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ATIVIDADE INDIVIDUAL

Matriz de atividade individual

Aluno/a: Pamela Lorrany Sobrinho

Disciplina: Direito Empresarial para Gestores

Turma: ONL022XL-PROGCC08T01_DEGCPMBAEAD-36_0822

Introdução

O presente parecer tem como objetivo apresentar soluções e comparações a respeito de duas situações
econômicas e financeiras distintas que as empresas e os gestores podem estar enfrentando, em um dos
casos uma crise pandêmica e pouco previsível que mudou a forma de trabalho em todo o mundo, com
restrições de circulação e lockdown, as empresas precisaram se reinventar e utilizar de todas as
ferramentas jurídicas e econômicas para se manterem ativas no mercado, e o segundo caso, um grave
acometimento de contaminação por irresponsabilidade na produção de cervejas artesanais, levou a
contaminação de quarenta e duas pessoas e nove mortes. Antes de analisarmos os casos e apresentar as
ferramentas que o Direito Empresarial nos proporciona, é preciso entender o conceito de empresa e sua
importância econômica e social. Uma definição interessante de empresa é considerá-la um organismo,
organizado de forma hierárquica, para a produção de bens ou serviços, utilizando elementos como o capital
dos sócios, o trabalho dos funcionários e a matéria prima, que pode ser natural ou não, para entregar a
sociedade produtos e uma esperança de lucro aos sócios. Outro fator importante é o interesse e
contribuição social que as empresas possuem, conforme o art. 170, da Constituição Federal Brasileira de
1988 “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (…)”.
Assim, o Direito Empresarial surge como importante ferramenta para o gestor empresarial gerir
estrategicamente sua empresa diante de tais adversidades, que muitas vezes não são previsíveis, podendo
assim administrar de forma eficiente respeitando os direitos trabalhistas, a responsabilidade civil que as
empresas tem com a sociedade e o meio ambiente, usando e respeitando as leis, é possível que o
administrador possa contornar os imprevistos econômicos e sociais e ter sucesso na gestão.

Para contextualizar, o parecer abaixo, é importante ter claro os fatos ocorridos no TEXTO 1, a pandemia
de COVID19 que atingiu todo o mundo, em março de 2020 formos surpreendidos com a contaminação
desenfreada do vírus SARS-COV-2, para conter os avanços da doença enquanto o mundo cientifico
procurava a vacina, foi-se necessário medidas de distanciamento social, restrição de circulação e
lockdown. Diante do fato, apenas os serviços essenciais foram mantidos, mesmo assim, com as devidas
restrições, impactando no emprego e na renda das pessoas e das empresas. O resultado foi a redução do
consumo, a mudança e readaptação de algumas empresas, a falência de tantas outras que já enfrentavam
as consequências da crise político/econômica que atingiu o Brasil entre 2014 a 2017. A expectativa era que
logo nos primeiros meses, principalmente o comércio não essencial e o setor de serviços teriam queda de
89% do faturamento, empresas essas micro e pequenas, conforme estudo do SEBRAE, e outros 36%
teriam que fechar caso as restrições durassem (EXAME.COM, 2020), estamos hoje, enfrentando mais de
dois anos de pandemia, e de acordo com a PNAD de 2021, cerca de 600 mil empresas fecharam as portas

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em dois anos, uma queda de 13,3% se comparado com o igual período de 2019 (Nader, 2021), já no caso
da Cervejaria Backer, no TEXTO 2, onde por imprudência empresarial, as cerveja Belorizontina foi
contaminada por dietilenoglicol, a empresa sofreu um abalo econômico / financeiro derivado da perda de
credibilidade, dos processos civis e criminais, as indenizações, e a paralização na produção.
É interessante observar que nos dois casos, os problemas financeiros e econômicos não possuem simetria,
no caso das empresas do TEXTO 1, é impossível prever uma pandemia, assim, as empresas foram pegas
de surpresa, bem como, a grande maioria ainda não havia conseguido se recuperar dos problemas
econômicos enfrentados pelo Brasil desde 2016, já no caso do TEXTO 2, a empresa poderia ter evitado a
atual situação se houvesse controle do processo produtivo, de qualidade, na avaliação dos fornecedores,
avaliação química nos lotes de cerveja produzidos, ora a empresa, conforme laudo publicado pelo
Ministério da Agricultura “adotou práticas irresponsáveis ao utilizar líquidos refrigerantes tóxicos de forma
deliberada em seu estabelecimento” (Wikipédia, 2022)

Abaixo será apresentado ferramentas jurídicas de poderiam ter sido utilizadas em cada um dos casos,
além da possibilidade de revisão contratual e no caso específico do TEXTO 2 a avaliação da possibilidade
de aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica e da holding familiar.

