O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 1 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 09 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

oglobo.com.br

IRINEU MARINHO (1876-1925)

OGLOBO RIO DE JANEIRO, TERÇA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2011 • ANO LXXXVI • N o- 28.393 ROBERTO MARINHO (1904-2003)

EUA jogam corpo de Bin Laden

no mar para sepultar o mito
Obama diz que mundo ficou mais seguro, mas faz alerta geral contra represália do terror
Anjum Naveed/AP

● O CAFOFO DE OSAMA: avaliada em US$ 1 milhão, a casa onde Bin Laden se escondia, numa rua de terra e com infiltrações nas paredes, fica a 700 metros de academia militar.
ABC News/AP The White House, Pete Souza/AP

CHICO

IMAGEM DE uma cama na mansão-fortaleza de Bin Laden: manchas de sangue NA SITUATION ROOM: Obama e equipe acompanham a operação

● Numa decisão que levantou questiona-
mentos ao redor do mundo, os EUA joga-
ram no mar o corpo do terrorista Osama
bin Laden, líder da al-Qaeda, morto numa
operação militar no Paquistão, domingo.
A intenção seria privar os extremistas is-
lâmicos de um ponto de peregrinação. A
operação foi denominada “Geronimo”, em
referência a um renegado apache do sé-
culo XIX. “Este é um dia bom para os EUA”
— celebrou o presidente Obama. “O mun-
do está mais seguro.” O país foi tomado
por uma onda de patriotismo, com festa
nas ruas de Nova York — onde os aten-
tados do 11 de Setembro mataram quase
3 mil pessoas. As autoridades aumenta-
ram o alerta em aeroportos, estações de
trem, bases militares e representações
diplomáticas no exterior, temendo repre-
sálias. Na Líbia, foram enterrados os cor-
pos do filho e de três netos de Muamar
Kadafi, mortos pela Otan no sábado.
Página 25, caderno especial e editorial
“O legado da morte de Bin Laden” .

DORRIT HARAZIM ENTREVISTA MERVAL PEREIRA MÍRIAM LEITÃO

As Forças Armadas americanas estão Morte é grande golpe de relações públicas, Na notícia da morte de Osama bin No mercado, clima é de incerteza e tensão
atoladas no Afeganistão há dez anos e mas não elimina ameaças. S HIRAZ M AHER , Laden, jornais impressos e on-line dão sem data para acabar: ontem, o petróleo
Osama bin Laden sequer estava lá. paquistanês, especialista em terror. uma lição de parceria. O País, página 4 caiu, subiu e caiu. Economia, página 20

Alexandre Cassiano

SEGUNDO CADERNO
‘Hell’ e Babenco
O cineasta se aventura no
teatro retratando um
personagem que odeia,
vivido por sua mulher.
MEGAZINE
Hit avassalador
Morador de Vigário Geral,
Vitinho, de 18 anos, vira
sucesso na web com o grupo
de funk Avassaladores.
Torcida do
Fla festeja
com humor
● Os torcedores do Flamen-
go festejaram pelas ruas do
Rio o título carioca invicto
do clube, com bom humor
e criatividade na provoca-
ção aos adversários, como
o “trem-bala” vascaíno,
montado com balas. O Lar-
go da Carioca virou o prin-
cipal reduto da festa rubro-
negra. Caderno Esportes
‘Inquérito do Riocentro
é repleto de omissões’
● Trinta anos após o Riocentro, Júlio Bier-
renbach, ministro aposentado do Superior
Tribunal Militar, diz que o governo do pre-
sidente Figueiredo deixou de apurar o aten-
tado para proteger oficiais, entre eles o ge-
neral Octávio Medeiros, então chefe do SNI.
“Era omissão de todos os lados.” Página 3
Prédios da Brahma serão
implodidos em 5 de junho
TORCEDOR RUBRO-NEGRO exibe a bem-humorada adaptação do “trem-bala” vascaíno Página 11

Edição Metropolitana • Preço deste exemplar no Estado do Rio de Janeiro: R$ 2,50 • Circulam com esta edição: Classificados, Segundo Caderno, Revista Megazine e Caderno Esportes: 80 páginas
O GLOBO ● ● PÁGINA 2 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 22 h PRETO/BRANCO

2 2ª edição • Terça-feira, 3 de maio de 2011

O GLOBO
Marco Antonio Cavalcanti

PANORAMA
POLÍTICO
de Brasília

Selando a paz
● Depois de meses de guerrilha, por causa das no-
meações na Funasa, o ministro Alexandre Padilha
(Saúde) e o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), de-
vem acertar os ponteiros hoje. Eles devem jantar
juntos com o novo presidente da Funasa, Gilson
Queiroz Filho, e a nova diretoria. O objetivo é con-
vencê-los, já que disputavam espaços entre si, a tra-
balharem juntos de agora em diante.

Contra Serra, Marta é candidata

● Este não era seu projeto ini-
cial, mas a senadora Marta
Suplicy (PT-SP) tem dito que
é a única no partido capaz de
derrotar o tucano José Serra
na campanha para a Prefeitu-
ra de São Paulo. Argumenta
que tem obras para mostrar
na cidade, que administrou
entre 2000 e 2004. Seus adver-
UM AGENTE da Secretaria municipal de Assistência Social vigia 41 o- BPM (Irajá), tenente-coronel Alexandre Fontenelle, essas sários, no entanto, citam a al-
ta taxa de rejeição da ex-pre-
feita. A senadora precisa ain-
da conquistar para essa tese
o ex-presidente Lula. Os pe-
tistas dizem que ele é quem
vai articular e definir a candi-
datura petista na capital de
São Paulo. E, nas últimas ve-
zes em que tratou do tema,
sempre se posicionou por um
nome novo.

“
um grupo que foi detido ontem pela PM na cracolândia do Morro operações para deter usuários de crack — foram três em pouco
do Cajueiro, em Madureira. Das 83 pessoas recolhidas, 68 foram mais de cinco meses — reduzem em até 90% o número de Um ‘consenso’ forçado vai se chocar com a
levadas para abrigos da prefeitura. Segundo o comandante do assaltos a transeuntes na região. RIO, página 17
realidade no plenário: haverá disputa, ainda que seja
majoritária a ‘santa aliança’ da oposição ruralista com a
Agora é tudo pelo PT, diz o Governo promete Cartão SUS Código Florestal libera quem
maioria da base do governo” — Chico Alencar, deputado
novo presidente do partido para todos até 2014 desmata além do permitido
(PSOL-RJ), sobre a votação do Código Florestal
● Eleito presidente do PT contra a vonta- ● O Ministério da Saúde fez nova promessa ● O deputado Aldo Rebelo confirma que o
de da presidente Dilma, Rui Falcão diz que, para implantação do Cartão SUS, com histó- texto do Código Florestal será votado com a Michel Filho/1-4-2010
depois de investir tudo na eleição dela, rico médico de usuários. Outras tentativas já concessão para manter margem mínima de
agora é a hora do partido. O PAÍS, página 5 custaram R$ 400 milhões. O PAÍS, página 10 matas de proteção dos rios. O PAÍS, página 9

Voo 447: começam as buscas
pela segunda caixa-preta
● De acordo com o Escritório de Análises e
Investigações da França, sem os registros de
voz não será possível determinar com pre-
cisão as causas do acidente. RIO, página 18
Siderúrgicas se preparam para
subir preços entre 6% e 10%
● Os reajustes atingem em cheio montado-
ras e fabricantes de eletrodomésticos, gran-
des compradoras de aço. Além disso, a alta
pressiona a inflação. ECONOMIA, página 19
Mercado continua apostando
em alta da inflação para 2011
● O esforço do Banco Central para segurar a
alta de preços não convence o mercado, que
elevou novamente a projeção da inflação de
6,34% para 6,37%. ECONOMIA, página 19

Rede de radares para prever
tempestades e tornados
● Os EUA testam sistema de detecção de
tempestades extremas que funciona pra-
ticamente em tempo real, com dezenas de
pequenos sensores. CIÊNCIA, página 26
Programa americano antecipa
formação de engarrafamentos
● Software desenvolvido na Califórnia
prevê com até 40 minutos de antecedên-
cia em que regiões o motorista encontra-
rá trânsito intenso. CIÊNCIA, página 26
BICADA. O ex-vice-governador paulista Alberto Goldman está cobrando,
PEDRO DORIA
em seu blog, que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, saia em defesa
O caso Playstation Network expõe
do ex-governador José Serra, por este estar “injustamente sendo acusado
os riscos de segurança na nuvem
de contribuir para a formação do PSD”. A reação decorre de uma nota,
ECONOMIA • PÁGINA 24
assinada por Guerra, que defende o governador Geraldo Alckmin “das
análises maldosas de que ele seria o responsável pelos problemas do
PSDB no diretório da capital paulista e a saída de vereadores”.

POR DENTRO DO GLOBO Mais um Divisor

Batismo de fogo AUTOCRÍTICA ● O presidente da Fiesp, Paulo ● O grande embate na votação

Skaf, também vai deixar o PSB. do novo Código Florestal, mar-
● Na página 2 de ontem: Skaf conversou com integran- cada para hoje, será a obriga-

A
primeira capa a gente nunca esque-
ce. Especialmente quando ela vale
por duas, como foi o caso da edição
de ontem do GLOBO. Um batismo de
fogo para a editora da Rio, A DRIANA O LIVEI-
RA , que, 20 dias após assumir a nova função, já
tinha se deparado com a cobertura do primei-
ro massacre de estudantes do país, que origi-
nou dois cadernos especiais.
— Eu estava preocupada de não ter man-
chete. Por sorte, tínhamos várias possibilida-
des: a conquista do Campeonato Carioca pelo
Flamengo; o rombo nas contas do FAT; a des-
coberta da caixa-preta do voo 447; o revide de
Kadafi à ONU. Isso sem contar a beatificação
de João Paulo II e a pneumonia da presidente
Dilma. Ninguém poderia imaginar que a man-
chete histórica chegaria quase à meia-noite,
com o jornal já fechado — conta Adriana.
O alerta de que Obama faria um pronuncia-
mento foi dado pela equipe do site — que, desde
novembro de 2009, está fisicamente integrada à
Redação do jornal impresso. A equipe — a edi-
tora de Economia F ERNANDA D ELMAS e os re-
pórteres FABÍOLA L EONI , M ELISSA C RUZ , B ER-
NARDO B ARBOSA e A NTÔNIO C ARLOS L ISBOA —
rapidamente mudou o noticiário e varou a ma-
drugada atualizando a versão on-line. Com o
anúncio da morte do terrorista mais procura-
do do mundo, outro time entrava mais uma
vez em campo para atualizar a versão impres-
sa em uma hora, correndo contra o relógio. O
desafio era virar o jornal que já estava sendo
impresso à velocidade de 100 mil exemplares
por hora. A editora-assistente R OBERTA J AN-
SEN teve o socorro de seu colega F LÁVIO L INO ,
que veio de casa. A eles somaram-se esforços de
editores-assistentes, redatores e repórteres de
várias editorias, como PAULO M ARQUEIRO , M A-
RIA E LISA A LVES , F ERNANDA F REITAS e D EBORA
G ARES . Os diagramadores C RISTINA F LEGNER e
FABIO S OUTO redesenharam as páginas. Na Se-
cretaria da Redação, o editor-adjunto de Carro
etc, E DUARDO S ODRÉ , fazia a interface com o
Parque Gráfico. À 0h21m, Adriana foi autorizada
pela direção a dizer a frase mais sonhada por
qualquer editor estreante: “Parem as máquinas!”
Uma página inteira da editoria Rio foi derrubada
para abrir espaço para o assunto mais importan-
te do dia no mundo.
Domingos Peixoto
“Ricardo Noblat/Bem-vindo,
Delúbio!”. “Foi nele, sob as
bençãos de Lula, que o
simplório, mas esperto Delúbio
construiu sua trajetória
política.” Erro na flexão do
plural [“benção” (forma antiga,
oxítona) tem o plural
“benções”; ao plural “bênçãos”
(plural de “bênção”, forma
usualmente falada, paroxítona)
faltou o acento gráfico]. Certo:
“Foi nele, sob as bênçãos de
Lula...” P. 3: “Pneumonia
derruba Dilma”. “Kalil pediu
para que a presidente viajasse
para São Paulo no sábado.”
Erro de regência: “para” a
mais. Certo: “Kalil pediu
que...” Adiante: “Pneumonia
derruba Dilma”. “...não havia
necessidade de internação,
pois tratava-se apenas...”
Erro na colocação do pronome
pessoal. Certo: “...pois se
tratava apenas...” P. 8: “Na
internet e no celular/
Audiência”. “...em que ela
revela a sua paixão pelo piano
e sonha em participar de um
musical...” Erro de regência.
Certo: “...e sonha participar de
tes da cúpula do PMDB na se- toriedade ou não das proprie-
mana passada e ontem, por te- dades de até quadro módulos
lefone, confirmou para o vice- fiscais de terem reserva legal.
presidente Michel Temer que O relatório de Aldo Rebelo (PC-
vai se filiar ao partido. doB-SP) derruba a exigência.
Recado
● Numa roda de senadores, falando sobre o risco de seu caso ir
para o Conselho de Ética, Roberto Requião (PMDB-PR) saiu-se
com esta: “Eu fui pioneiro em muitas coisas na minha vida,
mas, desta vez, vou ceder o lugar para o Aécio.” A
“brincadeira” tem sido reproduzida por senadores do PMDB
quando o assunto vem à tona. Requião tomou o gravador de
um repórter e apagou seu conteúdo. Aécio, pego em uma blitz,
recusou-se a fazer o bafômetro e estava com a carteira vencida.
Nas alturas Esquenta
● Um grupo de alpinistas ● A Fundação Ulysses Gui-
que trabalham em platafor- marães, do PMDB, faz
mas de petróleo offshore vai workshop eleitoral quinta-
instalar os novos vitrais da feira no auditório Nereu Ra-
Catedral de Brasília, cuja re- mos, na Câmara. Com a pala-
forma é patrocinada pela Pe- vra os estrategistas eleito-
trobras. A previsão é que os rais Pete Giangreco (Barack
trabalhos comecem amanhã Obama) e Mark McKinnon
e vão até agosto. (George W. Bush).
■■■■■■
● ADIAMENTO. A ex-senadora Marina Silva (PV-AC) está

um musical...” P. 12: “O em campanha para adiar a votação do novo Código

terrorista mais procurado do Florestal, marcada para hoje.
mundo desde 2001.”
“...nascido na Arábia Saudita, ● O PREFEITO de São Paulo, Gilberto Kassab, está

seu pai era um imigrante construindo uma ponte entre o ex-presidente do PFL
iemita que fez fortuna no Jorge Bornhausen e o Palácio do Planalto.
país.” Erro de grafia. Certo:
“...imigrante iemenita...” ● O VICE-GOVERNADOR do Rio, Luiz Fernando Pezão

(PMDB), acaba de emplacar o superintendente da

(Resumo da crítica interna
coordenada pelo jornalista Aluizio
Maranhão, distribuída todos os dias
na Redação do GLOBO)
O GLOBO NA INTERNET
Funasa no estado, Marcos Monfarreg, na diretoria de
Administração da instituição.
ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e
correspondentes

PARTE DA EQUIPE do fim de semana que mudou, correndo contra o relógio, as versões on-line e impressa a Leia a íntegra da coluna
oglobo.com.br
E-mail para esta coluna: panoramapolitico@oglobo.com.br
O GLOBO ● O PAÍS ● PÁGINA 3 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 46 h
Terça-feira, 3 de maio de 2011 • 2ª edição
‘Não apuraram porque não quiseram’
Ministro aposentado do STM afirma que atentado no Riocentro deixou de ser investigado para proteger altos oficiais
ENTREVISTA Trinta anos de-
BRASÍLIA.
pois do atentado do Rio-
Júlio Bierrenbach
centro, um dos casos
mais emblemáticos da fase final da ditadura militar, o
ministro aposentado do Superior Tribunal Militar
(STM) Júlio de Sá Bierrenbach sustenta que a inves-
tigação foi abafada para inocentar altos oficiais vincu-
Jailton de Carvalho
O GLOBO: O caso Riocentro comple-
tou 30 anos. O senhor acha que falta
muita coisa ainda para ser esclareci-
da? O que faltou apurar?
JÚLIO BIERRENBACH: Deram um
jeito no espaço e no tempo. Primei-
ro, ao insistir em que a bomba não
estava no colo do sargento. Era um
absurdo. Depois deram um jeitinho
no tempo com a emenda constitucio-
nal de 1985. Deixaram de botar o pa-
rágrafo segundo da emenda, que li-
mitava a coisa ao período da Anistia
concedida pelo (presidente João) Fi-
gueiredo até 1979. Quando o Hélio
Bicudo era presidente da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara, me
convidou para ir a Brasília prestar
declarações. Tinha 12 representan-
tes lá, e tudo isso veio à baila. É de-
sagradável. A decisão do meu tribu-
nal no segundo inquérito foi comple-
tamente errada, um absurdo (o STM
incluiu o atentado entre os casos
protegidos pela Lei de Anistia).
● Por que era absurdo?
BIERRENBACH: A segunda vez em
que o caso foi julgado, baseado na
emenda votada pelo Congresso em
1985. O período era o mesmo, até
1979. E o Riocentro foi depois de 79.
● Ou seja, o caso Riocentro não foi
alcançado por essa emenda?
BIERRENBACH: Não, absolutamen-
te, a emenda não protegia (os res-
ponsáveis) pelo caso do Riocentro.
● Então o senhor acha que deveria
haver punição?
BIERRENBACH: Deviam julgar, de-
viam apurar. Ninguém apurou nada.
Não apuraram porque não quiseram
apurar. É pena você não ter em mãos
o meu livro (“Riocentro: quais os res-
ponsáveis pela impunidade?”). Eu ci-
to as declarações do Figueiredo.
● Tudo indica que os dois militares es-
tavam no Riocentro cumprindo or-
dens superiores. Por que essas pes-
soas não foram chamadas, não foram
investigadas e não foram punidas?
BIERRENBACH: Que pessoas?
● Tudo indica que o crime foi pla-
nejado por um grupo maior e não
apenas por dois.
BIERRENBACH: Um morreu e outro
nunca foi ouvido. Até comento no
meu livro que o Ministério Público
Militar ficaria desacreditado se o ca-
pitão que foi ferido não compare-
cesse à auditoria para prestar decla-
ração. Ele nunca declarou nada. É
cheia de falhas a coisa.
●O então capitão Wilson Machado
nunca foi chamado para depor?
MARIA DO ROSÁRIO: a ministra diz que faz “romaria de gabinete em gabinete”
O GLOBO
O PA Í S
A REDE SECRETA DO SARGENTO
lados ao crime. O ministro aponta o dedo para o ge-
neral Octávio Medeiros, chefe do Serviço Nacional de
Informações (SNI), e até para o ex-presidente João Bap-
tista Figueiredo, já falecido. “Figueiredo, na ocasião,
declarou que (os militares envolvidos no atentado)
não estavam subordinados a ele. Estavam subordina-
dos ao ministro do Exército. Mas aí faço uma pergunta:
JÚLIO BIERRENBACH: “Houve manipulação, não tenho dúvida nenhuma. Agora, estou eu criticando atos do meu tribunal”
BIERRENBACH: Ele nunca depôs. ● Estavam protegendo o chefe do
Evitaram de todo jeito que ele depu- SNI por quê?
sesse. BIERRENBACH: Porque o general
(Octávio) Medeiros era um possível
● Quem estava acima desses dois candidato a substituir Figueiredo.
militares, o capitão Wilson Macha- De modo que Figueiredo fez tudo di-
do e o sargento Rosário? zendo que aquilo foi coisa de tenen-
BIERRENBACH: Figueiredo, na oca- tinho, capitão. Tirado tudo de cima,
sião, declarou que não estavam su- como se eles não fossem subordina-
bordinados a ele. Estavam subordi- dos ao presidente da República.
nados ao I Exército, ao ministro do
Exército. Isso era o Figueiredo li- ● Então o senhor acha que houve
vrando o pessoal do SNI (Serviço envolvimento do presidente da Re-
Nacional de Informações). Mas aí fa- pública também?
ço uma pergunta: o I Exército não BIERRENBACH: Omissões, omis-
estava subordinado ao presidente sões. Deviam ter tomado outras
da República? Eles não apuraram providências. Era omissão de todos
porque não quiseram, porque não os lados. Eu tive luta no Superior
convinha. E o negócio todo foi feito Tribunal Militar com alguns minis-
para liberar o chefe do SNI. tros. Queriam reunião secreta. Mas,
Eliária Andrade/22-3-2011
Governo planeja instalar Comissão da
Verdade no Congresso neste 1-o semestre
Maria do Rosário, que busca apoio da oposição, tem reunião com Vaccarezza
● BRASÍLIA. O governo quer celerida-
de na instalação da Comissão Nacio-
nal da Verdade e acredita que o pro-
jeto que cria o grupo poderá ser
aprovado no Congresso ainda no pri-
meiro semestre. A ministra da Secre-
taria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário, reuniu-se ontem com o líder
do governo na Câmara, Cândido Vac-
carezza (PT-SP). A exemplo do minis-
tro da Defesa, Nelson Jobim, que já
se reuniu com os líderes da oposi-
ção, Rosário tem conversado com os
opositores. O ministro já discutiu o
assunto com o líder do DEM, Antô-
nio Carlos Magalhães Neto (BA), um
apoiador da proposta. Rosário já fez
contato com o líder do PSDB, Duarte
o I Exército não estava subordinado ao presidente da
República?” O atentado ocorreu em 30 de abril de
1981. Reportagens publicadas pelo GLOBO na semana
passada mostram que a agenda do sargento Guilherme
Pereira do Rosário — um dos autores do ataque, mor-
to na explosão — revela a rede de terror envolvida no
episódio, mas jamais foi usada nas investigações.
Paulo Nicolela
depois, Cabral Ribeiro prestou de-
clarações em sessão aberta e deu
(entrevista) à imprensa. Aí eu res-
pondi em nota à imprensa.
● E essa falha na investigação e no
processo, o senhor acha que desa-
creditou a Justiça Militar?
BIERRENBACH: A Justiça Militar,
não, mas alguns ministros saíram
desacreditados. Disso não há dúvi-
da nenhuma. Por exemplo, ninguém
viu como é que foi sorteado o rela-
tor. Eu digo abertamente no livro. Se
eu tivesse mentindo, podiam vir pa-
ra cima de mim. O relator foi esco-
lhido, a imprensa esperou até o fim
do expediente e ficou para o dia se-
guinte. No dia seguinte, os jornais já
publicavam o nome do relator esco-
Nogueira (SP), e aguarda retorno.
— É uma romaria mesmo, de ga-
binete em gabinete, e a receptivida-
de está sendo muito positiva. A Co-
missão da Verdade hoje está sendo
discutida por diferentes partidos e
o importante é transformar esta nu-
ma questão de Estado e não de go-
verno — disse Maria do Rosário.
Jobim obteve de líderes da oposi-
ção o compromisso da discussão do
tema em seus partidos. ACM Neto
diz estar convencido de que as di-
vergências entre os militares com o
setor dos direitos humanos cessa-
ram com o fim do governo Lula:
— Sou simpático ao projeto agora
porque é fruto de uma discussão
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
3
O voto que entrou
para a História
● Em dezembro de 1982, o al-
mirante Júlio de Sá Bierrenba-
ch, então ministro do Superior
Tribunal Militar (STM), pro-
meteu que não pisaria em
qualquer unidade do Exército
enquanto o ministro da Força
fosse o general Walter Pires.
Semanas antes, Bierrenbach
provocara a fúria de Pires ao
divulgar um longo voto favorá-
vel ao desarquivamento do
atentado do Riocentro. Em 52
páginas, o almirante alegou
que a ação de poucos milita-
res não poderia comprometer
“a grandeza do Exército”.
Apesar de críticas contun-
dentes às investigações, con-
duzidas na época pelo então
coronel Job Lorenna Santana,
Bierrenbach não conseguiu
convencer os seus pares. O
pedido de desarquivamento
acabaria derrotado por dez
votos a quatro. De quebra, o
ministro do STM entraria em
conflito com o ministro do
Exército, que atacou dura-
mente o conteúdo do voto.
Franco e direto, um estilo
consolidado em mais de 40
anos de carreira, Bierrenbach,
que posteriormente assumiria
a presidência do STM, jamais
recuou na posição sobre o epi-
sódio. “Estamos diante de um
crime dos mais nefastos, ter-
rorismo à beira da impunida-
de. Por muito menos, este Tri-
bunal já condenou alguns réus
a muito mais”, escreveu no vo-
to que entrou para a História
do Brasil.
lhido pelo presidente do tribunal.
● Houve manipulação?
BIERRENBACH: Houve manipula-
ção, não tenho dúvida nenhuma.
Agora, a esta altura, estou eu criti-
cando atos do meu tribunal. Como é
que vou me defender? Sou aposen-
tado, tenho 92 anos, vão dizer que
estou gagá. O negócio é esse.
● Quando o senhor era ministro do
STM, foi pressionado por alguém
do governo, do Exército?
BIERRENBACH: De jeito nenhum.
Se viessem me pressionar, eu bota-
va a boca no mundo. Eu tinha bom
contato com a imprensa. O meu vo-
to, que foi longo, os principais jor-
nais publicaram a íntegra.
equilibrada e de um entendimento. E
não é como antes, quando o que ocor-
ria era a tradução de um conflito.
Se aprovada pelo Congresso, a co-
missão será formada por sete inte-
grantes, todos os nomes indicados pe-
la presidente Dilma Rousseff. Cada in-
tegrante receberá salário de cerca de
R$ 11 mil. O objetivo da comissão é es-
clarecer graves violações de direitos
humanos durante a ditadura. ■
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O GLOBO ● O PAÍS ● PÁGINA 4 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 06 h
4 ●
O PAÍS
.
MERVAL
PEREIRA
Mídias complementares
● A notícia da morte de Osama bin Laden é um ex-
celente exemplo de como as chamadas novas mídias
e a mídia tradicional se complementam em vez de
umas anularem as outras. Foi uma representante da
mídia tradicional — assim entendidos os jornais, as
revistas, as televisões e os rádios —, a rede de te-
levisão CNN, quem primeiro informou o fato, que
imediatamente foi colocado no noticiário da internet
e retransmitido pelo Twitter mundo afora.
Como a notícia só foi divul-
gada tarde da noite, jornais im-
pressos tiveram papel impor-
tante nesse episódio, pois pro-
vavelmente muitos cidadãos
acordaram sem saber da notí-
cia-bomba, divulgada depois
que já haviam ido dormir.
As manifestações de júbilo
patriótico em frente à Casa
Branca, mesmo antes do anún-
cio oficial do presidente Barack
Obama, foram possíveis por
causa do Twitter, que retrans-
mitia a notícia e atuava como
instrumento de organização.
A reunião promovida pela
Unesco para comemorar o Dia
Internacional da Liberdade de
Imprensa, que estou acompa-
nhando em Washington, foi
realizada ontem no Newseum,
um museu dedicado ao jorna-
lismo em suas diversas formas,
mas que começou baseado nos
jornais e ainda hoje tem neles
sua principal marca, como foi
possível constatar ontem.
O Newseum exibe todas as
primeiras páginas dos princi-
pais jornais do mundo e dos
EUA, e ontem tinha na calçada
da entrada principal as primei-
ras páginas de jornais de cada
estado americano. Nessa cole-
ção podia-se ver refletido o sen-
timento uniforme de exaltação
patriótica, como constatar que
os jornais impressos, na repeti-
ção de suas manchetes ou for-
ma gráfica, têm limitações que
devem ser superadas pela qua-
lidade da informação e pela
profundidade das análises.
Na edição de ontem, o que
raramente acontece nos últi-
mos anos desde o surgimento
das novas mídias e do noticiá-
rio 24 horas do rádio e da TV,
os jornais foram, para grande
parte dos cidadãos, o primeiro
informante dessa notícia tão
dramaticamente importante.
A maioria dos jornais ameri-
canos optou pela manchete in-
formativa, o que se justifica pe-
lo fato de ter sido divulgado
tarde da noite: “Bin Laden está
morto” (Bin Laden dead) ou no
máximo “Bin Laden foi morto”
(Bin Laden killed). Uma boa
parte deu mais ênfase política à
notícia, afirmando de diversas
maneiras que “Estados Unidos
matam Bin Laden”.
O “Idaho Statesman” sofisti-
cou um pouco mais e manche-
tou: “Comandos americanos
matam Bin Laden”. O Oklaho-
man tentou ser mais criativo:
“EUA têm o corpo de Bin La-
den”. E o “New York Post” op-
tou pelo popular: “Pegamos
ele”. E, em pequenas manche-
tes abaixo, reforçou a tentativa
de refletir o que achava ser o
espírito do povo: “Vingança afi-
nal” e “EUA pegaram o bastar-
do”. Um ou outro ainda usaram
frase do presidente Obama na
manchete: “Foi feita justiça”.
Em um dos painéis do semi-
nário, que discutia a importân-
cia das chamadas mídias so-
ciais — Facebook, Twitter, Or-
kut — na divulgação de notí-
cias, houve um consenso: as
mídias sociais são meios de in-
formação para os próprios jor-
nalistas e instrumentos para os
ativistas se organizarem.
O exemplo das revoluções
ainda em curso nos países ára-
bes foi repetido em todos os
painéis, à exaustão. Andy Car-
ven, do National Public Radio,
que coordena o setor de mídias
sociais e ficou famoso por sua
atuação nas revoltas de Tunísia
e Egito, disse considerar o seu
trabalho semelhante ao dos ân-
coras dos noticiários de TV,
pondo as notícias dentro de um
E-mail para esta coluna: merval@oglobo.com.br
contexto que facilita o entendi-
mento e acompanhamento.
Lauren Indvik, editor do
Mashable, um agregador de
conteúdo de mídias sociais,
lembrou que é cada vez menos
inusual que uma notícia seja di-
vulgada primeiro pelo Twitter,
mas ressaltou que é preciso
checar as informações antes de
lançá-las na rede.
Um debate paralelo, mas
muito relevante, foi o ocorrido
em painéis que discutiram as
novas formas de censura dos
governos autoritários sobre a
internet e os meios de relacio-
namento social. Houve consen-
so sobre a necessidade de au-
xiliar os lugares onde a internet
não está desenvolvida, como
na África, por exemplo.
Quem chamou a atenção pa-
ra que é preciso dar atenção
aos países que não têm acesso
à internet foi Oscar Morales
Guevara, criador no Facebook
de uma página chamada “Um
milhão de vozes contra a das
Farc” na Colômbia.
No Vietnã, por exemplo, a in-
ternet ainda é transmitida por
rádio, e Quan Niugyen, que tem
um blog em defesa da demo-
cracia, diz que uma vantagem
desse atraso tecnológico é que
é mais difícil para o governo
rastrear o usuário.
Ermini Milli e Adnan Hajiza-
da, líderes jovens de movimen-
tos a favor da democracia no
Azerbaijão, ficaram 17 meses
na prisão por defender seus
ideais. Disseram que não há
políticas de censura dos novos
meios, mas quem é ativo na re-
de social é perseguido pelo go-
verno.
Representantes de Índia,
Haiti, Somália e Ilhas do Pacífi-
co descreveram o baixo índice
de acesso aos meios digitais
em um painel dedicado ao te-
ma. Shubhranshu Choudhary,
um estudante bolsista de jorna-
lismo da Índia pela Fundação
John S.Knight, disse que ape-
nas 7% dos cidadãos indianos
têm acesso à internet, enquan-
to o telefone celular é acessível
a cerca de 70% da população.
De manhã, Eric Newton, as-
sessor da presidência da mes-
ma fundação, havia remarcado
que existem no mundo cinco
bilhões de celulares para uma
população de sete bilhões de
pessoas, o que transforma esse
aparelho na mais poderosa ar-
ma de comunicação existente
hoje. A diferença de acesso na
Índia fez nascer uma experiên-
cia bem-sucedida, relatada por
Choudhary: as pessoas podem
usar seu celular para chamar
um número que liga diretamen-
te a uma página da internet.
As informações podem ser
passadas a voluntários, que as
divulgarão. As comunidades
rurais usam esse sistema para
avisar às áreas urbanas suas
necessidades, e receber ajuda.
Celulares também permitiram
aos cidadãos reagir em horas
de crise, como aconteceu no
Haiti depois do terremoto.
Michele Montas, que traba-
lha na missão da ONU naquele
país, disse que mensagens de
texto foram muito úteis para
passar informações sobre a si-
tuação e receber auxílio on-line.
Na Somália, o celular é parte in-
tegrante da vida do cidadão co-
mum, disse Abdikadir Ahmed.
Um ponto negativo nas Ilhas do
Pacífico, que se beneficiaram
muito com a internet, é a ilha
de Tokelau, que se transformou
num centro do crime cibernéti-
co internacional, apesar de só
ter 1.400 pessoas habitantes.
O GLOBO
Tratamento de Dilma contra a
pneumonia deverá durar dez dias
Apesar da recomendação de repouso, presidente faz reunião com dois ministros
Tatiana Farah e Jaqueline Falcão
● SÃO PAULO e BRASÍLIA. A pre-
sidente Dilma Rousseff voltou
para casa ontem em Brasília,
mas continuará o tratamento
contra a pneumonia sob orien-
tação dos médicos paulistas do
Hospital Sírio-Libanês por mais
dez dias. Mas, apesar da reco-
mendação médica para repou-
sar pelo menos ontem, se sen-
tindo mais disposta, ela decidiu
trabalhar à tarde e chamou para
uma reunião sobre energia, no
Alvorada, o ministro Edison Lo-
bão (Minas e Energia), o secre-
tário-executivo da pasta, Márcio
Zimmermman, e o diretor-geral
da Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), Nelson Hub-
ner. À noite, a presidente rece-
beu o ministro-chefe da Casa Ci-
Governador de SC troca DEM pelo PSD
Junto com Colombo também deve sair o deputado federal Paulo Bornhausen
Juraci Perboni
● FLORIANÓPOLIS. O governador
de Santa Catarina, Raimundo
Colombo, comunicou ontem ao
presidente do DEM, José Agripi-
no Maia, que vai se filiar ao novo
PSD, liderado pelo prefeito Gil-
berto Kassab, opção que deve
ser seguida também pelo depu-
tado licenciado Paulo Bornhau-
sen, filho de Jorge Bornhausen,
fundador do DEM e que deverá
deixar a vida política.
Colombo disse ainda a Agripi-
no Maia que a maioria dos filia-
dos ao DEM no estado deve se-
gui-lo. São sete deputados esta-
duais, três federais, 43 prefeitos
e 53 vice-prefeitos. De acordo
com Colombo, há 125 mil filiados
ao DEM no estado, que podem
se transferir para o PSD.
—Telefonei para o José Agripi-
no Maia e relatei os encaminha-
mentos de ontem (domingo) à
noite da saída do partido. Vamos
continuar preservando a nossa
relação. Foi uma conversa bem
amistosa — disse Colombo.
De acordo com Colombo, Jor-
ge Bornhausen não deverá se fi-
liar a qualquer sigla, mas seu fi-
lho, o deputado federal Paulo
Bornhausen, que ocupa o cargo
de secretário no governo esta-
dual, vai assinar ficha de filiação
vil, Antonio Palocci, para discu-
tir a concessão de aeroportos
para a iniciativa privada.
Desde o fim de semana, a pre-
sidente toma um combinado de
dois antibióticos para combater
a doença que atingiu seu pul-
mão esquerdo. Os médicos ain-
da não detectaram se o mal foi
causado por uma bactéria habi-
tual ou atípica. Foram feitos dois
tipos de exames para identificar
a bactéria: hemocultura, para
detecção de bactéria comum, e
sorologia para pesquisar os an-
ticorpos em caso de bactéria atí-
pica. Os resultados ainda não fi-
caram prontos.
— A diferença entre os tipos
de bactéria não significa maior
ou menor gravidade da pneu-
monia. A presidente está muito
bem e vai continuar o tratamen-
COLOMBO: “É importante que haja uma oposição, e nós a faremos”
à nova sigla nos próximos dias.
— O doutor Jorge Bornhau-
sen entende que a participação
dele, sob o ponto de vista par-
tidário, se esgota. Deverá se des-
filiar do DEM e não se filiar a ne-
nhum partido. Mas ele está so-
lidário neste nosso movimento.
Colombo disse que seu papel
no PSD será de contribuir para a
construção do partido junto
com os principais líderes, como
a senadora Kátia Abreu e o pre-
feito Kassab. Perguntado se pre-
tendia convidar a governadora
do Rio Grande do Norte, Rosalba
Ciarlini, a também sair do DEM,
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
to em Brasília. Os próximos exa-
mes serão feitos por lá — expli-
cou ontem o infectologista Da-
vid Uip, um dos médicos de Dil-
ma no Hospital Sírio Libanês.
Médicos recomendam ritmo
mais leve de trabalho
Uip e o cardiologista Roberto
Kalil, médico particular da pre-
sidente, foram ontem de manhã
ao hotel onde Dilma estava hos-
pedada em São Paulo para nova
avaliação. Depois da consulta
médica, a presidente foi liberada
para voltar para Brasília e em-
barcou por volta das 10h55.
— Recomendamos à presi-
dente diminuir o ritmo de traba-
lho nos próximos dias. Ela disse
que vai manter a agenda, mas
vai tentar baixar o ritmo.
Uip descartou eventual liga-
Antônio Carlos Mafalda/Secom
disse que vai conversar com ela,
mas apenas para comunicar a
sua decisão.
Sobre um possível alinhamen-
to do PSD com o governo Dilma
Rousseff, Colombo afirmou que
ele e seu grupo continuarão sen-
do oposição e que isso “ficou
acordado dentro do PSD”.
— Nós não vamos nos alinhar
ao PT. Nós vamos caminhar no
projeto original de manter a nos-
sa posição de contraponto. É im-
portante que haja uma oposição,
e nós a faremos. O PSD não será
da base do governo.
Ele disse que não haverá qual-
Terça-feira, 3 de maio de 2011
ção da pneumonia com a vacina
contra o vírus da gripe, recebida
por Dilma há uma semana. Ele
também negou que a presidente
tenha vindo da viagem à China
com gripe, causada pelo H1N1:
— Não há nenhuma relação
da doença com a vacina. Na
vacina, o vírus está morto, não
causa nada. E (uma evolução
do) vírus H1N1 com certeza
não é — disse o médico, expli-
cando que a gripe suína causa
problemas nas vias respirató-
rias superiores, o que não
ocorreu com Dilma: — Investi-
gamos se a bactéria é habitual
ou atípica e, por isso, o uso de
dois antibióticos.
Uip descartou também qual-
quer ligação da pneumonia
com o câncer linfático enfren-
tado por Dilma. ■
quer mudança na estrutura do
governo estadual e que não pre-
tende convidar ou cooptar polí-
ticos de outros partidos.
Explicou que teve um encon-
tro com o governador de Per-
nambuco, Eduardo Campos
(PSB), para tratar de uma alian-
ça nas eleições municipais de
2012 em Santa Catarina:
— O que nós fechamos lá
em Pernambuco foi com a pos-
sibilidade de fazermos uma
aliança em Santa Catarina en-
tre PSD e PSB nas cidades on-
de tenha rádio e televisão.
Apesar do tom conciliador, de
repetidas vezes dizer que “não
houve rupturas ou desentendi-
mentos”, Colombo não deixou
de criticar o PSDB nacional por
não ter ajudado o DEM neste
momento de crise.
— Acho que o PSDB errou
quando não deu ao DEM as con-
dições de sobrevivência, porque
o DEM não tem um projeto na-
cional, não tem um candidato a
Presidência da República, que
se transforma numa bandeira. O
PSDB tem um candidato viável,
que é o Aécio Neves, tem uma
estrutura nacional favorável. En-
tão, ele tinha que dar proteção
ao aliado. Acho que isso foi fatal.
Acho que o DEM vai ser extinto,
vai ter um novo caminho. ■
NOTA
● ANJ CRITICA AGRESSÃO
A Associação Nacional de
Jornais repudiou a agres-
são contra o repórter Ga-
briel Toueg, do “Estado de
S.Paulo”, na sexta-feira,
por seguranças do Metrô
de SP. Em nota, o vice-pre-
sidente da ANJ, Francisco
Mesquita Neto, diz que a
associação “reitera que o
direito de informar e de
exercer a profissão de jor-
nalista não pode, em hipó-
tese alguma, ser tolhido”.
E insiste, junto aos respon-
sáveis pela segurança do
Metrô, “para que propor-
cionem aos agentes o de-
vido preparo e treinamen-
to, particularmente sobre
como agir em circunstân-
cias que envolvam ativida-
de jornalística”.
LOTERIAS
●LOTOFÁCIL: As dezenas
sorteadas no concurso
631 foram 02, 03, 05, 07,
08, 09, 10, 13, 14, 16, 17,
18, 19, 20 e 21.
●QUINA: As dezenas sortea-
das no concurso 2.585 fo-
ram 04, 05, 10, 34 e 55.
•O leitor deve checar os resultados também
em agências oficiais e no site da CEF por-
que, com os horários de fechamento do jor-
nal, os números aqui publicados, divulgados
sempre no fim da noite pela CEF, podem
eventualmente estar defasados.
O GLOBO ● O PAÍS ● PÁGINA 5 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 31 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO O PAÍS ●

