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parte II
Conforme vimos na aula anterior, Jesus deu autoridade para sua igreja. Portanto, em
Cristo, já possuímos as chaves do reino, e estamos empoderados para enfrentarmos o
império das trevas. A autoridade já está em nós. No entanto, precisamos pensar que não
adiantar apenas sermos portadores de uma mensagem sem antes a vivermos. Existem
princípios que precisam ser estabelecidos para que possamos exercer essa autoridade.
Existem três princípios básicos que acionam a autoridade que já possuímos: obediência,
fé, e submissão a Deus; submissão as autoridades humanas; e uma vida de santidade.
Não existe outra maneira de exercer autoridade contra o império das trevas. Veremos
adiante como essas três vertentes devem ser vividas na vida cristã.
Filipenses 2:5-11
É muito claro essa perspectiva. Deus exaltou a Jesus pela sua obediência e submissão
ao pai. Esse é o grande princípio da autoridade espiritual. O segredo de ter autoridade
espiritual é ser submisso e obediente. A desobediência denota orgulho e orgulho é o
pecado de Satanás. Se quisermos ser revestidos de autoridade devemos ser submissos
aos nossos líderes espirituais e humanos. Lembrando que autoridade é diferente de
autoritarismo. Autoritarismo revela manipulação e controle, autoridade expressa
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cumprimento de uma missão. Jesus foi obediente em muitas outras ocasiões. Ele se
submeteu ao batismo de João, aos seus pais, a autoridade de Pilatos (Jo 19:9-11), aos
processos do calvário etc.
2. O Entendimento do Centurião
Lucas 7:1-10
O centurião teve uma postura que libera milagres. A admiração de Jesus é devido ao
entendimento de autoridade que ele teve. Por ele ser um homem de autoridade, ele
reconheceu que espiritualmente Jesus exercia autoridade, ainda que humanamente, ele
tivesse mais autoridade que Jesus. Saber se relacionar com as autoridades humanas é
um balizador explicito do exercício da autoridade espiritual que teremos.
3. Davi x Saul
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Davi foi o maior Rei de Israel e não há dúvidas sobre isso. Porém, para se tornar esse
homem ele precisou passar pelo teste da obediência. Davi foi perseguido
implacavelmente por Saul por causa da inveja (1 Sm 18.7, 28-29). Na verdade, o que
mais despertou ódio em Saul foi o fato dele ter perdido presença, algo que Davi
carregava (1 Sm 18.28-29). Saul também passou pelo teste da obediência, porém foi
reprovado. A grande diferença de Saul para Davi é o centro do amor. Saul amava mais
ao trono do que a Deus. Quando Samuel repreendeu a Saul dizendo que ele havia sido
rejeitado pelo Senhor para continuar a ser Rei sobre Israel, qual foi a preocupação de
Saul? O fato dele ter perdido a presença? ou o fato dele ter perdido o trono?
1 Samuel 15:30
Quando olhamos para Davi vemos que ele amava mais a presença do que o trono. Ainda
que Davi tenha pecado com Bate Seba, no seu salmo de arrependimento ele diz ao
Senhor:
Salmos 51:11
Isso nos mostra o ponto de inflexão entre Davi e Saul. Davi amava a presença acima do
trono. Saul amava o trono, acima da presença. Saul foi reprovado duas vezes no teste
da obediência. Já Davi, foi aprovado duas vezes:
• SAUL:
→ Ofereceu sacrifício sem esperar por Samuel – 1 Sm 13.8-15
→ Poupou Agague rei dos malequitas e o rebanho – 1 Sm 15.9-31
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• DAVI:
→ Não matou Saul na caverna – 1 Sm 24.1-7
→ Não matou Saul no acampamento – 1 Sm 26.1-12
Essa realidade entre Davi e Saul é muito pertinente. Isso representa dois tipos de
caminhos que podemos seguir. Podemos seguir o caminho da obediência, ou seguir o
caminho da justiça própria. Note que espiritualmente Davi era o rei escolhido. Mas
humanamente, era Saul que reinava sobre Israel. Muitas vezes recebemos uma
promoção nos céus, porém, ainda não somos promovidos na terra. E isso, é por um
simples motivo: Para recebermos a promoção dos céus precisamos passar no teste na
terra. Davi teve duas grandes oportunidades de matar Saul, mas não fez. Saul, no
entanto, foi desobediente, obstinado e rebelde, não demostrando ter confiança em Deus.
