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Impresso no Brasil
Fechamento da 1ª edição em dezembro de 2021.
Coleção Jovem Jurista 2021 / Alexandre Magalhães Blois... [et al.] - Rio
de Janeiro: FGV Direito Rio, 2021.
388 p.
CDD – 340.0981
APRESENTAÇÃO 9
Foram (e, no momento em que essas linhas são escritas, ainda têm
sido) tempos difíceis e desafiadores. Apesar das angústias, perdas e todas
as dificuldades trazidas por uma pandemia de escala mundial que nos afe-
tou nesse período, nossa comunidade acadêmica manteve o engajamento
de discentes e docentes, preservando as atividades educacionais nos mes-
mos patamares de excelência e comprometimento. Apesar da distância
física, mantivemo-nos próximos em ações e pensamentos.
12 Coleção Jovem Jurista 2021
Thiago Bottino
Resumo
O objetivo do presente trabalho é investigar a eficiência da interação exis-
tente entre os entes da Administração Pública Federal envolvidos no pro-
cesso regulatório de agrotóxicos. Para tanto, foi realizada uma apresenta-
ção do panorama regulatório brasileiro pertinente ao tema, por meio do
exame da Lei nº 7.802/89 e do Decreto nº 4.074/02. Posteriormente foi
elaborada uma análise empírica das atas de reunião do CTA, mecanismo
legal com o propósito de integrar os participantes da regulação. O funcio-
namento do CTA foi abordado a partir de categorias criadas de acordo
com suas competências legais. A pesquisa observou que o modelo regu-
latório tripartite não está funcionando plenamente, principalmente porque
o Sistema de Informações sobre Agrotóxicos (SIA) ainda não foi imple-
mentado. Além disso, concluiu-se que um modelo regulatório centralizado
pode apresentar sérios riscos para o processo regulatório de defensivos
agrícolas.
Palavras-Chave
Agrotóxicos. Defensivos agrícolas. CTA. Comitê de Assessoramento de
Agrotóxicos. Regulação tripartite. Lei nº 7.802/89. Decreto nº 4.074/02.
Eficiência. Ministério do Meio Ambiente. MMA. Ministério da Saúde. MS.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. MAPA. Instituto Bra-
sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. IBAMA. Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária. ANVISA. Sistema Integrado de Informações
sobre Agrotóxicos. SIA. Assimetria de informação. Instituições.
Abstract
This paper aims to investigate the efficiency of the existing interaction be-
tween the entities of the Federal Public Administration involved in the pes-
ticide regulatory process. For this purpose, a presentation of the Brazilian
regulatory panorama was carried out, through the examination of Federal
14 Coleção Jovem Jurista 2021
Law No. 7,802 / 89 and Federal Decree No. 4,074 / 02. Subsequently an
empirical analysis of CTA’s meeting minutes was prepared. The CTA is a
legal mechanism with the purpose of integrating the participants in the re-
gulation process of pesticides. The operation of the CTA was approached
from categories created according to its legal competences. The research
noted that the tripartite regulatory model is not fully functioning, mainly
because the Pesticide Information System (SIA) has not yet been imple-
mented. In addition, it was concluded that a centralized regulatory model
can present serious risks to the regulatory process for pesticides.
Keywords
Pesticides. Pesticide Advisory Committee (CTA) Tripartite regulation. Law
No. 7,802 / 89. Decree No. 4,074 / 02. Efficiency. Ministry of the Environ-
ment (MMA). Ministry of Health. (MS). Ministry of Agriculture, Livestock and
Supply. (MAPA). Brazilian Institute of Environment and Natural Resources.
(IBAMA). National Health Surveillance Agency (ANVISA). Integrated Pesti-
cide Information System (SIA). Information asymmetry. Institutions.
1. Introdução
gislativa. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2016. p. 61-109. Disponível em: https://bi-
bliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/16535/Processo%20adminis-
trativo%20nas%20ag%C3%AAncias%20reguladoras.pdf?sequence=3&isAllowed=y.
Acesso em: 21 out. 2020.
8 PELAEZ, Victor Manoel; TERRA, Fábio Henrique Bittes; SILVA, Letícia Rodrigues da.
A regulamentação dos agrotóxicos no Brasil: entre o poder de mercado e a defesa
da saúde e do meio ambiente. Revista de Economia. [s. l.], v. 36, ed. 1, p. 27-48, 2010.
Disponível em: https://revistas.ufpr.br/economia/article/view/20523. Acesso em: 14
out. 2020.
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de 17
defensivos agrícolas no brasil
[...]
14 STANDAGE, Tom. Uma história comestível da humanidade. [s. l.]: Zahar, 2010. p. 1.
20 Coleção Jovem Jurista 2021
Entretanto, foi durante o regime militar,23 nos anos 1970, que ocorreu
a verdadeira criação de complexo agroindustrial brasileiro. Assim como
em outras nações em desenvolvimento, tal fenômeno histórico foi incen-
tivado pelo governo militar,24 por meio de diversas medidas econômicas
codigo=6786464. Acesso em: 14 out. 2020.
22 TOLEDO, Dolina Sol Pedroso de. Limites ao poder econômico e agricultura: a regu-
lação e a regulamentação do mercado de agrotóxicos no Brasil. Orientador: Solange
Teles da Silva. 2012. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2012. p. 19. Disponível em: http://tede.mackenzie.br/jspui/bi-
tstream/tede/1084/1/Dolina%20Sol%20Pedroso%20de%20Toledo.pdf. Acesso em: 13
out. 2020.
23 PELAEZ, Victor Manoel; SILVA, Letícia Rodrigues da; GUIMARÃES, Thiago André A.;
DALRI, Fabiano; TEODOROVICZ, Thomaz. A (des)coordenação de políticas para a in-
dústria de agrotóxicos no Brasil. Revista Brasileira de Inovação, Campinas, SP, v. 14,
p. 153-178, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rbi/
article/view/8649104. Acesso em: 29 out. 2020.
24 TERRA, Fábio Henrique Bittes; PELAEZ, Victor Manoel. A evolução da indústria de
agrotóxicos no Brasil de 2001 a 2007: a expansão da indústria e as modificações na
lei de agrotóxicos [s.n], Curitiba, 2008. Apresentação oral. Disponível em: https://
www.researchgate.net/profile/fabio_terra/publication/237585189_a_evolucao_da_
industria_de_agrotoxicos_no_brasil_de_2001_a_2007_a_expansao_da_agricultu-
ra_e_as_modificacoes_na_lei_de_agrotoxicos/links/54096fc40cf2822fb738d364/
aevolucao-da-industria-de-agrotoxicos-no-brasil-de-2001-a-2007-a-expansao-da-
-agricultura-e-as-modificacoes-na-leideagrotoxicos.pdf?origin=publication_detail.
22 Coleção Jovem Jurista 2021
Porém, o tema não deve ser abordado somente a partir de uma ótica
econômica, pois os resíduos desses insumos químicos podem continuar
presentes no ambiente por muitos anos e provocar sérios danos à saúde
humana e ao meio ambiente.30 Este é o caso, por exemplo, de um herbi-
cida denominado Atrazina, um dos mais utilizados no Brasil,31 que mes-
mo 18 (dezoito) anos após seu uso regular em plantações na Alemanha32
continuou ativo nos ambientes em que foi utilizado. Seu uso influenciou
negativamente o solo, os lençóis freáticos e as espécies da fauna e flora
da região.
35 SILVA, Jandira Maciel da et al. Agrotóxico e trabalho: uma combinação perigosa para
a saúde do trabalhador rural. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p. 891-
903, dez. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-81232005000400013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 29 out. 2020.
36 “Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob
qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.
[...]
§ 4o A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e
terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior,
e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu
uso”. (grifo nosso)
37 TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito do consu-
midor: direito material e processual. São Paulo: Editora Método, 2014. p. 3-6. Volume
único.
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de 25
defensivos agrícolas no brasil
46 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 56-57.
47 Nesse sentido, sustentam Rangel, Farias e Teixeira: “Por derradeiro, o quarto pilar é a
corresponsabilidade, que impõe ao Poder Público o dever geral de se responsabilizar
por todos os elementos que integram o meio ambiente, assim como a condição posi-
tiva de atuar em prol de resguardar. Igualmente, tem a obrigação de atuar no sentido
de zelar, defender e preservar, asseverando que o meio-ambiente permaneça intac-
to”. RANGEL, Tauã Lima Verdan; FARIAS, Karina dos Reis; TEIXEIRA, Eriane Araújo.
Análise dos direitos humanos ambientais na Constituição de 1988: o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado como reflexo dos direitos de terceira geração.
Portuguese. Lex Humana, [s. l.], v. 5, n. 2, p. 154, 2013. Disponível em:http://seer.ucp.
br/seer/index.php/LexHumana/article/view/336/267#. Acesso em: 15 ago. 2020.
48 O caput do art. 5o, inserido no “Título II: Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, assim
dispõe: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
49 FERREIRA, op. cit., p. 165.
28 Coleção Jovem Jurista 2021
A temática ambiental foi atribuída aos três entes federativos, nos ter-
mos do art. 24 c/c art. 30, incisos I e II, da CFRB/88. Isto é, o texto consti-
tucional determinou que a competência para legislar sobre meio ambien-
te deveria ser concorrente, cabendo à União Federal estabelecer normas
gerais sobre o tema. A competência legislativa sobre agrotóxicos, está
inserida no âmbito legislativo da proteção da saúde e do meio ambiente.51
55 “Art. 11. Cabe ao Município legislar supletivamente sobre o uso e o armazenamento dos
agrotóxicos, seus componentes e afins”.
56 Nesse sentido sustenta Ferreira: “Entende-se que se faz necessário que os demais
Estados legislem sobre o tema, tendo em vista a competência concorrente prevista no
artigo 24 da Constituição Federal e a ausência de uma norma federal específica sobre
o assunto. Esse dever se reforça considerando se o princípio da solidariedade, susten-
táculo do Estado Federal Cooperativo Brasileiro. A solidariedade em que se baseia o
Estado Federal brasileiro decorre de preceito constitucional”. (FERREIRA, op. cit., p.
305.)
57 TOLEDO, op. cit., p. 19.
58 Nas palavras de Jacobi: “Os grandes acidentes envolvendo usinas nucleares e con-
taminações tóxicas de grandes proporções, como os casos de Three-Mile Island, nos
EUA, em 1979, Love Canal no Alasca, Bhopal, na Índia, em 1984 e Chernobyl, na época,
União Soviética, em 1986, estimularam o debate público e científico sobre a questão
dos riscos nas sociedades contemporâneas. Inicia-se uma mudança de escala na análi-
se dos problemas ambientais, tornados mais freqüentes [sic], os quais pela sua própria
natureza tornam-se mais difíceis de serem previstos e assimilados como parte da reali-
dade global”. JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cad.
Pesqui., São Paulo, n. 118, p. 189-206, mar. 2003. Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010015742003000100008&lng=en&nrm=iso.
Acesso: 16 ago. 2020.
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de 31
defensivos agrícolas no brasil
Além disso, assim como nos dias de hoje, o Brasil sofria internacional-
mente certa pressão política em relação aos temas relacionados à prote-
ção ambiental. Apesar das conquistas garantidas pelo texto constitucional
de 1988, inúmeras questões ainda se mostravam pendentes. O assassinato
do ativista Chico Mendes repercutiu fortemente no exterior, e isto exigia
das autoridades brasileiras uma resposta legal à altura.61
59 SILVA, José Afonso. Da. Curso de direito constitucional positivo. 35. ed. São Paulo,
Malheiros, 2012, p. 88-89.
60 FRANCO, op. cit., p. 54.
61 Ibidem., p. 58.
62 “Art. 2o. A Comissão será coordenada pelo Ministério da Agricultura e integrada por
representantes dos órgãos e entidades abaixo relacionadas: Três do Ministério da
Agricultura; Um do Ministério da Saúde; Um do Ministério do Trabalho; Um do Ministé-
rio da Indústria e do Comércio; Um do Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio
Ambiente; Um do Ministério da Educação; Um do Ministério do Interior; Um do Ministé-
rio da Ciência e Tecnologia; Um da Secretaria de Planejamento da Presidência da Re-
pública – SEPLAN; Um da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA;
Um da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMBRATER; Um
do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF; Um da Secretaria Espe-
cial do Meio Ambiente – SEMA; Um da Associação Nacional de Defensivos Agrícolas
– ANDEF; Um da Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil
– FAEAB; Um da Sociedade Nacional de Medicina Veterinária – SNMV; Um da Confe-
deração Nacional da Agricultura – CNA; Um da Confederação Nacional dos Trabalha-
dores na Agricultura – CONTAG; Um do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia – CONFEA; Um do ConseIho Federal de Medicina Veterinária – CFMV;
Um do Conselho Nacional dos Consumidores Quatro das Entidades Ambientalistas”.
63 FRANCO, op. cit., p. 55.
64 Ibidem p. 59.
32 Coleção Jovem Jurista 2021
A nova Lei no 7.802/89, que havia sido elaborada, em grande parte, como
uma reposta às pressões internacionais sofridas pelo Brasil, trazia em seu
texto uma série de normas e políticas que buscavam ser mais rígidas no
controle dos defensivos agrícolas no Brasil. Nas palavras de Franco:66
[...]
Assim, mesmo que não haja previsão legal expressa, tanto a ANVISA
quanto o IBAMA podem ter seus representantes nomeados para participar
do processo regulatório. Os indicados não precisam necessariamente inte-
grar os quadros técnicos dos ministérios que os indicaram. Inclusive, vale
ressaltar que em alguns dos casos aqui analisados as agências apontam
mais representantes do que o próprio decreto prevê. A legislação buscou
estabelecer a necessidade de avaliação a partir das perspectivas de fiscali-
zação de três áreas distintas do governo federal – a agropecuária, a saúde
e o meio ambiente.82
O Decreto nº 4.074/02 em seu art. 94, § 1o, determina que o SIA de-
verá ser desenvolvido pela ANVISA em um prazo de até 360 (trezentos e
84 Nas palavras de Diniz, Barbosa, Junqueira e Prado: “As iniciativas de reforma e mo-
dernização do setor público e do Estado se intensificaram não apenas como conse-
quência da crise fiscal dos anos 1980, mas também como resultado do esgotamento
do modelo de gestão burocrática e do modo de intervenção estatal”. DINIZ, Eduardo
Henrique et al. O governo eletrônico no Brasil: perspectiva histórica a partir de um
modelo estruturado de análise. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 43, n. 1, p. 23-
48, fev. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-76122009000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 15 out. 2020.
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de 39
defensivos agrícolas no brasil
A referida legislação dispõe em seu art. 2º, inciso XIII, que é de com-
petência comum88 dos ministérios supracitados, responsáveis pelo pro-
85 Essa informação está presente no Anexo III, resposta ao Pedido de Acesso à Informa-
ção originalmente encaminhado ao Ministério da Saúde, mas respondido pela ANVISA.
Nele, a entidade afirma que cada um dos órgãos possui seu próprio sistema de infor-
mações.
86 A instituição do Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxicos (CTA) já era pre-
vista no Decreto no 98.811/90, entretanto foi o Decreto no 4.074/02 que fortaleceu o
órgão.
87 CAMPOS, Luiz Claudio Marques. Burocracias em ação: múltiplos atores, estratégias
e conflitos na regulação federal de agrotóxicos. Orientador: Regina Silvia Pacheco.
2012. Tese (Doutorado em Administração Pública e Governo) – Fundação Getúlio Var-
gas, [s. l.], 2012. p. 82. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/hand-
le/10438/9724. Acesso em 13 out. 2020.
88 “Art. 2o. Cabe aos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Saúde e do
Meio Ambiente, no âmbito de suas respectivas áreas de competências: I – estabelecer
as diretrizes e exigências relativas a dados e informações a serem apresentados pelo
requerente para registro e reavaliação de registro dos agrotóxicos, seus componentes
e afins; II – estabelecer diretrizes e exigências objetivando minimizar os riscos apre-
sentados por agrotóxicos, seus componentes e afins; III – estabelecer o limite máximo
de resíduos e o intervalo de segurança dos agrotóxicos e afins; IV – estabelecer os
parâmetros para rótulos e bulas de agrotóxicos e afins; V – estabelecer metodologias
oficiais de amostragem e de análise para determinação de resíduos de agrotóxicos e
afins em produtos de origem vegetal, animal, na água e no solo; VI – promover a reava-
liação de registro de agrotóxicos, seus componentes e afins quando surgirem indícios
da ocorrência de riscos que desaconselhem o uso de produtos registrados ou quando
o País for alertado nesse sentido, por organizações internacionais responsáveis pela
saúde, alimentação ou meio ambiente, das quais o Brasil seja membro integrante ou
signatário de acordos; VII – avaliar pedidos de cancelamento ou de impugnação de
registro de agrotóxicos, seus componentes e afins; VIII – autorizar o fracionamento
e a reembalagem dos agrotóxicos e afins; IX – controlar, fiscalizar e inspecionar a
40 Coleção Jovem Jurista 2021
90 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 31a. ed. São
Paulo: Atlas, 2017. p. 31.
91 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Go-
net. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 884.
42 Coleção Jovem Jurista 2021
Por sua vez, Maria Sylvia Zanella di Pietro sustenta que o princípio
da eficiência é multidimensional, englobando um aspecto relativo à es-
truturação organizacional da administração pública e outro referente às
atividades exercidas pelo agente público:92
Nesse sentido, para que haja uma análise mais precisa, é necessário
que seja estabelecido um conceito definido, com parâmetros determina-
dos para aferir a eficiência da estrutura de regulação federal de defensivos
agrícolas, realizada pelo Comitê de Assessoramento Técnico de Agrotó-
xicos. Pois quando se está diante de um conceito com contornos inde-
terminados é mais do que essencial que delimitações operacionais sejam
estabelecidas.
92 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32a ed. São Paulo: Atlas, 2019.
p. 167.
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de 43
defensivos agrícolas no brasil
93 O art. 2o tem a seguinte redação: “Os agrotóxicos, seus componentes e afins, de acor-
do com definição do art. 2º desta Lei, só poderão ser produzidos, exportados, impor-
tados, comercializados e utilizados, se previamente registrados em órgão federal, de
acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores
da saúde, do meio ambiente e da agricultura”. (grifo nosso)
94 BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei Ordinária no 6.189/05. Altera a Lei no
7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produ-
ção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos re-
síduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização
de agrotóxicos, seus componentes e afins. Disponível em: https://www.camara.leg.br/
proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=306460 Acesso em: 29 out. 2020.
44 Coleção Jovem Jurista 2021
Limitações metodológicas
Metodologia
partir da análise das descrições de cada uma das Atividades elencadas nas
atas de reunião.
97 O Fundo de Defesa de Direitos Difusos foi criado pela Lei no 7.347/85 (Lei da Ação
Civil Pública), sendo regulamentado posteriormente pela Lei no 9.008/95.
50 Coleção Jovem Jurista 2021
Resultados da pesquisa
Além disso, caso um único órgão fosse responsável por toda a re-
gulação de defensivos agrícolas haveria o risco de que alguma área não
tivesse seus aspectos considerados para os fins do processo regulatório.105
O ministério escolhido para centralizar o procedimento não teria como
analisar o setor a partir de todas as perspectivas que necessariamente per-
passam a regulação de defensivos agrícolas.106 O Ministério da Agricultura,
por exemplo, poderia representar somente as posições de determinados
grupos políticos conectados ao setor agrícola brasileiro. Assim nos ensina
Victor Manoel Pelaez:107
110 O Cronograma enviado ao TCU é o Anexo F do presente trabalho e foi obtido por meio
da Lei no 12.527 (“Lei de Acesso à Informação”.)
58 Coleção Jovem Jurista 2021
Conclusão
CTA. Por isso, devem ser mais ativos nas cobranças e exigências para que
haja uma maior interação entre os membros do CTA, principalmente atra-
vés da implementação do SIA.
Referências bibliográficas
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neiro: Forense, 2019.
FARIA, Neice Müller Xavier et al. Trabalho rural e intoxicações por agrotóxicos.
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em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102311X2004000500024&s-
cript=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 29 out. 2020.
PARDO, José Esteve. Privilege domain of risk treatment: risk and heal-
th. European Review of Public Law, v. 15. n. 1, Spring/Printemps. 2003.
Published with the University of Paris (Panthéon-Sorbonne), the National
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Communities. London: Esperia Publications Ltd., 2003. p. 109. Disponível
em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=941633. Acesso: 15
out 2020.
PELAEZ, Victor Manoel; TERRA, Fábio Henrique Bittes; SILVA, Letícia Ro-
drigues da. A regulamentação dos agrotóxicos no Brasil: entre o poder de
mercado e a defesa da saúde e do meio ambiente. Revista de Economia,
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defensivos agrícolas no brasil
[s. l.], ano 2010, v. 36, ed. 1, p. 27-48, 2010. Disponível em: https://revistas.
ufpr.br/economia/article/view/20523. Acesso em: 14 out. 2020.
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154, 2013. Disponível em:http://seer.ucp.br/seer/index.php/LexHumana/
article/view/336/267#. Acesso em: 15 ago. 2020.
Consulta
requerida por
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
empresa sobre Marina Carlos
1ª Reunião zação de Marisa Augusto dre de Baptista
08.02.2019 interpretação Sim Sim Veras Ramos
Ordinária procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
de norma e Dourado Venâncio
tos Tonelli Gomes ga
enquadramen-
to de produtos
Pedido de
manifestação
de sobre a Carlos Alexan- Flávia
defensivos agrícolas no brasil
Apresentação
Edição e Carlos Alexan- Flávia
de proposta Marina Carlos
1ª Reunião alteração de Marisa Augusto dre de Baptista
08.02.2019 regulatória Sim Não Veras Ramos
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
Aprovação
do Fundo de
Defesa dos Di-
reitos Difusos
(FDD) – Esta-
belecer mode-
lo de avaliação órgãos apenas comu-
Edição e Carlos Alexan- Flávia
dos riscos de Marina Carlos nicam existência das
1ª Reunião alteração de Marisa Augusto dre de Baptista
08.02.2019 agrotóxico no Não Não Veras Ramos normas, entretanto não
Ordinária atos norma- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Brasil, com vis- Dourado Venâncio debatem ou deliberam
tivos Tonelli Gomes ga
tas a minimizar sobre seu conteúdo.
seus efeitos
negativos na
aplicação jun-
to ao ambien-
te e à saúde
Coleção Jovem Jurista 2021
humana
Pedido de
manifestação
de sobre a Carlos Alexan-
Critérios de Marina Carlos Fábio
2ª Reunião necessidade Marisa Augusto dre de
08.03.2019 diferencia- Não Sim Veras Ramos Ribeiro
Ordinária ou não de Zerbetto Marucchi Oliveira
ção Dourado Venâncio Silva
registro para o Tonelli Gomes
produto Hidro-
treat
Pedido de
Harmoni- manifestação Carlos Alexan-
Marina Carlos Fábio
2ª Reunião zação de sobre o en- Marisa Augusto dre de
08.03.2019 Não Sim Veras Ramos Ribeiro
Ordinária procedimen- quadramento Zerbetto Marucchi Oliveira
Dourado Venâncio Silva
tos do produto Tonelli Gomes
Atlantium
Solicitação
do MAPA a
Harmoni- Carlos Alexan-
respeito da Marina Carlos Fábio
2ª Reunião zação de Marisa Augusto dre de
08.03.2019 utilização de Não Não Veras Ramos Ribeiro
Ordinária procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
parasitoide Dourado Venâncio Silva
tos Tonelli Gomes
exótico em
campo
defensivos agrícolas no brasil
Apresentação
de lista de
Harmoni- prioridades de Carlos Alexan-
Marina Carlos Fábio
2ª Reunião zação de 2019, de forma Marisa Augusto dre de
08.03.2019 Não Não Veras Ramos Ribeiro
Ordinária procedimen- preliminar, Zerbetto Marucchi Oliveira
Dourado Venâncio Silva
tos contendo 40 Tonelli Gomes
produtos no
total
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
73
74
Carta da
ANDEF que
Harmoni- solicita escla- Carlos Alexan-
Marina Carlos Fábio
2ª Reunião zação de recimentos a Marisa Augusto dre de
08.03.2019 Não Não Veras Ramos Ribeiro
Ordinária procedimen- respeito dos Zerbetto Marucchi Oliveira
Dourado Venâncio Silva
tos Procedimentos Tonelli Gomes
Operacionais
Padrão
Relação aos
estudos ne- Carlos Alexan-
Critérios de Marina Carlos Fábio
2ª Reunião cessários para Marisa Augusto dre de
08.03.2019 diferencia- Sim Não Veras Ramos Ribeiro
Ordinária o registro Zerbetto Marucchi Oliveira
ção Dourado Venâncio Silva
de produto Tonelli Gomes
CAOLIM
Solicitação de
Carlos Alexan-
Critérios de orientação em Marina Carlos Fábio
2ª Reunião Marisa Augusto dre de
08.03.2019 diferencia- relação ao re- Não Não Veras Ramos Ribeiro
Ordinária Zerbetto Marucchi Oliveira
ção gistro do 2,4-D Dourado Venâncio Silva
Tonelli Gomes
técnico
Análise de
Coleção Jovem Jurista 2021
documento
Harmoni- Carlos Alexan-
da UNIFITO Marina Carlos Fábio
2ª Reunião zação de Marisa Augusto dre de
08.03.2019 com propostas Não Não Veras Ramos Ribeiro
Ordinária procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
de Medidas Dourado Venâncio Silva
tos Tonelli Gomes
Desburocrati-
zantes
Proposta de
Carlos Alexan-
Agendamento Marina Carlos Fábio
2ª Reunião Marisa Augusto dre de
08.03.2019 Outros das reuniões Sim Sim Veras Ramos Ribeiro
Ordinária Zerbetto Marucchi Oliveira
ordinárias Dourado Venâncio Silva
Tonelli Gomes
CTA
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Dispensa de
Harmoni- análise de Carlos Alexan-
Marina Carlos Fábio
2ª Reunião zação de documentos Marisa Augusto dre de
08.03.2019 Sim Sim Veras Ramos Ribeiro
Ordinária procedimen- administra- Zerbetto Marucchi Oliveira
Dourado Venâncio Silva
tos tivos pela Tonelli Gomes
ANVISA
Nova espe-
Carlos Alexan-
Critérios de cificação de Marina Carlos Fábio
2ª Reunião Marisa Augusto dre de
08.03.2019 diferencia- referência para Sim Sim Veras Ramos Ribeiro
Ordinária Zerbetto Marucchi Oliveira
ção Agricultura Dourado Venâncio Silva
Tonelli Gomes
Orgânica
Solicitação
defensivos agrícolas no brasil
Solicitação de
Carlos Alexan-
3ª Reu- Critérios de orientação em Marina Carlos Sem re-
Marisa Augusto dre de
nião 03.04.2019 diferencia- relação ao re- Sim Sim Veras Ramos presen-
Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária ção gistro do 2,4-D Dourado Venâncio tante
Tonelli Gomes
técnico
Solicitação
da empresa
Harmoni- Carlos Alexan-
3ª Reu- VIGNA em Marina Carlos Sem re-
zação de Marisa Augusto dre de
nião 03.04.2019 relação a utili- Sim Sim Veras Ramos presen-
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária zação de RET Dourado Venâncio tante
tos Tonelli Gomes
(REGISTRO) já
obtido
Solicitação
da empresa
NORTOX para
Harmoni- Carlos Alexan-
3ª Reu- a priorização Marina Carlos Sem re-
zação de Marisa Augusto dre de
nião 03.04.2019 de análise Não Não Veras Ramos presen-
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária do produto Dourado Venâncio tante
tos Tonelli Gomes
OXICLORETO
DE COBRE
Coleção Jovem Jurista 2021
NORTOX
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Solicitação
da empresa
ANASAC
Brasil Comér-
cio e Locação
de Máquinas
Harmoni- Carlos Alexan-
3ª Reu- Ltda. para Marina Carlos Sem re-
zação de Marisa Augusto dre de
nião 03.04.2019 priorização de Não Não Veras Ramos presen-
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária análise do Pro- Dourado Venâncio tante
tos Tonelli Gomes
duto Técnico
Equivalente
Budbreak Téc-
nico e formu-
lado Budbreak
52 SL
Solicitação da
empresa ISCA
Tecnologias
Harmoni- em relação à Carlos Alexan-
3ª Reu- Marina Carlos Sem re-
zação de possibilidade Marisa Augusto dre de
nião 03.04.2019 Sim Sim Veras Ramos presen-
procedimen- de dispensa Zerbetto Marucchi Oliveira
defensivos agrícolas no brasil
Questiona-
mentos quan-
to à participa-
Harmoni- Carlos Alexan-
4ª Reu- ção do CTA Marina Carlos Sem re-
zação de Marisa Augusto dre de
nião 02.05.2019 na elaboração Não Não Veras Ramos presen- Caso interessante
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária da Lista de Dourado Venâncio tante
tos Tonelli Gomes
Prioridades
Agronômicas
de 2019
Solicitação de
documentos A reunião contou com
Harmoni- Carlos Alexan-
4ª Reu- da empresa Marina Carlos Sem re- mais um representante
zação de Marisa Augusto dre de
nião 02.05.2019 ARCH Química Não Não Veras Ramos presen- do MMA, extrapolando
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária relativos ao Dourado Venâncio tante o quórum previsto na
tos Tonelli Gomes
produto Hidro- legislação.
