ENTREVISTA A FÓRMULA DA P&G INTEL AVANÇA NA IA

Ricardo Gondo, CEO da Renault: Como o foco em pesquisa permite à Com apoio do governo Joe Biden,
“Carros elétricos e a combustão companhia influenciar o consumo e empresa investirá US$ 100 bilhões
irão conviver por muito tempo” ajudar o varejo a vender mais na produção de semicondutores

O GÁS DA
Com a quarta
maior operação
global da gigante
de bebidas, o

COCA-COLA
País receberá
investimento
de RS 4 bilhões
neste ano para

NO BRASIL
iniciativas de
inovação,
crescimento
sustentável e
garantia de
acesso à água
a pessoas em
situação de
crise hídrica

“A gente quer ter orgulho

de seguir como alavanca
de crescimento para a
Coca-Cola, investindo
nas pessoas e no
meio ambiente”
LUCIANA BATISTA,
presidente da Coca-Cola
Brasil e Cone Sul
INÊS 249
INÊS 249

Dinheirodaredação 03 de abril de 2024. Edição 1.369
QUEDA DE BRAÇO
COM O GOVERNO
Quase cinco dezenas de empresas resolveram abrir fogo
e ir às barras da Justiça contra o governo, diante da tungada
fiscal que a equipe econômica resolveu adotar para compor o
caixa. Na prática, o ministro Fernando Haddad pilotou a ideia
que, caso dê certo, poderá gerar perto de R$ 24 bilhões aos co-
fres públicos através de uma artimanha que empurra por até
cinco anos a compensação de créditos tributários a diversas
companhias. É uma espécie de moratória branca para todas
aquelas corporações com mais de R$ 10 milhões a receber. A
questão é controversa e tem dividido juristas, mas acendeu a
luz vermelha nas empresas, desesperadas com a possibilidade.
O embate bilionário mira trazer maior arrecadação e assim
cumprir a tão almejada meta de déficit zero. Não deixa de ser,
evidentemente, um casuísmo injusto. Efetivamente o que o
governo está estabelecendo é um novo modelo de empréstimo
compulsório. E a troca de acusações aumenta. As corporações
afetadas falam em arbitrariedade, enquanto os técnicos de
Brasília alegam que as companhias registraram um forte au-
mento do uso desse instrumento inviabilizando a quitação de
tantas demandas de imediato. Lá atrás, a gestão do ex-manda-
tário Bolsonaro recorreu ao mesmo estratagema no que tange
aos precatórios. Com a anuência do Congresso, que aprovou
uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para limitar o
pagamento dessas dívidas, a União acabou tendo fôlego extra
para outros dispêndios visando a reeleição do “mito”, o que
acabou não se concretizando.
Desta feita, o viés político parece também estar presente.
Enquanto os assessores de Haddad maquinam a fórmula
04 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: MATEUS BONOMI I CBELLI I CLAUDIO GATTI I DIVULGAÇÃO
INÊS 249
para esse calote temporário, o governo de Lula acelera en-
tendimentos para perdoar temporariamente compromissos
de estados endividados. Quer, como é lógico, o aval dos go-
vernadores para as suas pretensões com candidatos seus nas
próximas eleições municipais. O aceno do petista acontece
na pior hora e da forma mais equivocada. Criou desavenças
inclusive com entes federativos do Norte e Nordeste por
atender basicamente a turma do Sul e Sudeste. Esse socorro
oportunista é quase um prêmio por má gestão. Os estados, que
já possuem juros favorecidos, terão suas dívidas revistas, em
alguns casos até em parte perdoadas, e o contribuinte é que
vai pagar a conta no final. Na balança equivocada dos critérios
de Lula, empresas têm seus créditos suspensos e os aliados
políticos conseguem perdão dos compromissos. Uma releitu-
ra de Robin Hood às avessas. Naturalmente, os encalacrados
governadores da banda rica do País elogiaram a disposição do
chefe de Estado para o entendimento. Classificaram de “avan-
ço importante”. A pergunta que não quer calar é: avanço para
quem? Que tipo de lição e justiça são dadas em casos assim?
Condenar a eficiência e perdoar a indisciplina? Enquanto isso,
o Tesouro, nessas idas e vindas, acaba de registrar um déficit
de R$ 58,4 bilhões em fevereiro último, o pior resultado da
série histórica para o mês. Definitivamente, não está seguindo
pelo bom caminho. Parece que nunca aprende.
Carlos José Marques
Diretor editorial
 INÊS 249

Índice
CAPA
Liderada no Brasil pela
presidente Luciana Batista,
Coca-Cola investirá RS 4
bilhões no País este ano para
iniciativas de inovação,
crescimento sustentável
e garantia de acesso à água
a pessoas em situação de
crise hídrica pág. 28

ENTREVISTA SEMANA
Economia vai bem, diferentemente da
Ricardo Gondo,
popularidade de Lula entre os brasileiros
presidente
da Renault do Brasil, pág. 06
não se assusta com
concorrência e diz
que carros elétricos MOEDA FORTE
e a combustão vão Com experiências 360o, Grupo PHD Eventos
conviver juntos por visa dobrar o faturamento neste ano
muito tempo no País
pág. 08
pág. 12

NEGÓCIOS SUSTENTABILIDADE
Pesquisa da OLX mostra que brasileiro topa
VP de vendas da pagar mais por produtos sustentáveis
P&G Brasil, Tirso
Mello detalha como pág. 16
os dados gerados
pela gigante do
consumo ajuda os DINHEIRO EM BITS
parceiros a vender E-commerce brasileiro aumenta a adoção
mais e melhor de protocolos de segurança
pág. 34
pág. 52

TECNOLOGIA COBIÇA
By Tri Brands traz para o Brasil itens de decoração
Vice-presidente
corporativo de de Christian Lacroix e Ralph Lauren
vendas, marketing pág. 58
e comunicação da
Intel, Greg Ernst
detalha plano de
investimentos de ARTIGO
US$ 100 bilhões ESG é o novo etcetera nos cuirrículos
profissionais — por Ricardo Voltolini
pág. 48
pág. 66

CAPA Foto: Claudio Gatti

Dinheiro 03/04/2024 05
 INÊS 249
Dinheironasemana POR PAULA CRISTINA

Costa. Segundo o ministro, todos

os indicadores (desemprego, infla-
ção, PIB, arrecadação) estão sur-
preendendo até os otimistas.
“Então há um esforço dos incon-
formados com a derrota do ex-pre-
sidente querendo reacender uma
briga política que Lula já disse que
não vai levar adiante. A eleição
acabou”, disse. O problema é que
se eleição de 2022 acabou, a de
2024 está só começando – com
Lula e Bolsonaro novamente de
protagonistas. Do lado de Lula, o
POLÍTICA plano é exaltar indicadores eco-
É A POLARIZAÇÃO, ESTÚPIDO nônomicos. A Bolsonaro cabe o
radicalismo, o argumento de per-
O governo Lula, desde a largada, tem apostado forte na economia, e os seguição política, a construção de
resultados positivos estão aparecendo. O problema é que os mais recentes uma narrativa de perseguição
indicadores de popularidade do governo, feitos pelo Datafolha e Genial/ judiciária. O mais curioso é que os
Quaest, mostram que a aprovação de Lula caiu no primeiro trimestre. Nos argumentos são exatamente os
dois casos a desaprovação subiu de 30% para 33%, reflexo de um reaqueci- mesmos usados quando o alvo de
mento da briga política, e não necessariamente por questões macroeconô- investigações era Lula. Enfim, é a
micas. Quem afirmou isso à DINHEIRO foi o ministro da Casa Civil, Rui política, estúpido.

PELO MUNDO
Toc, toc, toc: é a Polícia Federal
Os membros do clã Bolsonaro têm usado as redes sociais New York Times (EUA) aro tentava aproveitar a amizade com um cole-
para criticar as manchetes brasileiras sobre a informação “A estada indica que Bolson eiro-ministro Viktor Orbán, enqda Hungria,
de Jair ter usado a embaixada da Hungria por duas noites. ga líder da direita radical, or prim
sistema de Jus tiça bra sileiro uanto
Segundo eles, só o Brasil tem usado a informação como numa tentativa de escapa do inais no Bra sil”
palanque político. Então vamos ver o que disseram os jor- enfrenta investigações crim
nais internacionais entre os dias 24 e 26 de março?

s
Unido)
The Guardian (Reintao ele ral e via apenas três futsuuro
, Bolsonaro disse qunte ge- EL Pais (Espanha
ito ais
“Antes de su a derro a. Os aco
são, morte ou vitóricom
cim entos atu “É curioso que a vis)ita à
possíveis para ele: pri a o inquilino nase embaixada hún- retirou o passaporte embaixada se deu quatro dias depois qu
va: um a nova vid so”
rem a quarta altern o do direito internacional, não poderia r pre
ati é investigado por supodestaBolsonaro como uma me e a Justiça
dida cautelar enquan
gara, onde, ao abrig ativa e da reserva. Bolso me nte tecer um go to ele
naro perdeu a eleição,lpee de Estado com militares da
o poder"

Times of India (Índia)

"Cada vez mais pressi onado pelas investigaçõ
Bolsonaro foi instado pe es que se aproximam,
explicar a permanência lo seu maior desafeto, Alexandre de Mo anha) até 2030 por espalha r
na embaixada húngara
".
raes, a Deutsche Welle (Alem leg ível para cargos políti,cos ncia ruir sem o
"B olsonaro está ine e viu sua influê
desinformação duran te as eleições de 2022
apelo da internet" .

06 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 INÊS 249

FUNDADOR: DOMINGO ALZUGARAY

(1932 - 2017)
EDITORA
INTERNACIONAL DATAFOLHA CATIA ALZUGARAY

Reformas na China podem Avaliação do STF, PRESIDENTE-EXECUTIVO

render US$ 3,5 trilhões segundo os brasileiros

CACO ALZUGARAY

Após anos apostando no comércio global

29%
como força motriz do crescimento, a aprovam o trabalho na
China olhou para dentro. Com a diminui- pesquisa de fevereiro.
ção do ritmo de avanço, que foi de dois Em dezembro era 27%.
dígitos para um, o governo chinês lançou DIRETOR EDITORIAL
uma série de medidas para fortalecer o CARLOS JOSÉ MARQUES

28%
reprovam o trabalho,
consumo interno, aumentar a renda na leitura de fevereiro.
média da população e aquecer os negócios Em dezembro era 38%
DIRETOR DE NÚCLEO
entre empresas chinesas. Com essa CELSO MASSON

mudança, o FMI estima que a economia TEXTO

chinesa receba uma adição na ordem dos

40%
consideram regular, REDATOR-CHEFE: Edson Rossi
US$ 3,5 trilhões, aumento de 20% no PIB ante os 31% da EDITORES: Hugo Cilo, Paula Cristina e Sérgio Vieira
EDITOR-ASSISTENTE: Beto Silva
local. A estimativa, feita diretora-gerente pesquisa de dezembro REPORTAGEM: Angelo Verotti, Allan Ravagnani, Jaqueline Mendes
do Fundo, Kristalina Georgieva, cita as e Letícia Franco
políticas públicas para reduzir a quanti-

3%
ARTE
dade de habitações inacabadas “isso pode não sabem, ante aos DIRETOR DE ARTE: Jefferson Barbato
acelerar a solução dos entraves atuais do 4% do levantamento DESIGNERS: Christiane Pinho e Iara Spina
setor imobiliário e aumentar a confiança anterior. ILUSTRAÇÃO: Fabio X
PROJETO GRÁFICO: Ricardo van Steen (colaborou Bruno Pugens)
do consumidor e do investidor.”
ISTOÉ DINHEIRO ON-LINE
EDITOR EXECUTIVO: Airton Seligman
WEB DESIGNER: Alinne Nascimento Souza

EVOLUÇÃO Atividade das pequenas e médias empresas no Brasil

(Em pontos)
APOIO ADMINISTRATIVO
123,53 122,55 122,69 123,79 Gerente: Maria Amélia Scarcello

113,30 114,45 112,71 113,29 117,85 117,93 113,99 Assistente: Cláudio Monteiro

MERCADO LEITOR E LOGÍSTICA

103,53 102,18
Diretor: Edgardo A. Zabala

97,40 Central de Atendimento ao Assinante: (11) 3618-4566 de 2a a 6a

feira 10h às 16h20, sábado 9h às 15h.
Outras Capitais: 4002-7334
Outras Localidades: 0800-888-2111 (exceto ligações de celulares)
Assine: www.assine3.com.br
Exemplar avulso: www.shopping3.com.br
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Diretor nacional: Maurício Arbex
Secretária da diretoria de publicidade: Regina Oliveira
Diretora de marketing e projetos: Isabel Povineli
Gerente Executiva: Andréa Pezzuto - Diretor de Arte: Pedro
Roberto de Oliveira - Contato: publicidade@editora3.com.br
Jan/23 Mar/23 Mai/23 Jul/23 Set/23 Nov/23 Jan/24 ARACAJU – SE: Pedro Amarante • Gabinete de Mídia • Tel.: (79)
3246-4139 / 99978-8962 – BELÉM – PA: Glícia Diocesano • Dandara
Fev/23 Abr/23 Jun/23 Ago/23 Out/23 Dez/23 Fev/24 Representações • Tel.: (91) 3242-3367 / 98125-2751 – BELO
HORIZONTE – MG: Célia Maria de Oliveira • 1a Página Publicidade

As empresas avaliadas têm faturamento de até R$ 50 milhões ao ano

Ltda. • Tel./fax: (31) 3291-6751 / 99983-1783 –FORTALEZA – CE:
Leonardo Holanda – Nordeste MKT Empresarial – Tel.: (85) 98832-
2367 / 3038-2038 – GOIÂNIA –GO: Paula Centini de Faria – Centini
*Número referência (100 pontos) é de 2021
Comunicação – Tel. (62) 3624-5570/ (62) 99221-5575 –
Fonte: Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE) PORTO ALEGRE – RS: Roberto Gianoni, Lucas Pontes • RR
Gianoni Comércio & Representações Ltda • Tel./fax: (51) 3388-7712/
99309-1626
Dinheiro (ISSN 1414-7645) é uma publicação semanal da Três Editorial Ltda.
ELEIÇÕES Redação e administração: Rua William Speers, no 1.088, São Paulo-SP,

Brasil mostra preocupação com a Venezuela

CEP: 05067-900. Tel.: 11 3618 4200 •
Dinheiro não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota na terça-feira (26) Comercialização e Distribuição: Três Comércio de Publicações Ltda.

em que diz que o Brasil acompanha com "expectativa e preocupação" o processo

Rua William Speers, 1212 – São Paulo-SP.
Impressão e acabamento: D'ARTHY Editora e Gráfica Ltda.
eleitoral na Venezuela. As eleições presidenciais no país vizinho estão marcadas Rua Osasco, 1086 - Guaturinho, CEP 07750-000 Cajamar - SP

para o dia 28 de julho. Principal candidato, Nicolás Maduro poderá chegar a 18

anos como presidente se conseguir a reeleição. A principal frente de oposição da
Venezuela afirmou que não conseguiu inscrever a sua candidata, Corina Yoris,
no site do Conselho Nacional Eleitoral, o órgão responsável pelas eleições no
país. O prazo terminou às 23h59 de segunda-feira (25).

Dinheiro 03/04/2024 07
 INÊS 249
Moedaforte POR HUGO CILO, BETO SILVA E LETÍCIA FRANCO

SETOR DE EVENTOS
RECUPERA A FORÇA
Depois de superar o isolamento
social e as medidas restritivas
da pandemia, o segmento de
eventos dá a volta por cima e
segue em crescimento. É o caso
do Grupo PHD Eventos, empresa
especializada em experiências
360o para eventos sociais e cor-
porativos, que registrou fatura-
mento de R$ 60 milhões em
2023, crescimento de 30% em
relação ao ano anterior. Para
2024, segundo o CEO Marco
Bordon, a estimativa é dobrar o
faturamento para R$ 120
milhões, com a realização de
700 eventos e inauguração de
novos espaços. “Estima-se que
70% dos eventos sejam corpo-
rativos, mas a demanda por
eventos sociais, como casamen-
tos, deve crescer”, disse. Com
forte atuação em São Paulo, a
empresa utiliza 23 espaços
exclusivos no Brasil, entre eles o
Tetto Rooftop Lounge e a Casa
Melhoramentos, e atende mar-
cas como Itaú, Amazon, Latam e
Spotify. Fundado em 2017 pelos
amigos e sócios Marco Bordon e
Bruno Amorim, o grupo investiu
no formato após uma imersão
em rooftops de Nova York, nos
Estados Unidos, que são conhe-
cidos por oferecer serviços de
ponta-a-ponta. Seguindo essa
tendência, a empresa brasileira
realiza eventos corporativos,
casamentos, formaturas e
outras confraternizações há
sete anos. “A unificação de ser-
viços e a diversidade de casas,
cada uma com uma proposta,
traz mais facilidade, fidelizando
o cliente”, afirmou Bordon.
Agora, o objetivo do grupo é for-
talecer sua atuação em cidades
fora de São Paulo, com a abertu-
ra de 15 casas de eventos no
interior do estado, além de cida-
des como Curitiba (PR), Vitória
(ES), Balneário Camboriú (SC),
Rio de Janeiro (RJ) e Porto
Alegre (RS). Segundo Bordon, o
objetivo é ter 40 espaços exclu-
sivos até o fim deste ano.

ENERGIA EM EXPANSÃO
A energytech Bow-e, iniciativa do grupo
Bolt Energy que atua na comercializa-
ção de energia para o consumidor final,
vai expandir suas operações para os
estados de Goiás, Maranhão e Mato
Grosso. O objetivo é fornecer energia
limpa e 100% renovável por meio de
parques solares aos pequenos e médios
negócios e residências da região. De
acordo com a empresa, até o fim deste
ano a expectativa é ter mais de 15 mil
clientes nessas regiões. O investimento
a ser realizado na expansão será de R$
125 milhões. E o avanço terá parceria
com as distribuidoras locais: Equatorial
GO, Equatorial MA e Energisa MT. Para o
CEO da empresa, Gustavo Ayala, a
expansão nacional acontece em um
momento de prioridade. “Nosso objeti-
vo é oferecer ao maior número de negó-
cios de pequeno e médio porte e resi-
dências energia limpa com custo mais
baixo e de forma simples, sem obras ou
investimentos.”

08 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: BRIAN HAIDER | GERMANO LÜDERS | TIAGO QUEIROZ/ENTOURAGE | FRANCIS BONN III | DIVULGAÇÃO
 INÊS 249

CANNABIS MEDICINAL
MAIS EFICIENTE UM BRANDING
A Entourage, farmacêutica especializada DE TRÊS DÉCADAS
em canabidiol, acaba de desembarcar no
Fundada pela empresária carioca
Brasil com uma mistura inédita de óleos
Ana Couto, a agência de branding
da planta da maconha. A formulação
que leva seu nome chegou aos 30
proprietária Fusionner permite uma
anos com o lançamento do livro
absorção 53% maior e mais rápida (com
"A (R)evolução do Branding" e o
início dos efeitos em 15 minutos),
reposicionamento da própria
segundo CEO da empresa, Caio Abreu.
marca, que passou a ser
Ele afirma que os produtos podem ser enxaquecas. No ano passado, o mercado
“anacouto”. Para a nova fase, a
utilizados no tratamento para doenças nacional de cannabis medicinal
empresa vai disponibilizar uma
inflamatórias crônicas, mas também em movimentou mais de R$ 450 milhões.
ferramenta própria de gestão, o
casos mais leves como estresse, “Nosso compromisso com a pesquisa e a
Valometry, e um programa de
distúrbios do sono, cólicas, dores excelência farmacêutica nos coloca na
cursos e mentorias. Com isso,
musculares, articulares, abdominais e vanguarda do setor”, afirmou.
prevê receita 30% maior que em
2023, quando atingiu R$ 30
milhões. Conhecida por ser o
nome por trás das estratégias de
marcas como Raízen, Havaianas
e Eletromidia, Ana Couto
HORA DE INVESTIR NOS EUA afirmou que “o branding não é
apenas o design, mas uma
A corrida pela dolarização dos investimentos no País gestão de valor e liderança”.
seduziu mais uma empresa: a Canam, maior grupo de
assessoria de investimento para obtenção de green
card via EB-5 dos EUA. A companhia possui mais de
três décadas de experiências e já reembolsou mais de
US$ 2,26 bilhões em capital EB-5 de mais de 4,5 mil
famílias. Com a chegada da companhia, veio a
contratação de uma executiva de peso: a brasileira
Mila de Olano, vice-presidente de Desenvolvimento
de Negócios para a América Latina. Com passagens
em companhias globais como a multinacional de
petróleo e gás ExxonMobil e a líder inglesa de
tecnologia educacional Promethean, vai liderar a
expansão da empresa na América Latina. O EB-5 é um
programa que concede green cards para quem investir
mais de US$ 800 mil em projetos de desenvolvimento
que geram empregos nos EUA.