5

‘Em 2010 foi tudo pela Dilma. Agora, é pelo PT’

Novo presidente diz que estratégia do partido é se fortalecer nas eleições de 2012 até para garantir reeleição em 2014

ENTREVISTA “Em 2010, foi tu-

do pela Dilma. Agora, é tu-
Rui Falcão
do pelo PT”. É dessa for-
ma que o novo presidente do PT, o deputado estadual
Rui Falcão (SP), resume a tática partidária para as elei-
Leila Suwwan
O GLOBO: A eleição do senhor
irá apaziguar setores insatisfei-
tos do PT, que reclamavam de
ter caído no “vazio” nos primei-
ros meses do governo Dilma?
RUI FALCÃO: No primeiro es-
calão, o PT está muito bem si-
tuado, temos os ministérios da
Saúde e das Comunicações, que
antes não estavam conosco. No
segundo escalão, há outros par-
tidos que compõem a base alia-
da e que têm suas demandas
nos estados. É questão de tem-
po, para o governo analisar e
compatibilizar as demandas. O
“vazio” que você cita é natural.
Foi fruto, por um lado, do mo-
mento, de início do governo e,
por outro lado, do nosso presi-
dente (José Eduardo Dutra) ter
ficado doente e não ter conse-
guido se engajar mais.
● Parte do PT está insatisfeita
com a conduta da equipe eco-
nômica.
FALCÃO: Neste fim de semana,
o diretório aprovou resolução
— sem questionamento dos
vários grupos representados
— dizendo que concorda com
a orientação que o governo
vem dando à política geral e à
política econômica. O combate
à inflação não implica em arro-
char salários, promover de-
semprego ou recessão.
A resolução do diretório fa-
●
SÃO PAULO.
FALCÃO: Um dos componentes
da inflação é a expectativa futu-
ra. Ficar batendo que o governo
vai perder o combate contra a
inflação, ou que a inflação fugirá
do controle, gera expectativas
negativas. O melhor é ter tran-
quilidade. No segundo semestre
haverá acomodação de preços.
● O PT se fortalecerá com
Dilma?
FALCÃO: Tínhamos diálogo
com Lula e temos com Dilma.
Não é porque o presidente não
é mais o Lula que o partido vai
fazer mais exigências. O PT se
fortalece mais se o governo
continuar agindo tão bem,
porque a popularidade do go-
verno se transfere para o PT.
● E a volta de Delúbio Soares
não abala a credibilidade?
FALCÃO: O diretório, por 60 vo-
tos contra 15, com duas absten-
ções, autorizou que ele se filie.
Vamos esperar um pouco, fazer
pesquisas e ver se isso teve re-
percussão negativa na socieda-
de, e qual foi a extensão. Nossa
decisão não representou qual-
quer tipo de anistia. Foi uma de-
cisão pautada pelo princípio de
que não temos penas perpétuas.
Nesses seis anos, ele teve um
comportamento compatível com
alguém que foi do PT. Isso não
apagou os erros que cometeu. E
foi punido pelos erros políticos
que cometeu, com a pena mais
grave do partido, a expulsão.
ções municipais de 2012. A estratégia e as candidaturas em 2014. A ampliação de prefeituras petistas em todo o
passarão pelo crivo do ex-presidente Lula, admite. Fal- país, segundo ele, também ajudará a manter Dilma no
cão confirma que o PT terá candidato à prefeitura de Planalto a partir de 2014. Cuidadoso, deixou claro que o
São Paulo, onde a vitória é vista como “precondição” PT não irá menosprezar aliados, mas começa desde já o
para romper a hegemonia do PSDB no governo estadual esforço para viabilizar candidaturas próprias.
Marcos Alves
reforma política do papel? apoiaria o ex-governador Serra
FALCÃO: Caminhamos para a em São Paulo. Isso pode ensejar
possibilidade de votar a refor- movimentos futuros nos quais o
ma, ainda que não tenha a am- partido, mesmo dando sustenta-
plitude que o PT pretende. O fi- ção no Congresso, pode ter um
nanciamento público de campa- caminho eleitoral que o coloca
nha tem consenso em quase to- na oposição. O PSD agora não é
dos os partidos. O voto em lista nada, nem partido é ainda.
vai mobilizar a sociedade.
● Em São Paulo, um dos últi-
● Por quê? mos “bastiões” do PSDB, co-
FALCÃO: A lista é a única ma- mo o PT vai se organizar?
neira de permitir uma maior re- FALCÃO: Já há um movimento
presentação das mulheres e das estadual e municipal. Quanto an-
etnias. Hoje existe um sub-repre- tes o PT definir a tática e arregi-
sentação flagrante desses seto- mentar alianças, maiores as
res, mesmo com exigências de chances de sucessos em 2012. E
30% nas chapas. Essa possibili- o sucesso em 2012 é precondi-
dade vai aumentar o interesse ção para, em 2014, tentar que-
das entidades e das mulheres, brar a supremacia tucana no go-
que são formadoras de opinião. verno estadual. Na definição da
tática, os companheiros vão ava-
● A população confiará aos par- liar que, em 2010, foi tudo pela
tidos a tarefa de montar as lis- eleição da Dilma. Era a tática cor-
tas? Não é cheque em branco? reta, também para aumentar
FALCÃO: Mas hoje temos as lis- nossa força no Senado e dar
tas dos banqueiros e empreitei- maior sustentação a ela. Agora, é
ros, das quais a sociedade não tudo pelo PT, fortalecer o PT. O
RUI FALCÃO: “A popularidade do governo se transfere para o PT” participa. Há dominância desses que não significa desprezar alia-
setores na composição do par- dos. A orientação geral deverá
desvio de recursos públicos. mento nem atrito. Eu a conheci lamento. O representante deve ser a de fortalecer o PT nas elei-
Para usar uma frase do Delú- nos anos 70, militamos juntos. ser devedor do representado. ções de 2012, para criar condi-
bio, acha que o caso já virou Eu participei de toda a campa- Mas acaba sendo devedor do fi- ções de reeleger a Dilma em 2014
uma “piada de salão”? nha, não é verdade que tenha si- nanciador. Esse é problema. e conquistar novos espaços.
FALCÃO: Essa avaliação só se do alijado. Fiquei até o último
pode fazer como fato concreto dia, participei da posse e recebi ● A criação do PSD muda o ● A decisão passa pelo Lula?
se o STF vier a condená-lo. Até um abraço afetuoso dela, cele- cenário político nacional e FALCÃO: Para todas as deci-
o momento, ele é réu, tem di- brando a vitória. E aquela ver- paulista. Como o PT analisa sões do PT, devemos ouvir a
reito a ampla defesa. são da campanha de que eu ha- esse quadro? opinião do presidente Lula. ■
via tirado dados de um compu- FALCÃO: Vários futuros inte-
● Como é sua relação com a tador é fantasiosa, não existiu. grantes do PSD declaram que
presidente, especialmente devi- Estou processando o autor da querem compor com a base da O GLOBO NA INTERNET
a

la em pressões inflacionárias do à turbulência nas eleições? calúnia, civil e criminalmente. Dilma. Se for assim, é positivo, Conheça o perfil do novo
“propagandísticas”. O PT vê ● Ele também é acusado de FALCÃO: Minha relação com amplia nossa base no Congres- presidente do PT
uso político da situação? participar de um esquema de ela é muito boa. Não há afasta- ● Como o PT fará para tirar a so. Mas o fundador disse que oglobo.com.br/pais
O GLOBO ● OPINIÃO ● PÁGINA 6 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 18 h PRETO/BRANCO

6 Terça-feira, 3 de maio de 2011

.

O GLOBO
OPINIÃO

O legado da morte de Bin Laden

Q
uase dez anos depois do 11 de Se- mo e dotou o país de um aparato de seguran- monstram os movimentos populares por de- tro lado, a descoberta de que Bin Laden estava
tembro de 2001, a notícia de que os ça que, em muitos casos, arranha a tradição mocracia, liberdades, transparência e oportu- escondido numa cidade paquistanesa onde há
EUA finalmente pegaram Osama bin de defesa americana dos direitos e garantias nidades sociais em Egito, Tunísia, Líbia, Iêmen, uma academia militar e quartéis de três regi-
Laden parece saída do túnel do tem- individuais. Acirrou-se, ali, a Bahrein, entre outros países. É mentos militares levanta novas questões so-
po. Quem a anunciou não foi o falcão “guerra” entre o Islã radical e o de se esperar um impacto do de- bre até que ponto o Paquistão coopera com os
republicano George W. Bush, que tanto o de- Ocidente. O fato de o saudita Bin saparecimento de Bin Laden na EUA no combate ao terror. É um estranho alia-
sejou, mas o suave democrata Barack Obama, Laden não ter sido capturado no Fim do líder situação interna do Afeganistão, do, fonte de desconfianças.
adepto do soft power, uma política mais inte- pós-11/9, apesar dos esforços de onde os EUA não poderão re- A vitória sobre Bin Laden reforça a posição
ligente na defesa dos interesses americanos dos EUA, causou enorme desgas- radical reforça tirar suas tropas enquanto os ta- política de Obama e aumenta seu cacife no
numa época de redução relativa do peso da te em Washington. libãs — derrubados do poder pe- embate com os republicanos, que fazem opo-
última superpotência. Os tempos são outros. Sua morte num ataque ameri- movimentos de los americanos depois do 11/9 sição feroz, mas se mostram fragilizados por
O fim de Bin Laden pode ter muitas leitu- cano no Paquistão serve como por justamente darem refúgio a divisões internas e pela falta de um nome for-
ras. É a vingança contra o maior inimigo dos reforço ao movimento pela de- abertura no Bin Laden — não forem contidos. te para disputar as eleições do ano que vem.
EUA desde a Segunda Guerra Mundial, o líder mocracia que se espalha pelo Houve, no governo Obama, pro- O júbilo com que foi recebida a notícia da
da rede terrorista al-Qaeda e artífice do novo mundo árabe, simbolizando a mundo árabe gressos no combate ao ressurgi- morte de Bin Laden pode animar uma popu-
“Dia da Infâmia” — os atentados de 2001 que derrota de um projeto de poder mento talibã e há negociações lação que não tem tido muito o que comemo-
derrubaram o World Trade Center, em Ma- autoritário e radical para os paí- em curso para que o grupo par- rar. Desde que Washington faça sua parte para
nhattan, deixaram parte do Pentágono em ses muçulmanos. Além disso, faz ticipe, sem armas nas mãos, da impedir eventuais retaliações de grupos liga-
chamas em Washington e causaram a queda cair por terra a ideia de que as ditaduras se vida política afegã. Sem Osama, pode-se espe- dos à al-Qaeda, o alívio americano com a der-
de um jato comercial na Pensilvânia, matando justificam para supostamente servir de con- rar, diz o jornal “The New York Times”, maior rota de seu maior inimigo pode, inclusive, me-
ao todo 3 mil pessoas. Em consequência, o tenção ao terror islâmico. Este pode ser com- adesão dos talibãs a essa alternativa, que con- lhorar os indicadores econômicos do país,
presidente Bush declarou guerra ao terroris- batido sem Mubaraks e Kadafis, como de- tribuiria para estabilizar o Afeganistão. Por ou- por atuar sobre as expectativas.

PT é mais um desafio para Dilma

S
ão várias as interpretações possíveis
da ousada decisão do PT de recondu-
zir aos quadros do partido o tesourei-
ro do mensalão, Delúbio Soares, réu
no processo contra a “organização crimino-
sa” criada para lavar dinheiro sujo, em trami-
tação no Supremo. A ousadia está em arris-
car-se a recolocar o caso novamente em cir-
culação.
Pode ser que, vitorioso nas eleições, o par-
tido se sinta imune a tudo, protegido de crí-
ticas “burguesas” ao desvio de dinheiro pú-
blico para lubrificar o esquema de compra de
apoio parlamentar ao governo Lula. Entre as
justificativas para a reabilitação do compa-
nheiro Delúbio está a de que ninguém pode
ser condenado a penas perpétuas. Ora, o ex-
tesoureiro sequer foi julgado. O partido, en-
tão, avançou o sinal ao assumir cedo demais
uma posição definitiva sobre Delúbio. Ele fo-
ra expulso da legenda há seis anos, com o es-
touro do caso, seguido da cassação do man- lado. Embalada na mesma operação, condu- do PT”, difícil de executar no governo Lula,
dato de deputado federal do ex-ministro José zida pelo grupo de José Dirceu, veio a eleição por ser o ex-presidente maior que o partido.
Dirceu, líder do grupo no PT a que Delúbio é de Rui Falcão para a presidência do partido, Deve, portanto, a presidente Dilma esperar
ligado, e considerado pelo Minis- com a renúncia, por motivos de investidas do partido em busca de espaços
tério Público chefe da “organiza- saúde, de José Eduardo Dutra. perdidos para o PMDB e outras legendas. Afi-
ção criminosa” do mensalão, Ligado há algum tempo a Marta nal, é parte do “projeto do PT” a partidariza-
conforme termos da denúncia Esperam-se Suplicy, em cujo governo na ci- ção do Estado, como se viu em oito anos da
contra o grupo encaminhada ao dade de São Paulo trabalhou co- Era Lula. Deverá, ainda, haver mais liberdade
STF e acolhida pela Corte. pressões sobre o mo secretário, Falcão teve pas- no partido para a letal mistura de negócios
A única justificativa aceitável sagem tumultuada no comitê com política, de que são provas ligações cul-
é que o partido quer premiar a governo para a eleitoral de Dilma Rousseff, acu- tivadas por Delúbio com o mercado imobiliá-
fidelidade e o silêncio de Delúbio sado de participar da confecção rio, a partir de um dos braços do sindicalis-
Soares, sem qualquer preocupa- execução do de dossiês contra o tucano José mo financeiro do partido, a Previ, como reve-
ção com o que a Justiça vier a Serra e familiares. lado pela revista “Época”.
decidir. E como está em jogo a li- projeto partidário O PT, com mensaleiros e alo- Fortalece-se, ainda, na legenda, o projeto
sura no uso de recursos públi- prados, parece ganhar um perfil de um capitalismo de Estado à la Geisel, com
cos, entre outros, aceitar a ideia desafiador para o próprio gover- empresários escolhidos a transitar pelos co-
de que o ex-tesoureiro cumpriria no. Cabe lembrar a tese de José fres do BNDES. Do projeto fazem parte inter-
uma “pena perpétua” equivale a instituir o Dirceu, fortalecido por essas mudanças, ex- venções descabidas em empresas privadas,
conceito de uma ética com prazo de validade. posta a metalúrgicos na Bahia, de que Dilma iguais à executada na Vale. Não se preveem
A reabilitação do ex-tesoureiro não é fato iso- no Planalto facilitaria a execução do “projeto momentos tranquilos para o Palácio.

É preciso fazer política Marcelo

MARCO ANTONIO VILLA abusa do BNDES, oferecendo, como federal está fadada ao fracasso.
uma rainha absolutista, fortunas ao Em meio a este vazio, os eleitores

S
e o país mantém sua economia
em um ritmo razoável, que per-
mite aprovação raspando, com
nota cinco; a política vai muito
mal. É curioso o descolamento da po-
lítica em relação à economia. Lembra
um pouco, guardadas às devidas pro-
porções, o período do milagre brasilei-
ro, durante o regime militar. E se a au-
sência da política — devido a repressão
— acabou mostrando que sem discus-
são não há nenhum crescimento sus-
tentável da economia (basta recordar a
crise do milagre), o mesmo caminha
para acontecer na Presidência Dilma.
A economia dá sinais de que o ciclo
iniciado em 2005 deu tudo o que tinha
de dar. Caminhamos, caso nada mu-
de, para dar um grande salto para
trás. Como em um jogo de ludo, de-
vemos voltar para a “casa” 1994, an-
tes do Plano Real. Gastos públicos
sem controle, falta de um projeto eco-
nômico e inflação, combinado com ta-
xas espasmódicas de crescimento.
O mercado está descrente. Recebe
cada declaração do ministro Guido
Mantega com a mesma confiança quan-
do a ministra Zélia Cardoso de Mello di-
zia, no governo Collor, que tudo na eco-
nomia estava caminhando bem. E quan-
to mais o governo insiste que a inflação
está sob controle — desmentindo a rea-
lidade — maior a desconfiança.
Apesar da falta de rumo na econo-
mia, dos sucessivos escândalos —
mantendo a média da Presidência an-
terior, diga-se —, da incompetência ad-
ministrativa, da inexistência de uma po-
lítica estratégica e de tantas outras coi-
sas, a presidente Dilma governa abso-
lutamente tranquila. Entregou para os
oligarcas, sempre sedentos para sa-
quear o Erário, rendosos cargos; usa e
grande capital parasitário; soldou uma
aliança com as grandes construturas —
importantíssimas para financiar os par-
tidos da base governamental, especial-
mente o PT — danosa ao interesse pú-
blico, e cooptou as centrais sindicais,
que foram adquiridas por um valor bai-
xo, comparado ao que custou o apoio
do grande capital.
Se durante o auge econômico do re-
gime militar a repressão impedia a
existência da política, hoje o quadro é
distinto. A primeira diferença é que o
país caminha a passo de tartaruga, a
segunda — e mais importante — é
que vivemos em um regime de plenas
liberdades democráticas. Agora é o
abandono da política que não possi-
bilita uma saída para a economia. O
mais incrível é que o governo agrega
apoio não pela sua competência polí-
tica ou econômica, mas pela recusa
consciente da oposição ser oposição.
O mérito, portanto, não é produto da
eficiência da presidente. O problema
da oposição reside nela própria.
Fernando Henrique Cardoso escre-
veu um longo ensaio propondo a dis-
cussão pública dos rumos da oposi-
ção. Como, especialmente, o PSDB,
seu partido, recebeu o desafio? Negan-
do-se a discuti-lo. O autoproclamado
líder da oposição parlamentar, Aécio
Neves, disse: “Vejo o futuro da oposi-
ção numa ótica mais otimista.” Pela
declaração é possível concluir que o
senador não leu o ensaio. Ou confun-
diu o tema com um livro de autoajuda.
O mais triste é que ele se julga, desde
já, o candidato oposicionista à Presi-
dência em 2014. Como? O que pensa
sobre o Brasil? Consegue debater se-
riamente os principais pontos do en-
saio do ex-presidente? A resposta é ób-
via: não. Ele é a mais fiel representação
do primarismo da oposição brasileira:
personalista, vazia de ideias e pouca
disposta a combater o governo.
O desafio para qualquer oposição
em um regime democrático é ter votos.
A oposição brasileira, no segundo tur-
no, teve 44% dos votos válidos. Isso
após uma campanha errática e despo-
litizada. O problema, portanto, não é
ter votos. A oposição tem — e muitos.
A questão é outra: quer agir como na
República Velha, garantir um canal pri-
vilegiado com o governo e só no mo-
mento eleitoral se apresentar para os
eleitores. Essa estratégia pode até dar
certo, mas na esfera estadual e onde
não existe debate político. No campo
oposicionistas mais politizados ficam
sem saber para onde ir. Não têm repre-
sentação partidária. Seus representan-
tes no Congresso Nacional estão silen-
ciosos. Como explicar que o senador
mais votado do Brasil, Aloysio Nunes
Ferreira, até hoje não tenha feito um
pronunciamento analítico sobre os ru-
mos da oposição? E como justificar que
José Serra, que recebeu 44 milhões de
votos, continue em uma espécie de si-
lêncio obsequioso? Se a oposição não
tem líderes, como fazer oposição?
Em política não existe vazio. O PT
sabe muito bem disso. E vai ocupan-
do todos os espaços na máquina pú-
blica e desde já estabelecendo alian-
ças eleitorais para 2012. Age profissio-
nalmente, sem piedade ou sentimen-
to. O que vale é ampliar o poder, custe
o que custar. E custa muito, como sa-
bemos. As empresas e os bancos es-
tatais estão entregues aos partidos da
base. O PT reservou para si o que é
mais lucrativo, e que permita estabe-
lecer a conexão com o grande capital,
negócio muito bom para ambos os la-
dos e péssimo para o Brasil.
Para o governo, quanto menos polí-
tica, melhor. Quer banalizar o debate.
Não precisa convencer politicamente
ninguém. Para os parlamentares usa o
método delubiano. Quem tem de fazer
politica é a oposição. Não é possível as-
sistir um governo destruindo o que foi
edificado com tanto sacrifício. Não é
plausível recusar a construir canais efe-
tivos de participação da sociedade civil
nos partidos (que sequer ocorre nos
momentos pré-eleitorais). É inadmissí-
vel que 44 milhões de eleitores não te-
nham voz no Congresso Nacional.
MARCO ANTONIO VILLA é historiador.

