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morte espiritual
Essa ideia de fazer qualquer coisa para se atingir determinados objetivos é conhecida
como pragmatismo.Isso é algo bem secular e muito evidente em nosso tempo. O
pragmatismo ensina que pensamentos, ideias e ações só têm valor em termos de
consequências práticas. Assim, não há qualquer conjunto fixo teórico de valores.
A igreja cristã tem sido grandemente influenciada pelos conceitos pragmáticos do
secularismo. Se algo “funciona”, então é verdadeiro também para a igreja. Se a igreja
enche, não importa que meios estejam sendo usados para isso, pois se está dando certo,
então, é a vontade de Deus.
De fato, é o “mercado” quem dita as regras. Cada vez mais a pregação da Palavra de
Deus cede lugar para novos métodos como teatro, dança, comédia, shows de rock, e
outras formas de entretenimento. Pelo fato de que esses métodos realmente atraem
multidões, eles são considerados como corretos em si mesmos, independentemente de
serem bíblicos ou não. A cada momento, os grandes ícones da “mídia evangélica”
aparecem com um novo slogan que se torna, automaticamente, a verdade do momento.
É “tempo de colheita”, “tempo de se apaixonar”, “tempo de restituição”, “tempo de
cura”, etc. Isso dura até que apareça outro mais interessante e que dê mais resultados.
O rei Davi viu com assombro os resultados de fazer algo para Deus de modo pragmático,
em vez de seguir o que ele havia determinado. Deus havia dado as instruções de como a
arca da aliança deveria ser transportada (Êx 25.12-14). Em vez de seguir as
determinações do Senhor, Davi quis ser “prático” no transporte da arca de volta para
Jerusalém. Ele imitou o modo mundano dos filisteus para o transporte (1Sm 6.7-8). O
resultado disso foi a morte de Uzá (2Sm 6.6-7). E, “temeu Davi ao Senhor, naquele dia, e
disse: Como virá a mim a arca do Senhor?” (2Sm 6.9). Seguir ao mundo em vez de a
Palavra de Deus nunca dá bom resultado.
Infelizmente esse desejo tem feito parte da vida de muitos cristãos. Eles têm sido
contaminados pelo desejo de possuir, de ter, de comprar. O Senhor Deus fica em segundo
plano na vida de muitos, que têm seus olhos voltados constantemente para Mamon. Jesus
fez uma severa advertência quanto a isso: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque
ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6.24). No texto grego, “riquezas” é
uma tradução do nome “Mamon” que era considerado o deus das riquezas. Mamon é, sem
sombra de dúvida, o maior, e talvez até, o único deus rival do Deus verdadeiro.
A igreja de hoje tem despendido muita energia na busca de adquirir dinheiro. Para
muitos líderes evangélicos de hoje, as pessoas a serem evangelizadas deixaram de ser
consideradas possíveis novos servos do Senhor para representar mais entradas no caixa da
igreja. Ao mesmo tempo, muitos crentes se tornam membros de igreja, mas não se
envolvem financeiramente com ela por meio dos dízimos ou de ofertas. O dinheiro fica
em primeiro lugar. Mas ninguém pode servir a dois senhores.
A regra de fé e prática do povo de Deus deve ser a Palavra de Deus e não as mensagens
seculares e mentirosas de nosso mundo pós-moderno. A Bíblia é sempre lâmpada para
nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119.105). Temos de nos alimentar dela para
que nossa cosmovisão possa ser a de quem enxerga o mundo com a mente de Cristo (1Co
2.16).
Mas, para os verdadeiros filhos de Deus, o sofrimento e as tribulações podem ser úteis
para o desenvolvimento de sua salvação. Não devemos olhar para eles como coisas
necessariamente malignas, pois no meio das tribulações, ao desenvolver a perseverança,
a experiência e a esperança, o crente pode experimentar o amor de Deus de um modo
que jamais poderia sem o sofrimento (Rm 5.3-4).
A Escritura diz: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em
nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Os teólogos puritanos
do passado consideravam isso uma manifestação especial do amor de Deus ao homem que
sofre. Embora esse amor esteja disponível a todo crente, é no momento do maior
sofrimento que podemos nos aproximar do Senhor e experimentar uma comunhão tão
íntima que dificilmente conseguiríamos de outro modo.
Conclusão
É muito triste constatar a realidade de que um grande número de cristãos, têm se
secularizado, têm dado enorme valor às coisas do mundo, em detrimento das coisas de
Deus. Jesus, em sua oração sacerdotal, pediu ao Pai que não fôssemos retirados do
mundo, mas que fôssemos libertos do mal (Jo 17.15). Isso porque temos a missão de ser
sal e luz para este mundo (Mt 5.13-16).
Se temos a mente de Cristo, devemos seguir o que o apóstolo Paulo disse aos colossenses:
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que
são aqui da terra” (Cl 3.1-2).
Nós morremos em Cristo para viver para ele. O Senhor nos concede vida, e vida em
abundância (Jo 10.10). Precisamos abandonar os atrativos seculares para desfrutar das
maravilhosas riquezas que temos em Cristo Jesus.
Aplicação
Você seria capaz de fazer uma lista de atitudes comuns ao seu dia a dia que poderiam ser
descartadas por serem meramente seculares e contrárias à Palavra de Deus? Que atitudes
você pode tomar para ter uma mudança de hábitos, para que sua vida seja muito mais
voltada para o reino de Deus e a glória do Senhor Jesus?
Boa leitura!
Na batalha milenar para preservar os fundamentos da fé, é tarefa da nova geração
confrontar e desarmar as mentiras contemporâneas e lutar pela verdade. Albert Mohler
faz isso com destreza e sabedoria em O desaparecimento de Deus; Michael Horton em
Cristianismo sem Cristo; e Leandro A. de Lima em Brilhe a sua luz. Todos da Editora
Cultura Cristã.
1 Tais como as defendidas pelo Positivismo Clássico de Augusto Comte, e levadas a rigor
em suas formas antimetafísicas
por Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche, dentre outros.
2 É um tipo de humanismo existencialista prático, conforme defendido pelo filósofo
francês Jean-Paul Sartre, em seu livreto
O Humanismo é um existencialismo.
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Expressão, 2013.
Usado com permissão.