A IMPORTÂNCIA DO SCORE PJ 24 %
para consultas
PESQUISA INÉDITA DA SERASA
EXPERIAN MOSTRA QUE A NOTA DE
91 %
dos empreendedores
66
dos
% de sua própria
empresa 12 p.p.
consideram que o respondentes foi o aumento do
CRÉDITO É O SEGUNDO DADO NA uso do score entre
uso da ferramenta afirmam que
ORDEM DE PRIORIDADE, DEPOIS DA 2022 para 2023
10
ou a consulta ao utilizam apenas
ANÁLISE DOS DADOS CADASTRAIS, Score PJ é para consulta %
NAS INFORMAÇÕES QUE APOIAM importante ou muito de clientes ou para ambos, a
importante para potenciais própria empresa
AS DECISÕES DO DIA A DIA tomada de decisão clientes e terceiros
Fonte: Serasa Experian

Dinheiro 03/04/2024 09
 INÊS 249

apresenta

EABH: Excelência educacional internacional

nas montanhas da capital mineira
Top 2 da América Latina, a Escola Americana de Belo Horizonte
se desponta como um Hub de Excelência

C
om a missão de empoderar
agentes compassivos para um
futuro melhor, a Escola Ame-
ricana de Belo Horizonte (EABH)
vem, por meio da educação de ex-
celência, ajudando a escrever a
história de milhares de alunos que
passam pela instituição desde sua
fundação, em 1956. Sendo uma as-
sociação sem fins lucrativos, com
caráter exclusivamente educacio-
nal, cultural, científico e literário, a
EABH vem colocando a capital mi-
neira no circuito mundial de esco-
las internacionais.
Em 2018, a Escola Americana de
Belo Horizonte foi eleita a Top 2 da
América Latina em ensino educa-
cional pela COGNIA (Advanced Ac-
creditation) - instituição prestigiada
de credenciamento que atesta o pa-
drão de qualidade de diversas esco-
las que adotam o currículo ameri-
cano. Além do diploma americano,
também são oferecidos o brasileiro,
o rigoroso Advanced Placement
(AP) Capstone Diploma Program e o
AP International.
A EABH é a primeira e única esco-
la em Minas Gerais e a segunda es-
cola em todo o Brasil a oferecer o IB
Primary Years Programme (PYP) e o
IB Middle Years Programme (MYP),
reconhecendo oficialmente a EABH
como uma Escola do Mundo pelo
International Baccalaureate (IB).
Com o AP Capstone, ela é a única
instituição educacional em Minas
Gerais a oferecer até quatro diplo-
mas de ensino médio.
De acordo com o novo Head of
School da EABH, Kerry Timmerman,
a escola adota uma perspectiva ho-
lística, valorizando tanto o desenvol-
vimento acadêmico quanto o artísti-
co, o físico e o emocional dos alunos.
“Reconhecemos a singularidade de
cada estudante e nos dedicamos a
aprimorar seus talentos individuais.
Encorajamos constantemente nos-
sos alunos a serem criativos, inova-
dores e reflexivos, capacitando-os “Reconhecemos a
para enfrentarem os desafios do singularidade de cada
futuro com confiança e determina-
ção”, explica Timmerman. estudante e nos dedicamos
ENSINO DE QUALIDADE a aprimorar seus talentos
Com entrada de alunos a partir individuais”
dos 4 anos, a educação é dividida
em Lower School (4 anos ao 5º ano Kerry Timmerman – Head of School

Arquivo Pessoal
do Ensino Fundamental) e Upper
School (Educação Fundamental do
6º ao 9º ano e do Ensino Médio da
1ª à 3ª série). O calendário e o currí-
culo oferecidos são o americano, o
brasileiro e o internacional. As au-
las são ensinadas na língua inglesa
em horário integral, com exceção
de História e Geografia do Brasil e
Língua Portuguesa – esta ocorre to-
dos os dias. Os estudantes também
aprendem Robótica, Programação,
Arte, Música, Espanhol e outras
disciplinas.
O currículo é amplo e diversifica-
do, abarcando não apenas discipli-
nas acadêmicas, mas também a for-
mação de caráter e de habilidades
sociais, como a cidadania digital.
“Nosso principal objetivo é não ape-
nas transmitir conhecimento, mas
também preparar os alunos para os
desafios do mundo atual, incluin-
do a realização do SAT, uma prova
reconhecida internacionalmente e
exigida por diversas universidades
INÊS 249
“Tornar-se um Hub de Excelên-
Ex-Head of School da EABH assume cia Educacional também significa
cargo no Governo Americano que estamos engajados em dividir
Catarina Song Chen, ex-Head of School da o conhecimento com outros profis-
EABH, deixou a escola no fim de fevereiro, sionais. No último ano letivo, sedia-
depois de 15 anos à frente da instituição. mos eventos que reuniram alunos e
Ela foi convidada pelo Governo Americano professores de outras escolas inter-
para assumir o cargo de Especialista nacionais e locais para uma troca
em Programas Educacionais (Strategic salutar de experiências”, destaca
Partnership and Special Projects), sendo Timmerman.
a responsável pelo desenvolvimento de Entre conferências e workshops,
projetos de inovação e educação para a EABH sediou a Jornada de Estu-
todas as escolas internacionais vinculadas dos Brasileiros 2023; o Workshop
ao Departamento de Estado Americano. A de Leitura e Escrita, patrocinada
posse de Catarina no novo cargo diplomático pela AMISA (Associação das Esco-
ocorreu neste mês, em Washington, D.C. las Internacionais Americanas nas
Américas); e o Workshop do Really
nos Estados Unidos”, afirma o Head Great Reading - que ensinou os pro-
of School da EABH. fessores da Educação Infantil a de-
A escola conta hoje com mais de senvolver habilidades de alfabetiza-
500 estudantes de 18 nacionalida- ção precoce.
des, convivendo em um ambiente Outra área na qual a EABH tem
culturalmente globalizado. No úl- concentrado esforços é o uso de
timo ano letivo, os alunos conse- dados provenientes de diagnósticos
guiram aprovação em mais de 200 para ajudar na formação dos estu-
universidades no mundo, incluindo dantes. Na Conferência da AMISA
as mais renomadas Ivy Leagues nos na Guatemala, por exemplo, uma
Estados Unidos, recebendo mais equipe de professores do Ensino
de USD$ 3,5 milhões em ofertas de Fundamental da EABH apresentou
bolsas de estudo. um trabalho sobre a importância
do uso de dados para melhorar a al-
HUB DE EXCELÊNCIA fabetização dos alunos. ■
Além de uma escola internacional
de qualidade mundialmente reco-
nhecida, a EABH se capacita cons-
EABH em Números
tantemente para ser um Hub de (ano letivo 2023)
Excelência Educacional. Com um
expressivo número de professores 4 DIPLOMAS
das mais diversas nacionalidades, americano, brasileiro,
a escola realiza regularmente trei-
namentos profissionais para au- AP Capstone International
mentar a capacidade de liderança e e AP Capstone Diploma
ensino do seu corpo docente.
+ 500 ALUNOS
+ 18 NACIONALIDADES
Aprovação em
+ 200 UNIVERSIDADES
MUNDIAIS
Fotos: Divulgação
+ USD$ 3,5 MILHÕES em
ofertas de bolsas de estudo
 INÊS 249

ENTREVISTA | Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil

“Carros a combustão
e eletrificados
ainda vão
conviver por
muito tempo”
Executivo avalia como positiva
a concorrência com as marcas
chinesas, principalmente as que
estão trazendo elétricos
e híbridos para o mercado
nacional, mas afirma que
as regras precisam ser
iguais a todos

Hugo CILO

12 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: DIVULGAÇÃO


Desde que o executivo Ricardo Gondo
assumiu a presidência da Renault no
Brasil, em janeiro de 2019, sua vida pas-
sou a girar em torno de um tema: defi-
nir quanto, quando e como investir no
País. Em meio a um tsunami de lança-
mentos de carros elétricos e híbridos,
sua postura tem sido de cautela. Como
apenas 1,5% das vendas totais do mer-
cado nacional em 2023 foram de auto-
móveis puramente elétricos, a Renault
aposta no lançamento de modelos ainda
100% a combustão, mas com maior efi-
ciência energética. Em entrevista à
DINHEIRO, Gondo afirmou que a tran-
sição energética por aqui será mais
suave do que na Europa e que o nível de
exigência ambiental e de segurança no
Brasil tem de ser coerente com o poder
de compra do consumidor. “Existe um
limite no Brasil em questão de custos e
preços. Se a indústria embarcar nos car-
ros novos todas as novas
tecnologias existentes,
boa parte dos consumi-
dores não tem como
comprar”, afirmou.
DINHEIRO – A Renault
acaba de anunciar oito
lançamentos, dentro de
um ciclo de investimentos de R$ 5,1
bilhões. Qual a ambição da marca com
essa ofensiva?
RICARDO GONDO – Os lançamentos
fazem parte do International Game
Plan 2027, que é um plano global da
marca Renault. Aqui para o Brasil, o que
nós já temos decidido é o Kardian, que
acabamos de lançar, e um novo SUV
compacto, que vamos lançar em breve
com a mesma plataforma, que é uma
solução global. Com esses modelos
temos grande expectativa de cresci-
mento. Não posso abrir os números
sobre projeções de participação de mer-
cado, mas posso garantir que iremos
acompanhar a recuperação do mercado
brasileiro. Em 2012, ele havia sido de 3,6
milhões de carros. Em 2023, foi de 2,1
milhões. Em 2024, o mercado local deve
chegar a 2,3 milhões. Então, existe
muito potencial.
INÊS 249
Mais montadoras estão apostando no tes inferiores do que exige a legislação
segmento de híbridos flex, já que proble- europeia ou a americana. Não é só nisso.
mas de infraestrutura têm prejudicado o Em aspectos de emissões, eficiência
segmento de elétricos. Por que a Renault energética e segurança, o Brasil está
está insistindo no motor a combustão? entre os mais rígidos. E é com certeza
Na nossa avaliação, carros a combustão muito mais exigente do que países
e eletrificados vão conviver por muito como Colômbia, Argentina e México.
tempo. Se olharmos para Europa, vere-
mos isso acontecendo hoje. Desde 2012 Esse nível de exigência é empecilho para
a Renault comercializa veículos elétri- os investimentos?
Não é impeditivo para novos investi-
cos no mercado europeu. Repito: desde
mentos. É ótimo que o Brasil tenha uma
2012. A Renault foi pioneira nesse seg-
legislação de primeiro mundo em rela-
mento. Mas, se olharmos para os dados
de 2023, 50% das vendas na Europa ção a emissões e segurança. É bom para
continuam sendo de veículos com os clientes, é bom para o mercado. A
única ressalva é que o nível de exigência
motores a combustão interna. Da outra
precisa ser equilibrado. Tudo isso tem de
metade, 33% são híbridos, seja híbridos
ser implementando pouco a pouco.
leves até os híbridos plug-in. Só 17% são
carros puramente elétricos. Então, Afinal, existe um limite no Brasil em
mesmo na Europa, 12 anos depois, os questão de custos e preços. Se a indústria
embarcar nos carros todas as novas tec-
elétricos ainda são uma fatia menor. E
nologias existentes, boa parte dos con-
como o Brasil está muito atrás do que
sumidores não terá como
comprar. É preciso ter
Em vários aspectos, a exigência da coerência entre as exigên-
legislação brasileira é até maior do que na cias e a capacidade de
compra dos brasileiros.
Europa. E muito maior do que em países
como Colômbia, Argentina e México’’ Está faltando coerência?
Não. As montadoras, re-
presentadas pela Anfa-
acontece na Europa, vemos que a tran- vea, estão atuando junto ao governo
sição será gradativa. Ainda que com os para buscar esse equilíbrio. Estamos
incentivos para elétrico lá fora, a trabalhando juntos. Caminhando bem.
mudança vai levar um certo tempo. O mais importante é sempre ter diálogo
para poder fazer ajustes. Porque todas
Quanto tempo? as montadoras, incluindo nós na
Não sei exatamente, mas nossa transi- Renault, têm tecnologia para aplicar.
ção energética será mais suave do que Mas, no final das contas, a gente tem de
em outros países, como os da Europa, a introduzir essas novas tecnologias de
China ou os Estados Unidos. Como no um lado e pensar no cliente e no merca-
Brasil temos o etanol, e dominamos a do consumidor, de outro. O preço do
tecnologia flex, a pressão é menor. No carro não pode ser impeditivo.
ano passado, só 1,5% dos carros vendi-
dos eram 100% elétricos. No caso da descarbonização da frota, há
mais discurso do que prática?
A legislação é mais frouxa no Brasil? Vejo que o tema descarbonização passa,
Não. Em vários aspectos, a exigência da sim, pela eletrificação. No entanto, na
legislação brasileira é até maior do que realidade de hoje a descarbonização é
na Europa. O tema de gases evaporati- também a busca por mais eficiência ener-
vos, ou seja, o índice de evaporação do gética dos motores a combustão. Motores
combustível no tanque, é um exemplo. mais eficientes compõem esse processo
No Brasil, a gente precisa estar em limi- de transição energética. Em função disso,
Dinheiro 03/04/2024 13

ENTREVISTA | Ricardo Gondo
a gente definiu como prioridade o tema
consumo. Esse modelo Kardian que aca-
bamos de lançar tem um motor turbo 1.0,
com três cilindros e 125 cavalos. É o maior
torque da categoria. Isso que significa
para o cliente maior agilidade na cidade e
menor consumo. Comparado com os
nossos melhores competidores diretos, o
consumo na cidade é 8% menor.
Não é pouco em um mercado que está
lançando tantos elétricos e híbridos? Nos
últimos meses, Stellantis, Volkswagen,
Toyota e outras montadoras chinesas já
anunciaram mais de R$ 100 bilhões em
investimentos...
Nosso ciclo de investimentos entre 2021
e 2025 é de R$ 5,1 bilhões. O próximo
ciclo será anunciado em breve, e não será
pouco. Mas os valores ainda estão sendo
definidos. Mas o que estamos mirando
agora é o segmento que
mais cresce, o de SUVs e os
B-SUVS, que são os com-
pactos. Muitos consumi-
dores estão migrando do
segmento hatches para os
SUVs compacto. E esta-
mos trabalhando junto
com a Horse no desenvolvimento de
motor híbrido flex para o mercado brasi-
leiro. Terminamos 2023 com 5,8% de
market share. Vamos crescer. Esse o
nosso foco.
Esse crescimento leva em conta a con-
corrência com as marcas chinesas,
como BYD e GWM, que estão chegando
com muito apetite? O Kwid perdeu
espaço para concorrentes como o
Dolphin...
Olha, o Kwid é um bom exemplo de
carro aliado da descarbonização. É um
modelo compacto, moderno, leve e
urbano. Por ser moderno, o Kwid a com-
bustão emite apenas 84 gramas de CO2
por quilômetro rodado. Se comparar-
mos com os híbridos vendidos no Brasil,
eles emitem mais do que 84 gramas de
CO2 por quilômetro. Por quê? Porque a
hibridização começou com carros maio-
14 Dinheiro 03/04/2024
INÊS 249
res, motores maiores, carros mais pesa- com a matriz. Agora, talvez tenhamos
dos. Então, quando se coloca eficiência aprovação de ciclos mais longos.
energética nesse conjunto, a redução
nas emissões é superior. Esses investimentos dependem de incen-
tivo do governo?
Mesmo assim, a concorrência com os chi- Não. O que defendemos, via Anfavea, é
neses não preocupa? que quem investiu e segue investindo no
Concorrência é sempre importante e Brasil teria uma cota isenta de imposto
boa. A Renault tem 125 anos de história. de importação. Quem já produz por aqui
Então, já enfrentamos todo tipo de con- poderia importar algum volume sem
corrência. Dentro da história da indús- imposto. Os nossos investimentos inde-
tria da automobilística, já passamos por pendem da aprovação da nova fase do
diversas ondas de competição acirrada. Rota 2030. Seja na concorrência com
Enfrentamos marcas japonesas, marcas chineses ou qualquer outra marca, não
americanas e outras marcas europeias. podemos ter fatores que desequilibrem
No Brasil não foi diferente. A Renault o mercado. O que nós defendemos é pre-
foi uma das primeiras a chegar e dispu- visibilidade e isonomia.
tamos com ondas em 1998, 1999 e 2000,
quando vieram outras marcas france- Como a conjuntura econômica no Brasil,
sas, outras marcas japonesas e corea- especialmente juros e câmbio, influen-
nas. Então, isso faz parte da história. cia esses investimentos?
A queda da taxa de juros
é superimportante. Nos
Seja na concorrência com chinesas ou últimos anos vimos
qualquer outra marca, não podemos ter isso. Com a Selic alta,
70% das vendas eram à
fatores que desequilibrem o mercado.
vista. Só 30% dos carros
Defendemos previsibilidade e isonomia’’ eram financiados.
Quando os juros esta-
vam baixos, em 2018 e 2019, a proporção
Mas a concorrência era, geralmente, com era inversa. Isso ajuda a explicar a redu-
produtos baseados em uma mesma tec- ção do mercado e a crise em muitas
nologia. Não havia elétricos... empresas do setor. Sem falar que a
Sim, o que está acontecendo hoje é uma inadimplência dispara quando os juros
transformação tecnológica no mundo estão altos. Agora, com juros em queda,
do automóvel. A chegada desses novos inflação controlada e inadimplência em
concorrentes faz com que todo mundo baixa, o cenário é obviamente mais posi-
tenha de buscar novas soluções para tivo. Essa conjuntura econômica, que
continuar competitivo no mercado. inclui a confiança mais elevada do con-
Por isso estamos sempre trabalhando sumidor e desemprego em visível queda,
em novos projetos. Quando um ciclo de ajuda nas vendas. Além disso, quando a
investimento termina, logo outro gente analisa os custos de capital, juros
começa. Definimos esses investimen- baixos ajudam demais.
tos em um trabalho constante dos
times aqui no Brasil com as equipes da E o dólar?
Renault na América. Para validar novos Mais importante do que a cotação do
investimentos, há um trabalho comple- dólar é a estabilidade. Seja o dólar ou o
xo. Os recursos que aportamos hoje euro, que é a moeda que impacta nos nos-
foram decididos lá em 2021. Naquela sos resultados, a boa notícia é que nos
época, em função da crise, a gente defi- últimos meses estão mais estáveis frente
nia ciclos de investimento mais curtos ao real. E assim espero que continue.
INÊS 249
 INÊS 249
Sustentabilidade POR SÉRGIO VIEIRA

A pesquisa é clara: seis em cada dez

brasileiros topariam pagar a mais por um
produto sustentável. É o que aponta
levantamento da OLX, maior marketplace
de classificados de produtos usados, autos
e imóveis do Brasil. Desses, 34% pagariam
até 10% a mais do valor do produto, 27%
pagariam até 20%, e 8% aceitariam
desembolsar 50% ou mais. A maioria
enfatizou a importância do consumo
consciente por meio de práticas como a
reutilização de produtos (28%), diminuição
do lixo (15%), descarte regular (6%) e
reaproveitamento (3%). Os que disseram
que não se preocupam com o tema
totalizaram 21%. O estudo aponta, ainda,
que 57% já procuraram por produtos
sustentáveis em suas compras. O

O produto é
levantamento ouviu cerca de 600 pessoas
de todas as regiões do País, classes sociais
e faixas etárias em janeiro deste ano e foi
realizado por meio da plataforma de human
analytics da MindMiners. “O estudo avaliou

sustentável? Então
a importância e percepções de temas da
Sustentabilidade para o consumidor
brasileiro nos dias atuais, como a economia
circular, conceito que propõe um ciclo
contínuo de reutilização, reparo,

o brasileiro topa
recuperação e reciclagem de produtos e
materiais. Um dos exemplos práticos mais
conhecidos é a compra e venda de
produtos usados, atividade na qual se

pagar mais
baseia o negócio da OLX, focado em
anúncios digitais”, disse Regina Booter,
diretora geral da OLX.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

MAIS PONTOS PARA COLETA DE CÁPSULAS DE CAFÉ

Com mais de 300 pontos de coleta no
Brasil e taxa anual de reciclagem de
24%, a Nespresso inaugurou
recentemente mais um local para
descarte das cápsulas usadas.
Instalado na recepção do hotel Grand
Hyatt Rio de Janeiro, o novo serviço
prevê a reciclagem de mais de 16 mil
cápsulas. Todo o material recebido no
local será encaminhado para São Paulo,
no centro de reciclagem da empresa,
onde é feita a separação mecânica da
borra do café e do alumínio.
Enquanto a borra é destinada ao
projeto Nespresso Hortas, que usa o
resíduo como adubo para o cultivo de
alimentos orgânicos, o alumínio vai à
indústria siderúrgica, voltando para o
seu ciclo de vida. “O Grand Hyatt Rio de
Janeiro é um grande parceiro e
compartilha conosco a mesma
preocupação que envolve questões de
preservação do meio ambiente e
iniciativas em prol da sociedade”,
afirmou Fernanda Gobbo, diretora de
sustentabilidade da Nespresso Brasil.

16 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: GERMANO LÜDERS | DIVULGAÇÃO

 INÊS 249

APOIO A VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA

MAIS QUE BATOM. DIGNIDADE

Uma situação difícil de aceitar: três a
cada dez mulheres no País já foram
vítimas de violência doméstica, o que
representa mais de 25 milhões de
brasileiras, segundo pesquisa do Instituto
DataSenado. Para contribuir na mudança
desse terrível cenário, a marca Vult
lançou, em parceria com a ONG Turma
do Bem e o Instituto Maria da Penha, o
projeto “Isso é Mais do que Batom”. O
objetivo da iniciativa é apoiar o resgate
da autoestima e orgulho dessas
mulheres que tiveram a boca como
ponto de agressões. “Sabemos que em
casos de violência muitas vezes o alvo
principal é a boca e, por isso, quereremos
multiplicar sorrisos e ampliar a voz
dessas brasileiras, para que contem suas
histórias e inspirem a sociedade como
um todo”, disse Renata Gomide, vice-
presidente de consumer do grupo
Boticário, dona da marca Vult. “O projeto
busca construir, a partir de exemplos
reais, um movimento de sensibilização e
conscientização que fomente o resgate
do orgulho feminino.” O projeto oferece
tratamento odontológico integral e
gratuito às mulheres que tiveram a
dentição afetada pela violência. O
próximo passo é o lançamento de um
batom especial que terá a venda 100%
revertida à Turma do Bem.

RECICLAGEM DE COPOS
A ECONOMIA CIRCULAR DA CORRIDA DE RUA
Quem é corredor sabe: um
dos grandes desafios para
quem está encarando uma
prova é desviar dos copos de
água descartados e que
foram distribuídos nos
pontos de hidratação
durante os percursos. A
dúvida é sempre sobre o
destino desse material.
Nesse sentido, a Cristalcopo
resolveu dar um passo extra
nas ações de economia
circular na 28a Maratona
Internacional de São Paulo,
que será realizada no
próximo dia 7 de abril. A
empresa, em parceria com a
fonte de água Bonatural, vai
fornecer 480 mil copos
descartáveis aos atletas
inscritos. E, mais importante
ainda, vai garantir a
destinação correta dos
materiais. Por meio do
projeto Recicla Junto, a
Cristalcopo vai fazer a gestão
dos resíduos, junto com a
equipe do evento, coletando
as embalagens descartadas
e transportando até uma
unidade de reciclagem, para
virar outros itens. “Como
parte do nosso compromisso
com o meio ambiente,
estamos trabalhando para
transformar todo o material
reciclado em novos produtos.
Acreditamos que esse ciclo
completo de produção e
reciclagem é essencial para
promover uma cultura
sustentável em nossa
sociedade”, afirmou o CEO
Augusto Freitas.

APOIO DA DISTRIBUIDORA EDP

UM MUSEU QUE LEVA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

Mantido pela Fundação Energia e
Saneamento, o Museu de Energia de
Salesópolis registrou crescimento de 76%
no número do público atendido em 2023,
em comparação ao ano anterior. Em
parceria com o Instituto EDP, responsável
pelas ações sociais da distribuidora de
energia EDP, que atende o Alto Tietê, no
Estado de São Paulo, as atividades
promovidas pelo museu beneficiaram no
período mais de 2,8 mil pessoas, entre
visitantes e atendidos pelos projetos do
espaço cultural, com a participação de 13
escolas públicas de municípios da região. Ao
todo, foram mais de 20 ações de educação
ambiental. “Apoiar o Museu de Energia, que
é um patrimônio do território regional, traz
enorme orgulho para a EDP, que busca
desenvolver e potencializar iniciativas para a
inclusão social, educação, transição
energética justa e qualidade de vida e bem-
estar das comunidades nas regiões de
atuação”, disse Dominic Schmal, diretor de
ESG da EDP e do Instituto EDP.

