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MATRIZ DE ATIVIDADE INDIVIDUAL

Estudante: JEOVA SOUZA LIMA FILHO

Disciplina: GESTÃO DE TRIBUTOS

Turma: 0123-4

1. Questão 1

A definição do regime tributário é de suma importância no planejamento estratégico da empresa, uma


vez que decisões equivocadas ou sem o devido embasamento, pode acarretar a empresas em sérios
riscos de gastos indevidos (ou não “ótimos”), visto a histórica e pesada carga tributária brasileira.

No Brasil há quatros sistemáticas Tributárias vigentes, sendo elas: O Simples Nacional, Lucro Real,
Lucro Presumido e o Lucro Arbitrário. Sendo cada uma com suas especificidades para
enquadramentos.

O Lucro Real, em sua essência, é a apuração do resultado contábil após a apuração das receitas
subtraídas pelos custos e despesas, ajustadas as adições, exclusões e compensações. Sendo esse
regime, o mais próximo ao resultado “real” do exercício (Decreto-Lei nº 1.598/77). Este pode ser
escolhido por quaisquer empresas, contudo, obrigatório para um conjunto de atividades e limites de
faturamento (artigo 14, da Lei n. 9.718/98).

Nesse regime, as alíquotas de IRPJ e CSLL é aplicado diretamente sobre o Lucro Contábil, com
alíquotas de 15% (IRPJ), 9% (CSLL) e um cálculo de IRPJ adicional (10%) sobre o excedente o Lucro
que ultrapassar o limite mensal de R$ 20.000,00. Importante ressaltar que as empresas nesse regime,
ao auferir prejuízo, a empresa não paga esses tributos, podendo contabilizar um percentual deste, em
exercício em exercícios posteriores.

Outro fator importante desse regime é o caráter não cumulativo do PIS e da COFINS, que apesar de
possuir alíquotas superiores aos demais regimes, 1,65% (PIS) e 7,6% (COFINS), pode-se abater
desse pagamento, os créditos auferidos de gastos com mercadorias, energia elétrica, alugueis de
galpões ligados a atividade, etc.

O Lucro Presumido, de forma sucinta, é uma estipulação prensunçosa do Lucro da pessoa jurídica
estabelecida em Lei (n. 9.718/98) mediante as receitas apuradas, sendo facultativo às empresas com
faturamento anual igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00 (mensais) (art. 13),
respeitando as obrigatoriedades do Lucro Real no artigo 14.

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Essa “estipulação presunçosa” do lucro, é realizando mediante ao produto da receita auferida com a
alíquota de presunção da atividade da pessoa jurídica. Abaixo, um quadro demonstrando as alíquotas
vigentes à cada espécie de atividade:

Figura 1 Presunção de lucro conforme legislação (SANTOS, 2022)

Sobre o lucro presumido da atividade é aplicado as alíquotas de IRPJ (15%), a CSLL (9%) e um
cálculo de IRPJ adicional (10%) sobre o excedente o Lucro que ultrapassar o limite mensal de R$
20.000,00.

Quanto ao PIS/COFINS observa-se alíquotas menores do que as do Lucro Real, 0,65% e 3%


(respectivamente), porém, devido ao caráter da cumulatividade, não há direito de abatimento desses
impostos em gastos essenciais e relevantes ao negócio.

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O Simples Nacional é o regime mais simplificado visando facilitar a vida das micro e pequenas
empresas, regulamentado na Lei complementar nº 123/2006, tendo como base principal a unificação
dos tributos (PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, IRPJ, CSLL e CPP) e o pagamento único de forma mensal
(Lei Complementar 123/2006). O Faturamento dever ser inferior há R$ 4.800.000,00 no ano-
calendário para empresas EPP e R$ 360.000,00 para ME (artigo 27, da Lei n. 9.438/96).