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O GLOBO ● OPINIÃO ● PÁGINA 7 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 20: 53 h PRETO/BRANCO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 OPINIÃO ●

7
O GLOBO

Economias LUIZ GARCIA

vulneráveis
ILAN GOLDFAJN
O P
nde você estava no mo-
mento do atentado de 11
de setembro de 2001? Era
uma pergunta frequente
até poucos anos atrás. Pois eu estava
no Banco Central, em Brasília, atuava
como presidente interino. O titular,
Arminio Fraga, estava justamente
nos Estados Unidos. Os diretores se
revezavam nas eventuais substitui-
ções do presidente e eu fui premiado
com o atentado do Osama bin Laden.
O choque com as imagens das torres
caindo deu lugar à preocupação com
o dia a dia. A exemplo de outros ban-
cos centrais no mundo, essencial era
colocar liquidez à disposição do sis-
tema financeiro, mesmo que não
viesse a ser usada. Mas os mercados
podiam/deviam continuar a funcio-
nar normalmente? Ninguém sabia a
extensão do atentado, nem suas con-
sequências. A morte de Osama bin
Laden me fez relembrar esse momen-
to. Ter capacidade de absorver cho-
ques é essencial para uma economia
saudável. E ter instituições fortes é
importante para o desenvolvimento
econômico sustentável. E, hoje, qua-
se dez anos depois, como está o Bra-
sil nesses quesitos?
A pergunta não é tão simples como
parece. É claro que a economia hoje
possui mais defesas. Há reservas in-
ternacionais abundantes para evitar
as consequências negativas de uma
“parada brusca”, quando ocorrem
saídas fortes de fluxos de capital. E a
reação à crise financeira internacio-
nal de 2008 (quebra do Lehman Bro-
ergunte-se a qualquer cidadão —
pobre ou idoso, rico ou jovem —
onde prefere que o poder público
gaste o rico dinheirinho dos im-
postos pagos por ele.
O número um da lista pode variar um bo-
cado. Depende muito daquilo que mais falta
faz ao interrogado — o que, obviamente, va-
ria segundo o nível de renda de cada um. Mas
dá para apostar que a segurança pública apa-
recerá sempre entre os itens mais votados.
É certo que os mais pobres quase sempre
têm a violência como vizinha — e o medo,
em grau maior ou menor, como companhei-
ro permanente. Mas quem precisa sair de ca-
sa todo dia sabe como é tristemente verda-
deiro o chavão que fala na selva das cidades.
Aqui e quase no mundo todo.
Não é por acaso que a mídia, em quase
todos os seus veículos, dedica muito tem-
po e vasto espaço para fazer o balanço pe-
riódico dessa guerra triste. Que não deixa
de incluir vitórias para o nosso lado — co-
mo aconteceu, não faz muito tempo, no
Um país só
Complexo do Alemão. A repercussão do
episódio foi uma merecida vitória política
para as autoridades estaduais. Se alguém
não soubesse ainda, uma campanha bem-
sucedida contra o crime organizado pro-
duz merecidos dividendos.
Em suma, investir em segurança pública
não é apenas algo obviamente indispensá-
vel: também ajuda a carreira de quem vai
por esse caminho. Não há cinismo algum
em reconhecê-lo.
É pena que essa combinação de fatores
não parece ser percebida em Brasília. Co-
mo O GLOBO contou no domingo, o gover-
no Rousseff fez um festival de tesoura nas
suas promessas de campanha a propósito
da segurança pública. A participação do
governo federal nessa área foi abatida a ca-
netadas.
Exemplos: o Programa Nacional de Segu-
rança Pública com Cidadania — uma bele-
za de nome, não? — perdeu 47% das ver-
bas previstas. Não foi episódio isolado. Um
projeto de implantação de postos de polí-
cia comunitária e outro de modernização
de cadeias não receberão um único centa-
vo este ano. Convênios assinados com es-
tados como Rio de Janeiro, Minas e Espí-
rito Santo tiveram cortes violentos. Todos
se queixam. E na Polícia Federal, que ob-
viamente não pode reclamar abertamente,
não faltam protestos. Segundo um de seus
superintendentes ouvidos pelo GLOBO,
“não tem dinheiro para nada”.
O governo Dilma tem lá suas prioridades.
Mas comete erro grave — tanto do ponto
de vista administrativo como politicamente
— quando trata com essa leviandade toda a
área de segurança pública. Brasília, tanto
quanto se sabe, não tem exércitos de tra-
ficantes como os que existem no Rio e em
diversos outros estados. Mas é erro grave
imaginar que um estado de coisas geogra-
ficamente distante do Planalto Central não
acabará tendo graves repercussões, políti-
cas e sociais, na capital.
Desculpem o chavão: o país é grande,
mas é um só.
Cavalcante
Não é
normal
ANDRÉ CORREA

A
thers) mostrou que o sistema finan- tragédia de Realengo trouxe à
ceiro é sólido e o governo tem capa- tona uma discussão sobre algo
cidade de implementar políticas an- que sempre aconteceu nas es-
ticíclicas (que evitam a recessão pro- colas, mas que de um tempo pa-
funda). Mas é também verdade que o ra cá ganhou um nome sem tradução pa-
Brasil se acostumou às favoráveis ra o português: o bullying. Pesquisa feita
condições internacionais — o cresci- na rede municipal do Rio mostrou que um
mento acelerado da China e outros em cada três alunos sofre de agressões fí-
emergentes elevou os preços da nos- sicas e psicológicas por colegas. No pas-
sa pauta exportada em 142% desde sado, não devia ser diferente. E é fato que
setembro de 2001. nem por isso surgiu uma geração de psi-
Os maiores problemas hoje são copatas assassinos de crianças.
mais de excesso (de fluxos de capi- Antes, porém, de entrar nessa dis-
tal, por exemplo), do que de falta. E o cussão, que considero necessária e já
Brasil tem mais a perder. Há pleno explico por quê, é preciso termos mui-
emprego, renda crescente numa clas- to cuidado para que ela não acabe por
se média em ascensão, confiança em legitimar o discurso louco do monstro
alta dos empresários, investidores e de Realengo, que tentou justificar o in-
consumidores, baixo risco percebido justificável deixando cartas e vídeos
e muitos projetos de investimento a em que dizia que sua ação insana se de-
caminho, inclusive aqueles ligados veu ao fato de ter sido “bulinado” no
ao pré-sal, à Copa do Mundo e às colégio. Mentira. Não devemos cair
Olimpíadas. nessa armadilha. O assassino era um
Mas o que faria o Brasil depender psicopata covarde e ponto.
menos das condições favoráveis in- Isso posto, vamos ao que interessa:
ternacionais? por que temos que encarar o bullying

Países crescem (em especial eco-
nomias emergentes) quando as con-
dições externas estimulam, mas tam-
bém quando geram dinâmica própria
em função de bases sólidas. Muitas
vezes o crescimento é resultado de
ambos. No momento, as condições
externas têm sido importantes. Na
América do Sul, o crescimento eleva-
do ocorreu em quase todos os países
em que políticas econômicas e insti-
tuições diferem significativamente
Capitalismo de Estado
com um cuidado que não tínhamos no
passado?
Em primeiro lugar, porque o mundo
mudou. Temos hoje a internet, capaz de
potencializar exponencialmente o grau de
“O Estado é melhor como jardineiro, quegios da “grande família” no poder. R$ 35 bilhões por ano antes de o PT humilhação imposta pelos valentões das
deixa as plantas crescerem, do que como Como definiu Octavio Paz, “o patri- chegar ao poder, e hoje os emprésti- escolas, que se aproveitam de alguma fra-
engenheiro, que desenha plantas monialismo é a vida privada incrusta- mos chegam a quase R$ 150 bilhões gilidade alheia para, numa atitude comum
erradas.” Roberto Campos da na vida pública”. No capitalismo de por ano. As cifras são impressionan- do ponto de vista psicológico, firmar uma
Estado, a política deixa de ser um tes. Igualmente impressionante é a suposta liderança sobre o grupo.
RODRIGO CONSTANTINO meio para alavancar os negócios; ela é concentração de grandes empresas no Em segundo lugar, porque o grau de
o grande negócio em si. O princípio destino final dos recursos. Trata-se de violência que se vê hoje parece ser muito

(pensem na diversidade entre Argen-
tina, Brasil, Chile, Colômbia, Equa-
dor, Peru e Venezuela) . Não parece
que haja um determinado conjunto
de políticas domésticas que explique
por si só o desempenho favorável
desses países nos últimos anos.
No Brasil dos últimos anos, parece
haver sinais de fatores internos e ex-
ternos. O desenvolvimento nesses
anos deve-se à mudança nas institui-
ções no passado, mas também às
condições internacionais. Nos fato-
res internos, o respeito aos contra-
tos, a estabilidade macroeconômica,
as reformas econômicas (macro e mi-
cro), a maior mobilidade social atra-
vés da distribuição de renda, a cria-
ção das agências reguladoras, entre
outros, foram essencias.
Para a frente a questão é relevante.
Há incentivo para continuar crescen-
do, mesmo quando os impulsos ex-
ternos não forem tão favoráveis (ou
mesmo desfavoráveis)? As regras for-
mais e informais estão ainda gerando
os incentivos corretos para crescer?
E houve avanço adicional das insti-
tuições, removendo obstáculos exis-
tentes anteriormente?
A morte do Osama bin Laden me
fez lembrar do atentado de 11 de se-
tembro, da triste tragédia humana e
de sua vulnerabilidade. Mas, também,
me fez lembrar da vulnerabilidade
das economias. E do esforço necessá-
rio para criar os incentivos corretos
para o crescimento sustentável, que
não dependam das condições interna-
cionais, que podem não ser tão favo-
ráveis como nos últimos anos.
ILAN GOLDFAJN é economista-chefe do Itaú
Unibanco e sócio do Itaú BBA.
D
evemos tomar cuidado básico do modelo é a privatização dos uma verdadeira “bolsa-empresário”. O maior do que o que convivemos na nossa
com rótulos simplistas, lucros e a socialização dos prejuízos. governo seleciona as empresas “ven- infância. No meu tempo, o gordinho era
que muitas vezes podem Quem não faz parte do andar de cima cedoras” de cima para baixo, com ba- chamado de bujão; a magrela, de Olívia
confundir mais do que elu- acaba pagando a conta. A variável po- se em critérios políticos. Metade do Palito; a loura, de parafina; o negro era fei-
cidar. Feito o alerta, socialismo é lítica tem preponderância sobre a eco- crédito no país já depende do gover- jão; e o ruim de bola, perna de pau. Hoje,
quando o Estado detém os meios de nômica. A troca de favores é o meio no, o maior banqueiro do país! esses apelidos aparentemente inocentes
produção, enquanto no capitalismo para o sucesso, não a meritocracia ou O governo brasileiro é um dinos- muitas vezes vêm acompanhados de
eles são privados. Partindo desta de- a eficiência. O melhor atributo é ser sauro com apetite insaciável. Ele ar- agressões físicas e psicológicas severas,
finição, não há país puramente so- um “amigo do rei”. recada quase 40% do PIB em impos- coisa que não me recordo ter presencia-
cialista ou capitalista no mundo; to- Este modelo leva ao autoritaris- tos, a fundo perdido para os cida- do em meus tempos de garoto. E, quando
dos eles são uma mistura, em graus mo, por meio da crescente concen- dãos. Além disso, a dívida pública se isso ocorre, é preciso, sim, estar atento.
distintos. Coreia do Norte, Cuba e tração de poder na casta governan- aproxima dos R$ 2 trilhões, pressio- Por isso, a Alerj aprovou ano passa-
Venezuela são exemplos te. Infelizmente, a América Latina pa- nando a taxa de juros da economia. do projeto de minha autoria que obriga
quase socialistas, en- rece longe do dia em A burocracia insana representa ou- as escolas a notificarem as autoridades
quanto Suíça, Austrália e que tais característi- tro enorme custo indireto para as — no caso, delegacias e Conselho Tu-
Canadá são países bem cas serão apenas um empresas. O governo brasileiro se telar, sobre casos de bullying em colé-
mais capitalistas. A crença de que triste capítulo do pas- mete até na escolha das nossas to- gios. Sem divulgação e campanhas de
O modelo mais próxi- sado. Se antes figuras madas! Com esta hipertrofia toda, a conscientização esclarecendo a razão
mo do socialismo tam- o Estado é o “pai como Perón e Getúlio corrupção toma conta do país. E, da medida, a lei 5.824/2010 tornou-se
bém pode ser chamado Vargas representavam com gastos e crédito crescentes, a letra morta, mais uma que caiu no os-
de capitalismo de Esta- do povo” permite os ícones deste mode- inflação já passa de 6% ao ano. tracismo do esquecimento.
do. Ele existe quando o lo, atualmente temos Trata-se de um modelo insustentá- Mas ainda é tempo. Devemos levar es-
poder do Estado é tão a privatização do Hugo Chávez e Evo vel que beneficia basicamente os go- sa discussão aos colégios, reunir estudan-
grande a ponto de in- Morales como novos vernantes e seus apaniguados. E, pa- tes, pais, educadores, autoridades e fazer
fluenciar absurdamente espaço público “patriarcas”. ra desespero de todos aqueles que uma discussão franca sobre qual o limite
os resultados econômi- E o Brasil nesta his- compreendem isso, não há lideran- das “brincadeiras” entre crianças e ado-
cos do país, asfixiando a tória? Jamais tivemos ças políticas confrontando este ul- lescentes. E que fique claro: isso não será
iniciativa privada. O Es- um modelo efetiva- trapassado modelo, apesar dos 44 feito como consequência da tragédia de
tado, neste caso, é visto como a mente liberal, mas “nunca antes na milhões de votos na oposição. Pare- Realengo, mas sim porque impor limites e
grande locomotiva que garante a história deste país” tivemos um ca- ce que os políticos atuais disputam estimular a convivência saudável entre
prosperidade da nação. Os indiví- pitalismo de Estado tão evidente. O apenas o controle da “cosa nostra”. seres humanos faz parte da boa educa-
duos precisam se “encostar” nele co- aparelhamento da máquina estatal Falta quem lute efetivamente pela ção. O divertimento, quando passa do li-
mo fonte de enriquecimento. tem sido assustador. A ingerência no substituição deste modelo por outro mite do aceitável, prejudica o desempe-
A crença de que o Estado é o “pai setor privado, como no caso da Vale, com mais economia de mercado, im- nho escolar da criança, afeta a sua alegria
do povo” permite a privatização do aumentou exponencialmente. E, tal- pério da lei e ética. Precisamos de de viver. Professores, pais, psicólogos,
espaço público por uma “patota” po- vez o exemplo mais sintomático, o uma alternativa urgente ao atual ca- inspetores e os próprios alunos devem fi-
pulista. O Estado fica muito mais for- BNDES foi transformado numa gigan- pitalismo de Estado, que concentra car atentos a esses sinais. Todos nós so-
te do que a sociedade. Burocratas e tesca máquina de transferência de privilégios e distribui injustiças. mos responsáveis. Não dá para continuar
políticos passam a controlar a má- riqueza dos pagadores de impostos achando que bullying é normal.
quina estatal. A privatização do Es- para os grandes empresários aliados RODRIGO CONSTANTINO é economista.
tado ocorre através das práticas de ao governo. ANDRÉ CORREA é deputado estadual (PPS),
nepotismo e clientelismo, e as leis O banco estatal foi o que mais cres- O GLOBO NA INTERNET líder do governo na Assembleia Legislativa e
deixam de ser isonômicas, passando ceu nos últimos anos. Seus desembol- OPINIÃO Leia mais artigos autor da lei que obriga escolas a notificar
a representar um braço dos privilé- sos subsidiados ficavam na faixa dos oglobo.com.br/opiniao casos de bullying.
O GLOBO ● OPINIÃO ● PÁGINA 8 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 20: 53 h
8 ●
OPINIÃO
Pelo e-mail, pelo site do GLOBO, por celular e por carta, este é um espaço aberto para a expressão do leitor
Distante do alívio desejado
● De verdade, a ordem era matar, e não prender Osama bin Laden. Longe
de ignorarmos a gravidade do seu ato em 11/9/2001, mas para os ame-
ricanos vale a Lei de Talião? Ao que foi feito podemos adjetivar como
justiça? Os EUA reparam que nada têm contra o Islã, seu alvo era o “as-
sassino em massa”, não esqueciam o atentado às Torres Gêmeas, e o al-
Qaeda era temido. Como cristão, não conseguimos assimilar. O mundo
ocidental, os chefes dos principais países europeus foram cautelosos em
suas declarações. A segurança, as medidas antiterror, o excesso nos ae-
roportos para entrada nos EUA serão redobrados. Temem-se retaliações
em cascata pontual do mundo muçulmano, que ao não ver o corpo fica
na dúvida e assegura que surgirão inúmeros outros Bin Laden. Hora de
meditar. Os EUA se tornaram ainda mais distantes do alívio desejado.
● Finalmente, deram cabo do terrorista.
Aliás, entendo que todo indivíduo dessa es-
pécie deveria ter o mesmo fim. Agora, espe-
ro que, como acontece aqui no Brasil, que
não apareçam instituições de direitos huma-
nos alegando que houve crueldade etc. Pa-
rabéns a Barack Obama e que as famílias de
centenas de pessoas mortas naquele fatídi-
co 11 de Setembro se sintam um pouco ali-
viadas com a morte de Bin Laden.
ALOYSIO BRANDÃO
Rio
● A morte de Bin Laden representa um
marco na guerra sem fronteiras contra o
terrorismo mundial. Não devemos esque-
cer, porém, que o termo al-Qaeda significa
a base, e possui franquias espalhadas por
todas as partes do planeta. Seria inocente
afirmar que Bin Laden não tenha deixado
um sucessor e que a sua morte não seja o
início ao culto de um mártir da Jihad islâ-
mica. Lamentavelmente, o mundo jamais
será o mesmo após os atentados de 11 de
setembro. Acho que era menos ruim Osa-
ma vivo, pois mitos e mártires não se con-
segue destruir!
EMMANUEL ALEXANDER BALTZ
Rio
● Osama reelege Obama!
RODRIGO CORREA DE OLIVEIRA
Rio
● Cumprimento os EUA, na pessoa do pre-
sidente Barack Obama, não só por ter eli-
minado o seu maior inimigo e maior terro-
rista no mundo, mas por ter respeitado a
tradição islâmica e feito seu enterro em 24
horas, como manda sua religião. Tenho
certeza que se o oposto houvesse aconte-
cido teríamos demonstrações de violência
e desrespeito ao corpo e às tradições do
possível morto. Isso diferencia um tipo de
governo de outro.
TANIA TAVARES
São Paulo, SP
O século XX criou
monstros como
Hitler, Stalin...
E Bin Laden ‘Página virada’
concorre com A reintegração de Delúbio Soares ao PT, ao ver um controle real e eficaz do gasto pú- pacidade de somar dois e dois. Comparar ci-
eles na galeria menos, pode servir para relembrar o mensalão. blico e evitar a corrupção estampada repe- dades com extensões de linhas até dez vezes
O senador Humberto Costa, líder do PT, diz em tidamente em todos os jornais do Brasil e maiores com a nossa linha de 40 quilômetros
dos horrores entrevista que “o mensalão é página virada”. do mundo. Parece, entretanto, que nada é ofender a inteligência dos leitores. Quanto
Convém lembrar que Delúbio é um dos 38 men- disso afeta os governantes. Muito pelo con- ao “apoio maciço” da população à superpo-
— Mara Montezuma Assaf
● Os americanos, segundo li, resolveram tirar
material para fazer teste de DNA em Bin La-
den para comprovar sua morte, mas depois
disso jogaram seu corpo no mar. Tomara que
tenha sido lançado lá na Fossa de Mindanau,
que tem quase 11 quilômetros de profundi-
dade, segundo aprendi na escola quando me-
nina. Se houvesse um buraco ainda mais fun-
do eu o elegeria para jogar este homem-tras-
te. O século XX criou monstros como Hitler,
Stalin, Pol Pot... E Bin Laden, sem dúvida,
concorre com eles na galeria dos horrores.
MARA MONTEZUMA ASSAF
São Paulo, SP
● Usando o impressionante poder bélico
dos EUA, o ex-presidente Bush invadiu o Ira-
que à procura de armas químicas, que não
existiam; vasculhou inutilmente o Afeganis-
tão para caçar Bin Laden. Barack Obama foi
mais eficiente. Usando a inteligência aliada
ao mesmo poder, achou o terrorista sem o
alarde costumeiro do seu antecessor.
ABEL PIRES RODRIGUES
Rio
● Bin Laden está morto! O povo brasileiro, não
muito emocionado, depara-se com as imagens
exibidas em nossos jornais de jovens america-
nos em transe patriótico nas imediações da
Casa Branca. Afinal, o terrorismo simbolizado
por Bin Laden está, por enquanto, passando
ao largo por aqui. No Brasil, o terrorismo con-
tra o qual o povo ainda está impassível é outro.
É o coordenado pela classe política, ao nomear
um Conselho de Ética que é um escárnio, ao
empurrar com a barriga a tão necessária refor-
ma política, ao decretar autoaumentos inde-
centes, e por um Judiciário que não se define
sobre a extradição de um terrorista da pior es-
pécie e não tem coragem de banir da política
os fichas-sujas. Na verdade, somos vítimas de
atentados contra os quais ainda não temos
motivos para transes patrióticos.
PAULO ROBERTO GOTAÇ
Rio
DOS LEITORES
JOSÉ LUIZ VILLAS BÔAS
Rio
● Os EUA estão apresentando a morte do
seu arqui-inimigo como uma grande vitória.
Mas, na realidade, o fato revela uma enorme
incompetência e uma grande vergonha dos
serviços de inteligência mais poderosos do
mundo, que levaram mais de dez anos para
encontrá-lo. Outro fato deplorável é o assas-
sinato como política de Estado. Não passa
de um terrorismo às avessas. Se querem
promover a democracia e o estado de direi-
to no mundo, então tem de vir junto uma
justiça na qual até os piores criminosos te-
nham direito a um julgamento.
ANTONIO CARLOS JACQUES
Rio
● A sentença de morte agora executada a
Bin Laden, por ter comandado o horroroso e
covarde atentado às Torres Gêmeas, é em-
blemática. Prova como a Humanidade, ape-
sar de todos os avanços da tecnologia e da
ciência, mal saiu do nível de barbárie anima-
lesca que ainda nos domina. Que, de agora
em diante, líderes e dirigentes de todas as
nações reflitam sobre tal realidade, e encon-
trem soluções globais para dominar tais ins-
tintos de ferocidade da raça humana.
JOSÉ DE ANCHIETA NOBRE DE ALMEIDA
Rio
● Palavra que me vem à cabeça é alívio, pela
morte de uma pessoa que se vangloriava de
haver matado tantos inocentes. Admiro os
EUA por nunca aceitarem a impunidade. Eu
sabia que mais dia menos dia a justiça seria
feita. Parabéns a Obama e seu serviço de in-
teligência por esse feito. As pessoas do bem
agradecem, sensibilizadas.
SONIA GARCIA DE SOUZA
Rio
● A morte de Bin Laden não é a solução de to-
dos os problemas no terrorismo, como se de-
duz das declarações de um porta voz da auto-
ridade palestina. Ele afirma que o mais impor-
tante para a paz no mundo é superar o discur-
so e os métodos violentos que foram criados
por ele e “outros” no mundo. Quem serão esses
outros? Por certo, não são apenas os islamitas
radicais os culpados pelas crises que se veri-
ficam em várias regiões deste vasto planeta. E
isso precisa ser efetivamente levado em consi-
deração por todos os que podem e precisam
Previdência e ética Expansão do metrô
influir decisivamente para que seja alcançada a
paz. Infelizmente não será a morte de Bin Laden
que vai encerrar as crises atuais.
O problema do déficit da Previdência ja-
URIEL VILLAS BOAS mais será solucionado com a simples exclu- gestor principal, deseja que toda uma cidade
Santos, SP são de pagamento de aposentados e tam- acredite que temos um sistema eficiente.
pouco com a redução de pensões. O gover- Apresentar um resultado quanto à extensão
no finge não saber a real causa do famoso de uma linha única compatível com padrões
fosso orçamentário. Bastava, para isso, ha- internacionais é, no mínimo, duvidar da ca-
● riamente, milhares de pessoas se amon-
saleiros denunciados pela Procuradoria Geral
da República, por peculato, gestão fraudulenta,
lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de di-
visas e formação de quadrilha. Uma página
muito extensa para ser virada somente com o
passar do tempo. Se o povo já esqueceu o epi-
sódio e ainda de quebra aprovou o governo do
PT, resta a esperança de que a Justiça não per-
mita que a página seja virada, sem que os cul-
pados sejam devidamente punidos.
WILLIAM PEREIRA DOS SANTOS
Rio
● O ex-presidente do PT disse que o mensa-
lão é página virada e que a população já es-
queceu o que aconteceu. Só espero que a Jus-
tiça não esqueça e que quem for culpado que
pague pelos seus erros. Eu não esqueci!
CARLOS EDUARDO PEREIRA INNOCÊNCIO
Niterói, RJ
● O papel de Delúbio Soares no mensalão foi o
de um “boi de piranhas”. Ao ser lançado às fe-
ras, saiu-se muito bem, principalmente pela
maneira debochada como se portou diante dos
membros da CPI dos Correios, quando não in-
criminou e até salvou a pele de integrantes da
Comissão Executiva e de outros petistas. Ao PT
cabia dar à opinião pública uma resposta sobre
o seu malsinado esquema de corrupção, tradu-
zida pela expulsão do partido do obediente De-
lúbio que, mesmo respondendo a processo jun-
to com mais 37 companheiros perante o STF,
está de volta à arena política e ao seio petista
de onde, por certo, nunca foi expulso.
WANDIR PINTO BANDEIRA
Belo Horizonte, MG
● Delúbio Soares voltou a integrar oficialmente o
partido, sob os auspícios de seus companheiros.
Entretanto, pelo visto, as “ex-companheiras” éti-
ca, coerência, lisura e transparência continuarão
alijadas, sem chance de serem aceitas nos qua-
dros de um partido que deixou de ser diferente
para ser tão somente indecente. Essa volta de
Delúbio, nas eleições vindouras, representará
para o PT um catastrófico dilúvio.
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO
Belo Horizonte, MG
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
.
O GLOBO
NA INTERNET E NO CELULAR
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Foto do leitor Flávio Rozenbaum
EM FASE de revitalização,
o entorno da Lagoa
Rodrigo de Freitas ainda
dá sinais de abandono. A
foto de Flávio Rozenbaum
mostra um deque próximo
ao Parque do Cantagalo
sem parte das frisas.
Segundo a Secretaria
municipal de Conservação
e Serviços Públicos, os
reparos devem ser
realizados em até um ano,
mas as madeiras do
pequeno cais serão
repostas esta semana,
para evitar acidentes.
— oglobo.com.br/eu-reporter
............................................................. .......................................................................................................................................................
COMENTÁRIO
NoTwitter
Obama: ‘O mundo Se você tem barba, nem tente ir Laden faz bolsas mundiais subirem.
é um lugar melhor’ pra lá. (@bellameneses)
RT @JornalOGlobo: Segurança é Eu, também. (@roberto_sz)
“Os EUA, finalmente, reforçada nos aeroportos dos EUA, RT @JornalOGlobo: Brasileiros
mataram seu suposto algoz. após morte de Osama bin Laden. expressam desconfiança sobre a
Porém, em vez de buscarem morte de Osama nas redes sociais.
um momento de paz, Será que João Paulo II faria? http://ow.ly/4LkR2
intensificam sua hostilidade (@_carlosgomes)
padrão. Hoje, quatro amigos RT: @JornalOGlobo: Presidente do Tem sempre um vizinho que a tudo
desembarcaram no Peru diz que morte de Bin Laden foi vê! (@Juli_Atayde )
Aeroporto de Charlotte, na ‘milagre’ de João Paulo II. RT @JornalOGlobo: Pelo Twitter,
Carolina do Norte, e foram paquistanês vizinho de Bin
submetidos aos já Quando eu morrer, avisem-me o que Laden relata operação que
conhecidos abusos na aconteceu às bolsas. (@raphasc) matou o terrorista.
revista de desembarque. RT @JornalOGlobo: Morte de Bin Siga: twitter.com/jornaloglobo
Todos foram obrigados a
retirar as roupas. Não há ......................................................................... .........................................................................
motivo algum para isto.
Nenhum contra-ataque seria AUDIÊNCIA MAIS COMENTADAS
feito neste dia, muito menos ● O anúncio da morte de Henrique ● A notícia em que o presidente
sem planejamento. É um (Ricardo Pereira), em “Insensato dos EUA, Barack Obama, afirma
absurdo como ainda nos coração”, despertou o interesse que “foi feita justiça com a morte
tratam desta forma!” dos internautas. A notícia, no blog do terrorista” (Osama bin Laden)
— De Felipe Ferreira, em comentário da colunista Patrícia Kogut, foi foi uma das mais comentadas
no site do GLOBO uma das mais lidas no site ontem. pelos leitores ontem.
● Convém avisar ao presidente do Metrô
Rio que, se tivessem sido adquiridos os
● Parece que o Metrô Rio, na pessoa do seu ● trens que só estarão em operação em
2012 com a consequente modernização
das linhas de forma a diminuir o tempo
entre duas composições consecutivas,
não seria necessária a interligação da Li-
nha 1 com a Linha 2, e não teríamos, “dia-
toando para trocar de linha”. Quanto aos
metrôs citados por ele, apesar das linhas
extensas, há diversas linhas auxiliares pa-
ra baldeação e são modernizados sem-
trário, a comissão aética que acaba de se sição das linhas 1 e 2, é lógico que oferecer pre. Esta privatização, ao contrário da do
instalar espelha bem a mentalidade reinan- alguma melhora vai fazer com que o povo se sistema de telecomunicações e de empre-
te e nos deixa descrentes de que este país sinta melhor no momento. Afinal, conside- sas como Vale, CSN e outras, não deu cer-
um dia será verdadeiramente sério. rando-se colocar todos os trens em opera- to para a população.
CECILIA SANTOS ção no mesmo percurso quando eram sepa- EDUARDO CESAR PASSOS LEITE
Rio rados gerou ganho. Mas gostaria, sincera- Rio
mente, que o Metrô Rio mensurasse nova-
● A cada troca de ministro da Previdência mente a satisfação dos usuários, o conforto ● O presidente do Metrô Rio afirma que a
surge um novo mágico. Agora, aparece um e a lotação, tendo em vista especialmente o ligação direta da Linha 4 com a Linha 1 é a
político e aventa a possibilidade de mexer custo da passagem, a mais cara do Brasil, de mais racional. No entanto, é igualmente
nas pensões pagas pelo INSS. Pois bem, ao quase US$ 2 (R$ 3,10). racional a extensão do sistema até a Alvo-
se aposentar, o segurado recebe uma ex- JORGE LUIZ M. BORBA rada, o que a grande maioria dos morado-
pectativa de vida que ultrapassa 20 anos. E Rio res da região apoia. A parte mais difícil do
como ficará a situação do cônjuge deste se- trabalho já será feita, que é a escavação
gurado se o mesmo morrer, dez anos após ● A discussão sobre o trajeto da nova linha das rochas para se chegar até a Barra. Lo-
se aposentar? Ou mesmo antes da expecta- do metrô rumo à Barra torna muito saudá- go, por que não estender o metrô até a Al-
tiva de vida apresentada pela Previdência vel a participação popular. Os trajetos do vorada? O atual projeto contempla a ins-
Social? Quem reparará as perdas? Sr. minis- metrô começaram com a linha absurda- talação do BRT ligando este terminal ao
tro, faça o seguinte: cobre aos empresários mente elitista Botafogo/Tijuca. A segunda Jardim Oceânico. Mas a extensão do me-
que devem milhões à Previdência, cobre linha, que atende às populações mais ca- trô até a Alvorada seria mais eficiente e re-
aos clubes de futebol, reduza as benesses rentes, tem o trajeto na maior parte de su- solveria definitivamente o problema do
de quem nunca recolheu e recebe benefí- perfície, porém, os projetistas da época fi- trânsito na Barra.
cio. Crie alternativas de segurança para zeram os vagões sem ar-condicionado. Po- GUSTAVO COSTA RIBEIRO
acabar com os roubos. Deixe aposentados bre sofre sem reclamar. Agora deseja-se Rio
e pensionistas com seus míseros vencimen- uma linha rumo à Barra via Ipanema, bairro
tos, que, sem dúvida, representam no míni-
mo 50% do valor que deveriam receber.
mais privilegiado economicamente da cida-
de, e estendendo a linha, pois se fosse via Perigo na Lapa
IVAN MEDEIROS DA SILVA Gávea ganharíamos preciosos minutos. Nas ● Será que as autoridades estão esperan-
Niterói, RJ grandes cidades do mundo, os metrôs aten- do acontecer uma chacina na Lapa pareci-
dem aos bairros mais populosos e distan- da à ocorrida na Candelária com pivetes e
tes. Aqui no Rio, o objetivo primeiro, nos desocupados? Ainda querem fazer Copa
parece, é embasbacar os turistas. do Mundo e Olimpíadas!
PAULO SATURNINO LUIZ CARLOS FERREIRA COSTA
Rio Rio
● Gostaria de saber se o honorável presidente
Parece que o do Metrô Rio utiliza esse transporte diaria- O GLOBO acolhe opiniões sobre todos os temas.
Metrô Rio mente no trecho Pavuna-Centro. Se ele consi- Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusa-
ções insultuosas ou desacompanhadas de docu-
dera pessoas transportadas como gado uma
deseja que toda situação adequada, a opção por fazer uma li-
nha única da Barra ao Centro está explicada.
mentação. Também não serão publicados elogios
ou agradecimentos pessoais. Devido às limitações
uma cidade Prezados moradores da Zona Sul e da Barra,
de espaço, será feita uma seleção das cartas e
quando não forem suficientemente concisas, serão
acredite que bem-vindos à experiência inigualável dos mo-
radores da Zona Norte. Igualzinho a Londres,
publicados os trechos mais relevantes.
As cartas devem ser dirigidas à seção Cartas dos
temos um Hong Kong e outras tantas cidades das quais
o dito honorável senhor tanto entende. Eco-
Leitores (O GLOBO — Rua Irineu Marinho 35, CEP
20.233.900), pelo fax 2534-5535 ou pelo e-mail
sistema eficiente nomia nos olhos dos outros é refresco.
cartas@oglobo.com.br. Só serão levadas em conta
cartas com nome completo, endereço e telefone
ALEXANDRE ZACARIAS IGNÁCIO PEREIRA
— Jorge Luiz M. Borba
para contato, mesmo quando enviadas por e-mail.
Rio
O GLOBO ● O PAÍS ● PÁGINA 9 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 06 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO O PAÍS ●