Coleção Jovem Jurista 2021
treat
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Elaboração
da IN sobre
comércio
Interestadual
de Agrotóxi-
A reunião contou com
Edição e cos – Retoma- Carlos Alexan-
4ª Reu- Marina Carlos Sem re- mais um representante
alteração de da da análise Marisa Augusto dre de
nião 02.05.2019 Não Não Veras Ramos presen- do MMA, extrapolando
atos norma- da proposta Zerbetto Marucchi Oliveira
Ordinária Dourado Venâncio tante o quórum previsto na
tivos encaminhada Tonelli Gomes
legislação.
pelo MAPA,
conforme ata
da 6ª Reunião
Ordinária do
CTA
Bioagro Inter-
nacional faz
consulta sobre
Carlos Alexan- Flávia
5ª Reu- Critérios de a necessidade Marina Carlos
Marisa Augusto dre de Baptista
nião 07.06.2019 diferencia- de registro de Sim Sim Veras Ramos
Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária ção Protetor Solar Dourado Venâncio
Tonelli Gomes ga
à base de ro-
defensivos agrícolas no brasil
cha vulcânica
para plantas
Requerimento
Edição e de Revisão Carlos Alexan- Flávia
5ª Reu- Marina Carlos
alteração de das Instruções Marisa Augusto dre de Baptista
nião 07.06.2019 Sim Não Veras Ramos
atos norma- Normativas Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio
tivos Conjuntas Tonelli Gomes ga
32 e 3
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
79
80
Bayer SA –
Solicitação de
priorização do
Harmoni- THIENCAR- Carlos Alexan- Flávia
5ª Reu- Marina Carlos
zação de BAZONE sob Marisa Augusto dre de Baptista
nião 07.06.2019 Sim Sim Veras Ramos
procedimen- alegação de Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio
tos produtos de Tonelli Gomes ga
baixa toxicida-
de e periculo-
sidade
Solicitação
da BIOAGRO
sobre possi-
bilidade de
retificar Ata
do CTA, para A reunião contou com
Carlos Flávia
6ª Reu- Critérios de que o nome Marina Carlos mais um representante
Marisa Augusto Danielle Baptista
nião 09.07.2019 diferencia- da substância Sim Sim Veras Ramos do MS, extrapolando
Zerbetto Marucchi Fildepho Nóbre-
Ordinária ção (agalmatolito) Dourado Venâncio o quorum previsto na
Tonelli ga
conste em ata legislação.
para garantir
que o protetor
solar é real-
mente isento
de registro
Instrução
defensivos agrícolas no brasil
Normativa
Conjunta-Co-
mércio Inte-
restadual. Foi A reunião contou com
Edição e Carlos Flávia
6ª Reu- identificada a Marina Carlos mais um representante
alteração de Marisa Augusto Danielle Baptista
nião necessidade Sim Sim Veras Ramos do MS, extrapolando
atos norma- Zerbetto Marucchi Fildepho Nóbre-
Ordinária de aprofun- Dourado Venâncio o quórum previsto na
tivos Tonelli ga
damento das legislação.
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
discussões por
um Grupo de
Trabalho a ser
09.07.2019 instituído
81
82
Necessidade
A reunião contou com
Harmoni- de indicação Carlos Flávia
6ª Reu- Marina Carlos mais um representante
zação de de culturas Marisa Augusto Danielle Baptista
nião Não Não Veras Ramos do MS, extrapolando
procedimen- para formici- Zerbetto Marucchi Fildepho Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio o quórum previsto na
tos das e molus- Tonelli ga
legislação.
09.07.2019 cidas
Indicação de
nomes para
participação
em GT so- A reunião contou com
Harmoni- Carlos Flávia
6ª Reu- bre revisão Marina Carlos mais um representante
zação de Marisa Augusto Danielle Baptista
nião das INCs de Sim Sim Veras Ramos do MS, extrapolando
procedimen- Zerbetto Marucchi Fildepho Nóbre-
Ordinária Produtos Dourado Venâncio o quorum previsto na
tos Tonelli ga
Bioquímicos e legislação.
de Produtos
Microbioló-
09.07.2019 gicos
Sugestão do
Edição e Carlos Alexan- Flávia
IBAMA para Marina Carlos
7ª Reunião alteração de Marisa Augusto dre de Baptista
elaboração de Sim Sim Veras Ramos
Ordinária atos norma- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Coleção Jovem Jurista 2021
Alterações na
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
Lista de Prio- Sem Carlos
7ª Reunião zação de Marisa Augusto dre de Baptista
09.08.2019 ridades Agro- Não Não represen- Ramos
Ordinária procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nômicas 2019 tante Venâncio
tos Tonelli Gomes ga
pelo MAPA
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Isenção da
destruição de
áreas tratadas
Harmoni- em ensaios Carlos Alexan- Flávia
Sem Carlos
7ª Reunião zação de de campo e Marisa Augusto dre de Baptista
09.08.2019 Sim Sim represen- Ramos
Ordinária procedimen- enquadramen- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
tante Venâncio
tos to de produto Tonelli Gomes ga
GRANDEVO e
priorização de
análise
Consulta
Yonon Bio-
ciências em
Harmoni- relação a Carlos Alexan- Flávia
Sem Carlos
7ª Reunião zação de avaliação de Marisa Augusto dre de Baptista
09.08.2019 Sim Sim represen- Ramos
Ordinária procedimen- produto for- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
tante Venâncio
tos mulado com Tonelli Gomes ga
base em pro-
duto técnico
equivalente
Consulta Pro-
defensivos agrícolas no brasil
Analisar Aprovação de
propostas Notas Técni- Carlos Alexan- Flávia
Sem Carlos
7ª Reunião de edição e cas – Cultura Marisa Augusto dre de Baptista
09.08.2019 Sim Sim represen- Ramos
Ordinária alteração de de Suporte Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
tante Venâncio
atos norma- Fitossanitário Tonelli Gomes ga
tivos Insuficiente
83
84
Solicitação
do MAPA a Presença de representan-
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
1ª Reunião respeito da Marina tes de 4 representantes
zação de Carlos Marisa Augusto dre de Baptista
Extraordi- 27.03.2019 utilização de Sim Sim Veras do IBAMA e 8 represen-
procedimen- Goulart Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nária parasitoide Dourado tantes do MAPA e repre-
tos Tonelli Gomes ga
exótico em sentante da EMBRAPA.
campo
Carlos Alexan-
2ª Reunião Assessora- Discussão do Marina Carlos Sem re-
Marisa Augusto dre de
Extraordi- 18.04.2019 mento dos texto da Nota Sim Sim Veras Ramos presen-
Zerbetto Marucchi Oliveira
nária ministérios Técnica –CTA Dourado Venâncio tante
Tonelli Gomes
Solicitação de
prorrogação
3ª Reu- do registro Carlos Alexan- Flávia
Critérios de Marina Sem
nião emergencial Marisa Augusto dre de Baptista
24.05.2019 diferencia- Sim Sim Veras represen-
Extraordi- do produto Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
ção Dourado tante
nária DI-HIDRO Tonelli Gomes ga
da empresa
QUIMIL
Carlos Graziela
1ª Reunião zação de Calendário de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 Sim Sim Ramos Costa
Ordinária procedimen- reuniões para dados Zerbetto Marucchi dados
Venâncio Araújo
tos 2018 Tonelli
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Uso do ácido
bórico como
ingrediente
ativo e do
tetraborato
Harmoni- Carlos
de sódio nas Carlos Graziela
1ª Reunião zação de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 formulações Não Não Ramos Costa
Ordinária procedimen- dados Zerbetto Marucchi dados
de produtos Venâncio Araújo
tos Tonelli
fitossanitá-
rios com uso
aprovado para
a agricultura
orgânica
Pedido de
manifestação
de sobre a Carlos
Critérios de Carlos Graziela
1ª Reunião necessidade Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 diferencia- Não Não Ramos Costa
Ordinária ou não de dados Zerbetto Marucchi dados
ção Venâncio Araújo
registro para o Tonelli
produto Hidro-
treat
defensivos agrícolas no brasil
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
85
86
Questiona-
mento da
ABCBIO sobre
a regularidade
da prática de
Harmoni- Carlos
produção de Carlos Graziela
1ª Reunião zação de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 biopesticidas, Não Sim Ramos Costa
Ordinária procedimen- dados Zerbetto Marucchi dados
produtos Venâncio Araújo
tos Tonelli
agrotóxicos
com base em
agente micro-
biológicos de
controle
Solicitação
do MP para
o envio de
informação de
comercializa-
Carlos
ção de agro- Carlos Graziela
1ª Reunião Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 Outros tóxicos por Não Não Ramos Costa
Ordinária dados Zerbetto Marucchi dados
cultua agríco- Venâncio Araújo
Coleção Jovem Jurista 2021
Tonelli
la. A demanda
foi respondida
individualmen-
te por três
órgãos
Informes sobre
Harmoni- encaminha- Carlos
Carlos Graziela
1ª Reunião zação de mento das Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 Sim Sim Ramos Costa
Ordinária procedimen- normativas dados Zerbetto Marucchi dados
Venâncio Araújo
tos conjuntas em Tonelli
andamentos
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Instrução
Edição e Carlos
normativa Carlos Graziela
1ª Reunião alteração de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 conjunta sobre Não Não Ramos Costa
Ordinária atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
alteração de Venâncio Araújo
tivos Tonelli
formulação
Instrução
Edição e Carlos
normativa Carlos Graziela
1ª Reunião alteração de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 conjunta sobre Não Não Ramos Costa
Ordinária atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
alteração de Venâncio Araújo
tivos Tonelli
formulação
Instrução
Edição e Carlos
Normativa Carlos Graziela
1ª Reunião alteração de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 conjunta sobre Não Não Ramos Costa
Ordinária atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
Brometo de Venâncio Araújo
tivos Tonelli
Metila
Instrução
defensivos agrícolas no brasil
Edição e Carlos
Normativa Carlos Graziela
1ª Reunião alteração de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 conjunta sobre Não Não Ramos Costa
Ordinária atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
plantas orna- Venâncio Araújo
tivos Tonelli
mentais
Instrução
Edição e Carlos
Normativa Carlos Graziela
alteração de Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 conjunta sobre Não Não Ramos Costa
atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
1ª Reunião mistura em Venâncio Araújo
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
tivos Tonelli
Ordinária tanque
87
88
Instrução
Edição e Carlos
Normativa Carlos Graziela
alteração de Sem Marisa Augusto Sem
conjunta sobre Não Não Ramos Costa
atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
1ª Reunião mistura em Venâncio Araújo
tivos Tonelli
Ordinária 24.01.2018 tanque
Pedido de uso
emergencial Carlos
Assessora- Carlos Graziela
do triclopir Sem Marisa Augusto Sem
24.01.2018 mento dos Sim Sim Ramos Costa
pelo Ministério dados Zerbetto Marucchi dados
ministérios Venâncio Araújo
1ª Reunião da Integração Tonelli
Ordinária Nacional
Registro
Carlos
Critérios de emergencial Marina Carlos Graziela
Marisa Augusto Sem
diferencia- do MXD-100 Sim Sim Veras Ramos Costa
Zerbetto Marucchi dados
2ª Reunião ção e Atlantium Dourado Venâncio Araújo
Tonelli
Ordinária 15.02.2018 HOD
Coleção Jovem Jurista 2021
Aprovação
da Exposição
de motivos
Edição e Carlos
para encami- Marina Carlos Graziela
alteração de Marisa Augusto Sem
nhamento da Sim Sim Veras Ramos Costa
atos norma- Zerbetto Marucchi dados
proposta de Dourado Venâncio Araújo
tivos Tonelli
Decreto que
2ª Reunião altera o Decre-
Ordinária 15.02.2018 to nº 40.774
Carlos
Critérios de Aprovação da Marina Carlos Graziela
3ª Reu- Marisa Augusto Sem
diferencia- Especificação Sim Sim Veras Ramos Costa
nião Zerbetto Marucchi dados
ção de Referência Dourado Venâncio Araújo
Ordinária 07.03.2018 Tonelli
Memorando
de Entendi-
Harmoni- Carlos
mentos sobre Marina Carlos Graziela
zação de Marisa Augusto Sem
defensivos agrícolas no brasil
Informes
Edição e sobre enca- Carlos
Marina Carlos Graziela
alteração de minhamento Marisa Augusto Sem
Não Não Veras Ramos Costa
3ª Reu- atos norma- da revisão do Zerbetto Marucchi dados
Dourado Venâncio Araújo
nião tivos Decreto nº Tonelli
Ordinária 07.03.2018 4.074/02
Cartas de
Harmoni- recomendação Carlos
Marina Carlos Graziela
zação de de uso da Fos- Marisa Augusto Sem
Sim Sim Veras Ramos Costa
3ª Reu- procedimen- fina Líquida e Zerbetto Marucchi dados
Dourado Venâncio Araújo
nião tos prioridades na Tonelli
Ordinária 07.03.2018 análise
Avaliação de
Harmoni- Carlos
contribuições Marina Carlos Graziela
zação de Marisa Augusto Sem
3ª Reu- da INC de Não Não Veras Ramos Costa
procedimen- Zerbetto Marucchi dados
nião mistura de Dourado Venâncio Araújo
Coleção Jovem Jurista 2021
tos Tonelli
Ordinária 07.03.2018 tanque
Procedi-
mentos para
Harmoni- Carlos
apresentação Marina Carlos Graziela
zação de Sem Augusto Sem
de laudos la- Sim Sim Veras Ramos Costa
procedimen- dados Marucchi dados
4ª Reu- boratoriais de Dourado Venâncio Araújo
tos Tonelli
nião formuladores
Ordinária 04.04.2018 internacionais
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Proteção
de dados e
informações Carlos
Critérios de Marina Carlos Graziela
submetidas Sem Augusto Sem
diferencia- Não Não Veras Ramos Costa
aos órgãos dados Marucchi dados
ção Dourado Venâncio Araújo
4ª Reu- federais para Tonelli
nião obtenção de
Ordinária 04.04.2018 registro
Ofício sobre
“uso próprio”
Harmoni- de inseticida Carlos
Marina Carlos Graziela
zação de em área de Sem Augusto Sem
Sim Sim Veras Ramos Costa
procedimen- proteção dados Marucchi dados
Dourado Venâncio Araújo
4ª Reu- tos ambiental para Tonelli
nião controle de
Ordinária 04.04.2018 vetores
Memorando de
Harmoni- Entendimento Carlos
Marina Carlos Graziela
zação de sobre culturas Sem Augusto Sem
Não Não Veras Ramos Costa
4ª Reu- procedimen- com Suporte dados Marucchi dados
Dourado Venâncio Araújo
nião tos Fitossanitário Tonelli
defensivos agrícolas no brasil
Apresentação
do novo fluxo
Harmoni- das práticas Carlos
Marina Carlos Graziela
zação de regulatórias Sem Augusto Sem
Sim Sim Veras Ramos Costa
procedimen- que está dados Marucchi dados
Dourado Venâncio Araújo
5ª Reu- tos sendo imple- Tonelli
nião mentado pela
Ordinária 02.05.2018 ANVISA
Consulta da
empresa de
Rizobacter so-
bre necessida- Carlos
Critérios de Marina Carlos Graziela
de de registro Sem Augusto Sem
diferencia- Sim Sim Veras Ramos Costa
de produtos dados Marucchi dados
ção Dourado Venâncio Araújo
para limpeza Tonelli
5ª Reu- de tanques de
nião pulverização
Ordinária 02.05.2018 de trator rural
Consulta
da empresa
Carlos
Coleção Jovem Jurista 2021
Demandas Carlos
Marina Carlos Graziela
6ª Reu- de IA para Sem Augusto Sem
Outros Sim Sim Veras Ramos Costa
nião extrapolação dados Marucchi dados
Dourado Venâncio Araújo
Ordinária 06.06.2018 de LMR Tonelli
Carlos
Critérios de Marina Carlos Graziela
6ª Reu- Especificações Marisa Augusto Sem
diferencia- Sim Sim Veras Ramos Costa
nião de referência Zerbetto Marucchi dados
ção Dourado Venâncio Araújo
Ordinária 06.06.2018 Tonelli
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Questiona-
Harmoni- mento do Carlos
Marina Graziela
zação de Conselho Sem Marisa Augusto Sem
Não Sim Veras Costa
6ª Reu- procedimen- de Biologia dados Zerbetto Marucchi dados
Dourado Araújo
nião tos referente a IN Tonelli
Ordinária 06.06.2018 02/15
Avaliação
Harmoni- de pleitos Carlos
Marina Graziela
zação de de registro Sem Marisa Augusto Sem
Sim Sim Veras Costa
6ª Reu- procedimen- de Produtos dados Zerbetto Marucchi dados
Dourado Araújo
nião tos Técnicos Equi- Tonelli
Ordinária 06.06.2018 valentes
Instrução
Edição e Normativa Carlos
Marina Graziela
alteração de conjunta sobre Sem Marisa Augusto Sem
Não Não Veras Costa
6ª Reu- atos norma- comércio in- dados Zerbetto Marucchi dados
Dourado Araújo
defensivos agrícolas no brasil
Instrução
Edição e Carlos
Normativa Marina Graziela
alteração de Sem Marisa Augusto Sem
6ª Reu- Conjunta Sim Sim Veras Costa
atos norma- dados Zerbetto Marucchi dados
nião sobre plantas Dourado Araújo
tivos Tonelli
Ordinária 06.06.2018 ornamentais
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
93
94
Instrução Nor-
Edição e mativa Con- Carlos
Marina Graziela
alteração de junta MAPA e Sem Marisa Augusto Sem
Não Não Veras Costa
6ª Reu- atos norma- IBAMA sobre dados Zerbetto Marucchi dados
Dourado Araújo
nião tivos mistura em Tonelli
Ordinária 06.06.2018 tanque
Consulta da
Chemitec
Agro Veteriná-
ria Ltda sobre
aplicabilidade
de registro Carlos
Critérios de Marina Graziela
de produtos Sem Marisa Augusto Sem
diferencia- Sim Sim Veras Costa
técnico para dados Zerbetto Marucchi dados
ção Dourado Araújo
registro de Tonelli
produtos
formulados
6ª Reu- diretamente a
nião partir de maté-
Ordinária 06.06.2018 rias primas
Coleção Jovem Jurista 2021
Consulta da
PB Brasil
sobre registro Carlos
Critérios de Marina Graziela
de CAOLIM Sem Marisa Augusto Sem
diferencia- Sim Sim Veras Costa
para controle dados Zerbetto Marucchi dados
ção Dourado Araújo
6ª Reu- de pragas, Tonelli
nião requisitos e
Ordinária 06.06.2018 procedimentos
Harmoni- Carlos
Solicitação de Marina
zação de Sem Marisa Augusto Sem Sem
priorização de Sim Sim Veras
7ª Reunião procedimen- dados Zerbetto Marucchi dados dados
análise Dourado
Ordinária 12.07.2018 tos Tonelli
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Consulta sobre
Harmoni- Carlos
enquadramen- Marina
zação de Sem Marisa Augusto Sem Sem
to de produto Sim Sim Veras
procedimen- dados Zerbetto Marucchi dados dados
7ª Reunião como agro- Dourado
tos Tonelli
Ordinária 12.07.2018 tóxico
Harmonização
de procedi-
Harmoni- Carlos
mentos para Marina
zação de Sem Marisa Augusto Sem Sem
publicação Sim Sim Veras
procedimen- dados Zerbetto Marucchi dados dados
dos pelitos de Dourado
tos Tonelli
7ª Reunião reclassificação
Ordinária 12.07.2018 toxicológica
Carlos
Critérios de Aprovação da Marina
Sem Marisa Augusto Sem Sem
diferencia- Especificação Sim Sim Veras
7ª Reunião dados Zerbetto Marucchi dados dados
ção de Referência. Dourado
Ordinária 12.07.2018 Tonelli
Minuta de Ato
a ser publica-
Edição e do pelo MAPA: Carlos
Marina
alteração de dispensa de Sem Marisa Augusto Sem Sem
Não Não Veras
atos norma- alguns testes dados Zerbetto Marucchi dados dados
Dourado
tivos de toxicidade/ Tonelli
7ª Reunião patogenici-
Ordinária 12.07.2018 dade
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
95
96
Uso emer-
Carlos
Critérios de gencial do Marina
Sem Marisa Augusto Sem Sem
diferencia- MXD-100 Sim Sim Veras
dados Zerbetto Marucchi dados dados
7ª Reunião ção para mexilhão Dourado
Tonelli
Ordinária 12.07.2018 dourado
Solicitação de
uso emergen- Carlos
Critérios de Marina
cial de herbici- Sem Marisa Augusto Sem Sem
diferencia- Sim Sim Veras
das em áreas dados Zerbetto Marucchi dados dados
ção Dourado
7ª Reunião legalmente Tonelli
Ordinária 12.07.2018 protegidas
Harmonização
de entendi-
Harmoni- Carlos
mento entre Marina
zação de Sem Marisa Augusto Jeane Sem
os três órgãos Sim Sim Veras
procedimen- dados Zerbetto Marucchi Fonseca dados
8ª Reu- e orientações Dourado
Coleção Jovem Jurista 2021
tos Tonelli
nião na obtenção
Ordinária 10.08.2018 de registro
Solicitação da
Harmoni- Carlos
empresa UPL Marina
zação de Sem Marisa Augusto Jeane Sem
8ª Reu- sobre enqua- Sim Sim Veras
procedimen- dados Zerbetto Marucchi Fonseca dados
nião dramento de Dourado
tos Tonelli
Ordinária 10.08.2018 registro
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Foram recebi-
das denúncias Carlos
Marina
da venda de Sem Marisa Augusto Jeane Sem
Outros Sim Sim Veras
8ª Reu- agrotóxicos dados Zerbetto Marucchi Fonseca dados
Dourado
nião pela internet Tonelli
Ordinária 10.08.2018 pela ANVISA
Consulta da
Abifina sobre Carlos
Assessora- Marina
andamento Sem Marisa Augusto Jeane Sem
10.08.2018 mento dos Não Não Veras
8ª Reu- das discussões dados Zerbetto Marucchi Fonseca dados
ministérios Dourado
nião sobre a Lei nº Tonelli
Ordinária 10.603/02
Apresentação
Edição e Carlos
da Orientação Marina
alteração de Sem Marisa Augusto Jeane Sem
9ª Reu- de Serviço Não Não Veras
atos norma- dados Zerbetto Marucchi Fonseca dados
nião nº49/2018 da Dourado
tivos Tonelli
Ordinária 05.09.2018 ANVISA
Consulta sobre
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
dispensa de Marina Carlos
zação de Sem Augusto dre de Baptista
9ª Reu- receituário Sim Sim Veras Ramos
procedimen- dados Marucchi Oliveira Nóbre-
defensivos agrícolas no brasil
Informe quan-
to as discus-
sões que vêm
sendo tratadas
entre a DAS
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
e o CONFEA Marina Carlos
zação de Sem Augusto dre de Baptista
05.09.2018 no que tange Sim Sim Veras Ramos
procedimen- dados Marucchi Oliveira Nóbre-
o aprimora- Dourado Venâncio
tos Tonelli Gomes ga
mento das
recomenda-
9ª Reu- ções técnicas
nião do receituário
Ordinária agronômico;
Proposta do
MAPA sobre
isenção da
Coleção Jovem Jurista 2021
Apreciação da
minuta para
utilização de
Edição e estudos já Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- Marina Carlos
alteração de aprovados Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 Sim Sim Veras Ramos
atos norma- sobre prote- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio
tivos ção de dados Tonelli Gomes ga
para produtos
técnicos equi-
valentes
Aprofunda-
mento da dis-
Edição e Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- cussão iniciada Marina Carlos
alteração de Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 na 1ª reunião Sim Sim Veras Ramos
atos norma- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária extraordinária Dourado Venâncio
tivos Tonelli Gomes ga
sobre Decreto
nº 4074/02
defensivos agrícolas no brasil
Proposta do
GT Fitorg de Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- Critérios de Marina Carlos
alteração nor- Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 diferencia- Sim Veras Ramos
mativa para Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária ção Dourado Venâncio
registro de Tonelli Gomes ga
Baculovírus Sim
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
99
100
Retomada da
proposta GT
Fitorg sobre
a disponibi-
lização de
Harmoni- informações Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- Marina Carlos
zação de toxicológi- Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 Sim Sim Veras Ramos
procedimen- cas gerais Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio
tos referentes a Tonelli Gomes ga
agentes mi-
crobiológicos
de controle
para produtos
fitossanitários
Solicitação de
Harmoni- enquadramen- Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- Marina Carlos
zação de to do produto Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 Sim Sim Veras Ramos
procedimen- Caolim e ne- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio
tos cessidade de Tonelli Gomes ga
registro PT
Coleção Jovem Jurista 2021
Consulta
da empresa
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- SUMITOMO Marina Carlos
zação de Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 sobre o en- Sim Sim Veras Ramos
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária quadramento Dourado Venâncio
tos Tonelli Gomes ga
do produto
RayNox Plus
Proposta de
dispensa de
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
11ª Reu- receituário Marina Carlos
zação de Marisa Augusto dre de Baptista
nião 14.11.2018 agronômico Sim Sim Veras Ramos
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária para produ- Dourado Venâncio
tos Tonelli Gomes ga
tos de baixa
toxicidade
Apresentação
da Proposta
regulatória
Edição e Carlos Alexan- Flávia
12ª Reu- para produtos Marina Carlos
alteração de Marisa Augusto dre de Baptista
nião 05.12.2018 destinados {a Sim Sim Veras Ramos
atos norma- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária jardinagem Dourado Venâncio
tivos Tonelli Gomes ga
amadora e
profissional
pela ANVISA
defensivos agrícolas no brasil
Necessidade
Harmoni- de estudos de Carlos Alexan- Flávia
12ª Reu- Marina Carlos
zação de toxicidade/pa- Marisa Augusto dre de Baptista
nião 05.12.2018 Sim Sim Veras Ramos
procedimen- togenicidade Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária Dourado Venâncio
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
Apreciação do
questionamen-
to da empresa
Bequisa Indús-
Harmoni- Carlos Alexan- Flávia
12ª Reu- tria Química Marina Carlos
zação de Marisa Augusto dre de Baptista
nião 05.12.2018 sobre aumento Sim Sim Veras Ramos
procedimen- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária da concen- Dourado Venâncio
tos Tonelli Gomes ga
tração de IA
de produtos à
base de terra
diatomácea
Para aprecia-
ção e delibera-
ção pelo CT da
Nota Técnica
nº 237/2018
referente ao Carlos Alexan- Flávia
12ª Reu- Assessora- Marina Carlos
pedido de uso Marisa Augusto dre de Baptista
nião 05.12.2018 mento dos Sim Sim Veras Ramos
emergencial Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
Ordinária ministérios Dourado Venâncio
de triclopir Tonelli Gomes ga
e glifosato
Coleção Jovem Jurista 2021
apresentado
pelo Ministério
da Integração
Nacional
Harmoni-
Solicitação de
zação de
alteração de
procedimen- Carlos Alexan- Flávia
1ª Reunião ordem na fila Marina Carlos
tos Marisa Augusto dre de Baptista
Extraordi- 24.10.2018 de análise de Sim Sim Veras Ramos
Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nária pelitos pós- Dourado Venâncio
Tonelli Gomes ga
-registro de
produtos
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Solicitação de
Carlos Alexan- Flávia
1ª Reunião Harmoni- priorização Marina Carlos
Marisa Augusto dre de Baptista
Extraordi- 24.10.2018 zação de de análise por Sim Sim Veras Ramos
Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nária procedimen- baixa toxici- Dourado Venâncio
Tonelli Gomes ga
tos dade
Notas Téc-
nicas sobre
alteração nas
tabelas de IC.