INTERNACIONAL
AMIGOS? AMIGOS. ACORDOS À
Lula e Macron reforçam a
agenda ambiental,
investimentos conjuntos
em defesa e fortalecimento
das relações comerciais.
Mas o tão esperado acordo
de livre comércio entre o
Mercosul e União Europeia
fica fora da pauta
Jaqueline MENDES
18 Dinheiro 03/04/2024
A
s fotos do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva com o líder francês
Emmanuel Macron, tiradas na
quarta-feira (27), não deixam
dúvidas de que os dois vivem uma
espécie de lula-de-mel diplomá-
tica. Algumas imagens, de tão fora do
script para dois chefes de estado, roda-
ram o mundo e viraram memes na in-
ternet como “ensaio pré-casamento”
ou “trash the dress”, quando os noivos
posam em situações e paisagens inusi-
tadas. Mas por trás do romantismo das
fotos existem muitos interesses — de
FOTOS: RICARDO STUCKERT I LUC AUFFRET
INÊS 249
ambos os lados. No lado de Lula, a maior
ambição é convencer Macron a destra-
var o acordo de livre comércio entre o
Mercosul e a União Europeia.
Com ajuda dos ministros Marina
Silva (Meio Ambiente), Fernando Ha-
ddad (Fazenda) e o vice-presidente
Geraldo Alckmin (Desenvolvimento),
o governo brasileiro atua nos bastidores
para dissuadir os franceses. É sabido
que Macron enfrenta o poderoso lobby
do agro francês, que se sente ameaçado
pela abertura do mercado a produtos
mais baratos vindos da América do Sul.

PROTESTOS
DA DISCÓRDIA
Produtores rurais
franceses têm
pressionado o governo
a abandonar as
negociações com o
Mercosul, enquanto
Macron e Lula buscam
harmonia em outras
áreas de interesse
S À PARTE
Inicialmente, os franceses culpavam
a devastação ambiental do governo Bol-
sonaro para não concretizar o acordo. “O
acordo tal como está agora é péssimo,
porque foi negociado há 20 anos. Precisa-
mos reconstruí-lo pensando no mundo
como ele é hoje”, afirmou o presidente
francês, em encontro com empresários e
banqueiros na Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp), na quarta-
-feira (27). “Não defendo, porque não leva
em conta o clima como deveria. E digo isso
num país que está muito empenhado na
luta contra o desmatamento”, disse.
INÊS 249
Ao lado de Alckmin e Haddad, Macron defendeu a cons-
trução de um novo acordo, que permita reciprocidade entre
os mercados sul-americano e europeu, com mais exigências
de todas as partes. “Se o Brasil quer avançar nas negociações
com a gente, precisa apresentar metas e compromissos
concretos, principalmente no que trata de proteção da Ama-
zônia”, afirmou Macron. “França e Brasil têm uma agenda
comum para combater as mudanças climáticas.”
Tirando o que deu errado, quase tudo deu certo na vista
de Macron ao Brasil. Pelo lado de Macron, a visita objetivou,
no campo político, tratar do combate à desinformação, con-
ter o avanço da direita e valorizar a democracia. Comercial-
mente, o mais emblemático gesto do encontro foi o compro-
misso do francês com o Programa de Desenvolvimento de
Submarinos da Marinha, o Prosub. Macron se comprometeu
a trocar tecnologia para fabricação de submarinos conven-
cionais, a diesel, e nucleares. Por isso, ao lado de Macron,
Lula lançou o submarino Tonelero em Itaguaí, litoral do Rio
de Janeiro, o terceiro da Marinha brasileira. “Hoje, com o
complexo instalado aqui, o Brasil se posiciona dentro de um
pequeno grupo de países que domina a construção de sub-
marinos. O Prosub garante a soberania brasileira no nosso
litoral, fortalece a indústria naval e promove o desenvolvi-
mento do setor com muita inovação”, disse Lula.
BILATERAL Em sincronia com a visita do presidente da
França ao País, a ApexBrasil lançou estudo para promover
relações econômicas bilaterais entre os dois países. Chama-
do de Perfil de Comércio e Investimentos —França, o levan-
tamento mostra que há mais de 400 oportunidades comerciais
para produtos brasileiros, totalizando um mercado potencial
de mais de US$ 120 bilhões. Investimentos franceses no
Brasil também são destaque.
Em 2023, a corrente de comércio entre Brasil e França
foi de US$ 8,4 bilhões e as exportações brasileiras chegaram
a US$ 2,9 bilhões. Desde 2019, as vendas brasileiras cresceram,
em média, 3% ao ano, mas a participação brasileira no mer-
cado francês (0,5%) ainda é inferior à média de participação
global do Brasil (1,2%). Além de aumentar seu market share,
o País tem o desafio de diversificar os produtos exportados.
Os dez principais grupos de produtos vendidos pelo Brasil
para a França representam mais de 70% do valor total, com
destaque para commodities como farelos de soja, óleos bru-
tos de petróleo e minérios de ferro.
Quanto às importações, a França é um dos mais impor-
tantes fornecedores do Brasil (9º). As compras brasileiras
têm aumentado nos últimos anos, a uma taxa anual de 3,2%.
Defensivos agrícolas, em especial, ganharam importância
nas importações brasileiras em decorrência do bom desem-
penho do agronegócio e da guerra da Rússia na Ucrânia.
Dinheiro 03/04/2024 19
INÊS 249
INÊS 249
 INÊS 249
ECONOMIA

ARRECADAÇÃO RECOR

22 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: TON MOLINA/NURPHOTO VIA AFP


ORDE ALIVIA HADDAD
U
ma pressão interna no governo
Lula parece ter arrefecido após
MEDIDAS DA o resultado da arrecadação fe-
deral no primeiro bimestre. En-
FAZENDA tre janeiro e fevereiro, os cofres
federais receberam R$ 467,15
RESULTAM EM bilhões, o melhor desempenho
RECORDE E DÃO desde 1994, no início do Plano Real. O
número reflete avanço acima do espera-
AO MINISTRO A do da atividade econômica, redução das
desonerações e imposição de novos im-
CARTA BRANCA postos (como taxação dos super-ricos).
“Todos dizem que a arrecadação surpre-
PARA PERSEGUIR endeu. O PIB surpreendeu, o desempre-
O DÉFICIT FISCAL, go surpreendeu, a inflação surpreendeu.
Fica parecendo que o governo tem sorte.
AINDA QUE ISSO Não. Nosso governo sabe o que quer e
como fazer para chegar lá”, disse Lula,
GERE CONFLITO em evento em Brasília. Com essa maré
positiva, o ministro da Fazenda, Fernan-
DENTRO DO do Haddad, conseguiu fortalecer sua
PRÓPRIO presença junto ao presidente do Brasil,
e com isso sua busca pelo déficit zero. O
GOVERNO momento não poderia ser mais propício.
Desde novembro passado, parte da base
do governo (tanto no Executivo e no Le-
gislativo) pressionava Lula por uma re-
Paula CRISTINA visão da meta de zerar as contas públicas
para garantir mais investimentos em ano
eleitoral nas cidades.
O argumento dos que pressionaram
pela revisão do plano de zerar o déficit,
incluindo a presidente do PT, Gleisi Ho-
ffman, era que havia chances de o gover-
no não cumprir o objetivo, o que acarre-
taria em feria a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). O governo tem uma janela
para mudar a previsão orçamentária das
contas públicas, e o plano era aproveitar
um eventual arrefecimento da economia
INÊS 249
no primeiro trimestre para sustentar a
sugestão. Mas não foi o que aconteceu.
“Até aqui, estamos com uma projeção
boa para o ano. Mas, a cada bimestre, essa
avaliação volta a ser feita”, disse Haddad,
em São Paulo.
Um destaque positivo no período,
segundo o ministro, foi a mudança na
forma de compensação de créditos tri-
butários, determinada pela MP 1202. “Ela
melhora a capacidade do Estado de se
planejar. Isso tudo faz com que a previ-
sibilidade melhore”, afirmou. Sobre a
continuidade do bom momento, o minis-
tro afirmou que a Receita Federal acom-
panha de perto todos os recursos que
podem entrar e quais são os riscos de
frustrações. “É a área técnica da Receita
que faz essas estimativas, mas a minha
impressão, por ocasião do envio do Or-
çamento, é que talvez as receitas corren-
tes estivessem um pouco subestimadas
e as extraordinárias, um superestimadas.
Isso está se comprovando, mas elas estão
se compensando razoavelmente bem.”
Para manter o desempenho dentro
do plano orçamentário, o governo anun-
ciou bloqueio de R$ 2,9 bilhões de des-
pesas e projetou um déficit de R$ 9,3 bi-
lhões para este ano, o que corresponde a
0,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Vale lembrar que a proposta na Lei Or-
çamentária Anual (LOA), aprovada pelo
Congresso Nacional e sancionada por
Lula, estimava um superávit de R$ 9,1
bilhões. Ainda assim, como existe um
intervalo de tolerância da meta de resul-
tado primário definida pelo governo para
o ano, a cifra fica dentro da margem. Ha-
ddad disse ainda que o cumprimento da
Dinheiro 03/04/2024 23
 INÊS 249
ECONOMIA

meta de déficit primário zero é um tra- FOGO AMIGO

Na contramão do
balho coletivo, não apenas do Ministério
objetivo de Haddad,
da Fazenda. “Hoje, a meta é uma lei. O o ministro da Casa
resultado não depende só de fixar na lei Civil, Rui Costa,
o que você quer. Depende de um esforço defende que o
governo aceite
do Executivo, do Legislativo e do Judici-
renegociar as
ário em proveito do equilíbrio de contas. gigantescas
É uma espécie de pacto nacional com esse dívidas dos Estados
objetivo”, disse.

TETO DE VIDRO Ao distribuir a respon-

sabilidade, Haddad joga no colo do Le-
gislativo decisões importantes para o que
definiu como “medidas urgentes para
destravam a economia”. O acordo sobre
a desoneração, a regulamentação da re-
forma tributária e abertura do mercado
para liberação do crédito estão na prio-
ridade do governo - mas nas mãos do
Congresso.
O problema é que, mesmo dentro do que ficou com os débitos caros e impagáveis e cobrava dos es-
governo, há divergências sobre quais são tados taxa de juros de 6% ao ano mais correção monetária. Uma
as prioridades. O ministro da Casa Civil, taxa de juros de pai para filho. Mesmo assim, os governadores
Rui Costa, é uma das vozes dissonantes. querem renegociar a cifra. Algo que Haddad não estava dispos-
Dele partiu a demanda de renegociar as to a ceder, em um primeiro momento. Quando Costa entra na
dívidas dos estados, uma reivindicação jogada, a coisa muda de cenário. Agora, o governo pede que os
de governadores preocupados com os estados dediquem - como contrapartida do “perdão” à dívida
próprios redutos. A dívida em questão foi - mais recursos em educação. A solução teria sido costurada
adquirida pelos governadores entre 1997 pelo próprio presidente, com características bem marcantes
e 1999, e assumida em 2013 pela União, do petista: nem tanto para um lado, nem tanto para outro.

200
NA CONTA DO GOVERNO
Evolução da arrecadação federal em fevereiro, por ano ( Em bilhões de R$*)
150

100

50

0 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 2023

*em valores correntes / Fonte: Ministério da Fazenda

24 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: DIVULGAÇÃO


FINANÇAS
CONTA SIMPLES COM APORTE MILIONÁRIO
A fintech recebe injeção
de R$ 200 milhões para
aumentar a operação
e oferecer crédito com
foco nas startups
Jaqueline MENDES
P
rincipal plataforma de gestão de
despesas e cartões corporativos do
Brasil, a Conta Simples encerrou
2023 como o seu melhor ano da
história, atingindo o breakeven e
obtendo a licença do Banco Central para
operação como Sociedade de Crédito Di-
reto (SCD). A projeção para 2024 é ainda
mais otimista com o anúncio de uma das
maiores captações do ano na América
Latina, uma rodada de série B de US$ 41,5
milhões, o equivalente a mais de R$ 200
milhões. Os investidores da série A da
empresa participaram da rodada, liderada
pela Base10 Partners, com contribuições
da Valor Capital, Jam Fund, Y Combinator,
Big Bets, Broadhaven e DOMO.
Para Rodrigo Tognini, CEO e cofun-
dador da fintech, o aporte será um poten-
cializador dessas metas, ajudando a trazer
mais eficiência ao negócio, que fechou
2023 atingindo o ponto de equilíbrio e R$
18 bilhões de volume de transações pro-
cessadas (TPV), melhor resultado da com-
panhia até então. “São marcos significa-
tivos na jornada financeira da empresa
alcançar o breakeven e receber um novo
investimento, que trazem perspectivas de
seguirmos crescendo de forma saudável
e expandindo a atuação com o lançamen-
to de soluções complementares ao core
da companhia”, afirmou Tognini. “A cap-
tação abre um leque ainda maior de opor-
tunidades de lançar produtos e implemen-
tar melhorias significativas em todos os
INÊS 249
OPERAÇÃO
TURBINADA
No ano passado,
a fintech
movimentou em
sua plataforma
mais de R$ 18
bilhões, melhor
resultado da
história da
empresa
serviços que oferecemos, com a otimização da usabilidade da
nossa plataforma para os clientes terem jornadas aprimoradas.”
A rodada de investimentos aconteceu sem a necessidade
de abertura de um processo formal de fundraising ou mesmo
um pitch deck, e quase dobrou o valor recebido na última ro-
dada (Série A) em 2021, de R$ 121 milhões. O movimento
também garante reforço na governança da companhia. Segun-
do TJ Nahigian, cofundador e sócio da Base10 Partners, a
Conta Simples tem o maior potencial de crescimento na Amé-
rica Latina. “Já sendo líder na América Latina, a Conta Simples
possui o que acreditamos ser o maior potencial de crescimen-
to na região. Investimos na startup desde 2021, sabendo que
ainda há muitas possibilidades de expansão em 2024, amplian-
do o escopo de gestão de despesas corporativas e cartões para
o Brasil e além”, afirmou. A captação abre
Nos Estados Unidos, a captação foi assessorada pelo Wil-
um leque maior de
merHale, escritório de representação jurídica global, enquan-
oportunidades de
to no Brasil, o FM/Derraik, referência no Venture Capital
lançar produtos e
nacional, esteve à frente do processo. A Conta Simples também
implementar
pretende continuar, segundo Tognini, em um ritmo forte de
melhorias
aumento de clientes – multiplicada três vezes em 2023 e que
já totaliza mais de 30 mil usuários ativos –, evoluindo os canais
significativas em
de distribuição e o software de gestão de despesas da empresa. todos os serviços”
Para cumprir a missão, o time será reforçado em 2024, com a RODRIGO TOGNINI
expectativa de abertura de mais 100 vagas ao longo do ano. FUNDADOR E CEO
FOTOS: DIVULGAÇÃO Dinheiro 03/04/2024 25
 INÊS 249
FINANÇAS

Para estimular
a inovação
e promover
negócios na
região, Grupo
Ivy vai lançar
o Banco de
Incentivos da ECONOMIA LOCAL
O foco do banco será apoiar
Amazônia (BIA) pequenos e médios
empreendedores da região Norte
Jaqueline MENDES

UMA FINTECH DE FOMENTO PARA A FLORESTA

O
Grupo Ivy, holding nacional que atua com foco na área de taxas e fácil implantação, possibilitando
consultoria em soluções tecnológicas, vai lançar em maio realizar transações de forma ágil e eficien-
o primeiro banco digital da região amazônica, o Banco de te para otimizar as operações e impulsionar
Incentivos da Amazônia (BIA). O objetivo será estimular o desenvolvimento de seus negócios. “Com
o crescimento do setor de inovação e promover o surgi- uma proposta de fomento, através de um
mento de novas fintechs na região. O banco digital vai oferecer pequeno investimento, os novos empreen-
mais de 35 recursos integrados em meios de pagamento, além dedores conseguem iniciar uma operação
de fornecer soluções de contas digitais, microcréditos, boletos, robusta e duradoura”, disse Augusto.
links de cobranças e uma plataforma completa de Bank as a O Startups20, evento voltado para
Service (BaaS), que possibilita gerar novos negócios. compartilhar conhecimento e fomentar
Segundo o fundador e CEO do Grupo Ivy, Miller Augusto, a o crescimento do ecossistema de startups,
abertura do BIA vai estimular a adoção de tecnologias para que ocorreu no Amapá durante os dias 23
melhorar a vida de seus cidadãos. “Nosso objetivo é fornecer a 26 de março, foi um catalisador para a
apoio financeiro e tecnológico ao ecossistema da Amazônia, criação do BIA. Isso porque a interação
proporcionando acesso facilitado a serviços bancários essenciais com outras startups e empresas do setor
em uma era cada vez mais digitalizada”, afirmou o executivo. proporcionaram insights e aprendizados O objetivo é fornecer
O banco digital também possui uma grande estrutura de importantes, auxiliando o Grupo Ivy a apoio financeiro e
Backbone, espinha dorsal da internet responsável por conectar desenvolver uma abordagem estratégica tecnológico ao
diferentes redes e sistemas dentro de uma organização ou em e competitiva para arquitetar o BIA - além ecossistema da
uma escala maior, que geralmente opera em velocidades muito de unir o Grupo a parceiros estratégicos. Amazônia, com
altas para garantir uma comunicação eficiente e tornar a expe- “O Startups20 desempenhou um papel acesso fácil a
riência do empreendedor mais completa. fundamental ao fornecer o ambiente, os serviços bancários"
Além disso, terá também oferta de serviços da Consultoria recursos e a visibilidade necessários para
BaaS, equipe de desenvolvimento que atua em mais de 150 tec- transformar a ideia do primeiro banco
MILLER AUGUSTO
nologias; time de DevOps que atende todas as principais Clouds digital da Amazônia em uma realidade CEO DO
de Mercado, oferecendo aos empreendedores locais melhores tangível”, disse o CEO. GRUPO IVY

26 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: ROBERTO CASTRO I DIVULGAÇÃO

INÊS 249
 INÊS 249

O COPO
CAPA

CHEIO DA

NO BRASIL
Gigante global de bebidas
anuncia investimento de
R$ 4 bilhões no País para
crescer de forma sustentável
com inovação. A estratégia
prevê garantia de acesso
à água para pessoas em
situação de crise hídrica

Sérgio VIEIRA

28 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: CLAUDIO GATTI

 O
INÊS 249

segredo mais bem

guardado na história da indústria
de bebidas no mundo perdura des-
de 1891. Foi há 133 anos que o ame-
ricano Asa Griggs Candler comprou
os direitos sobre a fórmula de um
refrigerante desenvolvido por John
Pemberton e fundou a companhia
Coca-Cola em Atlanta, nos Estados
Unidos. A partir daí, o visionário
empreendedor criou a aura de mis-
tério em torno dos ingredientes,
mantendo a receita original em um
cofre, muito bem protegida. Mas se
a fórmula secreta do principal pro-
duto da gigante global de bebidas
segue intacta, o caminho para o
crescimento da companhia não é
segredo para ninguém.
Parte da chave dessa alavanca
está justamente no Brasil, quarta
maior operação global da Coca-
-Cola, atrás apenas de Estados Uni-
dos, China e México. Para se ter uma
ideia de como a empresa tem o foco
no consumidor brasileiro, o País
é citado quatro vezes no ba-
lanço financeiro de 2023.
Na receita mundial de
US$ 48,5 bilhões regis-
trada no ano passado
(com crescimento de 6%
no faturamento e 2% no
Há oportunidade volume), a América Latina
muito grande de foi responsável por 22% do
total (pouco acima de US$ 10 bi-
crescimento das
lhões), impulsionada pelo desem-
nossas categorias no penho de Brasil e México, o dobro
País. Para crescer, é da média internacional.
necessário investir” Para crescer ainda mais, a em-
presa enxerga a necessidade de
LUCIANA BATISTA,
PRESIDENTE DA COCA-COLA mais investimentos. Para o Brasil,
BRASIL E CONE SUL estão previstos R$ 4 bilhões em

Dinheiro 03/04/2024 29

CAPA
2024. O valor é R$ 1 bilhão a mais
do que tem sido aportado no País
nos últimos anos. O volume será
aplicado em quatro pilares: ino-
vação, crescimento sustentável,
iniciativas ambientais e ações
concretas de acesso à água a pes-
soas em situação de crise hídrica.
Para liderar essa nova fase de
crescimento está Luciana Batista, a
primeira mulher presidente da his-
tória da Coca-Cola no Brasil (e que
também comanda as operações na
Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai
e Bolívia). No cargo desde julho do
Estabelecemos
compromissos
importantes de
fornecer informações
para que a população
possa escolher a
bebida que faz parte
de seu estilo de vida”
VICTOR BICCA
PRESIDENTE DA ABIR
30 Dinheiro 03/04/2024
INOVAÇÃO E
AMPLIAÇÃO ano passado, a executiva, que antes
Investimentos da ocupava a função de senior partner
companhia no Brasil na consultoria Bain & Company,
incluem ações
entende que o desenvolvimento da
ligadas a inovação,
crescimento companhia está diretamente ligado
sustentável e à agenda de sustentabilidade e di-
aumento da frota versidade. “A gente quer ter orgulho
para distribuição
de seguir como alavanca de cresci-
dos produtos em
mais de 1 milhão de mento para a Coca-Cola, investindo
pontos de venda nas pessoas, na diversidade do time,
nas comunidades e no meio ambien-
te”, disse Luciana, em entrevista
exclusiva à DINHEIRO.
A estratégia também passa por
ações inovadoras nas unidades fa-
bris para uma produção mais efi-
ciente e, por consequência, mais
sustentável. No Brasil, a companhia
possui sete engarrafadores (Andi-
na, Bandeirantes, Brasal, Femsa,
Solar, Sorocaba e Uberlândia), além
da Leão Alimentos e Bebidas. “Há
uma oportunidade muito grande
de crescimento em consumo das
nossas categorias no País e temos
investido nisso. Para crescer, é ne-
cessário investir”, disse a presiden-
te da Coca-Cola.
FOTOS: GABRIEL ANDRADE | DIVULGAÇÃO
INÊS 249
Os recursos aportados envol-
vem modernização e ampliação
da capacidade de produção dos
parceiros brasileiros da Coca-
-Cola. “Todos eles estão com in-
vestimentos em curso, além de
ampliação de frota para entrega
dos produtos”, afirmou, ao dimen-
sionar o maior volume de recursos
feito nos últimos anos pela em-
presa. “É a soma dos pilares que
compõe nossa aposta no Brasil”,
disse. Entre as ações está o com-
promisso em garantir mais efici-
ência no uso de água e no consumo
de energia dos refrigeradores.
O grande desafio nessa jornada,
como reconheceu a presidente, é
fazer com que a agenda positiva
esteja diretamente ligada à susten-
tabilidade do negócio. “A redução
do consumo de água é boa para o
meio ambiente e reflete uma redu-
ção de custos. É o cenário ideal”,
afirmou. “Quando adotamos garra-
fas retornáveis, o produto fica mais
acessível, com preços competitivos.
O impacto total é muito positivo.”
 INÊS 249