9

Código Florestal tem novo texto para votação

Texto do relator Aldo Rebelo, que deve ir a plenário hoje, é modificado; Greenpeace critica pressa para decisão
Ailton de Freitas/1-5-2011
Catarina Alencastro

● BRASÍLIA. O relator do projeto

que altera o Código Florestal,
deputado Aldo Rebelo (PCdoB-
Maia enfrenta protestos
SP), divulgou ontem um novo
texto para ser votado entre hoje No RS, ambientalistas criticam mudanças
e amanhã na Câmara. Como an-
tecipou ao GLOBO domingo, Al-
do Rebelo confirmou a conces- ● PORTO ALEGRE. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-

são que fez, atendendo o gover- RS), enfrentou ontem um protesto de ambientalistas contra
no, para manter a margem míni- as mudanças no Código Florestal, no Rio Grande do Sul. Ma-
ma das matas de proteção dos nifestantes estenderam faixa onde se lia: “Código Florestal:
rios nos atuais patamares, de 30 Marco Maia tu podes adiar a votação para ouvir a nação”.
metros. Por outro lado, o texto Maia disse que a manifestação é compreensível, mas
permite que os proprietários de lembrou que há radicais de ambos os lados:
até quatro módulos fiscais (de — Temos radicais no setor da agricultura e entre os am-
20 a 400 hectares) mantenham bientalistas. Estamos fazendo uma mediação, um acordo. É
apenas o percentual de vegeta- ilusão nossa acharmos que vamos ter um consenso absoluto
ção nativa que possuíam até ju- e que todos sairão contentes. É natural que se tenha posições
lho de 2008. radicais, mas, na minha avaliação, estão num extremo, não
Na prática, o projeto de lei li- representam o sentimento médio da sociedade brasileira.
bera quem desmatou além do Integrantes de entidades ecológicas e do PV gaúcho disse-
permitido, já que o produtor não ram que fariam uma vigília durante toda a noite diante do es-
será obrigado a reflorestar nem a critório político de Maia, em Canoas, perto de Porto Alegre.
compensar áreas para atingir o — Temos um Congresso com 50% de renovação, e os par-
percentual que, hoje, todos os lamentares não conhecem uma linha sobre as mudanças pro-
proprietários de terra são obri- postas — criticou a advogada Daniela Uequed, filiada ao PV.
gados a manter preservados. O — Sempre há possibilidade de adiamento, se não houver
relator admitiu que esse é ainda acordo. No entanto, com o acúmulo de debates em plenário,
um ponto de divergência entre certamente teremos acordo para a votação — disse Maia.
ele e o governo, após um longo PARA ALDO Rebelo, se o seu projeto sobre Código Florestal não for votado esta semana, “o prejudicado é o país” .

processo de negociação.
— Propus que os agriculto- sobre esse ponto porque, como tor adira ao programa de regula- que a lei obriga pode alugar par- agricultura, tanto é que o gover- to. Muitos assumiram o manda-
res com até quatro módulos não restringe a área por proprie- rização ambiental, no qual se celas de sua mata nativa para no foi obrigado a suspender to de deputado há poucos me-
registrem como Reserva Legal tário, teme que a permissão comprometerá a recuperar o que outros proprietários — que multas e na prática suspender ses. O Greenpeace acha que o
a que eles têm. Não será obri- abra brecha para que o mesmo passivo ambiental que causou. desmataram a mais — possam averbação de Reserva Legal. Congresso tem que desligar a
gado a reconstituir porque ele proprietário adquira várias pe- Ao cumprir na íntegra as condi- quitar seu passivo ambiental. A Nós queremos Reserva Legal, motosserra e dar tempo para as
não tem área. E não tem como quenas áreas nas quais não terá ções acordadas no programa, es- compensação das Reservas Le- nós queremos APP, e nós quere- pessoas tomarem conhecimen-
comprar, porque ele não pode. de recuperar Reserva Legal. tará dispensado da multa. gais terá de ser feita no mesmo mos o nosso agricultor, o peque- to sobre esse assunto, que é im-
Vai cobrar dele o quê? A APP, Os proprietários terão de de- O novo relatório abriga ainda bioma, mas não precisará obede- no, o grande e o médio, tranqui- portante demais para ser vota-
(Área de Proteção Permanen- clarar sua Reserva Legal no Ca- alguns pontos que, segundo Al- cer os limites dos estados. lo e produzindo — justificou. do de afogadilho — avaliou Pau-
te) ele refaz; a reserva legal, dastro Ambiental Rural. Ao fazer do, foram objeto de consenso. Aldo disse que a reforma do lo Adário, coordenador da Cam-
ele declara o que ele tem, e isso, terão direito a uma série de Um deles é que todos os agricul- Código Florestal tem de ser Greenpeace: “Congresso tem panha da Amazônia da ONG.
não tem que recompor — ex- facilidades para manter sua pro- tores, independentemente do ta- votada ainda nesta semana. desligar a motosserra” A ministra do Meio Ambien-
plicou o relator. dução agropecuária, como aces- manho das propriedades, pos- Segundo ele, o assunto já foi Já o Greenpeace defendeu on- te, Izabella Teixeira, informou,
Aldo mexeu na redação de so a crédito agrícola em todas as sam somar áreas destinadas à debatido suficientemente. tem que a sociedade e os pró- via assessoria, que estava ana-
sua proposta para tirar do texto modalidades com juros menores Reserva Legal com APP, desde — O prejudicado é o país se prios deputados tenham mais lisando o novo texto e só se
a ideia de que estava “liberan- e limites maiores do que as de- que isso não signifique novos não houver votação, porque não tempo para estudar o assunto. manifestaria após ter compre-
do” os pequenos produtores de mais linhas de financiamento. desmatamentos. Ou seja, se com terá uma legislação adequada — Esta semana, não dá para endido todas as mudanças. ■
manter uma reserva legal. Mas, Com relação ao perdão de a soma o produtor consegue para proteger o meio ambiente e votar. Seria de extremo bom
além dos pequenos produtores, multas aplicadas a quem desma- cumprir percentual mínimo de para proteger a agricultura. A le- senso se o presidente da Câma- O GLOBO NA INTERNET
o relatório inclui ainda exceção
para os agricultores familiares.
tou irregularmente, o texto de Al-
do afirma que as punições con-
preservação, não poderá desma-
tar área excedente. Outro ponto
gislação atual mostrou-se inade-
quada para os dois. Não protege
ra adiasse a votação. Grande
parte dos deputados nunca to-
a Infográfico mostra os principais
pontos do novo Código Florestal
O PT manifestou preocupação tinuarão suspensas caso o infra- é que quem preservou mais do o meio ambiente, não protege a mou posição sobre esse assun- oglobo.com.br/pais

OFERTAS
VÁLIDAS
PARA O DIA
3/5/2011

5 ,98
Fotos meramente ilustrativas.

Filé de peito de
frango congelado
kg
A PARTIR DE 3
UNIDADES, PAGUE:
5,95 cada
Os objetos de decoração não fazem parte do preço.

3 ,49 5 ,45
cada
Coxa, sobrecoxa ou coxa
com sobrecoxa de frango

4,98
congelada Qualitá - 1 kg
Frango congelado
kg 2 ,99
Coxa com sobrecoxa
Drumett de frango
congelado - kg
de frango congelada
kg

5 ,98
5 ,98 Bisteca suína

8 ,98 congelada - kg
Fígado bovino
kg
Costela suína

12,85
Alcatra ou contrafilé
congelada - kg

com maminha

10
Patinho bovino
,90 bovina resfriada
peça - kg

resfriado peça ou
pedaço - kg

*A campanha “PREÇO NÃO SE DISCUTE” é válida somente para as lojas físicas do Extra Hiper e Extra Supermercado, não valendo para as lojas Extra Fácil ou loja virtual www.extra.com.br. Não serão aceitas, para comparação de preços, as ofertas emitidas por comerciantes ou empresas atacadistas. Será válido somente o anúncio impresso da
concorrência, do mesmo município, na forma de tabloide, lâmina, folheto ou anúncio de jornal de grande circulação, com o prazo de oferta dentro do período desta promoção, para produtos idênticos (mesma marca, tipo, voltagem, cor, sabor, quantidade etc.). O anúncio apresentado não será devolvido ao cliente e ficará retido pelo Extra. Esta condição
não é válida para promoções especiais com múltiplos de produtos, do tipo “pague 2 e leve 3”, “leve 4 e, com mais um centavo, leve outro produto ou mais um exemplar do mesmo produto”. Não vendemos por atacado e reservamo-nos o direito de limitar, por cliente, a quantidade dos produtos vendidos, de acordo com esta promoção, em 5 unidades/
kg por produto da categoria alimentos e 2 unidades por produto da categoria não alimentos. Consulte o SAC das lojas Extra Hiper e Extra Supermercado para mais informações.

Ofertas válidas para o dia 3/5/2011 ou enquanto durarem os estoques. Após essa data, os preços voltam ao normal. Verifique a disponibilidade dos produtos na loja mais
próxima. Garantimos a quantidade mínima de 5 unidades/kg de cada produto por loja em que ele esteja disponível. Para melhor atender nossos clientes, não vendemos
por atacado e reservamo-nos o direito de limitar, por cliente, a quantidade dos produtos anunciados. Pagamento a vista pode ser feito em dinheiro, cheque, cartão de
débito ou com os cartões de crédito Amex, Aura, Diners, Good Card, MasterCard, Policard, Senffnet (aceito somente no Paraná, São Paulo e Distrito Federal), Sorocred,
Unik, Vale Shop (aceito somente nas lojas de Distrito Federal, Minas Gerais, Goiânia, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco) ou Visa. No site www.extra.com.br, as
ofertas e formas de pagamento podem ser diferenciadas. Consulte condições para pagamento com cheque na loja. O Extra aceita vários vales-alimentação (confira
relação na loja). Fica ressalvada eventual retificação das ofertas aqui veiculadas.
Ofertas válidas para todas as lojas Extra Hiper e Extra Supermercado do Rio de Janeiro.
Não são todos os produtos que estão disponíveis nas lojas Extra Hiper e Extra Supermercado, podendo variar de acordo com o estoque e sortimento de cada loja. Consulte a loja mais próxima.
O GLOBO ● O PAÍS ● PÁGINA 10 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 03 h
10 ●
O PAÍS
.
Governo anuncia mudanças no ProUni
Proposta prevê deixar de pagar a universidades por vagas não ocupadas por alunos; bolsas parciais devem acabar
Demétrio Weber
● BRASÍLIA. O Ministério da
Educação e a Receita Federal
apresentarão até o fim desta
semana ao Palácio do Planalto
proposta para corrigir uma fa-
lha do programa Universidade
para Todos, que até hoje per-
mite às instituições de ensino
receberem isenção fiscal mes-
mo quando as bolsas do ProU-
ni não são preenchidas. O
anúncio foi feito ontem pelo
ministro Fernando Haddad.
Como revelou O GLOBO em
março, o Tribunal de Contas
da União (TCU) constatou que
29% das bolsas oferecidas pe-
lo ProUni entre 2005 e 2009
não foram preenchidas, o
equivalente a 260 mil vagas.
Mesmo assim, as instituições
privadas que participam do
programa receberam isenções
fiscais em valor integral.
A Receita Federal quer que o
modelo de isenção do progra-
ma seja proporcional ao preen-
chimento das vagas. Ou seja,
não haveria mais concessão de
benefício fiscal para as vagas
ociosas. Já o MEC sugere o fim
das bolsas parciais, que co-
brem apenas 50% do valor das
mensalidades e concentram a
maior parte da ociosidade. As-
sim, o ProUni passaria a ofere-
cer exclusivamente bolsas inte-
grais, no valor de 100% das
mensalidades.
O ministro evitou dizer
qual proposta é a sua preferi-
da. Ele defendeu, contudo, a
edição de medida provisória.
Haddad teme que o envio de
projeto de lei dê margem a ou-
tras mudanças no ProUni. Is-
so porque a criação do pro-
grama, em 2004, exigiu muita
negociação com a bancada
que representa o setor priva-
do de ensino superior. O pro-
jeto original, por exemplo,
não previa bolsas parciais.
Em março, após a divulga-
ção da auditoria do TCU, Had-
dad participou de audiência
pública na Comissão de Edu-
cação do Senado. Na ocasião,
ele defendeu o fim das bolsas
parciais. Ontem, elogiou a pro-
posta da Receita:
— Parece muito efetiva tam-
bém. E é justa, porque é pro-
porcional — afirmou.
Ministro descarta punição
para universidade
Haddad participou de semi-
nário sobre o Plano Nacional
de Educação promovido pela
União Brasileira dos Estudan-
tes Secundaristas (Ubes). Em
entrevista, ele comentou irre-
gularidades no ProUni revela-
das pelo “Fantástico”, da TV
Globo, no último domingo.
Segundo o ministro, a ofer-
ta de bolsas do ProUni em
cursos inexistentes de edu-
cação a distância em Água
Branca (AL) e municípios de
Minas Gerais foi causada por
erro da Universidade Lutera-
na do Brasil (Ulbra). Haddad
afirmou que a Ulbra assinou
termo de adesão ao ProUni
em que informava, indevida-
mente, que ofereceria cursos
nessas cidades.
Ele descartou punições, argu-
mentando que não houve má-
fé. A Ulbra está sob supervisão
do MEC, que pretende reduzir o
número de pólos a distância
mantidos pela instituição.
Quanto à concessão de bol-
sas para alunos com renda fa-
miliar acima do permitido em
Umuarama (PR), Haddad afir-
mou que 4.253 bolsas já foram
canceladas desde 2009 e 15 ins-
tituições excluídas do ProUni
por causa desse tipo de proble-
ma. O MEC notificou a Unipar a
verificar a situação das estu-
dantes citadas pelo “Fantásti-
co”, que não se enquadrariam
às regras do ProUni. ■
O GLOBO
HADDAD: elogios à proposta que prevê a concessão de benefícios fiscais de acordo com vagas preenchidas
Nova promessa sobre cartão do SUS
Governo agora diz que implementará programa até fim do governo Dilma
● BRASÍLIA. O Ministério da Saú-
de fez nova promessa de imple-
mentar o Cartão SUS até o final
do governo Dilma Rousseff. Se-
gundo portaria publicada ontem
no Diário Oficial da União, mu-
nicípios de grande e médio por-
te, que já têm cartões próprios,
deverão emitir o novo modelo
em até um ano. Em outros 4 mil
municípios com menos de 20
mil habitantes, o ministério vai
fornecer os cartões e o sistema
informatizado, que devem iden-
tificar o histórico médico e ras-
trear onde ocorre o atendimen-
to de cada paciente. A portaria
também criou um portal do SUS,
onde a população poderá con-
sultar suas informações.
Nos últimos 11 anos, o gover-
no já gastou quase R$ 400 mi-
lhões tentando implantar o Car-
tão SUS, mas o programa até ho-
je é um fracasso, especialmente
porque o Ministério da Saúde
distribuiu cartões para municí-
pios sem sistema informatizado
e as peças acabaram adorme-
cendo em prateleiras das prefei-
turas. Nas cidades que desen-
volveram programas de gestão
de saúde, os softwares são in-
compatíveis com as ferramentas
de outras localidades.
— O cartão foi (aos municí-
pios) sem sistema. A diferença é
que nós vamos disponibilizar o
sistema para os municípios. Ho-
je, são padrões tecnológicos dis-
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Ailton de Freitas/21-01-2011
tintos. Os sistemas não conver-
sam entre eles. O que que restou
do cartão: o cadastro — disse o
secretário de Gestão Estratégica
e Participativa do Ministério da
Saúde, Odorico Monteiro.
Inicialmente, o Ministério
da Saúde vai implementar o
programa em mil cidades, que
já têm sistema de regulação de
consultas e atendimentos,
mas não têm Cartão SUS. É o
caso de Curitiba. ■
O GLOBO EM SMS
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no seu celular. Envie um torpedo
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Terça-feira, 3 de maio de 2011
Enem terá só
uma edição
este ano
● BRASÍLIA. O MEC bateu o
martelo: este ano, só será
realizada uma edição do
Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), provavel-
mente em outubro. Nos
próximos dias, o Inep di-
vulgará edital com as re-
gras das próximas edi-
ções. Existe a possibilida-
de de que o Enem venha a
ser aplicado duas vezes
ao ano a partir de 2012.
Criado em 2009 para
substituir o vestibular
nas universidades públi-
cas e até mesmo priva-
das, o novo Enem virou
uma pedra no sapato do
ministro Fernando Had-
dad. Em 2009, o vaza-
mento das provas levou
ao adiamento do exame.
Em 2010, erros de im-
p re s s ã o p ro v o c a r a m
confusão no dia do teste
e levaram a Justiça Fede-
ral a suspender o exame
— decisão que acabou
mudada em segunda ins-
tância.
Haddad sempre decla-
rou que um dos caminhos
para superar os proble-
mas do Enem seria pro-
mover mais edições do
exame a cada ano. No
MEC, avalia-se que o go-
verno e as empresas con-
tratadas para executar o
exame não teriam condi-
ções de fazer duas provas
gerais este ano.
O Inep estuda medidas
para aprimorar o teste.
.
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 11 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 50 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO 11

.

RIO

A saideira da cervejaria
Prédios da Brahma serão implodidos em 5 de junho para ampliação do Sambódromo
Pedro Kirilos
Isabela Bastos

O
s últimos traços de uma his-
tória que mistura ex-escra-
vos, produção de cerveja e
samba serão apagados no
dia 5 de junho, quando deverá ser im-
plodida a antiga fábrica da Brahma,
na Cidade Nova, para dar lugar a qua-
tro módulos de arquibancadas e a um
empreendimento comercial no terre-
no da cervejaria. Os três prédios se-
rão derrubados entre 8h e 9h. Por
questões de segurança, edifícios num
raio de 200 metros do Sambódromo
terão de ser desocupados horas antes
da detonação. Hoje deverá ser con-
cluída a demolição do último dos 31
blocos de camarotes do setor dois.
A demolição da fábrica lança luz, se-
gundo o historiador Milton Teixeira,
sobre um curioso capítulo da memória
da Praça Onze e do Estácio, onde fo-
ram morar centenas de escravos liber-
tados pela Lei Áurea, em 13 de maio de
1888. Muitos acabaram empregados
na cervejaria aberta pelo judeu alemão
Joseph Villiger, em setembro daquele
mesmo ano, com nome de Manufactu-
ra de Cerveja Brahma Villiger & Com-
panhia. A fábrica que irá ao chão não é
mais a construção original. Ampliado
em 1894, o antigo galpão foi demolido
nos anos 40 para a construção dos
prédios que agora serão implodidos.
— A fábrica era de tijolos verme-
lhos. É curioso ver como ela juntou
dois povos — o alemão e o africano —
e a cerveja com os futuros criadores OS PRÉDIOS que abrigaram uma antiga fábrica da Brahma na Cidade Nova: construções serão implodidas para dar lugar a novos camarotes e módulos de arquibancadas
do samba. Foi a partir dali que a Praça
Onze começou a surgir do modo como

Os novos vizinhos da Passarela do Samba

todos a conhecem — diz Teixeira.

Explosivos serão
acionados em série
● De acordo com Giordano Bruno Pin-
to, da Fabio Bruno Construções, em-
presa de demolição contratada para o
serviço, os três prédios serão implo-
didos ao mesmo tempo. Esta semana
começarão a ser retirados os telha-
dos, janelas e portas das edificações,
livrando a área de peças que possam
se soltar na hora da detonação. As
perfurações para colocação dos ex-
plosivos já estão sendo feitas. Uma te-
la de proteção será instalada no entor-
no do terreno. Outro cuidado será o
modelo de detonação escolhido, cha-
mado de cargas por esfera, em que os
explosivos são acionados em série,
para diminuir a vibração.
No sábado, operários começaram
a fechar com tapumes o trecho do
Sambódromo na esquina da Rua Sal-
vador de Sá com Travessa Pedregais
Rabello. Cartazes já proíbem o esta-
cionamento no local. Também no fim
de semana, as últimas quatro famí-
lias, de um total de 60 que moravam
em imóveis degradados nas imedia-
ções, deixaram o local. De acordo
com o secretário municipal de Habi-
tação, Jorge Bittar, 53 famílias concor-
daram com a opção de moradia ofe-
recida pela prefeitura, um condomí-
nio do programa Minha Casa, Minha
Vida, na Avenida Cesário de Mello,
em Campo Grande. Já as outras sete
alegaram forte vínculo com o bairro e
optaram pela indenização. ■
O GLOBO NA INTERNET
a para
Confira a área que deverá ser evacuada
implosão
oglobo.com.br/rio
Onze prédios recém-concluídos ou em construção renovam a paisagem no entorno do Sambódromo
Ana Branco
● A reforma do Sambódromo custará R$ 30 mi-
lhões e será custeada pela Ambev, que, em troca,
poderá construir no terreno da antiga fábrica da
Brahma um prédio de 26 andares. O empreendi-
mento ainda está sendo negociado pela cervejaria
com empresas. Para permitir a operação interli-
gada, foram feitas mudanças na lei urbanística da
região, aprovadas pela Cãmara dos Vereadores no
ano passado. As obras são mais uma faceta da re-
vitalização do Centro e da Cidade Nova, que con-
centram pelo menos outras 11 obras públicas e
privadas em andamento ou já inaguradas.
Para o prefeito Eduardo Paes, as obras do
Sambódromo e de empreendimentos como a
sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), nas imediações da prefeitura, sinalizam
uma tendência para um eixo residencial que se
degradou, fazendo com que o antigo casario
desse lugar a centenas de cortiços:
— O Centro e a Cidade Nova têm uma demanda
por novas unidades comerciais. Queremos atrair
empreendimentos comerciais, mas não queremos O PRÉDIO que abrigará a sede da Cedae (à esquerda): novos empreendimentos no entorno do Sambódromo
que a região perca o lado residencial. A tendência
é que ela vá se qualificando sozinha, com o poder quatro andares, fique pronto até o fim do ano, a referência da história fluminense, com salas de
público facilitando o caminho. um custo de R$ 50 milhões, financiados pelo Tri- consulta e cursos, laboratório de restauro de
Na região, está para ser entregue o edifício Pre- bunal de Justiça. Na mesma área foi inaugurada, obras e espaços interativos de exposição.
sidente Business Center, na Avenida Presidente em setembro do ano passado, a Farmácia Esta- Já a nova Biblioteca Pública, que custará R$
Vargas. Ali perto, a Cedae constrói em ritmo ace- dual de Medicamentos Especiais (Rio Farmes), 43 milhões, deverá ser entregue no ano que
lerado a sua nova sede, que reunirá toda a es- que custou cerca de R$ 8 milhões. vem. Vizinha ao Campo de Santana, ela está sen-
trutura administrativa da companhia, com dois Numa região que ganhou duas Unidades de do reformada e ganhará um teatro. O estado
mil empregados, hoje espalhados em cinco pré- Polícia Pacificadora (UPPs) nos Morros da Pro- promete ainda licitar, no primeiro semestre, os
dios. Orçada em R$ 68 milhões, ela deverá ser vidência e de São Carlos, o estado investe ain- novos gestores do Terminal Américo Fontenelle,
inaugurada ainda no primeiro semestre. da na construção do Rio Imagem, na Presidente que terão que reconstruir a rodoviária. Em no-
Na Rua Benedito Hipólito, já foram iniciadas as Vargas. O centro de diagnóstico por imagem vembro do ano passado, foi inaugurada a nova
obras do novo Centro Integrado de Comando e deverá ser inaugurado em agosto e terá capa- passarela e a Estação Cidade Nova do metrô,
Controle, que reunirá representantes de órgãos cidade para 22 mil exames por mês. Na mesma num investimento de R$1,15 bilhão da Metrô
das áreas de Segurança Pública, Saúde e Defesa área, orçado em R$ 42 milhões, o novo Arquivo Rio. Em dezembro de 2010, foi a vez de a pre-
Civil, como Samu, Corpo de Bombeiros e polícias
Militar e Civil. A previsão é que o prédio, com
Público deverá ficar pronto até dezembro de
2013. O objetivo é que ele seja um centro de
feitura inagurar o novo Centro de Operações Rio
(COR), perto da estação Estácio do metrô.