Edição e Carlos Alexan- Flávia
1ª Reunião 01/2014, que Marina Carlos
alteração de Marisa Augusto dre de Baptista
Extraordi- 24.10.2018 trata sobre Sim Sim Veras Ramos
atos norma- Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nária o registro de Dourado Venâncio
tivos Tonelli Gomes ga
agrotóxico
para as cultu-
ras de suporte
fitossanitário
Solicitação de
Carlos Alexan- Flávia
1ª Reunião Harmoni- alteração de Marina Carlos
Marisa Augusto dre de Baptista
Extraordi- 24.10.2018 zação de apresentação Sim Sim Veras Ramos
Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nária procedimen- (tipo de for- Dourado Venâncio
Tonelli Gomes ga
tos mulação)
defensivos agrícolas no brasil
Demanda
encaminhada
pelo MAPA
para aprecia-
Edição e ção pelo CTA Carlos Alexan- Flávia
1ª Reunião Marina Carlos
alteração de sobre pro- Marisa Augusto dre de Baptista
Extraordi- 24.10.2018 Sim Sim Veras Ramos
atos norma- posta enviada Zerbetto Marucchi Oliveira Nóbre-
nária Dourado Venâncio
tivos pela Casa Tonelli Gomes ga
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
A ANVISA
compilou as
Bruno
Edição e contribuições
Sem Carlos Meiruze Gon-
alteração de a proposta de Marisa Kenia
01.02.2017 Não Não represen- Ramos Souza çalves
atos norma- Instrução Nor- Zerbetto Godoy
tante Venâncio Freitas Araújo
tivos mativa Con-
Rios
1ª Reunião junta sobre
Ordinária impurezas
Produtos Bruno
Critérios de registrados a Sem Carlos Meiruze Gon-
Marisa Kenia
01.02.2017 diferencia- base de clore- Sim Sim represen- Ramos Souza çalves
Zerbetto Godoy
1ª Reunião ção tos de benzal- tante Venâncio Freitas Araújo
Ordinária cônio Rios
Bruno
Edição e Norma do
Sem Carlos Meiruze Gon-
alteração de MAPA sobre Marisa Kenia
01.02.2017 Sim Sim represen- Ramos Souza çalves
atos norma- rótulos e bulas Zerbetto Godoy
1ª Reunião tante Venâncio Freitas Araújo
tivos de agrotóxicos
Ordinária Rios
Bruno
Harmoni-
Tramitação de Sem Carlos Meiruze Gon-
Coleção Jovem Jurista 2021
Recebimento
da Moção da
Comissão de
Reavaliação
de Eficácia Bruno
Harmoni-
Agronômica Sem Carlos Meiruze Gon-
1ª Reunião zação de Marisa Kenia
01.02.2017 de produtos Sim Sim represen- Ramos Souza çalves
Ordinária procedimen- Zerbetto Godoy
indicados para tante Venâncio Freitas Araújo
tos
ferrugem asiá- Rios
tica da soja
sobre a regu-
lamentação da
mistura
Bruno
Harmoni-
Definição das Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião zação de Marisa Kenia
23.03.2017 Prioridades de Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
Ordinária Procedimen- Zerbetto Godoy
Registro 2017 Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tos
Rios
Bruno
Harmoni- Calendário Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião Marisa Kenia
23.03.2017 zação de anual de reu- Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
defensivos agrícolas no brasil
Esclarecimen-
to quanto às
disposições da Bruno
Edição e
IN nº 25/2005 Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião alteração de Marisa Kenia
23.03.2017 para a realiza- Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
Ordinária atos norma- Zerbetto Godoy
ção de expe- Teixeira Venâncio Freitas Araújo
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
tivos
rimentos com Rios
agrotóxicos e
afins
105
106
Bruno
Edição e Medida Pro-
Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião alteração de visória em Marisa Kenia
23.03.2017 Não Não Alves Ramos Souza çalves
Ordinária atos norma- elaboração Zerbetto Godoy
Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tivos pelo MAPA
Rios
Procedimentos Bruno
Harmoni- no Registro Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião Marisa Kenia
23.03.2017 zação de de Produtos Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
Ordinária Zerbetto Godoy
procedimen- Técnicos de Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tos Equivalência Rios
Bruno
Edição e
Regulamenta- Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião alteração de Marisa Kenia
23.03.2017 ção da Lei nº Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
Ordinária atos norma- Zerbetto Godoy
10.603/02 Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tivos
Rios
Agendamento
de reunião
entre CTA e
áreas jurídicas Bruno
Harmoni-
dos órgãos Marcella Carlos Meiruze Gon-
Coleção Jovem Jurista 2021
Agenda de
Bruno
Harmoni- atendimento
Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião zação de a empresas Marisa Kenia
23.03.2017 Não Não Alves Ramos Souza çalves
Ordinária procedimen- (decisão sobre Zerbetto Godoy
Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tos agendamento
Rios
conjunto)
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Bruno
Critérios de Mudança de Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião Marisa Kenia
23.03.2017 diferencia- requerente de Não Não Alves Ramos Souza çalves
Ordinária Zerbetto Godoy
ção registro Teixeira Venâncio Freitas Araújo
Rios
Bruno
Edição e
Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião alteração de INC de impu- Marisa Kenia
23.03.2017 Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
Ordinária atos norma- rezas Zerbetto Godoy
Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tivos
Rios
Bruno
Edição e Regulamen-
Marcella Carlos Meiruze Gon-
2ª Reunião alteração de tação sobre Marisa Kenia
23.03.2017 Sim Sim Alves Ramos Souza çalves
Ordinária atos norma- mistura em Zerbetto Godoy
Teixeira Venâncio Freitas Araújo
tivos tanque
Rios
Harmoni-
3ª Reu- Marcella Carlos Meiruze Jeane
zação de Prioridades de Marisa Kenia
nião 12.04.2017 Sim Sim Alves Ramos Souza Fonse-
Procedimen- Registro 2017 Zerbetto Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio Freitas ca
tos
Extensão
defensivos agrícolas no brasil
de registro
3ª Reu- Critérios de Marcella Carlos Meiruze Jeane
emergencial Marisa Kenia
nião 12.04.2017 diferencia- Sim Sim Alves Ramos Souza Fonse-
de algicidas Zerbetto Godoy
Ordinária ção Teixeira Venâncio Freitas ca
solicitada pela
SABESP
Edição e Remanejamen-
3ª Reu- Marcella Carlos Meiruze Jeane
alteração de to da cultura Marisa Kenia
nião 12.04.2017 Sim Sim Alves Ramos Souza Fonse-
atos norma- cenoura da Zerbetto Godoy
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
Demanda
4ª Reu- Marcella Carlos Meiruze Jeane
encaminhado Marisa Kenia
nião 10.05.2017 Outros Sim Sim Alves Ramos Souza Fonse-
pela CNA Zerbetto Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio Freitas ca
sobre CSFI
Edição e
4ª Reu- Operaciona- Marcella Carlos Meiruze Jeane
alteração de Marisa Kenia
nião 10.05.2017 lização da IN Não Não Alves Ramos Souza Fonse-
atos norma- Zerbetto Godoy
Ordinária 9/2016 Teixeira Venâncio Freitas ca
tivos
Aditamento
em pleitos
4ª Reu- Critérios de Marcella Carlos Meiruze Jeane
de registro e Marisa Kenia
nião 10.05.2017 diferencia- Não Não Alves Ramos Souza Fonse-
pós-registro Zerbetto Godoy
Ordinária ção Teixeira Venâncio Freitas ca
de agrotóxicos
e afins
Cancelamento
4ª Reu- Critérios de Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
dos registros Kenia
nião 10.05.2017 diferencia- Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
de produtos Godoy
Ordinária ção Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
adjuvantes
Publicação da
Coleção Jovem Jurista 2021
IN Conjunta
Edição e
4ª Reu- sobre a in- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
alteração de Kenia
nião 10.05.2017 ternalização Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
atos norma- Godoy
Ordinária da Resolução Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos
MERCOSUL nº
15/2016
Ofício de
requerimento
4ª Reu- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
Diretrizes de informa- Kenia
nião 10.05.2017 Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
SIA ções sobre o Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
SIA feito pelo
TCU
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Reunião do
MAPA com
o setor de
Harmoni- produtos
4ª Reu- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
zação de biológicos, Kenia
nião 10.05.2017 Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
procedimen- microbiológi- Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tos cos e de uso
aprovado para
agricultura
orgânica
Aprovação das
especificações
de referência
5ª Reu- Critérios de Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
para os agen- Kenia
nião 13.06.2017 diferencia- Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
tes microbio- Godoy
Ordinária ção Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
lógicos de
controle de
Bacillus
Edição e
5ª Reu- Atualização Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
alteração de Kenia
nião 13.06.2017 do SISRET e Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
atos norma- Godoy
Ordinária IN RET Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos
Edição e
5ª Reu- Regulamenta- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
alteração de Kenia
nião 13.06.2017 ção da Lei nº Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
atos norma- Godoy
Ordinária 10.603/02 Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos
Harmoni-
5ª Reu- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
zação de Gestão da fila Kenia
nião 13.06.2017 Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
procedimen- de PFEs Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tos
Harmoni-
5ª Reu- Lista de com- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
zação de Kenia
nião 13.06.2017 ponentes para Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
procedimen- Godoy
Ordinária publicação Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tos
Harmoni-
5ª Reu- Laudos labo- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
zação de Kenia
nião 13.06.2017 ratoriais de Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
procedimen- Godoy
Ordinária formulador Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
Coleção Jovem Jurista 2021
tos
IBAMA rece-
beu solicita-
5ª Reu- Critérios de ções de auto- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
Kenia
nião 13.06.2017 diferencia- rização de uso Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
Godoy
Ordinária ção emergencial Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
para oxiclore-
to de cálcio
Comunicação
Edição e
5ª Reu- de informes Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
alteração de Kenia
nião 13.06.2017 sobre normas Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
atos norma- Godoy
Ordinária editadas pelos Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos
órgãos
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Comunicação
Edição e
5ª Reu- de informes Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
alteração de Kenia
nião 13.06.2017 sobre normas Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
atos norma- Godoy
Ordinária editadas pelos Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos
órgãos
Busca de
Harmoni-
6ª Reu- sincronia de Marcella Carlos Graziela Jeane
zação de Marisa Kenia
nião 03.08.2017 distribuição de Sim Sim Alves Ramos Costa Fonse-
procedimen- Zerbetto Godoy
Ordinária pleitos entre Teixeira Venâncio Araújo ca
tos
os órgãos
Formação
Edição e de grupo de
6ª Reu- Marcella Carlos Graziela Jeane
alteração de trabalho para Marisa Kenia
nião 03.08.2017 Sim Sim Alves Ramos Costa Fonse-
atos norma- elaboração de Zerbetto Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio Araújo ca
tivos INC de priori-
dades
Instrução
Edição e Normativas
6ª Reu- Marcella Carlos Graziela Jeane
alteração de Conjuntas so- Marisa Kenia
nião 03.08.2017 Sim Sim Alves Ramos Costa Fonse-
atos norma- bre Impurezas Zerbetto Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio Araújo ca
defensivos agrícolas no brasil
tivos e de plantas
ornamentais
Edição e Revisão da
6ª Reu- Marcella Carlos Graziela Jeane
alteração de INC de altera- Marisa Kenia
nião 03.08.2017 Sim Sim Alves Ramos Costa Fonse-
atos norma- ção de formu- Zerbetto Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio Araújo ca
tivos lação
Aditamento
em pleitos
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
Harmoni- Produção de
Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
7ª Reunião zação de agrotóxicos Kenia
25.09.2017 Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
Ordinária Procedimen- para uso Godoy
Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tos próprio
Harmoni-
Resposta a Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
7ª Reunião zação de Kenia
25.09.2017 CONJUR sobre Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
Ordinária procedimen- Godoy
Adjuvantes Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tos
Edição e
Alteração nas Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
7ª Reunião alteração de Kenia
25.09.2017 tabelas da INC Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
Ordinária atos norma- Godoy
01/2014 Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos
Edição e
Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
Coleção Jovem Jurista 2021
Documento
Harmoni-
SINDIVEG Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
7ª Reunião zação de Kenia
25.09.2017 sobre altera- Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
Ordinária procedimen- Godoy
ção da lista de Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tos
componentes
Edição e Proposta de IN
Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
7ª Reunião alteração de conjunta sobre Kenia
25.09.2017 Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
Ordinária atos norma- Mistura em Godoy
Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
tivos tanque
Rep. do Rep. do Rep. do Rep.do
Assunto Decisão Manifesta- Rep. do Rep. do
Ata Data Categoria MMA/ MMA/ MS/AN- MS/AN- Observações
Tratado Unânime ção MAPA MAPA2
IBAMA IBAMA2 VISA VISA2
Cancelamento
8ª Reu- Critérios de Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
dos registros Kenia
nião 06.11.2017 diferencia- Não Não Alves Ramos repre- Costa Fonse-
de produtos Godoy
Ordinária ção Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
adjuvantes
Ofício do
Tribunal de
8ª Reu- Marcella Carlos Sem Graziela Jeane
Diretrizes Contas da Kenia
nião 06.11.2017 Sim Sim Alves Ramos repre- Costa Fonse-
SIA União sobre Godoy
Ordinária Teixeira Venâncio sentante Araújo ca
o desenvolvi-
mento do SIA
Pedido de
prioridade
dos registros
8ª Reu- Sem Carlos Graziela Jeane
dos produtos Marisa Kenia
nião 06.11.2017 Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
Harmoni- Rinskor Téc- Zerbetto Godoy
Ordinária tante Venâncio Araújo ca
zação de nico e Loyant
procedimen- para o cultivo
tos de arroz
Edição e Proposta de
8ª Reu- Sem Carlos Graziela Jeane
alteração de INC sobre Marisa Kenia
nião 06.11.2017 Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
defensivos agrícolas no brasil
Proposta de
Edição e
8ª Reu- IN Conjunta Sem Carlos Graziela Jeane
alteração de Marisa Kenia
nião 06.11.2017 sobre altera- Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
atos norma- Zerbetto Godoy
Ordinária ção de formu- tante Venâncio Araújo ca
tivos
lação
Edição e Proposta de
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de
Edição e
9ª Reu- Sem Carlos Graziela Jeane
alteração de Alteração da Marisa Kenia
nião 12.12.2017 Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
atos norma- IN 25/2005 Zerbetto Godoy
Ordinária tante Venâncio Araújo ca
tivos
Edição e Posiciona-
alteração de mento para
9ª Reu- atos norma- publicação Sem Carlos Graziela Jeane
Marisa Kenia
nião 12.12.2017 tivos de Consulta Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
Zerbetto Godoy
Ordinária Pública sobre tante Venâncio Araújo ca
INC de Plantas
Ornamentais
Aditivo ao
9ª Reu- Termo de Sem Carlos Graziela Jeane
Diretrizes Marisa Kenia
Coleção Jovem Jurista 2021
Harmoni-
9ª Reu- Sem Carlos Graziela Jeane
zação de UV como Marisa Kenia
nião 12.12.2017 Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
procedimen- agrotóxico Zerbetto Godoy
Ordinária tante Venâncio Araújo ca
tos
Harmoni-
9ª Reu- Sem Carlos Graziela Jeane
zação de NT brometo Marisa Kenia
nião 12.12.2017 Sim Sim represen- Ramos Costa Fonse-
procedimen- de metila Zerbetto Godoy
Ordinária tante Venâncio Araújo ca
tos
A (des) organização regulatória do “celeiro do mundo” e a regulação de 115
defensivos agrícolas no brasil
Resumo
O Novo Marco do Saneamento Básico, representado pelas alterações in-
troduzidas pela Lei nº 14.026, de 2020, abriu espaço para maior participa-
ção da iniciativa privada no setor. Chamou atenção a crítica ao Marco que
diz que o Brasil está indo na direção contrária a vários países do mundo
com a abertura. A partir disso, o presente trabalho se propôs a fornecer
elementos para essa discussão. Para isso, analisou-se qualitativamente
como iniciou e se deu a relação com a empresa privada e posterior re-
estatização nas cidades de Hamilton, Canadá; Buenos Aires, Argentina;
e em La Paz e El Alto, Bolívia. Os principais problemas estavam relacio-
nados aos seguintes pontos: contratação sem concorrência; dificuldade
regulatória e de fiscalização; desenho contratual; descumprimento de
metas contratuais; e má relação com a opinião pública. Identificados os
problemas, tentou-se observar se o Novo Marco do Saneamento Básico
estabelece mecanismos que possibilitem contornar esses problemas ou se
o Brasil parece seguir caminho do fracasso da relação entre saneamento
básico e a iniciativa privada.
Palavras-chave
Saneamento básico; Experiências internacionais; Regulação; Desestatiza-
ção; Serviços públicos; Reestatização.
Abstract
The New Legal Framework for Basic Sanitation, represented by the chan-
ges introduced by Law No. 14,026, of 2020, opened space for greater par-
ticipation by the private sector in the sector. The criticism of the new legis-
lation, that drew attention, was that Brazil is going in the opposite direction
to several countries in the world. From this, the present work intends to
132 Coleção Jovem Jurista 2021
Keywords
Basic sanitation; International experiences; Regulation; Privatization; Public
services; Re-statization.
Introdução
(iv) Por fim, buscou-se casos em que, em ao menos um, fosse possível
ter uma análise de realização completa do contrato com a empre-
sa privada e outros em que fosse possível ter análise de relação
que foi rompida durante o curso do contrato.
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 137
Na ADI 1.842, por sua vez, decidiu-se que, nas regiões metropolita-
nas, os serviços deveriam ser prestados conjuntamente pelos Estados e
Municípios, tendo em vista que nesses casos existe interesse comum. A
prestação conjunta se daria por meio de um colegiado interfederativo com
representantes do Estado e dos Municípios da região metropolitana. Nes-
se caso, entendeu-se que não há perda da titularidade dos municípios,
pois aqueles que não pertencem a regiões metropolitanas permanecem
como gestores exclusivos do serviço e os demais, que compõem os gran-
des aglomerados, continuam tendo poder decisório sobre a prestação dos
serviços.
Art. 10. A prestação de serviços públicos de sa- Art. 10. A prestação dos serviços públicos de
neamento básico por entidade que não integre a saneamento básico por entidade que não integre
administração do titular depende da celebração a administração do titular depende da celebra-
de contrato, sendo vedada a sua disciplina me- ção de contrato de concessão, mediante prévia
diante convênios, termos de parceria ou outros licitação, nos termos do art. 175 da Constituição
instrumentos de natureza precária. Federal, vedada a sua disciplina mediante con-
§ 1º Excetuam-se do disposto no caput deste trato de programa, convênio, termo de parceria
artigo: ou outros instrumentos de natureza precária.
I – Os serviços públicos de saneamento básico (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)
cuja prestação o poder público, nos termos de
lei, autorizar para usuários organizados em coo- § 3º Os contratos de programa regulares vi-
perativas ou associações, desde que se limitem a: gentes permanecem em vigor até o advento do
a) determinado condomínio; seu termo contratual. (Incluído pela Lei nº
b) localidade de pequeno porte, predominante- 14.026, de 2020)
mente ocupada por população de baixa renda,
onde outras formas de prestação apresentem
custos de operação e manutenção incompatíveis
com a capacidade de pagamento dos usuários.
II – Os convênios e outros atos de delegação
celebrados até o dia 6 de abril de 2005.
§ 2º A autorização prevista no inciso I, do §
1º, deste artigo, deverá prever a obrigação de
transferir ao titular os bens vinculados aos servi-
ços por meio de termo específico, com os res-
pectivos cadastros técnicos.
142 Coleção Jovem Jurista 2021
Prestação regionalizada
O art. 25-A, da Lei 11.445/2007, com redação pela Lei nº 14.026/2020 dis-
põe que a ANA instituirá normas de referência para a regulação da pres-
tação dos serviços públicos de saneamento básico por seus titulares e
suas entidades reguladoras e fiscalizadoras, observada a legislação federal
pertinente.17 Para operacionalizar a referida alteração, foram necessárias
modificações na Lei nº 9.984/2000, cuja ementa passou a apresentar o
novo nome da agência: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
(ANA).
17 Essa alteração da Lei foi vista com bons olhos. Destaca-se a análise do FGV CERI sobre
o tema: “A alteração proposta contribui para aumentar a uniformidade e transparência
do processo regulatório do setor. O desafio posto com relação a este tema é a opera-
cionalização por parte da ANA desta nova competência (supervisão regulatória dos
serviços de saneamento). Cumpre ressaltar que o setor de saneamento não possui
cultura de regulação bem desenvolvida. De qualquer forma, existem alguns casos de
avanços na regulação do saneamento que devem ser considerados pela ANA. Nesse
sentido, desde abril de 2019 foi firmado o compromisso entre ANA e a Associação
Brasileira de Agências Reguladoras (ABAR) para compartilhar essas experiências e
debater as normas de referência a serem estabelecidas. Além disso, vale lembrar que a
ANA deverá considerar as diversas realidades existentes no país de modo a promover
isonomia no tratamento”. (SMIDERLE; CAPODEFERRO; PARENTE, op. cit.).
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 145
Metas de desempenho
18 Sobre isso, destaca Rodrigo Tostes de Alencar Mascarenhas no texto A ANA e a Fe-
deração por Água Abaixo: notas sobre o novo marco legal do saneamento: “Note-se
que a União já fez algo parecido – mas bem mais tímido – ao condicionar o repasse de
recursos federais ao cumprimento por estados e municípios deste ou daquele com-
promisso (por exemplo no art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal). A prática já era
discutível. Mas agora (na vigência do slogan ‘Mais Brasil menos Brasília’) a ousadia é
grande. Como condição para acesso a financiamentos federais a União simplesmente
pretende (na prática) transferir a regulação dos serviços de saneamento dos titulares
definidos pela Constituição (interpretada pelo STF) para ela própria”. (MASCARE-
NHAS, Rodrigo Tostes de Alencar. A Ana e a federação por Água Abaixo: notas sobre
o novo marco legal do saneamento ração por Água Abaixo: notas sobre o novo marco
legal do saneamento. Direito do Estado, 2020. Disponível em http://www.direitodoes-
tado.com.br/colunistas/rodrigo-tostes-mascarenhas/a-ana-e-a-federacao-por-agua-
-abaixo-notas-sobre-o-novo-marco-legal-do-saneamento. Acesso em: set. 2020).
19 Lei no 14.026/2020: Art. 4º-B. A ANA manterá atualizada e disponível, em seu sítio
eletrônico, a relação das entidades reguladoras e fiscalizadoras que adotam as normas
de referência nacionais para a regulação dos serviços públicos de saneamento bási-
co, com vistas a viabilizar o acesso aos recursos públicos federais ou a contratação
de financiamentos com recursos da União ou com recursos geridos ou operados por
órgãos ou entidades da administração pública federal, nos termos do art. 50, da Lei
no 11.445, de 5 de janeiro de 2007. (Incluído pela Lei no 14.026, de 2020), § 1o. A ANA
disciplinará, por meio de ato normativo, os requisitos e os procedimentos a serem
observados pelas entidades encarregadas da regulação e da fiscalização dos serviços
públicos de saneamento básico, para a comprovação da adoção das normas regu-
latórias de referência, que poderá ser gradual, de modo a preservar as expectativas
e os direitos decorrentes das normas a serem substituídas e a propiciar a adequada
preparação das entidades reguladoras. (Incluído pela Lei no 14.026, de 2020), § 2o. A
verificação da adoção das normas de referência nacionais para a regulação da pres-
tação dos serviços públicos de saneamento básico estabelecidas pela ANA ocorrerá
periodicamente e será obrigatória no momento da contratação dos financiamentos
com recursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos ou entidades
da administração pública federal. (Incluído pela Lei no 14.026, de 2020.)
