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Com sua morte, ele consolidou seu nome no panteão político brasileiro, associando-o
definitivamente, como mártir, à bandeira dos interesses nacionais e do trabalhismo. A
intenção está clara na carta, como no trecho em que se lê: "Se as aves de rapina
querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu
ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre
convosco... Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira
de luta."
João Goulart, O Jango, foi o herdeiro mais imediato de Vargas. Além de Goulart, o
próprio Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que imediatamente incorporou a Carta-
testamento ao seu programa político, herdaria as principais bandeiras de Vargas. Mas
também Juscelino, Brizola e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) – fundado após a
extinção do bipartidarismo em 1979 –, entre outros atores sociais, buscaram legitimar-se
apoiados no legado varguista, que durante muitas décadas constituiu uma das bases da
vida política brasileira.
“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado
de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a
minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro
passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história” Esse trecho da
carta datilografada (havia uma segunda, manuscrita) teria sido do próprio Getulio Vargas?
Sua personalidade neurótica, seus arroubos de megalomania e ufanismo hipócrita,
aliados à obsessão messiânica pelo poder parecem encontrar eco nesse texto. Faz
sentido.
FONTES: VARGAS, Alzira. Getúlio Vargas, meu pai. Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 2017.
NETO, Lira. Getúlio, Companhia das Letras, Rio de Janeiro, 2012, 3 volumes.