EMPRESA TAMANHO FAMÍLIA

A inovação se estende ao au-
mento de opções para o consumi-
dor, com um portfólio amplo de
produtos para atender quem pro-
cura um refrigerante com menos América Latina
açúcar, prefere beber chá mate ou
um suco à base de soja, por exem- 22
representa % do
total da receita (cerca de
plo. “Como consequência desse Faturamento US$ 10,6 bilhões),
foco, temos aumentado nossa par- global em 2023 de impulsionada por Brasil
ticipação nesse segmento em que
garantimos o sabor, mas com me- US$ 48,5 BILHÕES e México

nos calorias”, disse a executiva. (crescimento de 6% em

Para o presidente da Associação
receita e 2%
Brasileira das Indústrias de Refri-
em volume) 4ª
Brasil é a maior
operação no mundo
gerantes e Bebidas não Alcoólicas (atrás de Estados
(Abir), Victor Bicca, a ideia de que o Unidos, China e No País são sete
setor tem grande responsabilidade México) parceiros engarrafadores
nas taxas de obesidade da população (Andina, Bandeirantes,
Brasal, Femsa, Solar,
está errada. Os números oficiais
mostram justamente o contrário, São 37 Sorocaba e Uberlândia),
além da Leão Alimentos
fábricas e uma
com a preocupação das empresas de e Bebidas
em contribuir nessa jornada. “Não concentrados Portfólio tem
somos os culpados, mas queremos
ser parte da solução. Estabelecemos
22 marcas
e mais de 100
compromissos importantes de for- produtos
necer informações para que a popu-
lação possa escolher a bebida que faz
parte de seu estilo de vida.” Mais de

15 BILHÕES DE LITROS Pesqui-

57 mil
empregos
sa realizada pelo Ministério da Saú- diretos no País
de mostra que, entre 2006 e 2023, Investimento de
a taxa de obesidade aumentou
105,9% no País. Na contramão des- R$ 4 BILHÕES
em 2024 no Brasil
se dado, o estudo também traz que, Companhia lança, em
entre 2007 e 2023, houve uma re- Maior empresa de parceria com o Pacto
dução de 51,8% no consumo regular bebidas não alcoólicas Global da ONU e Instituto
de refrigerantes. Para corroborar no País, presente em Cerrados, a Coalização
Brasileira pela
com essa tese, pesquisa do IBGE
verificou que o consumo de refri-
mais de 1 milhão
de pontos de venda
Resiliência Hídrica
gerantes e outras bebidas adoçadas
representa somente 1,7% das calo-
rias ingeridas pela população bra-
sileira. “A Anvisa comprovou que
reduzimos muito a quantidade de
açúcar dos produtos, bem acima do
índice estabelecido”, afirmou o exe-
cutivo, que representa 72 empresas,
com mais de 2 milhões de empregos
e que compõem mais de 90% do

Dinheiro 03/04/2024 31

CAPA
ACIMA DA MÉDIA
Com sete engarrafadores parceiros, a unidade brasileira da Coca-Cola contribuiu muito com
o crescimento global da companhia, que fechou 2023 com US$ 48,5 bilhões de receita
mercado de bebidas não alcoólicas.
No ano passado, as companhias
produziram no País 15 bilhões de
litros de refrigerantes.
A fortaleza de crescimento da
Coca-Cola e da presença do por-
tfólio amplo no mercado nacional
está na enorme capilaridade do
alcance de distribuição das bebidas
comercializadas pela empresa. No
Brasil, a companhia tem mais de 1
milhão de pontos de venda. Além
do apoio no varejo tradicional, a
gigante de bebidas realiza investi-
mentos no desenvolvimento dos
canais digitais, tanto para atender
o cliente final quanto o formato
B2B, incluindo o uso da Inteligên-
cia Artificial. “A Coca-Cola tem um
DRINQUES
No avanço do portfólio,
a empresa tem
crescido no segmento
de bebidas alcoólicas,
com o drinque pronto
Jack & Coke, mix do
refrigerante com
uísque, e gin tônica
32 Dinheiro 03/04/2024
peso desproporcional na impor-
tância do desenvolvimento dos
pequenos lojistas. Eles são parte
da alma do nosso negócio”, disse a
executiva. “Sem excluir o contato
humano, que é muito importante,
a conexão tem sido cada vez mais
digitalizada, incluindo recomen-
dações de compra e facilitando o
trabalho para o empreendedor”,
afirmou Luciana.
Justamente por isso que o tema
empoderamento econômico tam-
bém está no topo das iniciativas na
nova gestão da Coca-Cola no País.
A meta da companhia é impactar
na América Latina, até 2030, 3 mi-
lhões de pequenos negócios. So-
mente no Brasil, a empresa já be-
FOTOS: CLAUDIO GATTI | ALE LESSA | MAYRA DINIZ PERINO | DIVULGAÇÃO
INÊS 249
ENTREVISTA LUCIANA BATISTA ,
PRESIDENTE COCA-COLA
BRASIL E CONE SUL
É interessante de ver como
uma empresa centenária
segue se reinventando e
pensando sempre em seu
modelo de negócio”
Como tem sido o desafio de comandar a
Coca-Cola no Brasil e Cone Sul nesses nove
meses?
Tem sido importante esse papel de mobilizar as
pessoas, de colocar a agenda ESG no topo das ini-
ciativas da empresa. A gente precisa ter consciên-
cia de nossas prioridades, que é assegurar o
impacto nas comunidades em que a gente atua, e
clareza de nossa agenda ligada à água, empodera-
mento econômico, circularidade. E sustentabilida-
de não se faz sozinha. A gente tem espaço de cola-
boração com parceiros, ONGs e hubs de inovação.
Um problema complexo precisa ser resolvido a
várias mãos. E o que precisa ser parte do DNA da
companhia é avançar nestes temas. Uma decisão
de investimentos em capacidade produtiva precisa
estar conectada com eficiência no uso de água e
consumo de energia, por exemplo. A gente tem um
papel multiplicador muito grande e não podemos
fugir dessa nossa responsabilidade.
E como garantir com que essa agenda susten-
tável esteja conectada com o crescimento do
próprio negócio?
Essa é a questão central. Sustentabilidade deve ser
vista como oportunidade de crescimento. Quando
a gente junta as duas coisas, é muito positivo. Dá
para aliar eficiência com ações sustentáveis, colo-
cando menos material no meio ambiente e econo-
mizando recursos. É interessante de ver como uma
empresa centenária como a Coca-Cola segue se
 INÊS 249

reinventando e pensando sempre em seu modelo

de negócio. Prioridade é investir no crescimento,
com um conjunto enorme de oportunidade a partir
de nosso grande portfólio, dando todas as opções
para o consumidor. A Coca-Cola tem que estar
onde o consumidor estiver.

Para a empresa, isso passa também por

garantir a perenidade dos recursos hídricos?
Totalmente. A gente tem, desde 2007, o compro-
misso de neutralidade hídrica. Foi a primeira
empresa a assumir essa questão, em um momento
em que o tema ainda não era tão discutido. E
como consequência, a gente atingiu, em 2015, o
índice de reposição de 100% nas bacias hidrográfi-
cas. E hoje estamos com 160% de reposição em
toda a água que a gente consome. Aliado a isso, a
gente apoia projetos de recuperação de bacias,
desde iniciativas de conservação de áreas verdes
até projetos que estão conectados à inovação.

De que forma? MAIS DIGNIDADE

O desafio tem sido justamente atuar em regiões
com maior índice de estresse hídrico. Identificamos
60 bacias hidrográficas no mundo inteiro nessas
condições, e ali buscamos a neutralidade dentro
das bacias, que é mais difícil. Temos no Brasil 10
fábricas prioritárias para reposição hídrica.
Essa proteção envolve as pessoas que vivem
em área sem acesso à água?
Sim. Esse é um pilar muito importante para nós.
Multiplicar esse impacto é algo fundamental para
nós. Temos parcerias com 17 organizações. No
Brasil e Cone Sul, realizamos nos últimos anos
investimentos da ordem de R$ 100 milhões nos
pilares ligados a proteção de bacias e acesso da
população de baixa renda. Em 2024, vamos investir
mais R$ 13 milhões para a continuidade e expan-
são desses projetos. Como empresa de bebidas,
somos mobilizadores nessa pauta. A gente está
falando de 40 mil pessoas impactadas.
Como primeira mulher presidente da Coca-
Cola no Brasil, como o tema diversidade e
inclusão tem sido importante?
É uma empresa que tem o foco enorme nesse
tema. Na América Latina, 60% dos cargos de lide-
rança são ocupados por mulheres. O primeiro
papel, como presidente, é esse de representativi-
dade, em que as mulheres podem olhar e ver que é
possível. Nossos parceiros engarrafadores também
estão junto conosco nessa pauta. Isso é muito
importante. Para mim, como propósito pessoal, é
algo no qual eu me identifico. É possível ter perfor-
mance com pessoas diversas e com mínimo de
impacto ambiental.
Empresa investiu nos últimos anos R$ 100 milhões na proteção de bacias hidrográficas
e no acesso da população à água. Iniciativa já impactou 180 mil pessoas no Brasil
neficiou mais de 600 mil pessoas
com apoio comercial e capacitação
desses pequenos comerciantes.
E até para ampliar ainda mais
sua fatia de participação, a empresa
tem entrado de forma mais signifi-
cativa no mercado de bebidas alco-
ólicas. Recentemente, a companhia
lançou a bebida Jack & Coke, mix
entre a Coca-Cola e o uísque Jack
Daniel’s, muito comum em casas
noturnas. Nesse conceito de drin-
ques prontos, a empresa também
ampliou o portfólio de gin tônica
produzida pela Schweppes. “O que
a gente deseja é estar em todas as
opções de bebidas das pessoas. Nos-
so papel é oferecer para que o con-
sumidor faça sua escolha”, disse.
Ao mesmo tempo, ela entende
que é preciso olhar para as comu-
nidades em áreas de situação de
vulnerabilidade e seus desafios. O
empenho da Coca-Cola tem sido
em garantir água a pessoas que
vivem em áreas de crise hídrica. “A
gente vende bebidas, mas tem o
compromisso de dar acesso à água
para a população. Nossas iniciati-
vas alcançam 430 comunidades em
10 estados, beneficiando 180 mil
pessoas.” Para proteger também
os recursos hídricos locais, a em-
presa acabou de celebrar uma alian-
ça com o Pacto Global da ONU e
Instituto Cerrados, chamada Co-
alização Brasileira de Resiliência
Hídrica.
FAZER A DIFERENÇA Para a
presidente da Coca-Cola, a chega-
da ao comando da unidade brasi-
leira da multinacional representa
a chance de colocar em prática as
iniciativas que ela sempre sugeriu
às empresas enquanto atuou na
consultoria. “O papel de consulto-
ra é mais fácil, com análises e re-
comendações para empresas. Ago-
ra, do outro lado, a missão é
entender e mobilizar ações tão
importantes como a sustentabili-
dade”, afirmou Luciana. “A chance
agora é tirar do papel e fazer a di-
ferença.” Tudo isso sem nenhum
segredo. E com muito trabalho.

Dinheiro 03/04/2024 33
 INÊS 249
NEGÓCIOS

Gigante dos bens

de consumo
compartilha com
seus parceiros os
dados das
pesquisas que
realiza há 100 anos.
Resultado: todo
mundo vende mais
Beto SILVA

AS LIÇÕES DE UM
SÉCULO DA P&G ividir para multiplicar. O conceito não é novo. Tam- vendas. Deles e da própria empresa, pio-

D
pouco simples. Pode-se dizer que é tão antigo quan-
to complexo. É uma fórmula usada por muitos no
mundo corporativo, mas com raros resultados prá-
ticos. A P&G é um desses casos de sucesso. A gigante
americana de bens de consumo de saúde, beleza e higiene realiza
desde 1914 pesquisas para conhecer melhor os consumidores e
seus hábitos. Por décadas esses dados foram utilizados apenas
internamente. De uns anos para cá, a companhia resolveu dividir
essas informações com os lojistas parceiros, para multiplicar as
neira em estudos do consumidor. Tem dado
certo. Globalmente, a receita da P&G tem
aumentado. O faturamento registrado em
2019, antes da pandemia, foi de US$ 67,7
bilhões. O ano fiscal de 2023 fechou em
US$ 82 bilhões. São aplicados US$ 2 bilhões
por ano em P&D de novos produtos e em
conhecimento dos consumidores. “Apren-
demos a compartilhar tudo o que sabemos

34 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO


DADOS E DICAS com nossos parceiros. Quem melhor con-
Segundo estudos da
seguir usar os dados para melhorar o rela-
P&G, o design do
estabelecimento, a cionamento com seus shoppers e consu-
organização das midores, vai obter melhores resultados”,
gôndolas e a disse o presidente da P&G Brasil, André
disposição dos
Felicíssimo, a players do setor de farmácias
produtos são fatores
importantes para o na semana passada, na sede da companhia
cliente se sentir mais na capital paulista. Foram cinco dias cheios
à vontade nas lojas e de encontros dos executivos da empresa
comprar mais
com representantes de drogarias, mercados,
atacarejos, distribuidores e de outros seg-
mentos de parceiros.
Percebeu que Felicíssimo utilizou os
termos “shoppers” e “consumidores”? Para
muita gente é a mesma coisa. Mas a P&G
os diferencia bem. Os shoppers são os com-
pradores, quem vai no ponde de venda
adquirir um produto. Um marido que com-
pra absorvente para a esposa é um shopper.
E, nesse mesmo exemplo, a mulher é a
consumidora. O que a P&G faz é um traba-
lho de consultoria que vai muito além de
INÊS 249
buscar números e levá-los aos parceiros.
Realizado anualmente, o levantamento
engloba questionários com 6 mil consumi-
dores, que respondem a 40 perguntas sobre
organização, atendimento, localização e
preços de 55 varejistas cm operação física
e outros tantos com atuação on-line. Des-
se trabalho são extraídos alguns dados
quantitativos, que se somam a uma análi-
se mais crítica e qualitativa, parte que inclui
avaliação de comentários das pessoas nas
redes sociais, rodas de conversas e até acom-
panhamento dos consumidores no mo-
mento da compra. “Dados precisam ter Levantamos
alma. Só com dado não se consegue contar informações
uma história”, disse Tirso Mello, vice- quantitativas e
-presidente de vendas da P&G Brasil. qualitativas. Dados
O estudo dos hábitos de consumo é tão precisam ter alma.
importante que os executivos graúdos da Só com dado não se
companhia acompanham os shoppers para consegue contar
fazer observações. Felicíssimo já foi deze- uma história”
nas de vezes a campo verificar o compor-
TIRSO MELLO
tamento dos shoppers. Recentemente, o VP DE VENDAS
indiano Shailesh Jejurikar, COO (Chief
Operating Officer) global da P&G esteve
no Brasil e também esteve ao lado de bra-
sileiros comprando seus produtos para ver
e comprar com pessoas de outras naciona-
lidades. As diferenças entre brasileiros dos
demais mundo afora também estão nas
planilhas centenárias da P&G. O dado geral
é que o Brasil é a nona maior economia do
planeta, mas o mercado de beleza brasilei-
ro é o terceiro maior do mundo. O dado
específico é que as brasileiras compram de
seis a sete produtos do ramo, enquanto
mulheres de outros países adquirem um
ou dois. Jejurikar observou isso com os
próprios olhos, quando uma shopper abra- O modo de
çou, sem quase conseguir segurá-los com consumo mudou
os dois braços junto ao corpo, uma dezena durante a
de produtos dentro de uma loja em Salva- pandemia.
dor (BA). “É do Brasil o maior consumo Inclusive o meu.
per capita de itens pós-xampu do mundo”,
Agora, todo mundo
disse Marcos Bauer, diretor sênior de in-
compra tudo em
teligência de mercado da P&G Brasil. “E
todo lugar”
cresce ano a ano”, afirmou, ao complemen-
tar que esse é um dos motivos da mudança MARCOS BAUER
DIRETOR DE
dos negócios das farmácias, que passaram
INTELIGÊNCIA
de exclusivamente vendedoras de remédios DE MERCADO
Dinheiro 03/04/2024 35

NEGÓCIOS
décadas atrás para dedicar espaço signifi-
cativo para produtos de higiene e beleza e,
mais recentemente, atuar como centro de
saúde e bem-estar geral.
NO DETALHE A P&G disponibiliza insights
de consumo tanto macros quanto detalha-
dos para seus parceiros. No campo de in-
formações mais gerais está a diferenciação
do pensamento do consumidor sobre os
tipos de varejo. Segundo dados da compa-
nhia, o brasileiro não gosta de ir ao ataca-
rejo. Mal-humorado, ele vai pelos preços
atrativos, sabendo que passará por aborre-
cimento das intermináveis filas para pagar
as compras. Já o pensamento sobre o su-
permercado é diferente, pois lá ele sabe que
encontrará os produtos necessários. Já na
farmácia, as pesquisas mostram que os
shoppers gostam de visitá-la. “Muitas pes-
soas se arrumam para ir à drogaria”, afirmou
em tom bem-humorado Marcos Bauer. Ele
revelou ainda que o modo de consumo mu-
dou em decorrência da pandemia. Inclusi-
ve os dele. Faz por aplicativo a compra
mensal, que normalmente seria feita no
canal físico, em um supermercado. E rea-
NOVA FRALDA PAMPERS TEM P&D NO DNA
A P&G acaba de colocar no mercado
um novo tamanho de fralda Pampers. O
modelo XXXG da marca líder em vendas do
segmento no Brasil e no mundo poderia ser
apenas mais um lançamento d tantos outros
da companhia, que possui cerca de 1,4 mil
SKUs (Stock Keeping Unit, sigla para cada
unidade de produto) ativos no País, de 20
marcas, entre elas Gillette, Pantene, Oral-B
e Downy. Mas exemplifica bem o trabalho
de P&D realizado pela empresa que estuda
tanto inovações em produtos quanto o
comportamento do consumidor. “É resultado
da nossa estratégia de conhecer melhor o
consumidor. Essa tendência para fralda maior
foi observada mais depois da pandemia”, disse
Diego Cerda, vice-presidente de cuidados
com bebês e cuidados femininos da P&G na
América Latina.
36 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO
INÊS 249
liza em grandes lojas as compras emer-
genciais, que poderiam ser feitas por
app ou no pequeno varejo de proximi-
dade. “Todo mundo compra tudo em
todo lugar”, disse Bauer.
Para integrantes do canal farma, o
executivo apresentou dados pormeno-
rizados de como as lojas podem vender
mais. Em média, cada pessoa compra
2,1 produtos. O desafio é aumentar essa
quantidade, já que esse setor registra
boa frequência de consumidores. “As
pessoas vão na farmácia e ficam 5 mi-
nutos. Em 80% desse tempo estão numa
fila, seja do balcão de atendimento ou
do caixa”, explicou o diretor, ao apontar
algumas dicas, baseadas em números,
claro, para solucionar o problema.
O design do estabelecimento, a or-
ganização das gôndolas e a disposição
dos produtos são importante para o
cliente se sentir mais à vontade. Nas
prateleiras, menos é mais. Um estudo
com duas gôndolas de biscoitos, uma
com 27 opções e outra com oito, revelou
que a que tinha menos tipos vende mais.
No local com mais itens, o número de
O produto, para bebês acima de 19
quilos, já está à venda. Tem cintura maior,
comprimento expandido e centro absorvente
mais robusto em 10%. Está sendo produzido
na fábrica de Louveira (SP) da P&G. Um dos
poucos do mundo da companhia que, além
do parque fabril, conta com um laboratório
e uma estrutura de distribuição. Lá estão
150 cientistas, sendo 58% mulheres, de
oito nacionalidades, que são responsáveis
por ouvir, vivenciar e entender tudo sobre o
consumidor latino-americano. O Centro de
Inovação é responsável por abrigar pesquisas
para as unidades de Cuidados com Bebês,
Beleza, Casa e Higiene, Femininos e Orais. É
dedicado também a pesquisas com shoppers
e consumidores, que vão desde conversas
com grupos de clientes até sessões de
realidade virtual.
 INÊS 249

DESEMPENHO GLOBAL DA P&G

Faturamento
(em US$ bilhões)

76,1 80,2 82,0

67,7 71,0

2019 2020 2021 2022 2023

Por segmento
Beauty
18%
Fabric & Home Care
Health Care
35% 14%
Baby, Feminine &
Family Care Grooming
DE OLHO
NOS DADOS
25% 8%
consumidores que foram embora sem com- Executivos da P&G
prar nada foi cinco vezes maior. “Às vezes, deram insights sobre
mais sortimento estressa o shopper”, afir- consumidores e Por região
shoppers aos
mou Bauer. Arrumar gôndolas com pro- principais parceiros
dutos alinhados na vertical foi outra dica. durante uma semana,
“As pessoas não sabem o nome da marca, na sede da empresa,
mas sabem a cor do produto.” Oferecer o em São Paulo

mix perfeito em determinadas categorias

rende 17% mais vendas. E o simples fato de
separar lâminas de barbear masculina de
lâminas de depilar femininas incrementa
8% as duas categorias.
Pelos dados tabulados pela consultoria
da P&G a partir dos números e experiências,
o Pão de Açúcar inaugurou um espaço ino-
vador em uma de suas lojas na cidade de
São Paulo. “Não podemos revelar os resul-
tados ainda, mas são muito positivos”, dis-
se Tirso Mello, VP de vendas da P&G Brasil.
50% 7% 5% % 9 8%
21%
Assim, a companhia usa o velho e bom Índia, Oriente
conceito de dividir para multiplicar. América América Médio e Grande Ásia-
do Norte Latina Europa África China Pacífico

