição mais forte.” Como ele diz, 55 3,5 mil
“muda de rota e ajusta os parafusos para países com operação local colaboradores
continuar perpetuando seu crescimento”.
1escritório central
Dentro da tática atual da Danone, duas 120
2fábricas em Poços de
iniciativas ganham evidência. Uma delas países onde os produtos
é a alteração das fórmulas de seus produ- Danone são distribuídos
tos para que sejam mais saudáveis. Até o
900 milhões
Caldas (MG)
Danoninho, que em 2023 completa 50
anos, teve mudanças em sua receita. Ago- de consumidores em todo 7centros de distribuição
ra, tem 40% menos açúcar, aromas natu- o mundo

Dinheiro 08/11/2023 31
CAPA

rais e colorido com frutas. O petit suisse

— não, não é iogurte — é dos produtos mais
Fórmulas de
vendidos pela Danone no Brasil. Por ano, praticamente
mais de 480 milhões de potinhos são co- todos os
mercializados. Nos últimos dez anos, pra-
ticamente 100% do que a Danone faz teve
produtos foram
a fórmula modificada. Esse investimento alteradas nos
permite que, por aqui, 89% de seus pro- últimos dez
dutos sejam classificados como saudáveis, anos para
segundo o sistema Health Star Rating, e
que 98% deles não tenham rotulagem
torná-los mais
nutricional frontal, de acordo com a nova saudáveis, com
legislação vigente no País (desde outubro menos açúcares
de 2022), para informar de forma clara e
simples sobre o alto conteúdo de açúcares
e gorduras
adicionados, gorduras saturadas e sódio
nos alimentos.
O especialista Fernando Moulin diz
que, com a preocupação cada vez maior “A revisão de portfólio deverá ser explorada fortemente como
dos consumidores e dos governos com diferencial competitivo pela Danone e endossará na prática suas
temas ligados à saúde, a Danone se ante- políticas em temas ESG.”
cipa à transformação que ocorre nos há- Outra iniciativa, em paralelo à modernização do portfólio, é
bitos de consumo de diversos segmentos, o lançamento de produtos. Um dos principais deste ano foi o
principalmente dos consumidores com YoPro Energy Boost, com 15 gramas de proteínas e 100 mg de
maior acesso à informação e renda. Além cafeína, o equivalente a duas xícaras de café. A bebida proteica
disso, segundo ele, existe pressão cada vez tem sido umas das líderes de vendas da Danone, que aumentou
maior dos reguladores para desestimular a produção — feita em planta própria em Poços de Caldas (MG)
a produção e a venda de ultraprocessados. e também numa fábrica parceria. O sucesso tem levado a ações

ESTRUTURA
PREPARADA
Plano estratégico
gera avanços na
produção e uma
capilaridade mais
forte, com presença
em todo o Brasil a
partir de 7 centros
de distribuição

32 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO


de marketing inovadoras, como a feita com o time de futebol do
Red Bull Bragantino. De maneira inédita, a equipe utilizou seu
uniforme de treino na partida oficial contra o ar o mote “cada
treino conta” e promover a bebida láctea. A Danone lançou
ainda este ano seu leite fermentado da marca Activia, para con-
correr com o tradicional Yakult. E outra novidade acaba de
chegar nas gôndolas dos mercados brasileiros. Uma colab entre
a empresa francesa e a Quaker, da Pepsico, deu origem a um
iogurte com aveia para o café da manhã.
PROJETO FLORA O CEO Edson Higo ressalta que todos os
produtos carregam em seu bojo inovações amparadas em três
S: sustentável, saboroso e saudável. Um dos destaques nesse
contexto é o Projeto Flora, de novos modelos de produção lei-
teira para alcançar mais sustentabilidade e rentabilidade na
cadeia do leite, em parceria com pequenos e grandes produtores.
De acordo com a companhia, além de promover a preservação
do meio ambiente e o bem-estar animal, gera aumento na pro-
dutividade três vezes maior que a média do Brasil, segundo dados
da Educampo, do Sebrae e do Departamento de Inteligência do
Trabalho Rural. O programa já abrange 1,4 mil hectares, ultra-
passando a meta inicial em mais de sete vezes. No total, 14% do
volume de leite captado pela Danone no País é produzido com
práticas regenerativas. A empresa ainda bonifica financeiramen-
te as fazendas que aderem a seus projetos de agricultura rege-
nerativa e de qualidade do leite. “Isso é impacto na saúde e im-
pacto na sustentabilidade do planeta”, disse Higo. “É mais uma
ação que nos conecta com nossa história.”
Esse pé na natureza, de um lado, se conecta ao universo di-
gital por meio de várias frentes tecnológicas. Há programa de
atração e aproximação com universidades e startups para resol-
ver suas próprias dores e a de seus clientes. Internamente, por
PETIT
SUISSE
Danoninho
completa 50 anos
em 2023. É dos
produtos mais
exemplo, desenvolve uma espécie de Chat vendidos pela
GPT próprio, para levantar rapidamente Danone no Brasil,
com 480 milhões
gráficos a partir de dados de seu banco e
de potinhos
municiar executivos para tomada de de- comercializados
cisões. Para fora, trabalha para oferecer por ano
gratuitamente a clientes soluções tecno-
lógicas. A intenção não é se transformar
em uma empresa tech, mas passar a ima-
gem para o mercado de uma corporação
digitalizada.
Existem dois aplicativos com funções
tão eficientes quanto curiosas sendo usa-
dos principalmente na Europa e que es-
tarão à disposição do mercado brasileiro
em breve. Um deles, ao captar o som do
choro de uma criança, sinaliza qual tipo
de problema pode ser. Pode identificar
que é cólica, por exemplo. O segundo ana-
lisa a imagem do cocô de bebês e, antes de
enviar para o médico, o app já indica qual
intercorrência de saúde pode estar envol-
vida. “Estamos criando uma forma de nos
conectar digitalmente com os consumi-
dores”, afirmou Higo, ao citar ainda o
Mundo Danone, que hoje é o e-commerce
da empresa, e a Academia Danone, que
são utilizados como plataformas de con-
sulta, formação e informação nutricionais
e de saúde em geral para profissionais da
medicina e consumidores.
Seja na oferta de tecnologia, nos rumos
do modelo de negócio, nos produtos, nas
fórmulas dos alimentos ou diretamente
nas intervenções em agricultura e pecu-
ária, a Danone segue com a convicção
inabalável nos princípios marchetados no
histórico Discurso de Marselha.
Dinheiro 08/11/2023 33
NEGÓCIOS

Construtora investe R$ 2 bilhões

em projeto que alia sustentabilidade
e inovação em São Paulo. Montante
contempla R$ 300 milhões em obras
de infraestrutura e urbanização.
VGV chega a R$ 3 bilhões

A CIDADE
INTELIGENTE
DA MRV
Angelo VEROTTI

S
ão Paulo ocupa a terceira colocação geral entre as dez
cidades mais inteligentes do Brasil, de acordo com o
ranking 2023 do Connected Smart Cities, atrás de Flo-
rianópolis e Curitiba. Na região Sudeste, no entanto, o
município lidera. E a MRV está de olho nesse desempenho.
Com foco em soluções pautadas em sustentabilidade e inovação, a
construtora escolheu a capital paulista para apresentar o seu maior
projeto em quase 45 anos de história: Cidade Sete Sóis Pirituba, na
região Norte. Com o conceito de smart cidade, o empreendimento
será lançado este mês e o investimento previsto é de R$ 2 bilhões.
“Temos, de fato, uma área única, numa cidade única, que é São
Paulo, com as suas carências e com as suas qualidades”, afirmou
Eduardo Fischer, CEO da MRV&CO. “Isso é algo especialmente
único, difícil de ser replicado, e a gente tinha a obrigação, com essa
joia aqui, de fazê-la da melhor forma possível.”
Com base em sete pilares que deram origem ao nome do pro-
jeto — viva verde, segurança, desenvolvimento urbano, mobilidade
& acessibilidade, comodidades, boa vizinhança e tecnologia —, o
Cidade Sete Sóis Pirituba teve a infraestrutura pensada para pro-
porcionar mais qualidade de vida e sustentabilidade, de forma
acessível e democrática a seu público. O empreendimento irá
ocupar uma área de 1,7 milhão de metros quadrados. Ao todo, serão
750 mil m² de área verde, contemplando áreas de preservação,
praças e um parque linear.
O projeto está dividido em seis fases que serão desenvolvidas
ao longo de dez anos e devem gerar mais de 12 mil empregos diretos
e indiretos. Na primeira, até 2025, estão programados 11 lançamen-
tos, todos enquadrados no programa federal Minha Casa, Minha
Vida. Serão entregues 4 mil unidades de um total de 11 mil. Os
imóveis terão dois dormitórios, com plantas entre 34m² e 45m².

34 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: CLAUDIO GATTI | DIVULGAÇÃO


Os preços vão variar de R$ 230 mil a R$ 350 mil dependendo da
distribuição escolhida. A estimativa, segundo a companhia, é de um
Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 3 bilhões. “Daqui a uma década
nós vamos olhar para um novo bairro, uma cidade totalmente
implantada, com 30 mil pessoas morando, 11 mil famílias numa
condição urbanística muito diferente do que a gente está habitua-
do a ver no Brasil ou fora.”
O Cidade Sete Sóis Pirituba compreende obras, criação de in-
fraestrutura, urbanização e melhorias para a região. A MRV prevê
um investimento de R$ 300 milhões em obras de infraestrutura e
urbanização, além da doação de áreas institucionais para a prefei-
tura visando a construção de equipamentos públicos que vão
atender à população. Entre as intervenções a serem realizadas pela
construtora estão a duplicação de parte da avenida Raimundo
Pereira de Magalhães, além da criação de um eixo leste-oeste que
REALIZAÇÃO
cruzará o novo bairro e que ligará a própria
DE UM SONHO
CEO da MRV&CO, Raimundo Pereira à Felipe Pinel. A intenção
Eduardo Fischer é desafogar o trânsito. Há projeto também
destacou a de revitalização do córrego Cantagalo.
importância do
Cidade Sete Sóis
Pirituba (acima) EQUILÍBRIO O planejamento urbanístico
nos quase 45 anos contempla o equilíbrio entre moradia, co-
da história da mércio, serviço e áreas verdes, com vistas a
companhia
uma ocupação racional e, sobretudo, sus-
tentável, além de espaços de equipamentos
de lazer e convivência. Destacam-se a cria-
ção de uma ciclovia com mais de 8 quilôme-
tros, de praças com quadras poliesportivas,
pistas de skate, playground e área fitness.
Estão previstos ainda no complexo cerca de
25 lojas, que vão oferecer produtos e servi-
ços à região, e sete lotes comerciais para
estabelecimentos de maior porte.
Até a conclusão do projeto a empresa
vai movimentar 1,7 bilhão de metros cúbicos
30MIL
de terra dentro do próprio terreno. Isso
representa mais 350 mil caminhões circu-
lando para levar terra de um ponto a outro.
“E só o reservatório de água que vamos co-
PESSOAS DE locar para atender o bairro tem capacidade
11 MIL FAMÍLIAS para 4 mil metros cúbicos de reservatórios
VÃO OCUPAR de água adicionais para a rede da cidade”,
IMÓVEIS DE disse Fischer. O projeto de smart cidade não
R$ 230 MIL está restrito a São Paulo, onde a empresa já
A R$ 350 MIL. entregou 18 mil unidades e tem outras 5 mil
DA ÁREA em produção na atualidade. A MRV já co-
TOTAL DE
mercializa o Cidade Sete Sóis Paralela, em
1,7 MILHÃO
DE METROS Salvador, além de desenvolver os projetos
QUADRADOS, de empreendimentos no Rio de Janeiro e
750.000 em São José dos Campos (SP), que devem
SERÃO DE ser lançados nos primeiros trimestres do
ÁREA VERDE ano que vem e de 2025.
Dinheiro 08/11/2023 35
NEGÓCIOS

LINHA MAIS
SOFISTICADA
Showroom da
Dell Ano, marca
premium da
companhia.
Tíquete médio
chega a R$ 100 mil

O ESTILO ALFAIATARIA D
E
m um período em que a população teve que, obrigatoriamente, ficar
Companhia gaúcha em casa, a partir da necessidade do isolamento social por conta da

Unicasa, dona das pandemia da Covid-19, alguns segmentos econômicos conseguiram

se destacar em termos de resultados financeiros, principalmente
marcas Dell Ano, New e os que tinham alguma relação com consumo ou cuidados com o lar.
É nesse contexto que a companhia gaúcha Unicasa, dona das mar-
Casa Brasileira, investe cas de móveis planejados Dell Ano, New e Casa Brasileira, fechou
2022 com receita bruta de R$ 298,6 milhões, alta de 11,8% sobre o
R$ 100 milhões em ano anterior (R$ 267,2 milhões). “As pessoas passaram mais tempo
em casa e tiraram alguns projetos da gaveta que fariam em outro
máquina alemã para momento. Isso explica parte dos resultados de 2021 e 2022”, disse
Guilherme Possebon de Oliveira, diretor Financeiro e de Relações
fazer peças editáveis e com Investidores da Unicasa, única empresa brasileira de capital
aberto do setor moveleiro.
retomar alta registrada Mas, se o lockdown ajudou com as vendas, a retomada da ro-
durante a pandemia tina fora de casa, e de volta de boa parte das pessoas para o am-
biente de trabalho, contribuiu para que as vendas tivessem uma
retração neste ano. Nos primeiros seis meses de 2023, a movelei-
ra registrou faturamento de R$ 121,3 milhões, o que representou
Sérgio VIEIRA queda de 15% sobre os R$ 142,7 milhões reportados no mesmo

36 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 ção alemã, que começou a ser montada em 2020, e que vai garantir
a produção de peças mais editáveis, fora dos estilos modulares
pré-estabelecidos. “A gente de fato vislumbra que a empresa vai
crescer em longo prazo neste tipo de produto, como uma espécie
de alfaiataria do móvel. É oferecer um modelo milímetro a milíme-
tro, de acordo com o gosto do cliente”, afirmou o executivo. “É uma
opção mais customizada, sem qualquer limitação. Dá para fazer
qualquer modelo em qualquer espaço.”
Isso significa também uma melhor relação com o arquiteto, que
é o principal ponto focal com o consumidor final, principalmente
dos clientes da Dell Ano, que hoje registram tíquete médio na casa
de R$ 100 mil. Consumidores da New gastam em média R$ 40 mil,
e os da Casa Brasileira, na faixa de R$ 25 mil.
Os investimentos com a máquina na fábrica de Bento Gonçal-
ves (RS) somam R$ 100 milhões. Até aqui, já foram aportados
cerca de R$ 75 milhões. A conclusão da operação será em 2025,
quando a companhia completará 40 anos. “Hoje as peças passam
por uma máquina e depois vão para outra linha fazer a furação.
Com esse novo processo, isso vai ser feito diretamente. A gente
vai ganhar em tempo e produtividade”, disse Oliveira. “A tendên-
cia é que aumente a demanda por customização. Com a nova
máquina, vamos conseguir entregar e praticamente dobrar nossa
capacidade de produção nesse modelo.”