20 Termo utilizado por Rodrigo Tostes de Alencar Mascarenhas no texto A ANA e a Fe-
deração por Água Abaixo: notas sobre o novo marco legal do saneamento: “Voltan-
do à atividade ‘normativa’, o NMLSB afirma que no seu exercício a ANA ‘zelará pela
uniformidade regulatória do setor de saneamento básico e pela segurança jurídica na
prestação e na regulação dos serviços’. Ora, uniformidade regulatória, ou, no caso,
uniformidade normativa é a antítese do federalismo”. (MASCARENHAS, op. cit.)
146 Coleção Jovem Jurista 2021
Titularidade do serviço
Essa previsão pode ser entendida como uma aplicação formal da in-
terpretação do STF na ADI nº 1.842-RJ,23 que não estava presente nas MPs
22 “Lei no 11.445/2007: Art. 3o: XIV – serviços públicos de saneamento básico de inte-
resse comum: serviços de saneamento básico prestados em regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões instituídas por lei complementar estadual, em
que se verifique o compartilhamento de instalações operacionais de infraestrutura de
abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário entre 2 (dois) ou mais Muni-
cípios, denotando a necessidade de organizá-los, planejá-los, executá-los e operá-los
de forma conjunta e integrada pelo Estado e pelos Munícipios que compartilham, no
todo ou em parte, as referidas instalações operacionais.” (Incluído pela Lei no 14.026,
de 2020.)
23 Nesse sentido, entende Rodrigo Tostes de Alencar Mascarenhas no texto A ANA e a
Federação por Água Abaixo: notas sobre o novo marco legal do saneamento. Dis-
ponível em: http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/rodrigo-tostes-mascare-
nhas/a-ana-e-a-federacao-por-agua-abaixo-notas-sobre-o-novo-marco-legal-do-sa-
neamento. Acesso em: set. 2020.
148 Coleção Jovem Jurista 2021
844 e 868. No entanto, ainda assim, foi passível de críticas quanto à sua
aplicabilidade na prática.
Contextualização geral
Outro motivo pelo qual se optou por esses casos é que, em um, é pos-
sível ter uma análise de realização completa do contrato com a empresa
privada e, nos outros dois, é possível ter uma análise de uma relação que
foi rompida durante o curso do contrato, conforme se verá.
27 GRANT, John K; OHEMENG, Frank L. K. Has the bubble finally burst? An examination
of the failure of privatization of water services delivery in Atlanta (U.S.A) and Hamil-
ton (Canada). ANNUAL MEETING OF THE CANADIAN POLITICAL SCIENCE ASSO-
CIATION, Carleton University, Ottawa, 2009.
28 “Technically, PUMC was in charge of the plants, reservoirs and pumping stations, but
not of the pipes network. It therefore optimised its costs by pumping faster in non-
-peak hours, when electricity was cheaper, to fill the reservoirs. The problem is that by
doing so PUMC increased pressure in the pipes to levels where there was no security
buffer. During these times several main breaks occurred in the pipes network, inclu-
ding one that affected a hospital and forced partial evacuation of patients, followed
by a lawsuit against the city.9 Additional evidence of technical tricks used to deflect
costs was reported by interviewees for this research, with many reporting that PUMC
let small maintenance issues (such as lighting) degrade to a point that its repair was
costly enough (i.e. above the C$10,000 threshold) to fall under the city’s contractual
responsibility.” (PIGEON, Martin. Who takes the risks? Water remunicipalisation in
Hamilton, Canada. Chapter Five. Remunicipalisation: putting water back into public
hands. Amsterdam: Transnational Institute, 2012.)
152 Coleção Jovem Jurista 2021
privada, desde que após certame que garantisse concorrência; e (ii) reas-
sumir o serviço para prestação pela cidade.
Muitas vezes, as críticas que são feitas ao Novo Marco Regulatório do Sa-
neamento Básico no Brasil estão associadas a comparações com casos
como o de Paris e Berlim, cidades de países Europeus com infraestrutura,
economia e índices de desenvolvimento muito diferentes aos das cidades
do Brasil, o que acaba dificultando a real compreensão da questão e a
percepção de se, de fato, essa crítica faz sentido no contexto brasileiro.
Por isso, o estudo de caso de Buenos Aires, Argentina foi escolhido com
32 PIGEON, Martin. Who takes the risks? Water remunicipalisation in Hamilton, Canada.
Chapter Five. Remunicipalisation: putting water back into public hands. Amsterdam:
Transnational Institute, 2012. p. 82.
154 Coleção Jovem Jurista 2021
35 AZPIAZU, Daniel; CASTRO, Jose Esteban. Aguas Públicas: Buenos Aires in muddled
waters. Chapter Four. In: PIGEON, Martin; MCDONALD, David A.; HOEDEMAN, Oli-
vier; KISHIMOTO, Satoko (Orgs.). Remunicipalisation: putting water back into public
hands. Amsterdan: Transnational Institute, 2012. p. 60.
156 Coleção Jovem Jurista 2021
41 Ibidem, p. 62.
42 Ley no. 25.561/2002: “Artigo 8o – Dispor que a partir da entrada em vigor desta lei, nos
contratos celebrados pela Administração Pública em regime de direito público, inclu-
sive os de obras e serviços públicos, caducem as cláusulas de regularização do dólar.
ou em outras moedas estrangeiras e as cláusulas de indexação com base em índices
de preços de outros países e qualquer outro mecanismo de indexação. Os preços e
taxas resultantes destas cláusulas são fixados em pesos à taxa de câmbio Um Peso ($
1) = Um Dólar (US $ 1)”. Tradução livre. Disponível em: https://www.economia.gob.ar/
digesto/leyes/ley25561.htm. Acesso em: ago. 2020.
158 Coleção Jovem Jurista 2021
43 O termo privatização é, com frequência, utilizado de forma atécnica, por aqueles que
se opõem à abertura para a participação da iniciativa privada em serviços públicos.
No entanto, é preciso destacar que nem todo envolvimento de empresas privadas em
serviços públicos significa que há privatização. O termo amplo para tratar da parti-
cipação privada em serviços ou ativos públicos é o de desestatização, que abarca a
redimensão do papel do Estado na Administração Pública. O conceito de privatização,
por sua vez, se aplica aos casos em que há venda de ações de empresas estatal ou
outros ativos públicos com a passagem de controle para a iniciativa privado de forma
definitiva.
44 “However, the renegotiation took a new turn in October 2004 when AASA submit-
ted a new proposal that revived the confrontational character of the process. AASA’s
proposal included a series of steps oriented at reconstituting the economic-financial
equilibrium of the concession: a revenue increase of 60% from January 2005; state in-
tervention to obtain a loan for US$250 million to be repaid in 18 years at an interest rate
of 3%, with a three-year holiday period; government commitment to take charge of
48% of future infrastructure investments; and exemption from income tax.” (AZPIAZU;
CASTRO, op. cit., p. 64.)
45 Dec. 303/2006: “Art. 1o – Fica rescindido o Contrato de Concessão celebrado entre o
Estado Nacional e a empresa Aguas Argentinas SA pelo qual foi concedido o serviço
de fornecimento de água potável e esgoto pelas causas previstas nas cláusulas 14.3.1,
por culpa da Concessionária, e 14.3.2 do referido Contrato”. Tradução livre. Disponível
em: http://mepriv.mecon.gov.ar/Normas/303-06.htm. Acesso em: ago. 2020.
46 Dec. 304/2006: “Art. 2o – 90% (90%) do capital da sociedade criada por meio do arti-
go anterior pertencerão ao Estado Nacional, exercendo tal titularidade o Ministério do
Planejamento Federal, Investimentos Públicos e Serviços. Os restantes dez por cento
(10%) do capital social corresponderão aos ex-trabalhadores da Obras Sanitarias de la
Nación aderidos ao Programa de Propriedade Participada em virtude do qual foram
incorporados como acionistas da ex-concessionária Aguas Argentinas SA, de acordo
com o Anexo I do Decreto no 1944/94”. Tradução livre. Disponível em: http://mepriv.
mecon.gov.ar/Normas/304-06.htm. Acesso em: ago. 2020.
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 159
the concession, the tariffs and connection fees, the required sewer expansion schedule,
and the minimum acceptable water expansion schedule. Interested private companies
were asked to submit bids of the number of in-house water connections they would
commit to install in the El Alto subsystem by December 31, 2001.” (KOMIVES, Kristin
Designing pro-poor water and sewer concessions: early lessons from Bolivia, Water
Policy,v. 3, p. 61-79, 2001.)
48 KOMIVES, Kristin; COWEN, Penelope J. Brook.
Expanding water and sanitation services to low-income households: the case of the
La Paz-El Alto concession. In: SMITH S. (ed.). The private sector in water: competition
and regulation. Washington, DC: World Bank, 1999.
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 161
52 BARJA, Gover; URQUIOLA, Miguel. Capitalization, regulation and the poor: access to
basic services in Bolivia. Helsinki: UNU/WIDER, 2001.
53 Ainda que de forma progressiva, existiam famílias que não possuíam medidores para
que fosse calculado o seu gasto mensal, o que fazia com que a cobrança fosse feita
por meio de uma tarifa fixa. Essa tarifa fixa. Em El Alto, as famílias com medidores pa-
gavam entre US$ 0,75 e US$ 0,88 por mês por conexão, refletindo seu baixo uso, em
comparação com as casas sem medidores que pagavam U$ 2,38 mensais por conexão.
LAURIE, Nina; CRESPO, Carlos. Deconstructing the best case scenario: lessons from
water politics in la Paz-El alto, Bolivia. Geoforum, v. 38, n. 5, p. 841-54, 2007.
54 No entanto, o estudo de Barja e Urquiola demonstra que as tarifas até 1999 de Santa
Cruz, cidade que permaneceu com a prestação pelo Poder Público, sofreu aumento
superior ao sofrido em La Paz e El Alto, como demonstrado pela figura 11 de seu traba-
lho. Sobre isso, afirma: “Nevertheless, cross-subsidies persist, and even though higher
tariffs were the ultimate outcome, increases in La Paz were smaller than in Santa Cruz
where no reform has taken place.”. (BARJA; URQUIOLA, op. cit.)
55 LAURIE; CRESPO, op. cit.
56 KOMIVES, op. cit., p. 61-79.
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 163
[...]
serviço pelo Poder Público. Por isso, passa-se à análise comparativa e que
leva aos erros gerais cometidos.
Tabela 2. Comparação entre os processos de desestatização e reestatização entre os
casos de Hamilton, Canadá; Buenos Aires, Argentina; e La Paz e El Alto, Bolívia
Rompimento com o Após o término do Antes do fim do con- Antes do fim do con-
Setor privado contrato. trato pelo Poder Públi- trato pelo Poder Públi-
co, que alegava culpa co, que alegava culpa
do concessionário. do concessionário.
58 Rezende. Licitações e contratos administrativos. 5a. ed. Ver. atual. e ampl. Rio de Ja-
neiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. p. 25.
166 Coleção Jovem Jurista 2021
59 FARIA, Ricardo Coelho; FARIA, Simone Alves de; MOREIRA, Tito Belchior Silva. A pri-
vatização no setor de saneamento tem melhorado a performance dos serviços? Pla-
nejamento e Políticas Públicas, v. 28, 2005.
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 167
Outro ponto que deve ser apontado é que alterações contratuais, em-
bora possam ajudar a recuperar assimetrias originais no contrato, envol-
vem riscos pois podem afetar a credibilidade do regulador e trazer críticas
políticas perigosas à estabilidade do contrato como a crítica muito feita
no caso de Buenos Aires – de que o governo realizou revisões em favor
da empresa privada em desfavor da população. Além disso, pode envol-
60 BERG, op. cit., p. 4.
168 Coleção Jovem Jurista 2021
ver muitos custos com litígios entre as partes para determinar os novos
termos, de modo que o ideal é que o contrato já nasça bem desenhado e
equilibrado – ainda que isso seja um desafio, claro.
No caso da cidade argentina, por sua vez, foi criado órgão regulador
para atuar na concessão, a agência, chamada Ente Tripartito de Obras y
Servicios Sanitarios, ETOSS, que contava com representantes do municí-
pio de Buenos Aires, da província de Buenos Aires e do governo federal da
Desenho contratual
Destaca-se também o § 3º, do art. 11, que dispõe que “Os contratos
não poderão conter cláusulas que prejudiquem as atividades de regulação
e de fiscalização ou o acesso às informações sobre os serviços contrata-
dos”. Esse artigo e sua aplicação são essenciais para reduzir a assimetria
de informação. Como no caso de Hamilton, Canadá, muitas vezes o poder
público não tem acesso a todas as informações necessárias à fiscalização
dos serviços. Assim, é essencial que os contratos incluam obrigação de
compartilhamento de informações, a fim de evitar que questões importan-
tes da prestação estejam fora do alcance do regulador.
69 Nesse sentido, está o estudo desenvolvido por Pezco e Portugal Ribeiro Advogados
para a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de
Água e Esgoto (ABCON) e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Ser-
viços Públicos de Água e Esgoto (SINDCON), intitulado Regras padronizadas sobre
distribuição de riscos, equilíbrio econômico-financeiro e modelos regulatórios: “Des-
sa forma, ao lado da definição de intervalo mínimo de reajuste contratual, é preciso
definir um intervalo máximo. O prazo de um ano, no ambiente inflacionário brasileiro,
representa variações de custos tipicamente da ordem de grandeza de 4%. Esse núme-
ro é uma medida geral e simples das perdas tarifárias reais estimadas com a poster-
gação de um reajuste. [...] Propomos, em vista disso, a definição de um prazo máximo
de reajuste igual ao prazo mínimo, de doze meses. Em qualquer contrato, o IPCA ou
uma fórmula paramétrica podem ser aplicados automaticamente a quaisquer paga-
mentos devidos pelo poder concedente na forma de contraprestação ou de cobrança
a usuários de natureza tarifária. Há duas opções para a realização desses reajustes.
Uma opção é utilizar como referência o IPCA e a alternativa é a fórmula paramétrica
que destaca custos, principalmente o de energia”. Disponível em: https://conteudo.
abconsindcon.com.br/estudo-regulacao. Acesso em: dez. 2020.
178 Coleção Jovem Jurista 2021
cálculo do valor presente será composta pela média diária dos últimos 12
(doze) meses da taxa real bruta de juros de venda das Notas do Tesouro
IPCA+ com juros semestrais (NTN-B).75 Trata-se de uma taxa flexível como
parâmetro para equilíbrio econômico-financeiro do contrato. O uso de ta-
xas fixas definida na licitação para todo o período contratual não incorpo-
ra mudanças macroeconômicas que alteram o risco do contrato.
Dessa forma, essa taxa flexível parece ajudar a prevenir essa rela-
ção do problema que ocorreu no caso de Buenos Aires, no qual o cenário
macroeconômico alterou significativamente os riscos do investimento e
essas alterações não foram incorporados no equilíbrio econômico-finan-
ceiro. Destaca-se que essa taxa flexível também foi adotada na minuta do
contrato de concessão de municípios do Rio de Janeiro,76 o que indica que
esse pode ser um novo caminho positivo incorporado nos contratos de
saneamento básico.
75 Assim dispõe a Cláusula 31.7: “31.7. A taxa de desconto real anual a ser utilizada no
cálculo do valor presente de que trata a cláusula 0 será comporta pela média diária
dos últimos 12 (doze) meses da taxa real bruta de juros de venda das Notas do Tesou-
ro IPCA+ com juros semestrais (NTN-B) ou, na ausência deste, outro que o substitua,
ex-ante a dedução do imposto sobre a renda, com vencimento em 15.08.2050 ou ven-
cimento mais compatível com a data do termo contratual, publicada pela Secretaria
do Tesouro Nacional, apurada no início de cada ano contratual, multiplicada por um
spread ou sobretaxa equivalente a 238,3% a.a., base 252 (duzentos e cinquenta e dois)
dias úteis, mediante a aplicação da seguinte fórmula”.
76 A minuta do contrato de concessão foi disponibilizada para consulta pública. Dispo-
nível em: http://www.rj.gov.br/consultapublica/Documentos.aspx. Acesso em: out.
2020.
180 Coleção Jovem Jurista 2021
77 “The lesson is that when privatisation contracts stipulate clear targets, concessionaires
do attempt to reach them—though this did not fully happen in Bolivia. Nonetheless,
we are aware that the distributional impacts of privatisation go beyond coverage and
affordability.” (HAILU; OSORIO; TSUKADA, op. cit.)
Saneamento básico e participação da iniciativa privada 181
serem devidamente ajustadas, são multiplicadas pelo IDG, que pode variar
entre 0,9 – gerando uma diminuição da tarifa – e 1,0 – que mantém a tarifa
calculada.78 Ainda, nos contratos, há cláusula que determina que “caso a
CONCESSIONÁRIA atinja o Indicador de Desempenho Geral – IDG abaixo
do mínimo de 0,90 em 2 (dois) anos consecutivos ou 3 (três) vezes não
consecutivas em menos de 5 (cinco) anos” é possível declarar a caducida-
de da concessão por inexecução do contrato.
Dessa forma, para que seja mantida uma boa remuneração e, para
que o próprio contrato seja mantido, é necessário que as metas sejam
atingidas. Essa estrutura e os incentivos e as consequências que trazem,
localizadas nas minutas indicadas, parecem promissores. Ainda assim,
destaca-se que essas minutas não representam todos os contratos que
serão firmados, bem como para que essas consequências negativas do
descumprimento das metas ocorram é necessária fiscalização efetiva, o
que nos retorna ao segundo ponto trabalhado neste tópico.
Conclusão
Ainda assim, é possível dizer que em relação à maior parte dos pro-
blemas identificados o Novo Marco do Saneamento Básico parece apontar
caminho possível para uma boa prestação envolvendo a participação ou
atuação da iniciativa privada. Destaque às soluções indicadas para garan-
tir ampla concorrência e atingimento de metas contratuais de universali-
zação.
Esses pontos, por certo, serão enfrentados pelo STF, dado que já fo-
ram impetradas a nº ADI 6.492, ajuizada pelo Partido Democrático Tra-
balhista, e a ADI nº 6.536 ajuizada por quatro partidos políticos: Partido
Comunista do Brasil (PCdoB), o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o
Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido dos Trabalhadores (PT). As-
sim, ao menos a insegurança jurídica diante de possível inconstitucionali-
dade, promete ser sanada em breve.
pode ser esperada apenas dos Estados, dos Municípios e das agências
infranacionais de regulação, mas também da ANA, cujo papel é fundamen-
tal para que todo esse sistema se equilibre. A agência federal deve, para
emitir as normas de referência, mais do que nunca, ampliar sua consulta
pública e seu diálogo com os demais entes federados e órgãos para legi-
timar suas escolhas, que deverão ser incorporadas para o recebimento de
recursos financeiros da União, tão necessários para algumas localidades.
Referências bibliográficas
BERG, Caroline van den. Water concessions: who wins, who loses, and
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Sector, n. 217, 2000.
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Resumo
O presente estudo busca analisar a maior exposição dos países em desen-
volvimento às estratégias de planejamento tributário agressivo e as falhas
do Plano Base Erosion and Profit Shifting (BEPS) em atender aos interes-
ses desses países. Para isso, serão analisadas, inicialmente, as principais
estratégias de planejamento tributário agressivo utilizadas por empresas
multinacionais com o objetivo de reduzir sua carga tributária, ocasionando
uma erosão da base tributária dos países que deixam de receber tais recei-
tas. Diante desse cenário, serão analisadas as ações formuladas e imple-
mentadas no âmbito do Plano BEPS, elaborado com o objetivo de equipar
os governos com regras e instrumentos que garantam que os lucros das
empresas multinacionais sejam tributados onde as atividades econômicas
que geram tais lucros são realizadas. Posteriormente, serão analisadas ra-
zões que explicitam a maior exposição dos países em desenvolvimento às
estratégias de planejamento tributário agressivo, bem como evidências
que demonstram a desconsideração dos interesses desses países durante
a formulação e implementação do Plano BEPS. Com base nessas constata-
ções, será analisada a legitimidade do Plano BEPS, formulado pela OCDE
e pelo G20, organizações compostas, majoritariamente, por nações de-
senvolvidas, além de serem discutidas possíveis ações com o potencial
de atender aos interesses dos países em desenvolvimento no que tange à
perda de receita tributária como decorrência das estratégias de planeja-
mento tributário agressivo.
Palavras-chave:
Plano BEPS; Planejamento Tributário Agressivo; OCDE; G20; Países em
desenvolvimento; Empresas Multinacionais; Ação nº 13; Pilar Um.
Abstract
The study aims to analyze the increased exposure of developing countries
to aggressive tax planning strategies, compared to developed countries,
190 Coleção Jovem Jurista 2021
and the failures of the BEPS Plan in meeting the interests of developing
countries. Initially, the main aggressive tax planning strategies used by mul-
tinational companies will be examined, which causes an erosion of the tax
base of countries that do not receive such revenues. Given this scenario,
the study will analyze the actions formulated and implemented within the
scope of the BEPS Plan, designed to equip governments with rules and ins-
truments to address tax avoidance, ensuring that profits are taxed where
economic activities generating these profits are performed. Subsequently,
the study will analyze reasons that explain the greater exposure of deve-
loping countries to aggressive tax planning strategies, as well as evidence
that suggests the negligence of the interests of these countries during the
formulation and implementation of the BEPS Plan. Based on these findings,
the study will examine the legitimacy of the BEPS Plan, formulated by the
OECD and the G20, organizations composed mainly of developed nations,
in addition to discussing possible actions with the potential to serve the
interests of developing countries.
Keywords
BEPS Plan; Aggressive Tax Planning; OECD; G20; Developing countries;
Multinational Enterprises (MNEs); Action nº 13; Pillar One.
Introdução
5 Ibid.
6 OECD. Understanding tax avoidance. Disponível em: https://www.oecd.org/tax/
beps/. Acesso em: 11 ago. 2020.
7 Ibid.
8 UNITED NATIONS ECONOMIC COMMISSION FOR AFRICA (UNECA). Illicit financial
flow: report on the high level panel on illicit financial flows from Africa. p. 67. Dispo-
nível em: https://www.uneca.org/sites/default/files/PublicationFiles/iff_main_repor-
t_26feb_en.pdf. Acesso em: 29 set. 2020.
9 UNITED NATIONS. Developing countries’ reactions to the G20/OECD Action Plan on
Base Erosion and Profit Shifting. p. 378. Disponível em: https://www.un.org/esa/ffd/
wp-content/uploads/2015/10/11STM_G20OecdBeps.pdf. Acesso em: 29 set. 2020.
10 CRIVELLI, Ernesto; DE MOOIJ, Ruud; KEEN, Michael. Base erosion, profit shifting and
developing countries. IMF Working Paper WP/15/118 (2015). Disponível em: https://
www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2015/wp15118.pdf. Acesso em: 29 set. 2020.
11 OECD. BEPS Actions. Disponível em: http://www.oecd.org/tax/beps/beps-actions/.
Acesso em: 29 set. 2020.
192 Coleção Jovem Jurista 2021
benefits to Amazon worth around €250 million. Outubro 2017. Disponível em: https://
ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/IP_17_3701. Acesso em: 14 ago.
2020.
22 A Amazon Europe Holding Techologies é uma empresa holding que atua como inter-
mediária entre a Amazon EU, empresa operacional do grupo Amazon na Europa, e a
empresa matriz nos Estados Unidos. Vide: EUROPEAN COMMISSION. State aid: Com-
mission finds Luxembourg gave illegal tax benefits to Amazon worth around €250
million. Outubro 2017. Disponível em: https://ec.europa.eu/commission/presscorner/
detail/en/IP_17_3701. Acesso em: 14 ago. 2020.
23 UK PARLIAMENT. HM Revenue and Customs: Annual Report and Accounts – Public
Accounts Committee Contents. Disponível em: https://publications.parliament.uk/pa/
cm201213/cmselect/cmpubacc/716/71605.htm. Acesso em: 12 ago. 2020.
24 INTERNATIONAL BAR ASSOCIATION. Tax abuses, poverty and human rights. Outu-
bro 2013, p. 28. Disponível em: https://www.ibanet.org/Article/NewDetail.aspx?Arti-
cleUid=4A0CF930-A0D1-4784-8D09-F588DCDDFEA4. Acesso em: 11 out. 2020.
25 Ibid., p. 28.
196 Coleção Jovem Jurista 2021
26 UNITED NATIONS (UN). United Nations practical manual on transfer pricing for deve-
loping countries. 2017, p. 27. Disponível em: https://www.un.org/esa/ffd/wp-content/
uploads/2017/04/Manual-TP-2017.pdf. Acesso em: 12 out. 2020.
27 PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT (PRI). Aggressive tax planning: noti-
cing the signs. Disponível em: https://www.unpri.org/governance-issues/aggressive-
-tax-planning-noticing-the-signs/587.article. Acesso em: 12 out. 2020.
28 Ibid; UNITED NATIONS (UN). United Nations practical manual on transfer pricing for
developing countries. 2017, p. 28. Disponível em: https://www.un.org/esa/ffd/wp-
-content/uploads/2017/04/Manual-TP-2017.pdf. Acesso em: 12 out. 2020.
29 INTERNATIONAL BAR ASSOCIATION. Tax abuses, poverty and human rights. Outu-
bro 2013, p. 28. Disponível em: https://www.ibanet.org/Article/NewDetail.aspx?Arti-
cleUid=4A0CF930-A0D1-4784-8D09-F588DCDDFEA4. Acesso em: 11 out. 2020.
30 Ibid., p. 29.
Plano base erosion and profit shifting 197
econômico manterá seu nível de lucros, mas haverá uma tributação mais
reduzida sobre esse lucro.31
Pilar Dois visa implementar um imposto mínimo global a ser pago pelas
corporações.48
Ação nº 1
Ação nº 2
Ação nº 3
Ação nº 4
Ação nº 5
Ação nº 6
Nas últimas décadas, acordos fiscais bilaterais têm servido para preve-
nir a dupla tributação e remover obstáculos ao comércio transfronteiriço
de bens e serviços. Essa extensa rede de acordos tributários, no entanto,
também deu origem a abusos de tratados e aos chamados arranjos treaty
shopping.59 Esses arranjos envolvem a tentativa de uma empresa acessar
indiretamente os benefícios de um acordo tributário pactuado entre duas
jurisdições sem ser residente dessas jurisdições, o que normalmente ocor-
re por meio da utilização de uma shell company.60 Dessa forma, a Ação nº
6 busca garantir que somente empresas residentes dos países que sejam
partes de um tratado possam se beneficiar das condições do tratado.61
Ação nº 7
Ações nº 8, 9 e 10
Ação nº 11
No âmbito da Ação nº 11, foi destacado que a falta de dados sobre a tri-
butação das empresas tem sido uma limitação importante para medir os
efeitos fiscais e econômicos das estratégias de planejamentos tributários
62 OECD. Action 7: Permanent stablishment status. Disponível em: http://www.oecd.
org/tax/beps/beps-actions/action7/. Acesso em: 8 ago. 2020.