• Rebelião x Feitiçaria
1 Samuel 15:22,23
Deuteronômio 18:9-13
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as nações de lá praticam. Não permitam que se ache
alguém no meio de vocês que queime em sacrifício o seu
filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou se
dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique
feitiçaria ou faça encantamentos; que seja médium,
consulte os espíritos ou consulte os mortos. O Senhor
tem repugnância por quem pratica essas coisas, e é por
causa dessas abominações que o Senhor, o seu Deus,
vai expulsar aquelas nações da presença de vocês.
Permaneçam inculpáveis perante o Senhor, o seu Deus.
Romanos 13:1-2
1 Pedro 2:13-15
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enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para
louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de
Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância
dos insensatos.”
• Autoridade x Autoritarismo
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• Exemplos de submissão as autoridades
❖ Pedro e João
João 20:1-8
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❖ Jesus e Pilatos
João 19:10-11
Satanás sempre nos tentará a nos rebelarmos contra Deus, de forma direta ou indireta.
Deus havia dado a Adão a autoridade não apenas sobre o jardim, mas sobre toda terra
(Gn 1.26-28). Eva, portanto, estava debaixo da autoridade de Adão, e
consequentemente sob a autoridade de Deus (1 Co 11.3). É importante mencionar
também, que a ordem para não se comer do fruto foi dada por Deus diretamente a Adão,
e não a Eva. Cronologicamente, Eva nasceu depois que Deus havia sido formado Adão,
por isso, pressupõe-se que a ordem dada a Eva, partiu de seu marido Adão. Sendo
assim, a estratégia de satanás consistia em causar uma reação em cadeia pela quebra
de autoridade. A rebelião de Eva foi primeiramente contra Adão, pois este havia lhe dado
uma ordem. Porém, consequentemente também foi uma rebelião contra Deus, pois a
ordem nascera dele. Nisso temos um ciclo de quebra de autoridade:
SATANÁS SE REBELA CONTRA DEUS > SATANÁS INFLUENCIA EVA > EVA SE REBELA
CONTRA ADÃO > EVA INFLUENCIA ADÃO > ADÃO SE REBELA CONTRA DEUS >
O FRUTO DA REBELIÃO É DISSIMINADO PELA HUMANIDADE
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II. CÃO E NOÉ – Gn 9.20-27 (rebelião dos filhos)
Noé tinha três filhos: Cão, Jafé e Canaã. Após terem sobrevivo ao dilúvio, Noé e sua
família se estabelecem na terra. Em seguida, Noé planta uma vinha e se embriaga com
o fruto de sua colheita. Devido a embriagues, Noé ficou nu dentro de sua tenda, quando
foi visto pelo seu filho Cão (ou Cam), que imediatamente expôs a sua nudez. A desonra
de Cão expressa um ato de rebelião. Noé era a autoridade espiritual de sua casa, porém,
Cão não reconheceu a dignidade de seu pai, mas aproveitou a oportunidade para o
expor de forma deliberada. Watchman Nee diz: “Quando Cão viu a conduta imprópria
de seu pai não teve o menor sentimento de vergonha ou tristeza, nem tentou
encobrir a falta de seu pai. Isto revela que ele tinha um espírito rebelde” –
(Autoridade Espiritual). A bíblia deixa claro que os filhos precisam obedecer aos pais (Ex
20.12; Ef 6.1-4; Pv 6:20-23; Cl 3.20; Pv 1.8-9; Pv 13.1; Pv 4.1-6; Dt 21.18-21;), e a
desonra causa uma morte precoce. A consequência da rebelião de Cão foi a maldição.
