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O retorno de Vargas foi algo muito bem planejado, já que à medida que
se aproximava o processo eleitoral, ele buscava verificar o alcance de sua
possível candidatura tanto no campo político, como no meio militar. Nesse
quadro se estabeleceriam as candidaturas para a eleição presidencial de 1950.
Getúlio Vargas candidatou-se pelo PTB; A UDN insistiu na candidatura do
brigadeiro Eduardo Gomes; e o PSD lançou o nome de Cristiano Machado, que
progressivamente diante da polarização, acabou desistindo e indiretamente,
apoiou Vargas. Assim como na vitória de Dutra, mais uma vez a popularidade
de Vargas foi essencial para a vitória eleitoral. Essa prática ‘’populista’’ – o
vínculo do líder com o povo - foi a essência política na formação histórica
brasileira no período entre as décadas de 1950 e 1960, sem haver, no entanto,
um padrão monolítico quanto a sua execução. Getúlio Vargas vai ficar marcado
por práticas populares alicerçados ao trabalhismo – Populismo Trabalhista;
Juscelino Kubistchek desde cedo passou a implementar seu plano
desenvolvimentista – Populismo Desenvolvimentista; e Jânio Quadros tinha na
essência de sua ação calcada em uma ‘’moralização’’ da política e das verbas
públicas – Populismo Moralista; são ‘’diferentes populismos’’ devido às
discrepâncias quanto à prática.
Logo no seu discurso de posse, Vargas promovia uma narrativa de
retorno ao governo e deixava evidente uma tendência vinculada ao populismo
trabalhista, bem como apresentava uma ótica onde a legitimidade de seu poder
era calcada no apoio popular e mantida a partir de uma interação direta com o
povo. Desde cedo Vargas irá ‘’doar’’ uma legislação trabalhista para as
cidades, de modo a atender à pressão das massas urbanas, além de
estabelecer a ideologia do ‘’pai dos pobres’’ através das propagandas e
também reconhecerá para as massas o direito de formularem reivindicações.
Dessa forma, através do prestígio que Vargas tinha com as massas urbanas,
este irá estabelecer o poder do Estado como instituição que se legitima a partir
dessas massas, em um estado de compromisso associado ao populismo que
faz surgir uma nova fonte de poder a esse Estado. Como aponta seu discurso:
‘’Ordenastes e eu obedeci [...] O povo brasileiro ofereceu um exemplo vivo de
maturidade política [...] A minha candidatura... veio diretamente do povo, dos
seus apelos e dos seus clamores [...] Tendes direito a uma vida melhor e a
uma participação gradual e equitativa nos produtos do trabalho [...] É ao próprio
povo, em primeiro lugar, que cabe a vigilância do mais sagrado dos direitos. ‘’
Bibliografia
Fico, C. (2016). História do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Contexto.