PURA PERFORMANCE PURO BREITLING

W W W. B R E I T L I N G . C O M CHRONOMAT
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 12 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 32 h
12 ●
RIO
.
Leitores elegem os estraga-paisagem do Rio
Catedral, prédios abandonados da Avenida Brasil, Obelisco e Perimetral estão entre os monstrengos arquitetônicos
Ludmilla de Lima
● Os prédios “fantasmas” da
Avenida Brasil assustam quem
chega ao Rio. Na campanha do
GLOBO sobre os monstrengos
arquitetônicos da cidade, os
imóveis abandonados da via
aparecem como exemplos de
feiura para os internautas. No úl-
timo domingo, uma reportagem
mostrou, com a ajuda do pho-
toshop, como seria feia a paisa-
gem carioca sem a moldura na-
tural das suas montanhas. O lei-
tores do jornal foram, então,
convocados a opinar sobre o te-
ma no Twitter, Facebook e por
meio do Eu-Repórter.
Cidade da Música e Paulo de
Frontin estão no páreo
Também estão no páreo das
construções que estragam a pai-
sagem natural a Cidade da Mú-
sica, o Elevado da Perimetral, a
Catedral Metropolitana e o Ele-
vado Paulo de Frontin.
— Com certeza o Elevado
Paulo de Frontin, que destruiu
um bairro (o Rio Comprido) —
observou o internauta @gusta-
voocma.
Ele enviou fotos mostrando
como era a Avenida Paulo de
Frontin antes, sem o elevado, e
como ficou depois. A obra, da
década de 60, desvalorizou o
bairro e bloqueou a visão de
quem está na avenida para os
morros da cidade, entre eles o
Corcovado.
Na opinião de Neuci Barbosa,
que colaborou com a campanha
pelo Facebook, o título deveria
ir para as construções da Aveni-
da Brasil, a principal porta de
entrada da cidade:
— Todas as construções em
torno da Avenida Brasil.
O perfil @andretrig também
elegeu os edifícios da avenida
entre os mais feios. Na lista do
twitteiro entraram ainda o Obe-
lisco de Ipanema, o Elevado da
Perimetral, o Hospital do Fun-
dão e o Condomínio Marquês de
São Vicente, o popular “Minho-
cão”, na Gávea:
— E, por último, todas as
edificações abandonadas da
Avenida Brasil...
Nem a Catedral Metropolita-
na, no Centro, foi poupada: pelo
Facebook, Laudely Peçanha a
elegeu como um dos projetos
arquitetônicos mais feios da ci-
dade. Ana Cristina Fiedler tem a
mesma opinião, mas cita outros
exemplos de mau gosto:
O GLOBO
Domingos Peixoto
A ESTAÇÂO General Osório do metrô, em Ipanema: estrutura arredondada, em
camadas, foi destacada pela feiura e apelidada de croissant pelos moradores do bairro
— O RB1 (edifício no início
da Avenida Rio Branco), que
agride o visual do belíssimo
mosteiro (de São Bento) ao la-
do. E também o Mourisco (na
Enseada de Botafogo) e a Ca-
tedral Metropolitana.
A Cidade da Música e a Peri-
metral, tema de reportagem on-
tem, também continuam sendo
UM PRÉDIO
vazio na
Avenida Brasil
(à esquerda):
imóveis sem uso
na via são citados
como exemplo de
feiura pelos
internautas, assim
como o Obelisco,
na entrada de
Ipanema
(à direita)
citadas como monumentos à
feiura. Outra construção lem-
brada foi a Linha Vermelha:
— Lá vai o meu voto: o ele-
vado da Linha Vermelha em São
Cristóvão. “Rasgou” o bairro
histórico — twittou @juciano.
Pelo Eu-Repórter, Ivan Ribei-
ro dos Santos incluiu a Estação
General Osório do metrô, em
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
Marcelo Carnaval/ 31-8-2009
Foto do leitor Ivan Ribeiro dos Santos
Saiba como
participar
● Desde domingo, o
GLOBO lança uma pro-
vocação para os cario-
cas: o Rio de Janeiro con-
tinuaria lindo sem a sua
paisagem natural? A
ideia é mostrar, com aju-
da dos leitores, os pré-
dios, viadutos e monu-
mentos de mau gosto es-
palhados pela cidade.
Para opinar, basta usar o
Twitter e a página do
GLOBO no Facebook. No
microblog, o voto pode
ser dado usando os per-
fis @JornalOGlobo ou
@OGlobo_Rio, usando a
hashtag #maugosto.
Dicas e fotos poderão
Ipanema, entre os monstrengos ser usadas em reporta-
da cidade. Ele já foi apelidado gens publicadas na Edi-
de “croissant” pelos moradores toria Rio. Os internautas
do bairro: podem ainda opinar e
— A entrada do metrô da Pra- enviar fotos para o Eu-
ça General Osório. Arquitetura Repórter, seção de jorna-
de gosto duvidoso. Construção lismo participativo do
usando peças pré-fabricadas, GLOBO (oglobo.glo-
com material pobre, que já dá bo.com/eureporter).
mostras de deterioração. ■
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 13 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 20: 52 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO RIO ●

13

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O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 14 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 47 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

14 ●
RIO O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

Troca de telefone Terror de Lima Jr. Farra latina Censura municipal

Neymar, o menino-craque do
Santos, garoto-propaganda da
Walter Lima Jr., o cineasta,
está produzindo um filme em ANCELMO Terça passada, a primeira-
dama de El Salvador, a brasi-
Com apoio de nove colegas,
o vereador de Macaé, RJ, Ju-

Nextel, está fechando com a Oi.
A negociação lembra um
pouco Zeca Pagodinho em
2004, quando o cantor trocou
a Schin pela Brahma.
Beleza brasileira
O economista Marcelo Neri,
numa pesquisa sobre desi-
gualdades a ser divulgada ho-
je pelo Centro de Políticas So-
ciais da FGV-RJ, revela novos
números do mesmo fenôme-
no: a redução da pobreza nos
governos Itamar, FH e Lula.
A pobreza caiu 16% ano pas-
sado, e 67,3%, desde o Real.
Quinze minutos
Sexta, por volta de 19h, no Ga-
leão-Tom Jobim, Maria, a simpá-
tica vencedora do “Big Brother”,
da TV Globo, foi abordada por
um casal, que perguntou: “Você
pode tirar uma foto?” A big boa,
sorridente, respondeu: “Claro.”
E já ia fazendo pose, quando o
rapaz, sem a reconhecer, disse:
“Não... Você pode tirar uma foto
da gente?” Há testemunhas.
Concerto adiado
de terror, em 3D, intitulado “O
outro lado do vento”.
É uma adaptação do conto
“A outra volta do parafuso”,
de Henry James, americano
naturalizado britânico.
LAGARTO-BRANCO-DA-PRAIA
PREGUIÇA-DE-COLEIRA
GOIS
leira Vanda Pignato, jantava
no Piantella, em Brasília, com
seis pessoas, inclusive o mar-
queteiro João Santana.
oglobo.com.br/ancelmo No fim do jantar, Santana, que
fez a campanha do presidente
salvadorenho, puxou a carteira,
Reproduções mas Vanda o deteve: “Deixa co-
migo, estou em viagem oficial.”
Ah, bom!
Segue...
Enquanto isso, no país do ma-
rido, a oposição pedia CPI para
investigar quem pagou o jatinho
que levou à Disney o presidente
SURUBIM-DO-PARAÍBA TIETÊ-DE-COROA Mauricio Funes e sua família.
Água para elefantes
Acredite. A Sextante vendeu
40 mil exemplares de “Água pa-
ra elefantes” nos 15 dias que an-
tecederam a estreia do filme ins-
pirado no livro, sexta passada.
A editora prepara uma 3 a-
JACUTINGA FORMIGUEIRO-DO-LITORAL edição com 25 mil exemplares.
ZONA FRANCA
● Hoje, no Copa, toma posse na Aca-
demia Brasileira de Ciências o pesqui-
sador da Universidade de Washington
Jeffrey Richey, com a presença de
seus colaboradores brasileiros Luiz
linho do Aeroporto, do PMDB,
pediu a cassação do colega
petista Danilo Funke.
É que o político transmitiu,
pelo Twitter, a votação do pla-
no de cargos e salários dos
professores, revelando, as-
sim, o voto de cada vereador.
Revista às tropas
Sexta agora, Nelson Jobim,
ministro da Defesa, visitará o
Morro do Alemão, no Rio, ocu-
pado pelas Forças Armadas.
Teresa na novela
Teresa Cristina, a cantora que
a Lapa doou ao Brasil, vai fazer
uma participação na novela “In-
sensato coração”, da TV Globo.
No capítulo, que vai ao ar
dia 10, Teresa canta no Bar do
Gabino e é tietada pela vilã
Eunice (Deborah Evelyn).
Em falta
A camisa de Fred, o ídolo
tricolor, que foi artilheiro do
Campeonato Carioca, está es-
gotada na Flu Boutique, na se-
de do clube, em Laranjeiras.

Por causa da crise com os

músicos, a Orquestra Sinfônica
Brasileira não fará mais o con-
certo de 11 de maio, na Sala São
Paulo, para comemorar os 100
anos da alemã Basf no Brasil.
No mais
Existem hoje mais de uma
dúzia de organizações terro-
ristas espalhadas pelo mun-
do, além da Al-Qaeda. O terror
deve sobreviver.
Mas a morte de Bin Laden
TATU-CANASTRA
A TURMA QUE enfeita a coluna
hoje está em perigo, por causa da
ação nociva do homem contra a
natureza. São dez animais da
nossa Mata Atlântica, entre mais
de 300 em risco, escolhidos para a
campanha em defesa da
biodiversidade no Rio, iniciativa do secretário do
MICO-LEÃO-DOURADO MURIQUI
vermelho das espécies
ameaçadas”, lançado pelo
Ministério do Meio Ambiente, em
2009. Os bichos foram escolhidos
por critérios regionais e de
afetividade das pessoas. A
CÁGADO-DA-PARAÍBA
campanha vai se espalhar por
cartilhas, concursos de fotos, desenhos em escolas,
Martinelli e Reynaldo Victoria, da
USP, e Marcelo Bernardes, da UFF.
● Bruno Porto inaugura exposição
individual de cartazes em Xangai.
● Márcia Infante lança “Estranhos
íntimos”, quarta, na Travessa/Ipanema.
● Cristina Lips lança coluna na
revista “Noivas”, hoje, no Iate Clube.
● Áurea Martins lança CD com show
hoje, às 19h30m, no Rio Scenarium.
● Ana Coutinho embarca hoje com
a filha Liana para Paris.
● Rio Como Vamos discute indicado-
res de acessibilidade, no Novo Mundo.
● Álvaro Quintão é candidato único
Paz roubada
O escritor Alcione Araújo fi-
naliza o romance “Ventania”,
em sua casa, no Leblon, no Rio,
a duras penas. Diz que o cãozi-
nho de um vizinho o atormenta
noite e dia, latindo por causa do
dono, que não para em casa.
— Existe a Sociedade Prote-
tora dos Animais, mas não
existe uma sociedade proteto-
ra dos homens nem dos escri-
tores — diz Alcione, que vai
entrar com ação contra aque-

foi uma grande derrota da in- Ambiente, Carlos Minc. Estão todos no “Livro cartazes em rodoviárias e batalhões da PM. Eu apoio à presidência do Sindicato dos le que roubou sua paz.
sanidade humana. Advogados do Rio, dias 9 e 10. É. Pode ser.

Geografia do Rio se
aprenderá na escola
Livro será distribuído na rede municipal

Ruben Berta

● As escolas municipais do Rio começam a receber a partir

de hoje uma publicação, elaborada em parceria entre o Ins-
tituto Pereira Passos (IPP) e a Secretaria municipal de Edu-
cação, que trata especificamente da geografia da cidade. Com
citações de músicas e poemas, o livro “Geografias Cariocas”
conta a história de pontos turísticos e traz ilustrações do fil-
me de animação “Rio”, lançado no mês passado.
— O Rio tem um peso histórico impressionante, foi capital
da República, sede do Império. E as crianças não têm essa
dimensão. Estamos dando ênfase em dar instrumentos para o
professor ensinar melhor — diz a secretária de Educação,
Claudia Costin.
O livro será lançado às 10h de hoje pela secretária, pelo
prefeito Eduardo Paes e o secretário de Desenvolvimento Eco-
nômico, Felipe Góes, na Escola Municipal Brito Broca, na Ti-
juca. Todas as escolas municipais terão um exemplar nas sa-
las de leitura. Já nas 151 Escolas do Amanhã, situadas em
áreas de risco, todos os estudantes e professores do 5 o- ano do
ensino fundamental receberão uma publicação: serão cerca
de 15 mil distribuídas. A geografia carioca já faz parte do cur-
rículo de 5 o- ano na rede municipal de ensino.
No ano passado foram investidos cerca de R$ 350 mil na
produção de dois livros do segmento paradidático. Além do
“Geografias Cariocas”, foi produzido o “Aventuras Cariocas”,
que deve ser distribuído no segundo semestre deste ano,
com ênfase na história do Rio de Janeiro.
Escrito pela premiada autora infantil Luciana Sandroni,
“Geografias Cariocas” apresenta bairros ligados à origem
do carnaval, como Saúde e Gamboa, além de pontos turís-
ticos da cidade, como o Pão de Açúcar e o Cristo. “Aven-
turas Cariocas” relata momentos da história do Rio com
textos ficcionais.
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 15 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 45 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO RIO ●

15

Murillo Tinoco
GIOVANNA
ANTONELLI,
a atriz,
enfeita com
seu sorriso
o desfile de
abertura
do Cine
Fashion, no
Rio Design
Barra

Susana Ribeiro
NOS BASTIDORES do
show de 1 o- de Maio, na
Quinta da Boa Vista, o
encontro de três
gerações do samba: o
caçula Dudu Nobre, a
madrinha Beth Carvalho
e os decanos Monarco e
Nelson Sargento

PONTO FINAL
● De um gaiato, ontem, no Twitter: “Pa-
rece final feliz de novela. O príncipe e a
princesa se casaram, o Papa virou san-
to, o vilão (Bin Laden) morreu e o Fla-
mengo foi campeão”...
Faz sentido.

COM ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, MARCEU VIEIRA, AYDANO

ANDRÉ MOTTA E DANIEL BRUNET

Email: coluna.ancelmo@oglobo.com.br • Fotos: fotoancelmo@oglobo.com.br

GATÃO DE MEIA-IDADE Miguel Paiva

Cabral quer criar arena

multiuso no Caio Martins
Apresentada ao prefeito de Niterói, proposta
afasta hipótese de construção de residências
Fabíola Gerbase
● A transformação do comple-
xo esportivo do Caio Martins,
no bairro de Icaraí, em Niterói,
numa arena multiuso, que colo-
caria a cidade no mapa dos Jo-
gos Olímpicos de 2016, é a pro-
posta do governador Sérgio Ca-
bral para revitalizar o espaço
que completa 70 anos em 2011
sofrendo com o abandono. A
ideia — apresentada ontem
num café da manhã no Palácio
Guanabara com o prefeito de
Niterói, Jorge Roberto Silveira,
e outros representantes da ci-
dade — afasta em definitivo a
polêmica hipótese de vender o
complexo para a construção de
empreendimentos imobiliários.
A discussão sobre o futuro do
Caio Martins começou com a
decisão do Botafogo de devol-
vê-lo ao governo do estado. Se-
gundo Silveira, Cabral não apre-
sentou um projeto fechado:
— Ele tem um conceito para
o complexo, englobando ativi-
dades esportivas, culturais e de
lazer. Ficou decidido o lança-
mento de um edital de manifes-
tação de interesse em busca de
empresas que apresentem pro-
jetos para materializar esse
conceito. A proposta pode in-
cluir um hotel e um projeto de
drenagem para a área.
O assunto voltará a ser deba-
tido em audiência pública às
20h de hoje na Câmara dos Ve-
readores de Niterói, com a pre-
sença da secretária estadual de
Esporte e Lazer, Marcia Lins, e
do secretário da Casa Civil es-
tadual, Regis Fichtner. ■

Convertemos para DVD fitas VHS, fitas de filmadoras,

filmes super 8, 16mm, slides, fotos e negativos.
Limpamos e recuperamos fitas mofadas, sujas ou
danificadas. Desconto p/ grandes quantidades.
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 16 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 13 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

16 ●
RIO O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

O TEMPO NO GLOBO

MP: metrô está mais cheio, lento e quente

Promotoria apresenta laudo técnico mostrando que a empresa não cumpriu termo de ajuste de conduta de 2010
Fábio Vasconcellos
● Promotores do Ministério
Público estadual apresenta-
ram ontem o resultado parcial
de uma inspeção técnica feita
no metrô, cujo resultado mos-
tra que a concessionária que
administra o sistema não cum-
priu itens de um termo de
ajuste de conduta (TAC) assi-
nado em 2010.
Pelo laudo, a temperatura
dentro do vagões chegou a 30
graus, 25% acima do máximo es-
tabelecido (24 graus). Além dis-
so, existem de sete a oito passa-
geiros por metro quadrado,
quando o permitido é apenas
seis. O estudo foi apresentado
pela promotoria durante uma
reunião da Comissão de Trans-
portes da Alerj, realizada para
ouvir as explicações do presi-
dente da Metrô Rio, José Gusta-
vo de Souza Costa.
O laudo da inspeção apontou
ainda que o tempo de intervalo
entre as composições aumentou
nas duas linhas, quando compa-
rado com as medições feitas em
abril do ano passado. Na Linha
1, o tempo médio subiu cerca de
2 minutos, passando de 4m40s
para 6m30s. Já na Linha 2, a es-
pera aumentou um minuto, pas-
sando de 5m38s para 6m37s. De
acordo com o promotor Leonar-
do Araujo Marques, somente
após a conclusão do laudo a
promotoria responsável pelo
TAC vai decidir quais medidas
serão tomadas:
— O laudo final vai apontar
que alguns itens do TAC não
foram cumpridos.
Na reunião com os deputados
da Comissão de Transportes, o
presidente da Metrô Rio foi co-
brado sobre as condições do
sistema e a confusão envolven-
do seguranças da concessioná-
ria, na semana passada, em Bo-
tafogo, além do atraso na entre-
ga dos novos vagões. Os depu-
tados também cobraram a cons-
trução de mais banheiros nas
estações.
José Gustavo, que não falou
com a imprensa, disse na au-
diência que motivos de seguran-
ça impedem a instalação de no-
vos banheiros. Ele afirmou ainda
que os 114 novos vagões come-
çam a chegar no fim do ano e es-
tarão todos em operação até o
fim de 2012. Ele acrescentou que
os vagões vão ampliar a capaci-
dade do sistema em 63%. Tam-
bém lamentou a confusão com
os seguranças e lembrou que o
agressor já foi demitido. ■

CONSULTA PÚBLICA Plantão em UPAs

A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa – Paraná, com
CNPJ n° 76.175.884/0001-87, comunica que a Consulta
dará gratificação
Pública referente ao objeto “CONCESSÃO ADMINISTRA- para os médicos
TIVA PARA EXECUÇÃO DE AUTOGERAÇÃO DE ENERGIA
A PARTIR DA INDUSTRIALIZAÇÃO DO LIXO RECICLÁVEL Profissional perderá
E ATIVIDADES CORRELATAS” , encontra-se no site da direito ao benefício
Prefeitura Municipal de Ponta Grossa no em caso de faltas
endereço eletrônico
http://www.pontagrossa.pr.gov.br/ Ruben Berta
entre os dias 03 e 31 de maio de 2011. ● O governador Sérgio Cabral
publicou no Diário Oficial de on-
tem um decreto criando uma
nova gratificação para médicos
que darem plantões extras nas
Unidades de Pronto Atendimen-
to (UPAs). Para cada 24 horas
semanais adicionais trabalha-
das, os pediatras terão direito a
R$ 2,1 mil (meio de semana) e
R$ 2,6 mil (fim de semana). Para
os socorristas, os valores são de
R$ 1,6 mil (meio de semana) e
R$ 2 mil (fim de semana).
A remuneração extra vale
para médicos civis e militares,
e os plantões poderão ser de
12 ou de 24 horas. Os valores
para o fim de semana são con-
siderados no período das 7h
de sexta-feira até as 7h de se-
gunda, além dos plantões que
caírem em feriados.
Para receber a gratificação,
o profissional terá que regis-
trar frequência através de
ponto biométrico. Se faltar,
ainda que com justificativa, o
médico perderá o direito à re-
muneração pelo plantão extra
não dado. Em caso de atraso,
o servidor terá gratificação re-
lativa às horas trabalhadas. Se
houver reincidência, há possi-
bilidade de retirada da lista
dos aptos a realizar o serviço
adicional. A Secretaria esta-
dual de Saúde terá 30 dias pa-
ra regulamentar o decreto e
colocá-lo em vigor. ■
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 17 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 15 h PRETO/BRANCO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 • 2ª edição O GLOBO RIO ●

17

Torcedor é baleado de raspão em festa do Fla

Vítima participava de buzinaço no interior quando foi atingida; em Niterói, um dos responsáveis por briga é identificado
Dicler de Mello e Souza e
Ronaldo Braga
● A comemoração da vitória
do Flamengo terminou em
violência em Barra Mansa,
no Sul Fluminense. O empre-
sário Henrique Franco Fabia-
no Trindade, de 27 anos, foi
baleado na noite de domingo
quando participava de um
buzinaço após o jogo. Ele di-
rigia seu carro na Avenida
Domingos Mariano, no Cen-
tro, quando foi interceptado
por dois homens que esta-
vam num Gol roubado. Os
desconhecidos mandaram
que Henrique parasse de bu-
zinar. Como ele não obede-
ceu, foi ferido.
— Respondi que não ia pa-
rar de buzinar porque o Fla-
mengo tinha sido campeão
— contou o empresário, que
foi baleado de raspão.
No Rio, a polícia está in-
vestigando a morte do fla-
menguista Fernando Correia
Gomes Euphrazio, de 18
anos, em Campo Grande. Ele
confraternizava com amigos
num bar na Estrada do Enca-
namento, por volta das 11h
de domingo, quando foi ba-
leado por homens que esta-
vam numa caravana vascaí-
na. Fernando chegou a ser le-
vado ao Hospital estadual
Rocha Faria, onde morreu.
Outro torcedor, que não teve
o nome revelado, deu entra-
da com um tiro na perna e foi
liberado em seguida.
A polícia já identificou um
dos envolvidos em outro con-
fronto, em Niterói. Marlon Al-
ves Alvarenga, conhecido co-
mo Tuchê, é um dos suspei-
tos de ter atirado num grupo
de torcedores na tarde de do-
mingo, na Praça Enéas de
Castro, no Barreto. O delega-
do Paulo Guimarães, da 78 a-
DP (Fonseca), pediu as ima-
gens do circuito da prefeitura
e de um supermercado para
tentar identificar todos res-
ponsáveis pelos tiros que
atingiram vários torcedores.
O policial informou que Tu-
chê e outro comparsa esta-
riam numa moto e seriam da
Torcida Jovem do Flamengo.
Na confusão de Niterói, no-
ve pessoas foram baleadas,
uma foi espancada e 101 fo-
ram detidas (76 torcedores
do Vasco e 25 do Flamengo).
Todos os detidos foram iden-
tificados e vão responder pe-
los crimes de ameaça e lesão
corporal. Além dos dois sus-
peitos de terem atirado, ou-
tros torcedores também po-
derão responder por tentati-
va de homicídio.
— Caso seja comprovado
que outros torcedores tive-
ram uma conduta que tenha
facilitado a ação dos atirado-
res, eles também serão indi-
ciados por tentativa de homi-
cídio — disse o delegado,
que explicou, ainda, que os
101 presos foram fotografa-
dos.
A Secretaria estadual de
Saúde e Defesa Civil infor-
mou que quatro jovens ba-
leados permanecem interna-
dos em recuperação nos hos-
pitais estaduais Azevedo Li-
ma, em Niterói, Alberto Tor-
res, em São Gonçalo. Seis ti-
veram alta. ■

Rio: 112 armas PM recolhe 83 pessoas na

Domingos Peixoto

desviadas das
Forças Armadas
Em CPI, especialista
defende fiscalização
de colecionadores
● Dos 16 milhões de armas no
país, 7,6 milhões são ilegais.
O dado, que mede a livre cir-
culação do principal instru-
mento da violência, foi forne-
cido pela ONG Viva Rio à CPI
das Armas da Alerj. Ontem,
em depoimento aos deputa-
dos que integram a comis-
são, o analista estratégico do
Ministério Público Militar, co-
ronel Diógenes Dantas, disse
que 112 das 223 armas (50%)
desviadas das Forças Arma-
das, entre 2004 e 2008, saíram
de quartéis no Rio.
O especialista defendeu
mais rigor na fiscalização de
caçadores e colecionadores
de armas. De acordo com Dan-
tas, boa parte do material bé-
lico que chega às mãos dos
traficantes no Rio sai, clandes-
tinamente, dessas duas fon-
tes. Ele informou ainda que no
período em que atuou no Ser-
viços de Fiscalização de Pro-
dutos Controlados (SFPC), de
2000 a 2002, havia 1.493 armas
registradas irregularmente, ou
seja, com a tipificação altera-
da. Segundo ele, semiautomá-
ticas eram registradas como
de repetição, por exemplo.
— Só confirmamos o que a
CPI já sabia: o maior problema
em relação à circulação de ar-
mamento ilegal não está nas
fronteiras, mas no mercado in-
terno. Diferentemente do que
ocorre com a venda de drogas,
o comércio de armas nasce na
legalidade — resumiu o presi-
dente da CPI, deputado Marce-
lo Freixo (PSOL). ■
A ENTRADA da antiga sede do IML: vidros quebrados, pichações e máquinas caça-níqueis amontoadas
Do mau cheiro ao abandono
Vizinhos cobram um destino para o antigo prédio do IML
Gustavo Goulart
● Antes, o mau-cheiro era compensado pelo
policiamento e por reduções no valor do IPTU.
Hoje, quase dois anos após a transferência da
sede para São Cristóvão, o abandono do antigo
prédio do Instituto Médico-Legal (IML) na Rua
Mem de Sá, no Centro, assusta e preocupa os
vizinhos. A única utilidade que o imóvel — com
cerca de três mil metros quadrados e cinco an-
dares — tem hoje é abrigar máquinas caça-ní-
queis apreendidas. As paredes de vidro da en-
trada pela Rua Mem de Sá, onde parentes de
pessoas mortas entregavam documentos, não
escondem a bagunça no local.
Na frente da entrada, uma ambulante ven-
de doces e um morador de rua buscava re-
fúgio na semana passada. Em nota, a Polícia
Civil informou que estão armazenadas na
antiga sede do IML 800 máquinas. Segundo a
polícia, elas serão transferidas a partir de
hoje para o depósito da Companhia Docas,
próximo à Rodoviária Novo Rio.
“Estas e outras 900 máquinas, que estão de-
positadas em diversos locais do estado, se so-
cracolândia de Madureira
Operação, a 3 a- em 5 meses, buscava reduzir
os assaltos a transeuntes nas redondezas
Ana Cláudia Costa
● A Polícia Militar recolheu on-
tem 83 pessoas — das quais 68
foram encaminhadas a abrigos
da prefeitura — em mais uma
operação contra o consumo de
crack no Morro do Cajueiro, em
Madureira, considerado o se-
gundo maior ponto de concen-
tração de usuários dessa droga
na cidade. A ação buscava ain-
da reduzir o número de roubos
e furtos, que seriam cometidos
por viciados na região.
Segundo o comandante do
41 o- BPM (Irajá), tenente-coro-
nel Alexandre Fontenelle, usuá-
rios de crack são responsáveis
pela maioria dos roubos a tran-
marão às 1.700 que já estão autorizadas pela seuntes em Madureira. O coro-
Justiça para a inutilização”, dia a nota. A polícia nel explicou que, quando há
ainda não tem a data da destruição. operações desse tipo, o índice
O presidente da Associação de Moradores de roubo a transeuntes na re-
da Cruz Vermelha, Carlos Augusto da Cidade, gião cai em até 90%. Esta é a
reflete o sentimento ambíguo da população: terceira operação nesses mol-
— Muita gente queria a saída do IML porque des em cinco meses em Madu-
o mau cheiro era insuportável. Mas outros não reira. As anteriores acontece-
reclamavam porque o IPTU era mais baixo. ram em abril deste ano e em
Agora o pior está acontecendo. A região está novembro de 2010.
abandonada, e isso pode piorar com a desati- A ação no Morro do Cajueiro
vação do 5 o- e do 13 o- batalhões. Gostaríamos começou por volta das 5h30m.
de propor à PM que traga o 1 o- Batalhão para cá Quase todos os usuários de
ou que se construa uma escola técnica. crack recolhidos estavam con-
Moradora do prédio 138 da Rua dos Invá- centrados numa quadra no in-
lidos, Sílvia Freire Costa Maciel teme que o terior da favela. Eles foram le-
prédio do IML seja invadido: vados para o 41 o- BPM, onde foi
— Se isso acontecer, vai ser difícil contornar. verificado se tinham mandado
O mau cheiro assustava as pessoas. Muita gen- de prisão. Wander da Concei-
te vendeu seus imóveis. Parentes não gosta- ção Costa ficou preso, pois ha-
vam de vir aqui. Mas o IML saiu com a promes- via um mandado de prisão por
sa de que o prédio seria sede de uma escola, ou furto contra ele.
uma praça de alimentação ou até mesmo uma A subsecretária de Assistên-
unidade da Academia de Polícia. Até agora, só cia Social, Mônica Blum, expli-
vimos a chegada de entulho. cou que está fechando um con-
vênio com a Secretaria munici-
pal de Saúde para transpor o
tratamento dos dependentes
para as ruas. Ela acrescentou
que os viciados em crack leva-
dos para os abrigos da prefeitu-
ra podem ter acesso ao trata-
mento nos postos de saúde do
município.
— Infelizmente, não pode-
mos obrigar as pessoas reco-
lhidas nas ruas a ficar no abri-
go. Tenho ciência que 80% dos
recolhidos voltam para as
ruas — disse a secretária.
Diretora do Núcleo de Estu-
dos e Pesquisas em Atenção ao
Uso de Drogas (Nepad) da Uerj,
Maria Thereza de Aquino disse
ontem que o número de vicia-
dos na droga aumentou, e não
há no Rio uma clínica pública es-
pecializada no tratamento. Se-
gundo ela, de dez pessoas aten-
didas no Nepad seis são usuá-
rios de crack, e a cura é mais di-
fícil entre crianças e jovens.
Enquanto equipes da secre-
taria de Assistência Social par-
ticipação da operação em Ma-
dureira, viciados consumiam a
droga atrás de um Ciep no Ja-
carezinho sem serem importu-
nados. De acordo com a subse-
cretária Mônica Blum, as equi-
pes farão ações constantes pa-
ra recolher esses viciados e en-
caminhar aos abrigos da pre-
feitura, onde poderão contar
com o projeto de assistência
ao dependente químico. ■
O GLOBO NA INTERNET
VÍDEO Secretária de Assistência
Social comenta operação contra o
crack. Assista
oglobo.com.br/rio