A DO MÓVEL
A eficiência também está conectada com práticas sustentáveis.
Em abril, a Unicasa conquistou o Certificado de Energia Renovável
e Panorama Sustentável, pela empresa de gestão de energia Ludfor,
que atesta o uso de fontes renováveis e valida a redução das emissões
de gases de efeito estufa. Desde que implementou as medidas, a
fábrica já deixou de emitir mais de 1,9 tonelada de CO2, o que cor-
responde ao plantio de 10,8 mil árvores. Um móvel praticamente
período de 2022. Ainda assim, quando le- exclusivo e sustentável, o caminho da Unicasa para estar ainda mais
vados em conta apenas os resultados nas presente nas casas brasileiras. Com sotaque gaúcho.
mesmas lojas nestes 12 meses (same store
sale), as vendas tiveram aumento de 8%, o
EFICIÊNCIA
que equalizou os desempenhos das lojas
E RAPIDEZ
novas e em maturação. Hoje são 154 reven- Nova linha de
das exclusivas das três marcas no Brasil produção na fábrica
(no fim do ano passado eram 163 unidades). em Bento Gonçalves
será concluída em
O que tem acontecido, na prática, é um alar-
2025, quando a
gamento no prazo para efetivação dos pe- companhia Unicasa
didos dos planejados e envio para a fábrica. completará 40 anos
Entre os fatores estão o efeito dos juros altos,
ainda que com tendência de queda, que
afeta o crédito. Isso significa que, muitos
dos que estão recebendo seus imóveis das
construtoras, estão postergando para con-
cluir as obras de decoração nos cômodos.
E, para voltar a crescer, a empresa deci-
diu investir ainda mais em sua marca pre-
mium, a Dell Ano, em uma linha de produ-

Dinheiro 08/11/2023 37
NEGÓCIOS

GESTÃO SEGURA DA L
Beto SILVA

E
stamos vivendo o melhor ano da
história da Liberty Seguros no
Brasil.” A declaração é da equa-
toriana Patricia Chacon, há qua-
se três anos presidente da com-
panhia que tem origem na Companhia
Paulista de Seguros Marítimos e Terres-
tres, criada em 1906, e que em 1996 foi
incorporada pelo Grupo Liberty Mutual,
um dos maiores do mundo do setor. A voz
segura e o semblante confiante com que
a executiva faz a declaração são ampara-
dos nos números. Desde quando assumiu
a liderança da operação brasileira, Chacon
fez o resultado aumentar exponencial-
Caminhamos para
mente. Nas receitas, alcançaram R$ 3,9
fechar o melhor ano
bilhões (2019), R$ 4,3 bilhões (2020), R$
da história em
4,5 bilhões (2021) e R$ 5,8 bilhões (2022).
termos de volume, Alta de 49% no período. Neste ano, já soma
de crescimento, R$ 3,3 bilhões apenas nos seis primeiros
de prêmios, de meses. Nos lucros, os números são igual-
rentabilidade e mente expressivos: R$ 172 milhões (2019),
de experiência R$ 249 milhões (2020), R$ 4,4 milhões
do cliente” (2021) e R$ 157 milhões (2022). No pri-
PATRICIA CHACON meiro semestre deste ano, o lucro já saltou
CEO DA LIBERTY BRASIL para R$ 319 milhões.
“Estamos caminhando para fechar o
melhor ano da história da companhia em
termos de volume, de crescimento, de
prêmios, de rentabilidade e de experiên-
cia do cliente”, disse. Para atingir esse
patamar, Chacon coloca em prática me-
todologia de gestão ágil, com forte pegada
em inovação, jornada fluída e foco no
cliente. Antes, porém, seu olhar está vol-

38 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

A LIBERTY
Operação brasileira da companhia aumenta lucro e receita
sob liderança da equatoriana Patricia Chacon, que aplica
processos ágeis e jornadas fluídas para colaboradores e clientes
tado para dentro, para “proteger o balan-
ço financeiro da companhia”. A expecta-
tiva é a de ultrapassar R$ 6 bilhões de
faturamento pela primeira vez.
No outro campo de visão de Patricia
Chacon está a experiência do cliente, so-
bre o qual se diz “apaixonada”. Para isso,
tem melhorado processos internos e usa-
do dados com modelos preditivos e ma-
chine learning, “para tomar melhores
decisões”. “Foram investidos R$ 100 mi-
lhões em tecnologia este ano. A interação
dos consumidores com ferramentas mais
céleres e intuitivas tem gerado maior en-
gajamento. Antes da pandemia, 60% das
interações eram feitas de forma digital.
Hoje são 87%. “Com isso, economizamos
tempo e atendemos melhor. E os outros
13%, em que há contato com nossos cola-
boradores, fazemos com muita qualidade.”
METAS CLARAS Isso ocorre porque
também há uma transformação “dentro
de casa”. O Portal do Corretor é um exem-
plo. As ferramentas passam por constan-
te atualização para que as cotações fiquem
mais amigáveis. Também há dicas inteli-
gentes para atrair clientes e manter a fi-
delidade dos que já estão com a Liberty.
“Temos 3 mil colaboradores. A alta lide-
rança trabalha com metas claras e uma
visão para capturar oportunidades de
negócios”, afirmou Chacon, que incentiva
o empreendedorismo de seus liderados e
empoderamento feminino.
Na outra ponta estão os lançamentos de produtos, com
participação dos funcionários. A fórmula é comum e eficiente:
a partir de perguntas simples, surgem respostas para criar pro-
dutos e gerar negócios. Qual a maior dificuldade para vender? A
indagação foi feita aos corretores em pesquisa interna. A maio-
ria dos retornos foi de que o custo do seguro não cabia no bolso
do cliente. Assim surgiu a Ali-
ro Seguro, marca da Liberty
mais acessível. “Já vendeu mais
de 1 milhão de apólices desde
2017”, disse a presidente. Com
um seguro mais barato, a ten-
dência seria de que os seguros
tradicionais da Liberty migras-
sem para a Aliro, certo? Errado!
O movimento é o contrário. A Aliro (que significa acesso em
esperanto) virou porta de entrada para novos consumidores da
Liberty. De janeiro a setembro de 2022 a migração de Aliro para
Liberty foi de 6,75%. No mesmo período deste ano foi de 10%.
Os seguros de automóveis são o carro-chefe, responsáveis
por 80% do faturamento. Os seguros de vida são 7%. O restante
é de residenciais, comerciais, de equipamentos agrícolas e de
serviços. Há ainda a linha de negócios de soluções de assistência
TESOURO 24 horas (guinchos e mecânicos, por exemplo) com a Fácil Assist,
Linha de negócios
empresa independente fundada em 2011 e incorporada ao Gru-
de soluções de
assistência 24 po Liberty Brasil em 2019. “É um dos nossos tesouros. O cliente
horas, Fácil Assist tem mais frequência de assistência do que de sinistros de segu-
possui 118 clientes ros.” A Fácil Assist faturava R$ 80 milhões quando foi adquirida.
corporativos e
Hoje a receita é de R$ 300 milhões anuais, com 118 clientes
1,3 milhão de
usuários atendidos corporativos e 1,3 milhão de usuários atendidos por ano. Assim
anualmente Patricia Chacon tem feito uma gestão segura na Liberty.
Dinheiro 08/11/2023 39
NEGÓCIOS

MARCA DE
PRESTÍGIO
Líder no mercado
premium no Brasil,
a BMW é
responsável por
quase 40% das
vendas da
Osten Group

OSTEN DIVERSIFICA
E FATURA R$ 1 BI
Representante das principais marcas premium do mercado
automotivo expande negócios às áreas de locação,
seguro e investimento para continuar a crescer
Angelo VEROTTI

40 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

A
indústria automobilística bra-
sileira tem se transformado ao
ritmo dos mercados mundiais.
Automatização das operações
fabris, digitalização dos pro-
cessos e introdução da eletrificação nos
modelos foram algumas das iniciativas ado-
tadas pelas montadoras nos últimos anos.
E as concessionárias, principal canal entre
as fabricantes e o consumidor final, também
têm inovado nos negócios e apostado na
diversificação de produtos para atrair os
clientes e ampliar o faturamento. Exemplo
disso é a Osten Group, representante de oito
marcas do segmento premium e que nos
últimos anos ampliou o portólio com solu-
ções de locadora, seguradora e uma acele-
radora focada em investimentos e desen-
volvimento de startups que vão ajudar a
companhia a alcançar um faturamento de
R$ 1 bilhão este ano. “Um crescimento de
25% em comparação ao ano passado”, afir-
mou à DINHEIRO Jorge Yamaniski Neto,
diretor-geral do grupo.
A história de Neto e da família com o
mundo automobilístico teve início em 2001
com a aquisição da concessionária Osten na
Zona Leste de São Paulo. Desde então, os
negócios só cresceram. A bandeira passou
a representar outras marcas de luxo do mer-
cado mundial, casos de BMW, BYD, Chrys-
ler, Dodge, Jaguar, Jeep, Land Rover e RAM,
entre os carros, além de BMW Motorrad e
Triumph Motorcycle, entre as motos. A
aquisição mais recente foi a concessão da
marca BYD. “Vamos inaugurar em breve
uma loja totalmente dedicada à BYD no
Tatuapé, em São Paulo, e outra em Santos”,
disse o executivo.
PARTICIPAÇÃO A BMW lidera o seg-
mento premium no Brasil. E a Osten Group
tem tirado proveito da soberania alemã. Dos
3,5 mil carros que devem ser comercializa-
dos pelas concessionárias do grupo este ano,
1,3 mil devem ser da marca. “A BMW vendeu
13 mil carros no País em 2022 e deve ir para
15,5 mil em 2023.” Além disso, do total de
veículos vendidos no último ano, 1,1 mil
foram elétricos.
CRESCIMENTO
CONTÍNUO
Diretor Jorge Neto
aposta na
comercialização de
modelos da BYD.
Empresa vai inaugurar
duas concessionárias
da bandeira chinesa
em breve: uma em
São Paulo e outra
em Santos
O potencial de negócios do grupo não está restrito à venda de
veículos, que deve representar de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões
da receita prevista para o ano. Desde 2020, a companhia apostou
em outro negócio no segmento: a assinatura e a locação de veículos
de luxo, por meio da Osten GO, com uma frota de 1 mil veículos. “O
segmento deverá representar de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões
do faturamento deste ano”, disse.
Na locação, o modelo é dividido em três categorias. GO Signa-
ture, um serviço de assinatura de veículos premium por prazo mais
longo, de 12, 24, 36 ou 48 meses. Faz parte deste segmento a assi-
natura compartilhada de veículos. Já o GO Fleet é uma solução de
terceirização de frota para empresas. E o GO Carsharing é o aluguel
de carros elétricos premium pelo aplicativo, voltado a quem faz a
locação de forma pontual, por exemplo, por um dia, ou até por hora.
O portfólio da empresa foi ampliado com a solução GO Seguros,
que oferece uma linha completa em coberturas, casos, por exemplo,
de seguro automotivo, residencial, previdenciário, vida e saúde.
“Atualmente, a gente está com 15% de conversão, sendo que o
mercado atinge 20%”, disse o diretor. Já a Osten Moove é uma
25%
Aceleradora Venture Studio Capital focada no desenvolvimento de
inovação e tecnologia juntamente com estratégias e planejamento
baseado no modelo de negócio de startup. O investimento previsto
até o fim deste ano é de R$ 10 milhões. A empresa inovou ao comer-
cializar carros elétricos com pagamento em criptomoeda.
O atual lançamento da Osten Group é a Revo-Eletric Revolution,
que visa dar suporte ao cliente na compra de um carregador elétri- DEVE SER O
co. Além disso, a empresa está instalando uma rede de postos de CRESCIMENTO
abastecimento elétrico que deverá alcançar 48 pontos na capital DE RECEITA DA
paulista, no litoral e interior de São Paulo. “Já instalamos 41”, disse
OSTEN GROUP
ESTE ANO.
Neto. O investimento total deve chegar a R$ 15 milhões. A compa-
LOCAÇÃO
nhia prevê também, para o primeiro semestre de 2024, a inaugu- ESTIMA
ração de uma flagship em Pinheiros, também em São Paulo: A Casa FATURAR
Osten, que terá exposição dos veículos, além de espaços para apre- ATÉ R$ 300
sentação de todas as soluções. O investimento deve ficar entre R$ MILHÕES
2 milhões e R$ 2,5 milhões. Um sinal de que parar de acelerar não
está nos planos de Neto. E muito menos da Osten Group.
Dinheiro 08/11/2023 41
NEGÓCIOS