Desenvolvimento

O direito empresarial possui ferramentas que auxiliam os gestores a minimizarem os efeitos das crises
econômico e financeiras, para analise explicita do TEXTO 1, sobre os problemas financeiros ocasionados
pela COVID19, é importante que o administrador esteja atento as medidas de lei publicadas no período
pandêmico e se valer das medidas de leis publicadas à época, a fim de reduzir os danos causados pela
pandemia, algumas medidas como a MP 927/2020 que antecipou férias, feriados, e autorizou a concessão
de férias coletivas e institui o teletrabalho, a MP 936/2020 que permitiu a redução de salários e a jornada
de trabalho e o pagamento do salário ou parte do salário pelo Governo Federal, MP 1057/2021 que
incentivou bancos a emprestarem para micro e pequenos empresários ou leis especificas para os setores
mais afetados pela pandemia, como o setor cultural, leis como a MP 1101/2022 que ampliou o prazo para
remarcação ou ressarcimento de eventos turísticos e culturais cancelados na pandemia ou a PL 795/2021
que prorroga efeitos da Lei Aldir Blanc, de apoio ao setor cultural em decorrência da pandemia de Covid-
19.
Além das leis especiais que foram publicadas à época, outros instrumentos que poderiam ter sido adotas
nesse caso especifico é no caso das empresas LTDA se valerem das alterações proporcionadas pela Lei de
Liberdade Econômica 14.195/2021 no seu art. 45 e 46 para conseguir aporte financeiro concedendo títulos
de credito que não são conversíveis em ações, negociadas pela Comissão de Valores Mobiliários,
representativo de promessa de pagamento em dinheiro, emitido exclusivamente sob a forma escritural,
para as empresas de Sociedade Anônima, de capital aberto, elas podem emitir mais ações no mercado
financeiro, a fim de conseguir mais aporte financeiro. Assim, as empresas se valem de seu capital
patrimonial para conseguir certa liquidez no curto prazo.
Outra ferramenta do direito empresarial dar-se-á pela possibilidade de Fusão, Incorporação ou Cisão,
regulamentada pelo CDC LEI Nº 10.406/2002 regido pelos Arts. 1.113 até o Art. 1.122, nesta possibilidade
as empresas podem unir-se para o enfrentamento da crise, ora no caso da Fusão acarretara de um aporte
de patrimônio, aumentando as possibilidades de empréstimos e o fortalecimento de mercado, no caso da
Incorporação a empresa pode avaliar a possibilidade de ser incorporada por outra empresa do ramo ou a
cisão, que pode ser uma solução para readequação tributaria, reposicionamento de marca no mercado e

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melhor forma de gestão de ativos.
Outro mecanismo a ser utilizado é se valer da Teoria de Base Objetiva e da Teoria da Imprevisão. A teoria
de Base Objetiva pertence ao Direito do Consumidor, aplica-se quando fatos previsíveis ou não acarretam
onerosidade excessiva ao consumidor, podendo assim o consumidor solicitar revisão contratual, conforme
Artigo 6.º que discorre sobre o direito ao consumidor no inciso V com a seguinte redação “a modificação
das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, podendo a empresa se valer também da Teoria
da Imprevisão, que pertence ao Código Cível e é utilizada nos princípios dos contratos empresariais, de
forma geral, ou seja, contratos firmados entre empresas e seus fornecedores de insumos, bancos e outras
empresas que são necessárias para o funcionamento da atividade econômica. Essa teoria aplica-se quando
fatos extraordinários e imprevisíveis, como o caso da pandemia, trazem onerosidade excessiva a uma
parte do contrato e beneficia a outra, neste caso aplica-se os Artigos 478 na sua redação discorre-se da
seguinte forma “nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação” até o artigo 480 do Código Civil, aplicando também outras
medidas editadas de forma extraordinária pelo governo Federal como foram a MP 948/20, Lei nº
14.186/21 e Resolução do Banco Central 4.748/20. Essas medidas, podem e devem ser aplicadas no caso
específico das empresas que sofreram os impactos econômicos da COVID19, com todo respaldo jurídico,
podendo inclusive o réu, ou seja, a empresa que está sendo beneficiada pela onerosidade dos contratos,
evitar processos jurídicos, e de própria inciativa resolver pactuar novas condições referentes aos contratos.