Após três dias presa, LUCIANA DE MORAES

Os amigos Alexandre, Alexandre Calheiros, Antonella e Marco, Ana e Luiza Jobim, Beth e Paulo Jobim, Bruno, Camilla,

falsa psicóloga é solta
Herculano Barreto Filho*
A falsa psicóloga Beatriz Cu-
●
Campanelli, Claudia de Cicco, Cissa Guimarães e Filhos, Eduardo Bautista, Elaine, Laura e Kiko Gasparian, Leila
Bergallo, Luciana Soares, Luiz Schwarcz, Marcus Gasparian, Maria Lucia Rangel, Maria Rita Araújo, Maria Zilda, Maria
Gladys, Mario e Mariza Adnet, Miguel, Miucha, Nelita Leclery, Nelson Angelo, Sandrinha, Tiza de Oliveira e Vanisa
Santiago manifestam o grande pesar pela perda da querida Luciana e participam da Missa de 7º Dia, a ser celebrada
amanhã, dia 04, às 19h, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Rua Marquês de São Vicente, 19 - Gávea.
mento, em Botafogo. Beatriz foi
solta sábado.
Ontem, outros quatro casais e
Ingeborg Christa Laun PAULO DELIO DE ALMEIDA PITTA

nha, presa na última quarta-fei- duas ex-funcionárias compare-

ra por estelionato, falsidade
ideológica e propaganda enga-
nosa, ficou apenas três dias na
cadeia. Na última sexta-feira, a
juíza Alessandra Bilac, da 11 a-
Vara Criminal, concedeu liber-
dade provisória à mulher, que,
tinha contratos com a Marinha
e a Aeronáutica e enganou os
pais de mais de 70 crianças com
autismo que ela tratava no Cen-
tro de Análise do Comporta-
ceram à Delegacia do Consumi-
dor (Decon). Uma psicóloga de
31 anos, que teve o seu número
do Conselho Regional de Psico-
logia (CRP-Rio) utilizado pela es-
telionatária para emitir recibos e
laudos psicológicos, prestou de-
poimento. A Decon, que investi-
ga o caso há três semanas, já ou-
viu mais de 20 denúncias. ■
* Do Extra
CMG (Ref)
★ 13.05.1935 ✝ 03.05.2009 Falecido em 03.05.2010 - 1 Ano de Saudades
Médica e Professora Universitária
2 anos de Saudade infinita do seu amor e da sua sabedoria Sua família pede aos amigos que nesta data ele seja
sua família e seus amigos. lembrado com orações por sua alma.
MARIA CELESTE BALLOUSSIER
CERCHIARO
Alexandre e Marcia, Marcos, Mara e Augusto e Isabel e
Eduardo agradecem o carinho recebido por ocasião do
falecimento da querida Celeste e convidam para a Missa de
7º Dia a ser realizada hoje, dia 3 de maio, às 18h, na Igreja
da Ressurreição, Rua Francisco Otaviano, 99 - Ipanema.

MENDEL HOLZTREGER
Médico Ortopedista

PROFª. LEDA DAU Seu filho Daniel, sua companheira Elza, sua nora Daiana, suas
irmãs, netos e familiares comunicam o falecimento ocorrido no
dia 02 de maio de 2011 de Mendel Holztreger. O corpo está
BOTÂNICA sendo velado no Cemitério São João Batista - Botafogo e a
Cremação será realizada hoje, 03 de maio de 2011, às 14:00h,
EX-DIRETORA DO MUSEU NACIONAL no Cemitério do Caju.

As famílias Dau, Couri, Nahid, Freitas de Souza,

LUCIANA DE MORAES
A SGAE - Sociedad General de Autores y Editores se
une à família de Luciana de Moraes no convite para a
Missa de 7º Dia que será celebrada amanhã, dia 04, às
19h, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na
Rua Marquês de São Vicente, 19 - Gávea.
Mesquita, Goldemund e Jara agradecem as
carinhosas manifestações recebidas de amigos
e parentes por ocasião do falecimento de sua
amada LEDINHA e convidam para a Missa de
7º Dia a ser celebrada amanhã, 04 de maio, às
18:30h, na Paróquia N. S. da Paz - Ipanema.
LUCIANA DE MORAES
A família agradece as manifestações de pesar
dos amigos e parceiros e convida para a Missa
de 7º Dia, de sua querida Luciana, a ser cele-
brada amanhã, dia 04, às 19h, na Paróquia
Nossa Senhora da Conceição, na Rua Marquês
de São Vicente, 19 - Gávea.
O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 18 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 3/05/2011 — 02: 09 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

18 ●
RIO O GLOBO 3ª edição • Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

Encontrada a segunda caixa-preta do voo 447

Especialistas dizem que, com os registros de voz na cabine, será possível determinar as causas do acidente
● A segunda caixa-preta do
Airbus A 330 da Air France —
que caiu no Atlântico em ju-
nho de 2009 — foi encontrada
e resgatada do fundo do mar,
anunciou ontem à noite o Es-
critório de Análises e Investi-
gações da França (BEA), que
apura o acidente que matou
A caixa-preta encontrada no
domingo, chamada Flight Data
Recorder (gravador de dados
de voo, ou FDR, na sigla em in-
glês), contém os parâmetros
técnicos do voo, como altitu-
de, velocidade, desempenho
do motor e trajetória. A desco-
berta marca uma etapa crucial
nas investigações para desco-
brir as causas da tragédia. O
Airbus da Air France (Rio-Pa-
ris) caiu no Atlântico em 31 de
maio de 2009.
Em comunicado, a ministra
do Meio Ambiente, Transporte
e Habitação da França, Nathalie
Kosciusko-Morizet, lembrou
que as famílias estão perto de
uma explicação.
— Depois de quase dois
anos de espera, as famílias das
vítimas talvez sejam capazes
de entender as circunstâncias
do acidente — disse.
Ao jornal “Le Monde” Thier-
ry Mariani, o secretário fran-
cês dos Transportes, lembrou
que esta foi a primeira vez que
destroços de um avião são re-
cuperados a tal profundidade.
As operações de buscas, ini-
ciadas no dia 26 de abril, estão
sendo realizadas a 3.900 me-
tros de profundidade, a cerca
de dez quilômetros ao norte
da última posição do avião co-

Susto na pista do Santos Dumont

228 pessoas. A caixa-preta foi
localizada pelo mesmo robô
Remora 6000, que encolntrara
a domingo a primeira do voo
447. A caixa contém o registro
de voz dos pilotos na cabine
da aeronave. Agora, segundo o
diretor do (BEA, na sigla em
francês), Jean-Paul Troadec,
com as duas caixas, será pos-
sível determinar com precisão
as causas do acidente com a
aeronave.
Dados poderão ser
recuperados em até três dias
A segunda caixa-preta foi lo-
calizada às 23h40m (hora de
Brasília) e está em boas condi-
ções. Segundo o BEA, a memó-
ria das caixas encontradas deve
levar pelo menos dez dias até
chegar à França, onde serão
analisadas. De acordo com in-
formações do “Le Monde”, es-
pecialistas dizem que os dados
poderão ser recuperados em
dois ou três dias.
Monomotor que vinha de Búzios tomba de lado após fazer pouso de emergência
Fernando Maia
Gustavo Goulart
● Um avião monomotor,
modelo PA-32 e prefixo
PRGFC, tombou de lado on-
tem à tarde na pista auxiliar
do Aeroporto Santos Du-
mont, no Centro, ao fazer
uma aterrissagem de emer-
gência por problemas no
trem de pouso. A aeronave,
que trazia quatro pessoas
de Búzios, deveria descer
no Aeroporto de Jacarepa-
guá, mas o piloto optou por
pousar no Santos Dumont
por haver mais recursos de
segurança.
O AVIÃO tombado na pista: nenhum dos ocupantes ficou ferido Segundo a Infraero, o pilo-
to informou que não conse-
guiu recolher o trem de pou-
so ao decolar da Região dos
Lagos. A torre de controle
autorizou o pouso na pista
auxiliar às 14h56m e acio-
nou o sistema de emergên-
cia do aeroporto.
Ao aterrissar, o avião
tombou para o lado direito,
ficando com a asa encosta-
da na pista. Equipes de so-
corro retiraram os ocupan-
tes, que não se feriram. Lo-
go depois, peritos vistoria-
ram a aeronave para esti-
mar os danos sofridos. O
resultado da perícia deverá
estar pronto em dez dias.
nhecida nos radares. Na sema-
na passada, o robô encontrou
o chassi da caixa-preta perto
de outros destroços. A locali-
zação das caixa-pretas era
uma prioridade. As coordena-
das geográficas precisas dos
destroços foram obtidas atra-
vés da análise de fotos tiradas
por outros robôs submarinos
que descobriram a fuselagem
do avião, no início de abril.
Familiares não querem que
corpos sigam para França
A missão francesa tenta res-
gatar os corpos junto com os
destroços. A Associação dos Fa-
miliares de Vítimas do Voo 447
enviou carta solicitando uma
audiência à presidente Dilma
Rousseff. Segundo Nelson Faria
Marinho, presidente da associa-
ção, há uma série de reivindica-
ções a serem feitas, entre elas a
de que os corpos não sejam le-
vados para a França, como o go-
verno francês pretende fazer. ■

Ator admite ter bebido antes de dirigir OPINIÃO

Elenilce Bottari
● O ator Marcello Novaes, que
teve a carteira de motorista
apreendida numa blitz da Ope-
ração Lei Seca na madrugada de
domingo, informou ontem, por
meio de sua assessoria, que ha-
via tomado uma garrafa de vi-
nho com mais três amigos du-
rante um jantar no Leblon, algu-
mas horas antes de passar pela
blitz, e ficou com medo de que o
teste apontasse algum resíduo
alcoólico. Segundo a assessoria,
o ator explicou que, depois do
jantar, foi jogar pôquer na casa
de um deles. Na volta para casa,
ao avistar a blitz, achou melhor
se recusar a fazer o teste.
Um dos amigos que participa-
ra do jantar decidiu fazer o tes-
te, que deu negativo para álcool.
Ele assumiu a direção do carro
do ator. Segundo a assessora,
depois de ver que o exame do
amigo dera negativo, o ator che-
gou a pensar em fazer o teste,
mas, como sua carteira já havia
sido apreendida, desistiu.
O ator foi parado às 4h50m na
Estrada Lagoa-Barra, quando se-
guia da Barra para a Zona Sul.
Ele foi um dos 167 motoristas
que se recusaram a fazer o teste
do bafômetro. Nas operações de
Lei Seca realizadas entre a noite
de sábado e a madrugada de do-
mingo no estado, 1.272 motoris-
tas foram abordados, 279 foram
multados e 167 tiveram a cartei-
ra de habilitação apreendida. Os
agentes efetuaram 1.102 testes
com o bafômetro. ■
LIÇÕES DO PAN
● OS ACERTOS e erros do
projeto do Pan devem
servir de experiência pa-
ra as Olimpíadas, por
óbvio.
ENTRE OS pontos negati-
vos, destacam-se os pro-
blemas verificados na edi-
.
ficação da Vila, devido a
conflitos entre a prefeitu-
ra e a construtora.
FICOU A lição de que con-
tratos envolvendo even-
tos desta magnitude não
p o d e m d a r m a rg e m a
quaisquer dúvidas.

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O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 19 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 41 h
Terça-feira, 3 de maio de 2011
.
Danielle Nogueira e Wagner Gomes
RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO.
A
pós conceder descontos de até
30% no preço do aço desde
agosto passado, as siderúrgi-
cas brasileiras viraram o jogo
em abril e conseguiram reajustar seus
produtos entre 6% e 10%, segundo o
Instituto Nacional dos Distribuidores
de Aço (Inda). Grandes clientes com
maior poder de barganha — como
montadoras e fabricantes de eletro-
domésticos — ainda tentam resistir à
alta, mas o fato é que a redução das
importações de aço em 2011 está
abrindo espaço para os produtores
nacionais repassarem aumentos de
matérias-primas que vinham absor-
vendo até agora, especialmente mi-
nério de ferro e carvão. Com os re-
passes, quem sai perdendo é o con-
sumidor, que tende a desembolsar
mais dinheiro na hora de comprar
itens derivados de aço, como carros,
geladeiras e fogões.
Em 2010, quando o consumo de
aço no país alcançou o recorde de
26,6 milhões de toneladas, a enxur-
rada de produtos siderúrgicos vin-
dos do exterior segurou os preços no
Brasil. A parcela de aço importado
no consumo nacional foi de 22%, bem
maior que no ano anterior, de 12%. O
salto resultou desvalorização do dó-
lar, que levou distribuidores e gran-
des clientes a buscar fornecedores lá
fora, e da tentativa desses consu-
midores de elevar seus estoques,
num cenário de disparada de preços
do minério de ferro. A matéria-prima,
principal insumo da siderurgia, subiu
75% em 2010, após queda de 42% em
2009. Nos primeiros quatro meses de
2011, já acumula alta de quase 30%.
— Houve uma compra muito gran-
de de aço no exterior ano passado
para tentar fugir do reajuste (do
minério). O problema é que todo
mundo teve a mesma ideia brilhante
e os estoques subiram, dificultando
os repasses das siderúrgicas — diz
Carlos Loureiro, presidente do Inda.
De acordo com o instituto, em
agosto de 2010, quando as side-
rúrgicas começaram a baixar o pre-
ço de seus produtos, os estoques
nos distribuidores era suficiente pa-
ra quatro meses de abastecimento.
O volume estava bem acima dos 2,1
meses de março daquele ano, um
mês antes de entrar em vigor a nova
política de preços do minério de
ferro (que passou a ser reajustado
trimestralmente em vez de anual-
mente). No início de 2011, o nível de
estoques voltou a cair, atingindo 3,1
meses em março passado.
Setor de máquinas
já sofre com repasse
● A redução dos estoques acompa-
nhou o ritmo de queda das impor-
tações. Nos três primeiros meses do
ano, o total de aço importado foi de
866 mil toneladas, segundo o Ins-
tituto Aço Brasil, respondendo por
14% do consumo nacional, uma volta
aos índices de 2009. É essa menor
concorrência internacional que tem
permitido às siderúrgicas passar
adiante as altas das matérias-primas.
Além do minério, o carvão — outro
insumo fundamento para o setor —
já acumula aumento de 50% entre
janeiro e abril deste ano.
Um dos setores que mais vem
sendo afetado com a recuperação
do poder de fogo das siderúrgicas é
o de máquinas e equipamentos. Se-
gundo Mário Bernardini, assessor
da presidência da Associação Bra-
sileira das Empresas de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq), como o
produto representa cerca de 15% do
custo do setor, um reajuste de 10%
equivaleria a um repasse de 2% para
o preço final ao consumidor. Ele
disse que, como alternativa, os fa-
bricantes estudam aumentar as im-
portações de aço.
— Não temos condições de ne-
gociar e discutir com as usinas. Não
temos o mesmo poder de barganha
das grandes montadoras de auto-
móveis. A siderurgia é um setor
oligopolizado e nós não temos con-
dições de fazer frente a esse tipo de
aumento, o que nos faz perder de
forma acelerada os ganhos. O mer-
cado já não suporta qualquer au-
mento de preço. Assim, a saída é a
importação — disse Bernardini.
Representantes da indústria au-
tomotiva disseram que o aumento
no preço do aço representaria uma
quebra de contrato com as mon-
tadoras. De acordo com a Anfavea,
entidade que reúne as fabricantes
de veículos, no fim do ano passado
foram fechados acordos com preços
ECONOMIA
Pressão que vem do aço
Com queda das importações, siderúrgicas reajustam preços em até 10%
USINA DA Arcelor Mittal, maior siderúrgica do mundo: importações de aço no primeiro trimestre de 2011 responderam por 14% do consumo da indústria no Brasil
RETRATO DO SETOR NO BRASIL
Fatia das importações
no consumo de produtos
siderúrgicos no país
22%
12%
2009 2010
Consumo de aço
(em toneladas)
2009
18,5 milhões
2010
26,6 milhões
2011 (jan-mar)
6,2 milhões
Fonte: Instituto Aço Brasil, Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, Instituto Brasileiro de Mineração
já fixados para o fornecimento do
insumo ao longo deste ano. O setor
reclama que o preço do aço no
mercado interno é maior que a co-
tação no exterior e que isso acaba
prejudicando os fabricantes.
— Um automóvel tem cerca de
650 quilos de aço, que representa
mais de 60% do seu peso (o per-
centual depende do porte do veí-
culo). Qualquer aumento no preço
da matéria-prima prejudica o custo
de fabricação. As montadoras estão
segurando os preços dos carros,
mas em algum momento os rea-
justes no aço serão repassados ao
consumidor — disse uma fonte.
Aço representa 18%
do valor do fogão
● A indústria automotiva é o segundo
maior consumidor de aço do país
(20%), perdendo apenas para a cons-
trução civil. Outro setor que depende
fortemente da siderurgia é o de ele-
trodomésticos. No cálculo do Instituto
Aço Brasil, o peso do aço no preço final
O GLOBO
Editoria de Arte
Importações de aço bruto
(em toneladas)
5,9
milhões
queda de 34,3%
em relação a igual
14% período de 2010
2,3
milhões
866 mil
2011 2009 2010 2011
(jan-mar) (jan-mar)
O comportamento dos Quanto o aço pesa no
preços do minério de ferro preço dos produtos
2009 Fogão
-42%
2010 Geladeira
+75% 9,9%
2011 (jan-mar) Carro
7,9%
+29,6%
O carvão aumentou 50% no acumulado de 2011
de um fogão, por exemplo, é de 18%.
De acordo com o economista da
Fundação Getulio Vargas Salomão
Quadros, o aumento dos preços dos
itens siderúrgicos ainda não foi de-
tectado pelo IGP-M, mas pode ser
captado nos próximos meses.
O mesmo deve ocorrer no balanço
financeiro das empresas. Analistas
esperam um segundo trimestre me-
lhor para as siderúrgicas. A dificul-
dade de repasse de preços ficou clara
no resultado da Usiminas, única com-
panhia do setor que já anunciou os
números do primeiro trimestre. Seu
lucro líquido recuou 94% em relação
aos três últimos meses de 2010 e 96%
na comparação com o primeiro tri-
mestre do ano passado. Além do ônus
pela venda de sua fatia na ítalo-ar-
gentina Ternium, a empresa atribui a
queda “aos menores preços médios
do aço e reajustes de preços das
matérias-primas”.
— Sem dúvida, os resultados do
segundo trimestre serão melhores, se
as empresas de fato conseguirem re-
passar parte de seus custos — avalia
Leonardo Alves, analista de mineração
e siderurgia da Link Investimentos.
Focus aumenta previsão de
inflação para 6,37% no ano
Apesar dos esforços do Banco Central, mercado aponta
proximidade maior do teto da meta, que é de 6,5%
Patrícia Duarte
● BRASÍLIA. Mesmo com todo o esforço
do Banco Central (BC) para mostrar
nas últimas duas semanas que está
imprimindo uma política monetária
mais dura para segurar a inflação, o
mercado continuou piorando suas ex-
pectativas sobre o IPCA este ano e
manteve as de 2012 acima do centro da
meta, de 4,5%. Segundo a pesquisa
Focus da semana passada, divulgada
ontem, as contas sobre inflação pas-
saram de 6,34% para 6,37% — mais
perto do teto de 6,5% —, enquanto as
de 2012 permaneceram em 5%. Es-
pecialistas, porém, acreditam que as
17,9% apostas podem perder fôlego nos pró-
ximos dois meses, quando espera-se
recuo no preço de alimentos e álcool.
— O mercado reage muito à in-
flação (pelo IPCA) de curto prazo,
que tem sido alta. Mas, em junho e
julho, ela deve perder força, che-
gando a cerca de 0,15% no mês —
afirmou o sócio-diretor da Modal As-
set Management, Alexandre Póvoa.
Isso não significa, acrescentou ele,
Preço do álcool começa a cair
Usineiros reduzem valor cobrado em até 12,6%
Ramona Ordoñez
● Os preços do álcool hidratado
(combustível) e do anidro (mis-
turado à gasolina) começaram a
cair nas usinas na semana pas-
sada, depois de elevadas altas
nas últimas semanas e apesar de
a safra da cana já ter começado.
Na semana passada, as usinas
venderam o anidro a um preço
médio de R$ 2,3815 o litro, queda
de 12,63% em relação aos R$
2,7257 da semana anterior. Já o
litro do hidratado teve uma re-
dução média nos preços da or-
dem de 8,20%, com seus preços
de venda a R$ 1,3374, contra R$
1,4569 da semana anterior.
A queda dos preços do álcool
nas usinas já era esperado, con-
.
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
19
Vladimir Weiss/Bloomberg News/
que o IPCA deste ano ficará abaixo de
6%, mas trata-se de um movimento
importante para calibrar as expec-
tativas de 2012, como foca o próprio
BC. Póvoa lembra ainda que existem
alguns sinais de que a inflação pode
perder fôlego, como o bom resultado
fiscal de março, com superávit pri-
mário recorde.
Segundo o Focus, o mercado elevou
de 12,25% para 12,50% sua expectativa
sobre a Selic, hoje em 12%, para o fim
deste ano. Para 2012, passou de
11,75% para 12% ao ano. O Top 5,
grupo das cinco instituições que mais
acertam as projeções, indica que as
contas sobre a taxa básica de juros
foram mantidas em 13% e 12,75% em
2011 e 2012, respectivamente.
Sobre o PIB, o mercado manteve a
projeção de crescimento de 4% este
ano e elevou ligeiramente a de 2012, de
4,21% para 4,25%. Os especialistas ou-
vidos pelo BC também mudaram um
pouco as contas sobre o câmbio, com o
dólar encerrando 2011 a R$ 1,62, abaixo
de R$ 1,65 do levantamento anterior.
Para 2012, foi mantido R$ 1,70. ■
siderando o aumento da oferta
do produto com um maior nú-
mero de usinas produzindo o
combustível.
A redução atual dos preços nas
usinas, contudo, ainda não che-
gou ao consumidor. Segundo a
pesquisa de preços de combus-
tíveis da Agência Nacional do
petróleo (ANP), no município do
Rio a gasolina teve um aumento
médio de R$ 0,08 por litro, pas-
sando de R$ 2,892 o litro para R$
2,972 na semana passada.
Já o álcool hidratado, cuja de-
manda caiu porque os consumi-
dores trocaram o produto pela
gasolina, apresentou ligeira que-
da na semana passada: seu preço
caiu para R$ 2,517 o litro, contra
R$ 2,555 na semana anterior.
O GLOBO ● ECONOMIA
20 ●
ECONOMIA
.
MÍRIAM
LEITÃO
PANORAMA ECONÔMICO
Questão aberta
● Procurá-lo era a única opção deixada pelo 11 de
Setembro; matá-lo não encerra a questão. A morte
de Osama bin Laden aumenta a incerteza num ano
de intensidade cortante. Para a economia, 2011 tem
o ambiente que especuladores adoram e o setor
real teme: a conjuntura fluida, incerta. Ontem foi dia
de mercado volátil. O petróleo caiu, subiu e caiu,
mas a situação é de tensão sem data para acabar.
Há inúmeros fatos no-
vos mudando a geopolí-
tica da região. Esta sema-
na será fechado o acordo
Hamas-Fatah. Este é o pri-
meiro resultado da nova
política externa, mais in-
dependente, do Egito,
após a queda de Hosni Mu-
barak. O número dois da
al-Qaeda, Ayman al-
Zawahiri, é egípcio e na
juventude foi da Frater-
nidade Islâmica, que se
fortaleceu nas manifesta-
ções da Praça Tahir. É bem
verdade que ele se radi-
calizou, enquanto a Fra-
ternidade Islâmica se tor-
nou um grupo moderado.
Por vários motivos e mo-
vimentos, o Egito pode
voltar a ter a centralidade
que já teve no tabuleiro
cada vez mais complexo
da região.
O país também já avisou
que abrirá a passagem de
Rafah para Gaza, a fim de
permitir ajuda humanitá-
ria para a população da
região dominada pelo Ha-
mas. Em cada um desses
fatos, joga-se o futuro de
uma região que começou a
mudar com velocidade es-
tonteante, desde o movi-
mento iniciado na Tunísia
e, depois, no Egito.
O que todos sabem é
que não basta matar Osa-
ma bin Laden. É preciso
desarticular a rede que
sustenta financeira e po-
liticamente a al-Qaeda. Há
inúmeras outras facções
jihadistas nesta holding de
terror que virou a al-Qae-
da. Ainda que seja muito
difícil acabar com o ter-
rorismo, ele se robustecia
a cada dia em que Bin La-
den não era encontrado.
Duas guerras depois, é
descoberto e morto, não
nas cavernas do Afeganis-
tão dos talibãs, não no Ira-
que que um dia foi de Sad-
dam Hussein, mas numa ci-
dade de tamanho médio no
Paquistão, que tem sido o
aliado americano na região.
Bin Laden é ícone, portan-
to, sua morte tem um valor
simbólico importante para
os Estados Unidos na luta
contra o terror. A morte
enfraquece o grupo neste
primeiro momento e pode
provocar disputas pela li-
derança. Mas um líder mor-
to tem valor para seus se-
guidores, que o transfor-
mam em “guerreiro e he-
rói”, como já faziam ontem
para assim atrair mais mi-
litantes para a organização
terrorista a médio prazo.
O que afinal funcionou foi
uma operação de inteligên-
cia planejada com antece-
dência e não qualquer das
duas guerras iniciadas por
George Bush. O presidente
Obama tem um óbvio trunfo
eleitoral na mão, mas an-
dará no fio da navalha por-
que se houver um atentado
nos Estados Unidos neste
período, só a escalada em
qualquer das guerras é que
elevará seu prestígio diante
do eleitor americano. O pro-
fessor de Relações Interna-
cionais Arthur Bernardes do
Amaral, da PUC-Rio, acha
que o risco de uma revanche
jihadista aumentará com o
tempo, mas que agora os
controles de segurança an-
oglobo.com.br/miriamleitao • e-mail: miriamleitao@oglobo.com.br
COM ALVARO GRIBEL E VALÉRIA MANIERO
● PÁGINA 20 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 30 h
titerror em todos os países
serão reforçados.
Por mais complexa e pe-
rigosa que seja a al-Qaeda,
ela é apenas um dos ele-
mentos de uma série de
eventos em curso, de ques-
tões em aberto. O ditador
do Yemen, Ali Abdullah Sa-
leh, no poder há 32 anos,
neste fim de semana avisou
que desistiu de sua decisão
de sair do poder. O Yemen é
um dos maiores redutos da
al-Qaeda. Na Síria, o banho
de sangue continua, sem
que haja algum horizonte
de solução.
Até junho, haverá um no-
vo país na África, o Sudão
do Sul. O Sudão como está
hoje tem o dobro do ta-
manho do Egito, dois mi-
lhões de km2. A população
já escolheu a divisão —
será Sudão do Norte, ca-
pital Cartum; Sudão do Sul,
capital Juba; mas falta de-
cidir um pequeno detalhe:
com quem ficará a rica pro-
víncia petrolífera de
Abyei? O Sul diz que é sua;
o Norte não retira as tropas
que cercam a área.
Há dois fatos decisivos já
marcados no calendário de
2011. Em setembro, os 22
países árabes levarão para
a Assembleia Geral da ONU
a proposta de constituição
do Estado Palestino e têm
dito que já reuniram mais
de 100 votos. Israel, de
Benjamin Netanyaho, não
gosta, evidentemente, do
que vê à sua volta. O go-
verno americano prometeu
que até o fim de dezembro
fará a retirada da maior
parte das tropas que estão
hoje no Iraque. Ontem, al-
guns analistas econômicos
consideravam que aumen-
tou a possibilidade de re-
tirada das tropas dos dois
países e isso melhoraria a
perspectiva fiscal america-
na. Mas com o aumento da
tensão na área, o governo
americano fará o que pla-
nejou ou não?
Tudo isso é combustível
mais do que suficiente para
encher o tanque da eleva-
ção do preço da gasolina.
Segundo o professor Helder
Queiroz, do grupo de eco-
nomia da energia da UFRJ,
não há perspectiva de que-
da sustentada do preço do
petróleo. Pode haver vola-
tilidade, como ontem. O es-
pecialista em petróleo da
SWL corretora, Eric Scott
Hood, diz que nada indica
que o preço possa cair, por-
que a situação no Oriente
Médio é de tensão sem data
para acabar.
Nem só de preço de pe-
tróleo vive a incerteza na
região do Norte da África,
Golfo, Oriente Médio. O
mais importante lá é a luta
por uma nova história para
a região, para países islâ-
micos, árabes ou não, tri-
bais como a Síria e a Líbia,
ou com um estado forte co-
mo a Tunísia e o Egito. O
que interessa à juventude,
que tem se arriscado nas
praça, é a modernidade de
um governo eleito, mais co-
nexão com o resto do mun-
do e uma economia que
lhes dê emprego e perspec-
tivas. Frustrado esse sonho,
haverá muito mais riscos
para o mundo.
O GLOBO
Bovespa cai 1% com dados negativos
sobre as economias de EUA e China
Vale e siderúrgicas puxam as perdas. Dólar fecha cotado a R$ 1,576
Bruno Villas Bôas
● Mais uma vez descolada dos
mercados internacionais, a Bol-
sa de Valores de São Paulo (Bo-
vespa) perdeu ontem o patamar
de 66 mil pontos, com inves-
tidores cautelosos sobre indi-
cadores negativos divulgados
nos Estados Unidos e na China. A
morte do líder terrorista Osama
bin Laden também trouxe maior
volatilidade aos negócios. O Ibo-
vespa, principal índice do mer-
cado, recuou 1,01%, aos 65.462
pontos. Já o dólar comercial
avançou 0,19%, a R$ 1,576, em
um dia de poucos negócios.
— O Ibovespa continua des-
colando por uma série de fa-
tores, que passam por inflação
crescente, saída dos investi-
dores estrangeiros, a ingerên-
cia do governo sobre Vale e
Petrobras, por exemplo — afir-
ma Eduardo Oliveira, opera-
dor da Um Investimentos.
Pela manhã, o mercado bra-
sileiro ensaiou uma alta re-
fletindo o impacto positivo da
morte de bin Laden sobre as
bolsas mundiais. O Ibovespa
chegou a subir 0,56%, aos
66.500 pontos, na abertura.
Mas investidores logo volta-
ram o foco para dados da eco-
nomia americana o movimen-
to de alta perdeu força.
— Circulou a ideia de que a
morte de bin Laden retiraria um
pouco do risco associado ao
Oriente Médio — explicou
Newton Rosa, economista-chefe
da SulAmérica Investimentos. —
Mas essa percepção foi sendo
ofuscada, até por conta do alto
risco de vingança da al-Qaeda.
Parte da piora do humor teve
origem na desaceleração do se-
tor manufatureiro dos Estados
Unidos. Um indicador do Ins-
titute for Supply Management
(ISM), que mede o desempenho
do segmento, caiu de 61,2% em
março para 60,4% em abril.
Petrobras sobe com
investimento menor
Na Bovespa, o tombo foi pu-
xado principalmente por papéis
ligados a commodities, reflexo
do índice dos gerentes de com-
pras na China, que caiu de 53,4
pontos em março para 52,9 pon-
tos em abril, o que indica de-
saceleração na atividade eco-
nômica. Embora a queda do
índice reduza as pressões sobre
a inflação no país, o dado afetou
as perspectivas para demanda
de commodities pela China,
grande parceiro comercial de
empresas brasileiras.
As ações da Vale foram as
que mais pesaram ontem sobre
o Ibovespa. Os papéis prefe-
renciais (PNA, sem voto) da
mineradora recuaram 1,76%, a
R$ 45,26. As ações de side-
rúrgicas também acusaram o
golpe, como a Usiminas PNA
(3,53%, a R$ 15,58), Gerdau Me-
talurgia PN (2,22%, a R$ 22,42) e
CSN ON (1,02%, a R$ 22,95)
As empresas “X” — como são
conhecidas as companhias do
grupo EBX, do empresário Eike
Batista — perderam ontem so-
madas R$ 2,061 bilhões em va-
lor de mercado. Considerados
mais arriscados, por represen-
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
Divulgação
LUIZA TRAJANO (ao centro), presidente da rede, abre o pregão da Bovespa: participação forte de pessoas físicas
Magazine Luiza estreia em alta na Bolsa
Ações da empresa, que captou R$ 925 milhões na operação, sobem 2,8%
Wagner Gomes Edemir Pinto, diretor-presidente da
BM&FBovespa, disse que a entrada de um
● SÃO PAULO. As ações do Magazine Luiza, gigante do varejo na Bolsa é muito im-
terceira maior rede varejista do país, es- portante para o mercado de capitas. Ele
trearam ontem em alta na BM&FBovespa. Os comparou a oferta inicial de ações (IPO, na
papeis subiram 2,81%, a R$ 16,45. Já o sigla em inglês) do Magazine Luiza com o da
Ibovespa caiu 1,01%. Durante o dia, os papéis Natura, em 2004. Segundo ele, as duas em-
chegaram a subir 3,7%. A diretora-presidente presas provaram que não é preciso ir ao
do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, fez exterior para abrir capital.
a abertura simbólica do pregão e disse que a — A operação é uma retomada para o
entrada no mercado de capitais amplia a desenvolvimento do mercado de capitais
responsabilidade da empresa com os clien- brasileiro — afirmou o executivo.
tes e com os investidores. Para ele, os setores de varejo, consumo
— Vamos ser ainda mais transparentes, e infra-estrutura construção devem do-
vamos dar ainda mais satisfação para minar a quantidade de lançamentos de
quem confiou e investiu o seu dinheiro ofertas. Em volume financeiro, no entanto,
conosco — disse ela. as companhias de petróleo e gás devem
A companhia captou R$ 925,7 milhões com liderar as operações. O presidente da
sua abertura de capital, recursos que serão BM&FBovespa disse que as campanhas de
reinvestidos na empresa. Luiza não deu de- TV ajudaram a promover a venda das
talhes da operação, mas afirmou que a par- ações e disse que Luiza Trajano, pela
ticipação de pessoa física na compra de amplitude da oferta, se tornou um símbolo
ações foi grande. A empresa espera atingir da popularização da oferta.
faturamento anual de R$ 15 bilhões até 2015. O Magazine Luiza reproduziu na sede da
O plano de expansão da rede começou depois BM&FBovespa a fachada de uma das lojas de
que Luiza perdeu a disputa do Ponto Frio e da sua rede para marcar a estreia da companhia
Insinuante para o Pão de Açúcar e Ricardo no pregão. Luiza Trajano colocou um tapete
Eletro. Em julho de 2010, o Magazine comprou vermelho na porta do prédio e distribuiu
a Lojas Maia, do nordeste. Luiza disse ainda flores aos investidores e ao público. Ela disse
que sempre acreditou no crescimento do país que quis levar à Bolsa um pouco do dia-a-dia
e que, com orgulho, vê o Brasil chamar a da empresa, já que essa mesma ação é feita a
atenção dos investidores pelo consumo. cada três meses para os clientes.
.
tarem empresas pré-operacio- pretende investir US$ 73 bilhões Ontem, a BM&FBovespa anun-
nais, os papéis mais afetados no pré-sal da Bacia de Santos ciou o lançamento de quatro
foram da LLX (4,40%, a R$ 4,35) até 2015, uma redução de 32% índices de ações: o Índice Brasil
e MMX (3,66%, a R$ 9,75) e OGX em relação ao plano do ano Amplo (com 153 ações mais ne-
(2,96%, a R$ 16,39). passado. Isso diminuiu parte da gociadas), o Índice Dividendos
O tombo do pregão foi li- preocupação do mercado sobre (com as empresas que melhor
derado pela Marfrig. Segundo a necessidade da empresa se distribuem lucro aos acionistas),
operadores, o mercado vendeu endividar para investir. o Índice Materiais Básicos (como
as ações para embolsar o lucro Para Pedro Galdi, analista- mineração, químicos etc) e o
após um grande fundo de in- chefe da SLW Corretora, as Índice Utilidade Pública (sanea-
vestimento ter forçado a alta dos ações da Petrobras apenas mento, energia elétrica). ■
papéis nas últimas semanas. As passaram por uma pequena
ações caíram 7,41%, para R$ 15. correção ontem. ●ANÚNCIO CAUSA EUFORIA
Segundo analistas, as perdas — Eu acredito que o papel DE CURTA DURAÇÃO NOS
não foram maiores porque as está muito atrasada em rela- MERCADOS MUNDIAIS, no
ações da Petrobras reagiram ção aos demais e passa por um caderno especial sobre a morte
bem ao anúncio que a empresa ajuste técnico — disse. de Osama bin Laden
Nasdaq e ICE fazem
oferta hostil pela Nyse
Proposta de compra, de US$ 11 bilhões, é
apresentada a acionistas após duas rejeições
● NOVA YORK. A Nasdaq OMX e termos de regulação.
a Intercontinental Exchange A direção da Nyse Euronext
(ICE) anunciaram ontem que já havia se comprometido a
levarão sua oferta de US$ 11 aceitar a proposta feita pela
bilhões pela Nyse Euronext — Deutsche Boerse, de US$ 10
holding que reúne as Bolsas de bilhões, porém, a Nasdaq e a
Nova York e a Euronext, pla- ICE reclamam que sua oferta, de
taforma que integra os pre- US$ 11,3 bilhões, é superior.
gões de Bruxelas, Paris e Ams- Em um comunicado, Jeffrey
terdã — diretamente aos acio- C. Sprecher, presidente-exe-
nistas, depois de a proposta cutivo da ICE, disse que “o
ter sido recusada duas vezes. conselho de administração
A Nasdaq alertou duas se- da Nyse Euronext rejeitou por
manas atrás que tomaria a me- duas vezes nossa proposta
dida se o conselho da Nyse se superior sem ter um encontro
recusasse a negociar. A Nyse conosco, apesar de o acordo
Euronext, que planeja uma fu- de fusão com a Deutsche
são com a Deutsche Borse, Boerse permitir esse tipo de
alega que há muitos riscos em conversação”. ■
O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 21 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 30 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO ECONOMIA ●

