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Escola Profª Débora Duarte

10 de Novembro de 2022
Alunos: Lohraine Araújo, Emilly Dantas, Bruna
Macena, Maysa Vitória, Pedro Henrique,
Guilherme Augusto

Segundo governo de Vargas


O segundo governo de Vargas é conhecido
como o governo democrático de Getúlio
Vargas e iniciou-se em 1951, quando Vargas foi
empossado na presidência. Esse governo teve
como grandes marcas a permanente crise
política e a tensão social causada pela crise
política e econômica do país. Em razão da
grande pressão exercida sobre Getúlio Vargas,
ele cometeu suicídio em agosto de 1954.
Formação da Quarta República
O segundo governo de Getúlio Vargas está
inserido dentro de um período da nossa
história conhecido como Quarta República
(1946-1964). Esse período, por sua vez, só foi
iniciado quando o próprio Vargas foi forçado a
renunciar em 1945. A partir daí, foi necessário
construir uma democracia para o Brasil.
A primeira de sua história.
Novos partidos políticos foram formados, e
uma eleição presidencial foi organizada, ainda
em 1945. O general Eurico Gaspar Dutra foi
eleito presidente, e uma nova Constituição foi
promulgada em 1946. Apesar de tantas
mudanças em curso, Vargas permaneceu como
uma figura influente na nossa política.

Entre 1946 e 1949, Vargas manteve-se


presente na política, uma vez que se elegeu
senador pelo Rio Grande do Sul após se
candidatar pelo Partido Social Democrático
(PSD). Nesse período, conciliou suas funções de
senador com períodos de descanso na sua
residência, no Rio de Grande do Sul, e com a
montagem de uma estratégia política para
retornar ao poder o mais breve possível.
Eleições e 1950
Vargas concorreu à presidência na eleição de
1950. A estratégia de Vargas foi perfeita e deu-
lhe grande vantagem sobre seus adversários.
Primeiramente, Vargas procurou apoio de
pessoas importantes e que lhe garantiriam
uma grande quantidade de votos, como
demonstrou sua aliança com Ademar de
Barros, político populista muito forte em São
Paulo.

Além disso, Vargas procurou realizar alianças


com membros do PSD e, até mesmo, aliou-se
com membros da União Democrática Nacional
(UDN), partido abertamente antivarguista.
Candidatou-se pelo Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) e enfrentou Cristiano Machado
(PSD) e Eduardo Gomes (UDN).

Na campanha, defendeu uma política de bem-


estar social, com a ampliação dos benefícios
para os trabalhadores, e defendeu a
priorização da industrialização para promover
o desenvolvimento econômico do Brasil.
Vargas também soube moldar seu discurso
para cada local do país em que passava e dizia
aquilo que as pessoas queriam ouvir.

O resultado da ótima estratégia de campanha


não poderia ter sido outro: Vargas venceu por
uma larga vantagem os seus adversários e
obteve 48,7% dos votos. Com isso, garantiu
dessa vez de maneira democrática o seu
retorno à presidência.
• Crise Política

Na crise política, é importante ressaltar o papel


da UDN de tornar a situação insustentável para
que Vargas pudesse governar. Um dos grandes
nomes da oposição udenista foi o jornalista
Carlos Lacerda, que defendia a ideia de
“recorrer à revolução para impedir Vargas de
governar".

A crise política concentrou-se em um assunto


central do debate político brasileiro na época o
caminho para o desenvolvimento econômico
do Brasil. Existiam duas tendências
abertamente opostas para o crescimento do
país: uma tinha uma postura mais nacionalista,
e a outra, uma postura mais liberal.

Os nacionalistas defendiam que o


desenvolvimento do país deveria passar pela
atuação de empresas estatais que explorassem
recursos e áreas fundamentais da economia.
Além disso, a influência do capital estrangeiro
deveria ser limitada por meio da intervenção
do Estado na economia. A proposta liberal
defendia que o desenvolvimento brasileiro
deveria ser realizado com a utilização de
capital estrangeiro, e a intervenção do Estado
na economia deveria ser limitada ao máximo.

Getúlio Vargas tendia para a proposta


desenvolvimentista-nacionalista, e a ação do
governo que mais repercutiu foi a proposta de
criação de uma estatal para explorar o petróleo
e de outra para a produção de energia elétrica
a Petrobras e a Eletrobras, respectivamente. A
Petrobras acabou sendo fundada em um clima
de mobilização nacional muito grande,
enquanto o projeto da Eletrobras não avançou.
O fato de Vargas estar na presidência e seu
histórico de uma política próxima dos
trabalhadores já desagradavam à elite do país.
Essa insatisfação só aumentou com as medidas
do presidente na economia. A intervenção
estatal e a ação do governo para retirar
investimentos estrangeiros em áreas
importantes prejudicaram os interesses de
grupos poderosos, que se voltaram contra o
governo.