O Lucro Arbitrado, conforme relatado por Santos (2022) é de raríssima usualidade, e é aplicável
quando a pessoa jurídica é incapaz de se enquadrar no Lucro presumido e não possui escrituração
contábil regular (MACHADO, 2014)

A Escolha de uma dessas sistemáticas (quando não impositiva por lei) pode impacta tanto os tributos
diretos quanto os indiretos, sendo estes caracterizados pela transferência do ônus para as etapas
posteriores ou não (e assim, a obtenção de créditos fiscais ou não).

Os tributos diretos são aqueles cuja Autoridade Fiscal arrecada sobre os bens e lucros das pessoas
jurídicas e físicas. São exemplos de tais tributos o IR (Impostos de Renda), a CSLL (Contribuição
sobre o Lucro Líquido), o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), o ITCMD (Imposto sobre
Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos), entre outros.

Já os tributos indiretos são aqueles relacionados à operação de serviços e mercadorias… São


exemplos de desses tributos o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços), o PIS (Programa de Integração Social), entre outros…

Como dito, a definição da sistemática pode influenciar diretamente nas alíquotas de diversos tributos,
além cumulatividade ou não (como PIS e COFINS), base de cálculo de lucro (para aplicação da IRPJ e
CSLL) entre outros…

Por exemplo, uma pessoa jurídica ao definir pelo Lucro Real, têm os impostos sobre a receita, como
PIS e COFINS na cumulatividade, tendo diretos sobre créditos nas entradas de modo a debitar na
operação da saída, em alíquotas de 1,65% e 7,6%, respectivamente. Repassando assim, os tributos
para a próxima etapa da cadeia (até chegar no consumidor final). Já as pessoas jurídicas optantes
pelo Lucro Presumido, possuem alíquotas menores (0,65%, PIS; 3%, COFINS), porém, sem o direito
à creditagem, assumindo a responsabilidade pelo pagamento do tributo.

Ao analisar os impostos de Renda e a Contribuição Social, como a base de cálculo são diferentes (o
Lucro real pela apuração “mais” real da escrituração contábil entre receita e custos; o Lucro
presumido, sobre a presunção do lucro sobre a receita), os valores a ser pagos, podem variar, de
acordo com essa apuração. Enquanto que na escolha do Simples Nacional, o pagamento é unificado,
e com alíquotas diferenciadas à sua atividade, sem o direito aos possíveis créditos de impostos.

2. Questão 2

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Considerando o Resultado do Exercício 20xx, temos a seguinte demonstração:

20xx
receita bruta R$ 12.000.000,00
mercadorias (passíveis de crédito – compra/custo) R$ 7.000.000,00
tributos (ICMS, etc.): R$ 3.000.000,00
receita líquida R$ 2.000.000,00
despesas operacionais R$ 1.000.000,00
aluguel do galpão/loja da empresa R$ 800.000,00
energia elétrica (empresa) R$ 200.000,00
lucro antes dos impostos: R$ 1.000.000,00

Sabendo que o Lucro real a apuração do IRPJ e da CSLL é realizada sobre a base do lucro contábil
da empresa, e que as alíquotas são:

 CSLL: 9%;
 IRPJ: 15%;
 Além do Adicional de 10% de IRPJ sobre o lucro que exceder os R$ 20.000 por mês.

Conhecendo as alíquotas e aplicando-as sobre o lucro contábil de R$ 1.000.000, temos:


Lucro Real
CSLL 9% R$ 90.000,00
IRPJ Total R$ 226.000,00

IRPJ 15% R$ 150.000,00


Adicional IRPJ 10%** R$ 76.000,00
Limite Anual x12 R$ 240.000,00
Excedente R$ 760.000,00
Dessa forma, temos que a empresa deverá pagar R$ 90.000,00 de CSLL e 226.000,00 de IRPJ, num
total de R$ 316.000,00 em tributos.