21

Edital do aeroporto de Guarulhos sairá só em 2012

Concessão à iniciativa privada do terminal de SP depende de BNDES, Anac e TCU. Consulta pública será de 30 dias
Eliária Andrade/15-4-2011
Geralda Doca e Chico de Gois Deficitário, o Galeão de-
verá ser privatizado igual-
● BRASÍLIA. O edital de licitação mente em porteira fechada.
de Guarulhos, o primeiro dos O mesmo acontecerá com
cinco aeroportos brasileiros a Confins (Belo Horizonte).
serem parcialmente ou total- Mesmo recuperando-se de
mente privatizados, só deverá uma pneumonia, a presiden-
estar nas ruas no início do ano te recebeu ontem, no Palácio
que vem. Na próxima semana, da Alvorada, o ministro-che-
deverá ser anunciada a con- fe da Casa Civil, Antônio Pa-
tratação do estudo de viabi- locci, para discutir o anda-
lidade econômica e de defi- mento das concessões dos
nição da modelagem jurídica aeroportos. Nesta terça-fei-
(condições do contrato) pelo ra, o ministro da Secretaria
BNDES para a concessão do de Aviação Civil (SAC), Wag-
aeroporto paulista. ner Bittencourt, vai se reunir
A previsão é que esse es- com os presidentes das com-
tudo somente fique pronto panhias aéreas brasileiras
num prazo entre seis e oito para apresentar os planos do
meses, contou uma fonte en- governo e sondar o interesse
volvida nas discussões. Com delas em participar do pro-
base nas conclusões, a Agên- cesso de concessão.
cia Nacional de Aviação Civil
(Anac) vai elaborar a minuta Novo ministro analisará
do edital, que ficará em con- gargalo da mão de obra
sulta pública durante 30 Informalmente, esse tra-
dias. Ao fim do prazo, o texto balho já foi feito e o encontro
será enviado ao Tribunal de de hoje tem como objetivo
Contas da União (TCU), que, formalizar o convite, além
por sua vez, poderá demorar de exigir que as companhias
até três meses para auto- façam a sua parte para acom-
rizar a publicação do edital panhar o crescimento da de-
definitivo. manda no setor. O novo mi-
nistro quer saber dos planos
Brasília, Viracopos, Galeão das empresas para resolver
e Confins estão na lista problemas de cancelamen-
O governo quer que o se- to, atraso de voos e falta de
tor privado construa o ter- mão de obra (pilotos e co-
ceiro terminal de passagei- pilotos, principalmente).
ros de Guarulhos e se res- Além das companhias aé-
ponsabilize pela manuten- AEROPORTO INTERNACIONAL de Cumbica, em Guarulhos (SP): o governo vai cobrar planos das empresas para resolver cancelamento e atraso de voos reas, o governo conversou
ção, limpeza e segurança da com representantes das em-
área. Em troca, o investidor gum repasse à Infraero, serão O segundo estudo a ser Infraero como um todo — parte do governo. Falta de- preiteiras e de administra-
poderá ficar com as receitas apontados a partir do estudo contratado será para o ae- disse uma fonte, referindo- finir, por exemplo, se a con- doras internacionais de ae-
de áreas comerciais (lojas, a ser contratado pelo BNDES. roporto de Brasília. Prova- se à importância dos dois cessão será em parte ou in- roportos.
espaços publicitários etc.), O modelo avaliado pelo go- velmente, ele seguirá a mes- aeroportos como hubs (cen- tegral. Pesa a favor desta Para que a Secretaria de
numa espécie de concessão verno prevê que a Infraero ma linha de Guarulhos, com tros de distribuição de vo- última opção o pesado vo- Aviação possa atuar plena-
administrativa, por um pra- continue sendo a responsável concessão administrativa. os) no Brasil. lume de recursos que Vira- mente, o governo precisa
zo que pode chegar a 30 anos pela arrecadação de tarifas — Não é possível conce- copos demandará para ser concluir o texto do decreto
para retorno dos recursos aeroportuárias no novo ter- der integralmente esses dois Dilma recebe Palocci para transformado no “aeroporto que permite a sua instala-
aplicados. minal. Não será uma Parceira aeroportos (modelo chama- avaliar concessões do setor do futuro”, como quer a pre- ção, deixando claro a com-
Detalhes do edital, como a Público-Privada (PPP) porque do de porteira fechada, ou Já o terceiro da lista de sidente Dilma Rousseff, re- petência. Sem este instru-
forma pela qual será escolhi- os investimentos serão inte- seja, com retirada total da p r i v a t i z a ç ã o , Vi r a c o p o s cebendo por ano 70 milhões mento, o novo ministro da
do o vencedor, o prazo exato gralmente custeados pela ini- Infraero), porque eles aju- (Campinas), ainda depende de passageiros (atualmente, SAC não pode sequer fazer
da concessão e se haverá al- ciativa privada. dam a carregar a rede da de algumas decisões por são cinco milhões). nomeações. ■

Com rombo de R$ 433 milhões, Sata tem falência decretada
Na sentença, juiz diz que empresa não conseguia pagar sequer custos de processo
Bruno Rosa
● A Sata (Serviços Auxiliares de Transporte
Aéreo), que chegou a ser uma das maiores
empresas de apoio aeroportuário do país,
teve a falência decretada pela 4 a- Vara
Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro (TJ-RJ) no último dia 27 de abril,
conforme antecipou ontem Ancelmo Gois
em sua coluna. A empresa, fundada em
1954 e que era controlada pela Fundação
Ruben Berta, ex-dona da Varig, entrou em
crise financeira após o colapso envolvendo
a companhia aérea, então a sua principal
cliente. A Sata, segundo o TJ, tem passivos
que chegam a R$ 433,8 milhões.
Com o enfraquecimento da Varig, a Sata
teve seu fluxo de caixa afetado pelo atraso
nos pagamentos das faturas e a inadim-
plência da companhia aérea. Em janeiro de
2009, sem ter como pagar aos credores e
funcionários, a Sata entrou com pedido de
recuperação judicial. Segundo a decisão
do juiz Mauro Pereira Martins, da 4 a- Vara
Empresarial, a “situação econômico-finan-
ceira da empresa se afigura irreversível”.
Apesar dos esforços durante o processo
de recuperação judicial, a sentença res-
salta que a Sata não atingiu o ponto de
equilíbrio, sem “conseguir cumprir as
obrigações do plano de recuperação”, e
que ainda não tem nem condições de arcar
com os custos do processo.
Pelo plano desenhado pela Justiça, a
companhia teria de iniciar o pagamento
aos credores no início deste ano, o que
não aconteceu. O TJ diz que, desde
fevereiro de 2006, quando a Sata tinha
cerca de 5,7 mil funcionários, a empresa
não recolhe FGTS. Lembra ainda que não
tem condições de quitar o INSS e as
verbas rescisórias dos funcionários. Pro-
curada, a Sata não retornou as ligações.
Segundo um ex-funcionário, a Sata
entrou em crise com a Varig:
-— Quando se olha o balanço da com-
panhia, vemos que o buraco é justamente o
dinheiro que deveria entrar da Varig. Nesse
tempo, perdemos alguns clientes para con-
correntes, agravando a situação.
O GLOBO
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Transpetro, que abre as inscrições hoje
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3 notícias por dia.
.................................................................................................................................
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CORREÇÃO
●Diferentemente do que foi publicado na página 41 da
edição de domingo, o valor investido pela Eletronorte nos
equipamentos para detectar abalos sísmicos nas usinas de
Coaracy Nunes (AP) e Curuá-Una (PA) foi de R$ 800 mil, e
SATA: 5,7 mil funcionários em 2006 não de R$ 800 milhões.

INDICADORES
O GLOBO NA INTERNET
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BOLSA DE VALORES: Informações

ÍNDICES INSS/Maio INFLAÇÃO CÂMBIO sobre cotações diárias de ações e
evolução dos índices Ibovespa e IVBX-2
NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL Trabalhador assalariado IPCA (IBGE) Dólar podem ser obtidas no site da Bolsa de
Bovespa -4,2% +2,36% -3,94% +1,22% +1,79% -3.58% Valores de São Paulo (Bovespa),
Salário de contribuição (R$) Alíquota (%) Índice Variações percentuais Compra R$ Venda R$
Salário mínimo (Federal) R$ 510 R$ 510 R$ 540 R$ 540 R$ 545 R$ 545 Dólar comercial (taxaPtax) 1,5739 1,5747
www.bovespa.com.br.
Até 1.106,90 8 (12/93=100) No mês No ano Últ. 12
meses Paralelo (São Paulo) 1,52 1,68 CDB/CDI/TBF: As taxas de CDB e CDI
Salário mínimo (RJ) R$ 581,88 R$ 581,88 R$ 581,88 R$ 581,88 R$ 581,88 R$ 639,26 de 1.106,91 até 1.844,83 9
Outubro 3149,74 0,75% 4,38% 5,20% Diferença entre paralelo e comercial -3,42% 6,68% podem ser consultadas nos sites de Anbid
de 1.844,84 até 3.689,66 11 (www.anbid.com.br), Andima
Novembro 3175,88 0,83% 5,25% 5,63% Dólar-turismo esp. (Banco do Brasil) 1,49 1,63
(www.andima.com.br) e Cetip
TR IMPOSTO DE RENDA Obs: Percentuais incidentes de forma não
cumulativa (artigo 22 do regulamento
Dezembro 3195,89 0,63% 5,91% 5,91% Dólar-turismo esp. (Bradesco) 1,51 1,66
(www.cetip.com.br). A Taxa Básica
Janeiro 3222,42 0,83% 0,83% 5,99%
da Organização e do Custeio da Obs: A cotação Ptax do dólar americano Financeira (TBF) está disponível no site
Fevereiro 3248,20 0,80% 1,64% 6,01%
27/04: 0,1441% 28/04: 0,1347% 29/04: 0,1401% IR na fonte • Abril/2011 Seguridade Social). de dias anteriores pode ser consultada no do Banco Central (www.bc.gov.br). É
Março 3273,86 0,79% 2,44% 6,30%
Parcela site do Banco Central, www.bc.gov.br. preciso clicar em “Sala de imprensa” e,
Selic: 11,75% Base cálculo Alíquota a deduzir Trabalhador autônomo IGP-M (FGV) Clicar em “Economia e finanças” e,
posteriormente, em “Séries temporais”.
posteriormente, em “Séries temporais”.
R$ 1.566,61 Isento — Para o contribuinte individual e FUNDOS DE INVESTIMENTO:
Índice Variações percentuais
Informações disponíveis no site da
Correção da Poupança De R$ 1.566,62 a R$ 2.347,85 7,5% R$ 117,49 facultativo, o valor da contribuição deverá (08/94=100) No mês No ano Últ. 12
Associação Nacional dos Bancos de
De R$ 2.347,86 a R$ 3.130,51 15% R$ 293,58
ser de 20% do salário-base, que poderá meses Outras moedas Investimento (Anbid), www.anbid.com.br.
Dia Índice Dia Índice variar de R$ 545 a R$ 3.689,66 Novembro 447,206 1,45% 10,56% 10,27%
26/04 0,5606% 16/05 0,5395% Cotações para venda ao público (em R$) Clicar, no quadro “Rankings e
De R$ 3.130,52 a R$ 3.911,63 22,5% R$ 528,37 Dezembro 450,301 0,69% 11,32% 11,32%
27/04 0,5839% 17/05 0,5635% estatísticas”, em “Fundos de
28/04
29/04
0,6236%
0,5371%
18/05
19/05
0,5927%
0,5693%
Acima de R$ 3.911,63 27,5% R$ 723,95 Ufir Ufir/RJ Janeiro
Fevereiro
453,875
458,397
0,79%
1,00%
0,79%
1,80%
11,50%
11,30%
Euro
Franco suíço
2,34694
1,83021
investimento”.
30/04 0,5371% 20/05 0,5765%
IDTR: Pode ser consultado no site da
Março 461,249 0,62% 2,43% 10,95% Iene japonês 0,0194865
01/05 0,5371% 21/05 0,5890% Deduções: a) R$ 157,47 por Maio Maio Federação Nacional das Empresas de
dependente; b) dedução especial para R$ 1,0641 R$ 2,1352 Abril 463,311 0,45% 2,89% 10,60% Libra esterlina 2,63962 Seguros Privados e de Capitalização
02/05 0,5158% 22/05 0,5890%
aposentados, pensionistas e transferidos Peso argentino 0,388909 (Fenaseg), www.fenaseg.org.br. Clicar na
03/05
04/05
0,5483%
0,5934%
23/05
24/05
0,5890%
0,6122% para a reserva remunerada com 65 anos
Obs: foi extinta
IGP-DI (FGV) Yuan chinês 0,244300 barra “Serviços” e, posteriormente, em
05/05 0,5626% 25/05 0,6491% ou mais: R$ 1.566,61; c) contribuição Índice Variações percentuais FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês
mensal à Previdência Social; d) pensão Peso chileno 0,00342910
06/05
07/05
0,5887%
0,5828%
26/05
27/05
0,6307%
0,6448% alimentícia paga devido a acordo ou Unif (08/94=100) No mês No ano Últ. 12 Peso mexicano 0,137627 desejados.
meses
08/05 0,5612% 28/05 0,6354% sentença judicial. • Obs: Para calcular o Dólar canadense 1,66713 ÍNDICES DE PREÇOS: Outros
imposto a pagar, aplique a alíquota e Outubro 434,882 1,03% 9,16% 9,11%
09/05 0,5365%
Obs: Segundo norma Obs: A Unif foi extinta em 1996. Cada Fonte: Mercado indicadores podem ser consultados nos
10/05 0,5603% deduza a parcela correspondente à faixa. Novembro 441,754 1,58% 10,88% 10,75% sites da Fundação Getulio Vargas (FGV,
do Banco Central, Unif vale 25,08 Ufir (também extinta).
11/05 0,6036%
os rendimentos dos dias • Esta nova tabela só vale para o Para calcular o valor a ser pago, Dezembro 443,427 0,38% 11,30% 11,30% Obs: As cotações de outras moedas www.fgv.br), do Instituto Brasileiro de
12/05 0,5631% recolhimento do IRRF este ano.
29, 30 e 31
multiplique o número de Unifs por 25,08 Janeiro 447,764 0,98% 0,98% 11,27% estrangeiras podem ser consultadas Geografia e Estatística (IBGE,
13/05 0,5771% correspondem
14/05 0,5851% o Correção da primeira parcela: - e depois pelo último valor da Ufir (R$ Fevereiro 452,047 0,96% 1,94% 11,12% nos sites www.xe.com/ucc e www.ibge.gov.br) e da Andima
ao dia 1 - do mês
15/05 0,5681% subsequente. Fonte: Secretaria da Receita Federal
1,0641). (1 Uferj = 44,2655 Ufir-RJ) Março 454,805 0,61% 2,57% 11,09% www.oanda.com.br. (www.andima.com.br).
O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 22 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 29 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

22 ●
ECONOMIA O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

O BRASIL passará os EUA em consumo de relógios de luxo, em três

anos. Vai se igualar à China, prevê Jean-Marc Janot, CEO da Parmigiani.
A marca patrocinará a CBF com R$ 9,4 milhões anuais até 2015.
N EGÓCIOS & cia Flávia Oliveira

Complexo logístico
● A Prefeitura de Macaé
apresenta este mês ao Inea, à
Marinha e ao ICMBio o
projeto de construção de
complexo logístico integrado
na cidade. Orçado em R$ 350
milhões, será feito em PPP,
com Albar Logistics e Meira
Lins. O protocolo de
intenções foi assinado na 6 a-.
Além de um porto e dois
terminais offshore, a área terá
hotéis, escritórios, armazéns
e estação aduaneira.
Demanda offshore
● A intenção é iniciar
operações em 2014. A
prefeitura estima criação de
800 empregos. O porto é
demanda antiga de empresas
que operam na Bacia de
Campos. Será opção ao Porto
de Imbetiba, da Petrobras,
que opera no limite.
Parceria jurídica
● O Vieira, Rezende, Barbosa
e Guerreiro Advogados fez
aliança com o Wikborg Rein,
da Noruega. Vão estruturar
no Brasil área especializada
em contratos de construção
Base forte 1
● Cresceu 49,52% a renda
dos 20% mais pobres da
população brasileira entre
2001 a 2009. No mesmo
período, o rendimento do
quinto mais rico avançou
8,8%. É queda evidente da
desigualdade no país. Os
números estão em pesquisa
que o Centro de Políticas
Sociais da FGV divulga hoje.
Base forte 2
● Responsável pelo estudo, o
economista Marcelo Neri diz
que aumento da escolaridade
e programas sociais explicam
a aceleração da renda dos
mais pobres na década. A alta
dos rendimentos na base da
pirâmide superou em 40
pontos percentuais o avanço
do topo; e em 34 pontos a
renda média nacional, que
subiu 15,08% até 2009.
Base forte 3
● O “Voz da Comunidade”, do
jovem Renê Silva, fechou com
a Open Mind. A agência de
marketing cultural vai apoiar
o jornal em promoções e
eventos. Uma ideia é levar a
Habitação pré-licenciada
● A Secretaria estadual do Ambiente de-
cidiu replicar na habitação o modelo de pré-
licenciamento que adotou, anos atrás, no
setor industrial. É iniciativa para apressar a
aprovação dos projetos do Minha Casa,
Minha Vida, que têm esbarrado na oferta
limitada de terrenos com bons preços e
sem restrições ambientais. Os técnicos da
secretaria já concluíram mapeamento e
avaliação da capital e de Itaguaí. Nos dois
municípios, foram identificados 14 terre-
nos, capazes de abrigar 70 mil unidades
habitacionais para 300 mil pessoas, diz o
secretário Carlos Minc. Além de identificar
as áreas adequadas à construção de mo-
Divulgação
Secretaria do Ambiente já
identificou 14 terrenos aptos
à moradia no Rio e Itaguaí
radias, o levantamento estimou o custo de
aquisição e das obras de infraestrutura dos
terrenos. “É um valor próximo de R$ 400
milhões. Mas é bom lembrar que o estado
tem R$ 1,2 bilhão aprovados para o Minha
Casa, Minha Vida”, completa Minc. O ma-
peamento continua em São Gonçalo e Ita-
boraí, área de influência do Comperj, e na
Brasil é coisa séria para Disney
Marco Antônio Cavalcanti
● Randy Garfield, vice-
presidente de vendas e
operações de viagens pa-
ra destinos Disney, está
no Brasil pela 1 a- vez. Veio
conhecer parceiros do
mercado que mais cres-
ce para a Disney Parks e
que já está entre os cinco
maiores do mundo. A se-
guir, trechos da entrevis-
ta à “Negócios&Cia”:
Região Serrana, afetada pelos deslizamen-
tos pós-chuvas, em janeiro. Nas duas ci-
dades da Região Metropolitana, foram iden-
tificadas 15 áreas sem restrições ambien-
tais à construção; na Serra, 20. A avaliação
financeira está em andamento, diz o se-
cretário. A etapa seguinte do programa vai
englobar a Baixada Fluminense, outra re-
gião com déficit habitacional. “Com as
áreas pré-licenciadas, o empreendedor não
perde tempo na execução dos projetos”,
defende Minc. O secretário apresentará o
estudo completo às construtoras interes-
sadas, para que iniciem a negociação dos
terrenos, com ou sem a ajuda do estado.
dispensa o visto). Ou via-
bilize sistemas de video-
conferência para entre-
vistas em algumas cida-
des, evitando que turis-
tas tenham mais despe-
sas com o visto. Temos
equipes trabalhando no
Congresso e no Depar-
tamentos de Estado.”
VOOS:“Estamos mui-
●

de embarcações para uso marca a outras comunidades, GARFIELD: “fim do visto” to próximos às aéreas
offshore. Querem atender à além do Complexo do ● BRASIL:“Nos últimos para encorajá-las a am-
demanda por conteúdo local Alemão. A Open Mind já três anos o Brasil tornou-se líder em pliar rotas e criar novos voos do
da indústria de óleo e gás. trabalha com a Cufa, de Celso crescimento de nossos mercados in- Brasil para Orlando. Voos diretos são

Certificação
Athayde e MV Bill.
Escolha popular ternacionais. As vendas (de pacotes)
continuaram em alta na crise, enquanto
mais atraentes, em especial para fa-
mílias com crianças. Isso vale para as

● A Dinsmore Associates
inicia em junho, no Rio, curso
preparatório para certificação
europeia IPMA. A 1 a- turma já
está com 90% das vagas
reservadas. O certificado
atesta o nível de competência
de executivos que gerenciam
grandes projetos. Há uma
profusão deles no estado,
especialmente em óleo e gás.
Pregão eletrônico
● A administração federal
comprou R$ 26,2 bilhões em
bens e serviços via pregão
eletrônico em 2010. Foram
46% das compras, segundo o
Ministério do Planejamento. A
economia chegou a R$ 7,1 bi.
O sistema será apresentado a
25 países em seminário da
OCDE, esta semana, no Peru.
DANIEL FILHO estrela comercial da Espaço/Z para
atrair o voto popular para o 10 o- Grande Prêmio do
Cinema Brasileiro. No anúncio, o diretor de “Se eu
fosse você” é passado para trás por um gari, que
assume a filmagem de um casal no Rio. É o gancho
para o conceito: “no voto popular, você é nosso
especialista”. A votação, via site da Academia
Brasileira de Cinema, vai até dia 31.
caíram ou ficaram estáveis em outros
países. Estamos investindo milhões por
ano, com parceiros, para aumentar pu-
blicidade, promoções e esforços de ven-
das. Queremos a Disney World entre as
1 a-s opções de férias do brasileiro.”
● VISTO:“Terei encontros com o con-
sulado americano. É prioridade facilitar
a visitação à Flórida. Esperamos que o
governo americano avalie a inclusão do
Brasil no Visa Waiver Program (que
companhias americanas e brasileiras,
como a TAM. Um voo direto do Rio
seria bem-vindo”.
● COPA 2014:“Na Copa da África do
Sul o governo nos procurou e levamos
ao país o Disney Institute, focado no
desenvolvimento de profissionais. Trei-
namos centenas de milhares para lidar
com turistas. Se as autoridades bra-
sileiras tiverem interesse, estamos dis-
postos a fazer o mesmo no Brasil”.