Noé diz: “Maldito seja Canaã; seja servo dos servos para os seus irmãos." (Gênesis 9:25).
Watchman Nee diz: O primeiro escravo na Bíblia foi Cão. Noé pronunciou a sentença
de que Canaã seria escravo e servo. Isto é o mesmo que dizer que aquele que não
se sujeita à autoridade vem a ser escravo daquele que obedece à autoridade.
Nesse contexto vemos que o grande Moisés tomou uma atitude inusitada, casando-se
com uma etíope. Acontece que o povo etíope era descendente de Cuxe, que era
descendente de Cão o filho amaldiçoado de Noé. Essa atitude não foi bem vista aos
olhos de Arão e Miriã, que eram os irmãos mais velhos de Moisés. Penso que Arão e
Miriã tinham todo o direito de discordar de seu irmão mais novo, pois na hierarquia
familiar ela tinha uma posição de autoridade sobre Moisés. O grande problema foi
misturar questões familiares com o ministério. Moisés foi o líder escolhido por Deus para
guiar o povo até a terra prometida. Arão e Miriã na questão ministerial estavam abaixo
de Moisés. Isso não significava que Moisés havia se tornado alguém infalível ou intocável
que nunca pudesse ser questionado. Porém, o que Miriã e Arão fizeram foi um ato
deliberado de rebelião: "Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés?
Também não tem ele falado por meio de nós?”. Em outras palavras, Mirião e Arão
estavam questionando a autoridade de Moisés como líder. Eles misturaram questões
familiares com a autoridade ministerial que Deus havia dado a Moisés. Como resultado
desse trágico ultraje, Miriã ficou completamente leprosa, e somente através da
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intercessão de Moisés, e após sete dias de isolamento, Miriã voltou ao normal.
Precisamos entender que ter autoridade espiritual não significa intocabilidade. Líderes
podem e devem ser interpelados quando se tornarem repreensíveis. O apóstolo Paulo
repreendeu a Pedro pela sua dissimulação, mesmo estando numa posição de autoridade
inferior à dele (Gl 2.11-14). Porém, isso não nos dá o direto de ultrajarmos contra tal
autoridade. Rebelião é completamente diferente. Paulo repreendeu a Pedro, mas não
questionou a autoridade que Deus o havia dado, tentando de alguma forma usurpar a
sua posição de coluna da igreja (Gl 2.9). No contexto de Moisés vimos como Deus trata
com a rebeldia. O espírito de rebeldia é comparado a lepra, uma doença que traz
insensibilidade e degradação, que na bíblia sempre está associado a arrogância e
soberba.
Coré, era bisneto de Levi, patriarca da tribo chamada por Deus para exercício do
sacerdócio. Por conseguinte, Coré era primo de Moisés e Arão. Certo dia Coré, na
companhia de Datã e Abirão (que pertenciam a tribo de Rubens) juntamente com
duzentos e cinquenta líderes (que tinham uma posição proeminente no conselho), se
rebelaram contra liderança de Moisés e Arão. Eles disseram que Moisés e Arão estavam
se colocando acima da assembleia do Senhor, e que toda comunidade era santa como
eles, e por isso, a liderança deles não era mais necessária. Em outras palavras, eles
estavam questionando a posição de Arão como sacerdote, e a liderança de Moisés, por
ainda estarem vagando no deserto (Nm 16.12-14).
Números 16.8-11
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Nisso vemos que o motivo central da rebelião, era a usurpação do exercício sumo
sacerdotal. Eles queriam o lugar que Deus havia reservado para Arão. Por isso, Moisés
faz uma convocação com o intuito de tirarem a prova real sobre o exercício do
sacerdócio. Essa comprovação seria baseada no oferecimento de incenso (Nm 16.5-7).