MAIS ENSINO,
MENOS STREAMING
Pesquisa realizada com exclusividade para
a DINHEIRO pela TM20 Branding e Brazil
Pannels revela os hábitos que ganham e
perdem com uma retomada econômica
Celso MASSON

A
taxa de desemprego oficial do Brasil ficou em 7,7% no mês
de setembro. É o melhor índice desde fevereiro de 2015. Os AULA ON-LINE
dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Aumento do gasto
com educação é
Domicílios (PNAD) Contínua e foram divulgados pelo Ins-
oportunidade para
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística na terça-feira (31). empresas do setor
O crescimento no número de trabalhadores ocupados traz duas
boas notícias e uma nem tanto. A primeira é que, com mais gente
recebendo salário a tendência é haver aumento do consumo. A
segunda: mais consumo gera mais receita para as empresas, que
aumentam investimentos, inclusive contratando mão de obra. Tudo
isso contribui para elevar o Produto Interno Bruto, que este ano
deve ficar em torno de 3% (o governo federal sonha com 3,2%,
enquanto o Banco Central trabalha com alta de 2,9%). A notícia
não tão boa é que a inflação pode subir. Se ela ficar sob controle, o
Brasil terá um excelente 2023 na esfera econômica.
Mas como esses indicadores afetam o dia a dia dos brasileiros? categoria gastam atualmente, para depois apontar aquelas em que
Será que uma retomada se traduz em mudanças nos hábitos de poderiam gastar mais em um cenário de melhora.
consumo: Quais? Para responder a essas perguntas, a revista DI- Segundo Eduardo Tomiya, CEO da TM20 Branding, a melhor
NHEIRO encomendou uma pesquisa exclusiva à consultoria TM20 notícia vai para o setor de Educação. “Atualmente, ela representa
Branding e ao instituto Brazil Pannels. A ideia era mapear quais apenas 6,34% do gasto total dos brasileiros, mas há uma tendência
categorias de produtos e serviços que mais tendem a crescer neste de retomada, especialmente entre as classes A e B”, disse Tomiya.
momento de retomada. “A pesquisa de mercado entrevistou 593 Embora apareça apenas em quatro lugar na lista de candidatos a
pessoas com a metodologia CAWI (pesquisa digital em uma base possíveis aumentos de gastos, o setor se destaca por ser o último do
de 2,5 milhões de pessoas ativas), em uma cobertura nacional, e qual os entrevistados abririam mão caso precisem cortar despesas.
distribuída por faixa etária e classe social”, afirmou Claudio Vasques, Ainda segundo o especialista em marcas, a má notícia vai para os
CEO da Brazil Pannels. “Estimulamos os consumidores com se- planos de celular, internet, streaming de filmes. Para 18% dos que
guintes categorias: alimentação, habitação, saúde, transporte, responderam, esses seriam os primeiros gastos a cortar em um
vestuário, planos de celular/internet, lazer e educação”, disse momento de contenção de despesas. “Em um momento de crise,
Vasques. Os consumidores respondiam primeiramente em quais de fatos esses setores são os mais afetados”, afirmou.

42 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

 ONDE O BRASILEIRO
QUER GASTAR MAIS
Pesquisa quantitativa ouviu 593 pessoas nas cinco
regiões do Brasil, das classes ABCDE,
em todas as faixas etárias acima de 18 anos

16 a 29 anos 30 a 44 anos 45 a 59 anos 60+

Atualmente, as categorias em que
há mais gastos são alimentação e
17,7% 17,7% 17,7% 25,0% 15,3% 17,5% 22,2% higiene (30,82%). Elas
continuariam a liderar as despesas
em caso de melhora no poder
aquisitivo. Planos de internet,
35,8% 34,3% 36,9% 31,7% 34,3% 36,6% 44,4% celular e streaming seriam os
primeiros afetados em um
eventual corte de despesas.
35,1% 35,8% 34,5% 26,7% 40,1% 35,4% 17,8% A área de educação, que hoje
consome 6,34% dos gastos,
passaria a ocupar a quarta
11,5% 12,2% 10,9% 16,7% 10,3% 10,6% 15,6% posição, consumindo 11,72% do
orçamento em caso de melhora na
renda dos brasileiros
Total Homem Mulher Classe A Classe B Classe C Classe D E

GASTO ATUAL CENÁRIO NEGATIVO CENÁRIO POSITIVO

Alimentação Outros Outros Alimentação Outros
1,18
Plano de celular,
e Higiene
30,82 0,84 internet,
streaming de
e Higiene
29,93 0,39
EDUCAÇÃO filmes ou música EDUCAÇÃO Transporte
Habitação
6,34 18,63 4,67 Saúde
3,74
16,39 Lazer Transporte
20,32 Plano de celular,
Lazer
Saúde
8,22 16,72 8,71 Lazer internet,
10,38 Alimentação e Saúde
13,69 streaming de
filmes ou
Plano de
Transporte celular, internet, Higiene 9,08 EDUCAÇÃO música
9,11 streaming de
filmes ou
14,67 Habitação
11,72 3,79
Vestuário e música Vestuário e 12,31 Habitação Vestuário e
calçados
8,92 calçados 9,22 calçados
8,98 14,02 7,20

OS CONSUMIDORES NA RETOMADA,
EM UM QUAIS AS
RESPONDIAM MOMENTO DE
PRIMEIRAMENTE CATEGORIAS EM
CRISE, QUAL QUE VOCÊ
EM QUE CATEGORIA CATEGORIA VOCÊ
MAIS GASTAM AUMENTARIA
DESCARTARIA? O CONSUMO?
ATUALMENTE

Dinheiro 08/11/2023 43
ESG

O SÍNDICO DO
PARQUE IBIRAPUERA

MAIS SUSTENTÁVEL
Concessionária
comandada por
Capobianco investiu
no local R$ 130 milhões
em três anos em projetos
de revitalização e ainda
planeja aportar mais
R$ 70 milhões até 2025

44 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: MARCO ANKOSQUI

ROBERTO CAPOBIANCO ESTÁ À FRENTE
DA URBIA PARQUES, RESPONSÁVEL PELA
GESTÃO DO ESPAÇO VERDE PAULISTANO.
EXPECTATIVA É ENCERRAR O ANO COM
FATURAMENTO DE R$ 100 MILHÕES
Sérgio VIEIRA
E
m meados da década de 1940, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, o então jovem militar e futuro engenheiro
Júlio Capobianco (que em 1955 fundaria a Construcap)
adorava acampar na região onde hoje está o Parque
Ibirapuera, em São Paulo. Naquela época, nem de
longe lembrava a estrutura que conhecemos atual-
mente. Oficialmente, ele nem existia. Era literalmente uma
várzea. Mas ficava claro, naquele período, a paixão de Júlio (que
completa 101 anos dia 22 de novembro) com a causa ambiental.
Essa proximidade com o local seguiu firme, e o parque tornou-se
uma das principais referências de passeio com os sete filhos.
Tanto é que um deles virou ambientalista,
João Paulo Capobianco, atual secretário-
-executivo do Ministério do Meio Ambien-
te e Mudança do Clima, o primeiro nome
abaixo de Marina Silva. Mas esta história
é sobre outro filho, Roberto Capobianco,
atual comandante da Construcap e presi-
dente da Urbia Parques, concessionária
que assumiu, há exatos três anos, justa-
mente a gestão do Ibirapuera. A concessão,
de 35 anos, vai até 2055.
Além dos fatores ambiental e sentimental, a concessão do
parque tem se mostrado um ótimo modelo de negócio, ao con-
trário do que muita gente dizia à época, quando ele participou
da concorrência da Prefeitura de São Paulo. “Fui chamado de
louco e diziam que eu tinha pagado R$ 70 milhões (que foi o
valor da outorga) para cortar grama. Mas a gente tinha um mo-
delo de negócios bem definido”, disse Capobianco à DINHEIRO.
De fato, os números mostram que de louco ele não tinha nada.
Para se ter uma ideia do quanto um parque pode gerar resultado,
a expectativa é de que a Urbia encerre o ano com R$ 100 milhões
de receita com o Ibirapuera. O faturamento está concentrado
em quatro pilares: patrocínios de empresas em ações sustentá-
veis (como a da Braskem), que responde por cerca de 40% do
total, eventos, ativações de marcas e setor de alimentos & bebi-
das. “Essa sempre foi uma demanda do público, que não tinha
opções de comida e bebidas. Estamos
criando toda essa infraestrutura, que está
crescendo muito.”
No período, foi inaugurado o Restau-
rante Selvagem, e há planejamento de
entrega, no ano que vem, de um restau-
rante italiano (Bottega Bernacca) e mais
um estabelecimento, ainda não definido.
A Urbia também recuperou as pistas de
corrida, que hoje são patrocinadas e cons-
truiu uma pista de skate, com apoio da
Nike. Tudo isso com entrada gratuita.
“Quando entramos, tivemos de lidar com
uma polêmica na época, já que diziam que
haveria cobrança de ingresso. E isso nun-
ca foi verdade.” Fora outros ganhos que
os frequentadores passaram a ter. Na par-
ceria com a Braskem, está o gerenciamen-
to adequado dos resíduos gerados pelos
frequentadores, o que inclui a instalação
de uma central de reciclagem. Desde o
início da concessão, foram coletadas 10.747
toneladas de resíduos, somando recicláveis
e não recicláveis.
Antigamente eu vinha ao parque
a lazer. Agora eu venho a trabalho.
Nossa família quer deixar um
legado para a cidade de São Paulo”
ROBERTO CAPOBIANCO, PRESIDENTE DA URBIA
“Temos todos os preceitos das práticas
ESG. E as marcas têm interesse em estar
com a gente”, disse Capobianco. Neste
ano, a Urbia conseguiu adotar o modelo
de aterro zero no parque. A iniciativa con-
templa formatos de reuso, como a geração
de adubo, que utiliza resíduos orgânicos,
e aproveita o coco verde vendido e consu-
mido no parque. O plano de investimentos
no Ibirapuera é audacioso: chegar a R$
200 milhões aportados até 2025. De 2020
até agora, já foram alocados R$ 130 mi-
lhões, principalmente na revitalização
ambiental e na modernização de equipa-
mentos. O custo operacional do Ibirapue-
ra gira em torno de R$ 65 milhões por ano.
Dinheiro 08/11/2023 45
ESG

RESPEITO AO
MEIO AMBIENTE
Parque Ibirapuera,
em São Paulo, tem
central de reciclagem
para destinação
correta de resíduos;
público tem
1,5 mil bicicletas
para locação

Dos 70 milhões restantes dos investimentos previstos, a maior
parte será aplicada no ano que vem, quando a cidade de São
Paulo completará 470 anos e o Ibirapuera chegará aos 70 anos.
Entre as atrações, o relançamento do Planetário, a criação de
um selo comemorativo e uma série de atividades culturais.
A empresa também realizou financiamento junto ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no
valor de R$ 243 milhões, por meio do Fundo Clima, vinculado
ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Além de
obras de restauração de edifícios tombados, o recurso será em-
pregado em infraestrutura, acessibilidade, recuperação ambien-
tal e segurança. Hoje existem 200 câmeras de monitoramento.
O horizonte de crescimento na receita no parque está dire-
tamente relacionado ao aumento significativo do volume de
frequentadores. A expectativa é de que o Ibirapuera feche o ano
com cerca de 17 milhões de visitantes. No ano passado, foram
14,5 milhões. Somente no feriado prolongado de 7 de Setembro
deste ano (quinta-feira a domingo), o Ibirapuera recebeu 600
mil pessoas. Para ter uma ideia do que representa este volume,
em setembro inteiro de 2022 foram 800
mil. “O parque é muito agradável. Todo
mundo quer passear no Ibirapuera, seja
morador de São Paulo ou turista.”
CONCESSÕES No fim do ano passado,
a empresa associou-se ao Grupo Cataratas
na administração do Parque Nacional do
Iguaçu, no Paraná. Em São Paulo, além do
Ibirapuera, a Urbia também assumiu, no
pacote da concessão da Prefeitura, a ges-
tão de outros cinco parques paulistanos,
de menor tamanho e menos centrais. “É
um projeto de inclusão, de levar os mesmos
serviços para esses parques mais distantes.
Fazemos manutenção cuidadosa desses
espaços também”, disse o executivo. Como
forma de criar mais uma receita relacio-
nada ao espaço público, a Urbia criou um
circuito (o 3 Parques em 1 Dia), que inclui
passeios no Horto Florestal, Cantareira

NÚMEROS DO PARQUE
(também administrados pela empresa,
mas em parceria com o Estado), além do
Ibirapuera, iniciando por uma visita mo-
nitorada, chamada Ibiratour, e saída para
os parques na Zona Norte de São Paulo,
realizadas aos sábados, com datas divul-
gadas previamente.
Capobianco não esconde que o Ibira-
Previsão de puera continua sendo um de seus locais

17 preferidos de São Paulo. Mas agora a visão

Inaugurado
1.500 é outra. “Antigamente eu vinha a lazer.