63 Ibid.
64 OECD/G20. Inclusive framework on BEPS. Progress Report July 2018-May 2019. p.
20. Disponível em: oecd.org/tax/beps/inclusive-framework-on-beps-progress-repor-
t-july-2018-may-2019.pdf. Acesso em: 8 ago. 2020.
65 OECD. Action 8-10: Transfer pricing. Disponível em: http://www.oecd.org/tax/beps/
beps-actions/action8-10/. Acesso em: 8 ago. 2020.
66 Ibid.
67 OECD/G20. Inclusive framework on BEPS. Progress Report July 2018-May 2019. p.
21. Disponível em: oecd.org/tax/beps/inclusive-framework-on-beps-progress-report-
-july-2018-may-2019.pdf. Acesso em: 8 ago. 2020.
Plano base erosion and profit shifting 205
agressivos, bem como para medir o impacto das medidas acordadas como
parte do Plano BEPS.68 Dessa forma, foi considerado que o aumento da
qualidade dos dados e dos instrumentos analíticos disponíveis é crucial
para a aferição da efetividade do Plano BEPS no combate aos planejamen-
tos tributários agressivos.69
Ação nº 12
Ação nº 13
Ação nº 14
Ação nº 15
79 OXFAM. Business among friends: why corporate tax dodgers are not yet losing
sleep over global tax reform. 2014. Disponível em: https://www-cdn.oxfam.org/
s3fs-public/file_attachments/bp185-business-among-friends-corporate-tax-reform-
-120514-en_0_1.pdf. Acesso em: 10 out. 2020.
80 JOHANNESEN, Niels. Are Less developed countries more exposed to tax avoidance?
Method and evidence from micro-data. The World Bank Economic Review, v. 34, n.
3, p. 4, out. 2019. Disponível em: https://academic.oup.com/wber/advance-article/
doi/10.1093/wber/lhz002/5606636. Acesso em: 18 ago. 2020.
208 Coleção Jovem Jurista 2021
81 Ibid., p. 10.
82 Ibid.
Plano base erosion and profit shifting 209
Como uma outra razão para a maior exposição dos países em de-
senvolvimento às estratégias de planejamento tributário agressivo, tem-se
que esses países são altamente dependentes do setor extrativista para
suas exportações e receitas fiscais,90 o qual está particularmente sujeito a
estratégias de planejamento tributário agressivo.
87 OECD. Corporate tax remains a key revenue source, despite falling rates worldwi-
de. Disponível em: https://www.oecd.org/tax/corporate-tax-remains-a-key-revenue-
-source-despite-falling-rates-worldwide.htm. Acesso em: 24 ago. 2020.
88 OECD. Part 1 of a report to G20 development working group on the impact of BEPS in
low income countries. Julho 2014, p. 11. Disponível em: http://www.oecd.org/tax/part-
-1-of-report-to-g20-dwg-on-the-impact-of-beps-in-low-income-countries.pdf. Acesso
em: 24 ago. 2020.
89 OECD. Understanding tax avoidance. Disponível em: https://www.oecd.org/tax/
beps/. Acesso em: 11 ago. 2020.
90 The World Bank. Extractive industries. Disponível em: https://www.worldbank.org/
en/topic/extractiveindustries/overview. Acesso em: 26 ago. 2020.
91 United Nations Economic Commission for Africa (UNECA). Illicit financial flow: report
on the high level panel on illicit financial flows from Africa. p. 67. Disponível em:
https://www.uneca.org/sites/default/files/PublicationFiles/iff_main_report_26feb_
en.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.
92 Ibid., p. 24.
Plano base erosion and profit shifting 211
• Em vigor
• Assinado
• Requerido
• Não Signatário
Fonte: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).105
Além disso, o Tax Justice Network aponta que, para além dos bene-
fícios para as autoridades fiscais, o acesso aos dados traz grandes bene-
fícios para os contribuintes, investidores e trabalhadores, o que explica a
necessidade de publicidade de tais dados. Em relação aos contribuintes,
em primeiro lugar, o acesso às informações permite que eles efetivamente
controlem a forma como as autoridades fiscais estão lidando com os ris-
cos de erosão da base tributária e com a transferência de lucros entre em-
presas de um mesmo grupo econômico. Em segundo lugar, a publicação
desses dados pode ser uma ferramenta em termos de compliance, tendo
em vista que a população terá conhecimento sobre os maiores contribuin-
107 OECD. Country-by-country reporting exchange relationships. Disponível em: https://
www.oecd.org/tax/beps/country-by-country-exchange-relationships.htm. Acesso
em: 31 out. 2020.
108 OECD. Public Consultation Document: Review of Country-By-Country Reporting
(BEPS Action 13). Fevereiro 2020 – Março 2020. Acesso em: https://www.oecd.org/
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-action-13-march-2020.pdf. Acesso em: 31 out. 2020.
109 TAX JUSTICE NETWORK. Submission by the Tax Justice Network to the OECD: Re-
view of Country-by-Country Reporting (BEPS Action 13). Disponível em: https://
www.dropbox.com/s/qovaugzkxsym3ia/oecd-public-comments-received-2020-cbc-
-review.zip?dl=0&file_subpath=%2FComments+received%2FTax+Justice+Network+.
pdf. Acesso em: 28 set. 2020.
216 Coleção Jovem Jurista 2021
110 Ibid.
111 Ibid.
112 Ibid.
113 Ibid.
114 A OXAM é uma confederação formada por 19 organizações e mais de 3000 parceiros,
que atua em mais de 90 países na busca por soluções para o problema da pobreza,
desigualdade e da injustiça, por meio de campanhas, programas de desenvolvimento
e ações emergenciais. Vide: OXFAM INTERNATIONAL. About us. Disponível em: ht-
tps://www.oxfam.org/en/what-we-do/about. Acesso em: 13 ago. 2020.
115 OXFAM INTERNATIONAL. About us. Disponível em: https://www.oxfam.org/en/wha-
t-we-do/about. Acesso em: 23 ago. 2020.
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oecd-public-comments-received-2020-cbc-review.zip?dl=0&file_subpath=%2FCom-
ments+received%2FOxfam.pdf. Acesso em: 27 set. 2020.
Plano base erosion and profit shifting 217
117 ACTION AID. Actionaid’s response to public consultation on OECD BEPS Action 13
Country-by-Country Reporting. Março 2020. Disponível em: https://www.dropbox.
com/s/qovaugzkxsym3ia/oecd-public-comments-received-2020-cbc-review.zip?-
dl=0&file_subpath=%2FComments+received%2FActionAid.pdf. Acesso em: 28 set.
2020.
218 Coleção Jovem Jurista 2021
118 OECD. OECD invites public input on the Secretariat Proposal for a “unified approach” under
Pillar One. Disponível em: http://www.oecd.org/tax/oecd-invites-public-input-on-the-secre-
tariat-proposal-for-a-unified-approach-under-pillar-one.htm. Acesso em: 14 nov. 2020.
119 Ibid.
120 OECD. Programme of work to develop a consensus solution to the tax challenges
arising from the digitalisation of the economy. p. 5. Disponível em: http://www.oecd.
org/tax/beps/programme-of-work-to-develop-a-consensus-solution-to-the-tax-
-challenges-arising-from-the-digitalisation-of-the-economy.htm. Acesso em: 14 nov.
2020.
121 Ibid.
122 OECD. Tax Challenges Arising from Digitalisation – Report on Pillar One Blueprint.
p. 7-8. Disponível em: https://www.oecd.org/tax/beps/tax-challenges-arising-from-
-digitalisation-report-on-pillar-one-blueprint-beba0634-en.htm. Acesso em: 14 nov.
2020.
123 OECD. OECD invites public input on the Secretariat Proposal for a “unified approach” under
Pillar One. Disponível em: http://www.oecd.org/tax/oecd-invites-public-input-on-the-secre-
tariat-proposal-for-a-unified-approach-under-pillar-one.htm. Acesso em: 14 nov. 2020.
Plano base erosion and profit shifting 219
124 OECD. Secretariat Proposal for a “unified approach” under Pillar One. p. 4. Disponível
em: http://www.oecd.org/tax/beps/public-consultation-document-secretariat-pro-
posal-unified-approach-pillar-one.pdf. Acesso em: 14 nov. 2020.
125 Ibid., p. 9.
126 Ibid., p. 5.
127 DE MOOIJ, Ruud; LIU, Li; PRIHARDINI, Dinar. An assessment of global formula appor-
tionment. IMF Working Paper WP/19/213. Outubro 2019, p. 6. Disponível em: https://
www.imf.org/en/Publications/WP/Issues/2019/10/11/An-Assessment-of-Global-For-
mula-Apportionment-48718. Acesso em: 12 set. 2020.
128 Ibid., p. 6.
129 O lucro residual é aquele que resta após a alocação do chamado “lucro de rotina”,
“routine profit”, o qual é auferido no país de residência da empresa. Vide: OECD. Public
Consultation Document. Secretariat Proposal for a “unified approach” under Pillar
One. Outubro 2019, p. 9. Disponível em: https://www.oecd.org/tax/beps/public-con-
sultation-document-secretariat-proposal-unified-approach-pillar-one.pdf. Acesso em:
220 Coleção Jovem Jurista 2021
134 DE MOOIJ, Ruud; LIU, Li; PRIHARDINI, Dinar. An assessment of global formula appor-
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https://www.imf.org/en/Publications/WP/Issues/2019/10/11/An-Assessment-of-Glo-
bal-Formula-Apportionment-48718. Acesso em: 12 set. 2020; COBHAN, Alex; FACCIO,
Tommaso; FITZGERALD, Valpy. Global inequalities in taxing rights: an early evaluation
of the OECD tax reform proposals. Center for Open Science, outubro 2019, “prelimi-
nar draft”, p. 21; JOHANNESEN, Niels. Are less developed countries more exposed to
tax avoidance? Method and evidence from micro-data. The World Bank Economic
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ch-under-pillar-1-proposal. Acesso em: 12 set. 2020.
136 Ibid., p. 2.
222 Coleção Jovem Jurista 2021
137 Ibid., p. 4.
138 Ibid., p. 5.
139 Ibid., p. 5.
140 Ibid., p. 3.
141 TAX JUSTICE NETWORK. Submission by the Tax Justice Network to the OECD com-
ments on the Secretariat Proposal for a “unified approach” under Pillar One. p. 2.
Disponível em: https://www.dropbox.com/s/3pb98p1o3qnz3me/oecd-public-com-
ments-secretariat-proposal-unified-approach-november-2019.zip?dl=0&file_subpa-
th=%2FPublished+15+November+2019%2FTax+Justice+Network.pdf. Acesso em: 12
set. 2020.
142 Ibid., p. 3;
Plano base erosion and profit shifting 223
posal for a “unified approach” under Pillar One. p. 2. Disponível em: https://www.
dropbox.com/s/3pb98p1o3qnz3me/oecd-public-comments-secretariat-proposal-
-unified-approach-november-2019.zip?dl=0&file_subpath=%2FPublished+15+Novem-
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149 COBHAN, Alex; FACCIO, Tommaso; FITZGERALD, Valpy. Global inequalities in taxing
rights: An early evaluation of the OECD tax reform proposals. Center for Open Scien-
ce, out. 2019, “preliminar draft”, p. 23.
150 Ibid., p. 23.
Plano base erosion and profit shifting 225
seus membros, contribuir para uma expansão econômica sólida nos pa-
íses membros e não membros e contribuir para o comércio mundial em
uma base multilateral e não discriminatória.158 A OCDE busca, de fato, um
envolvimento com países não membros e com suas questões econômicas
como forma de assegurar a implementação de suas diretrizes. No entanto,
o poder de decisão no âmbito da organização pertence ao Conselho da
OCDE, o qual é composto por um representante de cada país membro e
por um representante da Comissão Europeia, de forma que os países não
membros não participam desse Conselho e, tampouco, dos processos de
tomada de decisão.159
158 OECD. Convention on the Organisation for Economic Co-operation and Develop-
ment. Disponível em: https://www.oecd.org/general/conventionontheorganisationfo-
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THE GUARDIAN. IMF chief talks Panama Papers fallout: time to “think
outside the box” on global tax. Abril 2016. Disponível em: https://www.
theguardian.com/business/2016/apr/11/panama-papers-imf-christine-
-lagarde-global-tax. Acesso em: 23 ago. 2020.
Resumo
A influência do dinheiro privado sobre os processos democráticos é preo-
cupação constante tanto das doutrinas nacional e internacional quanto da
jurisprudência pátria. Este trabalho busca colaborar com a investigação do
tema a partir de um levantamento teórico, que inclui revisão bibliográfica
e análise da ADI nº 4.650/DF, e uma pesquisa empírica. Acredita-se que,
por meio da exploração e análise dos dados referentes às doações em-
presariais de campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018, e às proposições
legislativas apresentadas por deputados(as) federais do Rio de Janeiro
durante os anos de 2011, 2015 e 2019, será possível traçar correlações para
apurar a influência do financiamento empresarial sobre a atuação parla-
mentar e para averiguar se houve alguma alteração significativa com o
fim desse tipo de doação privada. Embora os resultados da pesquisa não
tenham indicado a existência de uma correlação evidente entre os dois
parâmetros analisados, foram feitas reflexões relevantes acerca do foco
que é dado às doações empresariais, como mecanismo de influência, em
detrimento da atividade do lobby, que deveria passar a ser o ponto central
dos debates acadêmicos e jurisprudenciais sobre o tema.
Palavras-chave
Democracia; Processo eleitoral; Financiamento de campanhas; Doações
empresariais; Atuação legislativa; Influência; Lobby.
Abstract
The influence of money in politics and policies is a common concern amon-
gst national and international academics, and also relevant to the appli-
cation and interpretation of the Federal Constitution. This study seeks to
collaborate with the investigation of the subject with a theoretical analysis,
which includes a literature review and a brief study on an important ruling
from the Supreme Court (ADI nº 4.650/DF), and an empirical investiga-
244 Coleção Jovem Jurista 2021
tion. I believe that, with the investigation and analysis of the data related
to corporate donations to the political campaigns of 2010, 2014 and 2018,
and the bills of law presented by the congressmen and congresswomen
from Rio de Janeiro during the years of 2011, 2015 and 2019, it will be pos-
sible to create correlations to attest the influence of this kind of campaign
funding on the actual parliamentary work and to assess if there was any
significant modification with the prohibition of the corporate donations.
Although the results of this research haven’t indicated to the existence of
a clear correlation between the two analysed parameters, there were dis-
cussed important thoughts regarding the relevancy that it is usually given
to the corporates donations, as a mechanism to influence decision-making,
at the expense of lobbying, which should be at the center of the academic
debates on this matter.
Keywords
Democracy; Electoral process; Political finance; Corporate donations; Par-
liament; Influence; Lobby.
Introdução
1 STF, ADI no 4.650/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, julg. 17.09.2015, DJE
24.02.2016.
2 Sobre o ponto, recordo-me da surpresa de professores que tive na FGV Direito Rio
quando percebiam que seus alunos de primeiro ano conheciam quase todos os mi-
nistros do STF e as discussões que ali ocorriam. Em outras palavras, não se trata de
mérito exclusivo dos discentes da FGV, mas de uma ampliação da relevância social da
Suprema Corte do país. E aqui não trato apenas do que a doutrina (Nesse sentido, cf.
ARGUELHES, Diego; RIBEIRO, Leandro. Ministrocracia: o Supremo Tribunal individual
e o processo democrático brasileiro. Dossiê STF em discussão, CEBRAP, São Paulo, v.
37, p. 13-32, jan./abr. 2018; e VIEIRA, Oscar. Supremocracia. Revista Direito GV, São
Paulo, p. 441-464. jul./dez. 2008.) chama de “ativismo judicial”, mas principalmente
da indignação popular com seus representantes de forma geral, o que fez com que,
de certa forma, a população se aproximasse das discussões do STF e até protestasse
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 245
Metodologia do trabalho
12 Nesse sentido, cf. também SILVA e CERVI (2017, p. 78): “Alguns trabalhos recentes já
têm tentado investigar se haveria efeitos mais perceptíveis da dependência econômi-
ca sobre o comportamento parlamentar e as contrapartidas recebidas pelos doadores.
Notou-se até então que, em alguns casos, houve valorização nas ações de empresas
que financiaram campanhas vitoriosas ou ainda obtenção de maior volume de contra-
tos públicos e com maior valor (CLAESSENS, FEIJEN e LAEVEN, 2008; OLIVEIRA e
ARAUJO, 2013; BOAS, HIDALGO e RICHARDSON, 2014). Contudo, ainda não há con-
firmação empírica entre doação empresarial e apoio a determinada agenda parlamen-
tar em votações em plenário (SANTOS et al., 2015)”.
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 249
13 Cumpre frisar, mais uma vez, que não se trata de argumentação sob a ótica da integri-
dade/legitimidade, ou seja, não se discute a idoneidade de empresas que doam para
campanhas políticas. Assim como o lobby, esta prática pode ser vista como forma
legítima de influência do setor privado sobre o público. Portanto, como será melhor
demonstrado no Capítulo I, o que se questiona é se deve o setor privado poder influir
desta maneira no processo eleitoral. Com isso, investiga-se, neste estudo, se esta in-
fluência era observável na atuação parlamentar e se ela sofreu alguma alteração com
a posterior proibição das doações empresariais.
14 “No total dos recursos externos de R$ 3,1 bilhões arrecadados na campanha de 2010,
75% são provenientes de empresas, 14% de doações de cidadãos e 11% são recursos
próprios dos candidatos. Esses valores apresentam certa variação, dependendo dos
cargos disputados. Há uma clara linha crescente em relação ao peso do financiamento
pelas empresas dos cargos com menos poder político para os cargos de maior impor-
tância. Enquanto os deputados estaduais financiam 44% das suas campanhas com re-
cursos próprios, os candidatos disputando a Presidência recebem 91% de empresas.”
(SPECK, 2015, p. 253-255).
15 “Certamente um dos efeitos mais observados do impacto do dinheiro sobre a com-
petição política é o desequilíbrio causado pelas presenças díspares de recursos em
campanhas. Quer dizer, portanto, que candidatos mais bem financiados são aqueles
que apresentam maiores números de votos em eleições proporcionais e majoritárias.
(SAMUELS, 2001; PEIXOTO, 2010; FIGUEIREDO FILHO et al., 2013; SPECK e MANCU-
SO, 2012; SPECK e CERVI, 2013; EDUARDO, 2014). Mas mais do que bem votados,
um grande volume de receitas afeta positivamente a chance de sucesso eleitoral dos
competidores (CERVI, 2010; SACCHET e SANTOS, 2012; CERVI, 2013; MANCUSO e
FIGUEIREDO FILHO, 2014).” (SILVA e CERVI, 2017, p. 78).
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 251
Metodologia de análise
Este trabalho buscou reunir tanto elementos mais teóricos, como a dou-
trina, legislação e jurisprudência sobre o tema, quanto uma análise verda-
deiramente empírica para poder construir uma sólida proposta de estudo
sobre a influência do financiamento empresarial de campanhas – e, em
última análise, da influência do dinheiro empresarial em todas as suas pos-
síveis acepções – sobre a atuação dos(as) parlamentares brasileiros(as).
Dito isso, o presente estudo é organizado a partir de: (i) revisão bibliográ-
fica acerca do entendimento da doutrina sobre o financiamento de cam-
panhas no Brasil, mais especificamente sobre o financiamento empresarial
e sua influência na política; (ii) análise do julgamento da ADI nº 4.650 e
de sua relevância como marco para o financiamento eleitoral no país; (iii)
levantamento empírico de (iii.1) dados referentes às doações empresariais
feitas a candidatos(as) ao cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro;
e (iii.2) PLs, PLPs e PECs apresentadas pelos(as) deputados(as) estuda-
dos(as); e, por fim, (iv) breves conclusões e novas hipóteses acerca da
influência privada na política, com enfoque para o papel crucial que a ativi-
dade do lobby passa a ter no Brasil. A partir dessa estrutura de análise, que
contempla diferentes ferramentas metodológicas para buscar uma melhor
compreensão sobre o tema, passa-se agora a explicitar cada uma a partir
de sua característica metodológica, ou seja, agrupando-se as análises te-
óricas e as empíricas.
Do levantamento teórico
Do levantamento empírico
16 Nesse sentido, confira análise com relação às PECs: “Observa-se que, em geral, o nú-
mero de PECs teve picos de apresentação nos primeiros anos das Legislaturas, tanto
na Câmara quanto no Senado. Esse comportamento já foi observado anteriormente
pela equipe do Congresso em Números”. SGANZERLA, Rogério; VASCONCELLOS,
Fábio; SCOVINO, Fernanda; CASTRO, Matheus. Introdução. Parte 1 – Trinta anos de
propostas e modificações constitucionais. In: CERDEIRA, Pablo; VASCONCELLOS, Fá-
bio; SGANZERLA, Rogério (Orgs.). Três décadas de reforma constitucional: onde e
como o Congresso Nacional procurou modificar a Constituição 1988. Rio de Janeiro:
Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas, 2018. p. 42. Sobre as
observações apontadas acerca de análises anteriores do projeto, cf. CERDEIRA, Pablo
de Camargo; VASCONCELLOS, Fábio; SGANZERLA, Rogério; CUNHA, Brenda; CARA-
BETTA, João; SALES, Alifer; SCOVINO, Fernanda. Congresso em números: a produção
legislativa do Brasil de 1988 a 2017. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro
da Fundação Getúlio Vargas, 2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/10438/24019.
Acesso em: 10 out. 2020.
17 Especialmente http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/ e https://www.tse.jus.
br/hotsites/pesquisas-eleitorais/candidatos_anos/2010.html.
18 Dados disponibilizados na plataforma Github, como será explicado ao final desta In-
trodução. Nesse sentido, confira p. 256, nota de rodapé no 25.
254 Coleção Jovem Jurista 2021
Todavia, este trabalho não tem a pretensão de dar uma resposta fi-
nal à questão da influência empresarial sobre a política. Trata-se de um
primeiro passo para buscar tanto a compreensão empírica quanto teórica
de um fenômeno pouco explorado. Assim, acredita-se que seja possível
colaborar para o debate em questão com a metodologia utilizada, com
os dados levantados, com as conclusões obtidas e com os aprendizados
que se extraem deste estudo, pois, a partir dele, a academia pode compre-
ender que o foco não deve ser a análise de PLs, PLPs e PECs, mas sim de
outras formas de atuação parlamentar, por exemplo.
34 Ibid, p. 21, tabela 2.1 “The rationale behind different types of donations bans”.
35 Political Finance Database, IDEA. Disponível em: https://www.idea.int/data-tools/
data/political-finance-database. Acesso em: 10 set. 2020.
36 Nesse sentido, cf. MOHALLEM, Michael; COSTA, Gustavo. Crowdfunding e o futuro
do financiamento eleitoral no Brasil. Revista Estudos Eleitorais, v. 10, n. 2, maio/ago.
2015 e MOHALLEM, Michael. Doação ou investimento? Alternativas ao financiamento
desigual de campanhas eleitorais. In: FALCÃO, Joaquim (Org.). Reforma eleitoral no
Brasil: legislação, democracia e internet em debate. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2015.
37 Para mais, cf. MOHALLEM e COSTA, Ibid., p. 164-171.
262 Coleção Jovem Jurista 2021
O conceito de “poliarquia” foi cunhado por Robert Dahl (1997)41 para teori-
zar acerca de uma democracia “perfeita”. Para ele, uma poliarquia deveria
ser responsiva, isto é, seus cidadãos deveriam ter oportunidades plenas
de: (1) Formular suas preferências; (2) Expressar suas preferências a seus
concidadãos e ao governo, de forma individual e coletiva; e (3) Ter suas
preferências igualmente consideradas na conduta do governo. Além do
direito de voto, elegibilidade para cargos públicos e eleições livres e idô-
neas, a responsividade também se subdivide em outros direitos,42 que hoje
consideramos como básicos em um Estado Democrático de Direito. Acre-
dito que este conceito basilar da Ciência Política pode ajudar a demonstrar
a importância do voto para um regime democrático, de modo que as críti-
cas ao poder/consequências do financiamento empresarial de campanhas
que serão apresentadas sejam analisadas sob essa perspectiva, ou seja,
como problemas centrais de uma democracia.
38 Ibid., p. 164-165.
39 Cf. MELLO, Bernardo. “Vaquinhas” em apoio a candidatos já somam R$ 4,5 milhões;
veja quem recebeu mais contribuições. SONAR – A escuta das redes, O Globo, 2020.
Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.com/sonar-a-escuta-das-redes/post/va-
quinhas-em-apoio-candidatos-ja-somam-r-45-milhoes-veja-quem-recebeu-mais-con-
tribuicoes.html. Acesso em: 2 nov. 2020.
40 Cf. BEEKMAN, Daniel. Seattle mailing out “democracy vouchers” ahead of 2019 City
Council elections. The Seattle Times, 2019. Disponível em: https://www.seattleti-
mes.com/seattle-news/politics/seattle-mailing-out-democracy-vouchers-ahead-of-
-2019-city-council-elections/. Acesso em: 10 out. 2020.
41 DAHL, Robert. P oliarquia. São Paulo, EDUSP, 1997.
42 Ibid., p. 27.
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 263
43 FALGUERA, Elin; JONES, Samuel; OHMAN, Magnus, Orgs. Funding of political parties
and election campaigns: a handbook on political finance. Stockholm: IDEA, 2014. p.
23.
44 Global commission on elections, democracy & security (tradução livre do inglês).
45 Tradução livre de: “Over the course of my career, I have witnessed the negative impact
of money on politics and governance. There is increasing evidence that corruption and
unregulated donations are exercising undue influence on politics and undermining the
integrity of elections. In some countries, money from organized crime has infiltrated
politics to gain control over elected officials and public institutions. These threats to
democratic politics help explain why large numbers of people around the world are
losing faith in politicians and democratic processes”.
264 Coleção Jovem Jurista 2021
sivo para a eleição. Com isso, questiona-se a isonomia entre os(as) can-
didatos(as) e o livre convencimento dos(as) eleitores(as). É dizer, caberia
ao setor empresarial (CNPJs) – que não tem poder de voto – este poder
de decidir um pleito eleitoral? Seria esse enorme poder de influência de-
sejável em uma poliarquia? Trata-se de questionamentos relevantes e que
serão mais bem explicitados no Capítulo II, contudo, não são o foco deste
trabalho.