Vargas procurou contornar essa situação ao


tentar aproximar-se dos grandes partidos do
Brasil. Ele era vinculado ao PTB, tinha muito
apoio no PSD e tentou garantir o apoio da
UDN. A situação irritou muitos políticos do PTB
e PSD, e a situação saiu do controle de Vargas.
Quem se aproveitou dessa situação foi a
própria UDN, que conseguiu se fortalecer e
travou o governo.
Os debates e a divisão do país eram tão
grandes que até o Exército dividiu-se,
sobretudo na questão da política de
desenvolvimento do país. Esse racha no
Exército prejudicava a sustentação de Vargas
no poder, uma vez que o Exército era uma
figura fundamental naquela época para
garantir a manutenção dos governos.

Os ataques que eram realizados a Vargas


concentravam-se na questão da corrupção,
com acusações de que governo era corrupto,
mas também se aproveitavam do temor que
existia no país em relação ao comunismo. Com
isso, Vargas passou a ser acusado de procurar
construir uma “república sindicalista”, aos
moldes do que acontecia na Argentina
peronista.

Além do Exército e da UDN, a imprensa


brasileira também atuou abertamente para
desestabilizar o governo de Getúlio Vargas.
Jornais como O Estado de São Paulo, O Globo e
Tribuna da Imprensa teciam críticas
constantemente. Tudo se agravou com a
descoberta de empréstimos concedidos a um
jornal situacionista (que apoiava o governo)
chamado “Última Hora”, o que levou à
abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito). A imprensa explorou amplamente o
assunto como demonstração da corrupção do
governo.

• Tensão Social
A tensão social também marcou fortemente
esse governo, sobretudo a partir de 1952. Essa
tensão foi, em partes, influenciada pela crise
política e pelos ataques que Vargas sofria, mas
a sua principal causa era a crise econômica. O
fator que mais pesava era o aumento no custo
de vida.

A situação no Rio de Janeiro, por exemplo,


pode ser um bom indicativo desse quadro, pois
o custo de vida havia aumentado 11% em
1950, 11% em 1951 e 21% em 1952. Isso tudo
ainda ecoava no fato de que o trabalhador não
tinha um reajuste salarial desde 1943, o que
representava a perda do seu poder de compra.

Um aumento salarial havia sido determinado


no final de 1951, mas não foi suficiente para
aplacar a insatisfação da população. Como os
sindicatos nesse governo foram reorganizados,
a mobilização dos trabalhadores foi certa e,
assim, manifestações exigindo melhorias
salariais começaram a acontecer no país.

A tensão social encontrou seu auge em 1953, e


dois grandes momentos foram a Marcha das
Panelas Vazias e a Greve dos 300 mil, ambas
em março de 1953. O tamanho das
mobilizações deixou uma mensagem clara para
Vargas: ele estava perdendo o apoio dos
trabalhadores operários. Para impedir que isso
acontecesse, Vargas ousou e nomeou João
Goulart (figura que tinha boa relação com os
sindicatos) para o Ministério do Trabalho.

A situação crítica em que a economia brasileira


encontrava-se foi resultado de uma junção de
acontecimentos. O preço elevado do café
encheu o país de divisas (dólar) e deixou a
nossa balança comercial positiva, mas o temor
de que a Guerra da Coreia se estendesse por
muitos anos fez com que o governo gastasse
muito mais do que deveria com a importação
de bens para a industrialização, deixando a
balança comercial negativa.

• Suicídio de Vargas

Em 23 de agosto, o vice-presidente Café Filho


rompeu abertamente com Vargas e reforçou o
isolamento do presidente. Os militares e a UDN
exigiam a renúncia imediata de Vargas, e os
militares o fizeram em um documento
conhecido como “Manifesto à Nação”, no dia
24 de agosto. Por fim, Vargas recebeu um
ultimato dos militares.

No mesmo dia, em seu quarto localizado no


Palácio do Catete, Vargas cometeu suicídio
atirando contra o próprio coração. Uma carta-
testamento foi redigida pelo presidente,
defendendo os feitos de seu governo. A reação
da população foi de comoção e milhares de
pessoas acompanharam o funeral de Vargas.

A comoção do povo converteu-se em fúria, e


os alvos foram os opositores do governo. A
embaixada americana foi atacada, e o grande
nome da oposição, Carlos Lacerda, precisou
fugir do país às pressas e só retornou quando
os ânimos se acalmaram. Com o suicídio de
Vargas, Café Filho assumiu a presidência.

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