314 de 16 mil bicicletas milhões

Área de
em 21 de Agora eu venho a trabalho. Nossa família
agosto de 1.584.000 espécies 200 para de visitantes quer deixar um legado para a cidade. E não
1954 m² animais árvores câmeras aluguel em 2023 poderia ser mais significativo do que cui-
dar do Ibirapuera.”

46 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

 Chegou a nova
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Motor Show
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10
PERGUNTAS PARA

BÁRBARA
TOLEDO
“INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL
PRECISA SER
TREINADA
COM BASE NA
C
om currículo
diverso, que vai do
processamento de
dados ao marketing,
Bárbara Toledo acaba de se tornar
a nova diretora da Estratégia de
Consumo & Varejo para a Intel
América Latina. A executiva
tem 20 anos na multinacional
DIRETORA DE REALIDADE de tecnologia, cuja receita no
ESTRATÉGIA E terceiro trimestre foi de US$ 14,2
CONSUMO E E LIVRE DE bilhões — analistas esperavam
US$ 13,5 bilhões. Assumidamente
VAREJO PARA VIESES” apaixonada pela área de tech,
INTEL AMÉRICA em entrevista à DINHEIRO
Bárbara falou sobre os principais
LATINA Victória RIBEIRO motivos por trás da importância
estratégica da região e,
principalmente, sobre inteligência
artificial (IA). De acordo com ela,
a expansão de mercado é um de
seus principais desafios no novo
cargo. “Espero fazer com que a
Intel tenha um olhar especial para
a América Latina”.

Na sua avaliação, qual a

importância estratégica do
Brasil e da América Latina
quando se trata de consumo?
É um mercado muito relevante.
Se nós observarmos o volume
de vendas de PCs, temos o Brasil
ocupando a quarta posição
[global]. Internamente, eu brinco
com o pessoal e digo que há um
certo conservadorismo. Há uma
perspectiva de crescimento de
um dígito para o ano que vem,
mas acredito que vamos além.
Ao mesmo tempo, um segmento
que tem crescido bastante, que
a Intel também tem investido
na América Latina, trazendo
inclusive campeonatos globais,
é o mercado gamer. É um
mercado em evolução e no qual
acreditamos muito.

E quando o assunto é varejo?

A gente tem grandes varejistas.
Lembro de uma conversa com o
time global em que questionei

48 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: DIVULGAÇÃO

se conheciam a maior influenciadora
digital do mundo. Eles responderam
‘como assim?’. Mostrei a eles a Lu, do
Magalu, em uma foto na Times Square.
É uma superinovação em termos de
comunicação, posicionamento do varejo
local. Quando falamos do modelo de
vendas, a gente tem o marketplace
superdesenvolvido no Brasil. Falamos de
grandes varejistas globais, como é o caso
da Amazon, mas temos uma multinacional
latino-americana que está transformando
o modelo de vendas e revolucionando a
questão logística em diferentes países,
que é o Mercado Livre. Esses dois são
ótimos exemplos sobre o potencial
brasileiro e sobre a importância que
damos para a construção de parcerias.
Atualmente, a Intel está focada em
quais soluções? A IA é uma delas?
Quando se trata de soluções de
software, inteligência artificial é um dos
grandes assuntos. E o lema da Intel é
que nós estamos democratizando a IA,
disponibilizando nossas arquiteturas com
antecedência para os desenvolvedores,
para que eles possam tirar o melhor dos
produtos que vão chegar ao mercado
brasileiro no final de 2024, 2025, para que
o sistema esteja pronto e possa entregar
uma melhor experiência para o usuário.
Por falar em IA… o que está por vir?
Nós sempre falamos de CPU, que é a
unidade central de processamento.
Agora, em um único chip, você passa a
ter três unidades diferentes. CPU, que
todo mundo já conhece, a GPU, que é
a unidade de processamento gráfica,
e também a NPU, que é a unidade de
processamento que vai garantir o que nós
chamamos de TOPS, ou seja, o número
de transações necessárias para garantir
uma boa experiência em IA. Essa evolução
tecnológica e essa capacidade oferecida
pela Intel de embarcar com um único chip
em diferentes sistemas vão garantir outro
nível de experiência. Estamos falando
de notebooks mais compactos, que vão
usar menos energia e ter uma capacidade
muito maior. É justamente nesse processo
que estamos focados agora e é isso que
vocês vão ouvir falar cada vez mais.
O brasileiro está pronto para o uso
dessa tecnologia?
Eu acho que está caminhando. Dentro
da lógica de varejo, eu posso mencionar
dados de vendas de notebooks no Brasil.
Mais de 80% são on-line. É um número
bem maior que nos EUA. No marketing,
nós trabalhamos com a intenção de
melhorar a experiência do usuário.
A regulamentação da IA é uma das
pautas no Congresso. Como o Marco
Legal para IA pode impactar a Intel?
A Intel tem políticas muito
importantes com relação à diversidade,
sustentabilidade e quando nós dizemos
que estamos democratizando a IA é
no ponto de vista de disponibilizar a
tecnologia para todos os desenvolvedores
de software, facilitando a inovação. Nós
sempre trabalhamos com plataforma
aberta justamente para isso. Nosso
pilar de diversidade, inclusão e
responsabilidade social tem um papel
muito forte para garantirmos que pessoas
que estão escrevendo essas linhas de
código sejam pessoas que representem a
sociedade. A IA precisa ser treinada. E ela
precisa ser treinada em cima da realidade.
Então nós estamos participando dessas
discussões e sempre trazemos o ponto
da importância de ter uma visão aberta,
democrática e diversa para que a IA seja
ética e para que ela não tenha vieses que
possam, de repente, nos direcionar a
caminhos não desejáveis.
Quais os impactos da América Latina
nas receitas da Intel? Quais os
produtos mais consumidos?
Quando a gente fala do consumo
na América Latina, a gente trabalha
com sazonalidades que vão depender
muito de governo, educação, saúde.
Hoje eu diria que nossa receita ainda é
majoritariamente focada em notebooks
para o usuário final, seja ele corporativo,
seja ele o consumidor final. Então é
uma unidade de negócio relevante. Há
muito tempo eu escuto aquela história
de que o “PC morreu”, mas ninguém
consegue matar o PC. Você sempre
vai ter dispositivos complementares
e provavelmente estaremos cada vez
mais conectados. É o smartwatch, é o
smartphone, é a smart TV. E o PC acaba
sendo o centro de tudo isso.
Considerando o fato de que mulheres
representam menos de 20% dos
cargos de tecnologia, como você avalia
a importância da diversidade, e não
apenas de gênero, para a área?
A diversidade é essencial. Um dos
exemplos disso é que um dos líderes de
vendas de celulares na África tem como
grande diferencial ter desenvolvido
localmente um recurso próprio para
selfies de pessoas de pele negra. Esse
simples detalhe trouxe uma explosão
de oportunidades no continente inteiro.
É um exemplo que, por si só, explica a
importância da diversidade. Nós somos
diversos, possuímos características
diferentes. E muitas vezes, a diversidade é
uma oportunidade de negócio. Além disso,
quando você exclui parte da população é
essa parte que deixa de gerar PIB.
Quais seus objetivos no novo cargo?
Falando de forma até pessoal, um dos
meus principais objetivos é fazer com
que a Intel tenha um olhar especial
para a América Latina. É uma região
de muitas oportunidades. Então, um
dos meus grandes objetivos é fazer
com que o time global enxergue essa
oportunidade para a gente cada vez mais
viabilizar investimentos. Acho que esse
é o crucial. Em segundo lugar, a gente
não faz nada sozinho. Então, aumentar
as parcerias, seja com os varejistas ou
com o ecossistema dos fabricantes de
computador, com os desenvolvedores
de software, para que a gente possa ter
inovação acontecendo aqui no Brasil.
E quando se trata de desafio?
O principal é expansão de mercado.
Eu tenho dedicado muito tempo para
entender os outros mercados e traçar
paralelos. O Brasil, por exemplo, depende
muito da fabricação local por causa da
taxação. Isso não acontece no restante da
América Latina. Então, esse gap diminuiu,
mas a gente ainda vê a inovação chegar
mais rápido nos outros países do contexto
Latam do que aqui.
Dinheiro 08/11/2023 49
Dinheiroembits POR VICTORIA RIBEIRO

TEMPO
ON-LINE
(média diária em horas)

9:29 9:25 9:07 8:57 8:48

8:29 8:20 8:14 8:04 8:02 7:49 7:48
7:45 7:37 7:36 7:34 7:

A Meltwater, em parceria com a We Are Social, acaba

de lançar os dados do Relatório Global Statshot
Digital 2023 de outubro Segundo a pesquisa, o Brasil
gasta em média nove horas por dia navegando na Africa do Filipinas Argentina Malásia Egito México Taiwan Turquia Isra
internet, 35,91% a mais que a média mundial, Sul
atrás apenas do tempo gasto por sul-africanos Brasil Colômbia Chile Rússia Tailândia Portugal Bulgária Emirados
A.U.

AMAZON: FORÇA NA EUROPA META: LUCRO ALÉM DO DOBRO

A Amazon tem mais de 181 milhões de usuários na União A Meta Platforms, controladora de Facebook, Instagram e
Europeia, afirmou a empresa através do seu primeiro relatório WhatsApp, informou seus resultados trimestrais na quarta-feira
de transparência. A população total dos 27 países do bloco (25). A receita de julho-setembro deste ano foi de US$ 34,1
soma 448 milhões de pessoas — ou seja, 40% estão na bilhões (alta de 23% sobre o terceiro trimestre de 2022). Mas o
gigante americana. Em agosto, a Lei de que surpreendeu foi o lucro líquido de US$ 11,6 bilhões (alta de
Serviços Digitais do bloco de países 164% em comparação ao mesmo período do ano passado).
(DAS-Digital Services Act) impôs “Tivemos um bom trimestre e estou orgulhoso do trabalho que
novas regras sobre moderação nossos times fizeram para avançar tecnologias de inteligência
de conteúdos, privacidade dos artificial e realidade expandida do Quest-3, os óculos Ray-Ban
usuários e transparência para inteligentes da Meta e o nosso estúdio de IA”, afirmou o CEO
empresas consideradas da Meta, Mark Zuckerberg no relatório de resultados. O grupo
como plataformas on-line tem 2 bilhões de usuários ativos diários e 3 bilhões mensais.
de grande dimensão, que
foram definidas como
tendo mais de 45
milhões de usuários UBER:
na UE. Apesar de ter
contestado sua inclusão VIAGENS
no grupo, acabou
cedendo. A empresa
SEM
também afirmou que
emprega diretamente mais
MOTORISTAS
de 150 mil pessoas na região.

50 Dinheiro 08/11/2023 INFOGRÁFICO: FABIO X | FOTOS: EBERHARD GROSSGASTEIGER/PEXELS | UNSPLASH | ISTOCK | DIVULGAÇÃO
 MÍDIAS SOCIAIS NO PA P O D I G I TA L
TEMPO TOTAL ON-LINE
(em %) Geraldo Guazzelli, diretor-geral Netscout Brasil
De acordo com pesquisa realizada pela
Indonésia 42,7 Netscout, empresa focada em soluções de
cibersegurança sediada em Massachusetts
Arábia Saudita 42,0 e que tem mais de 3 mil clientes em 120
México 41,8 países, o Brasil é vice-líder global em
ataques DDoS. No primeiro semestre de
Brasil 39,6 2023, foram 328.326 ataques do gênero,
atrás apenas dos Estados Unidos.
Filipinas 39,5
Chile 39,3 Quais os motivos que levam o Brasil a ser
o segundo país em ataques DDoS?
:34 7:31 7:25 7:17 7:01 Turquia 38,6 O Brasil entrou definitivamente no mundo digital
6:41 Emirados A.U. 38,3
com a abertura do mercado de telecomunicações à
iniciativa privada, levando de forma massiva acesso e
Vietnã 38,2 serviços a toda a população e ao mundo empresarial. Com
infraestrutura disponível e acessível, os serviços digitais se
Colômbia 37,8 expandiram exponencialmente. Desse modo, o Brasil se tornou um
território fértil para hackers, seja como alvo ou gerador de ataques.
África do Sul 37,8
Argentina 36,6 Mesmo havendo economias bem mais robustas que a nossa?
A maior importância do Brasil no cenário político e econômico

Israel Estados Média

China 36,5 global trouxe mais exposição e visibilidade. Atividades nas redes

36,3
digitais estão muito relacionadas à visibilidade de um país no
Unidos Mundo Índia cenário global. Estamos muito acostumados a ver ou ouvir sobre
rados
.U.
Indonésia Arábia
Saudita Média Mundo 35,9 técnicas associadas ao DDoS como cortina de fumaça para distrair
e ocupar equipes de segurança e monitorar redes com o objetivo de
invadir e encriptar servidores ou extrair dados, seguidos de pedidos
de resgate. Literalmente crimes financeiros digitais.