No dia seguinte, eles levaram seus incensários e se puseram à entrada da Tenda do
Encontro. Moisés e Arão fizeram o mesmo. Corá e seus partidários faziam oposição a
Moisés e Arão à entrada da Tenda do Encontro. Imediatamente, Deus aparece dizendo:
“Afastem-se da congregação, para que eu possa acabar com eles agora mesmo!” –
(Nm 16.21). Diante do fato, Moisés e Arão se colocam em intercessão pelo povo: “Ó
Deus, quer dizer que um homem peca, e ficas irado contra toda a comunidade?” ...
Diante do que havia acontecido naquele contexto Moisés ainda precisa mostrar ao povo
que Deus era com eles, e que aquela rebelião teria uma consequência devastadora.
Moisés manda toda congregação se afastar dos filhos de Coré, Datã, e Abirão e diz:
Números 16:28-33
“E disse Moisés: "Assim vocês saberão que o Senhor me
enviou para fazer todas essas coisas e que isso não partiu
de mim. Se estes homens tiverem morte natural e
experimentarem somente aquilo que normalmente
acontece aos homens, então o Senhor não me enviou.
Mas, se o Senhor fizer acontecer algo totalmente novo, e a
terra abrir a sua boca e os engolir, junto com tudo o que é
deles, e eles descerem vivos ao abismo, então vocês
saberão que estes homens desprezaram o Senhor". Assim
que Moisés acabou de dizer tudo isso, o chão debaixo
deles fendeu-se e a terra abriu a sua boca e os engoliu
juntamente com suas famílias, com todos os seguidores de
Corá e com todos os seus bens. Desceram vivos à
sepultura, com tudo o que possuíam; a terra fechou-se
sobre eles, e pereceram dentre a assembleia.”
Mal as palavras saíram da sua boca, e o solo se fendeu. A terra abriu sua boca e de uma
só vez engoliu a todos; os homens, suas famílias e todos os seres humanos associados
à Coré, Datã e Abirão. além de tudo que eles possuíam. Este foi o fim deles: foram
jogados vivos no abismo.” Isso me faz lembrar do pecado de satanás e seu julgamento:
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“Lúcifer disse: Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao
Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” –
(Isaías 14:14,15). A palavra hebraica para “abismo” usada tanto em Isaias 14.14, como
em Números 16.33, é a mesma. A palavra utilizada é SHEOL, que significa: “Inferno”,
“morada dos mortos”, “lugar do qual não há retorno”, “lugar de castigo”, “refere-se a
um lugar de degradação extrema no pecado”. Esse é o destino dos rebeldes. Em
seguida, os 250 líderes que apoiaram a rebelião também foram castigados pelo Senhor:
“Então veio fogo da parte do Senhor e consumiu os duzentos e cinquenta homens que
ofereciam incenso.” – Nm 16:35.
Mesmo diante disso tudo, a rebeldia ainda não havia acabado. Era como se um espírito
estivesse pairando sobre o arraial. Após o juízo de Deus ter sido derramado sobre Coré
e seus seguidores, os israelitas fugiram apavorados com medo de serem engolidos pela
terra. Porém, no dia seguinte perpetuou-se uma nova murmuração do povo que dizia:
“Vocês mataram o povo do Senhor.” (V. 41). Diante disso, a ira do Senhor se acendeu,
e instalou-se uma praga terrível no meio do povo (V. 46), matando cerca de catorze mil
e setecentos israelitas, além dos que haviam morrido por causa de Coré (V. 49). A praga
só cessou quando Arão fez a propiciação pelos pecados do povo (V. 47). É importante
mencionar que é justamente neste contexto que Deus fez a vara de Arão florescer,
comprovando para todos que a autoridade sacerdotal estava sobre a vida de Arão, e a
liderança sobre Moisés – (Nm 17.1-13).
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