Dinheiro 03/04/2024 37
 INÊS 249
NEGÓCIOS

RAIA DROGASIL QUER MAIS SAÚDE

om mais de 3 mil farmácias no Brasil, o grupo RD Saúde —

RD Saúde, nova marca corporativa
do grupo, vai focar no aumento
do atendimento primário de saúde
nas farmácias e no campo Digital,
o que pode ajudar a desafogar
unidades de pronto socorro
Allan RAVAGNANI
C
operador das redes Raia e Drogasil — aposta em uma nova
frente para crescimento dos negócios, a saúde primária do
cliente, transformando as farmácias tradicionais em hubs
de saúde, integrando as vendas de produtos e medicamentos ao
atendimento básico, experiência digital, marcas próprias e
assim ampliar a oferta de produtos e serviços. A nova estratégia
do grupo está dividida em duas grandes frentes, Nova Farmácia
e Plataforma de Saúde.
A mudança no nome da marca (antes apenas RD) visa desta-
car o enfoque do grupo em saúde como um todo, afirmou à
DINHEIRO o CEO da RD Saúde, Marcilio Pousada. Isso aconte-
ce em um momento em que todo o setor aposta na ampliação
dos serviços de saúde dentro das farmácias, uma prática que não

38 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 INÊS 249

é nova, mas como se fosse uma volta ao

passado, quando os farmacêuticos faziam
o primeiro atendimento. “O farmacêuti-
co é um profissional de saúde altamente
preparado e treinado para cuidar desses
casos”, afirmou.
Os serviços de atenção básica nas far-
mácias, segundo Pousada, têm potencial
para reduzir em até 80% os atendimentos
nos prontos socorros das redes pública e
privada. Um número que impressiona,
ainda mais quando pensamos nas unida-
des sobrecarregadas em épocas de gripe,
por exemplo. Somente em 2023, as farmá-
cias do grupo realizaram mais de 3,5
milhões de atendimentos de atenção pri-
mária. O executivo explicou que a estraté-
gia para este atendimento de entrada está
baseado em quatro pilares: Promoção de
Saúde, Proteção, Prevenção e Primeiro
Atendimento. No primeiro, oferecem exa-
mes como bioimpedância, em Proteção,
aplicando vacinas, no pilar Prevenção,
avisam aos clientes sobre tratamentos e
compra de remédios, e por fim, no primei- UM NOVO
ro atendimento, onde se pode fazer testes Com a Plataforma de Saúde, a ideia é ampliar o escopo, MODELO
de doenças, medir a pressão arterial e etc. desenvolvendo soluções para apoiar a jornada dos clientes, Somente em 2023, as
farmácias Droga Raia e
O CEO contou que em 2023 o grupo como na adesão a tratamentos, promoção de hábitos saudáveis,
Drogasil realizaram
deu passos relevantes na construção dos bem como no acesso a um marketplace de serviços que inclui mais de 3,5 milhões de
hubs de saúde, e para 2024 a projeção é exames laboratoriais e tele consultas. A plataforma digital inte- atendimentos. Ideia do
seguir avançando na prestação de servi- grada deverá oferecer em breve um teleatendimento virtual por grupo é aproveitar a
estrutura das lojas e a
ços farmacêuticos e também em imuni- meio dos farmacêuticos, que poderão fazer uma espécie de tria-
mão de obra
zação, onde já são relevantes na vacina- gem e indicando o caminho a ser tomado pelo paciente. qualificada dos
ção contra Herpes Zoster e Dengue. Estes Pousada afirmou ainda que a rede faz muitos atendimentos farmacêuticos
serviços são dos mais promissores víncu- primários nas áreas mais nobres das cidades, onde um cidadão
los de engajamento com os clientes, que quer fazer um teste de doença ou uma solução rápida, prefere
apoiando-os na jornada de saúde e con- pagar pelo serviço individual a ter que dar entrada em um pronto-
tribuindo de forma relevante para o -socorro, mesmo que privado. “Pretendemos entrar em contato
aumento do seu Lifetime Value (LTV) — com os planos de saúde para que possamos aprimorar essa rela-
ou seja, o valor que o cliente pode gastar ção, nós fazemos um atendimento básico e eles nos repassariam
em sua empresa ao longo da vida. um valor por vida, assim o paciente não pagaria nada na farmácia
e ajudaria a desafogar os hospitais da rede”, afirmou.
Além disso, o grupo investiu em startups através da RD
Pretendemos entrar em contato Ventures, que atuam em promoção da saúde (Vitat e Healthbit),
com os planos de saúde. Fazemos um acesso e adesão ao tratamento (Manipulaê, Cuco e Safepill) e
atendimento básico e eles repassam consultas e exames (Amplimed e Labi). Em 2024, o grupo quer
avançar na integração dos ativos na área, incluindo os hubs de
um valor por vida. Assim o paciente
saúde e o programa próprio de benefícios em medicamentos,
não pagaria nada na farmácia”
para criar um ecossistema integrado de saúde, focado tanto em
MARCILIO POUSADA, CEO DA RD SAÚDE consumidores quanto em empresas e operadoras de saúde.

Dinheiro 03/04/2024 39
 INÊS 249
NEGÓCIOS

Para 2024, o grupo quer manter o

crescimento acelerado, com ganhos
relevantes de market share com abertu-
ra de 280 a 300 novas farmácias no ano
– que representará um aumento de base
em torno de 10%, com taxa interna de
retorno (TIR) real esperada na casa de
25%, já descontada a canibalização.
Além disso, contam com a maturação do
portfólio atual de farmácias e também o
crescimento sustentado nas lojas madu-
ras em patamares acima da inflação.
No que diz respeito aos serviços, na
Nova Farmácia, a RD Saúde já ampliou a
oferta de serviços farmacêuticos para
1.900 unidades, sendo 304 delas autori-
zadas a aplicar vacinas. Com esse núme-
ro, o grupo realizou mais de 3,5 milhões
de serviços de saúde, e aplicau 160 mil
doses de vacinas no ano passado.

ON-LINE Desde 2019, a penetração dos

UMA EM CADA
ESQUINA Para Pousada, esses diferentes negócios e canais, sejam
Com mais de 3 mil físicos ou digitais, se complementam e se reforçam, começan-
lojas, a RD Saúde
do com a conquista do cliente e com a sua digitalização, que
planeja a abertura de
280 a 300 novas ocorrem geralmente nas lojas, com baixo custo marginal de
unidades em 2024, aquisição (CAC), e culminando no aumento da frequência e do
que vai representar um gasto, frutos da fidelização gerada por meio da digitalização do
aumento de 10% na
relacionamento, da intensificação dos vínculos de engajamen-
base de lojas. Para
2025, o grupo também to e da ampliação da gama de produtos e serviços oferecidos
projeta abrir de 280 a tanto nas lojas, quanto nas plataformas digitais.
300 novas lojas
EM NÚMEROS Em 8 de março, a RD Saúde inaugurou a uni-
dade de Itapipoca (CE), que foi a loja número 3 mil do grupo,
que tem também 14 centros de distribuição, 57 mil funcioná-
rios e atende aproximadamente 1 milhão de clientes por dia.
Em 2023 foram 270 novas lojas e 14 fechamentos. No ano
passado, o faturamento totalizou R$ 36,3 bilhões, com alta de
17,4% ante 2022 – sendo um avanço de 8% nas lojas maduras.
A participação de mercado saltou 0,9 ponto percentual em
2023, para 16,1% em todo o País. O valor de mercado da compa-
nhia, em 27 de março, estava em R$ 47 bilhões.
canais digitais foi de 1,5% da receita para
16,7% ao final de 2023, atingindo R$ 5,1
bilhões no ano, um crescimento anual de
57,5%. A inclusão de clientes digitaliza-
dos nas vendas totais, tanto os físicos
como digitais, já se aproxima de 20%. A
base de clientes ativos do grupo finali-
zou 2023 em 47,6 milhões, dos quais 6,4
milhões são clientes assíduos, com fre-
quência média de 24 compras por ano.
Desses, 1,8 milhão, ou 28% dessa base, já
utiliza os canais digitais e sua frequência
alcança 30 transações por ano.
O Stix, programa de fidelidade cria-
do pela RD Saúde em sociedade com o
Grupo Pão de Açúcar encerrou 2023
com 4,8 milhões de clientes ativos, dos
quais 2,7 milhões que resgataram R$
200 milhões em pontos no ano. Em
2023, menos de 3% de pontos Stix expi-
raram e 55% dos pontos gerados no pro-
grama foram resgatados na RD.

3 MIL 270 80%

EM 8 DE MARÇO A REDE NOVAS LOJAS FORAM ABERTAS DOS ATENDIMENTOS EM
INAUGUROU SUA LOJA DE NÚMERO EM 2023, PARA 2024 O GRUPO PRONTOS-SOCORROS PODERIAM
3 MIL, EM ITAPIPOCA (CE) ESPERAR ABRIR ATÉ 300 SER REALIZADO NAS FARMÁCIAS

40 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: DIVULGAÇÃO

INÊS 249
 INÊS 249
NEGÓCIOS

O LIF TING DA ESPA Ç Rede de depilação celebra

duas décadas no mercado
com a primeira mulher no
comando da empresa e
receita de R$ 1,6 bilhão em
2023, revertendo prejuízo
do ano anterior
Letícia FRANCO

U
m dos procedimentos estéticos
mais populares, o lifting tem
como função rejuvenescer a
pele. Não há tratamento melhor
para definir o novo capítulo da
Espaçolaser, rede de clínicas
de estética especializada em
depilação a laser, que completa duas dé-
cadas de atividades de cara nova. Essa
nova fase se dá por dois principais fato-
res. O primeiro é a troca no comando da
companhia. Magali Leite, até então di-
retora financeira e de relações com in-
vestidores, assume como CEO, após re-
núncia de Paulo Camargo, que liderou a
empresa por quase dois anos. É a primei-
ra mulher no comando da empresa. O
segundo consiste na receita de R$ 1,6
bilhão em 2023, crescimento de 7% em
relação ao ano anterior. A rede também
reverteu prejuízo líquido de R$ 47 mi-
lhões, registrado em 2022, para lucro
líquido de R$ 6,6 milhões no ano passa-
do. Além disso, foram inauguradas 43
operações em 2023, somando um total
de 850 unidades (lojas próprias e fran-
quias) pelo Brasil e América Latina.

42 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: FREEPIK I DIVULGAÇÃO


A ÇOLASER
Uma das principais responsáveis pela virada da Espaçolaser
no último ano, Magali chegou à empresa em junho de 2023 e
liderou o processo de reestruturação das dívidas, que tiveram
prazo médio alongado de 1,5 ano para 3,7 anos, a partir de sua
terceira emissão de debêntures, no valor total de R$ 733 milhões.
A executiva disse à DINHEIRO que, além de focar no retorno
para os acionistas e nos resultados, a estratégia compreendeu
o planejamento do que chamou de um ‘novo normal’ da com-
panhia. “As dívidas são consideradas de curto prazo, mas op-
tamos por uma construção a longo prazo, definindo objetivos
e uma nova estrutura, com o crescimento por meio de franquias.”
De acordo com ranking da Associação Brasileira de Fran-
chising (ABF), a Espaçolaser é a maior franquia de estética
do País. Ocupa a 21ª posição na listagem geral. Com 218 fran-
quias, a companhia entrou no segmento em 2015, expandin-
do os negócios e atraindo José Carlos Semenzato, do grupo
SMZTO, e a apresentadora Xuxa Meneghel para a sociedade.
Em 2021, a rede de depilação a laser concluiu IPO no novo
mercado da B3, sendo a primeira empresa de serviços de
beleza a abrir capital no Brasil.
INVESTIMENTOS Além da expansão por meio de franquias,
o objetivo é ampliar a sua atuação internacional. Com 57
unidades no Chile, Argentina e Colômbia, a marca obteve
crescimento no exterior de 23,9% em 2023, em relação ao ano
anterior. Para Magali, o Brasil deve continuar como o princi-
pal mercado da rede, devido ao tamanho do País e ao setor de
beleza local. Segundo a consultoria Euromonitor, o Brasil é
o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e do Japão.
A executiva afirmou ainda que a companhia “investiu em
parceiros específicos no exterior que se dedicam às franquias
e aos novos negócios em cada país”.
Com as contas em dia, esse novo capítulo da empresa
também deve ser marcado pelo investimento em tecnologia,
digital e na infraestrutura de suas lojas, segundo a CEO do
Espaçolaser. São desafios para melhorar a jornada do cliente.
“Vamos reforçar o investimento para melhorar a qualidade
dos nossos produtos e serviços. O objetivo é oferecer mais
autonomia para o cliente, opções de financiamento e fortale-
cer um portfólio amplo dentro da especialidade para criar
recorrência”, disse Magali.
INÊS 249
Apesar de ter sido fundada em 2004
pelo dermatologista Ygor Moura, o ad-
vogado Paulo Morais e o ex-militar Tito
Pinto, a marca tem sua história pavimen-
tada por mulheres. “Chegamos aqui atra-
vés do trabalho de mulheres em todas as
áreas da empresa e vamos seguir inves-
tindo em diversidade”, afirmou a execu-
tiva. Segundo dados da rede, 95% dos 5
mil colaboradores diretos são mulheres.
Na gerência e coordenação, a presença
feminina é de 92%, número duas vezes
maior que a média mundial de mulheres
nesses postos. De acordo com estudo da
McKinsey e da LeanIn.org, entre 2015 e
2023, a participação feminina em cargos
executivos cresceu de 17% para 28%. A
presença de mulheres no quadro de co-
laboradores acompanha o número de
clientes. Cerca de 83% dos 4 milhões de
consumidores são mulheres.
Preparada para esse novo momento,
Magali Leite, que já passou empresas
como Embraer e Casas Bahia, prova que
é possível dar uma nova cara ao negócio,
sem abrir mão da essência. Dessa forma,
dando sentido à máxima de Belchior,
imortalizada na voz de Elis Regina, “pre-
cisamos, todos, rejuvenescer”.
Vamos oferecer
mais autonomia
para o cliente,
opções de
financiamento e
fortalecer um
portfólio dentro
da especialidade
para criar
recorrência”
MAGALI LEITE
CEO DA ESPAÇOLASER
Dinheiro 03/04/2024 43
 INÊS 249
NEGÓCIOS

SIRENE LIGADA
Reequipar frotas como a da Polícia
Rodoviária Federal é uma das
perspectivas para o caminho do lucro

R EVO R E NOVA
AP OSTA E M V I AT U R AS
Com novo CEO, empresa
especializada em adaptar
veículos para polícia, bombeiros
e ambulâncias vai em busca de
licitações públicas e de compradores
privados para reverter o fracasso
financeiro registrado de 2023
Allan RAVAGNANI
A
REVO, maior empresa de adaptação veicular no Brasil,
vai apresentar ao mercado, no início deste mês, suas
novidades em veículos adaptados para segurança pú-
blica. A companhia busca em 2024, com um novo CEO
no comando, se reerguer do fraco desempenho no ano
de 2023 e reverter a tendência sazonal que a empresa
sofre em anos não-eleitorais. Para Flavio Padovan, que assumiu
o comando da empresa em janeiro deste ano, a empresa deve
incrementar os negócios e a expectativa é fechar o ano com
faturamento próximo dos R$ 400 milhões.
Para se ter ideia dos altos e baixos, o faturamento da REVO
nos últimos anos oscilou entre os anos eleitorais e os que não
houve eleições. Em 2021, quando a companhia passou por uma
reestruturação societária, a receita totalizou R$ 166 milhões,
em 2022, houve um salto para R$ 320 milhões, já em 2023, uma

44 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO


O FATOR ELEIÇÃO
Acompanhe o sobe e desce da
receita REVO em anos eleitorais
e não-eleitorais
(Faturamento em milhões de reais)
400
320
166
70
2021 2022 2023 2024*
* Estimado
forte queda nas vendas fez a REVO fechar
o ano faturando R$ 70 milhões. Desde o
final de 2022 conta com o suporte e apoio
da REAG Investimentos, uma das maio-
res gestoras de recursos independentes
do mercado brasileiro.
“Nosso planejamento aponta para
um crescimento expressivo do fatura-
mento neste ano comparado ao ano pas-
sado”, disse Padovan, apostando na
equipe comercial e nas grandes licitações
públicas que ocorrerão neste ano. Ele
acredita que o mercado de adaptações
vai ser de R$ 1,5 bilhão em todo o ano de
2024. Antes de assumir como CEO, Pa-
dovan fez sua história profissional na
indústria automobilística brasileira, com
passagens por Ford, Volkswagen, Suba-
ru, Jaguar Land Rover, entre outras. E
nos últimos anos prestava consultorias
às montadoras.
INÊS 249
PRODUCÃO
A REVO tem capacidade para transformar 200 veículos ao
Linhas de
montagem nas dia em duas plantas no interior de São Paulo (Tatuí e Sorocaba),
plantas da REVO que totalizam 240 mil metros quadrados de área, e 327 funcio-
em Sorocaba nários que produzem linhas completas de veículos especiais
(foto) e Tatuí,
ambas em São para diferentes finalidades, como ambulâncias, viaturas policiais,
Paulo, têm frotas de transporte, caminhões especiais, veículos para com-
capacidade para bate a incêndios e motocicletas especiais, além de uma linha
transformar 200 de produção para blindagens.
veículos por dia
A companhia vai anunciar suas novidades na LAAD Security
& Defence 2024, feira que será realizada neste mês, no Transa-
merica Expo Center, em São Paulo, com destaques para a moto
Suzuki V-Strom 1050 XT (moto patrulha), Renault Oroch (viatu-
ra policial multifunção) e Mitsubishi L200 Triton GL (viatura
policial). O evento é o principal ponto de encontro para networking
e atualização de profissionais das áreas de segurança e defesa na
América Latina. Apesar de ser a maior do ramo na região, a em-
presa ainda não exporta. Mas, segundo o executivo, a participação
na feira visa abrir uma porta para o mercado sul-americano. “Além
disso, vamos apresentar em breve uma picape da Mitsubishi para
atender o agronegócio e ir expandindo aos poucos para não de-
pender exclusivamente de licitações públicas”, disse Padovan.
o CEO afirmou também que neste ano a Polícia Rodoviária
Vamos trabalhar
Federal (PRF) vai fazer uma grande licitação para a compra de
com outras opções
novas viaturas. Quem participa das licitações diretamente são as
para ir além das montadoras, que depois contratam a empresa para realizar a
licitações públicas. transformação do veículo normal em um adaptado.
Também iremos A empresa trabalha diretamente com as montadoras Ford,
iniciar exportações General Motors, Volkswagen, CAOA Chery, Nissan, Iveco, Mer-
para países da cedes-Benz, JAC Motors, Renault, Mitsubishi, Jeep, Toyota e BYD
América Latina ” na transformação de carros de passeio, picapes, vans e caminhões.
FLAVIO PADOVAN E trabalha em parceria com BMW, Honda, Yamaha, Suzuki e
CEO DA REVO Triumph na transformação de motocicletas.
Dinheiro 03/04/2024 45

NEGÓCIOS
Ao monitorar a atividade
dos colaboradores,
ferramentas digitais
ajudam a mapear o fluxo
de trabalho nas empresas,
detectar gargalos
e identificar lideranças
ocultas nos times
UM BBB CORPORATIVO
O
s gestores das empresas sempre
conviveram com uma dificuldade
de tirar o sono: identificar, nas
equipes que chefiavam, quem eram
os jovens talentos que deveriam ser reti-
dos antes que a concorrência os desco-
brisse. E, por outro lado, quem eram os
gargalos da produtividade, aqueles que
atrapalhavam o fluxo de trabalho e pre-
judicavam a performance do time? O
ambiente corporativo evoluiu muito nas
últimas décadas, mas as ferramentas
para medir a performance dos funcioná-
rios durante muito tempo permanece-
ram as mesmas.
Agora, com a transformação digital e
os novos estudos de administração de
empresas, essas dúvidas cruéis parecem
prestes a acabar. Os especialistas, com
ajuda da tecnologia, já conseguem mape-
ar as empresas e identificar os motores e
os freios das equipes. É um Big Brother
corporativo, no melhor sentido possível.
Nos últimos anos, os especialistas
em administração avançaram na meto-
dologia ONA (sigla em inglês para
46 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: DIVULGAÇÃO
EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM
Vinícius Buso, diretor de estratégia da iN:
gerando gráficos que permitem entender
a influência real de cada colaborador
Análise de Redes Organizacionais), que
estuda o relacionamento entre os fun-
cionários como se fossem pontos de uma
rede, mapeando por onde a informação e
o fluxo de trabalho são transmitidos, e
entendendo melhor as dinâmicas entre
as diversas áreas. A teoria, desenvolvida
por especialistas como Rob Cross, do
Babson College, logo foi incorporada por
consultorias em suas análises. Mais
recentemente, esses levantamentos pas-
saram a ter a ajuda de softwares.
TRANSFORMAÇÃO Há poucos
meses chegou ao Brasil a primeira meto-
dologia digital desse tipo. O Connect_in
foi desenvolvido pela iN, uma consulto-
ria paulista especializada em cultura
corporativa e cultura de marca. “A partir
da ferramenta, os executivos e gestores
de RH podem entender melhor as dinâ-
micas das equipes, escalar times mais
eficazes e estruturas mais ágeis, além de
ativar as pessoas com maior potencial
para liderar processos de transforma-
ção”, afirmou Vinicius Buso, diretor de
INÊS 249
estratégia da iN. Segundo ele, tudo isso
gera resultados, como aumento de siner-
gias, desbloqueio de relações e processos
internos. E, no final, um desempenho
melhor. Até agora, duas empresas já uti-
lizaram a ferramenta da consultoria em
processos de reorganização interna.
À medida que a análise das redes das
empresas vai se difundindo, suas aplica-
ções vão aumentando. Em São Francisco
(EUA), a startup Confirm anunciou que
passaria a usar a ferramenta de análise
para fazer a avaliação de performance e a
definição dos bônus de seus funcionários
e executivos. “Acreditamos em quebrar
os sistemas arcaicos de avaliação e trazer
a ciência para a gestão das equipes”, disse
Josh Merrill, CEO da empresa.
Em um mundo onde há cada vez
mais trabalho remoto ou colaborativo, e
projetos multidisciplinares que envol-
vem com frequência pessoas em depar-
tamentos e cidades diferentes, saber
em tempo real o que cada um faz no
expediente parece ser o caminho para
extrair o melhor das equipes.