Dito isso, há autores que já buscaram mapear essa influência das do-
ações empresariais sobre os políticos eleitos.48 Algumas dessas análises
já feitas envolvem estudos sobre: (i) o acesso ao financiamento e bancos
públicos (sobretudo o BNDES); (ii) a obtenção de contratos com o go-
verno; (iii) o desempenho econômico das empresas de acordo com suas
doações; (iv) o aumento da proteção comercial em termos de desvios da
Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul; (v) benefícios tributários con-
cedidos; e (vi) benefícios em geral. Contudo, como já adiantado na Intro-
dução deste trabalho, percebe-se uma lacuna nos estudos sobre eventuais
vínculos entre as doações e a atuação parlamentar. Para além de Mancuso
(2012), Figueiredo Filho (2009), em suas considerações finais, também in-
dica para uma ausência de análises referentes à correlação entre doações
empresariais e a atividade legiferante:
Com isso, pode-se apontar tanto para características que dizem res-
peito ao papel que certos(as) deputados(as) têm em virtude de suas fun-
ções na Câmara, quanto para as ferramentas de produção legislativa. Nes-
se sentido, cumpre destacar as prerrogativas que têm os líderes (art. 10,
RICD), os membros da Mesa (art. 15, RICD), a Presidência (art. 17, RICD) e
os membros das Comissões (art. 24, RICD), especialmente seus Presiden-
tes (art. 41, RICD). Trata-se de distinção importante pois pode indicar que
esses(as) deputados(as) devem receber maior atenção do setor privado
quando da realização de doações, isto é, embora essas funções sejam atri-
buídas apenas com o início dos trabalhos legislativos – e, portanto, muito
48 Cf., por exemplo, Mancuso (2012) para um levantamento bibliográfico sobre o tema.
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 267
[...] Frise-se, ademais, que essa opção por uma postura mais
particularista do Supremo Tribunal Federal não tem que ver
com uma suposta expertise para tratar com processo eleitoral.
Na realidade, muitos membros da classe política detêm
vasto conhecimento sobre a temática, além de conseguirem
vislumbrar desenhos constitucionais muito efetivos em
termos práticos. Contudo, o controle jurisdicional, aqui,
decorre verdadeiramente da posição de maior insulamento
de que desfruta o Poder Judiciário em face do poder político
quando comparado com o Legislativo e o Executivo.
Outro ponto, suscitado no voto do Ministro Teori Zavascki (p. 19, grifo
nosso), trata de uma visão cética quanto à relação entre o fim das doações
empresariais e o término da influência privada sobre o sistema político. O
Ministro não somente critica a proposta do que chama de “messianismo
judicial” – que seria uma atuação excessiva do STF, indo além de seus li-
mites constitucionais e interferindo nas competências de outros Poderes
–, como também sugere que as doações não deixarão de ocorrer, pois se
manteriam de forma ilegítima e sem fiscalização:
57 Todas essas informações foram extraídas do site da Câmara dos Deputados (www.
278 Coleção Jovem Jurista 2021
valores totais doados por cada CNPJ a cada candidato(a) e a cada ano.
Após essa concentração das informações levantadas, chegou-se a um to-
tal de 235 (duzentos e trinta e cinco) doações. Porém, essa informação
pouco diz sobre as doações em si, apenas evidenciando que os doadores
preferem realizar várias doações esparsas ao invés de concentrar as quan-
tias doadas em uma ou poucas doações. O que de fato é relevante para o
estudo em questão é antes o valor total das doações.
A partir desses dados, foi feito mais um corte para focar apenas nas
doações de empresas privadas, ou seja, foi retirada a informação referente
aos valores doados pelos partidos políticos e campanhas políticas. O re-
sultado foi o Gráfico 5 – Soma das doações recebidas por setor (macro) +
100K, que mostra, para cada candidato(a), o valor total doado por setor
econômico – utilizando-se agora como limite mínimo da soma das doa-
ções o valor de 100 mil reais.63 Com esse gráfico, é possível visualizar quais
setores estão entre os que mais doaram para cada candidato(a) e, assim,
poderemos cruzar os dados com a classificação feita acerca dos setores
afetados/correspondentes às propostas legislativas analisadas. Espera-se
que, seguindo a hipótese deste trabalho, o(a) deputado(a):
65 Conforme adiantado, todos os dados levantados para este trabalho estão disponíveis
em: https://github.com/Rodrigo-Roll/TCC_Rodrigo_Roll/.
66 Mais uma vez, cumpre salientar que as categorias “Setor (macro)” e “Setor (micro)”
deste levantamento empírico não apresentam as mesmas variáveis que as categorias
de mesmo nome no levantamento dos dados acerca das doações de campanha. Fo-
ram utilizados os mesmos nomes apenas para facilitar a correlação entre os dados dos
dois levantamentos.
286 Coleção Jovem Jurista 2021
Para facilitar a visualização dos dados, também foi feito um corte para
a apresentação das informações referentes ao levantamento das proposi-
ções legislativas. Neste caso, fez-se uma filtragem nos dados para selecio-
nar apenas os setores “macro” que receberam um mínimo de três propos-
tas, como se vê no Gráfico 7 - PLs apresentados por setor (macro). Com
67 Para fins de esclarecimento: onde se lê “PLs”, considerar “PLs, PLPs e PECs”. Foi utili-
zada a primeira abreviatura apenas para facilitar a visualização gráfica.
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 287
isso, percebe-se o setor que figurou mais vezes como assunto ou tema de
proposições foi o Comercial e Consumidor (cerca de 30 vezes), seguido
dos setores de Tributos (cerca de 25 vezes), Penal (24 vezes), CLT (cerca
de 14 vezes), Mobilidade urbana (cerca de 13 vezes) e demais presentes
no Gráfico 7. Contudo, como adiantado, no caso dos dados referentes às
proposições legislativas apresentadas, a coluna “setor (macro)” foi preen-
chida com base no tema/assunto da proposta, enquanto a coluna “setor
(micro)” foi preenchida com base no setor econômico que estaria sendo
impactado pela proposição. Com isso, embora os dados referentes ao as-
sunto/tema das propostas legislativas possam ser interessantes à análise,
em caráter complementar, importante focar, principalmente, nas informa-
ções do “setor (micro)”.
Gráfico 8. PLs apresentados por setor (micro)
69 Com efeito, sabendo que nem todos os setores “micro” estão aqui representados pois
foi realizado um filtro para tratar apenas dos dados referentes aos maiores doadores
(e aos respectivos setores correspondentes na planilha de proposições legislativas),
os setores “macro” (da planilha de doações) de Construção e Imobiliário podem ser
identificados no setor “micro” (da planilha de propostas legislativas) Imobiliário; o
setor “macro” de Serviços (subdividido nos setores “micro” de Engenharia, Incorpo-
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 289
dos, para fins de visualização, os setores “micro” (da planilha das proposi-
ções legislativas) Energia, Imobiliário e Transportadores, uma vez que os
dois primeiros apresentam somente duas ocorrências cada um e apenas
nas proposições legislativas do deputado Aureo Ribeiro (sendo as do pri-
meiro em 2019 e, as do segundo, uma em 2011 e outra em 2015), e o último
apresenta apenas uma ocorrência, dentre as proposições legislativas de
2015 do deputado Rodrigo Maia. Feitos esses esclarecimentos, passemos
à análise do Gráfico 9.
rações, Telecomunicações e TI) pode ser identificado nos setores “micro” Imobiliário
e Telecomunicações; o setor “macro” Financeiro pode ser identificado no setor “mi-
cro” de Financeiro e grandes fortunas; o setor “macro” de Produção (subdividido nos
setores “micro” de Plástico, Bebidas alcoólicas, Transportes, Minério, Medicamentos,
Bebidas não alcoólicas e Alimentos) pode ser identificado nos setores “micro” de Ali-
mentos e bebidas, Rede hospitalar e farmácias, Trânsito e DETRAN, Automobilístico
e Energia; o setor “macro” Comercial (subdividido nos setores “micro” de Alimentos,
Bebidas alcoólicas, Energia e Transportes) pode ser identificado nos setores “micro”
de Alimentos e bebidas, Trânsito e DETRAN, Automobilístico e Energia; o setor “ma-
cro” de Saúde (subdividido nos setores “micro” de Rede hospitalar, Plano de saúde e
Medicamentos) pode ser identificado no setor de Rede hospitalar e farmácias; e, por
fim, o setor “macro” Ambiental (subdividido nos setores “micro” de Tratamento de
resíduos não perigosos e Serviços) pode ser identificado no setor “macro” Ambiental
(como se trata de tema de beneficiários/impactados não identificáveis, acredito que
faz sentido que a comparação seja feita com a classificação do próprio tema/assunto
das proposições legislativas).
290 Coleção Jovem Jurista 2021
70 Cabe destacar que o deputado Alessandro Molon não apresentou nenhuma proposta
legislativa no ano de 2015 (N/A).
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 293
CONCLUSÃO
71 Cumpre apenas repisar que a decisão do STF na ADI no 4.650 foi de extrema relevân-
cia para o aprimoramento da competição eleitoral no país. Em outros termos, embora
os achados deste estudo indiquem que não há correlação clara entre as doações em-
presariais realizadas e a atuação parlamentar, com todas as ressalvas feitas, o fim do
financiamento empresarial de campanhas políticas foi fundamental per se: a simples
existência dessa forma de financiamento – como demonstrado pela doutrina nacional
e internacional – era prejudicial à democracia e à competição eleitoral. Assim, as possí-
veis consequências do financiamento sobre a atuação parlamentar não representavam
o único problema deste tipo de doação de campanhas políticas.
Dinheiro, eleições e atuação parlamentar 295
Diante dessas conclusões acerca dos dados analisados, cabe refletir sobre
outras possíveis formas de influência do setor privado sobre o público,
bem como outros loci de observação/manifestação dessa influência na
atuação parlamentar. Começando por este último ponto, acredito que este
trabalho tenha evidenciado que dificilmente pode-se identificar o setor
econômico beneficiado/impactado pelos PLs, PLPs e PECs. Na verdade,
grande parte dessa atuação legislativa dos(as) deputados(as) estuda-
dos(as) voltava-se para grupos ou questões sociais, e não necessariamen-
te econômicas.
nº 4.650. Com efeito, como não ficou clara a correlação feita partindo-se
das doações empresariais – e tendo em mente que esta já não foi uma
possibilidade em 2018 e, até o momento, não será em pleitos futuros –, de-
ve-se buscar outros parâmetros para investigar a questão da influência do
dinheiro privado, tão debatida pela doutrina e pela jurisprudência. Como
adiantado, mesmo considerando os resultados deste trabalho, a decisão
final do STF não deve ser questionada, haja vista que o financiamento em-
presarial representava um problema democrático e, sobretudo, eleitoral
per se. No entanto, talvez o argumento utilizado pela maioria do Plená-
rio – e, repise-se, amparado na doutrina especializada sobre o tema –, no
que diz respeito aos impactos das doações empresariais sobre a atuação
do(s) candidato(s) já eleito(s), deveria ter problematizado outra forma de
influência: o lobby. E não digo isso para buscar a criminalização desta ati-
vidade legítima, como já explicitado, mas para viabilizar um debate sobre
seus contornos.
Referências bibliográficas
______. Maguns. Getting the political finance system right. In: FALGUERA,
Elin; JONES, Samuel; OHMAN, Magnus (Orgs.). Funding of political par-
ties and election campaigns: a handbook on political finance. Stockholm:
IDEA, 2014.
Anexos
Gráfico 10. PLs Molon por setor (micro)
Resumo
O presente trabalho foi formulado com o propósito de fornecer uma res-
posta alternativa aos questionamentos apresentados no âmbito da Con-
sulta nº 025.285.2017-3, em trâmite no Tribunal de Contas da União. Dessa
forma, objetiva-se responder às seguintes perguntas: (i) se é possível su-
primir os direitos conferidos às golden shares; (ii) qual seria o ente respon-
sável pela referida extinção; (iii) e se essa operação exigiria o pagamento
de uma contrapartida pecuniária ao ente público que anteriormente pos-
suía a titularidade dessas ações. Para tanto, o instituto das golden shares
é analisado por meio do recurso ao histórico dessa participação acionária
tanto no âmbito internacional como nacional. Em sequência, são indica-
dos os principais questionamentos, apresentados ao longo dos anos, pela
doutrina de Direito Público e pelos teóricos de Direito Privado, em de-
corrência da emissão dessas ações. Com enfoque no contexto brasileiro,
são identificados os casos em que o Poder Público poderia ter alterado o
curso de deliberação das companhias, mas optou por não recorrer às prer-
rogativas conferidas pelas ações preferenciais de classe especial. Diante
dessa exposição, é demonstrado que essas ações não só podem ser extin-
tas, como devem ser retiradas do capital social das companhias privadas,
para que haja a plena observância do art. 173, caput, da CRFB/88. Em
seguida, é traçado um paralelo entre o cenário europeu, que demandou a
extinção dessas ações por expressa determinação judicial, e o caso bra-
sileiro, em que se questiona a possibilidade de a própria Administração
Pública revisitar os fundamentos que ensejaram a emissão dessas ações.
Assim, é relatado todo o andamento da Consulta nº 025.285.2017-3, com
a respectiva indicação do posicionamento de cada um dos ministros e dos
agentes envolvidos no processo para que, ao final, seja possível concluir
que: as golden shares devem ser extintas, quando superadas as razões de
interesse público que motivaram a sua previsão, sendo necessário, para
306 Coleção Jovem Jurista 2021
Palavras-Chave
Golden share; Ações preferenciais de classe especial; Desestatização; Tri-
bunal de Contas da União.
Abstract
The present work was formulated with the purpose of providing an alter-
native answer to the questions presented in the scope of Consultation no.
025.285.2017-3, in progress in the Federal Court of Accounts. Thus, the
objective is to answer the following questions: (i) whether it is possible to
suppress the rights linked to the golden shares; (ii) which entity would be
responsible for the extinction of these shares; (iii) and whether this opera-
tion would require the payment of a pecuniary consideration to the public
entity that previously owned these participation. To this end, the golden
shares institute is analyzed through the use of the history of this shares,
both internationally and nationally. In sequence, the main questions made
by the doctrine of Public Law and Private Law, related to these shares,
are presented. With a focus on the Brazilian context, cases are identified
where the public body could have altered the companies’ deliberation cou-
rse, but chose not to resort to the privileges conferred by the special sha-
res. In view of this exposure, it is characterized that these actions can not
only be extinguished, but must be withdrawn from the share capital of
private companies, so that there is full observance of article 173, caput of
CRFB/88. Next, a parallel is drawn between the European scenario, which
required the extinction of these shares by express judicial determination,
and the brazilian case, in which we discuss the possibility of the public
administration itself review the fundamentals that gave rise to the issue of
these shares. Thus, the entire progress of Consultation no. 025.285.2017-3,
indicating the position of each of the ministries is related, so that at the
end, it’s possible to realize that: golden shares must be extinguished, when
the reasons of public interest that motivated its prediction are overcome,
being necessary, for that, only the decision of the Investment Partnerships
Council, without the need of any kind of pecuniary consideration.
Keywords
Golden share; Special class of shares; Privatization; Federal Court of Ac-
counts.
Como extinguir uma golden share 307
Introdução
Por quais motivos o Estado opta por deixar de explorar diretamente uma
determinada atividade econômica? Com essa retirada, as atividades ante-
riormente desenvolvidas pelas entidades da Administração Pública podem
ser apropriadas pelos agentes privados?
1 Segundo o §1o, do art. 2o, da Lei no 9.491/97, considera-se desestatização: “a) a alie-
nação, pela União, de direitos que lhe assegurem, diretamente ou através de outras
controladas, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria
dos administradores da sociedade; b) a transferência, para a iniciativa privada, da exe-
cução de serviços públicos explorados pela União, diretamente ou através de entida-
des controladas, bem como daqueles de sua responsabilidade; c) a transferência ou
outorga de direitos sobre bens móveis e imóveis da União, nos termos desta Lei”.
2 Nesse sentido, Armando Castelar Pinheiro e Fabio Gimbiagi na obra “Os antecedentes
macroeconômicos e a estrutura institucional da privatização no Brasil” destacam: “No
último quarto de século, enquanto o Brasil lutava para estabilizar a economia e reto-
mar o crescimento sustentado, formou-se gradualmente um elo entre a privatização
e a política macroeconômica. Ao enviar ao Congresso Nacional, em março de 1990, a
Medida Provisória 155, contendo o que viria a ser a base legal do Programa Nacional
de Desestatização (PND), o Executivo tencionava usar a privatização para reduzir a
dívida pública e consolidar o plano de estabilização promulgado na mesma ocasião”.
Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/15306/1/Cap%20
1-%20Os%20antecedentes%20macroeconômicos%20e%20a%20estrutura%20intitu-
cional_P_BD.PDF. Acesso em: 25 jun. 2020.
3 No caso brasileiro, em âmbito federal, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda em
2018, comprometeu-se a obter um trilhão de reais, em operações de desestatização,
por meio da alienação de ativos: “Calculamos que temos cerca de R$ 1 trilhão em ati-
vos (da União) a ser privatizados, incluindo as ações do Tesouro na Petrobras”, disse
Paulo Guedes, em agosto de 2018, ainda na campanha presidencial, antes de se tornar
ministro da Economia no governo de Jair Bolsonaro. Disponível em: https://www.bbc.
com/portuguese/brasil-53759942. Acesso em: 28 nov. 2020. Da mesma forma, já em
2020, o atual Ministro se comprometeu a obter os mesmos valores, com a venda dos
imóveis de propriedade da União: “O ministro da Economia, Paulo Guedes, retomou o
discurso de que pode vender R$ 1 trilhão em imóveis para abater dívida”. Disponível
em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/04/30/venda-de-imoveis-recua-
-mas-ministro-volta-a-prometer-r-1-tri.ghtml. Acesso em: 28 nov. 2020.
308 Coleção Jovem Jurista 2021
Desse modo, para que seja possível indicar, ao final desta exposição,
as respostas às indagações anteriormente suscitadas, o presente trabalho
abordará, em sua primeira seção, o histórico das golden shares, tanto no
exterior quanto no Brasil, com o objetivo de indicar as principais caracte-
rísticas que conferem a este título mobiliário um caráter sui generis. Em se-
Como extinguir uma golden share 309
Experiência Internacional
4 “O conceito de ‘golden share’ surgiu durante a privatização britânica dos anos 80,
quando as empresas públicas como Britol e Jaguar, foram vendidas pelo governo
conservador da Primeira-Ministra Margaret Thatcher.” (tradução livre) (BAEV, 1995).
5 Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Coorporativa, governança corporativa é
“o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração,
diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”. Disponível
em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa. Acesso em: 10
abr. 2020.
310 Coleção Jovem Jurista 2021
8 PELA, 2012.
9 Segundo Pela (2012), o governo do Reino Unido emitiu tais ações no processo de
privatização das seguintes empresas: (i) “British Aerospace, fabricante de aeronaves
civis e militares e de materiais bélicos”, (ii) “Cable & Wireless, prestadora de serviços
de telecomunicação”, (iii) “Amersham International, responsável pela fabricação de
produtos radioativos para uso em medicina e pesquisa”, (iv) “Britoil, cujas atividades
se concentravam no setor petrolífero”, (v) “Sealink, prestadora de serviços de trans-
porte marítimo”, (vi) “Enterprise Oil que também atuava no setor petrolífero”, (vii)
“Jaguar, fabricante de automóveis”, (viii) “British Telecom, prestadora de serviços de
telefonia”, (ix) “British Gas, que atuava no setor de gás natural”, (x) “Rolls-Royce, cujas
atividades se concentravam no setor aeroespacial, aeronáutico e de defesa”, (xi) “Bri-
tish Airports Authority, responsável pela gestão dos aeroportos do Reino Unido”, (xii)
“British Petroleum, indústria petrolífera”, (xiii) “British Steel, indústria de aço”, (xiv)
“National Power, geradora de energia” e, (xv) “as prestadoras de serviço de sanea-
mento básico e fornecimento de água”.
10 “O governo britânico reteve a chamada golden share em ambas as empresas, o que
permitiu que o governo prevalecesse sobre todos os acionistas, independentemente
do número de ações detidas pelo governo.” (tradução livre) (BAEV, 1995).
11 Aludida característica, inerente às golden shares, será relevante ao longo do desen-
volvimento do presente trabalho tendo em vista que – conforme será futuramente
demonstrado – em razão de tal particularidade, estas ações não poderão ser alienadas
pelos entes desestatizantes que as titularizam.
312 Coleção Jovem Jurista 2021
12 No mesmo sentido, Bensoussan (2007) prevê que a essas ações são conferidos os
poderes de: “nomear membros para órgãos de direção e o direito de ser ouvido (para
vetar ou não) previamente determinadas deliberações acerca de interesses conside-
rados relevantes nas companhias privatizadas, como alteração de nome, objeto social,
sede social, dissolução, aquisição e alienação de subsidiárias, alienação de participa-
ção do capital social, dentre outros”. Para maiores definições das prerrogativas confe-
ridas a esse título: BAEV, 1995.
13 “Realmente não se pode enunciar, a priori, um conceito abstrato de golden share, já
que elas representam, em sua origem, a veste jurídica de certas políticas públicas.”
(PELA, 2012).
14 Segundo Pela (2012), essa ação foi prevista nas seguintes companhias francesas: “So-
cieté National Elf-Aquitaine, principal companhia no setor de energia francês, Com-
pagnie des Machines Bull, que atuava no ramo de informativa. Agence Havas, que
atua no ramo de comunicações e publicidade; e Societé Matra, cujas atividades se
Como extinguir uma golden share 313
integrarem o Programa”.
17 SCHWIND, Rafael Wallbach. O Estado acionista: empresas estatais e empresas priva-
das com participação estatal. Rio de Janeiro: Editora Almedina, 2017.
18 Do mesmo modo, o Decreto no 1.204 de 1994 – que altera e consolida a regulamen-
tação da Lei no 8.031/90 –, em seu art. 43 se limitou a reproduzir a disposição acima
mencionada: “Art. 43. Havendo razões que o justifique, a União deterá ações de classe
especial do capital social de sociedade privatizada, que conferirão poder de veto de
determinadas matérias previstas no respectivo estatuto”. (grifo nosso)
19 Ao vetar o dispositivo foram ventiladas as seguintes razões de veto: “Revelam-se ex-
cessivos os poderes conferidos aos detentores de ações de classe especial, o que re-
dundará, à toda evidência, na redução do valor do controle acionário da empresa a ser
privatizada, quando, na realidade, tais poderes devem depender das especificidades
de cada empresa, tal como preceitua, de modo satisfatório, o inciso XIII do próprio
art. 6º e o inciso XV do art. 21 do Projeto”. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/anterior_98/VEP-LEI-8031-1990.pdf. Acesso em:
15 maio 2020.
Como extinguir uma golden share 315
26 Nesse sentido, Pela (2012) pontua que o fundamento para a inclusão dessa previsão
no âmbito do Projeto de Lei no 3.519, de autoria do Deputado Federal Luiz Carlos
Hauly era garantir que os procedimentos de desestatização, em que essas ações fo-
ram previstas unicamente com base nos diplomas regulamentadores do PND não fos-
sem questionadas judicialmente. Assim, segundo constou da justificação de tal inicia-
tiva legislativa: “A Lei no 8.031, de 12 de abril de 1990, que cria o Programa Nacional de
Desestatização e dá outras providências, previu a criação de ações de classe especial,
que confeririam à União poder de veto em determinadas matérias, as quais deveriam
ser caracterizadas nos estatutos sociais das empresas privatizadas. [...] Ocorre que
essa previsão de criação de ações de classe especial, tem sido questionada sob o ar-
gumento de que ‘essas ações não existem na legislação brasileira’ e que ‘seria preciso
criar essa espécie nova de ação para depois se dizer que o estatuto da companhia
privatizada deveria atribuir essas ações à União.” (Diário do Senado Federal, edição de
18 de abril de 2001, p. 06140-06141).
Dentre os questionamentos suscitados com relação à adoção das golden shares e,
aos quais o Deputado Luiz Hauly faz referência, destacam-se as ações ajuizadas em
razão do processo de Privatização da Companhia Vale do Rio Doce (Ação Popular
no: 1997.39.00.12696-8 – em trâmite na 1a Vara da Justiça Federal do Pará – e a ADI
no: 1597-4). Nesse sentido, Pela (2012) pontua que quando do julgamento da ADI os
ministros do STF não conheceram do pleito dado que “(i) a ação de classe especial
já estava prevista no artigo 8o da Lei no 8.031/90 e, portanto, não foi introduzida
no ordenamento brasileiro por normas regulamentares; (ii) nesse sentido, não houve
qualquer violação ao princípio constitucional da legalidade; (iii) a alegada incompati-
bilidade da ação de classe especial com os preceitos da Lei no 6.404/76 não deveria
ser apreciada em ação direta de constitucionalidade”.
27 Para além dos dispositivos que regulamentaram a matéria em âmbito Federal, com a
edição da Lei no 10.303/01, que permitiu a emissão das golden shares em favor dos
demais entes da federação, alguns estados também editaram disposições que auto-
rizaram a possibilidade de recurso a tal instrumento no âmbito de seus próprios Pro-
gramas Estaduais de Desestatização o que demonstra claramente a expansão desse
recurso. Esse foi o caso do Estado do Rio de Janeiro (art. 8o, da Lei no 2.470/95) e
do Estado de São Paulo (art. 9o, da Lei no 9.361/96), que elaboraram normas muito
similares à previsão federal.
Como extinguir uma golden share 317
den shares podem, agora, ser instituídas por todos os entes da federação,28
aos quais poderão ser conferidos tanto o poder de veto quanto outros
poderes especiais a serem definidos pelo estatuto social, numa ampliação
da dimensão objetiva.
Desse modo, tendo em vista que, com a Lei do PPI, compete ao Con-
selho do Programa de Parcerias de Investimentos o exercício das compe-
tências atribuídas ao Conselho do Programa Nacional de Desestatização,
na forma do art. 7º, V, alínea “c”, caberá ao aludido órgão colegiado a
recomendação acerca da emissão dessa ação de classe especial.
28 “Desta forma: algumas alterações substanciais são percebidas com a Lei 10.303: po-
dem ser as golden shares criadas também pelos Estados e Municípios quando da pri-
vatização das suas companhias estatais; são necessariamente preferenciais; podem
conferir outros poderes, devidamente especificados no estatuto, e, por fim, as referi-
das ações são de propriedade exclusiva do ente desestatizante, que não pode transfe-
rí-las a terceiros, sejam estes particulares ou mesmo outras pessoas jurídicas de direito
público.” (BENSOUSSAN, 2007).