GOOGLE MAPS: REALIDADE

AUMENTADA NO BRASIL
O Google Maps está recebendo uma atualização com
novos recursos alimentados por IA para facilitar pesquisas
e explorar rotas. Como parte do anúncio, o Google
compartilhou que também está trazendo o Lens in Maps
(conhecido antes como Search with Live View) para mais
de 50 novas cidades, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.
O recurso usa IA e realidade aumentada para facilitar a
compreensão do ambiente ao redor e consegue encontrar
informações sobre os arredores, como caixas eletrônicos,
pontos de transporte público e restaurantes apenas
apontando a câmera do celular.
Clientes da Uber da região metropolitana de Phoenix
(EUA) têm, desde a última quinta-feira de outubro,
a opção de viajar em veículos totalmente autônomos.
A possibilidade vem de uma parceria firmada entre a
multinacional e a Waymo, empresa de desenvolvimento
de tecnologia para carros autônomos da Alphabet,
dona do Google. A cidade do estado do Arizona
é a primeira onde a Uber implementou o acesso
aos veículos sem motoristas.
Entre os setores, quais são os mais visados?
Naturalmente os de maior visibilidade e invariavelmente
encabeçados pelos provedores de serviços, sejam eles fixos ou
móveis. O mundo financeiro. Quem mais investe em serviços digitais
mais exposto fica. Nessa linha, vemos também e-commerce e
healthcare sendo afetados com frequência. No mundo digital,
não existe trégua. A batalha é diária e jamais deve ser desprezada.
Quais os riscos e consequências?
Primeiramente a indisponibilidade dos serviços e, em muitos casos,
pedidos de resgate para “devolver” o acesso. Risco de extração de
dados pessoais e o respectivo domínio por terceiros têm sido muito
frequentes também. Estamos falando não apenas da perda de
receita durante o período de indisponibilidade, mas também de
possíveis custos com a recuperação da imagem e credibilidade,
custos legais associados a processos de pagamento de resgate
para obtenção da chave para desencriptar os dispositivos afetados.
E os possíveis meios para lidar com ataques DDos?
Ter visibilidade total do tráfego de redes, seja ele da internet ou
interno. O segundo passo é assegurar que a equipe esteja sempre
preparada. Não existe maré tranquila. O tema de DDoS não se trata
de “se” eu serei alvo, mas sim sobre “quando” eu serei alvo.

Dinheiro 08/11/2023 51
TECNOLOGIA
UNICÓRNIO COM DNA MEXI
C
riada no Vale do Silício em
INCODE, 2015, a Incode, plataforma
STARTUP de verificação e autentica-
ção de identidade baseada
AVALIADA EM em inteligência artificial, acaba de
US$ 1,25 BILHÃO, iniciar operação física no Brasil com
abertura de escritório na capital
ATUA COM paulista. Depois de uma segunda
TECNOLOGIA DE rodada de investimentos, há dois
anos, ela está avaliada em US$ 1,25
IDENTIFICAÇÃO bilhão. O salto está totalmente vin-
DIGITAL PARA culado à pandemia de Covid 19 ­— na
época, o processo manual de valida-
MINIMIZAR ção de identidade nas instituições
FRAUDES financeiras passou a ser substituído
por inteligência artificial (IA) e ma-
chine learning. Segundo Ricardo
Victoria RIBEIRO
Amper, fundador e CEO da Incode,
a chegada ao Brasil tem relação com
a existência de indústrias suscetíveis
52 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO
à fraude e com a estratégia de expansão na América
Latina. E há um terceiro ponto: o nível de sofisticação
de fintechs também é visto como grande oportunidade.
“Esperamos nos tornar aliados estratégicos em segu-
rança cibernética”, afirmou o CEO à DINHEIRO. Cria-
da nos EUA, a Incode traz no DNA raízes latino-ameri-
canas (Amper nasceu na Cidade do México).
Entre as soluções oferecidas pela empresa, que já
atende clientes brasileiros como Nubank e Rappi, estão
incluídas a verificação de identidade a partir de bases
governamentais e o facematch, em que a pessoa tira uma
selfie e a IA verifica se a foto coincide com aquela utili-
zada no documento de identificação – um serviço em
geral que precisa ser bem aprimorado, porque a quan-
tidade de tentativas para um match ainda costuma ser
cansativa. Entre as vantagens pontuadas por Amper está
a otimização do tempo. Fica tudo por conta da IA: cole-
ta de imagem, processamento, reconhecimento e libe-
ração. “Apenas a tecnologia vai ser responsável por dizer
se você é quem diz ser”, afirmou. Isso permite que usu-
 O maior impacto que a indústria de
identidade pode ter é gerar confiança
entre pessoas, empresas e instituições”
RICARDO AMPER,
FUNDADOR E CEO DA INCODE
XICANO CHEGA AO BRASIL
ários se cadastrem de forma cinco vezes mais rápida e
tenham taxa de sucesso de mais de 40% no onboarding.
Mais do que o tempo, porém, a principal vantagem é a
redução de fraudes.
TENTATIVAS Amper, que possui mais de 20 anos de
experiência como empreendedor, afirma que o proces-
so de verificação da Incode Omni Platform gera um
modelo de rosto biométrico que é traduzido em um
código alfanumérico criptografado, o que significa dizer
que ela não armazena fotos de rostos, mas sim converte
o modelo em códigos que não podem ser hackeados ou
vinculados a uma pessoa física. “A partir disso, conse-
guimos reduzir fraudes em autenticação de verificação
de identidade em até 99%”, disse o CEO, que ressalta
que o Brasil sofre 2,8 mil tentativas de fraude financei-
ra por minuto segundo dados do Banco Central. “A região
latino-americana, em geral, possui muitos novos usuá-
rios e os bancos de dados não estão tão desenvolvidos,
por isso há um nível significativo de fraude.” A cripto-
grafia, de acordo com ele, também é um diferencial que
minimiza o potencial da IA em perpetuar preconceitos
gerados pelo reconhecimento facial.
Amper considera a regulamentação em torno das
tecnologias como importante para garantir a privacida-
de e a proteção das pessoas, mas acredita que a atribui-
ção de um rótulo binário, “bom ou mau”, pode ser pre-
judicial. Além disso, o CEO afirmou que a falta de
conhecimento é outro problema. “Muitas pessoas con-
fundem tecnologia de reconhecimento facial com tec-
nologia de vigilância. São duas coisas muito diferentes”,
disse. Mesmo com as pautas de regulamentação se
tornando cada vez mais comuns e universais, o execu-
tivo afirmou que a expansão da Incode está atrelada ao
compromisso com as leis locais e que, provavelmente,
as identidades físicas serão substituídas em breve. “O
maior impacto que a Incode e a indústria de identidade
em geral podem ter é gerar confiança entre pessoas,
empresas e instituições. A confiança é o elemento central
para propiciar um sistema mais democrático”.
Dinheiro 08/11/2023 53
Cobiça POR CELSO MASSON

AINDA HÁ TEMPO PARA RESERVAR SEU RÉVEILLON EM UM HOTEL CINCO ESTRELAS

Quem vive em São Paulo e não pretende sair da
capital para celebrar a chegada de 2024 ou mora
em outra cidade e quer justamente aproveitar o
contrafluxo para se hospedar em um dos hotéis
mais badalados da maior metrópole sul-americana
ainda pode encontrar um pacote com hospedagem,
ceia e até balada. Entre as opções está o banquete
em seis tempos assinado pelo estrelado chef
francês Jean-Georges Vongerichten em parceria
com o brasileiro Filipe Rizzato no Palácio Tangará. O
pacote de duas diárias para duas pessoas custa R$
15.958 e dá direito a champagne Ruinart, café da
manhã, late checkout e o brunch no dia 1º de janeiro.
Pelo mesmo valor, é possível virar o ano ao som de
música ao vivo e DJ no Salão Cristal, com bufê
acompanhado de Moët & Chandon open bar. Em
outro endereço, vizinho à Avenida Paulista, o
Renaissance São Paulo Hotel terá jantar no Terraço
Jardins (a partir de R$ 1.110 por pessoa, com
bebidas) e show de Tecca Maris. O valor não inclui
hospedagem, que parte de R$ 3.520. Já para quem
faz questão de pular as sete ondinhas à meia-noite
e assistir à queima de fogos de Copacabana, a dica
é o Emiliano Rio. Os pacotes de hospedagem e festa
podem ser encontrados a partir de R$ 23.800 no
site reservas@rj.emiliano.com.br.

CRUZEIRO

OCEANIA CRUISES ANUNCIA NOVAS ROTAS PARA 2025

Com capacidade para apenas 670 viajantes, o navio boutique
Regatta, operado pela Oceania Cruises, oferecerá sete novas
viagens para o verão de 2025. Com ênfase na gastronomia, os
itinerários foram elaborados para oferecer os sabores
inconfundíveis do Havaí e da Polinésia Francesa. Como já é tradição
nos destinos da operadora, os hóspedes poderão experimentar o
que há de mais luxuoso em alto mar. São quatro restaurantes
gourmet, além de oito lounges e bares a bordo. Para relaxar, o
Aquamar Spa + Vitality Center oferece tratamentos assinados,
enquanto uma biblioteca (algo raro em cruzeiros) apresenta uma
seleção de livros de arte. Reservas: pt.oceaniacruises.com

54 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 RELÓGIO
HOMENAGEM AOS
40 ANOS DO PRIMEIRO
CRONÓGRAFO A QUARTZO
BEBIDA
THE MACALLAN ON THE ROCA
Proprietários do mítico El Celler de Can
Roca, considerado um dos melhores
restaurantes do mundo, os irmãos Roca,
da Catalunha, acabam de lançar uma
nova colaboração com a destilaria
escocesa The Macallan. Distil Your
World Mexico é o nome da cocriação,
inspirada no tradicional Dia dos Mortos
mexicano, a festa popular do país. Como
bons cozinheiros, os Roca buscaram ir
além dos aromas e sabores típicos de
um puro malt e desenvolveram uma
receita que traz notas do pão doce
polvilhado de açúcar que é servido nas
celebrações de finados no México, além
de baunilha e abacaxi. Preço: R$ 11.500.
Foi em 1969 que a fabricante
japonesa Seiko apresentou ao
mundo o primeiro relógio a quartzo,
o modelo Astron. Mas essa
tecnologia só chegaria aos
cronógrafos bem mais tarde, em
1983. Para celebrar os 40 anos da
data, quatro novos modelos
chegam ao mercado em edições
limitadas de 4 mil unidades. A linha
Speedtimer Cronógrafo Solar
herda o design de modelos das
décadas de 1960 e 1970, mas
emprega novos recursos de ponta
também desenvolvidos pela Seiko
para garantir maior precisão. Um
deles, inclusive, foi apresentado no
Campeonato Mundial de Atletismo
Budapeste 2023. Os preços
sugeridos partem de R$ 6.499.
DESIGN
OS TAPETES DE
RODRIGO OHTAKE
PARA A PUNTO E FILO
O sobrenome famoso está no
escritório que carrega o DNA da
família. “É impossível
desassociar esse legado”,
afirmou Rodrigo, neto da artista
plástica Tomie e filho do
arquiteto Ruy Ohtake ao
apresentar a linha Meandros,
sua segunda coleção de tapetes
para a grife Punto e Filo. As
referências aparecem
na fluidez do traço e na
sinuosidade das formas,
desenhadas a mão livre. Entre
os materiais está o Econyl®,
desenvolvido na Itália a partir da
reciclagem de produtos
de náilon descartados em
oceanos e aterros. Informações:
puntoefilo.com.br.
Dinheiro 08/11/2023 55
ESTILO

UM NOVO OLHAR
Reconhecido pela
excelência em hospitalidade
e gastronomia, Grupo Toriba

SOBRE CAMPOS
inaugura Parque Bambuí,
seu novo complexo de lazer,
e cria suíte de luxo em um
vagão de trem restaurado

DO JORDÃO Celso MASSON

C
onstruído na década de 1940 para
proporcionar uma experiência de
turismo de luxo à elite paulistana
que não podia viajar à Europa devi-
do à Segunda Guerra, o hotel Toriba,
em Campos do Jordão, consolidou ao lon-
go de sucessivas décadas uma reputação
de excelência em hospitalidade e gastro-
nomia. Seus fundadores, o alemão Ernes-
to Diederichsen, que no Brasil se tornou
um destacado empresário do setor têxtil,
e o industrial Luiz Dumont Villares, que
produzia aço e elevadores, possuíam vastas
áreas de florestas ainda intocadas na região,
onde a altitude chega a 1.780 metros. Cria-
ram um refúgio alpino cercado de nature-
za. Por gerações, o Toriba manteve sua aura
de requinte e bom gosto, com amplas suí-
tes, um restaurante cujas paredes preser-
vam afrescos do pintor italiano Fulvio
Pennacchi (1905-1992) e um tradicional
chá da tarde em que récitas de música clás-
sica atraíam famílias da alta sociedade.
Apesar de sua história de charme e so-
fisticação, o Toriba andou meio decadente
até encontrar um novo sócio investidor. Nos
últimos anos, depois de comprar partes que
pertenciam a cinco dos herdeiros (apenas
um deles, Alberto Lenz, se manteve na so-
ciedade), o empresário Aref Farkouh tem
VISIONÁRIO
Sócio-diretor do feito do lugar bem mais que um hotel de alto
Hotel Toriba, o padrão. Além de ampliar as instalações com
empresário Aref novos chalés e até um anfiteatro ao ar livre,
Farkouh está à ele adquiriu terras no entorno que formam
frente das grandes
atrações da Serra uma área contígua de 100 alqueires. Uma
da Mantiqueira parte é ocupada pelo Sítio Siriúba, com 18