Caso essas ferramentas não sejam suficientes para sanar a crise, as empresas podem apelar para a
Recuperação Extrajudicial e Judicial, seguindo as regras da LEI Nº 14.112/2020 que altera a lei
11.101/2005. Os planos de recuperação sejam eles extrajudicial ou judicial tem como objetivo manter a
fonte produtora, o emprego dos trabalhadores e atender aos interesses dos credores, recomenda-se que as
empresas tentem firmar um acordo direito com seus credores e posteriormente enviar tal acordo a um juiz
de direito competente para homologar o acordo, haja vista que caso o plano não consiga ser executado
com êxito a empresa ainda pode recorrer a recuperação judicial, ora, um dos critérios que impedem a
recuperação judicial é a empresa ter solicitado a menos de cinco anos.
As vantagens dos planos de recuperação judicial e extrajudicial está na possibilidade de dilatação dos
prazos de pagamento e congelamento das dívidas em 180 dias com prorrogação em uma única vez,
parcelamentos de dívidas, no caso das micro e pequenas empresas e do produtor rural, incluído com a Lei
14.112/20, parcelamento em até 36 vezes ou redução da dívida, bem como a possibilidade do dip
financing que seria um empréstimo feito pelos bancos aos devedores em recuperação judicial com objetivo
de reestruturação da empresa.
Sendo a autofalência, disciplinada pela Lei 11.101/2005 é a última ferramenta a ser utilizada para
solucionar o problema das empresas fazendo o pagamento dos credores e dos trabalhadores, valendo-se
da liquidação do patrimônio social da empresa para quitação das dívidas, de acordo com as preferencias
definidas pela lei falimentar, importante ressaltar que a falência não se estende a pessoa física dos sócios,
importante ressaltar que, estando a empresa regular com suas obrigações escrituradas, as condições de
falência não estende-se aos sócios, a título de exceção apenas em casos em que aplica-se a
desconsideração da personalidade jurídica, quando provas de comportamento fraudulento dos sócios.
Caso o patrimônio da empresa não seja suficiente para o pagamento das dívidas, o empresário fica