“PREFERIRIA NÃO FAZER”: OS DESAFIOS
DA GERAÇÃO Z NO MERCADO DE TRABALHO
O
escritor norte-americano Herman Melville (1819-
1891) é mundialmente conhecido por seu grande
romance Moby Dick, porém ele também escreveu
alguns contos que, se não tão famosos, são igualmen-
te inspiradores. Em um deles, intitulado Bartleby, o
escrivão, um narrador, que se identifica como advo-
gado, sócio de um escritório estabelecido em Wall
Street, conta um caso que, segundo ele, foi um dos
mais estranhos que aconteceu em toda sua vida.
Vendo-se na necessidade de substituir um dos
escrivães do escritório, contrata, às pressas, um jovem
um tanto quanto taciturno, mas que transmitia uma
calma que talvez fosse proveitosa para o ambiente
laboral, caracterizado pelo nervosismo e agitação
competitiva. Havendo iniciado seu trabalho com
competência e entusiasmo, em um certo momento,
ao ser solicitado para um serviço específico, o jovem
Bartleby responde laconicamente: “preferiria não
fazer”. Imaginando não ter entendido bem a respos-
ta do funcionário, o advogado narrador pede que lhe
repita o que havia dito, e Bartleby, com toda a calma
do mundo, volta a dizer: “Preferiria não”. Atônito, sem
entender nada e sem saber como processar a atitude
do novato, o patrão reprime seu primeiro impulso,
que era o de demiti-lo sumariamente, e decide dar
uma nova chance ao jovenzinho. No dia seguinte,
porém, quando lhe solicita a revisão de um documen-
to, Bartleby desfere, sempre com toda tranquilidade,
a mesma resposta: “Preferiria não fazer”. E assim se
sucedem os dias e as negativas de Bartleby, levando
o patrão a um estado de oscilação emocional no qual
sentimentos de raiva, indignação, curiosidade e pena
se revezam e entram em conflito. Ao final do conto
(fique tranquilo, não darei spoiler), o narrador faz
uma descoberta que lhe faz exclamar: “Oh Bartleby!
Oh humanidade!”.
Lembrei deste conto quando, nas últimas semanas,
me deparei com dezenas de artigos sobre o ingresso
da Geração Z no mundo do trabalho. Muitos gestores
INÊS 249
Responsabilidadehumanística
e executivos têm comentado e, principalmente, se
questionado sobre como lidar com esses jovens que DANTE
GALLIAN
muitas vezes apresentam um comportamento seme- É DOUTOR EM
lhante ao do escrivão Bartleby. Percebo, não apenas HISTÓRIA PELA USP,
pelas matérias na imprensa especializada, mas pelas COORDENADOR DO
conversas com amigos gestores e representantes LABORATÓRIO DE
LEITURA DA
dessa geração, que o que se vive atualmente vai além ESCOLA PAULISTA
de um simples choque geracional. Desconfio que se DE MEDICINA E
configura aqui um verdadeiro desencontro de visões AUTOR DE
sobre o mundo e sobre a vida: sonhos, projetos, con- RESPONSABILIDADE
HUMANÍSTICA —
cepções profundas sobre o próprio sentido da exis- UMA PROPOSTA
tência. E, claro, a questão vai muito além da versão PARA A AGENDA
atual do “preferiria não fazer” de Bartleby, que pode- ESG (POLIGRAFIA
ria perfeitamente se encaixar no conceito de quiet EDITORA)
quitting ou demissão silenciosa.
O fenômeno como um todo é desafiador e exige
discernimento. Se por um lado a reação reativa por
parte de alguns líderes — que resolvem a questão
diagnosticando o comportamento da geração Z como
simples “mi-mi-mi” — mostra-se ineficaz e destru-
tiva, por outro há uma perspectiva que tende a su-
perestimar os novos Bartleby, sem procurar analisar
criticamente as causas e consequências da cultura
do “preferiria não fazer”, criando-se o risco de uma
crise desastrosa. Em meu entender, o atual conflito
apresenta uma oportunidade extraordinária para
revermos conceitos e percepções que transcendem
o âmbito da gestão corporativa.
Procurar compreender o que pensa a geração Z e
por que assim pensa, ao mesmo tempo em que se os
convida a conhecer e entender a maneira de ser e de
pensar das gerações mais velhas, parece-me ser a
melhor forma de se enfrentar o presente desafio. E,
como sempre, minha sugestão é a de se recorrer à
literatura como ponto de partida; como instrumento
interpelador e provocador de reflexão e discussão
conjunta. Nesse sentido, começar por Bartleby, o es-
crivão e o seu “preferiria não fazer” poderia ser uma
alternativa divertida e frutuosa.
Dinheiro 03/04/2023 47
 INÊS 249
TECNOLOGIA

DE PONTA
A PONTA
Técnicos de uma
das fábricas da
Intel no Novo
México (EUA):
plano prevê cadeia
de fornecimento
mais eficiente

INTEL AVANÇA NA CORRIDA

DOS SEMICONDUTORES
Empresa obtém apoio do governo Biden

para aplicar Lei dos Chips em parte do
investimento de US$ 100 bilhões para
expandir a produção e garantir
a liderança dos EUA na era da IA
Celso MASSON
P
ara muitos engenheiros, físicos, matemáticos e progra-
madores, 14 de março é o Pi-day (pronuncia-se pai dei).
Quando grafada com o mês antes do dia, a data equivale
ao número que inicia a dízima periódica 3.14, simboliza-
da pela letra grega π. Em geometria, é o perímetro sobre
o diâmetro de uma circunferência. Algo a ser celebrado
com uma torta (pie, em inglês). Foi num Pi-day que o vice-pre-
sidente corporativo de vendas, marketing e comunicação da
Intel, Gregory ‘Greg’ Ernst, esteve no Brasil para falar sobre os
ambiciosos planos da companhia, que pretende investir cerca
de US$ 100 bilhões em cinco anos para expandir sua capacidade

48 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: INTEL CORPORATION | DIVULGAÇÃO


de produzir chips nos Estados Unidos e atender tecnologias
emergentes, como a inteligência artificial (IA). Estratégico para
a Intel, esse investimento é tratado como uma questão de segu-
rança nacional para o governo americano.
Tanto que o Departamento de Comércio dos EUA propôs
até US$ 8,5 bilhões em financiamento direto por meio da Chips
Act (Lei dos Chips) para avançar os projetos comerciais de se-
micondutores da Intel no Arizona, Novo México, Ohio e Oregon.
A Intel também espera se beneficiar de um Crédito Fiscal de
Investimento (ITC) do Departamento do Tesouro dos EUA de
até 25% sobre investimentos qualificados para empréstimos
federais de até US$ 11 bilhões. A ideia é que os aportes criem mais
de 10 mil empregos na companhia e quase 20 mil na construção
civil. Para a Intel, esse conjunto de notícias merece ser celebra-
do com bem mais que uma simples torta. Juntos, o financiamen-
to proposto pela Chips Act e os planos anunciados anteriormen-
te pela empresa constituem um dos maiores investimentos
público-privados na indústria de semicondutores dos EUA.
Para o CEO da Intel, Pat Gelsinger, isso ajudará a garantir a
permanência na vanguarda da era da IA, “à medida que constru-
ímos uma cadeia de suprimentos de semicondutores resiliente
e sustentável para alimentar o futuro de nossa nação”, disse.
Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo afirmou que
o anúncio é o ápice de anos de trabalho do presidente Joe Biden
e dos esforços no Congresso “para garantir a segurança econô-
mica e nacional”. Atualmente, a Intel emprega quase 55 mil
pessoas nos EUA e contribui com mais de US$ 102 bilhões anu-
ais para o PIB do país.
Em entrevista à DINHEIRO, Greg Ernst, que é também di-
retor-geral da Intel para a América, detalhou a estratégia da
companhia, que está centrada em três elementos principais:
estabelecer a liderança em tecnologia de processo; construir
uma cadeia de suprimentos global de semicondutores mais re-
siliente e sustentável; e criar um negócio de fundição de classe
mundial. “Quando Pat Gelsinger voltou para a Intel, há três anos,
nós sentamos e discutimos algumas crenças fundamentais. Uma
INÊS 249
INOVAÇÃO
Módulo contendo chip fotônico de silício, criado
pela Intel para suportar data centers e aplicações
em velocidades mais altas de 5G
delas: a demanda por computação conti-
nuará a crescer”, afirmou Ernst. “Naque-
la época, a IA estava surgindo. Precisáva-
mos expandir nossa capacidade de
produzir semicondutores e transferir a
fabricação da Ásia para as Américas e Eu-
ropa. Foi isso que desencadeou nossas
decisões de investimento”, afirmou.
CARROS ELÉTRICOS Um exemplo bas-
tante ilustrativo do crescente aumento de
demanda por semicondutores está no setor
automotivo. Na década de 1970, apenas
carros esportivos empregavam essa tecno-
logia, e os modelos mais avançados da épo-
ca tinham no máximo oito chips. Hoje, a O Programa
média por veículo é de 3 mil semiconduto- de Aceleração de
res, número que salta para 7 mil em alguns Inteligência
carros elétricos. Esse crescimento expo- Artificial em PC da
nencial ocorre também em outras áreas. Intel viabilizará a
Daí a necessidade de fornecer mais e me- IA em mais de 100
lhores semicondutores a cada dia. Segundo
milhões de PCs
Ernst, após o ciclo de investimentos con-
até 2025”
cluído, a Intel terá uma cadeia global de
GREG ERNST
fornecimento de chips incomparável, não
VP DA INTEL
apenas em termos de unidades disponíveis
como em relação à velocidade de proces-
samento. “Durante o ano de 2023, inaugu-
ramos a nova era do PC com inteligência
artificial. Com isso, levamos a IA para todos
os lugares, redefinindo fundamentalmen-
te a experiência do PC.”
Os processadores Intel Core Ultra,
voltados para notebooks, apresentam a
primeira unidade de processamento neu-
ral integrada da Intel (NPU, na sigla em
inglês), para aceleração de inteligência
artificial com eficiência energética e infe-
rência local no PC. Segundo Ernst, a che-
gada do AI PC representa um ponto de
inflexão na indústria: uma era marcada
pela crescente disponibilidade de softwa-
re aprimorado por algoritmos de inteli-
gência artificial e aprendizado de máqui-
Dinheiro 03/04/2024 49

TECNOLOGIA
AMPLIAÇÃO
Parte de um
investimento de
US$ 3,5 bilhões para
equipar suas
operações no Novo
México, a Fab 9 irá
ajudar a garantir o
fornecimento de
semicondutores
CHIPS DE IA
Lançado em dezembro
de 2023, o Intel Core
Ultra apresenta uma
unidade de
processamento neural
(NPU) integrada para
suportar aplicações de
inteligência artificial
50 Dinheiro 03/04/2024
na. “O Programa de Aceleração de
Inteligência Artificial em PC da Intel
viabilizará a IA em mais de 100 milhões
de PCs até 2025”, disse. Segundo ele, o
Brasil é um mercado estratégico para essa
tecnologia por estar entre os principais
mercados para aplicações digitais em se-
tores que vão do mercado financeiro ao
e-commerce. Além de atender a essas
demandas, a Intel pretende aprimorar as
experiências de computação pessoal em
efeitos de áudio, criação de conteúdo, jogos,
segurança, streaming, colaboração de ví-
deo e muito mais. De acordo com o Boston
Consulting Group, os PCs com IA repre-
sentarão 80% do mercado até 2028.
Para atender à crescente demanda por
futuros talentos em semicondutores, a
FOTOS: INTEL CORPORATION
INÊS 249
Intel está conduzindo parcerias inovadoras com o governo e
instituições acadêmicas. O intuito é criar um ecossistema ro-
busto e diversificado de especialistas em semicondutores, fun-
damental para o sucesso de toda a indústria. Em 2022, a empre-
sa anunciou um investimento de US$ 100 milhões para expandir
as oportunidades de educação, pesquisa e treinamento da força
de trabalho em semicondutores nos EUA.
PESQUISA APLICADA Neste mês, a Intel completa 37 anos
de presença no Brasil. Embora não tenha fábrica por aqui, e
nem planos de abrir uma no curto prazo, a empresa é um im-
portante fornecedor para a indústria local e planeja apoiar a
inovação por meio de três Centros de Pesquisas Aplicadas
(CPAs), orientados à resolução de problemas que possam ser
resolvidos por meio de inteligência artificial.
O Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saú-
de terá sede no Instituto de Ciências Exatas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) e será focado na investigação
de prevenção e qualidade de vida, diagnóstico, prognóstico e
rastreamento, medicina terapêutica, gestão de saúde, epidemias
e desastres. Na Bahia, o Centro de Excelência em Pesquisa Apli-
cada em Inteligência Artificial para a Indústria, no Senai/Cima-
tec, irá implementar uma plataforma digital aberta de ciência
de dados e inteligência artificial para a indústria 4.0. Por fim, o
Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Univer-
sidade de São Paulo, em São Carlos (SP), receberá o centro de-
nominado Inteligência Artificial Recriando Ambientes (Iara)
que irá operar em rede com pesquisadores de todas as regiões
do País no estudo de cinco setores pensados para cidades inte-
ligentes: cibersegurança, educação, infraestrutura, meio am-
biente e saúde. Uma comprovação de que a busca de liderança
da Intel no setor de tecnologia não se limita a fabricar mais chips
mas também permitir que eles melhorem nossas vidas.
 INÊS 249
Caminhosdainovação

MANIFESTO DO APRENDIZADO
PELA VIDA TODA
N
o ambiente nada estável do nosso mundo, o apren- tamos nessa jornada para aumentar nossa emprega-
dizado contínuo é uma demanda que está no cen- bilidade (embora seja esperado que isso aconteça) ou LUÍS GUEDES
PROFESSOR
tro da agenda de empresas e profissionais de su- para nos adaptarmos aos avanços tecnológicos, mas DA FIA BUSINESS
cesso. As mudanças exponenciais podem desconstruir sim respondendo a um chamado profundo de reali- SCHOOL
em um átimo a relevância consolidada por anos de zação. Nosso segundo compromisso: cultivaremos a
esforço e não pode ser nessa hora que devemos nos mentalidade de crescimento, onde aspectos negativos
conscientizar sobre a importância da aquisição de dos negócios e dos relacionamentos, críticas e difi-
novas competências. Estrategiar significa escolher culdades são vistos como pontos de partida para o
em tempos de paz! O tempo, a energia, os recursos desenvolvimento.
que investimos hoje são escolhas de compromisso Importa também dizer que o caminho do aprendi-
com o futuro que desejamos e com o presente em que zado contínuo não é livre de obstáculos. Exige inves-
vivemos. Nos negócios a criação do futuro é tão im- timento de retorno variável em tempo, energia, dinhei-
portante quanto a execução ro... demanda constância de
no curto prazo – essa ambi- propósito e resiliência para
destria é complexa de se im- Nosso manifesto em favor lidar com as frustrações que
plementar e, por isso mesmo, do aprendizado começa com são próprias do processo de
muito valiosa. Esse nosso ma- aprendizagem. A manutenção
nifesto em favor do aprendi-
um compromisso: não seremos da saúde física e mental é um
zado pela vida toda começa
pegos de surpresa por alguma aspecto central do processo e
com um compromisso: não tecnologia, modelo de negócio responsabilidade do aprendiz.
seremos pegos de surpresa por ou produto que afete Nosso terceiro compromisso
alguma tecnologia, modelo de frontalmente nossa operação. diz respeito à preparação me-
negócio ou produto que afete Estaremos atentos e ticulosa da jornada e sobre não
frontalmente nossa operação. anteciparemos a mudança! abandonar nosso intento fren-
Estaremos atentos e anteci- te às adversidades esperadas.
paremos a mudança! Teremos também a disciplina
O aprendizado pela vida toda é uma jornada que do autocuidado e a coragem para sermos medíocres
não se limita à educação tradicional. Estratégias tais naquilo que ainda estamos aprendendo.
como participação em fóruns de aprendizagem, lei- Apesar dos desafios, as recompensas que se podem
tura (técnica e dos clássicos), observação atenta da esperar do aprendizado pela vida toda são imensurá-
atuação dos profissionais mais experientes, sociali- veis. Saber, descobrir e sobretudo compartilhar en-
zação com interlocutores fora da rede convencional riquece nossas vidas com um senso de conquista e
de relacionamento e conexão com um mentor podem satisfação únicos, reforça nossa confiança e nos ca-
ser valiosas, inclusive para descoberta de novas ave- pacita a contribuir de maneira mais significativa para
nidas a percorrer. nossas comunidades e ambientes de trabalho. Nós,
A busca pelo desenvolvimento pessoal e profis- os aprendizes contínuos, entendemos o crescimento
sional deve ser um testemunho da curiosidade inte- como um processo sem fim, que milimetricamente
lectual e um compromisso com o crescimento. Nós, nos torna melhor habilitados para contribuir com o
empenhados no aprendizado pela vida toda, não es- que precisa ser feito.

Dinheiro 03/04/2024 51
 INÊS 249
Dinheiroembits POR BETO SILVA

UM PASSEIO DE
TESLA ANTES
DA COMPRA
PERFIL DO E-COMMER C
Pesquisa feita pela BigDataCorp
evidenciou que o e-commerce brasileiro
aumentou a adoção de SSL (Secure
Sockets Layer), um protocolo de segurança
que criptografa a comunicação entre o site
e o usuário. Passou de 83,36% em 2019
23,8 milhões
de sites no Brasil
para 89,35% em 2023. Este avanço
sublinha a crescente preocupação com a
segurança on-line no Brasil, segundo
Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp. 45 %
de aumento em uma década
“Observamos uma evolução notável em
áreas chave como segurança digital, uso de
plataformas de pagamento e engajamento
em redes sociais. Estas mudanças são
fundamentais para aprimorar a
8,97 %
representam sites de varejo
experiência do consumidor na era digital.” on-line
Veja outros insights do estudo:

Não é exatamente um test drive. É

1,9 milhão
de e-commerces
mais do que isso. Mesmo porque o
passeio no Tesla autônomo ocorrerá
depois da compra. Mais
precisamente quando o cliente for
buscá-lo na loja. “No futuro, é
obrigatório na América do Norte
430 %
de aumento de sites de
instalar e ativar o FSD V12.3.1 e levar
vendas desde 2014
os clientes a um breve teste antes de
entregar o carro”, escreveu Elon Musk,
CEO da montadora, em um
memorando interno enviado aos
funcionários. Essa sopa de letrinhas e
números nada mais é do que a 65,8 %
usam carteiras digitais
versão mais recente do pacote Full
Self-Driving da Tesla, atualização
opcional do sistema que custa US$
12 mil. Permite que o carro seja capaz
de dirigir sozinho em quase qualquer
lugar com intervenção mínima do
motorista. Para preparar melhor os
motoristas, a empresa vai
demonstrar as capacidades de
direção autônoma do carro antes de
os compradores receberem seu
veículo. Uma aula de direção.
Enquanto o sistema ainda não tenha
atingido os níveis de autonomia
prometidos por Musk, a Tesla prepara
os condutores. Mais simples.

52 Dinheiro 03/04/2024 INFOGRÁFICO: FABIO X | FOTOS: PATRICK PLEUL | VOISIN | BRENDAN SMIALOWSKI
 INÊS 249

R CE BRASILEIRO
QUANTIDADE DE ITENS COMERCIALIZADOS

15,68 %
têm mais de 101 produtos

FLÓRIDA PROÍBE REDE SOCIAL A

15,88 %
têm de 11 a 100 produtos
MENORES DE 14 ANOS
A conclusão do governador da Flórida, Ron DeSantis, sobre
as redes sociais não tem nenhuma novidade. “Prejudicam as
crianças de várias maneiras”, disse o político, ao promulgar

68,44 %
têm de 1 a 10 produtos
uma lei que restringe o acesso de menores de 14 anos às
plataformas. A norma entrará em vigor a partir de 1º de
janeiro de 2025. A partir dessa data, a eliminação da conta
deve ser sumária. Empresas como Facebook, TikTok e
Instagram já impõem requisitos de idade nos seus termos
de serviço. Algumas liberações são feitas com o
REDES SOCIAIS MAIS USADAS acompanhamento dos pais ou responsáveis. Mas a lei da
Flórida é mais rígida. Cobrará penalidades às redes sociais
Facebook
49,0% por quaisquer violações. Assim, não haverá caça a crianças
que fazem vídeos de dancinhas por aí. O cerco é sobre as
YouTube companhias, que enfrentarão consequências caso alguma
40,0% criança crie conta. A multa é de até US$ 50 mil por violação.
Instagram
29,9%
X (antigo Twitter)
20,8% MENOS
TikTok
14,0% POLÍTICA
Snapchat NO
5,8% INSTAGRAM
Pinterest
2,3%
A eleição presidencial americana, a mais importante
SEGURANÇA E HOSPEDAGEM deste ano, será apenas em novembro, mas as discussões
políticas já estão fervendo. No Brasil, em outubro serão
89,35% realizados os pleitos municipais, que definirão os
próximos prefeitos e vereadores. O Instagram anunciou
que vai limitar as postagens de conteúdo político para os
61,45% usuários que desejaram – eles deverão configurar suas
contas. O movimento tem dois propósitos. Primeiro, evitar
a disseminação de desinformação pela plataforma.
Segundo, afastar o Instagram da linha de frente do debate
20,57% 17,98% político. O Facebook e o X (antigo Twitter) já fazem esse
papel. Não exatamente essas redes, mas seus usuários.
Segundo especialistas, o problema é que o conceito de
“político” para a plataforma de Mark Zuckerberg é vago,
adotam SSL dos e-commerces estão hospedados e esses limites impostos têm o potencial de afetar
estão hospedados hospedados no em outros conteúdos sobre os direitos das mulheres, alterações
nos EUA Brasil países climáticas, raça e questões LGBTQIA+.