56 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: TUCA REINÉS | DIVULGAÇÃO

quilômetros de trilhas pontuadas por escul-
turas ao ar livre e uma charmosa capela de
vidro. Agora, um novo complexo de lazer se
soma ao conjunto mantido por Farkouh: o
Parque Bambuí. “Aqui a proposta é propor-
cionar aos visitantes uma imersão única na
natureza e uma volta ao passado”, afirmou
o proprietário durante um almoço à sombra
de uma das árvores centenárias no jardim
da Casa Bambuí. O restaurante ocupa um
casarão totalmente reformado para acomo-
dar até 100 pessoas e tem no comando a chef
Anouk Migoto, também proprietária do
Donna Pinha, na vizinha Santo Antônio do
Pinhal (leia mais no quadro em destaque).
O novo empreendimento se soma às
outras unidades de negócio do Grupo Tori-
ba e abriu as portas há cerca de três meses.
Ainda não está 100% completo. Faltam, por
exemplo, os barquinhos a remo que serão
disponibilizados a quem quiser se aventurar
pelos lagos, a exemplo do que ocorre no Bois
de Vincennes, em Paris. Mas já funciona
— a todo vapor, literalmente —, a Maria
Fumaça de 1920 que transporta os visitan-
tes do estacionamento de carros na entrada
até o acesso à Casa Bambuí. Um trilho foi
construído especialmente para essa finali-
dade. Quando estiver totalmente concluída,
a ferrovia particular do parque terá 800
metros, circundando o lago principal.
Se parece um exagero o fato de o empre-
sário ter comprado, restaurado e colocado
em operação um trem particular em sua
nova propriedade, é bom saber que vagões
e locomotivas são uma das paixões de Fa-
rkouh. Além da Maria Fumaça, ele recente-
mente inaugurou no Toriba um chalé em
uma composição ferroviária. Com sala de
NATUREZA
estar, bar, dois dormitórios e dois banheiros finamente decorados, SOFISTICADA
o Expresso Toriba foi inspirado no trem histórico Orient Express. No alto, à esquerda,
Medindo 19 metros de comprimento por 3 metros de largura, o o casarão restaurado
vagão-suíte repousa sobre os trilhos e dormentes de madeira para abrigar o novo
restaurante Casa
centenários. “Foi um grande presente do Rubinho Ometto para Bambuí, que ganhou
o Toriba”, disse Farkouh, referindo-se ao proprietário do grupo um salão com piano,
Cosan e da Rumo Logística, empresa que mantinha o carro fer- um bar onde são
roviário em Paranapanema, no extremo oeste de São Paulo. “Um preparados drinques
autorais e a cozinha
vagão histórico como esse merecia ser restaurado e não ficar da chef Anouk Migotto,
parado num pátio”. Antes de receber e restaurar o vagão, outro com um cardápio
trem havia sido adaptado por Farkouh para abrigar uma hambur- baseado em
gueria, a Estação Toriba, em frente ao hotel. ingredientes regionais
e sazonais, incluindo
panelinhas que vão à
COMER E BEBER BEM Ainda que a Maria Fumaça se destaque mesa para resgatar
como uma atração peculiar do Parque Bambuí, a principal razão memórias afetivas
para visitá-lo é sem dúvida a gastronomia. Com raízes francesas
e italianas, Anouk Migotto é uma profunda conhecedora dos in-
gredientes da Mantiqueira e dos produtores locais. Seu menu
degustação, de seis etapas (R$ 600 por pessoa) foi concebido com
a clara intenção de evocar memórias afetivas, mas com algumas
invenções inusitadas. É o caso de Para andar nos trilhos, entrada
composta de duas croquetas de cogumelos, duas coxinhas de
truta defumada e dois bolinhos recheados com o regional Queijo
Jordão. Tudo sobre uma miniatura de trilho de trem. O prato
principal (que pode ser truta, carne bovina ou uma opção vegana
à escolha do freguês) é servido em pequenas panelas de cobre.
Dinheiro 08/11/2023 57
ESTILO

CHARME
“Quando chega à mesa, muitos clientes pedem uma colher e dis- sário. Segundo ele, o Parque Bambuí é tam-
FERROVIÁRIO
pensam o garfo e a faca”, disse Migotto. “A sensação é de comer Inspirado no Orient bém resultado do compromisso do Grupo
direto da panela no fogão da mãe ou da avó”. Pura nostalgia. A Express, o vagão de Toriba em preservar e compartilhar a rique-
sobremesa incluída no menu degustação é formada por cinco primeira classe foi za natural e cultural de Campos do Jordão.
reformado para
preparações e montada em uma gaiola de pássaro. A escolha da Essa preocupação se estende por outro novo
abrigar um luxuoso
chef para apresentar seus doces faz referência à obra "Voo dos chalé, com bar, sala empreendimento de Farkouh, o Felícia Café
Pássaros", de Eduardo Srur. Construída com mais de 1 mil gaiolas de estar e duas suítes e Livraria, montado no espaço onde funcio-
apreendidas em operações de combate ao tráfico de animais sil- nam Museu Felícia Leirner e Auditório
vestres, ela estava instalada no Parque do Povo, na capital paulis- Claudio Santoro, no Alto da Boa Vista. Assim
ta, e foi transferida para o Parque Bambuí. “A obra de Srur também com o auditório, o Hotel Toriba é um dos
representa a nossa preocupação com questões ambientais e a palcos oficiais do Festival de Inverno de
valorização da arte no espaço público”, afirmou Farkouh. Campos do Jordão. “Tive a oportunidade
A adega da Casa Bambuí, climatizada, apresenta uma seleção de comprar um piano Steinway para o salão
de vinhos e espumantes da região da Mantiqueira, além de rótulos de chá. Ele é muito apreciado pelos concer-
clássicos que harmonizam perfeitamente com o cardápio. A carta tistas”, afirmou Farkouh.
de drinques também merece destaque. Mas quem prefere cerveja,
não tem do que reclamar. A poucos metros do restaurante, há uma
filial da microcervejaria Gård (fazenda em dinamarquês), original-
mente montada no Horto Florestal de Campos do Jordão. A carta
oferece quatro rótulos sazonais acompanhados de queijos da região
e de uma seleção dos melhores petiscos de boteco. A currywurst é
uma salsicha artesanal com molho à base de tomate e curry.
A relação de Aref Farkouh com a cervejaria Gård não é nova. O
empresário é também dono do Aventoriba Lodges. Criado em 2021,
durante a pandemia, o empreendimento traz a oportunidade úni-
ca para quem quer um contato intenso com a natureza: permite
dormir e acordar no Horto, uma reserva no Parque Estadual Cam-
pos do Jordão. “Os lodges são casas históricas construídas há déca-
das para abrigar os primeiros funcionários do Parque”, disse Farkouh.
Depois de reformadas e redecoradas, foram abertas para hóspedes
em um modelo semelhante ao que ocorre em reservas naturais
como o Yosemite Park, nos Estados Unidos. “Todo turista deveria,
ao menos uma vez na vida, dormir num parque como esse, sob o
céu estrelado e acordando com os passarinhos”, afirmou o empre-

58 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: TUCA REINÉS | DIVULGAÇÃO

CHALÉS QUE Ainda que tenha criado outros negócios
PARECEM CASAS
de hospitalidade e gastronomia paralela-
Parte da terceira
onda de expansão mente ao Toriba, o empresário de 71 anos
do Toriba, as unidades segue investindo na ampliação e moderni-
Castanheira são zação do hotel. A partir do núcleo original,
equipadas com lareira,
inaugurado em 1943, foram criadas suces-
sala de jantar, living
externo e piso sivas extensões, com novos chalés dese-
aquecido nhados para melhor atender às necessida-
des dos hóspedes e proporcionar a melhor
relação com o ambiente. “Eu não tenho
nenhum prazer em olhar o meu extrato
bancário e ver um monte de zeros. Tudo
que entra eu ponho em algum negócio”,
afirmou. Por isso as obras no Toriba nunca
param. “Estamos construindo a terceira
geração de chalés, que são como ninhos nas copas das árvores,
totalmente de vidro. Você abre as cortinas e está no meio da flo-
resta”, disse. Embora sejam chamadas de chalés, algumas das
opções de hospedagem no Toriba são verdadeiras casas. Os da
categoria Castanheira, por exemplo, formam um conjunto de três
unidades que podem ser reservadas separadamente. Com 52 m2
cada, são equipadas com lareira, piso aquecido (inclusive nos
banheiros), mesa e cadeiras para jantar, sofás, living externo, além
de roupões e pantufas. Amenities de banho são L’Occitane — a
grife de cosméticos que também assina o spa do Toriba.
Com sua visão que concilia empreendedorismo e susten-
tabilidade, Aref Farkouh tem ajudado Campos do Jordão a
oferecer aos visitantes mais opções de luxo sem perder o que
a cidade tem de melhor, que é a sua natureza privilegiada a
quase 2 mil metros de altitude.

CHEF ANOUK, A DONNA MANTIQUEIRA

Com uma história de 21 anos na gastronomia de
Santo Antônio do Pinhal, cidade a poucos quilôme-
tros de Campos do Jordão, a chef Anouk Migotto
aceitou o convite de Aref Farkouh para montar e
comandar o restaurante Casa Bambuí sob uma con-
dição: manter o seu endereço original, o Donna Pinha.
Em ambos ela aposta na cozinha afetiva para encan-
tar pessoas que buscam conforto na comida e mo-
mentos especiais. “Minha preocupação era manter
essa mesma essência sem repetir no restaurante
Casa Bambuí o que já ficou consagrado como minha
marca pessoal no Donna Pinha”, disse a chef. Os dois
endereços valorizam os ingredientes locais e da
estação. Desde azeites, verduras, legumes e proteínas,
passando por flores comestíveis e temperos, todos
os pratos são criados com o que de melhor os pro-
dutores da região podem oferecer.
É o caso do Festival da Alcachofra, que ela apre-
senta todos os anos nos meses de outubro e novembro
no Donna Pinha. Este ano, a iguaria é apresentada em
uma receita gratinada com queijo gorgonzola e par-
mesão, além de opções veganas (com vinagrete de
frutas vermelhas ou mix de cogumelos). Além de uma
carta de vinhos premiada pela revista Prazeres da
Mesa, recentemente a casa ganhou um rótulo próprio,
produzido na Casa Geraldo, em Andradas (MG).

Dinheiro 08/11/2023 59
ESTILO

FLORES QUE ALIMENTAM

O chef Bernardo Arthuzo (na foto, à esq.) se
especializou em criar combinações no cadápio
com plantas locais

vegetarianos e veganos, mas pessoas de

todos as tribos que apreciam o movimen-
to slow food e que buscam menus com
verdade e espontaneidade”, disse Arthu-
zo, que é sócio de Gustavo Bauer. O Pupu's
também tem como sócio e investidor o
empresário Sandi Adamiu, dono do tra-
dicional Sandi Hotel.
Dentro desse conceito de gastronomia
natural e sustentável, o Pupu’s ­tem apos-
tado no conceito de autocultivo de ingre-
dientes (plantados no próprio quintal do
restaurante) e no incentivo à microagri-
cultura local. Hoje, metade das plantas e

Gastronomia que floresce

flores é fornecida por produtores da ci-
dade, já que diante da crescente deman-
da o quintal está ficando pequeno. Além
disso, toda a equipe da cozinha é forma-

na Mata Atlântica
da por mulheres. Segundo Arthuzo, dada
a fragilidade das flores, apenas mãos fe-
Sob comando mininas são capazes de elaborar pratos
do chef complexos e ao mesmo tempo delicados.
Bernardo Embora a bagagem de Arthuzo fora

C
Arthuzo, apuchinha, capiçoba, beijinho, beldroegão, cariru...
restaurante Flores e plantas mais do que conhecidas dos mora-
Pupu’s em dores no litoral brasileiro estão se proliferando
Paraty ganha também no campo da alta gastronomia. As chama-
das Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais)
popularidade são, por exemplo, as protagonistas do Pupu’s Panc Party,
com cardápio no centro histórico de Paraty (RJ). Sob o comando do chef
a base de flores Bernardo Arthuzo, que há oito anos se especializou nessa
e plantas locais modalidade de culinária, a casa recebeu de janeiro a ou-
tubro deste ano 23 mil pessoas, e tem lotado mesmo em
períodos de baixa temporada na cidade. “O interesse em
Hugo CILO experimentar exóticos e inéditos sabores atrai não só
construída com sua vivência no litoral bra-
sileiro, o chef cursou gastronomia na Es-
cuela d’Hostelería Hofmann, em Barcelo-
na, onde morou por sete anos e trabalhou
em alguns restaurantes de alta gastronomia.
Depois ele se mudou para Roterdã, na Ho-
landa, para sofisticar seu conhecimento
em misturar a colunaria europeia e brasi-
leira — que hoje utiliza, segundo ele, na
elaboração de seu menu em Paraty.
Essas mesmas Pancs que fazem suces-
so no cardápio do Pupu’s têm atraído tam-
bém clientes para o bar Apothekario Pa-

60 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: DIVULGAÇÃO

raty e para a gelateria Miracolo, instalados
no mesmo local do Pupu’s e que utilizam
o mesmo conceito de ingrediente a base
de plantas nativas da Mata Atlântica. O
Apothekario, pilotado pelo headbartender
Alexandre Dagostino, tem ajudado a apri-
morar o conceito de turismo de luxo e
gastronômico de Paraty, cidade reconhe-
cida pela Unesco como Patrimônio Misto
da Humanidade desde 2019, devido ao mix
de natureza e cultura.
Mas nem só de flores vive o Pupu’s.
Nos últimos meses, o restaurante vem