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impedido de exercer atividade empresária por três anos, após esse período podendo voltar as atividades.
Já o caso da Cervejaria Backer se faz mais complexo diante dos problemas financeiros acarretados pela
contaminação, porém existem algumas ferramentas jurídicas que podem ser utilizadas para minimizar os
impactos e também gerar capital financeiro para a empresa honrar com suas dívidas e as indenizações as
vítimas.
A empresa podia valer-se do trespasse do estabelecimento empresarial, considerando a definição do Art.
1.142 do CC de 2002 onde considera-se estabelecimento todo o complexo de bens organizados para o
exercício da empresa, tendo a anuência dos credores conforme art. 1.145 do CC e transferindo a
responsabilidade do passivo para o comprador, sendo este com responsabilidade solidária de 01 ano sobre
as dívidas da empresa, conforme art. 1.146 do CC.
Outra possibilidade é a Fusão ou Incorporação, regulamentada pelo CDC LEI Nº 10.406/2002 regido pelos
Arts. 1.113 até o Art. 1.122, podendo a Backer unir-se a outra empresa do ramo cervejeiro, aumentando
seu capital social e sua possibilidade de operação tentando reaver os prejuízos diante da desconfiança
sobre a marca e a qualidade do produto ofertado pela empresa, ou ser incorporada, quando a marca
Backer deixa de existir, porém a empresa que a incorporadora continua sendo responsável pelo passivo da
empresa incorporada minimizando os problemas referentes ao marketing da marca Backer.
Sobre a possibilidade de aplicar a Teoria de Base Objetiva e da Teoria da Imprevisão, seria incabível ora,
no caso concreto a empresa é responsabilizada pelo fato ocorrido, o que a mesma poderia tentar negociar
ou aditar contratos existentes, tentando minimizar as eventuais sanções ou multas rescisórias dos
contratos, uma vez que a empresa precisou tirar seu produto do mercado e suspender suas atividades,
mas se valendo da compreensão individual de seus credores e não por embasamento legal.
Outra possibilidade de ferramenta jurídica que pode ser aplicada é a recuperação judicial, regulamentada
pela lei Nº 14.112/2020 que altera a lei 11.101/2005, neste caso, usando dos artifícios da lei, a empresa
pode, alterar o controle societário, conceder aos credores o direito de participar da administração
societária, aumentar seu capital social através da participação dos credores, trabalhadores, sendo uma
forma de dar a empresa credibilidade para voltar ao mercado, uma vez que, a administração da empresa
não estará mais nas mãos dos sócios e sim, de pessoas (físicas ou jurídicas) interessadas na organização
da sociedade de forma correta, obedecendo os princípios legais para seu retorno as atividades produtivas,
além do que, no plano acordado entre empresa e credores, é possível a renegociação de algumas dividas,
dilatação dos prazos, bem como venda de ativos e mudanças estratégicas para que a empresa possa
recuperar de seus problemas econômico/ financeiros e éticos.
A última possibilidade é o pedido de autofalência, disciplinada pela Lei 11.101/2005 é a última ferramenta
a ser utilizada para solucionar o problema das empresas fazendo o pagamento dos credores e dos
trabalhadores, valendo-se da liquidação do patrimônio social da empresa para quitação das dívidas, de
acordo com as preferencias definidas pela lei falimentar, podendo neste caso, o pedido de
desconsideração de personalidade jurídica para o pagamento de todas as dívidas e indenizações. Caso o
patrimônio da empresa não seja suficiente para o pagamento das dívidas, o empresário fica impedido de
exercer atividade empresária por três anos, após esse período podendo voltar as atividades.
Sobre a hipótese levantada da Backer ter desconsideração da personalidade jurídica e a perspectiva da
construção de uma holding familiar como dinâmica de proteção do ataque do credor da empresa ao seu
patrimônio pessoal, será fundamental analisar cada aspecto jurídico dos temas, primeiro, necessário definir
o que significa desconsideração da personalidade jurídica, pela lei uma empresa, pessoa jurídica

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constituída é a única responsável pelos créditos ou débitos a ela devido em função da sua atividade, assim,
se devidamente registrada, o patrimônio dos sócios é preservado em caso de dívidas ou falência, salvo em
casos, que, conforme art. 50 do Código de Processo Civil assegura que em determinados casos, o
patrimônio dos sócios será incorporado ao patrimônio da empresa, conforme a redação a seguir:
"Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio da finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios
da pessoa jurídica".
Porém, no caso da Backer é possível invocar o direito do consumidor, que possui um rol mais amplo para a
desconsiderar a pessoa jurídica da sociedade, conforme previsto no art. 28 do CDC dispõe que o juiz pode
desconsiderar a personalidade jurídica da empresa nas relações de consumo, quando:

[…] em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.
Nos parágrafos 2º e 5º, o artigo 28 diz ainda:
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
Assim, além disso, conforme disposto no Código cível Brasileiro, como a Cervejaria Backer faz parte de um
conglomerado econômico, para fins de indenização das vítimas, as demais empresas são responsáveis
sucursais para o pagamento da indenização, e assim, conforme legislação, caso o patrimônio social de
todas as empresas não seja suficiente para arcar com as custas indenizatórias, neste caso, o juiz pode sim
aplicar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, tendo os sócios de todas as empresas do
grupo o patrimônio atingido para que as vítimas não fiquem desamparadas.

Já a respeito das Holdings Familiares, é necessário o entendimento do significado de Holdings, conforme


exposto por Carvalhosa:
As holdings são sociedades não operacionais que têm seu patrimônio composto de ações de outras
companhias. São constituídas ou para o exercício do poder de controle ou para a participação
relevante em outras companhias, visando nesse caso, constituir a coligação. Em geral, essas
sociedades de participação acionária não praticam operações comerciais, mas apenas a
administração de seu patrimônio. Quando exerce o controle, a holding tem uma relação de
dominação com as suas controladas, que serão suas subsidiárias. (CARVALHOSA, 2009, 14).
Neste caso, a Holding Familiar, conforme explica Jesus e Santos (2022) tem por objetivo “administrar
o patrimônio de pessoas de uma mesma família que detêm empresas, bens ou cotas de ações, de maneira
que facilita a sucessão (...) Nesse contexto, as referidas cotas ou ações podem ser doadas aos sucessores,
tendo os herdeiros acesso ao patrimônio que a holding detém.”
Entende-se que o principal objetivo de um Holding Familiar é a proteção do patrimônio dos familiares,
diante de futuras dívidas adquiridas por um dos sócios ou em casos de perda patrimonial. Caso os sócios

