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ATUAÇÃO EMPRESARIAL TRANSNACIONAL, GLOBALIZAÇÃO

E TUTELA JURÍDICA: análise de instrumentos jurídicos em acordos


para reconstrução em contexto pós-pandemia do COVID-19
Arthur Vinícius Sales dos Santos 1; Eugênia Cristina Nilsen Ribeiro Barza 2
Estudante do Curso de Direito. CCJ – UFPE; E-mail: arthur.sales@ufpe.br
1
2
Docente/pesquisador do Depto de Direito Público Especializado – CCCJ – UFPE. E-mail:
eugenia.barza@ufpe.br

Sumário. A globalização, fenômeno que promove o processo de expansão econômica,


política e cultural em nível mundial, diminui distâncias e incrementa as comunicações,
tornando o mundo interligado, interferindo, portanto, diretamente na dinâmica dos Estados.
Neste particular, com a pandemia causada pela COVID-19 os efeitos da globalização foram
acentuados, com reflexos na saúde mundial, e, por via de decorrência na economia mundial.
A crise econômica-social decorrente dos efeitos da pandemia desafiou e desafia os países a
encontrar medidas de solução da crise econômica e da sua reestruturação, sendo necessário
esforço conjunto de organismos internacionais e de empresas transnacionais. Estas empresas
transnacionais revelam constituir importantes mecanismos de consolidação econômica, uma
vez que a atuação é descentralizada, desterritorializada e no momento de crise podem
contribuir para a retomada da economia. Assim, em ação conjunta de empresas
transnacionais e Estado por meio de instrumentos jurídicos adequados é o mecanismo eficaz
para alcançar do desenvolvimento econômico no cenário pós-pandemia da COVID-19.
Palavras–chave: globalização; pandemia; empresas transnacionais

INTRODUÇÃO
O projeto tem como ponto de partida o estudo da atuação empresarial transnacional,
investimento e propriedade intelectual, tendo em vista o cenário da globalização, mas
centrado nas atividades que tais empresas terão e seus impactos pós-pandemia causada pela
COVID-19. Neste ponto reside o problema já que no cenário pós-pandemia o esforço de
reconstrução econômica mundial tenderá a não excluir qualquer agente econômico,
possibilitando também que determinadas empresas transnacionais retornem e atuem nas
mesmas atividades em que tiveram suas condutas avaliadas como lesivas. Em busca da
reconstrução, acordos de leniência tendem a ser incentivados para novos empreendimentos
serem levados a efeito, no que o risco de serem retomadas as condutas abusivas de
concorrência desleal, de desatendimento às regras de certificação ambiental, entre outras.
.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para o estudo proposto foi feito pesquisa bibliográfica dos elementos do Direito
Internacional, do Direito Comercial, do Direito Internacional Privado, do Direito do
Comércio Internacional bem como de elementos da Teoria da Integração Econômica
Nacional e Internacional. Além de análise de dados referente aos impactos econômico-
sociais da pandemia do COVID-19 em diversos Estados Nacionais, principalmente, no
Brasil. A pesquisa proposta estruturou-se sob a concepção exploratória, baseada em dados
secundários.
RESULTADOS
A atuação de empresas transnacionais nos países é um tema que interessa a todos que se
preocupam com as relações jurídicas modernas e seu regramento (BIJOS, OLIVEIRA &
BARBOZA: 2013, 249). Nessa toada, pela própria demanda que o capitalismo traz consigo,
empresas foram perpetuando as suas atividades empresarias para além de suas respectivas
matrizes, algo que Luiz Olavo Baptista (1987) pondera, destacando que as atuações
empresariais não cabiam mais no território onde tais empresas nasceram e que, com a
realidade da globalização, tais empresas foram exercer suas atividades em outros territórios
(JUSTINO: 2016, 81-98). A atuação em países para além de sua matriz ressalta a
consequência lógica do fenômeno da globalização, aqui tomada a feição meramente
empresarial (YIP, 1989, p.29-41). Tanto na matriz, quanto na sede, local de constituição da
empresa, quanto nas bases nas quais podem atuar e fomentar lucro, as transnacionais tiram
proveito das lacunas jurídico-regulamentatórias em sua atuação. Fica claro que é tais
circunstâncias que se cria um ambiente para prática de condutas ilícitas, sendo que uma delas
pode envolver os abusos em relação a propriedade intelectual, seja no aspecto de registros
(patente) (MAZZUCATO:2014). A possibilidade de abuso do direito por parte dessas
empresas deve ser o objeto de estudos a fim de que sejam apontadas as falhas e, por via de
consequência, afastada e sanada a ilicitude pelas decisões judiciais. A previsão está na
Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, que, independentemente de ter a
livre iniciativa como fundamento logo no seu artigo 1º, inciso IV, não exclui correto exame
de atos ilícitos. Mas a questão é mais complexa e requer um estudo amplo dadas as mudanças
ocasionadas pelo contexto atual, com a necessidade de readaptação às transformações
vigentes em decorrência desse problema sanitário. Necessário e recomendado por
autoridades sanitárias, contando com o aval de cientistas e da Organização Mundial de Saúde
(OMS), o isolamento social conseguiu, na medida do possível, deter o avanço da pandemia,
impondo análises sobre mecanismos de superação da crise e recessão econômica
significativa.
DISCUSSÃO
Um fato que corrobora para a crise sanitária do COVID-19 ser impactante na vida dos Estado
e Empresas, provém da insuficiência e lentidão de as instituições financeiras internacionais,
como o FMI e o Banco Mundial, procurarem medidas de mobilização para a produção de
um pacote de iniciativas que possa diminuir os efeitos econômicos promovidos pela
pandemia. No que se refere ao Estado Brasileiro, verificou-se, um agravamento da
desigualdade social, uma vez que a pandemia agravou uma crise econômica já posta e isto
se traduziu nos números, pois, o PIB caiu e o desempregou chegou a 15%, além da
´precarização do mercado de trabalho, entre outros problemas. Uma das alternativas para o
cenário brasileiro, apontada pelos especialistas, seria apostar no dinheiro público para
retomar a economia, uma vez que o Estado concentra domínio econômico sobre diversas
áreas do mercado. Assim, por exemplo, o Estado poderia conceder benefícios fiscais e linhas
de créditos a empresas transnacionais para que estas não fechem suas portas no país e
garantam o emprego de brasileiros. Isso está em conformidade com os postulados
constitucionais da preservação da empresa e função social da empresa. De outro lado, o país,
também, deve investir em infraestrutura, seja por meio de parceria público-privadas,
privatizações ou concessões, pois, são instrumentos ideais para resolver problemas que se
agravam ao longo dos tempos. Outra maneira de encarar esse desafio é o estimulo da
economia por meio de políticas e fiscal: ampliação de benefícios de renda, como o auxílio
emergência, bolsa família e outros programas sociais, uma vez que tais programas concedem
ao vulnerável economicamente o poder de compra e, por via de consequência, tais pessoas
irão retroalimentara economia local; renegociação de dívidas de estados e municípios;
expansão de crédito e ampliação do prazo de amortização de dívidas para pessoas físicas e
jurídicas, incluindo as empresas transnacionais.