A aposta do Casillero
incorporando opções inéditas de peixes
em seu menu. Neste mês de novembro,
pratos de lagosta e atum vão dividir espa-

del Diablo na Geração Z

ço com as flores. “Também com fornece-
dores locais e peixes frescos, vamos in-
crementar as opções e combinações para
os clientes que nos procuram por expe-
riências únicas”, afirmou Arthuzo. Curio-
samente, o próprio estabelecimento man- Com a linha Devil’s Carnaval, marca de vinhos mais poderosa da
tém um aquário com vieiras, mexilhões América Latina busca se firmar entre consumidores mais jovens
e ostras frescas provenientes da Fazenda
Marinha Coquille da Cajaíba, especiali-

S
zada no cultivo desses ingredientes. ão quatro rótulos criados para pro-
vocar identificação com um públi-
DRINQUES co que não bebe vinho regularmen-
DA NATUREZA te — ou não se contenta com os
Ao lado do Pupu’s, o
códigos tradicionais da categoria. Por
renomado bartender
Alexandre Dagostino isso receberam os nomes Phenomenal
comanda o Apothekario Sauvignon (branco indicado para
acompanhar sushi, petiscos ou fish &
chips), Spectacular Cabernet (tinto
para churrasco de costelinha, tacos e
pizzas), Fabulous Red (frango, carne
de porco ou hambúrgueres) e Fantas-
tic Sweet (vinho suave, para chocolates,
pipocas ou donuts).
A julgar pela escolha dos itens gas-
tronômicos a que os rótulos se prestam
a fazer harmonizações, parece claro
que a estratégia da Vinícola Concha y
Toro, proprietária da marca, é romper
de uma vez por todas com qualquer
barreira que afaste a Geração Z do
mercado de vinhos.
O Brasil foi o primeiro país depois
do Chile a receber os quatro rótulos
Devil’s Carnaval. E as expectativas por
aqui são altas. Diretor de Marketing da
Concha y Toro no Brasil, Pietro Capuzzi
afirmou que a novidade “abre um univer-
so de possibilidades de ativações, ocasiões
de consumo e futuras extensões de linha”.
A gerente da marca Casillero del Diablo
no País, Nádia Martinez, vai além: “A ideia
é desmistificar o consumo do vinho e mos-
trar que ele não deve ser exclusivo de
eventos formais, elegantes, com harmo-
nizações complicadas”, disse. O preço
promocional de lançamento é R$ 64,90
— o que não pode ser considerado exata-
mente uma pechincha, mas cabe no bolso
de quem está em dúvida entre pedir um
drinque ou se arriscar no mundo do vinho.
Lançado em 1883 pela Concha y Toro, o
Casillero del Diablo está presente em quase
150 países, com mais de 60 milhões de gar-
rafas vendidas por ano. De acordo com o
relatório Global Wine Brand Index, da con-
sultoria inglesa Wine Intelligence, é a mar-
ca de vinho mais poderosa da América La-
tina — e a segunda do mundo pelo quinto
ano consecutivo. (Celso Masson)

Dinheiro 08/11/2023 61
Dinheiroemação POR PAULA CRISTINA

MARCO LEGAL DAS GARANTIAS

TEXTO É SANCIONADO COM

VETO À TOMADA DE VEÍCULOS
Dispositivo considerado importante
para destrave e diminuição do custo do
crédito no Brasil, o novo Marco Legal das
Garantias foi sancionado dia 31 de
outubro pelo presidente Lula. O texto
estabelece novas regras para o uso de
bens como garantia de empréstimos e dá recuperar o veículo sem processo custo do crédito para automóveis
mais flexibilidade para quem oferece e judicial. Segundo dados da Febraban, continuem relativamente caros.
quem acessa o dinheiro. O único veto atualmente, mais de 80% dos carros As novas regras estabelecem
feito pelo presidente foi o trecho que financiados e não pagos não são condições para a realização de penhora,
autorizava a tomada de veículos sem retomados pelo credor. A apreensão hipoteca ou transferência de imóveis
autorização da Justiça. A canetada extrajudicial seria aplicada nos casos para pagamentos de dívidas. A equipe
atendeu uma demanda da base do PT, em que o devedor não entregasse o econômica do governo acredita que as
que alegou que a recuperação do bem bem dentro do prazo legal medidas podem estimular o mercado
sem uso da Justiça é inconstitucional e estabelecido. Os cartórios ficariam de crédito. De acordo com o texto
fere os direitos individuais. autorizados a lançar a apreensão em aprovado, um mesmo bem pode ser
Na prática a tomada extrajudicial uma plataforma eletrônica. Sem o usado como garantia em mais de um
determinava que o credor pudesse gatilho da retomada, é possível que o pedido de empréstimo.

INDICADORES ECONÔMICOS
PIB CRESCIMENTO (FONTE: BANCO CENTRAL) 2'° TRI/23 1'° TRI/23 4'° TRI/22 3° TRI/22 2022 AGO/23 A JUL/23 A JUN/23 A MAI/23 A ABR/23 A
CONTAS PÚBLICAS (% PIB)* (A) SET/22 AGO/22 JUL/22 JUN/22 MAI/22
PIB (DESSAZ.) 0,9% 1,8% 0,1% 0,4% 2,9%
PIB EM US$ BILHÕES * 2.002,4 1.969,7 1.919,9 1.837,3 1.919,9 RESULTADO NOMINAL 7,30% 6,95% 6,41% 6,39% 5,90%
RESULTADO PRIMÁRIO 0,70% 0,77% 0,23% -0,38% -0,55%
ATIVIDADE ** SET/23 AGO/23 JUL/23 JUN/23 NO ANO
- 0,5% -1,1% 0,2% -0,3% AGO/23 JUL/23 JUN/23 2022 2021
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (IBGE)
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL 74,36% 73,96% 73,48% 72,87% 78,29%
VOLUME DE VENDAS NO VAREJO RESTRITO (IBGE) - 2,3% 2,4% 1,4% 1,6%
DÍVIDA BRUTA INTERNA 65,64% 65,43% 64,70% 63,74% 67,41%
TAXA DE DESEMPREGO -
PNAD CONTÍNUA (IBGE) 7,7% 7,8% 7,9% 8,0% - DÍVIDA BRUTA EXTERNA 8,72% 8,52% 8,77% 9,13% 10,88%

UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA CONTAS EXTERNAS (US$ MILHÕES) SET/23 AGO/23 JUL/23 JUN/23 NO ANO
- 78,5% 78,4% 78,6% -
(CNI) - DESSAZ. INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO - 4.270 4.244 1.879 37.879
MÉDIA EXPORTAÇÕES 28.431 30.994 28.358 29.608 253.009
AGO/23 JUL/23 JUN/23 MAI/23 EM 2023
INADIMPLÊNCIA *** IMPORTAÇÕES 19.527 21.449 20.084 19.529 181.700
PESSOA FÍSICA ATÉ 90 DIAS 4,2% 4,3% 4,3% 4,6% 4,4% SALDO COMERCIAL 8.904 9.545 8.273 10.079 71.309
PESSOA F. ACIMA DE 90 DIAS 6,1% 6,2% 6,3% 6,3% 6,2% SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES - -778 -4.032 -1.336 -19.459
PESSOA JURÍDICA ATÉ 90 DIAS 2,1% 2,2% 2,2% 2,3% 2,3% RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS - 344.177 345.476 343.620 344.177
PESSOA J. ACIMA DE 90 DIAS 3,3% 3,2% 3,0% 2,9% 2,7% DÍVIDA EXTERNA TOTAL - 328.983 329.356 332.073 328.983

* Acumulado nos últimos 12 meses; ** Em relação ao mesmo período do ano anterior, exceto utilização de capacidade instalada e taxa de desemprego; *** Em proporção do volume de crédito concedido. - Recursos Livres (a) Superávit = (-) e Déficit = (+), conforme notas econômicas do BACEN

DESEMPENHO MELHOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES PIOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES

Seguros e Previdência -2,36 123,51 Agronegócio -13,00 -20,94
DAS EMPRESAS Mineração 0,98 4,71 Alimentos 1,16 -24,63
POR SETOR Têxtil -4,03 3,62 Serviço Financeiro -8,67 -26,74
DE ATIVIDADE Transporte -3,42 -0,69 Serviço de Locação -13,89 -28,19
Celulose -6,30 -0,82 Químico -20,25 -38,05
Fonte: Austin Rating de 30/out/23

62 Dinheiro 08/11/2023 FOTOS: ISTOCK | DIVULGAÇÃO

PRINCIPAIS ÍNDICES JUROS FUTUROS 30/10/2023 TAXA DE DESEMPREGO (IBGE)
INFLAÇÃO OUT/23 SET/23 AGO/23 NO ANO 12 MESES % ao ano Média no Período - em % da PEA
IPC - FIPE - 0,29% -0,20% 2,01% 3,51% 12,50 15,00
IGP-M (FGV) 0,50% 0,37% -0,14% -4,46% -4,57%
IGP-DI (FGV) - 0,45% 0,05% -4,88% -5,34%
IPCA (IBGE) - 0,26% 0,23% 3,50% 5,19% 12,13
IPCA - NÚCLEO MM SUAVIZADO - 0,30% 0,33% 3,33% 4,71% 11,50
JUROS/APLICAÇÃO OUT/23 SET/23 AGO/23 NO ANO 12 MESES 11,76
CDI 1,00% 0,97% 1,14% 11,02% 13,36%
TLP 0,42% 0,42% 0,43% 4,68% 5,63%
0,61% 0,61% 0,72% 6,81% 8,26%
11,40 8,00
POUPANÇA
TJLP 0,53% 0,57% 0,57% 5,92% 7,16% Dez/23 Fev/24 Abr/24 Jun/24 Jan-Ago/21 Jan-Ago/22 Jan-Ago/23
CDB/RDB - TAXA PREFIXADA MÉDIA 0,93% 0,85% 1,02% 9,73% 11,90%
CÂMBIO/PETRÓLEO 30/10/2023 NO MÊS NO ANO 12 MESES RISCO-PAÍS REND. MÉDIO HORA TRABALHADA (EUA)
REAIS/US$ (COMERCIAL VENDA) 5,007 0,00% 4,20% 4,98%
US$/EURO 1,062 0,35% -0,50% 7,42% EMBI + BR (fim de mês) setor privado – % acum. no período
IENE/US$ 149,03 0,28% -11,52% -0,25% 290.0 1,20
PETRÓLEO À VISTA BRENT (US$/BARRIL) 86,35 -9,40% 0,51% -8,94%
MERCADOS FUTUROS 30/10/2023 DEZ/23 FEV/24 ABR/24 JUN/24 256.6
CÂMBIO (R$/US$) 5,072 5,108 5,137 5,169
DEZ/23 FEV/24 ABR/24 JUN/24 1,10
223.3
DI DE 1 DIA (% A.A.) 12,25 11,95 11,72 11,53
DEZ/23 FEV/24 ABR/24 JUN/24 190.0
IBOVESPA (PONTOS) 113.807 115.682 117.646 119.328
1,00
out/22
nov/22
dez/22
jan/23
fev/23
mar/23
abr/23
mai/23
jun/22
jul/22
ago/22
set/22
30/out/22
DEZ/23 MAR/24 MAI/24 SET/24
CAFÉ ARÁBICA (60KG - ICF) 192,85 193,35 194,55 190,00 Jan-Set/21 Jan-Set/22 Jan-Set/23

RENTABILIDADE DOS TÍTULOS PÚBLICOS (%) *31/out/23 (inclui JS = Juros Semestrais)

TÍTULO VENC. INDEXADOR Últim. 30 dias ano * 12 MESES

Tesouro Selic 2024 01/09/2024 Selic 0,99% 11,08% 13,43%
Tesouro Prefixado (JS) 2025 01/01/2025 Prefixado 0,58% 12,66% 12,81%
Tesouro IPCA+ (JS) 2024 15/08/2024 IPCA 0,50% 9,82% 10,67%
Tesouro IGPM+ (JS) 2031 01/01/2031 IGP-M 0,08% 1,23% 0,14%
Tesouro Prefixado 2024 01/07/2024 Prefixado 0,83% 11,99% 12,93%

MAIORES ALTAS DA SEMANA* TERMÔMETRO DO MERCADO

DESTAQUE DA SEMANA Retorno das operações do alto-forno 3, em Ação Setor % O IBOVESPA EM UM ANO * PONTOS
Ipatinga (MG), fez as ações da mineradora dispararem. Trata-se do maior GAFISA Imobiliário 12,80 Ibovespa 112.531
equipamento para produção de aço da companhia e estava parado
QUERO-QUERO Varejo 10,40 Mínima 95.267
USIMINAS Siderurgia 9,78 Máxima 122.560
VALE Mineração 8,98
BOLSAS NO MUNDO Fonte: B3* Até 25/07/2023

24/07/2023 COTAÇÃO (MOEDA LOCAL) VARIAÇÃO (US$) ALLIAR Saúde 8,83

Mercado Índice Pontos % mês % ano % 12 m. % mês % ano
Brasil Ibovespa 112.532 -3,46% 2,55% -3,02% -3,46% 6,86%
MAIORES BAIXAS DA SEMANA* IBOVESPA em milhares de pontos
Brasil IBrX 100 47.377 -3,53% 1,78% -3,97% -3,52% 6,06%
EUA Dow Jones 32.929 -1,73% -0,66% 0,60% -1,73% -0,66%
Ação Setor % 135.0
EUA Nasdaq 12.789 -3,25% 22,19% 16,39% -3,25% 22,19% CASAS BAHIA Varejo -15,09
Japão Nikkei 225 30.697 -3,64% 17,64% 11,27% -3,38% 4,08% LOPES BRASIL Imobiliário -17,70 115.0
China Shanghai 3.022 -2,86% -2,19% 4,43% -3,01% -7,72% BRASILAGRO Agronegócio -19,40
Alemanha DAX 30 14.717 -4,35% 5,70% 11,04% -4,02% 5,17% SPRINGS Varejo -24,59
França CAC 40 6.825 -4,34% 5,43% 8,91% -4,01% 4,90% 95.0
RECRUSUL Industrial -25,12
Reino Unido FTSE 100 7.327 -3,69% -1,67% 3,28% -4,12% -0,65% Out 22 Abr 22 Out 23*
Fonte: Austin Rating Fonte: Austin Rating *30/10 a 23/10 *Até 30/10/2023