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da empresa Backer tivesse criado a Holding antes do fato ocorrido, estaria dentro da lei e seria válido
judicialmente, neste caso, seus sócios e acionistas não teriam seu patrimônio atingido, em caso de ser
solicitado a aplicação da teoria de desconsideração da pessoa jurídica, porém, caso a Holding familiar fosse
constituída após o fato concreto, estaria a Backer agindo de má-fé, podendo seus credores acionarem a
justiça por tentativa de fraude para o não pagamento de suas dívidas e o Ministério Público pela empresa
estar efetuando manobras jurídicas para fugir do pagamento das indenizações as vítimas. A empresa foi
autorizada a voltar a funcionar, neste caso, observaremos as estratégias adotadas pela empresa para
solucionar os problemas financeiros por ela contraídos.

Conclusão

Gerir uma empresa não é uma tarefa fácil, existem inúmeras regras a serem seguidas para as empresas
desempenharem com êxito sua função social e econômica.
Entretanto, seja por eventos atípicos e imprevisíveis como uma pandemia mundial que restringiu a
circulação das pessoas, seja por crises econômicas e politicas como as enfrentadas pelo Brasil nos anos de
2015 a 2017 ou situações de má administração ou irresponsabilidade na produção como o caso da Backer
o gestor pode e deve estar atento as ferramentas jurídicas disponíveis para auxiliá-lo na solução dos
problemas financeiros e nas atualizações da lei, que permitem que o gestor supere as crises e se
reposicione no mercado.

Os problemas econômicos/ financeiros atingem não só as empresas, como também afetam os investidores,
credores e funcionários, podendo acarretar na desestabilização da cadeia produtiva, como foi o caso da
cervejaria Backer, com o fato ocorrido, acabou gerando instabilidade na cadeia produtiva, por conta da
insegurança de se consumir cervejas artesanais, ou seja, um fato isolado acabou afetando todas as
empresas do ramo.

Vimos as atualizações da legislação como a Lei de Ambiente de Negócios e a Lei de Liberdade Econômica
que foram criadas diante da necessidade de atualização e modernização do Código Civil, observou-se
também, que no período pandêmico, varias lei foram criadas ou modificadas tendo por objetivo modernizar
as relações comerciais, contratuais e trabalhistas dando segurança jurídica para os envolvidos no processo
a fim de evitar danos e problemas jurídicos no futuro, inclusive modernizando os contratos e usando
recursos como os das negociações extrajudiciais a fim de reduzir a morosidade da justiça.

As empresas que possuíam gestores atentos as ferramentas legais proporcionadas pela lei, conseguiram
se valer dela para enfrentar a crise da COVID 19 e passar pelo período pandêmico com maior brandura do
que as empresas que determinadas ferramentas estratégicas eram desconhecidas.
Já no caso da Backer, a empresa deverá valer-se de um time competente de advogados para auxiliá-la no
processo de retomada da sua produção, um bom time de marketing para dentro das possibilidades
jurídicas revitalizar a marca e bons gestores, sendo estes éticos e competentes, para que dentro da
legalidade e responsabilidade, possam reestruturar a empresa para que, principalmente as indenizações as
vítimas.
No parecer também foi explicitado sobre as Teoria de Base Objetiva e da Teoria da Imprevisão e quando
podem ser aplicadas, que nas empresas afetadas pela COVID19 ambas as teorias podem ser válidas, mas
no caso da cervejaria Backer não, pois o que levou a empresa a sofrer problemas financeiros foram os
próprios atos de administração, foi exposto a Teoria de Desconsideração da Pessoa Jurídica, que só pode
ser aplicada em casos de exceção envolvendo conduta fraudulenta dos sócios ou no caso da Backer, ora, o

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juiz pode valer-se do Código de Defesa do Consumidor neste caso específico e da Aplicação das Holdings
Familiares, o que é, quando é possível e sua aplicabilidade no caso Backer, vimos, que a empresa não
poderia se valer desta ferramenta, pois, poderia ser considerado ato de má fé para fugir dos credores da
empresa.

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