29 “O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foi criado, no âmbito da Presidência
da República, pela Lei no 13.334, de 2016 com a finalidade de ampliar e fortalecer a
interação entre o Estado e a iniciativa privada por meio da celebração de contratos
de parceria e de outras medidas de desestatização. Com a lei que instituiu o PPI, duas
estruturas foram criadas na Administração Federal: o Conselho do PPI e a Secretaria
do PPI. O Conselho é o órgão colegiado que avalia e recomenda ao Presidente da Re-
pública os projetos que integrarão o PPI, decidindo, ainda, sobre temas relacionados
à execução dos contratos de parcerias e desestatizações. A Secretaria, vinculada ao
Ministério da Economia, atua em apoio aos Ministérios e às Agências Reguladoras para
a execução das atividades do Programa”. Disponível em: https://www.ppi.gov.br/so-
bre-o-programa. Acesso em: 15 maio 2020.
30 Nesse sentido: PAVEZI, 2014.
318 Coleção Jovem Jurista 2021
31 Caso esta dilação de prazo não fosse operada, a referida ação seria convertida em
ação ordinária.
32 Segundo Pela. “Não há notícias sobre o uso dessa faculdade pela União Federal”.
33 Decisão no 206/92 – Plenário TCU.
34 CRFB/88 – “Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme defini-
dos em lei”.
35 Segundo o art. 3o de seu Estatuto Social, a Embraer tem por objeto social: “I. Projetar,
construir e comercializar aeronaves e materiais aeroespaciais e respectivos acessó-
rios, componentes e equipamentos, mantendo os mais altos padrões de tecnologia
e qualidade; II. Promover ou executar atividades técnicas vinculadas à produção e
manutenção do material aeroespacial; III. Contribuir para a formação de pessoal téc-
nico necessário à indústria aeroespacial; IV. Executar outras atividades tecnológicas,
industriais, comerciais e de serviços correlatos à indústria aeroespacial; V. Projetar,
construir e comercializar equipamentos, materiais, sistemas, softwares, acessórios e
componentes para as 2 indústrias de defesa, de segurança e de energia, bem como
Como extinguir uma golden share 319
que: (i) limitou-se o percentual de ações que poderiam ser adquiridas por
estrangeiros a 40% (quarenta por cento), e (ii) explicitou-se que seria ins-
tituída, a favor da União, uma única golden share nos seguintes termos:
41 Pela (2012) e Schwind (2017) elencam estes como os principais questionamentos diri-
gidos à essa ação no cenário brasileiro.
42 Lei no 6.404/76 – “Art. 109, § 1o. As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos
seus titulares”.
43 Lei no 6.404/76 – “Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas delibe-
rações da assembleia-geral”.
44 Lei no 6.404/76 – “Art. 110, § 2o. É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de
ações”.
45 Lei no 6.404/76 – “Art. 129. As deliberações da assembleia-geral, ressalvadas as exce-
ções previstas em lei, serão tomadas por maioria absoluta de votos, não se computan-
do os votos em branco”.
324 Coleção Jovem Jurista 2021
que essa regra pode ser mitigada com base nas exceções previstas em lei.
Desse modo, dado que a própria legislação societária prevê em seu art. 17,
§7º, que as ações preferenciais de classe especial podem exercer “o poder
de veto às deliberações da assembleia geral”, não há que se falar em qual-
quer ilegalidade decorrente de sua emissão.
46 Lei no 6.404/76 – “Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens
que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição”.
47 Pela (2012) sustenta que antes mesmo da reforma da Lei das Sociedades Anônimas as
golden shares poderiam ser previstas: “mesmo antes da reforma da Lei no 6.404/76
pela Lei no 10.303/01, a emissão de golden shares por companhias brasileiras não vio-
lava a tipicidade das espécies e classes de ações, desde que observada, obviamente,
a disciplina importa pelos artigos 16 e 18”.
Como extinguir uma golden share 325
48 “Desta forma: algumas alterações substanciais são percebidas com a Lei 10.303: po-
dem ser as golden shares criadas também pelos Estados e Municípios quando da pri-
vatização das suas companhias estatais; são necessariamente preferenciais; podem
conferir outros poderes, devidamente especificados no estatuto, e, por fim, as referi-
das ações são de propriedade exclusiva do ente desestatizante, que não pode transfe-
rí-las a terceiros, sejam estes particulares ou mesmo outras pessoas jurídicas de direito
público”. (BENSOUSSAN, 2007). (grifo nosso)
49 Para contornar tal crítica, Schwind (2017) pontua que “em determinados casos, é ple-
namente admissível que se prevejam restrições à circulação de ações de emissão da
companhia. No Brasil, admite-se, por exemplo, que o estatuto da sociedade anônima
fechada imponha limites à circulação de ações, desde que (i) regule tais restrições
detalhadamente; (ii) não impeça a negociação das ações e (iii) não sujeite o acionista
ao arbítrio dos órgãos da administração da empresa ou da maioria dos acionistas,
conforme previsto no artigo 36 da Lei no 6.404”.
326 Coleção Jovem Jurista 2021
50 Tal ponto será abordado posteriormente, quando da análise do caso da operação so-
cietária que seria empreendida entre a Embraer e a Boeing para a constituição de uma
joint venture então denominada Boeing-Brasil Comercial.
51 CRFB/88 – “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho huma-
no e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional;
II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante trata-
mento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus
processos de elaboração e prestação; VII – redução das desigualdades regionais e
sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas
de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e admi-
nistração no País”.
52 CRFB/88 – “Art. 170, Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qual-
quer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos,
salvo nos casos previstos em lei”.
Como extinguir uma golden share 327
53 “Pode-se manter, em face da atual Constituição, a mesma distinção que surtia das
anteriores, qual seja a de que ela reconhece duas formas de ingerência do Estado na
ordem econômica: a participação e a intervenção. Ambas constituem instrumentos
pelos quais o Poder Público ordena, coordena e atua a observância dos princípios da
ordem econômica tendo em vista a realização de seus fundamentos e de seu fim, já
tantas vezes explicitados aqui.” (SILVA, 2014).
54 Esse posicionamento foi, em certa medida, internalizado pelo próprio Poder Executivo,
na medida em que, a Proposta de Emenda Constitucional (“PEC”) 37/2020, intitulada
PEC da Reforma Administrativa, propõe a positivação de tal princípio no caput do art.
37 da CRFB/88, por meio da adoção da seguinte redação: “Art. 37. A administração
pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, im-
parcialidade, moralidade, publicidade, transparência, inovação, responsabilidade, uni-
dade, coordenação, boa governança pública, eficiência e subsidiariedade e, também,
ao seguinte [...]”. Para embasar essa inserção, a mensagem de encaminhamento da
aludida proposta assim a justifica: “O princípio da subsidiariedade está associado com
a valorização do indivíduo e das instâncias mais próximas a ele, prestigiando sua au-
tonomia e sua liberdade. Tal princípio, historicamente consolidado, visa a garantir que
as questões sociais sejam sempre resolvidas de maneira mais próxima ao indivíduo-
-comunidade, e só subsidiariamente pelos entes de maior abrangência, ressaltando, no
âmbito da Administração pública, o caráter do federalismo”. Disponível em: https://
www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1928147&filena-
me=PEC+32/2020. Acesso em: 28 nov. 2020.
55 “À atuação direta [...] aplica-se o princípio da proporcionalidade, o que significa que
somente se legitimará a intervenção estatal se outra alternativa não for mais satisfató-
ria. Sob esse prisma, o princípio da proporcionalidade se manifesta como princípio da
subsidiariedade”. (2015).
56 No mesmo sentido, André Cyrino assim se posiciona: “Especificamente, é oportuno
aprofundar a interpretação do caput do art. 173 da Constituição, o qual substancia o
limite básico da intervenção direta, em harmonia com o princípio da subsidiariedade”.
(CYRINO, 2015).
328 Coleção Jovem Jurista 2021
57 Deve-se esclarecer que a referida lei específica apenas autoriza a constituição sendo
necessário, ainda, a realização dos procedimentos administrativos necessários para a
constituição de uma pessoa jurídica tais como o registro na respectiva Junta Comer-
cial.
58 “O fato de o Estado poder exercer essas atividades econômicas não quer dizer que
deva necessariamente fazê-lo por si próprio”. (ARAGÃO, 2018).
59 CRFB/88 – “Art. 174 Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,
sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.
Como extinguir uma golden share 329
60 Essa forma de atuação, por meio da edição de atos normativos, segundo Aragão
(2018), recebe o nome de regulação jurídica. No entanto, a atividade regulatória, lato
sensu, exercida pelo Estado, não se esgota no recurso a tal instrumental.
61 “Ao exercer diretamente atividades econômicas, ou seja, o atuar como agente eco-
nômico, o Estado pode visar não apenas a atender imediatamente os cidadãos, mas
também a influenciar outros agentes econômicos, sejam eles do mesmo setor, de se-
tores a montante (fornecedores de insumos para a atividade econômica) ou a jusante
(adquirentes das matérias-primas e insumos produzidos pela atividade econômica es-
tatal), ou até mesmo da economia em geral”. (ARAGÃO, 2018).
62 Os próprios doutrinadores de Direito Societário defendem tal ponto: “Trata-se de um
330 Coleção Jovem Jurista 2021
Dessa forma, Eizirik (2011) coloca que seria possível até mesmo subs-
tituir algumas funções das agências reguladoras pelas golden shares:64
Contudo, ainda que seja possível a emissão dessas ações com obje-
tivos regulatórios, essa função dúplice exercida por tal título demanda a
[...]
No entanto, resta salientar que, ainda que haja esse dever de funda-
mentação e de observância do art. 173, caput, da Constituição Federal, o
mero cumprimento de tal requisito formal não é capaz de justificar, in-
definidamente, a permanência dessa classe de ações. Isso porque, assim
como, quando da emissão dessa ação, o ente desestatizante reconheceu
que o Estado não deveria mais exercer diretamente aquela atividade eco-
nômica,69 o mesmo poderá ocorrer, posteriormente, com relação aos fun-
damentos que embasaram a criação da golden share.
70 Acerca do caráter híbrido dessas ações Fidalgo (2017) destaca: “Parece-nos que esse
tipo de intervenção guarda um pouco de intervenção direta e um pouco de regulação,
e cada um desses aspectos será mais ou menos acentuado a depender do caso con-
creto e do grau de efetiva influência do Estado na gestão das atividades da companhia
participada. A classificação da natureza de uma golden share, a depender dos poderes
concretos reservados ao Estado, poderá pender para o lado das intervenções regula-
tórias ou das diretas”.
71 “O controle da sociedade anônima constitui um poder de fato, não um poder jurídico,
visto que não há norma que o assegure. O acionista controlador não é sujeito ativo do
poder de controle, mas o tem enquanto for titular de direitos de voto em número sufi-
ciente para obter a maioria nas deliberações assembleares.” [...] “A caracterização do
poder de controle não prescinde da circunstância fática de que ele seja efetivamente
exercido. Além de titular dos direitos de sócio que lhe permitam dirigir ou eleger quem
dirigirá a companhia, o acionista controlador deve efetivamente dirigi-la e eleger a
maioria dos administradores”. (EIZIRIK, 2011).
72 Nesse sentido, Lamy Filho (2017) pontua a necessidade de observância dos 4 (quatro)
requisitos presentes no art. 116 da LSA, para que o acionista se enquadre no conceito
de acionista controlador: “A pessoa ou grupo de pessoas somente é acionista contro-
lador, no conceito legal, quando coexistem quatro requisitos: (a) é titular de direitos
de sócio que lhe assegurem, (b) de modo permanente, (c) a maioria dos votos nas
Como extinguir uma golden share 335
Isso porque, por um lado, autores como Eizirik (2011) sustentam que
“a Lei das S.A., ao não exigir, neste artigo, um percentual mínimo de ações
para definir o controle acionário, admitiu implicitamente o controle mino-
ritário”. E por outro, teóricos como Carvalhosa (2014) defendem que essa
figura, “transplantada” do ordenamento jurídico norte-americano, não en-
contra correspondência no direito societário brasileiro, uma vez que seu
exercício está condicionado à abstenção dos demais acionistas, não sen-
do, portanto, um mecanismo de controle em si mesmo:
bloqueio não se confunde com a titularidade da maioria dos votos nas deliberações da
assembleia-geral (exigida pelo art. 116 da Lei das S.A. para a configuração de poder de
controle” [...] “O direito de veto, por si só, não confere, necessariamente, uma influên-
cia preponderante. Isso dependerá, logicamente, das matérias com relação às quais
esse direito de veto poderá ser exercido”.
76 Nesse sentido, SALOMÃO (2019) pontua que as golden shares podem conferir poder
de controle ao seu titular caso sejam intencionalmente formatadas para desempenha-
rem tal função: “Basta prever virtualmente em estatuto, além da composição da Dire-
toria e do Conselho de Administração, todas as matérias relevantes para os negócios
sociais, atribuindo poder de veto das alterações estatutárias e com o poder de eleger
a maioria dos membros do Conselho, pode-se controlar a sociedade. [...] Sendo a po-
sição do titular da golden share de mero bloqueio e a nomeação de cargos de adminis-
tração, ele só poderá ser caracterizado como controlador na medida em que ele possa
ele mesmo exercer o poder sobre a companhia, i.e., na medida em que o controle seja
gerencial. [...] Através da proteção da inamovibilidade da administração e do bloqueio
a qualquer alteração estatutária que possa diminuir seus poderes, a administração
estará efetivamente controlando a companhia – no sentido de ‘uso efetivo do poder
para dirigir as atividades sociais’ (art. 116, b). Quanto ao requisito mencionado na letra
‘a’ do mesmo dispositivo, está preenchido enquanto requisito negativo, i.e., enquanto
poder de impedir que se tomem deliberações. Há também o poder de eleger a maioria
dos administradores da companhia”. No mesmo sentido, Pela (2012): “[...] ressalvada a
verificação concreta, caso a caso, do caráter permanente da preponderância nas deli-
berações sociais, os critérios legais de identificação do acionista controlador, em tese,
podem ser atendidos pelo titular da golden share. O referido acionista é, com efeito,
potencial titular do poder de controle”.
77 Lei 13.303/16 – “Art. 5o. Para os fins desta lei, considera-se: III – Sociedade de Eco-
nomia Mista – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada
por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima,
cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
Administração Indireta”.
78 Decreto Lei no 200/67 – “Art. 4o. Sociedade de economia mista é a entidade dotada
de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a for-
ma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta”.
79 Nesse sentido (SAADI, 2019) posiciona-se: “O critério não é o da materialidade, mas
o da formalidade: participação majoritária ou não no capital votante da empresa. For-
malidade traz segurança jurídica e simplicidade para a caracterização da figura, neste
contexto”.
340 Coleção Jovem Jurista 2021
No entanto, ainda que fosse possível sustentar que as golden shares per-
mitem que o ente desestatizante exerça uma espécie de controle minori-
tário sobre a companhia, tal conclusão, conforme anteriormente indicado,
dependeria da análise fática dos casos em que o Estado efetivamente go-
zou de tais prerrogativas, com o objetivo de identificar se este foi capaz de
modificar os rumos que seriam seguidos pela companhia. Esta análise não
poderá ser levada a feito, no caso brasileiro, tendo em vista que o Poder
80 O próprio art. 1o da Lei das Estatais, ao definir seu âmbito de incidência elenca apenas
as (i) empresas públicas; (ii) sociedades de economia mista e suas respectivas sub-
sidiárias, nada dispondo, portanto, sobre as companhias nas quais o Estado detém
participação minoritária no capital social.
81 Fidalgo (2017): “O Estado não pode, a nosso ver, adotar técnicas societárias com a
finalidade de burlar o regime constitucional aplicável às empresas estatais. Não nos
parece legítimo que o Estado controle uma companhia senão através da constituição
de uma sociedade de economia mista e da aplicação do regime previsto nos arts. 37 e
173 da Constituição Federal. Os privilégios atribuídos pela golden share ao Estado não
poderão, portanto, configurar o exercício do poder de controle, sob pena de desvir-
tuar o tratamento constitucional atribuído às sociedades de economia mista”.
Como extinguir uma golden share 341
82 Deve-se pontuar, que ainda que as prerrogativas de veto das golden shares não te-
nham sido empregadas pelos entes públicos que titularizam essas ações, tais agentes
sempre exerceram a prerrogativa de indicar membros para os órgãos deliberativos
das referidas companhias. Portanto, serão abordadas na presente seção apenas as
hipóteses em que o ente público optou por não vetar uma determinada deliberação
da Assembleia Geral, ou por não intervir diretamente na gestão da companhia.
83 De acordo com o voto do Ministro Walton Alencar, proferido no âmbito da Consulta
no 025.285.2017-3, em trâmite perante o TCU e que será posteriormente analisada,
nas seguintes hipóteses questionou-se o recurso a essas prerrogativas: “No Brasil, em
1999, o Governo pretendeu valer-se dos direitos conferidos pelas ações de classe es-
pecial para vetar a alienação, a um grupo francês, de 20% das ações ordinárias de
emissão da Embraer. Em 2008, cogitou opor-se à aquisição, pela Vale, da mineradora
sul africana Xstrata, com troca de ações, ante o receito de que o centro de decisões da
mineradora brasileira fosse transferido para o exterior. Em 2019, discutiu a possibilida-
de de opor-se à fusão da Embraer e Boeing. A perspectiva de veto do Poder Público
certamente influenciou os termos do acordo firmado entre as duas companhias, que
manteve a linha de aviação militar na companhia brasileira”.
84 Governo diz que grupo estuda eventual afastamento da diretoria da Vale. Disponível
em: https://valor.globo.com/politica/noticia/2019/01/28/governo-diz-que-grupo-es-
tuda-eventual-afastamento-da-diretoria-da-vale.ghtml. Acesso em: 1 out. 2020.
85 Governo poderá utilizar golden share para barrar Boeing-Embraer. Disponível em: ht-
tps://valor.globo.com/politica/noticia/2019/01/28/governo-diz-que-grupo-estuda-e-
ventual-afastamento-da-diretoria-da-vale.ghtml. Acesso em: 1 out. 2020.
86 “Uma barragem é uma estrutura, feita em cursos de água, que possui o objetivo de
conter ou acumular grandes quantidades de substâncias líquidas ou misturas de lí-
quidos e sólidos. Suas principais finalidades são: o abastecimento de água, produção
de energia elétrica e prevenção de enchentes. As barragens de rejeitos são utilizadas
na mineração (processo que visa extrair substâncias minerais a partir de depósitos
ou massas). As atividades que transformam rocha em matéria prima na mineração
são chamadas de beneficiamento. Quando o beneficiamento é feito, sobram alguns
resíduos (água + resíduos sólidos), que devem ser armazenados para evitar danos
ambientais à natureza. Mas nem todas as barragens são construídas da mesma forma.
Tanto a que se rompeu em Mariana quanto a em Brumadinho são barragens que foram
construídas à montante, mas elas também podem ser feitas, por exemplo, à jusante, ou
em linha de centro”. Barragem de rejeitos e os casos Mariana e Brumadinho. Disponível
em: https://www.politize.com.br/barragem-de-rejeitos/. Acesso em: 1 out. 2020.
342 Coleção Jovem Jurista 2021
[...]
tos; carregamento cíclico rápido, como sismos ou detonações; carga por fadiga, como
detonações repetidas; descarregamento, como aumento dos níveis de água no solo
e movimentos, como dentro da fundação ou devido à presença de camadas fracas;
erosão interna e/ou ‘piping’; interação humana; perda localizada de resistência devido
ao fluxo de nascentes subterrâneas; perda de sucção e resistência em zonas não-sa-
turadas acima do nível da água; ‘creep’ (deformações específicas que se desenvolvem
com o tempo sob carga constante)”. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-
-gerais/noticia/2019/12/12/estudo-contratado-pela-vale-diz-que-barragem-em-bru-
madinho-se-rompeu-por-liquefacao.ghtml. Acesso em: 1 out. 2020.
92 Um ano após a tragédia da Vale, dor e luta por justiça unem famílias de 259 mor-
tos e 11 desaparecidos. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noti-
cia/2020/01/25/um-ano-apos-tragedia-da-vale-dor-e-luta-por-justica-unem-familias-
-de-259-mortos-e-11-desaparecidos.ghtml. Acesso em: 1 out. 2020.
93 Governo diz que estuda eventual afastamento da diretoria da Vale. Disponível em:
https://valor.globo.com/politica/noticia/2019/01/28/governo-diz-que-grupo-estuda-
-eventual-afastamento-da-diretoria-da-vale.ghtml. Acesso em: 1 out. 2020.
94 “O governo federal determinou a criação de 2 gabinetes de crise para apurar a situa-
ção, 1 político no Palácio do Planalto e outro operacional no Ministério do Meio Am-
344 Coleção Jovem Jurista 2021
bilidade de a União Federal recorrer aos poderes que lhe são conferidos,
na qualidade de acionista especial, para recomendar o afastamento95 da
diretoria da Vale em uma eventual reunião do Conselho de Administração,
tal ação não seria possível.96 Isso porque, conforme indicado na seção “A
Consulta nº 025.285.2017-3” do presente trabalho, a ação preferencial de
classe especial, detida pela União, no presente caso, não confere ao ente
da Administração a referida faculdade.
biente. [...] Os ministérios que farão parte do gabinete de crise são: Meio Ambiente,
Minas e Energia, Desenvolvimento Regional e Defesa.” Disponível em: https://www.
poder360.com.br/governo/bolsonaro-cria-gabinete-de-crise-e-deve-visitar-brumadi-
nho-neste-sabado/. Acesso em: 28 nov. 2020.
95 Vice-presidente diz que não sabe se governo pode recomendar afastamento durante
investigações do desastre de Brumadinho, mas avalia a questão. Disponível em: ht-
tps://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,gabinete-de-crise-estuda-afastar-diretoria-
-da-vale-diz-mourao,70002697626. Acesso em: 28 nov. 2020.
96 Dias depois, o Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni destacou: a “golden share não
permite interferência na gestão da Vale” [...] “não há condição de haver qualquer grau
de intervenção até porque essa não seria uma sinalização desejada ao mercado”.
Disponível em: https://www.infomoney.com.br/negocios/governo-tem-poder-para-
-mudar-direcao-da-vale-entenda-como-funciona-a-golden-share/. Acesso em: 1o out.
2020.
97 Fato relevante de 21.12.2017 emitido pela Embraer.“A Embraer S.A., em cumprimento
à Instrução CVM no 358 de 3 de janeiro de 2002 e alterações posteriores, informa aos
seus acionistas e ao mercado em geral que divulgou conjuntamente com a Boeing o
comunicado abaixo (“Comunicado”).“CHICAGO & SAO PAULO, 21 de dezembro de
2017 – Boeing (NYSE: BA) e Embraer S.A. (B3: BOVESPA: EMBR3, NYSE: ERJ) confir-
maram hoje que as duas companhias encontram-se em tratativas em relação a uma
potencial combinação de seus negócios, em bases que ainda estão sendo discutidas.
Não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões. Boeing e Em-
braer não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões. Qualquer
transação estará sujeita à aprovação do Governo Brasileiro e dos órgãos reguladores,
dos conselhos de administração das duas companhias e dos acionistas da Embraer”.
Disponível em: https://ri.embraer.com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyP-
cmLw==. Acesso em: 1 out. 2020.
98 Fato relevante de 05.07.2018 emitido pela Embraer – Disponível em: https://ri.em-
braer.com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyPcmLw==. Acesso em: 1o out.
2020.
Como extinguir uma golden share 345
nhias, naquele mesmo dia, foi dividido nas seguintes seções: (i) panorama
geral; (ii) termos financeiros; (iii) governança da nova sociedade; (iv) do-
cumentos definitivos e aprovações necessárias; e, (v) outras informações
relevantes.
101 Fato relevante de 10.01.2019 emitido pela Embraer – “Embraer S.A. (‘Companhia’ ou
‘Embraer’), em complemento ao Fato Relevante divulgado pela Companhia em 17 de
dezembro de 2018 (‘Fato Relevante’), vem comunicar que, nesta data, a União ma-
nifestou-se favoravelmente à aprovação da parceria estratégica entre a Embraer e
The Boeing Co., nos termos divulgados pelo Fato Relevante (a ‘Operação’)”. Dispo-
nível em: https://ri.embraer.com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyPcmLw==.
Acesso em: 1 out. 2020.
Como extinguir uma golden share 347
102 Fato relevante de 24.01.2019 emitido pela Embraer – “Embraer S.A. (“Companhia” ou
“Embraer”), em complemento aos Fatos Relevantes divulgados pela Companhia em
17 de dezembro de 2018, 10 e 11 de janeiro de 2019, vem comunicar que, nesta data,
a Embraer e The Boeing Company celebraram o Master Transaction Agreement, o
qual contém os termos e condições para implementação da parceria estratégica no
âmbito da aviação comercial e o Contribution Agreement, o qual contém os termos e
condições para criação de joint venture para promoção e desenvolvimento de novos
mercados e aplicações para o avião multimissão KC-390 (‘Operação’)”. Disponível em:
https://ri.embraer.com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyPcmLw==. Acesso
em: 1 out. 2020.
103 Fato relevante de 26.02.2019 emitido pela Embraer – “Embraer S.A. (‘Companhia’) in-
forma que, nesta data, a Assembleia Geral Extraordinária da Companhia aprovou, com
96,8% dos votos válidos, a parceria estratégica com a The Boeing Company, na forma
Proposta da Administração divulgada em 24 de janeiro de 2019 (‘Operação’)”. Dispo-
nível em: https://ri.embraer.com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyPcmLw==.
Acesso em: 1 out. 2020.
104 Fato relevante de 01.01.2020 emitido pela Embraer – “Dando continuidade ao Fato
Relevante divulgado em 24 de janeiro de 2019, por intermédio do qual a Embraer S.A.
(‘Companhia’ ou ‘Embraer’) divulgou a celebração de determinados contratos com
relação à parceria estratégica entre a Companhia e The Boeing Company (‘Boeing’)
(‘Operação’), bem como ao Fato Relevante divulgado em 3 de outubro de 2019, a
Companhia informa a seus acionistas e ao mercado que, na presente data, foi imple-
mentada a segregação interna do negócio de aviação comercial da Companhia, por
meio da contribuição, pela Embraer, ao capital social da Yaborã Indústria Aeronáuti-
ca S.A., do acervo líquido composto por ativos, passivos, bens, direitos e obrigações
referentes à unidade de negócio de aviação comercial da Embraer”. Disponível em:
https://ri.embraer.com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyPcmLw==. Acesso
em: 1 out. 2020.
105 Fato relevante de 25.04.2020 emitido pela Embraer. Disponível em: https://ri.embraer.
com.br/list.aspx?IdCanal=PXlq+a4Z+bixVnURyPcmLw==. Acesso em: 1 out. 2020.