Dinheiro 03/04/2024 53
 INÊS 249
ESG

Fabricante brasileira
de produtos de
higiene e limpeza
alcança a marca de
25 milhões de litros
reduzidos no consumo
de água em 2023, e
fortalece ações
de reciclagem
e tratamento de
efluentes e de rios

A LIMPEZA SUSTENTÁV
U
Sérgio VIEIRA ma das principais fabricantes
de produtos de higiene e lim-
peza do País, presente em mais
de 95% dos lares, a empresa
brasileira Ypê tem dado passos
importantes para garantir a preservação
de seu principal insumo, que é a água. Nes-
se sentido, a companhia apresenta resul-
tados consistentes das ações ambientais
em suas unidades. No ano passado, a Ypê
chegou alcançou redução de 25 milhões
de litros no consumo de água, o equiva-
lente a 10 piscinas olímpicas. O resultado
foi possível a partir de investimentos em
captação de água de chuva e na tecnologia
de jardins filtrantes. “A gente vem traba-
lhando bastante em formulações de pro-
dutos mais concentrados, em que conse-
guimos otimizar a quantidade de água”,
disse à DINHEIRO Gustavo de Souza, diretor de pesquisa, de-
senvolvimento e sustentabilidade da Ypê.
Fato é que o sistema de captar água da chuva não é uma novi-
dade na história da empresa. Fundada em Amparo (SP) em 1970,
o trabalho de reaproveitar essa água ocorre desde 1977. Hoje a
empresa tem nove tanques na unidade com capacidade de arma-
zenar mais de oito milhões de litros. “Só nesse parque industrial,
que abriga 60% de nossa mão-de-obra [a empresa tem mais de
7.400 colaboradores], a gente consegue armazenar essa quanti-
dade, utilizada para manutenção e jardinagem.”
A redução também atinge a linha de produção da Ypê, já que
mais de 90% do produto carro-chefe da companhia, que é o de-
tergente lava louça, é feito de água. Por mês, são produzidos 2
milhões de frascos. Somente em 2022, a empresa deixou de con-
sumir 1,2 milhão de m³ de águas provenientes de rios e poços.
Diminuição de consumo é um dos três pilares da empresa
quando o assunto envolve água. Entre as outras frentes desenvol-
vidas estão o reaproveitamento do produto e a resiliência hídrica,
com ações para fomentar bacias hidrográficas em áreas mais

54 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: THOMAS BRAUNE | DIVULGAÇÃO

 INÊS 249

aumentando a oferta”, afirmou. Junto com

o instituto, a Ypê mantém o projeto Obser-
vando os Rios, que envolve em 232 rios em
17 estados em que há cobertura da Mata
Atlântica, com coleta e análise de água em
298 pontos. “O plantio de árvores é feito
não só com o viés de captura de CO², mas
também com a visão de resiliência hídrica.”

RECICLAGEM Além de água, a Ypê tem

investido em programas de logística re-
versa e de reciclagem de embalagens.
Desde 2022, o programa Recupera da
empresa, em parceria com a Pragma, que
faz a recuperação de 100% da massa equi-
valente das embalagens da linha green,
com design voltado a fórmulas de emba-
A gente reaproveita em todo lagens de material reciclado ou de origem
lugar que é possível. Água é renovável. Desde então, já foram desti-
um produto muito importante, nadas 500 toneladas de resíduos para a
reciclagem, entre papel e plástico, o que
presente em nossas marcas” garantiu faturamento de R$ 700 mil para
GUSTAVO DE SOUZA
organizações de catadores.
DIRETOR DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE
O conceito também está nas caixas
de papelão em que os produtos são trans-

ÁVEL DA YPÊ
portados, com 30% de material reciclado.
“As ações de circularidade fazem a dife-
rença lá na ponta. A gente consegue fo-
mentar a cadeia de reciclagem no Brasil”,
afirmou Souza. “O consumidor quer pro-
dutos mais sustentáveis. Nosso desafio
devastadas. “A gente reaproveita em todo lugar que é possível. BIOTECNOLOGIA enquanto indústria é dar opção de qua-
Para nós, água é um produto extremamente importante, porque Empresa desenvolve lidade e acessível.” Para a Ypê, é possível
sistema de jardins
está muito presente em nossas marcas”, disse Souza. lavar a louça e, ao mesmo tempo, contri-
filtrantes na unidade
Na unidade fabril de Anapólis (GO), a Ypê desenvolveu um de Anápolis, para tirar buir para o meio ambiente.
sistema de jardins filtrantes, uma biotecnologia utilizada no poluentes da água
tratamento de efluentes industriais e domésticos por meio de
plantas nativas que retiram poluentes presentes na água. O tra-
tamento ocorre de forma natural. “Depois disso essa água volta
para todos os nossos processos, para higienização de ambientes”,
afirmou o diretor da Ypê. Como só está presente no pátio indus-
trial de Goiás, o modelo ambiental corresponde, em termos de
redução no consumo da empresa, ao índice de 10% a 15% do total
de 25 milhões de litros economizados pela empresa em 2023.
Ainda no cuidado com a preservação ambiental, a empresa
plantou, desde 2007, e por meio do programa Florestas Ypê, mais
de 1,2 milhão de mudas em 20 municípios de São Paulo (a maior
parte na região de Campinas), em parceria com o SOS Mata Atlân-
tica. “A ideia é garantir mata nativa na região do curso d’água
dessas nascentes para minimizar a perda ao longo desses rios,

Dinheiro 03/04/2024 55
 INÊS 249

S
10 PERGUNTAS PARA

MAURICIO
SOARES,
Letícia FRANCO

A rápida disseminação da
inteligência artificial tem
chamado a atenção de governos,
empresas e usuários. Exemplo
disso é o Parlamento Europeu,
que aprovou em março a primeira
CEO DA DELOS BUREAU legislação para regulamentar o
seu uso. Neste cenário, a série
de conferências Fronteiras
do Pensamento promove, a
“A TECNOLOGIA partir deste mês, um debate
fundamentado na pergunta-

E A IA PODEM chave: “Quem está no controle?”

Mauricio Soares, responsável

AJUDAR,
pelo Fronteiras e CEO da Delos
Bureau, empresa integrante da
DC Set Group, disse que, além
MAS NÃO da busca pela resposta a essa
indagação, outro assunto a ser

SUBSTITUEM discutido é a IA como ferramenta

de auxílio para a população e a

O VALOR DA
importância do investimento
em Educação. Recém-chegado
à marca, que está há 18 anos
EDUCAÇÃO” no mercado, o executivo tem a
missão de promover debates
“sem partidos” e realizar a
transformação digital da
plataforma de conteúdo.

Como o Fronteiras do
Pensamento evoluiu no cenário
cultural e intelectual durante
esses 18 anos?
Construímos um projeto de
credibilidade por meio de
uma curadoria orientada pela
combinação entre assuntos
atemporais e aqueles que
se tornam relevantes em
determinado espaço de tempo.
Nosso papel é, e sempre foi, o
de ampliar a disseminação de
conhecimento. E, com a evolução
da tecnologia e a chegada da
pandemia, expandimos para o on-
line e atendemos a necessidade
de transformar a audiência em
uma comunidade com interações
e trocas constantes.

56 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: DIVULGAÇÃO


Quais os principais temas abordados
nas edições e como eles refletem os
desafios contemporâneos?
Muitos assuntos permeiam as conferências,
desde literatura e filosofia até temáticas
mais latentes, como tecnologia e economia.
Essa é a grande química do Fronteiras:
promover o debate a partir da combinação
entre temas atemporais e o contexto atual.
Já tivemos mais de 300 conferencistas,
como Thomas Piketty, autor do livro O
capital do século XXI; Manuel Castells, da
obra A Sociedade em Rede; e Graça Machel,
ativista e viúva de Nelson Mandela.
Como o Fronteiras se posiciona
no cenário atual, marcado pela
polarização?
O mundo está polarizado por muitos
motivos, como a política, e nós temos
um olhar atento às diferentes linhas
de pensamento, que de certa forma
influenciam e ajudam a explicar o mundo
e o país em que vivemos. Não somos uma
torcida e sim um agente que traz à mesa
um debate construtivo, saudável e sem
partidos, com intenção de construir novas
ideias, sempre valorizando a diversidade.
“Quem está no controle?” é o mote
da edição deste ano. Como isso se
relaciona com as discussões sobre
inteligência artificial?
Atualmente, um ponto crucial da IA são as
implicações éticas de um desenvolvimento
tão acelerado dessa tecnologia. Isso traz
preocupações sobre o quanto estamos
controlando esse processo e o quanto
somos passageiros nele. Além disso, a
inteligência artificial geral, que passa a
ser autônoma em uma série de aspectos,
baseia-se em dados produzidos e
publicados por humanos. Sendo assim,
pode reproduzir vieses problemáticos, como
a reprodução de estereótipos. É importante
gerar uma discussão em torno dessas
preocupações e pensar como construir
um padrão saudável de desenvolvimento,
incluindo os dilemas da regulamentação.
Como a IA pode ser utilizada para
resolver problemas globais?
IA é uma ferramenta que pode servir ao
intelecto humano para que possamos
chegar a lugares maiores. Nós mesmos
ainda não temos respostas. Então, não
podemos pensar que, agora, a IA assume
um papel central. É fato que pode ajudar
com volumes informações que a mente
humana não consegue realizar com a
mesma eficiência, como grandes cálculos
e interpretações. Porém, existe uma série
de pessoas para direcionar seu uso, até
para que se implemente padrões éticos.
Devemos utilizá-la como uma ferramenta
de impulsionamento para a resolução de
problemas.
Em que contexto está a tecnologia para
a Educação?
A tecnologia é muito importante para
a Educação, mas não substitui seu
valor. O caminho para alcançarmos um
futuro melhor, sem desigualdades, é o
investimento e valorização de toda a
jornada de Educação, especialmente o
nível de Educação Básica em um país no
qual muitas pessoas ainda não têm acesso
à Educação e sofrem as consequências
disso. Por meio da Educação, podemos
estimular transformações, inclusive
digitais, de maneira sólida e consistente,
visando resultados a médio e longo prazos.
Nesse sentido, estamos desenvolvendo o
Fronteiras Educação, um material digital
que reúne nossos conteúdos e que deve
ser distribuído em escolas do ensinos
fundamental e médio.
Qual a expectativa da plataforma
Fronteiras+, lançada recentemente e
que faz parte da transformação digital
da marca?
O Fronteiras+ foi lançado em outubro
do ano passado a partir da necessidade
de cada vez mais trabalhar o senso de
comunidade na nossa marca. É um serviço
que oferece acesso aos conteúdos do
acervo histórico e também programas
inéditos, como o Mundo Livro, um clube de
leitura mensal. Com essa plataforma, nosso
objetivo é democratizar mais essa proposta
de disseminação de conhecimento por meio
do digital. Além de criar uma dinâmica de
troca, deixando de ser uma palestra de “um
para muitos” e promover uma experiência
mais fluida e interativa para toda e qualquer
pessoa interessada em ampliar suas
INÊS 249
fronteiras de conhecimento e formação de
pensamento crítico.
Considerando o boom da IA, como você
avalia o papel do projeto para criar
um debate amplo e acessível sobre os
impactos dessa tecnologia?
A inteligência artificial é um tema
onipresente e diante de tantas
transformações, é fundamental disseminar
cada vez mais o conceito dessa tecnologia
e seus impactos na sociedade. Sendo
assim, buscamos ampliar o conhecimento
por meio de três frentes: conferências
presenciais, plataforma de conteúdo on-line
e parcerias com instituições de ensino para
disponibilizar nossos conteúdos.
A frente da marca desde fevereiro deste
ano, quais são as estratégias para o
projeto e a plataforma Fronteiras+?
O principal desafio é honrar a história
construída até aqui, sem deixar de pensar
em transformações e atualizar a proposta
de valor e DNA. Não é porque chegamos
aos 18 anos de uma maneira positiva que
os próximos anos serão assim. A relevância
do projeto depende da construção de
uma ponte entre passado e futuro no
presente, valorizando a intelectualidade,
a curiosidade e a inquietação para evoluir
continuamente. Tenho a missão de
consolidar a transformação digital e trazer
novos públicos, principalmente os mais
jovens. A máxima é não pregar apenas
para os convertidos, mas evangelizar novos
segmentos de público.
O que deve orientar os debates da
sociedade nos próximos anos, e
consequentemente, do Fronteiras?
Apesar de ser um tema presente, acredito
que a tecnologia de uma maneira geral deve
seguir em alta, especialmente a inteligência
artificial, que diferentemente do metaverso
se mostrou uma ferramenta muito mais
estrutural e estruturante. Também aposto
que as questões ambientais serão ainda
mais uma prioridade da sociedade. Vejo que
estamos numa linha tênue entre abordá-
la de forma pragmática e romantizada
ao mesmo tempo. É necessário entender
que precisamos buscar prosperidade da
humanidade e que temos necessidade.
Dinheiro 03/04/2024 57
 INÊS 249
Cobiça
POR CELSO MASSON

NOVA COLEÇÃO DA DESIGNERS GUILD

DESTACA CRIAÇÕES DE RALPH LAUREN
E DE CHRISTIAN LACROIX PARA O DÉCOR
Uma das empresas mais criativas e inovadoras do segmento de
decoração, a britânica Designers Guild, criada em 1970, consolidou sua
reputação ao apresentar criações autorais que estabeleceram novos
padrões de elegância e sofisticação em tecidos, papéis de parede e
acessórios. Hoje, além da flagship em Londres e das lojas em Paris,
Munique e Nova York, a marca está presente em cerca de 60 países. No
Brasil, suas as coleções chegam pela By Tri Brands (b3brands.com.br) a
trazem nomes com Ralph Lauren, o primeiro estilista a lançar uma
coleção completa para o lar. Seu legado está presente nos tecidos e
papéis de parede com estampas que vão de temas náuticos ao glamour
da era do jazz, passando por padrões florais românticos inspirados nas
propriedades campestres inglesas e o estilo country americano. De
Christian Lacroix, a Designers Guild apresenta criações que evocam a
paixão do designer por padrões audaciosos, da cartografia à abstração,
incluindo referências ao surrealismo, entrelaçando de flores e figuras
fantásticas em uma composição frenética impressa na forma de um
papel de parede panorâmico.

RELÓGIO

CHRISTIE’S IRÁ LEILOAR

RARIDADES DE SCHUMACHER
Marcando o 30º aniversário do primeiro mundial conquistado
pelo heptacampeão Michael Schumacher na Fórmula 1, a casa
de leilão Christie’s selecionou alguns dos relógios da coleção
particular do piloto para um pregão no dia 13 de maio, no Four
Seasons Hotel des Bergues, em Genebra, Suíça. Entre as
peças que a família do ex-piloto colocará à venda está o
cronógrafo Audemars Piguet encomendado como um
presente seu antigo mentor na Ferrari, Jean Todt, para
comemorar os seis primeiros títulos de Schumacher na F1.
O mostrador personalizado apresenta o famoso emblema da
escuderia um capacete vermelho e seis estrelas alusivas aos
campeonatos vencidos pelo alemão entre 1994 e 2003.

58 Dinheiro 03/04/2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO

 INÊS 249

ARTE

THEODORA HOME APRESENTA

PLATAFORMA DIGITAL TH ARTSY
Pioneira no e-commerce de luxo em decoração
e design no Brasil, a Theodora Home anunciou o
lançamento do TH Artsy, uma inovadora plataforma
digital dedicada à arte que se soma ao portfólio
de iniciativas da marca como a TH 2nd Floor (de
compra e venda de móveis e objetos de segunda
mão) e o Studio TH, loja e showroom que também
oferece consultoria e produção de décor feita sob
medida, localizado em um espaço no Jardim Europa,
em São Paulo. Segundo Marcela Caio, fundadora da
marca, o TH Artsy surge como uma plataforma
digital exclusiva para artistas que buscam expandir
o alcance de suas criações e para aficionados por
arte que desejam descobrir e adquirir peças únicas.
“TH Artsy é mais do que uma galeria on-line; MODA
é um espaço dinâmico onde novos talentos e
perspectivas inspiradoras são descobertos a FLORESTA EMERGE NO INVERNO
cada clique”, disse Marcela.
2024 DA OSKLEN
A exuberância da natureza através de
experiências que envolvem rituais, celebrações,
equilíbrio, ciclos e ecossistemas. Esse é o ponto
de partida da coleção de inverno 2024 da Osklen,
que buscou inspiração para a cartela de cores nos
quatro elementos: terra, água, fogo e ar. “Tento
expressar a minha experiência com os povos da
floresta somado ao meu olhar criativo com design
e empreendedorismo para que toda essa
potência junto à minha equipe seja a protagonista
da mudança, neste novo olhar para a Amazônia”,
disse o fundador e diretor criativo da marca,
Oskar Metsavaht. Para o Inverno 24 foram
utilizadas e-fabrics, cujo processo produtivo
envolve materiais provenientes de reciclagem,
agricultura orgânica, ou técnicas artesanais.
Parte das matérias-primas foi desenvolvida por
comunidades ribeirinhas e agricultores familiares.

HOTEL

MOLLIE LEVA QUIET LUXURY PARA ASPEN

A Preferred Hotels & Resorts anunciou a abertura do Mollie Aspen, hotel
boutique com 68 quartos em localização privilegiada no centro da cidade
que abriga a estação de esqui mais charmosa do Colorado (EUA). O nome
presta homenagem à mina de prata Mollie Gibson, que teve origem no final
do século 19 e serviu como catalisador para o progresso econômico, social e
cultural da cidade. O design de interiores do hotel foi confiado ao estúdio
Post Company, que combinou influências das escolas escandinava e
japonesa para empregar o conceito de quiet luxury. Madeiras naturais,
cerâmicas terrosas, têxteis tingidos à mão e latão fundido em areia foram
incorporados para imitar as montanhas da região, enquanto grandes janelas
emolduram vistas da paisagem circundante e trazem abundante luz para o
hotel. As diárias para casal partem de US$ 619, no site mollieaspen.com.

Dinheiro 03/04/2024 59

ESTILO
BOTANIQUE NAS QUATRO ESTAÇÕES
Renovado após mudança
de donos, o refúgio de
altíssimo padrão cercado
de verde em Campos do
Jordão anuncia segunda
fase de expansão com
vilas de até 380 m2, novo
spa, termas e academia.
Ideia é oferecer
experiências exclusivas
o ano todo
Celso MASSON
60 Dinheiro 03/04/2024
I
dealizado pelo casal Ricardo Semler e
Fernanda Ferraz, o Botanique se tornou
um divisor de águas na hotelaria de alto
padrão da Serra da Mantiqueira. Ocu-
pando o alto de uma colina em meio a
uma extensa área verde na divisa dos muni-
cípios de Campos do Jordão, Santo Antônio
do Pinhal e São Bento do Sapucaí, ele ante-
cipou o conceito de quiet luxury bem antes
de ele se tornar tendência. Entre seus dife-
renciais estava a área de check-in isolada
das acomodações (os carros não circulam
perto dos hóspedes), um cinema privativo,
telescópio para obervar o cosmo e vilas tão
completas que havia em uma delas até um
piano. A elegância da construção principal,
toda envidraçada para permitir as melhores
vistas da paisagem de vegetação intocada,
FOTOS: DIVULGAÇÃO
INÊS 249
foi aprimorada por um paisagismo susten-
tável, com mais de 300 imensos vasos de
ervas e hortaliças formando um jardim sen-
sorial. Detalhes que redefiniram a hospita-
lidade e a busca de bem-estar na região,
reforçada por um belo spa com direito a uma
sauna com banho de água mineral que si-
mula uma chuva tropical.
Parte disso ainda está lá, mas novas ca-
madas foram adicionadas pelos atuais pro-
prietários: a Prime You, maior empresa de
compartilhamento de bens de luxo da Amé-
rica Latina, presidida por Marcus Matta; e
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. En-
tre os fundadores e os novos sócios, houve
um período sob gestão da rede Six Senses.
“Primeiro fizemos a reforma, redecoramos
e criamos uma nova identidade visual”, dis-
 INÊS 249

se Matta à DINHEIRO. “Agora daremos

início à segunda fase, com mais dez vilas que
serão entregues até o fim deste ano, e o novo
spa integrado à àrea termal e à academiam,
que deverá estar pronto até metade de 2025”.
Segundo o sócio que está mais envolvido
com os planos para o empreendimento, a
ideia é tornar o local mais atraente nas qua-
tro estações do ano e não apenas no inverno,
quando tradicionalmente a região monta-
nhosa entre São Paulo e o Sul de Minas é
mais procurada. Rebatizado Botanique
Hotel Experience, ele faz juz ao nome com
uma programação de atividades baseada
nas características típicas de cada época do
ano. E, claro, com uma gastronomia que
valoriza ingredientes sazonais. No verão, o
menu priorizou peixes e frutos do mar, como
vieiras e cavaquinha, algo raro na região – e
preparado com muito esmero e a preços
bastante razoáveis pela qualidade oferecida.
Para quem não dispensa a clássica fondue,
o restaurante Mina oferece uma sequência
das versões de queijo e de chocolate, para
casal. O valor é um tanto exagerado: R$ 900
por casal, sem bebidas.
REFÚGIO VERDE
Na foto maior,
a construção principal, THE LAB Uma das alterações mais percep-
onde estão as sete tíveis foi reconfiguração do cinema privati-
suítes, o spa com vo, agora um palco para shows de jazz e blues,
piscina coberta, o
restaurante Mina, e o com um ótimo bar anexo, com uma primo-
bar anexo, o lounge rosa carta de drinques autorias. A diversi-
com lareira e o dade da oferta etílica, inclusive, é o mote de
laboratório de uma das novas experiências do Botanique,
atividades sensoriais
em que uma seleção de coquetéis é harmo-
nizada com acepipes preparados na e co-
mentados pelo chef. Outra experiência
exclusiva é a oficina de atividade sensoriais
EXPERIÊNCIA SENSORIAL Frutas, ervas e outros ingredientes são
usados na preparação de produtos de beleza no labotatório do hotel
em um laboratório (The Lab) que remete a uma botica de antiga-
mente. Ali os hóspedes aprendem a manusear ingredientes da
flora local, em propostas inventivas e encantadoras. Há ainda a
opção de um piquenique charmoso no topo da montanha (R$ 1.200
por casal, com bebidas), aula de ioga ao ar livre e, claro, os procedi-
mentos terapêuticos do spa — incluindo meia hora de flutuação em
uma piscina com 500 kg de sal que simula um mergulho no Mar
Morto. Ao redor da propriedade, é possível fazer passeios de bici-
cleta ou a cavalo, caminhar por trilhas ecológicas e visitar fazendas
como a que produz o premiado Azeite Sabiá.
Para quem pretende apenas relaxar sem sair do hotel, as
vinte acomodações são distribuídas em sete com varandas inte-
gradas e vista panorâmica e 13 vilas com jardim privativo e ja-
cuzzi externa. As áreas variam de 110 m2 a 320 m2, caso da Vila
Antese, envolta por um jardim particular. O projeto de amplia-
ção, já aprovado, prevê oito unidades com média de 180 m2 e
duas com até 380 m2. Segundo Matta, ambas ficarão na parte
mais alta da propriedade, com vista para o nascer do sol e para
o deslumbrante verde ao redor. “Quando finalizarmos essa
ampliação teremos uma nova piscina com borda infinita, também
pensada para valorizar a vista”, disse o CEO da Prime You. As
diárias partem de R$ 3.064 durante a semana.