Dinheiro 08 /11/2023 63
Dinheiroemfoco POR PAULA CRISTINA

“EU DEVERIA TER SIDO

MAIS OUSADA.
DEVERÍAMOS APRENDER
+ 4,5%
É previsão de aumento da receita
agrícola brasileira em 2024, para
QUE NÃO PODEMOS NOS R$ 1,02 trilhão, projeta a consultoria
LIMITAR A DEPENDER SÓ DE MacroSector. A expectativa é de
CASOS CLÁSSICOS DE que os preços internacionais das
LIVROS DIDÁTICOS E DE commodities (negociados em dólar)
subam 3% ante a 2023, resultado da
MODELOS PURO” expansão da liquidez global. Só a
receita proveniente de grãos deve
somar R$ 614,6 bilhões.
CHRISTINE LAGARDE, presidente do Banco Central
Europeu, sobre a inflação e atividade economica no bloco

R$ - 34,2%
4 trilhões é o volume do passivo da
União no Poder Judiciário, segundo
estimativa do Tesouro Nacional. A
expectativa é de que este número
continue crescendo nos próximos
meses, já que não há medidas de
reversão da trajetória ascendente
neste momento. Foi a queda no lucro líquido do
Assaí no terceiro trimestre, sobre

US$
um ano antes, somando R$ 185
milhões, segundo a empresa. O
500 milhões é a estimativa de
lucro antes de impostos, juros,
arrecadação do GPA em vendas de ativos
em 2024 para pagar dívidas mais caras e
depreciação e amortização (Ebitda)
reduzir o custo da dívida, segundo Rafael
ajustado da empresa subiu 19,9%
Russowsky, vice-presidente de finanças. O no trimestre, para R$ 1,21 bilhão. A
valor se soma aos R$ 800 milhões obtidos margem Ebitda ajustada ficou em
com a venda de seus 13,31% na Almacenes 7,1%, contra 7,3% um ano antes.
Exito para o Grupo Calleja em outubro.

CRIPTOS
Todos associam o dia 31 de outubro ao Halloween, mas também foi no dia do trick or treat que foi emitida
a primeira criptomoeda, lançada por um personagem misterioso em 2008, cuja identidade nunca
foi revelada. Sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, o fundador (ou grupo de fundadores) lançou
um white paper com diretrizes para as criptomedas, que nasceram para para evitar a dupla ou tripla
tributação nas transações internacionais e também unificar os pagamentos entre países. Depois disso,
a história é conhecida. A Bitcoin foi registrada em 12 de janeiro de 2009 e o mundo unicamente físico do
dinheiro, como conhecíamos, virou lenda de um passado longínquo.

64 Dinheiro 08/11/2023 FOTO: REUTERS/FOLHAPRESS


A ARTE TAMBÉM NOS ENSINA A LIDERAR
A
arte pode ser um bom veículo para melhor compre-
endermos o mundo a nossa volta e refletirmos como
nele nos inserimos. Dessa fonte também podemos
tirar importantes lições para o exercício da liderança, a
partir da história, literatura e filosofia. Devemos incluir
nesse rol o esporte, uma possível forma de expressão
artística. Todas essas alternativas, além, obviamente, da
análise dos casos práticos do cotidiano da trajetória de
líderes, complementam e ilustram o aprendizado advin-
do de conceitos acadêmicos sobre liderança.
Afinal, as lições sobre lideranças podem ser apreen-
didas muito além da sala de aula e da leitura de livros
técnicos. Várias metáforas advindas da arte podem esti-
mular reflexões extraídas de filmes, peças teatrais, expo-
sições, músicas, textos literários e eventos esportivos.
Na pintura, por exemplo, as obras vanguardistas de
Leonardo da Vinci, Michelangelo, Claude Monet, Pablo
Picasso e Tarsila do Amaral são fontes inesgotáveis de
aprendizagem, com análises sobre a representatividade
de vários de seus trabalhos. Considere ainda que a própria
trajetória e comportamento desses artistas se tornaram
exemplos marcantes do exercício da liderança.
A tela Impression, Soleil Levant, de Monet, pintada
em 1872, foi um marco decisivo que inaugurou o movi-
mento Impressionista, um momento disruptivo na his-
tória da arte. Já a personalidade e as obras de Leonardo
da Vinci como pintor, escultor, arquiteto, matemático e
inventor o consagrou como um precursor da liderança
inovadora, transformadora e multifuncional tão requi-
sitada pelo mercado nos tempos atuais.
A icônica escultura de Michelangelo, o David de 5,17
metros que está exposta na Academia de Firenze, pode
servir como um convite à reflexão sobre o legado e o
compromisso dos líderes em esculpir novos talentos e
sucessores em uma empresa. Aliás, todo o período do
Renascimento é uma fonte notável de inspiração sobre
projetos de change management, que se utilizaram de
novas tecnologias e se inspiraram na determinação de
recolocar o Ser Humano no centro das atenções das obras
de arte no entorno dos séculos XV e XVI.
Olhardolíder
Já no teatro, peças como 12 Homens e uma Sentença
nos colocam de frente ao complexo processo decisório,
incluindo a capacidade de influenciar e negociar, quan- CÉSAR
SOUZA
do um júri popular está decidindo se condena ou não um FUNDADOR E
jovem acusado de assassinato. Esta peça é baseada no PRESIDENTE
famoso filme homônimo produzido em 1957. DO GRUPO
Outro destaque é o monólogo A Sombra do Invisível, EMPREENDA
cujo roteiro é baseado em cartas trocadas entre Van Gogh
e seu irmão Theo. A peça permite um belo mergulho em
aspectos da autogestão, que persiste como uma espécie
de calcanhar de Aquiles para líderes geniais na execução
de tarefas e projetos, mas vulneráveis na capacidade de
liderar a si próprio.
Outras obras teatrais muito marcantes em aprendi-
zagens sobre valores, liderança e propósito são Galileu
Galilei, A Morte do Caixeiro Viajante e Hamlet, de William
Shakespeare. O monólogo Gandhi, um Líder Servidor,
encenado pelo ator João Signorelli, permite uma emo-
cionante jornada sobre estilos de liderança.
Obviamente, o cinema não fica atrás e pode pro-
vocar debates extraordinários no que tange a temas
vinculados à liderança. Os filmes Invictus, O Diabo
Veste Prada, Judy, sobre uma estrela brilhante no
palco, Judy Garland, enquanto vivenciava uma lua
minguante na sua vida pessoal, e Ford vs Ferrari, que
enumera várias questões sobre competição das mar-
cas, colaboração entre equipes, coragem, traição e
dinâmica das relações familiares e sociais no campo
do trabalho.
Sobre o tema sucessão em empresas familiares, mui-
tos insights podem ser depreendidos ao assistirmos al-
gumas séries como Succession, na Netflix, que pode ser
magistralmente complementada com a leitura ou um
vídeo da peça Rei Lear, de Shakespeare.
Essa forma de aprendizado, permeada pelo lazer e
enriquecimento cultural, surge em várias outras mani-
festações da arte como dança, música e literatura. Todas,
assim como diversas modalidades do esporte, são pró-
digas em lições para a liderança. Porém, esse já seria tema
para um próximo texto.
Dinheiro 08/11/2023 65
ARTIGO
POR EDSON ROSSI*
UM QUADRO DISFUNCIONAL
É proposital este país inflar sem fim o mal cuidado
dinheiro que vai para a educação
T
emos data marcada para mais um episódio da série Não-
-Cansamos-de-Passar-Vergonha-em-Escala-Global. Será
daqui a um mês. Dia 5 de dezembro, terça-feira, Paris. Será
a apresentação dos primeiros resultados do Pisa 2022. O Program-
me for International Student Assessment (Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes) é patrocinado pela OCDE e existe
desde 2000. Reúne alunos de 15 anos, de escolas públicas e privadas.
Da edição atual, participaram adolescentes de 80 países. Há três
pilares avaliados: Ciências, Leitura e Matemática, que este ano
recebeu um foco maior — segundo a OCDE, houve “ênfase no ra-
ciocínio matemático para destacar sua importância na abordagem
de desafios complexos da vida real”. Os resultados serão apresen-
tados em dois volumes e medirão também “sistemas educacionais
resilientes”. Até os mais otimistas dos brasileiros sabem que de
onde menos se espera é que nada vem. Não haverá boa notícia.
Historicamente o Brasil vai mal no Pisa. Muito mal. Na edição
anterior (2018), dados oficiais do Ministério da Educação mostram
que 50% de nossos estudantes de 15 anos não possuíam nível bási-
co em Leitura. Em Ciências, o percentual piorou: 55%. Em Mate-
mática o vexame cresceu: 68% não atingiram o patamar mínimo.
Dá sete a cada dez. Na versão de 2018, dos 79 países participantes
o Brasil ficou sempre lá atrás, uma espécie de turma do fundão
versão globalizada. Fomos mal em Leitura (na faixa entre as posições
55ª e 59ª), mal em Ciências (64ª a 67ª), mal em Matemática (69ª a
72ª). A gente não apanhou só de europeus e asiáticos. Apanhou até
dos vizinhos. “Comparado com os países da América do Sul, o
Brasil é o pior em Matemática, empatado estatisticamente com a
Argentina. Em Ciências, também fica em último lugar, com Argen-
tina e Peru. E em Leitura, é o segundo pior, só à frente de Argenti-
na e Peru”, afirmou em 2019 o MEC em relatório (link: https://l1nk.
dev/6yo22). Não podia ser pior. Bem, podia. E foi: em 2018, nossos
indicadores estavam estagnados havia uma década. E nada leva a
crer que o cenário a ser mostrado no Pisa 2022 será outro.
A origem desses males indecentes nem está em orçamento para
a educação. Bem, está, mas não na falta de dinheiro. Está na gestão
do dinheiro. É historicamente sabido que o Brasil promove uma
distribuição de renda e formação invertida quando se trata de di-
nheiro público para o ensino. Distorção que se acentuou com a
Constituição de 1988. O governo federal, que tem de fato o coman-
do das estratégias — ou pelo menos deveria ter, via Ministério da
66 Dinheiro 08/11/2023
Educação — acaba sendo responsável pela manutenção do Ensino
Superior público. E nas melhores instituições (incluindo algumas
mantidas por governos estaduais, em especial o paulista), o ingres-
so dos alunos do Ensino Médio público ainda não é proporcional.
O Censo Escolar 2022 diz que dos 7,9 milhões de estudantes dessa
faixa, 88% estão em escolas públicas. Traduzindo: enquanto as
instituições públicas de ponta no Ensino Superior não tiverem 88%
de estudantes oriundos de ensino público há uma transferência de
renda e de formação que tira do mais pobre. Mais: quando alunos
que ralaram nas públicas chegam ao Ensino Superior público eles
normalmente não vão para carreiras Stem (Ciências, Tecnologia,
Engenharia e Matemática), ou Administração e Medicina, áreas
que tradicionalmente remuneram melhor.
Mas esse nem seria o ponto mais indecente. A indecência se
constrói ainda maior quando, segundo dados da ONG Todos pela
Educação, quatro a cada dez jovens brasileiros negros não concluem
o Ensino Médio. Entre os brancos, o índice é de 25%. E piora quan-
do há roubo. Desvio de dinheiro. O mais recente indício foi noticia-
do pela Folha de S.Paulo há 15 dias. Cidades que recebem verbas
para cada matriculado nos programas de educação de jovens e
adultos estariam inflando os números para receber verbas federais.
Pilantragem. A reportagem mostrou municípios em que 23% da
população está matriculada, quando a média nacional é 1,6%. Há
outras em que havia 30 matriculados há três anos. Hoje há 2,1 mil.
Se fosse caso único, beleza. Mas não é. Durante o mandato do
lúmpen-ex-presidente JB, kits de robótica foram vendidos a preços
superfaturados para escolas em que nem água encanada havia, nem
sequer internet. Empresas aparentemente ligadas a políticos,
aquele tipo de ser que o presidente Lula diz preferir a técnicos. A
PF está com esse imbróglio. Ainda no primeiro ano JB um edital
de R$ 3 bilhões para a compra de 1,3 milhão de PCs e notebooks foi
abatido pela CGU. Ufa! Havia escola com 250 alunos que receberia
30 mil computadores. Cada estudante teria direito a 120 deles.
Doideira, né? Por tudo isso Lula pode dar um golpe magistral se
abrir a Caixa Preta de FNDE/Fundeb. Blockchain ajudará muito.
Registrando quem libera (e para onde vão) os gordos Pix da educa-
ção brasileira. Porque pra performar no Pisa é que não vão.
*Edson Rossi é redator-chefe da DINHEIRO.
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a 29/5/2023. Informação válida de 21/7/2023 até 21/1/2024. “Maior rede móvel do Brasil” refere-se à liderança da TIM em quantidade de antenas. Fonte: Mosaico Anatel.
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