Quanto ao Lucro Presumindo, sabe-se que o lucro é baseado em um percentual pré-fixado das
receitas brutas, e assim a base para o pagamento dos impostos (IRPJ e CSLL). Ressata-se que
atividade comercial possui seus próprios percentuais, podendo ser conferido no artigo 15 da Lei nº.
9.249 de 1995.

Como a empresa Sempre Varejo pertence a atividade de comércio, a taxa de presunção do lucro é de
8% (IRPJ) e 12% (CSLL), temos:
receita bruta R$ 12.000.000,00
Presunção do Lucro - IRPJ - 8% R$ 960.000,00
Presunção do Lucro - CSLL - 12% R$ 1.440.000,00

Realizando o cálculo com as alíquotas pertinentes de IRPJ e CSLL, temos:

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Lucro Real
CSLL 9% R$ 129.600,00
IRPJ Total R$ 216.000,00

IRPJ 15% R$ 144.000,00


Adicional IRPJ 10%** R$ 72.000,00
Limite Anual x12 R$ 240.000,00
Excedente R$ 720.000,00

Dessa forma, temos que a empresa deverá pagar R$ 129.600,00 de CSLL e 226.000,00 de IPRJ, num
total de R$ 345.600,00 em tributos.

Logo, se compararmos, os pagamentos de impostos no Regime do Lucro Real e Lucro Presumido,


temos:
Lucro Real Lucro Presumido
CSLL R$ 90.000,00 R$ 129.600,00
IRPJ R$ 226.000,00 R$ 216.000,00
Total R$ 316.000,00 R$ 345.600,00

Antes de qualquer conclusão numérica sobre o regime tributário mais vantajoso, vale ressaltar alguns
pontos que seria impediditivos:

 A Sempre Varejo é uma empresa de comércio, não se enquadrando nas obrigatoriedades ao


Lucro Real do artigo 14, da Lei n. 9.718 de 1998;
 O Faturamento anual foi inferior a R$ 78.000.000, o que a deixa facultativa na escolha do
regime, segundo o artigo 13, da Lei n. 9.718 de 1998;
 Está se analisando apenas o pagamento dos tributos IRPJ e CSLL, sem levar em conta a
questão da cumulatividade ou não dos impostos, inerentes aos regimes específicos.
Diante da lista acima, e do caracter da otimização dos recursos da pessoa jurídica, ou seja, buscando
o menor nível de oneração dos impostos, temos que o regime do Lucro Real é mais vantajoso
para a Sempre Varejo, uma vez que, nesse cenário, pagará um valor menor dos impostos (IRPJ e
CSLL), ou seja – R$ 29.600,00.

3. Questão 3
Reforça-se que o PIS e COFINS são tributos que incidem sobre o faturamento da Pessoa Jurídica, e
ambos possuem caráter não cumulativo, quando se está no regime de Lucro Real e cumulativo
quando se está no regime de lucro presumido. Em cada um desses regimes possuem alíquotas
diferentes, no Lucro real, o PIS é de 1,65% e a COFINS 7,6%, já no regime do Lucro Presumido, o
PIS é de 0,65% e a COFINS de 3%.

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Diante das alíquotas conhecidas em cada regime e do resultado apresentado pela Sempre Varejo,
temos a seguinte simulação para o Lucro Presumido:

Lucro Presumido PIS COFINS


Regime Cumultativo Valores Resultado 0,65% 3,00%
receita bruta R$ 12.000.000,00 R$ 78.000,00 R$ 360.000,00
mercadorias (passíveis de crédito – compra/custo) R$ 7.000.000,00
aluguel do galpão/loja da empresa R$ 800.000,00
energia elétrica (empresa) R$ 200.000,00
R$ 78.000,00 R$ 360.000,00
TOTAL
R$ 438.000,00
Como o PIS/COFINS no Lucro Presumido fica enquadrado no regime cumulativo, não há direito a
nenhuma isenção de impostos oriundos à créditos para abater no pagamento desses tributos,
portanto, o valor a ser realizado será de R$ 438.000,00 (R$ 78.000,00 de PIS e R$ 360.000,00 da
COFINS).