VILA
COMPLETA
Com 320 m2,
a maior das
acomodações
atuais será
superada pelas
novas unidades.
Todas possuem
jardim privativo com
banheira ao ar livre

Dinheiro 03/04/2024 61
 INÊS 249
Dinheiroemação POR FAGUNDES SCHANDERT

SISTEMA FINANCEIRO

ULTRAPAR ELEVA FATIA NA

HIDROVIAS DO BRASIL
A Ultrapar anunciou a aquisição de
128,4 milhões de ações da Hidrovias do
Brasil (HBSA3), representativas de
16,88% do capital, por R$ 3,98 por ação.
As partes vendedoras são Pátria
(private equity) e Sommerville
Investments. Além disso, a Ultrapar
informou que atualmente possui ações
que representam 4,99% do capital
social da Hidrovias, o que, somado à
aquisição, equivalerá a uma estratégica e de longo prazo da Hidrovias. Segundo relatório do analista
participação total de 21,87% na Hidrovias. A conclusão da operação da Ágora Investimentos Ricardo França,
Hidrovias do Brasil. A Ultrapar informou está sujeita à aprovação antitruste do o desembolso de cerca de R$ 500
ainda que possui derivativos de Conselho Administrativo de Defesa milhões pela Ultrapar deverá “ser
liquidação financeira referenciados em Econômica (CADE) e à não aplicação da facilmente absorvido” pelo balanço da
ações da Hidrovias equivalente a 4,99% obrigação de realização de oferta companhia. Na segunda-feira (25/3),
do capital. Com esse aporte a Ultrapar pública para aumento de posição a ação da Hidrovias disparou 14,89%,
pretende ser acionista de referência acionária relevante (poison pill) pela a R$ 4,09 no fechamento do mercado.

INDICADORES ECONÔMICOS
PIB CRESCIMENTO (FONTE: BANCO CENTRAL) 4° TRI/23 3° TRI/23 2° TRI/23 1° TRI/23 2023 JAN/24 A DEZ/23 A NOV/23 A OUT/23 A SET/23 A
CONTAS PÚBLICAS (% PIB)* (A) FEV/23 JAN/23 DEZ/22 NOV/22 OUT/22
PIB (DESSAZ.) 0,0% 0,0% 0,8% 1,3% 2,9%
PIB EM US$ BILHÕES * 2.173,2 2.103,7 2.039,4 2.005,9 2.173,2 RESULTADO NOMINAL 9,06% 8,90% 7,82% 7,78% 7,52%
RESULTADO PRIMÁRIO 2,25% 2,29% 1,22% 1,06% 0,96%
ATIVIDADE ** JAN/24 DEZ/23 NOV/23 OUT/23 NO ANO
3,6% 1,0% 1,3% 1,1% 3,6% JAN/24 DEZ/23 NOV/23 2023 2022
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (IBGE)
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL 75,03% 74,33% 73,83% 74,33% 71,68%
VOLUME DE VENDAS NO VAREJO RESTRITO (IBGE) 4,1% 1,2% 2,5% 0,2% 4,1%
DÍVIDA BRUTA INTERNA 65,87% 65,50% 64,83% 65,50% 62,70%
TAXA DE DESEMPREGO -
PNAD CONTÍNUA (IBGE) 7,6% 7,4% 7,5% 7,6% - DÍVIDA BRUTA EXTERNA 9,16% 8,83% 9,00% 8,83% 8,98%

UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA CONTAS EXTERNAS (US$ MILHÕES) FEV/24 JAN/24 DEZ/23 NOV/23 NO ANO
77,6% 77,7% 78,3% 78,8% -
(CNI) - DESSAZ. INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO - 8.741 -389 7.765 8.741
MÉDIA EXPORTAÇÕES 23.538 26.968 28.839 27.878 50.506
JAN/24 DEZ/23 NOV/23 OUT/23 EM 2024
INADIMPLÊNCIA *** IMPORTAÇÕES 18.091 20.474 19.479 19.112 38.564
PESSOA FÍSICA ATÉ 90 DIAS 4,2% 4,0% 4,3% 4,3% 4,2% SALDO COMERCIAL 5.447 6.495 9.360 8.766 11.942
PESSOA F. ACIMA DE 90 DIAS 5,5% 5,6% 5,8% 5,9% 5,5% SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES - -5.068 -5.870 -1.840 -5.068
PESSOA JURÍDICA ATÉ 90 DIAS 2,2% 2,0% 2,1% 2,2% 2,2% RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS - 355.066 355.034 348.406 355.066
PESSOA J. ACIMA DE 90 DIAS 3,4% 3,2% 3,6% 3,5% 3,4% DÍVIDA EXTERNA TOTAL - 344.512 342.185 332.908 344.512

* Acumulado nos últimos 12 meses; ** Em relação ao mesmo período do ano anterior, exceto utilização de capacidade instalada e taxa de desemprego; *** Em proporção do volume de crédito concedido. - Recursos Livres (a) Superávit = (-) e Déficit = (+), conforme notas econômicas do BACEN

DESEMPENHO MELHOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES PIOR DESEMPENHO % 30 DIAS % 12 MESES

Educação -0,66 94,56 Varejo -1,02 2,67
DAS EMPRESAS Alimentos 4,09 62,78 Serviço de Locação 2,83 1,10
POR SETOR Saneamento 2,78 57,86 Siderurgia e Metalurgia -5,33 -1,68
DE ATIVIDADE Serviço Especializado 0,99 51,03 Mineração -9,13 -19,83
Petróleo e Gás -12,78 46,84 Agronegócio 3,46 -30,64
Fonte: Austin Rating de 18/mar/24

62 Dinheiro 03/04 /2024 FOTOS: DIVULGAÇÃO | ISTOCK

 INÊS 249

PRINCIPAIS ÍNDICES JUROS FUTUROS 18/03/2024 IBC-BR (BACEN)

INFLAÇÃO FEV/24 JAN/24 DEZ/23 NO ANO 12 MESES
% ao ano Var.% no mês sobre mês imediatamente anterior
IPC - FIPE - 0,46% 0,46% 0,92% 3,00%
11,00 1,00
IGP-M (FGV) -0,47% -0,52% 0,07% -0,91% -4,26%
IGP-DI (FGV) - -0,41% -0,27% -0,67% -4,04%
IPCA (IBGE) - 0,83% 0,42% 1,25% 4,50% 10,66
IPCA - NÚCLEO MM SUAVIZADO - 0,42% 0,51% 0,93% 4,48% 0,50
JUROS/APLICAÇÃO FEV/24 JAN/24 DEZ/23 NO ANO 12 MESES 10,33
CDI 0,80% 0,97% 0,89% 1,77% 12,73%
TLP 0,45% 0,46% 0,43% 0,88% 5,52%
POUPANÇA 0,51% 0,59% 0,57% 1,10% 7,83% 10,00 0,00
TJLP 0,53% 0,53% 0,53% 1,06% 6,91%
Abr/24 Jun/24 Ago/24 Out/24 Nov/2023 Dez/2023 Jan/2024
CDB/RDB - TAXA PREFIXADA MÉDIA 0,73% 0,85% 0,76% 1,58% 11,12%
CÂMBIO/PETRÓLEO 11/03/2024 NO MÊS NO ANO 12 MESES
RISCO-PAÍS BOLSA VAL. – ÍND. NIKKEI 225 (JAPÃO)
REAIS/US$ (COMERCIAL VENDA) 4,987 -0,07% -2,92% 4,88%
US$/EURO 1,083 0,06% -2,03% 0,36% Em mil pontos
EMBI + BR (fim de mês)
IENE/US$ 151,59 -1,27% -6,66% -13,25%
PETRÓLEO À VISTA BRENT (US$/BARRIL) 86,25 3,15% 11,95% 10,41% 290.0 40,0
MERCADOS FUTUROS 11/03/2024 ABR/24 JUN/24 AGO/24 OUT/24
4,981 5,009 5,039 5,066
256.6
CÂMBIO (R$/US$)
ABR/24 JUN/24 AGO/24 OUT/24 32,5
DI DE 1 DIA (% A.A.) 10,65 10,48 10,22 10,06 223.3
ABR/24 JUN/24 AGO/24 OUT/24
IBOVESPA (PONTOS) 127.656 129.396 131.192 133.068 190.0
MAR/24 MAI/24 JUL/24 SET/24 25,0
mar/23
abr/23
mai/23
jun/23
jul/23
ago/23
set/23
out/23
nov/23
dez/23
Jan/24
Fev/24
15/mar/23
CAFÉ ARÁBICA (60KG - ICF) 231,50 232,25 227,90 226,65
18/Mar/22 20/Mar/23 19/Mar/24

RENTABILIDADE DOS TÍTULOS PÚBLICOS (%) *19/mar/24 (inclui JS = Juros Semestrais)

TÍTULO VENC. INDEXADOR Últim. 30 dias ano * 12 MESES

Tesouro Selic 2024 01/09/2024 Selic 0,86% 2,62% 12,54%
Tesouro Prefixado (JS) 2025 01/01/2025 Prefixado 0,81% 2,32% 13,12%
Tesouro IPCA+ (JS) 2024 15/08/2024 IPCA 0,80% 3,03% 9,94%
Tesouro IGPM+ (JS) 2031 01/01/2031 IGP-M -1,61% -0,93% 1,38%
Tesouro Prefixado 2024 01/07/2024 Prefixado 0,89% 2,56% 12,79%

MAIORES ALTAS DA SEMANA* TERMÔMETRO DO MERCADO

Ação Setor % O IBOVESPA EM UM ANO * PONTOS

DESTAQUE NEGATIVO DA SEMANA Depois de reportar R$ 1 bilhão em ALLIAR Saúde 36,02 Ibovespa 127.667
prejuízo no exercício de 2023, varejista viu as ações caírem 18% entre 18 e 26/3 TIME FOR FUNEntretenimento 32,21 Mínima 126.601
ALLIED Varejo 28,67 Máxima 131.689
CLEARSALE Financeiro 21,34
BOLSAS NO MUNDO Fonte: B3* Até 12/03/2024

11/03/2024 COTAÇÃO (MOEDA LOCAL) VARIAÇÃO (US$) HBR REALTY Imobiliário 20,19
Mercado Índice Pontos % mês % ano % 12 m. % mês % ano
Brasil Ibovespa 126.863 -1,67% -5,46% 27,28% -1,74% -8,22%
MAIORES BAIXAS DA SEMANA* IBOVESPA em milhares de pontos
Brasil IBrX 100 53.473 -1,75% -5,27% 26,60% -1,82% -8,04%
EUA Dow Jones 39.283 0,74% 4,23% 21,12% 0,74% 4,23%
Ação Setor % 135.0
EUA Nasdaq 16.316 1,39% 8,69% 38,63% 1,39% 8,69% TERRA SANTA PA Imobiliário -17,24
Japão Nikkei 225 40.398 3,15% 20,72% 47,03% 1,83% 12,68% VIVEO Varejo -18,27 115.0
China Shanghai 3.032 0,55% 1,91% -6,75% 0,13% 0,32% CASAS BAHIA Varejo -18,81
Alemanha DAX 30 18.384 3,99% 9,75% 21,53% 4,05% 7,52% GAFISA Imobiliário -19,04
95.0
França CAC 40 8.185 3,25% 8,51% 15,63% 3,30% 6,31%
INFRACOMM Tecnologia -20,69
Reino Unido FTSE 100 7.931 3,94% 2,56% 6,15% 3,76% 1,82% Mar 23 Set 23 Mar 24*
Fonte: Austin Rating Fonte: Austin Rating *26/03 a 18/03 *Até 19/03/2024

Dinheiro 03/04/2024 63
 INÊS 249
Dinheiroemfoco POR FAGUNDES SCHANDERT

DIMINUIR O RITMO DE
REDUÇÃO (DOS JUROS)
AJUDARÁ A GARANTIR UMA
+2,19 %
Foi a alta da ação da Suzano na Bolsa
na terça (26). No mesmo pregão, a
TRANSIÇÃO SUAVE, DILUINDO unit da Klabin avançou 1,78%,
A POSSIBILIDADE DOS também entre as maiores altas do
MERCADOS MONETÁRIOS Ibovespa. As empresas foram
beneficiadas por aumentos de preço
PASSAREM POR ESTRESSE
da celulose na China e na Indonésia, e
ainda com a greve da concorrente
Stora Enso nas fábricas de Anjala e
JEROME POWELL Oulu, na Finlândia.
Presidente do Federal Reserve
(FED, o BC dos EUA).

US$ 1,8 bilhão É o valor de mercado

US$ - 9,09 %
da Digital World Acquisition (DJT).
As ações da empresa norte-americana
dispararam 35% na segunda-feira (25)
após os acionistas aprovarem uma fusão
com a empresa de mídia social Trump
Media & Technology, proprietária da
Truth Social, do ex-presidente dos EUA,
Foi a queda do Grupo Casas Bahia,
Donald Trump.
a R$ 6 por ação, no fechamento da
B3 na terça-feira (26). A varejista

R$
-R$ 1,5 bilhão Foram as perdas registrou prejuízo de R$ 1 bilhão no
contábeis, sem efeito caixa, quarto trimestre e acumulou
do frigorífico Minerva na Argentina perdas de R$ 2,6 bilhões em 2023,
por causa da hiperinflação e do câmbio mais de sete vezes o prejuízo de
desvalorizado. As demais operações 2022. A empresa fechou
reportaram quedas de preços da carne. 55 lojas em 2023, sendo 17
Com a repercussão, a ação BEEF3 no quarto trimestre.
caiu 8,73% no fechamento da Bolsa
(B3) na terça-feira (26).

O fundo de criptos TC Digital Assets alcançou rentabilidade de 60% em 2024 e de 96% no seu primeiro
ano de existência. O fundo gerido pela TC Pandhora foi criado em março de 2023 e atingiu R$ 10

CRIPTOS
milhões em patrimônio sob gestão e 47 cotistas ativos. Segundo o diretor da gestora Paulo Boghosian,
o fundo identifica momentos-chave de compra de futuros de Bitcoin na bolsa de valores de Chicago
(EUA). “O TC Digital Assets é um dos primeiros fundos cripto a usar o Bitcoin de benchmark, ou seja,
o cotista só paga performance se o fundo atinge a marca do Bitcoin. Acreditamos que esse seja um
incentivo cada vez mais proveitoso aos nossos cotistas”, disse Boghosian.

64 Dinheiro 03/04/2024 FOTO: AFP/ MANDEL NGAN


VOCÊ É CAPAZ DE INFLUENCIAR?
L
iderança é essencialmente uma arte. A arte de re-
alizar atividades complexas, através de outras pes-
soas. Um CEO, na verdade não faz nada, não exe-
cuta. Ele inspira pessoas, aloca recursos e sobretudo
garante que todos tenham as condições de fazer da
melhor forma o seu trabalho. Ao assistirmos uma
orquestra sinfônica performando uma obra clássica,
fica muito claro o papel do líder, do maestro. Ele é
responsável pelo timming de cada instrumento, pelo
ritmo, a direção e o alinhamento geral e harmonia
entre todos os instrumentos.
Todo grande maestro, assim como todo grande
líder, somente consegue alcançar a excelência (ou,
como dizemos atualmente, a alta performance) quan-
do tem a capacidade de exercer influência legítima
sobre seus liderados. Influência é o instrumento mais
poderoso da liderança.
É a habilidade de provocar um impacto positivo
nas outras pessoas, persuadindo e convencendo os
liderados a suportá-lo e apoiá-lo de forma verdadeira
em suas ideias e seus projetos. Quando a influência
legitima se faz presente no ambiente de trabalho, não
existe mais o ‘plano do líder’ ou o ‘projeto da empre-
sa’. Todos tomam para si os ideais, a visão e as conse-
quências. Isso leva a excelência.
Existe uma literatura ampla a respeito dos meca-
nismos e princípios fundamentais da influência. Ro-
bert Cialdini, psicólogo na Universidade do Arizona
nos Estados Unidos, especialista na arte da influência
e persuasão, enumera o que ele denomina as “armas
da influência”, isto é, comportamentos básicos que
nos auxiliam a ampliar nossa capacidade de influen-
ciar os outros. Estes comportamentos são a recipro-
cidade, comprometimento e consistência, busca por
aprovação social, entre outros. Mas na verdade o tema
não é tão simples assim.
A influência é uma competência social. Segundo
o escritor e jornalista científico Daniel Goleman,
“Líderes que possuem autoconsciência emocional,
autocontrole de suas emoções e comportamentos,
são adaptáveis e possuem alto grau de empatia, são
INÊS 249
Desafiosdagestão
capazes de expressar usas ideias, visões e conceitos
de forma altamente convincente e persuasiva”.
Os líderes empáticos são capazes de sentir o esta-
do emocional dos membros da sua equipe e responder JORGE
SANT’ANNA
com compreensão e apoio. Essa conexão emocional DIRETOR-
promove confiança, cooperação e um ambiente de PRESIDENTE E
trabalho positivo. A pergunta deste tipo de líder ao COFUNDADOR
liderado é: Como posso te ajudar, para que você faça DA BMG
SEGUROS
melhor o seu trabalho? E MEMBRO DO
É muito pouco provável que executivos centrados CONSELHO DE
no estilo de liderança de comando e controle, tão ADMINISTRAÇÃO
comum no mundo empresarial, possam gerar alta DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE
performance de forma sustentável. Autoridade formal, BANCOS
cargo, artefatos de poder, não são instrumentos de
influência e sim de exercício de controle, incapazes
de entregar excelência ao longo do tempo.
Por ser uma competência emocional, o poder de
influência se origina e é reconhecido pelo nosso sis-
tema límbico, área mais antiga de nosso cérebro e
responsável pelo processamento de emoções, forma-
ção de memórias e regulação do comportamento.
Líderes visionários e que privilegiam a atuação como
coachs e mentores tendem a ter um poder de influ-
ência muito maior.
Seja em liderando uma orquestra sinfônica, ou
liderando um pequeno departamento em sua empre-
sa, a sua capacidade de influenciar e mobilizar seu
time em direção de suas ideias e visões, vai depender
muito mais de suas competências emocionais do que
de seu conhecimento técnico, posição e autoridade.
Se você pretende ser um líder capaz de influenciar
e mobilizar sua equipe em torno de sua visão, inicie
pela mudança de suas emoções. Seja humilde e se
coloque a serviço de todos de sua equipe. O líder in-
fluenciador é aquele que alcança a excelência sem ser
o protagonista da história. Ao contrário, aprende a
delegar o protagonismo.
Parece difícil (e na verdade é!), por isso existem
tão poucos maestros de grande sucesso no mundo.
Comece sua jornada já ou se acomode no mundo fi-
nito do comando e controle.
Dinheiro 03/04/2024 65

ARTIGO
POR RICARDO VOLTOLINI*
ESG, O NOVO ETECETERA NOS
CURRÍCULOS PROFISSIONAIS
Atraídos pela propaganda de cifras infladas, cerca de 330 milhões de pessoas
consultaram o Google para saber “quanto ganha um profissional ESG”.
Se você está nessa estatística, aqui vão cinco conselhos úteis
U
ma amiga referência na área costuma dizer que ESG
tornou-se o novo etecetera em muitos currículos pro-
fissionais. Quem há de discordar? Basta uma olhada no
LinkedIn para concluir que, usada sem o devido critério, a sigla
(originária do inglês para Ambiental, Social e Governança) trans-
formou-se numa espécie de competência-chave para esses tem-
pos de emergência climática, um sinal do desejo ou compromisso
de trabalhar em empresas mais éticas, transparentes, cuidadosas
em relação às pessoas e ao meio ambiente.
Na origem do explosivo interesse pelo tema, há razões gera-
cionais e mercadológicas: campo de múltiplas possibilidades para
quem quer conciliar carreira com propósito, ESG é uma justa aspi-
ração das novas gerações de profissionais (Millennials e Z). Além
disso, representa um vistoso mercado de oportunidades, para pro-
fissionais novos e experientes, o que explica a recente profusão de
especialistas vindos das mais diversas áreas corporativas. O Google
me informa que 550 milhões de pessoas pesquisaram sobre “como
entrar no mercado de ESG” em todo o mundo. Cerca de 330 mil-
hões quiseram saber “quanto ganha um profissional ESG”, atraídos
pela propaganda de cifras infladas que criam uma realidade quase
paralela. Isso significa uma consulta a cada 0,27 segundo.
Se você está entre os milhões de interessados na área, deixo
aqui cinco recomendações sinceras que provavelmente nenhum
mentor vai se lembrar de fazer na íntegra.
RECONHEÇA O QUE NÃO SABE, SEJA POLÍMATA
Antes de mais nada, deixe muito claro no currículo os pedaços
do ESG que você domina. E em relação aos que não domina, es-
tude e se aprofunde. Há diferentes oportunidades para desen-
volvimento no tema. Lembre-se: ESG é multidisciplinar, com-
plexo e sistêmico. Não se presta a respostas simplistas. Aceite o
desafio de ser um polímata, isto é, alguém que aprende muito em
diferentes áreas de conhecimento.
PRATIQUE VALORES E ATITUDES ESG
Aproprie-se da sua consciência. Bote os seus valores pessoais
66 Dinheiro 03/04/2024
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para jogo. Ninguém é obrigado a trabalhar numa empresa que
desdenha a empatia e o cuidado, a diversidade e a inclusão,
o respeito ao outro e ao planeta. Lição aprendida: o que de-
fine a potência ESG de uma empresa não é a sua capacidade
de responder questionários de ratings mas quanto os valores
ESG estão incorporados à cultura, impactam positivamente
os stakeholders e mudam, de verdade, a maneira de pensar e
fazer negócios.
ATUE COM E PARA EMPRESAS
ORIENTADAS POR VALORES
Desconfie de empresas que mais preocupadas em obter recon-
hecimento externo do que com o fortalecimento da cultura de
valores ESG. Duvide das que não desenvolvem líderes e colab-
oradores, não valorizam a intersecção entre os propósitos pes-
soais e o propósito corporativo, e não conectam planos de ação
com a agenda 2030 da ONU.
QUESTIONE O WALK THE TALK
Não subscreva, sem crítica, as famosas contradições entre o
discurso e a prática. O walk the talk (fazer o que se diz) é um
preceito de ESG. É seu papel profissional questionar sempre
que perceber incoerências desconfortáveis, ou notar que as con-
veniências do negócio estão sendo colocadas acima de/ou contra
os interesses da sociedade e do meio ambiente.
EXERCITE A ESCUTA ATIVA
Como escreveu Shakespeare, a verdade está sempre no meio.
Ouvir com disciplina e interesse genuínos ajuda a compreender
melhor e incorporar expectativas de todos os públicos de in-
teresse. Fortalece materialidade. Contribui para a prevenção.
Reduz riscos de incompreensões que costumam gerar graves
crises corporativas.
*RICARDO VOLTOLINI é CEO da Ideia Sustentável, fundador da Plataforma
Liderança com Valores, mentor e conselheiro de sustentabilidade.
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