348 Coleção Jovem Jurista 2021
Quanto a esse caso, ainda que a operação societária não tenha sido
efetivada, por questões aparentemente mercadológicas, a União, nos ter-
mos art. 9º, inciso I, do Estatuto Social da Embraer,106 poderia ter, desde
que de maneira fundamentada, recorrido às prerrogativas que a golden
share lhe confere, com o objetivo de vetar a união de ambas as empresas.
106 Estatuto Social da Embraer: “Art. 9o – A ação ordinária de classe especial confere à
União poder de veto nas seguintes matérias: I. Mudança de denominação da Compa-
nhia ou de seu objeto social [...]”.
107 Essa opção administrativa, no entanto, foi questionada judicialmente, por meio da
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (“ADPF”) no 627-DF, com pedido
de medida cautelar, proposta pelo Partido Democrático Trabalhista (“PDT”) em face
de, nos termos da inicial apresentada, “ato do Poder Público causador da lesão, a
permissão da União Federal na transferência do controle acionário da EMBRAER S/A
para a BOEING, ao não utilizar o poder de veto da golden share na Assembleia Geral
Extraordinária de acionistas da EMBRAER S/A.”. Para embasar o pleito elaborado no
âmbito desta ação judicial, o partido político mencionado sustenta que a União Fede-
ral teria violado os preceitos fundamentais: (i) da soberania (arts. 1o, inciso I; e 170, in-
ciso I, da CRFB/88) e da independência nacional (art. 4o, inciso I, da CRFB/88); (ii) do
desenvolvimento nacional, científico e tecnológico (arts. 3o, inciso II; e 219 e seguintes
da CRFB/88); (iii) do incentivo à autonomia tecnológica do país e, também, (iv) dos
valores sociais do trabalho e da busca do pleno emprego (arts. 1o, inciso IV; e 170,
caput e inciso VIII da CRFB/88), ao se abster de vetar a concretização desta operação.
Como extinguir uma golden share 349
Segundo o autor da ação, o fato de o ente público ser titular de uma Golden Shares
imporia ao Estado o dever de exercer tais prerrogativas conferidas ao título sempre
que uma das matérias elencadas pelo estatuto social como passíveis de veto estivesse
em votação. Haveria, portanto, uma presunção de que todas as deliberações atinentes
àquelas matérias seriam contrárias ao interesse público que ensejou a emissão dessa
ação especial cenário este que, demandaria a intervenção do Poder Público na quali-
dade de veto player – “os atores individuais ou coletivos cuja concordância é necessá-
ria para uma mudança do status quo.” (TSEBELIS, 2002). Diante do prosseguimento
do feito, em 21.10.2019 a EMBRAER requereu seu ingresso no processo na condição
de amicus curiae e acostou aos autos parecer elaborado pelos professores da FGV
DIREITO SP, André Rosilho e Carlos Ari Sundfeld, em que estes sustentam que o poder
de veto é uma faculdade conferida ao ente público titular da ação sujeito, portanto, à
discricionariedade – composto pelo binômio conveniência e oportunidade – do Poder
Executivo. Não foi proferida qualquer decisão de mérito no processo, que perdeu seu
objeto em decorrência da desistência da operação.
108 Pontua-se, aqui que esse “silêncio” estatal pode ser entendido como eloquente, na
medida em que indica que, mantidas as mesmas condições para o desenvolvimento
da área de aviação militar explorado pela Embraer, e mantidas as prerrogativas da
golden share, as demais operações travadas pela Embraer podem ser efetivadas sem
obstáculos. Ou, por outro lado, essa abstenção pode representar apenas uma opção
pela manutenção das deliberações da companhia nas mãos de seus acionistas e ór-
gãos societários.
350 Coleção Jovem Jurista 2021
109 A golden share prevista no capital social da Embraer pode, em alguma medida e den-
tro de alguns contextos específicos, ser justificada até os dias de hoje, em razão do
segmento de aviação militar explorado pela companhia. Fundamento este que permi-
te até mesmo, a intervenção direta do Estado na economia, sem que maiores questio-
namentos sejam suscitados. Nesse sentido, Cyrino (2015) destaca: “Segundo Marçal
Justen Filho, a segurança nacional consiste no “conjunto de condições necessárias e
indispensáveis à existência e manutenção da soberania nacional e ao funcionamento
das instituições democráticas. Pode-se dizer que esse é o seu sentido essencial, o qual
se relaciona ao próprio funcionamento e garantia da soberania estatal diante de riscos
de conflitos externos ou insurreições internas. Não se trata, é importante frisar, de
um conceito etéreo e autoritário de segurança nacional como o utilizado no período
militar brasileiro. Aqui há mais objetividade. O seu sentido é mais estreito, voltando-se
para uma preocupação com segurança sobre o território brasileiro”.
110 Composição Acionária da Vale S.A. Disponível em: http://www.vale.com/brasil/PT/
investors/company/shareholding-structure/Paginas/default.aspx. Acesso em: 20 out.
2020.
111 Depois de 13 anos, privatização do IRB-Brasil será concluído. Fonte: https://exame.
abril.com.br/economia/depois-de-13-anos-privatizacao-do-irb-brasil-sera-concluido/.
Acesso em: 20 out. 2020.
112 Deve-se destacar, no entanto, que a previsão de uma ação preferencial de classe es-
pecial, no capital social do IRB Brasil-RE só foi estabelecida no segundo edital de
alienação do controle da companhia.
113 Decreto-Lei no 1.186/39 – “Art. 3o. O Instituto tem por objeto regular os resseguros no
país e desenvolver as operações de seguros em geral”.
Como extinguir uma golden share 351
..........................................
Desse modo, pode-se concluir, que não se está mais diante de uma
nova forma de atuação estatal – regulação – desconhecida, e sobre a qual
não se tem a certeza de sua concreta efetividade. Há, atualmente, um
vasto arcabouço regulatório desenvolvido não só em torno dos setores
econômicos, mas também em torno das próprias golden shares que não
existiam anteriormente.
Esse foi o caso de diversas golden shares emitidas por empresas situ-
adas na Europa que, segundo a Corte de Justiça da Comunidade Europeia
(CJCE), violavam a Constituição Europeia e, portanto, as previsões que
regem o Mercado Comum Europeu.
119 “Para Rafael Schwind, a ‘golden share’ acabou se transformando num instrumento ‘um
pouco obsoleto’ devido à evolução da regulação de mercado no país, com a criação
de agências e a consolidação de um marco regulatório.” “Muito do que a ‘golden share’
se propõe a fazer, pode ser implementado por meio de outros mecanismos”, sustenta
o especialista. “Tudo que ela pode prever, pode ser incluído num acordo de acionis-
tas.” Raridade no país, golden share dá lugar a acordos. Disponível em: https://valor.
globo.com/empresas/coluna/raridade-no-pais-golden-share-da-lugar-a-acordos.ght-
ml. Acesso em: 20 out. 2020.
120 Íntegra do comunicado disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/
TXT/?uri=CELEX%3A31997Y0719%2803%29. Acesso em: 1 nov. 2020.
354 Coleção Jovem Jurista 2021
121 Quanto aos supostos artigos, que poderiam ser violados pelos legisladores nacionais,
o art. 73b estabelece que “são proibidas todas as restrições aos movimentos de capi-
tais entre Estados-Membros” e, o art. 52 dispõe que “as restrições à liberdade de esta-
belecimento dos nacionais de um Estado-Membro no território de outro Estado-Mem-
bro são abolidas [...] a liberdade de estabelecimento inclui o direito de constituição e
gestão de empresas, nas condições previstas para os seus próprios nacionais”.
Como extinguir uma golden share 355
Para além dessas hipóteses, a nota ainda indica que estas limitações
devem ser submetidas ao exame da proporcionalidade, nos moldes da ju-
risprudência da Corte Europeia.
122 Com relação às medidas não restritivas (aquelas aplicadas a cidadãos nacionais e ou-
tros investidores da UE), o comunicado indica que elas “são permitidas na medida em
que se baseiem num conjunto de critérios objetivos e estáveis, tornados públicos e
justificados por requisitos imperativos de interesse geral. Em todos os casos, o princí-
pio da proporcionalidade deve ser respeitado”. (tradução livre).
123 “No que diz respeito aos direitos conferidos às autoridades nacionais de vetar certas
decisões das sociedades, importante destacar que o próprio conceito de investimento
direto, tal como indicado na Diretiva 88/361/CEE, abrange ‘todos os tipos de inves-
timentos [...] que servem para estabelecer ou manter vínculos duradouros e diretos
entre o cedente do capital e a empresa à qual o capital é disponibilizado para o exer-
cício de uma atividade económica. Este conceito deve, portanto, ser compreendido
em seu sentido mais amplo [...]. No que se refere ao estatuto das sociedades por
quotas, existe participação sob a forma de investimento direto quando o bloco de
ações detido por uma pessoa permite ao acionista participar efetivamente na gestão
da sociedade ou no seu controle’. O Tribunal de Justiça tem afirmado repetidamente
que as medidas nacionais susceptíveis, como é o caso do direito de veto em causa, a
dificultar ou tornar menos atrativo o exercício das liberdades fundamentais garantidas
pelo Tratado devem preencher quatro condições: devem ser aplicadas de forma não
discriminatória; devem ser justificados por requisitos imperativos de interesse geral;
devem ser adequados para garantir a realização do objetivo que perseguem; e não
devem ir além do necessário para alcançá-lo” (tradução livre).
124 Segundo Pela (2012), novos processos podem ser instaurados nos próximos anos, ten-
do em vista que, em um levantamento realizado pela Comissão Europeia, 141 compa-
nhias europeias apresentavam golden shares.
125 “Tais processos foram instaurados a partir das informações fornecidas pelos Esta-
dos-membros à Comissão Europeia, em resposta ao ‘questionário sobre investimento
intracomunitário’ a eles endereçado em 1997”. (FIDALGO, 2017).
356 Coleção Jovem Jurista 2021
atribuído ao Estado no exercício dos direitos associados à golden share devem ser
limitado através da previsão de critérios claros e objetivos para esse fim”.
128 “De acordo com o Tribunal, as golden shares não podem recorrer à nacionalidade para
realizar discriminações. No caso de golden shares discriminatórias, os direitos espe-
ciais serão contrários ao direito comunitário, a menos que justificado por derrogações
expressas previstas no Tratado da União Europeia.” (tradução livre) (KUZNETSOV,
2005).
129 “Além disso, o Tribunal decidiu que as golden shares não devem ser discricionárias.
[...] Ao contrário, devem ser justificados por requisitos imperiosos de interesse geral
e qualificados por critérios estáveis e objetivos que foram tornados públicos a fim de
restringir o poder discricionário do autoridades nacionais ao mínimo”. (tradução livre)
(KUZNETSOV, 2005).
130 “O Tribunal também concluiu que as golden shares devem estar sujeitas ao princí-
pio da proporcionalidade”. “O teste da proporcionalidade significa que a restrição em
questão deve ser cumulativamente necessária e proporcional ao objetivo prossegui-
do”. (tradução livre). (KUZNETSOV, 2005).
131 Cabe relembrar que algumas ações judiciais questionaram a legalidade das golden
shares à luz do ordenamento jurídico brasileiro, dentre elas: JFPA, Ação Popular
358 Coleção Jovem Jurista 2021
No mesmo sentido, o Portal do TCU assim conceitua as Consultas: “O TCU pode ser
questionado, por exemplo, sobre o entendimento que possui em relação a um deter-
minado normativo. A consulta deverá ser realizada sempre em tese e nunca poderá
versar sobre o caso concreto e a resposta do TCU valerá para toda a Administração
Pública”. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/imprensa/noticias/voce-sabe-co-
mo-o-tcu-atua-e-que-impactos-podem-resultar-de-seus-processos.htm. Acesso em:
1o nov. 2020.
134 Acórdão no 284/2020. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/docu-
mento/acordao-completo/*/PROC%253A02528520173/DTRELEVANCIA%2520des-
c%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/0/%2520?uuid=9344c700-27c9-11eb-
-babe-0342dc596474. Acesso em: 1 nov. 2020. Cabe pontuar que todas as demais
referências feitas ao longo da presente seção têm como base o referido acórdão.
135 Da mesma forma o Ministério da Defesa destacou a necessidade de que cada uma das
golden shares seja analisada individualmente, quando da opção pela extinção da re-
ferida classe de ações, ao assim dispor em sua manifestação datada de 18.10.2017 por
meio do Ofício 185/GC3/11179: “observa-se que a matéria envolvendo a extinção das
golden shares não deve ser tratada de forma genérica, devendo a discussão no âmbito
do Poder Executivo e do Poder Legislativo levar em consideração as especificidades
de cada empresa, a viabilidade ou não da exclusão de direitos em cada empresa, por
meio de pareceres técnicos de especialistas no setor, bem como a metodologia de
precificação desses ativos”.
360 Coleção Jovem Jurista 2021
136 Sobre o MPTCU cabe destacar que este: “possui fisionomia institucional própria, que
não se confunde com a do Ministério Público comum, sejam os dos Estados, seja o da
União.” (MS 27.339, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 02.022009, Plenário,
DJE de 06.03.2009).
Como extinguir uma golden share 361
[...]
[...]
9.2. nos termos do art. 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/1992, c/c
os arts. 1º, inciso XXV, do Regimento Interno do TCU, 99 e
100 da Resolução-TCU 259/2014, responder ao consulente
que:
9.2. nos termos do art. 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/1992, c/c os
arts. 1º, inciso XXV, do Regimento Interno do TCU, 99 e 100 da
Resolução-TCU 259/2014, responder ao consulente que:
Por fim, em sua última manifestação nos autos, o Ministro José Múcio
apresentou uma nova proposta de acórdão, em que este alterou o item
9.2.4 e extirpou o tópico 9.2.5 inicialmente elaborado:
José Múcio 18.07.2018 As golden shares podem ser extintas, desde que devidamente
demonstrado que as circunstâncias que justificavam sua criação
foram superadas;
Compete ao Conselho do Programa de Parcerias e Investimen-
tos a discussão e consequente fundamentação da decisão pela
supressão desses direitos, tendo em vista que essa entidade foi
a responsável pela privatização da companhia e, pela criação da
ação de classe especial, e
É imprescindível a compensação da União em virtude da dispo-
sição dessas ações.
Vital do Rêgo 11.10.2019 Não poderia o Tribunal de Contas da União decidir acerca dos
pontos suscitados na consulta em virtude da ausência de norma-
tivos legais disciplinado o tema;
A avaliação acerca da extinção dessas ações perpassa por uma
análise da superação das questões relativas à segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo que justificaram sua criação; e,
Não há qualquer relação direta apta a ensejar uma eventual
compensação à União, tendo em vista que a previsão dessas
ações não se deu com o objetivo de valorização financeira ou de
obtenção de dividendos.
Walton Alen- 12.02.2020 As golden shares devem ser extintas nas hipóteses de não
car subsistirem as razões de interesse público que justificaram sua
previsão;
Compete ao Poder Executivo, enquanto criador da ação pre-
ferencial de classe especial, a deliberação quando à supressão
dessas ações no âmbito do CPPI, e
É vedada a supressão gratuita das prerrogativas inerentes à
golden share nos casos em que seja previsível a valorização das
ações e sua mensuração econômica ainda que por estimativa.
Vital do Rêgo 12.02.2020 Nenhuma lei dispõe sobre a possibilidade de extinção dessas
ações;
Nenhuma norma estabelece quem seria o ente competente por
tal escolha; e,
Cabe ao Poder Legislativo elucidar os questionamentos apresen-
tados no âmbito da referida consulta.
Como extinguir uma golden share 369
José Múcio 12.02.2020 Nenhum dispositivo legal dispõe sobre a exigência ou dispen-
sa de contraprestação financeira para que haja a extinção das
golden shares.
Bruno Dantas 12.02.2020 Cabe ao Poder Legislativo decidir sobre eventual supressão de
direitos conferidos à golden share e sua eventual indenização;
Se mostra necessária a autorização do Poder Legislativo para
sua ulterior supressão; e,
A finalidade precípua da ação não é a obtenção de ganhos
financeiros, mas sim a garantia dos poderes que justificaram sua
criação.
José Múcio 12.02.2020 É possível a supressão da golden share desde que demonstrado
o afastamento das razões que justificaram a sua previsão;
A discussão e fundamentação para sua extinção deve ser feita
no âmbito do CPPI; e,
Não existe previsão legal que trate da necessidade ou não de
compensação financeira à União devendo tal matéria ser analisa-
da pelo Poder Legislativo.
Vital do 11.10.2019 Cabe ao Congresso Nacio- Cabe ao Congresso Não é necessária uma
Rêgo nal a referida decisão Nacional a referida contrapartida financeira
decisão
370 Coleção Jovem Jurista 2021
José Múcio 11.10.2019 Cabe ao Congresso Nacio- Cabe ao Congresso Não é necessária uma
nal a referida decisão Nacional a referida contrapartida financeira
decisão
137 Regimento Interno do TCU – “Art. 144. São partes no processo o responsável e o
interessado. § 2o. Interessado é aquele que, em qualquer etapa do processo, tenha
reconhecida, pelo relator ou pelo Tribunal, razão legítima para intervir no processo.
Art. 146. A habilitação de interessado em processo será efetivada mediante o deferimento,
pelo relator, de pedido de ingresso formulado por escrito e devidamente fundamen-
tado.
§ 1o. O interessado deverá demonstrar em seu pedido, de forma clara e objetiva, razão
legítima para intervir no processo.
§ 2o. O relator indeferirá o pedido que não preencher os requisitos do parágrafo anterior.
§ 3o. É facultado ao interessado, na mesma oportunidade em que solicitar sua habilitação
em processo, requerer a juntada de documentos e manifesta r a intenção de exercitar
alguma faculdade processual.
§ 4o. Ao deferir o ingresso de interessado no processo, o relator fixará prazo de até quinze
dias, contado da ciência do requerente, para o exercício das prerrogativas processuais
previstas neste Regimento, caso o interessado já não as tenha exercido.
§ 5o. O pedido de habilitação de que trata este artigo será indeferido quando formulado
após a inclusão do processo em pauta.
§ 6o. Quando o ingresso de interessado ocorrer na fase de recurso, observar-se-á o dis-
posto no art. 282”.
138 Cabe pontuar que, em virtude no âmbito das Consultas ao Tribunal de Contas da
União, não é cabível qualquer recurso em face do acórdão final, por ausência de auto-
Como extinguir uma golden share 371
rização legal. No entanto, dado que os embargos de declaração não visam, por si só,
discutir o mérito da decisão atacada, estes são conhecidos pela Corte de Contas em
tais cenários. Nesse sentido: “Considerando, portanto, que não há que se falar em ca-
bimento de recurso em processos de consulta, por falta de amparo legal e regimental,
à exceção dos embargos de declaração.” (Acórdão Nº 1311/2018 – TCU – Plenário).
139 Acórdão no 3151/2020 – TCU – Plenário. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.
br/#/documento/acordao-completo/02528520173/%2520/DTRELEVANCIA%2520des-
c%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/0/%2520?uuid=82cf28f0-3202-11eb-b9d-
0-19752bd4277d. Acesso em: 28 nov. 2020.
372 Coleção Jovem Jurista 2021
140 “Outro aspecto importante relacionado à exigência de autorização legal para a criação
de sociedades estatais reside no fato de que é nesse momento que se define o interes-
se público que deverá ser por ela atendido, seja um serviço público, seja um relevante
interesse coletivo ou um interesse relacionado à segurança nacional. [...] Deverá ser
qualificado o relevante interesse coletivo ou o imperativo de segurança nacional que
tornou necessária a intervenção do Estado de forma direta na economia, incluindo-se,
aí, a prestação de serviços públicos – é o que a doutrina denomina de ‘princípio da
especialidade’”. (SAMPAIO; FIDALGO, 2019).
Como extinguir uma golden share 373
No entanto, isso não significa que, com a supressão dos direitos con-
feridos pelas ações preferenciais de classe especial, o Estado deixará de
intervir naquele segmento econômico por meio de outros instrumentos.
Significa apenas que não será mais viável a atuação direta e, consequen-
temente, o recurso à regulação endógena. Assim, caso o Poder Público
identifique a necessidade de condicionamento da atuação dos players,
daquele segmento de mercado, este deverá recorrer a mecanismos regu-
latórios “clássicos”, como as agências reguladoras.
Para que seja possível indicar qual seria a entidade competente pela
extinção das golden shares deve-se relembrar o passo a passo do próprio
processo de desestatização, uma vez que a premissa aqui adotada é que
as ações preferenciais de classe especial correspondem a um estágio in-
termediário de tal procedimento.
141 Nesse sentido Fidalgo (2017) destaca que “há, inclusive, quem afirme que a criação de
golden shares impediria que o processo de privatização se concluísse, questionando-
-se se a detenção e existência das golden shares constituiriam apenas uma das fases
do processo de privatização, prévia à completa alienação da sociedade estatal para a
iniciativa privada, ou uma situação permanente”.
374 Coleção Jovem Jurista 2021
Em linhas gerais, este processo pode ser assim resumido: (i) a equipe
econômica, o ministro ao qual a estatal encontra-se vinculada e o Presi-
dente da República assentem com a desestatização da companhia; (ii) em
seguida, o Conselho do PPI, em uma reunião colegiada, delibera sobre a
inclusão da estatal na lista de possíveis privatizações e, caso o resultado
final seja pela inserção da estatal no âmbito do PPI ou do PND, o Presi-
dente da República edita um decreto formalizando tal inclusão; (iii) caso a
estatal seja incluída no PPI (etapa facultativa), inicia-se a fase de estudos
em que caberá à equipe técnica a delimitação de qual será a modelagem
de desestatização adotada; (iv) posteriormente, como uma etapa obriga-
tória, a companhia será incluída no PND, novamente via decreto presiden-
cial; (v) em seguida, a minuta do edital de privatização será analisado e
aprovado (ou rejeitado) pelo Tribunal de Contas da União; (vi) após esse
trâmite, se estivermos diante de uma das companhias listadas no art. 3º, da
142 Lei no 9.491/97 – “Art. 3o. Não se aplicam os dispositivos desta Lei ao Banco do Brasil
S.A., à Caixa Econômica Federal, e a empresas públicas ou sociedades de economia
mista que exerçam atividades de competência exclusiva da União, de que tratam os
incisos XI e XXIII do art. 21 e a alínea ‘c’ do inciso I do art. 159 e o art. 177 da Constituição
Federal, não se aplicando a vedação aqui prevista às participações acionárias detidas
por essas entidades, desde que não incida restrição legal à alienação das referidas
participações”.
143 Não se ignora que há grande discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a necessi-
dade ou a dispensa de autorização legislativa específica para a privatização de em-
presas estatais, em razão disposto no artigo 37, XIX da CRFB (Art. 37. A administração
pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XIX – somente por lei
específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.). Nesse sentido, Sampaio e Fidalgo (2019)
pontuam: “O fundamento apresentado por quem defende a necessidade de prévia
autorização legislativa, em síntese, consiste em argumentar que, se a Constituição Fe-
deral exige a participação do Poder Legislativo para confirmar a existência e relevante
interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional a justificar a criação de uma
empresa estatal nos termos do art. 173 da Constituição Federal, por paralelismo de for-
mas seria necessária a aprovação do Poder Legislativo para dizer que esse interesse
ou imperativo já não mais existe, autorizando a extinção da estatal ou a alienação de
seu controle. Em sentido contrário se encontra a corrente que defende que a neces-
sidade de autorização legal prévia à extinção de uma empresa estatal não encontra
previsão expressa na Constituição Federal, de modo que a sua imposição constituiria
violação à competência do Chefe do Poder Executivo para organizar a Administração
Pública.”. No entanto, no presente caso, filia-se a tese de que, ainda que o art. 37, XIX,
da CRFB/88 demande uma autorização legislativa para a constituição de empresas
estatais, a Lei do PND confere uma autorização legislativa genérica para a extinção
dessas sociedades. Dispensável, portanto, uma autorização específica, por parte do
Congresso Nacional, uma vez que esta saída do Estado da economia se dá de forma
a atingir o comando constitucional cristalizado no caput do art.173 da CRFB/88. As-
sim, tendo em vista que o Poder Legislativo já se manifestou sobre as hipóteses de
desestatização, ao editar a Segunda Lei do PND, e, que, portanto, compete ao Poder
Executivo a opção pela desestatização de uma determinada empresa estatal e a cor-
respondente previsão das golden shares, não há que se falar na necessidade de prévia
autorização do Congresso para a extinção dessa classe de ações.
Como extinguir uma golden share 375
144 Lei no 9.491/97 – “Art. 6o. Compete ao Conselho Nacional de Desestatização: II – apro-
var, exceto quando se tratar de instituições financeiras: d) a criação de ação de classe
especial, a ser subscrita pela União”.
145 Lei no 13.334/16 – “Art. 7o. Fica criado o Conselho do Programa de Parcerias de In-
vestimentos da Presidência da República - CPPI, com as seguintes competências: V
– exercer as funções atribuídas: c) ao Conselho Nacional de Desestatização pela Lei no
9.491, de 9 de setembro de 1997”.
146 REIS, 2013.
376 Coleção Jovem Jurista 2021
Vale
IRB
Embraer
147 Cabe aqui pontuar que não há que se falar, no presente caso, na necessidade de paga-
mento de um prêmio de controle em decorrência da supressão dessas ações. Isso por-
que, para além delas não conferirem o controle ao ente público, como demonstrado
anteriormente, essas ações não serão adquiridas pelos demais acionistas. Há, assim,
uma mera supressão dos direitos conferidos ao seu titular.
148 Deve-se reconhecer, no entanto, que alguns doutrinadores defendem que a previsão
das golden shares reduz, automaticamente, o valor das demais ações da companhia,
uma vez que cria certa insegurança sobre os rumos das decisões gerenciais das em-
presas, que podem ser alteradas pelo Poder Público. Nesse sentido, Eizirik (2011) des-
taca: “O direito de veto do ente público sobre determinadas matérias acarreta uma
diminuição no valor de mercado das empresas privatizadas, justificando-se, no entan-
to, pela prevalência do interesse público no que se refere à manutenção das atividades
empresariais privatizadas, à qualidade dos serviços prestados ou à fixação de preços
públicos”. Contudo, como indicado no trecho retirado da obra de Schwind (2017), não
há, até o momento, claras evidências empíricas – no cenário europeu – que confirmem
essa hipótese.
378 Coleção Jovem Jurista 2021
Conclusão
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de demonstrar que a tese ini-
cialmente fixada pelo Tribunal de Contas da União, no âmbito do Acórdão
nº 284/2020 – TCU – Plenário, proferido quando do julgamento da Con-
sulta nº 025.285.2017-3, comportaria outra resolução, de acordo com os
normativos atualmente vigentes.
sa nova configuração, essa classe de ações deve ser suprimida para que
haja a plena observância do art. 173, caput, da CRFB/88.
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