Eleições de 1945: Candidatos à Presidência da República: General Eurico Gaspar Dutra (PSD - PTB); Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN); Yedo Fiúza (PCB); Eduardo Gomes tinha mais chances no início das eleições, mas seu antigetulismo e a propaganda da oposição de que a UDN representava apenas as classes ricas, tirou muitos dos seus votos (disse que rejeitava os votos da “malta de desocupados” que frequentavam os comícios que apoiavam Getúlio Vargas); Poucos dias antes da eleição, Getúlio Vargas quebrou o silêncio e declarou apoio a Dutra pedindo votos para o general → vitória de Dutra; Dutra foi eleito com 55% dos votos contra 35% de Eduardo Gomes; Juntamente com a eleição para presidente, houve eleições de deputados e senadores para uma assembleia constituinte; Força do Partido Comunista: 500 mil votos, 14 deputados e um senador (Luis Carlos Prestes); Getúlio Vargas eleito como senador mais votado, mostrando a força do getulismo; Assembleia Constituinte formada pelos deputados e senadores eleitos em 1945;
1.1 Quarta Constituição do Brasil Republicano (18 de setembro de 1946)
Estado – Estabeleceu a República Democrática Federativa como regime político e a divisão em três poderes com equilíbrio entre eles. Voto – determinou o voto direto, secreto, universal e obrigatório para os maiores de 18 anos, inclusive as mulheres. Obs.: analfabetos (60% da população), cabos e soldados não podiam votar. Direitos trabalhistas – foram mantidas as leis da CLT e acrescentou-se o direito de greve aos trabalhadores. Mandatos eletivos – o presidente teria mandato de cinco anos sem direito à reeleição; os deputados teriam mandato de quatro anos, podendo se reeleger e os senadores teriam mandato de oito anos, havendo três para cada estado. Foram restabelecidas as garantias constitucionais de direitos fundamentais. 1.2 Características do Governo de Dutra Alinhamento com os EUA na Guerra Fria → Rompimento das relações diplomáticas com a URSS → Em 1947, proibição e fechamento do PCB → Todos os seus membros tiveram seus mandatos cassados → medo do número expressivo de votos em 1945 e do número de deputados estaduais eleitos pelo partido (46 deputados); Fim do direito de greve → reação do Governo às diversas manifestações grevistas que ocorreram pelo país devidas ao congelamento dos salários e ao aumento da inflação; 1949 – Criação da Escola Superior de Guerra (ESG), responsável por garantir a Doutrina de Segurança Nacional (DSN) e promover o anticomunismo no Brasil; Governo de Dutra era contrário ao de Vargas → Vargas era nacionalista e Dutra liberal → redução de taxas de importação → as reservas acumuladas por Vargas quase foram esgotadas por Dutra; A abertura econômica de Dutra fez com que diversas empresas estrangeiras de bens supérfluos entrassem no Brasil (brinquedos, eletrodomésticos etc.) → incentivo ao consumismo; Juntamente com as empresas, a cultura de massas estadunidense entrou no Brasil por meio das produções cinematográficas, musicais, em quadrinhos etc.; Plano Salte – Em 1950, Dutra manteve sob a responsabilidade estatal o que ele chamou de setores estratégicos: Saúde, Alimentação, Transporte e Energia = Salte; Um dos investimentos do plano foi a construção na Rodovia Presidente Dutra, ligado São Paulo ao Rio de Janeiro; As Eleições de 1950 Vargas era candidato pelo PTB e seu principal opositor foi o Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN); Carlos Lacerda, jornalista e vereador pela UDN declarou: “O sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”; Nada adiantou e Vargas foi eleito com 48,7 % dos votos contra 29,7 de Eduardo Gomes → a Constituição não previa segundo turno; Obs.: Foi a primeira vez que Vargas governou o Brasil sendo eleito pelo voto direto.
