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Igreja Evangélica Betel

CULTO DE EDIFICAÇÃO ESPIRITUAL

“Assim morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o Senhor,...
também porque interrogara e consultara uma necromante e não ao Senhor que
por isso o matou e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé”:

O REI SAUL E A FEITICEIRA DE EN-DOR:


UM ESTUDO EM I SM 28.1-25
Introdução: A narrativa bíblica do episódio de Saul e a feiticeira de En-Dor, em 1 Samuel 28, tem
gerado muita polêmica e muitas especulações além de servir como fundamento pelos espíritas para
legitimar a crença da comunicação entre vivos e mortos. Muitos são os renomados teólogos que
afirmam que Deus permitiu Samuel voltar do mundo dos mortos e falar com Saul. Ao longo dos
meus anos de estudos, pregação e ensino da Palavra de Deus são muitos os que me perguntam:
“Reverendo Dionildo, qual é a sua opinião sobre este caso?” Eu sempre respondo que em matéria
de Bíblia não há opinião de a, b ou c; há o discernimento e a interpretação do Espírito Santo. E é
segundo o Espírito de Deus que traremos breve meditação sobre o assunto para a nossa edificação
espiritual.

I – OS ANTECEDENTES

1. Antes da morte de Samuel, Saul havia desterrado os médiuns e os adivinhos. Mas quando Saul
procurou a "médium", Samuel já estava morto (1 Samuel 25.1). Deus o rejeitara, pois o Espírito
de Deus havia se afastado dele conforme 1 Samuel 16.14.
2. Deus não falava mais com Saul. A graça de Deus foi tirada de sua vida. Por sua desobediência
no caso dos despojos dos amalequitas, o Senhor o repreendeu duramente, 1 Sm 15.10-31. Saul
estava perturbado espiritualmente, porque Deus não lhe respondia de forma alguma, nem por
sonhos, nem por Urim, nem por profetas, I Sm 28.16. Em outras palavras, O Senhor não lhe
respondeu nem pessoalmente (por sonhos), nem por através dos sacerdotes (Urim) - os
responsáveis pela intercessão do povo diante de Deus - e nem pelos profetas, os instrumentos de
Deus para revelar sua vontade aos homens.
3. Por sua rebeldia, Saul ficou entregue à influência demoníaca, 1 Sm 16.14. A partir daí, perdeu o
controle, tomado por ódio, inveja e ciúmes. Ele próprio declarou-se angustiado: “Deus se tem
desviado de mim e não me responde mais...” (v.15).
4. O pecado contra Deus e Sua Palavra endureceu o coração de Saul de forma irreversível. As
condições para que Deus ouvisse a Saul seriam que ele orasse, buscasse verdadeiramente a Sua
face, e se arrependesse com sinceridade de seus maus caminhos, 2 Cr 7.14.
5. Os inimigos de Israel, os filisteus, estavam prestes a atacar os israelitas, e quando viu o
acampamento dos seus inimigos, com seu aparato militar, Saul "foi tomado de medo, e muito se
estremeceu o seu coração" (v. 5). Apesar de saber que Deus abominava os feiticeiros, Saul
desesperado recorreu à “médium”.
6. A Bíblia é claramente contra a consulta aos mortos e afirma que quem faz isso é abominação
aos olhos de Deus, Dt 18.10-12; Is 8.19. O envolvimento com médiuns ou necromantes leva à
condenação (Is 8.20-22; Lv 19.31; 20.6). Há outras referências: Ex 22.18; Jr 27.9; 29.8; Atos
16.16. Deus não iria legitimar uma prática por Ele próprio condenada em toda a Sua
Palavra. Uma das causas da morte de Saul foi o haver consultado a feiticeira de En-Dor (cidade
da tribo de Manassés), 1 Cr 10.13-14. Não há como imaginar uma sessão espírita sendo
enriquecida e abençoada com a presença de um mensageiro de Deus. Se fosse permitida tal

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prática, não precisaríamos mais buscar ao Senhor. Em situações difíceis, cairíamos aos pés de
um médium, e diligentemente se apresentariam os santos do Senhor. Então, a Bíblia deixaria de
ser a inerrante e infalível Palavra de Deus e passaríamos a observar outro Evangelho.