Já, simulando com os mesmos dados do demonstrativo de resultado, mas utilizando o Lucro Real,
para pagamento do PIS/COFINS, temos a seguintes análises (lembrando que nesse caso, há créditos,
devido ao regime de não cumulatividade):
Lucro Real PIS COFINS
Regime Não Cumultativo Valores Resultado 1,65% 7,60%
receita bruta R$ 12.000.000,00 R$ 198.000,00 R$ 912.000,00
mercadorias (passíveis de crédito – compra/custo) R$ 7.000.000,00 -R$ 115.500,00 -R$ 532.000,00
aluguel do galpão/loja da empresa R$ 800.000,00 -R$ 13.200,00 -R$ 60.800,00
energia elétrica (empresa) R$ 200.000,00 -R$ 3.300,00 -R$ 15.200,00
R$ 66.000,00 R$ 304.000,00
TOTAL
R$ 370.000,00

Como o PIS/COFINS no Lucro Real fica enquadrado no regime não cumulativo, há direitos à créditos
em aquisições e gastos com ligados a “essencialidade” e a “relevância” à sua operação, tais como
energia elétrica, mercadorias, aluguel da loja, etc.

Conforme demonstrado acima, a Sempre Varejo, dentro do Lucro real, conseguiu um crédito de R$
740.000,00 de PIS/COFINS oriundos das operações de compras de mercadoria e gastos com aluguéis
e energia, o que ajudou a abater o valor “original” a pagar oriundo da incidência do PIS/COFINS na
receita, R$ 1.110.000,00. Subtraindo esses valores, geram um valor a pagar de R$ 370.000,00.

Apurado o resultado do Pagamento dos tributos na simulação realizada entre o Luro Real e
Presumido, e obedecendo às cláusulas explicitadas na tarefa anterior (não obrigatoriedade ao lucro
real devido à operação comercial e não atingir o faturamento, bem como a racionalização da
otimização dos recursos), temos que a melhor opção para a Sempre Varejo é o Lucro Real, uma vez
que essa demandaria um valor a pagar menor de PIS/COFINS em relação ao Lucro Presumido, uma
diferença de -R$ 68.000,00, conforme demonstra a tabela comparativa abaixo.

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4. Questão 4
Para qualquer simulação sobre a possibilidade de enquadramento de uma pessoa jurídica no regime
de Simples Nacional é necessário identificar a apuração da Receita Bruta anual, e a atividade da
mesma, e assim, verificar a alíquotas a ser paga (e a dedução, se houver), de acordo com os anexos
dispostos na Lei Complementar nº 123/2006.

A empresa Sempre Varejo está enquadrada na atividade de “Comércio”, logo poderia se enquadrar
em uma das alíquotas abaixo:

Figura 2 Alíquotas incidentes sobre a atividade do comércio (SANTOS, 2022)

A Sempre Varejo auferiu uma receita bruta de R$ 12.000.000,00 no exercício 20xx, logo, não
poderia se enquadrar no regime de Simples Nacional, visto que o limite de enquadramento nessa
sistemática de uma receita bruta anual de R$ 4.800.000,00.

*Referências bibliográficas
BRASIL. Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera a Legislação Tributária
Federal. Disponível <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9718compilada.htm>.
Acesso de 27 de fevereiro 2023.

BRASIL. Lei Complementar 123/2006, de 14 de dezembro de 2006, publicada no DOU 15/12/2006.


Disponível em www.planalto.gov.br. Acesso em 27 de fevereiro de 2023.

7
BRASIL. Decreto de Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430compilada.htm. Acesso em: 27 de fevereiro de 2023.

MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao planejamento tributário. São Paulo: Malheiros, 2014.

ROSA JUNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de Direito Tributário. 2. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2012

SANTOS, Renan. Gestão de tributos. Rio de Janeiro: FGV, 2022.

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