CONCLUSÕES
Constata-se, pois, que com a eclosão da pandemia do COVID-19, grande parte dos Estado
Nações forma cometidos por crise sanitária, acompanhada por uma econômica-social. A
iniciativa privada, principalmente, as empresas transnacionais foram severamente atingidas
pela necessidade isolamento social e fechamento de suas atividades. Nesse sentido, o Estado
precisa agir para garantir o pleno funcionamento destas pessoas jurídicas, afim de que os
efeitos da pandemia sejam mitigados, principalmente para as mais carentes. Fazendo um
corte a realidade nacional, verificou-se que o Brasil se utilizou de mecanismos de
intervenção econômica para garantir o funcionamento das empresas, quais sejam: ampliação
de credito e isenções fiscais. Somente assim, pode-se mitigar os efeitos nefastos do
desemprego da miséria. Ainda é importante um olhar para o futuro; o Estado em conjunto
de atuação com a iniciativa privada pode promover instrumentos de retomada de crescimento
e, portanto, diminuição do sem prego, da miséria e da desigualdade social. Somente assim,
as atividades empresariais podem retomar o seu rumo de atuação e de influência sobre as
economias locais.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho não seria possível sem o auxílio e orientação da professora Dra. Eugênia Barza,
que tanto acredita em mim e nos objetivos acadêmicos. Um agradecimento especial,
também, à UFPE e ao CNPQ.

REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Luiz Olavo. Empresa transnacional e direito. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1987.
BASSO, Maristela. Joint Ventures Manuel Prático das Associações Empresariais. 3ª edição,
Revista do Advogado, 2002.
BIJOS, Leila; OLIVEIRA, João; BARBOSA, Leonardo. Direito do Comércio Internacional
Delimitação, características, autorregulação, harmonização e unificação jurídica e Direito
Flexível. Revista de informação legislativa, ano 50, n. 197, jan/mar.2013. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/50/197/ril_v50_n197_p249.pdf. Acesso em
28/02/2018.
CARVALHO FILHO, José Carlos de. O Brasil e as empresas transnacionais: os novos rumos
para a transnacionalização das empresas nacionais. Scientia Iuris. v. 15, n. 1, Londrina, jun.
2011.
CELLI JÚNIOR, Umberto. Regras de Concorrência no Direito Internacional Moderno. 1ª
edição, Livraria do Advogado, 1999.
JUSTINO, David. Globalização, uma perspectiva sociológica. In RAMADA, Diogo (ed).
Estudos sobre a Globalização. Lisboa: Edições 70, 2016. p. 81-98. Disponível em:
sociologia.davidjustino.com/wp-content/uploads/2012/04/DJ_GLOBALIZAÇÃO.pdf.
Acesso em 28/02/2018.
MAZZUCATO, Mariana. O Estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público
vs. Privado. Tradução Elvira Serapicos. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.
OLIVEIRA, Renata Fialho de. Harmonização jurídica no direito internacional. São Paulo:
Quartier latin, 2008.
STIGLITZ, Joseph E; CHARLTON, Andrew. Livre mercado para todos: como um comércio
internacional livre e justo pode promover o desenvolvimento de todos os países. Tradução
de Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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