II – A SESSÃO

1. Saul sabia que era pecado e desobediência a Deus o consultar pessoas envolvidas com feitiçaria,
espiritismo e consulta aos mortos, Êx 22:18; 1 Sm 28:3. Mas mesmo assim ele o fez. Foi como
se Ele dissesse: "Se Deus não me responde, então o diabo vai me responder". A própria
médium sentiu-se receosa quando descobriu a identidade de Saul, que se apresentara a ela
disfarçado. Depois de o rei ter-lhe assegurado que nenhum mal lhe aconteceria, a mulher deu
início à sessão, evocando a presença de Samuel a pedido de Saul. É necessário notar que o rei
não viu o pretenso Samuel que se manifestou na ocasião (v.13).
2. Durante a sessão espírita, em momento algum, a Bíblia diz que o rei Saul viu com os seus
próprios olhos, o "profeta Samuel". Quando ele perguntou à mulher: "Que vês?", ela respondeu:
"Vejo um deus que sobe da terra" (v. 13). Insatisfeito com a resposta, ele inquiriu novamente:
"Como é a sua figura?", ao que ela respondeu: "vem subindo um ancião, e está envolto numa
capa". A narrativa bíblica diz então que "entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o
rosto em terra e se prostrou" (v.14). Saul deduziu que o vulto que subia da terra, ao qual ele
não via, era o profeta Samuel.
3. Os erros do Rei Saul foram muitos até mesmo na consulta aos demônios: Ele “se disfarçou e
vestiu outras vestes, desejando negar sua identidade (v.8); usou falsamente o nome do Senhor,
jurando por Ele (v.10); a feiticeira primeiramente disse que viu a Samuel (v. 12), depois disse
que viu “deuses que sobem da terra” (v.13); depois, já não eram deuses nem Samuel, mas “um
ancião envolto numa capa” (v.14).
4. A primeira fala de “Samuel” é de insatisfação, v.15. Dois pontos devem ser analisados nessas
palavras. Primeiro, se Deus permitira a vinda de Samuel, como Seu mensageiro, o profeta
deveria cumprir com alegria a missão recebida, e não se mostraria insatisfeito. O espiritismo
afirma que os desencarnados são mensageiros de Deus. Segundo, o entendimento é que quem
comandou a “subida” de “Samuel” não foi Deus, mas o pecador Saul. O “ancião envolto numa
capa” declarou que Saul o fez subir (v.15). O santo de Deus, o profeta Samuel, estaria à
disposição de uma feiticeira e de um rei pecador, a quem Deus não mais respondia?
5. Outra pergunta de “Samuel” merece ser comentada, v.16. Ora, se Deus havia se ausentado de
Saul; se este já estava sob condenação; se os ouvidos de Deus estavam tapados ao clamor de
Saul (v.6, 15,16), como viria Samuel para prontamente atender a um chamado desse rei, via
feiticeira? Se Deus se fizera inimigo de Saul, por que razão Samuel viria atender ao chamado?
Que autoridade teriam um rei e uma feiticeira (ou, por extensão, que autoridade têm os
médiuns) para convocarem os santos do Senhor?
6. Assim como acontece numa sessão espírita, o médium fala como se fosse a própria pessoa
falecida, as pessoas não conseguem ver, mas somente ouvir a voz do espírito que fala por
intermédio do médium. No caso, por exemplo, de muitos médiuns, ninguém ouve nem vê, mas
simplesmente recebe a mensagem psicografada, ou seja, escrita.

III – JULGANDO AS PROFECIAS DE "SAMUEL" DURANTE A SESSÃO ESPÍRITA

1. Vejamos Dt 18.21-22 sobre o dever de julgar os espíritos e profecias. “Samuel disse que Saul e
os filhos morreriam no dia seguinte, v.19. Enquanto o pseudo Samuel estava discorrendo sobre
fatos passados, acertou; mas no momento em que falou sobre acontecimentos futuros, foi um
desastre. Ele disse: “AMANHÃ estareis comigo”. Amanhã significa “o dia seguinte àquele em
que estamos”. Todavia, Saul não morreu no dia seguinte. Um dia se passou segundo relato em 1