O Segundo Governo de Getúlio Vargas (1951 - 1954)
Vargas manteve suas principais características: Nacionalismo Econômico e Políticas Trabalhistas;
O segundo governo de Vargas ficou marcado por uma polarização da sociedade entre os que apoiavam Vargas e defendiam um projeto nacionalista e os internacionalistas, que desejavam uma política onde o Estado tivesse uma participação mínima. Estes últimos, eram chamados pelos opositores de entreguistas → a imprensa e muitos generais estavam engajados nos dois grupos; Política Conciliatória Diferentemente da época do Estado Novo, Vargas não tinha aparelhos repressores para controlar as oposições ao seu Governo → sofreu pressões dos partidos opositores, dos sindicatos e, principalmente, da imprensa; Nesse quadro, Vargas buscou uma política conciliatória, formando ministérios com políticos do PTB, do PSD e com os militares nacionalistas, mas também formou ministérios compostos por políticos contrários às suas políticas nacionalistas; Inicialmente, Vargas manteve a política de boa relação com os Estados Unidos, mantendo o país aberto ao investimento estrangeiro → prática considerada necessária para retomar o crescimento econômico em queda desde o Governo Dutra; Com os investimentos externos, em 1952, Vargas criou o BNDE (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico) para manter sua política nacionalista, investindo na criação de indústrias nacionais; A Tentativa de Reconquista dos Trabalhadores Sem o controle de outrora sobre os sindicatos e sem a atuação do DIP para convencer a população, trabalhadores de todo o país entraram em greve ou fizeram manifestações pedindo aumento de salário; Para reconquistar o apoio perdido, em 1953, Vargas nomeou para o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio o Deputado Federal do RS, João Goulart (Jango), que defendia um aumento expressivo do salário-mínimo; A elevação do salário-mínimo fez com que os empregadores se juntassem aos internacionalistas e a uma ala de coronéis na oposição a Getúlio Vargas → por favorecer os trabalhadores, João Goulart e Vargas foram chamados de comunistas; Campanha O Petróleo é Nosso! Campanha popular nacional que pedia para que Vargas não concedesse a exploração de Petróleo para empresas estrangeiras; Internacionalistas (Entreguistas) – defendiam a concessão da extração aos estrangeiros; Nacionalistas – defendiam que o Brasil impostasse a tecnologia e criasse uma empresa nacional para extrair o Petróleo; Vargas defendeu o nacionalismo e conseguiu o apoio da maioria do Congresso para a criação da Petrobras, em 1953; Para não perder apoio dos internacionalistas, Vargas determinou que a Petrobras teria o monopólio sobre a extração de Petróleo no Brasil, mas o refino e a distribuição ficariam sob responsabilidade de empresas estrangeiras, como a Esso, Texaco, Shell, Atlantic, etc.; O Fim da Política da Boa Vizinhança A criação da Petrobras já havia desagradado aos Estados Unidos e o descontentamento aumentou com a criação da Eletrobras → tirar o domínio estrangeiro sobre a produção de energia e transferi-la para o controle do Estado; Lei dos Lucros Extraordinários – proposta criada por Vargas, em 1953, que reduzia para 8% o lucro que as empresas estrangeiras poderiam mandar do Brasil para suas matrizes. → a proposta foi barrada no Congresso; Por conta das políticas nacionalistas de Vargas, o novo presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower (1953 - 1961) cancelou os investimentos dos Estados Unidos no Brasil → fim da Política da Boa Vizinhança do primeiro governo de Vargas → início da tensão entre Brasil e Estados Unidos; A Crise Política A oposição a Vargas cresceu no ano de 1954, quando o Ministro João Goulart propôs um aumento de 100% no salário-mínimo → a pressão da oposição, da classe média e do empresariado foi tão grande que Vargas foi forçado a demitir João Goulart para tentar acalmar os ânimos; Obs.: Para não perder apoio dos trabalhadores, Vargas prometeu manter o reajuste. Vargas foi acusado pela imprensa de querer formar uma república sindicalista na América do Sul ao propor uma união aduaneira entre o Brasil, a Argentina de Perón e o Chile → aberto um pedido de impeachment contra Vargas em 1954; Crime da Rua Toneleros O principal adversário de Vargas era o jornalista e vereador do Rio de Janeiro Carlos Lacerda (UDN), que publicava diversas críticas a Vargas em seu jornal, A Tribuna da Imprensa, do RJ; Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu uma tentativa de assassinato → foi ferido do pé, mas seu segurança, o major da aeronáutica, Rubens Vaz, acabou sendo morto; As investigações indicaram como principal suspeito, Gregório Fortunato, chefe da segurança pessoal de Vargas; O Manifesto dos Generais – 27 generais do Exército se uniram aos comandantes da Marinha e da Aeronáutica para exigir a renúncia de Vargas → a imprensa e as classes médias urbanas se juntaram na pressão contra o presidente → intenção golpista por partes dos militares; O Suicídio de Vargas Sem poder reagir, Vargas cometeu suicídio no Palácio do Catete, na madrugada do dia 24 de agosto de 1954 com um tiro no peito; Ao lado do seu corpo foi encontrada uma carta-testamento: “...Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias e as calúnias não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.” A população ficou bastante comovida com o suicídio de Vargas e milhares de pessoas saíram às ruas para mostrarem sua indignação → Vários jornais e sedes de partidos que fizeram críticas a Vargas foram depredados pelos manifestantes; Obs.: A comoção popular inviabilizou um Golpe de Estado e o Vice- Presidente, Café filho, pôde assumir tranquilamente.