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Sm 29.10-11; três dias se passaram, conforme 1 Sm 30.1; um dia se passou em 1 Sm 30.17. Saul
morreu cinco dias, no mínimo, após a profecia de “Samuel”.
2. A profecia do falso Samuel não se cumpriu: Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus; ele se
suicidou (1 Samuel 31:4) e seu corpo foi recolhido do campo de batalha pelos moradores de
Jabes-Gileade (1 Sm 31:11-13). Os filhos de Saul eram, no mínimo, oito: Jônatas, Isvi,
Malquisua, Merabe, Mical (1 Sm 14.49; 1 Cr 8.33), Armoni, Mefibosete (2 Sm 21.8),
Abinadabe (1 Cr 8.33) Is-Bosete, cujo primeiro nome foi Esbaal (2 Sm 2.8). Todavia, apenas
três morreram na batalha: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1 Sm 31.2,6; 1 Cr 10.2). Is-Bosete,
por exemplo, passados cinco anos da morte de seu pai, reinou sobre Israel durante dois anos, (2
Sm 2.10; 4.7). Outra declaração contraditória: “Estareis comigo”. Por tudo que vimos Saul não
foi para o mesmo lugar onde se encontrava Samuel, que estava no Paraíso, na paz do Senhor (Lc
16.22).
3. Esses fatos tornam essa profecia uma flagrante contradição com o testemunho divino a respeito
de Samuel, um profeta verdadeiro, 1 Sm 3:19. É claro, portanto, que não foi Samuel quem se
manifestou em En-Dor. Tudo não passou de uma fraude ou de artimanha de um espírito
maligno. Da mesma forma, os demônios continuam enganando milhões de pessoas até hoje.
4. Saul ao morrer, não foi para o mesmo lugar onde estava o verdadeiro Samuel. A Bíblia afirma o
juízo de Deus sobre Ele e a causa da sua morte, 1 Cr 10.13.
5. Admitir que o profeta Samuel apareceu naquela sessão espírita e conversou com o rei Saul é
contradizer o próprio Deus. Se o Espírito do Senhor se afastara do rei Saul, se Deus não lhe
respondera mais, ou seja, Deus não lhe respondia pelos meios legais, e se o profeta Samuel
nunca mais o procurou até o dia em que faleceu, (1 Sm 15:35), será que o nosso Deus permitiria
que Samuel falasse com Saul numa sessão espírita proibida por Ele, e através de uma
"médium"?
6. A desobediência sempre traz o juízo divino. A consulta aos mortos é proibida por Deus (Dt. 18.
9-12) e qualquer tentativa de se estabelecer contato com eles é desobediência aos preceitos de
Deus, e suas trágicas consequências não se farão esperar, Is 8:19, 20.
7. Se de fato Samuel apareceu naquela sessão como mensageiro do Senhor, a Palavra de Deus
estaria negada (esse é o maior desejo do diabo até mesmo quando usa teólogos e pastores sem
discernimento e sem conhecimento do Senhor). Após censurar com rigor a rebelião de Saul, o
profeta disse não voltaria a ele, 1 Sm 15.26. De fato isso aconteceu, (v. 35). Se Deus não falava
com Saul pelos meios usuais – “ministério dos profetas e sonhos” (1 Sm 28.15) – não falaria
através de um meio abominável. Se a prática de consultar os mortos tivesse sido validada por
Deus, enviando o santo Samuel, não teria sentido a condenação de Saul, 1 Cr 10.13.

Conclusão: Não foi Samuel quem participou daquela sessão espírita. Um demônio ali se
manifestou, personificando o profeta. Saul desejou consultar uma mulher que tivesse “o espírito de
feiticeira” (1 Sm 28.7), que literalmente significa “uma mulher possuída de Ob”. Essa palavra,
“Ob”, “significa um receptáculo feito de peles, e passou a ser aplicado a um homem ou mulher
possuídos pelo espírito de necromancia”. O espírito do engano, no intuito de enganar a Saul, aos
seus soldados e à feiticeira, apareceu com o semblante de Samuel e certamente imitou a sua voz, 1
Sm 28.12. A afirmação “estareis comigo”, de “Samuel”, reforça o entendimento de que o diabo
estava certo quanto ao destino de Saul. Em Lc 16.19-31, Abraão negou o pedido do rico para que
mandasse o santo Lázaro à Terra. E teria Lázaro a nobre missão de falar de salvação aos irmãos do
rico. Nem assim foi possível. Abraão declarou que eles deveriam dar ouvidos a “Moisés e profetas”,
meios usuais de consulta (v.29). O rico também se viu impedido de sair do seu lugar. Logo,
espíritos humanos, bons ou maus, estão impossibilitados de se apresentarem em sessões espíritas,
sejam elas dirigidas por médiuns, feiticeiras, necromantes ou adivinhos. SOLI DEO GLORIA.

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