Real valorizado, rotina que veio para ficar

Estudo da Austin Rating indica que câmbio segue uma tendência que dificilmente mudará nos próximos anos
Vivian Oswald e
Martha Beck
● BRASÍLIA. O Brasil terá de se
acostumar a ser um país de moe-
da forte, e precisará aprender a
conviver com um intenso ingres-
so de capital estrangeiro. Isso é o
que mostra um levantamento fei-
to com exclusividade pela Austin
Rating para o GLOBO com base
em dados do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
De acordo com o trabalho, a
partir da década de 90, após a
crise asiática, os países emer-
gentes fizeram ajustes e con-
quistaram estabilidade econômi-
ca, entrando no radar dos in-
vestidores. Ao mesmo tempo, os
desenvolvidos, com menor po-
tencial de crescimento como
mercados consumidores, perde-
ram espaço no Produto Interno
Bruto (PIB) mundial.
Esse fenômeno também se re-
fletiu no câmbio, com o enfra-
quecimento de várias moedas e o
fortalecimento de outras. Segun-
do o estudo, o real vem man-
tendo uma tendência de valo-
rização frente ao dólar. Em de-
zembro de 2002, a moeda ame-
ricana foi cotada a R$ 3,63. Pas-
sou para R$ 2,93 em 2003 e, dois
anos depois, caiu a R$ 2,72. Em
março, estava em R$ 1,66.
O trabalho da Austin Rating
destaca ainda que a participação
americana no PIB mundial teve
seu pico em 1985, quando che-
gou a 35,28%, sendo que o per-
centual deverá cair para seu nível
mais baixo em 2020 — 19,24%.
Já a participação do Brasil
deverá crescer. Em 1984, nunca
foi tão pequena: 1,38%. As pro-
jeções da Austin indicam que ela
mais que dobrará, mas, mesmo
assim, não passará de 3,75% do
total em 2020.
— O material deixa evidente
que o problema do dólar fraco ou
do real valorizado não será re-
solvido apenas com aumento
dos juros nos Estados Unidos e
na Europa, com a redução no
Brasil ou, ainda, com as medidas
burocráticas e arrecadatórias
adotadas recentemente. O pro-
blema é estrutural. Há décadas,
os Estados Unidos e a Europa
perdem sua hegemonia econô-
mica, enquanto os países pe-
riféricos, por exemplo, os do Bric
(grupo formado por Brasil, Rús-
sia, Índia, China e África do Sul),
estão aumentando fortemente
sua participação — afirma o eco-
nomista-chefe da Austin, Alex
Agostini.
Economistas querem
indústria forte e reformas
Diante desse fenômeno, o eco-
nomista defende que, em vez de
tentar segurar o dólar, o governo
aja de maneira mais firme na
adoção de medidas que prepa-
rem o Brasil para sua nova con-
dição. O caminho, segundo Agos-
tini, é garantir competitividade à
indústria nacional e lançar mão,
o mais rapidamente possível, de
reformas como a tributária e a
previdenciária.
Para o diretor do Departa-
mento de Relações Internacio-
nais e Comércio Exterior da Fe-
deração das Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp), Roberto
Giannetti da Fonseca, as medidas
que o governo vem adotando
para minimizar os danos pro-
vocados pelo câmbio à indústria
brasileira são muito tímidas.
Uma delas foi a aceleração do
pagamento de parte dos créditos
de tributos que incidem sobre a
compra de matérias-primas dos
exportadores. As regras foram
anunciadas no início de 2010
para dar mais capital de giro às
empresas, mas, até agora, menos
de cem companhias, num total
de 15 mil exportadores, conse-
guiram utilizar o benefício.
— O pacote foi, de fato, mais
uma tentativa de embrulhar os
contribuintes exportadores —
afirma Giannetti.
Para o vice-presidente da As-
sociação de Comércio Exterior
do Brasil (AEB), José Augusto de
Castro, a situação do câmbio é
irreversível e a saída para ga-
rantir competitividade está nas
reformas e no desenvolvimento
da infraestrutura do país:
— Só reclamamos da atual
taxa de câmbio porque temos
um sistema tributário caótico,
uma carga gigantesca. Não temos
infraestrutura e precisamos sus-
tentar rombos previdenciários.
Isso sem falar na burocracia. ■

Governo eleva projeção Chrysler volta a lucrar

para balança comercial
Exportações devem crescer 21% em relação a
2010. China passa EUA como maior comprador
● SÃO PAULO. A melhora no de-
sempenho da economia mundial
e o crescimento das vendas de
commodities no mercado inter-
nacional levaram o governo re-
visar sua projeção para as ex-
portações brasileiras em 2011. A
nova meta, informou ontem o
ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, Fernando
Pimentel, passou de US$ 228
bilhões para US$ 245 bilhões, o
que corresponde a um aumento
de 21% em relação ao total ex-
portado pelo país em 2010.
A revisão do valor se deveu
aos bons resultados apresenta-
dos pela balança comercial em
abril, que se refletiram no acu-
mulado do ano (janeiro/abril). O
saldo comercial no mês apontou
superávit de US$ 1,8 bilhão, va-
lor 45,2% superior ao registrado
em abril de 2010. No acumulado
do ano, o saldo positivo chega a
US$ 5 bilhões.
As exportações de abril so-
maram US$ 20,2 bilhões, um sal-
to de 40,1% na comparação com
o mesmo mês do ano passado. A
média diária dos embarques
chegou a US$ 1,061 bilhão, um
recorde para meses de abril. As
importações alcançaram US$
18,3 bilhões (+ 38,9%).
Os principais compradores
dos produtos brasileiros foram
China, com US$ 3,9 bilhões, Es-
tados Unidos (US$ 1,8 bilhão) e
Argentina (US$ 1,7 bilhão). Nas
importações, EUA, com US$ 2,6
bilhões lideraram as compras
feitas pelo Brasil, seguidos de
China (US$ 2,2 bilhões) e Ar-
gentina (US$ 1,5 bilhão).
Para Pimentel, o aumento de
47,2% nas importações de bens
de consumo, reflexo da deman-
da aquecida no mercado inter-
no, ainda não preocupa o go-
verno, mas já é motivo de um
monitoramento diário. ■
Montadora, que pediu falência há dois anos, tem ganho de US$ 116 milhões
Karen Bleier/AFP/4-2-2009
● DETROIT, EUA Dois anos de- A Chrysler registrou lu-
pois de pedir falência, o gru- cros operacionais em cada
po Chrysler anunciou ontem um dos quatro trimestres
seu primeiro lucro num pri- de 2010, mas por causa de
meiro trimestre desde 2006, pagamentos aos governos
em decorrência do aumento americano e canadense,
de vendas de carros e ca- que totalizaram US$ 1,23
minhões a um preço mais bilhão por ano, o balanço
alto. A única montadora de era de prejuízo — a mon-
Detroit que teve prejuízo no tadora perdeu US$ 652 mi-
ano passado lucrou US$ 116 lhões no ano passado.
milhões nos três primeiros A companhia, porém,
meses de 2011, frente a um continua bem menos ren-
saldo negativo de US$ 197 tável do que seus concor-
milhões em igual período de rentes americanos. A Ford
2010. A receita da empresa lucrou US$ 6,6 bilhões em
cresceu 35%, para US$ 13,1 MODELO CHRYSLER 200C EV: lucro 22 vezes menor que o da Ford 2010 e US$ 2,55 bilhões no
bilhões, enquanto as vendas primeiro trimestre de 2011.
registraram alta de 18%. cuperar a montadora. O lucro chega A empresa vendeu 3,5 vezes mais carros
O resultado representa uma verda- quase dois anos depois de o presidente e caminhões do que a Chrysler no
deira conquista para a Chrysler, que americano, Barack Obama, ter forçado trimestre passado e lucrou 22 vezes
quase teve que ser liquidada após o fim a empresa a decretar falência para se mais. Já a GM, que também pediu con-
de sua união de dez anos com a alemã proteger e a firmar uma parceria com a cordata e saiu da falência um mês de-
Daimler e depois de a empresa de Fiat, já que ele e outras autoridades não pois da Chrysler, lucrou US$ 4,7 bilhões
private equity Cerberus Capital Mana- acreditavam que a montadora sobre- em 2010. Seu resultado trimestral deve
gement falhar em sua tentativa de re- viveria por conta própria. ser anunciado na quinta-feira.
O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 23 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 22 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO ECONOMIA ●

23

O GUARANÁ Antarctica vai pôr no site e no Facebook 14 vídeos para

ensinar mães a usarem a internet. É brincadeira com a impaciência da
DIGITAL & MÍDIA
prole. A agência Espalhe contratou o “CQC” Rafael Cortez como instrutor.

Divulgação
Negócios do Facebook podem estar
SITE DA
crescendo mais rápido que o estimado
grife já Lucro antes de impostos deve superar US$ 2 bilhões este ano, diz ‘Journal’
vendeu AFP/Jewel Samad
● FILADÉLFIA, EUA. Os negócios
R$ 1 do Facebook estão crescendo
milhão mais rapidamente do que a
própria empresa previa al-

e-Farm no ar guns meses atrás, elevando a

expectativa pela chegada das
ações da rede social à bolsa

A
Farm aderiu ao e-com-
merce. A e-Farm, no-
me da loja virtual, en-
trou em teste em março.
Em 45 dias, bateu R$ 1
milhão em vendas e passou
ao posto de unidade mais
rentável de toda a rede de
35 lojas da grife carioca.
Até então, a recordista era
Ipanema, informa o sócio
Marcello Bastos. O segredo
da venda das 7.500 peças a
3.500 pessoas, explica, tem
a ver como o modelo de
operação do site, que só
trabalha com convidados.
O projeto foi desenvolvido
em um ano e recebeu R$ 1,4
milhão de investimento, in-
LIVRE MERCADO
• A ENOTECA Fasano estreia esta
semana seu e-commerce. A meta
é elevar em 15% as vendas.
• O LA CIGALE (Leblon) espera
ampliar em 30% o faturamento
nos 14 dias da Rio Restaurant
Week. O evento começa dia 16.
• OS HOTÉIS Marina vão
presentear as mães com uma
bolsa da Folic. O Parador
E-mail: colunanegocios@oglobo.com.br
COM GLAUCE CAVALCANTI E MARIANA DURÃO
cluindo a instalação de
mais dois estúdios na fá-
brica da Farm, em São Cris-
tóvão, para fazer os look-
books disponíveis no site.
De início, só membros do
programa de fidelidade da
marca (EQF) tiveram aces-
so liberado ao site. Esta
semana, as clientes pode-
rão indicar convidados. A
previsão do empresário é,
em dois anos, alcançar R$ 3
milhões em vendas por
mês no comércio eletrô-
nico. Agora, a ideia é usar o
site para a expandir a mar-
ca, com a venda de ele-
troeletrônicos e móveis,
por exemplo.
Santarém Marina (Itaipava) prevê
alta de 15% na ocupação.
• A VIA MIA dará cartões às
mães. Alguns com brindes-
surpresa, como pizza na Mamma
Jamma, jantar no Restô e
chocolates Katz.
• O PASSEIO Shopping (Campo
Grande) prevê faturar 30% mais
neste Dia das Mães.
de valores, informou repor-
tagem publicada pelo “Wall
Street Journal” . O Ebitda (lu-
cro antes de impostos, juros,
amortizações e depreciações)
da companhia de Mark Zu-
ckerberg deve passar dos US$
2 bilhões em 2011, disse uma
fonte ao jornal.
O crescimento do Facebook
está acima das expectativas
que circularam quando o Gold-
man Sachs e a Digital Sky Te-
chnologies investiram na com-
panhia, publicou o jornal, sem
informar o quanto a rede so-
cial superou as estimativas. O
investimento das duas empre-
sas na rede social ocorreu a
um preço por ação que im-
plicou num valor total para o FACEBOOK VEM expandindo seu leque de serviços e, com isso, atraindo novos usuários rapidamente
site de US$ 50 bilhões.
siness Insider”, alguns investi- virtuais, como jogos e apli- dade do Facebook Marketpla-
Valor do Facebook pode dores privados estão adquirindo cativos na plataforma do site. ce para se comunicar com
superar os US$ 100 bilhões pequenas quantidades de ações Mas, sem dúvida, o maior seus fãs e promover suas mar-
O “Wall Street Journal” afirma do Facebook com base em va- faturamento da empresa vem cas”, disse um representante
que o lucro do Facebook está lores de mercado bem supe- dos anúncios. Em 2009, por da consultoria ao site “PC
crescendo a uma taxa rápida o riores a US$ 100 bilhões. exemplo, mais de 85% da re- World”.
suficiente para justificar um va- Representantes da compa- ceita do Facebook vieram das Esse crescimento ajudou a au-
lor para a empresa como um nhia não estavam imediata- propagandas, segundo o “Bu- mentar o custo por clique em
todo de US$ 100 bilhões ou mais mente disponíveis para co- siness Insider”. 40% no primeiro trimestre do
quando abrir seu capital, fato mentar o assunto. Nos últimos trimestres, vem ano, em comparação ao último
que deve ocorrer no início do Considerando que o Face- aumentando consistentemen- trimestre de 2010.
próximo ano. book oficialmente pouco di- te o número de anunciantes do Na semana passada, a em-
Se tal previsão se concre- vulga a respeito de sua receita, Facebook. E a demanda con- presa lançou o serviço de des-
tizar, o valor da maior rede as fontes mais visíveis gera- tinua crescendo, de acordo contos “Deals on Facebook” nas
social do mundo superará o doras de ganhos são os anún- com um relatório da Efficient cidades de Atlanta, Austin, Dal-
que valem hoje gigantes como cios feitos no site e as vendas Frontier, uma consultoria em las, San Diego e São Francisco —
Hewlett-Packard, Amazon e de bens usando a moeda vir- marketing digital. Hoje, os uma iniciativa para competir
Cisco Systems. tual Facebook Credits, que anunciantes querem “tirar com sites de ofertas como Grou-
De acordo com o site “Bu- permite adquirir itens também vantagem de toda a capaci- pon e Living Social. ■

Sony tira do ar outra rede de games

Divulgação

Em nota, empresa diz ter descoberto ‘problema preocupante’ no serviço

● TÓQUIO. Depois de a Plays-
tation Network ficar indispo-
nível devido a um ataque de
hackers, agora foi a vez de a
Sony On-line Entertainment
(SOE) ser retirada do ar pela
empresa japonesa por pro-
blemas de segurança.
É por essa plataforma que os
usuários jogam títulos como
“EverQuest”, “DC Universe” e
“Fortune League”. Seu foco é
O NOVO Blackberry Bold 9900: tecnologia NFC para pagamentos mais em jogos multiplayer on-
line com grande número de as-
“Nós tivemos que retirar a
SOE do ar temporariamente.
Durante a investigação sobre
a invasão aos nossos siste-
mas, descobrimos um pro-
blema suficientemente preo-
cupante para que retirásse-
mos o serviço do ar ime-
diatamente. Nós daremos
mais informações mais tar-
de”, diz o comunicado.
No domingo, a Sony infor-
mou que retomará esta se-
mana alguns ser viços da
gurança dos sistemas que
permitiram o roubo de dados
pessoais registrados nas
mais de 77 milhões de contas
de usuários da rede.
Empresa oferece 30 dias de
adesão gratuita a usuários
Segundo especialistas em
segurança, alguns hackers ten-
taram negociar na semana pas-
sada bancos de dados dos
usuários na rede.
Em coletiva de imprensa em
afetados alguns serviços como
compensação, incluindo 30
dias de adesão gratuita ao ser-
viço premium para os joga-
dores já inscritos.
A violação de segurança mo-
tivou ações legais e investiga-
ções nos Estados Unidos e na
Europa, onde vivem aproxima-
damente 90% dos usuários da
rede que permite interação e
jogo on-line. A PlayStation
Network gerou até agora re-
ceitas anuais estimadas em US$

RIM apresenta dois sinantes. A Sony anunciou a

suspensão do serviço por meio
de uma nota no site da SOE:
PlayStation Network — fora
do ar desde o dia 20 de abril
—, depois de melhorar a se-
Tóquio, executivos da compa-
nhia se desculparam pela falha
e prometeram aos usuários
500 milhões, oferecendo tam-
bém acesso on-line a filmes e
programas de televisão. ■

novos Blackberry Bold

Aparelhos têm função que divide aplicativos
de trabalho e de lazer, para evitar confusões
● TORONTO. A Research In Mo-
tion (RIM) anunciou ontem dois
novos modelos de smartpho-
nes da linha BlackBerry Bold e
um update do seu sistema ope-
racional, o BlackBerry 7. Os
dois aparelhos (BlackBerry
Bold 9900 e 9930) têm, além do
tradicional teclado da marca,
tela sensível ao toque de alta
resolução, e são equipados com
tecnologia Near Field Commu-
nication (NFC), que permite fa-
zer pagamentos com o celular.
Os aparelhos chegarão às lojas
no meio do ano.
O anúncio dos novos pro-
dutos acontece dias depois de
a RIM preocupar seus inves-
tidores com a notícia de que
reduzira em 11% sua previsão
de lucro para o trimestre, de-
vido ao ritmo mais lento de
vendas do BlackBerry. As
ações da companhia canaden-
se caíram 12% por conta do
comunicado.
Segundo o fabricante, os no-
vos BlackBerry Bold são mais
poderosos que o Blackberry
Torch, lançado pela empresa
em agosto de 2010 como um
competidor à altura do iPhone.
Os dois smartphones possuem
processador de 1.2 GHz e
768MB de RAM. A memória in-
terna é de 8 GB, e há um slot
micro SD para cardões de até 32
GB. A câmera, de 5 megapixels,
grava vídeos em alta-definição
de 720p. A tela sensível ao toque
é de 2,8 polegadas e apresenta
resolução de 287 dpi. Os ce-
lulares têm 10,5 mm de espes-
sura e pesam cerca de 130g.
Suporte a aplicativos de
realidade aumentada
Eles também vêm equipa-
dos com funcionalidade Bla-
ckBerry Balance, lançada jun-
tamente com a atualização do
sistema operacional. A tecno-
logia cria uma divisão clara
entre o uso do smartphone
para fins pessoais e de tra-
balho, impedindo que os usuá-
rios cometam erros como
mandar um e-mail corporativo
para amigos ou compartilhar
assuntos internos nas redes
sociais. Os gadgets apresen-
tam ainda suporte a aplica-
ções de realidade aumentada.
A RIM também lançou um
aplicativo de conversas por
vídeo para o seu recém-lan-
çado tablet Playbook. ■
Escola de gladiadores on-line
Game no Facebook se inspira na minissérie ‘Spartacus: Gods of the Arena’
André Machado
● “I am Spartacus!” O grito de guerra
ouvido em tantos filmes pode agora ser
dado no Facebook. Numa parceria com a
editora de jogos casuais 6waves, a Glo-
bosat HD traduziu o game “Spartacus:
Gods of the Arena”, baseado na mini-
nissérie que vem exibindo aos sábados em
alta definição. A série é uma prequel (filme
cuja trama se passa em um momento
anterior a outro filme já lançado) de “Spar-
tacus” que narra a ascensão da Casa de
Batiatus, escola de gladiadores onde mais
tarde Spartacus será treinado.
O jogo lembra títulos em que o usuário
deve administrar um time e fazê-lo vencer
partidas. Só que, aqui, estamos na Roma
antiga e é preciso comprar futuros gla-
diadores no mercado, escolhendo entre
escravos estrangeiros, romanos em des-
graça e outros párias da época. O usuário
pode jogar de graça ou comprar itens com
cartões de crédito ou PayPal.
A primeira coisa a fazer é dar um nome
ao gladiador recém-adquirido. Depois, ele
deve ser treinado para ganhar vitalidade,
força e velocidade, essenciais para so-
breviver aos embates na arena. Alguns
treinos são rápidos e duram minutos.
Outros levam horas, mas podem ser con-
Reprodução
usados para comprar recru-
tas e armas), influência (que
ajuda na hora dos treinos e
também pode ser obtida
ajudando aliados) e pontos
de experiência, além de
mais força e itens espe-
ciais.
Nas lutas na arena, o jo-
gador pode controlar a rea-
ção da multidão, torcendo
por seu campeão e zom-
bando do adversário. Se
vencer, recebe os prêmios já
citados. Mas, se perder, é
possível escolher se sua vi-
da será poupada (é preciso
ANTES DA LUTA, são exibidas as chances de vitória ter pontos de influência su-
ficientes para tal) ou não. Os
cluídos mais rápido se o jogador pagar. recrutas que não lutarem bem podem ser
Cada treino ou combate tira pontos de vendidos para um aliado ou para trabalhar
energia do gladiador, mas são restaurados nas fossas, onde a morte é certa.
regularmente (em tempo real, o que de- Antes de cada luta, um quadro mostra
mora, a não ser que sejam comprados, de as chances de vitória de cada oponente. É
novo, com moeda de verdade). bom avaliá-lo antes de enviar o guerreiro
Quando o gladiador estiver treinado, para uma briga desigual.
pode ser enviado para a arena. No pri- A tradução falha em alguns momentos
meiro nível, só uma arena está disponível, — a ajuda está em inglês, e caracteres com
mas outras se abrem à medida que o acentos não são reconhecidos, mas isso
jogador avança. Cada luta dá à Casa de não compromete a diversão. O game fica
Batiatus dinheiro virtual (em denários, em www.facebook.com/spartacusgame.
O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 24 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 31 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

24 ●
ECONOMIA O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

DIGITAL & MÍDIA

PEDRO não conseguiu responder).
Foi a própria Sony que decidiu derrubar o
sistema, no dia 20. Sem explicações claras.
Os dados de 77
Quem migrou para e-mail online, como
Gmail ou Hotmail, está na nuvem. Quem usa
Google Docs, idem. Parte da decadência da

DORIA
Descobriu que a falha explorada pelos ha-
ckers continuava lá e, aparentemente, deu
trabalho resolver. Não envolvia só a rede de
gamers. Também o Qriocity, sistema que ven-
de música e filmes sob demanda nos EUA,
Microsoft, que vendia software, se explica
milhões de usuários pelo rumo da computação para a nuvem. As
da Sony foram redes sociais todas só fazem sentido na nu-
vem. Rádios online, que começam a se po-
violados. É caso pularizar? Nuvem.

Um dia, o hacker Europa e Ásia, foi atingido. Ou seja: afeta uns

tantos americanos com televisões modernas
que já alugam filmes via internet.
Há apenas uma semana, a discussão na
grande, mas não
isolado
Daí o risco duplo. Se temos informação
demais em computadores alhures, precisa-
mos confiar que a segurança é plena. Só que
mesmo uma empresa do quilate da Sony, hoje,

bate à porta tecnologia envolvia Apple, Google e os ce- não é capaz de garantir tal segurança. Quando
lulares que acompanham os passos de seus usuários. É o pior acontece, sequer com transparência podemos contar. A
desconfortável que empresas colham dados particulares da Sony explica muito pouco. O segundo risco é na vida prática.
clientela sem deixar claro que isso ocorre. Quando um serviço da nuvem sai do ar, perdemos tudo por

A
manhã faz duas semanas que usuários do PlayStation
Network, a rede que interliga jogadores do console de
videogames da Sony, está fora do ar. Não é um sistema
pequeno: são 77 milhões de usuários. A promessa é de
que tudo lentamente volte a funcionar nos próximos dias. Mas
a queda, motivada por um ataque hacker, levanta muitas
perguntas sobre privacidade e as conveniências de uma vida
passada online.
A segurança da rede do PlayStation foi quebrada entre 17 e
19 de abril. Dados que incluem identidade, senhas e endereços
dos 77 milhões de usuários foram levados pelos invasores.
Embora eles tenham tido acesso também ao banco de dados
com números de cartões de crédito, a empresa acredita que
estejam seguros. Estavam encriptados. (Por que o resto não foi
igualmente encriptado? É uma excelente pergunta que a Sony
Mas empresas deste porte têm ações na bolsa, estão sujeitas completo. No caso, uma turma ficou sem jogar videogames.
a processos, quando antipáticas demais perdem fregueses. O Mas poderia ser o e-mail, ou uma planilha. O impacto é
risco maior destes grandes bancos de dados é que a segurança grande.
não é perfeita. Outros, não sujeitos à moderação das leis do No início de abril, uma penca de servidores da Amazon.com
mercado ou do Estado de direito, às vezes conseguem botar as ficou fora do ar, afetando vários serviços que incluem a rede
mãos em nossos dados. Foi o que ocorreu no caso da Sony. social Foursquare. A Amazon também silenciou. Em janeiro,
O PlayStation Network é um dentre muitos exemplos da clientes americanos da telefônica AT&T que tinham iPads 3G
computação em nuvem. Este é o caminho que a internet está também viram suas identidades violadas. O caso do PlayS-
tomando. Se nos últimos anos o hábito foi de manter toda tation é maior, mas não isolado.
nossa informação em computadores pessoais, mudou. E não à Na expressão da revista britânica “The Economist”, são as
toa. Nossa vida digital não se limita mais a computadores dores de crescimento da computação em nuvem. Maior
pessoais. Tem o computador de casa e o do trabalho. O celular estabilidade há de vir no futuro. Se a Justiça e os consumidores
inteligente. O tablet. Cada aparelho faz parte do cotidiano em punirem como cabe, transparência também virá. Até lá, no
momentos diferentes. E precisamos que todos estes aparelhos entanto, a vida estará sujeita a turbulências, e a conclusão de
tenham acesso ao mesmo conjunto de dados. A solução é sempre permanece inevitável. A engrenagem da internet não
colocar tudo na internet. permite privacidade. A alternativa é sair da rede.

E-mail para esta coluna: pedro.doria@oglobo.com.br siga a coluna: @pedro.doria

Time Inc. e Apple tornam revistas Warner Music pode ser

no iPad gratuitas para assinantes
Usuários precisavam pagar pela versão para o tablet de títulos da editora
● NOVA YORK. A Time Inc.,
maior editora de revistas dos
Estados Unidos, fechou um
acordo com a Apple para tor-
nar gratuitas para seus assi-
nantes as versões de seus tí-
tulos no iPad e no iPad 2.
Agora, os assinantes de re-
vistas como “Sports Illustra-
ted”, “Time” e “Fortune” po-
derão acessar suas versões no
tablet por meio dos aplica-
tivos, que os autenticarão e
permitirão seu acesso sem
ônus.
“People” já obtivera acordo
antes das outras revistas
A revista “People”, da mes-
ma editora, já fechara um acor-
do desse tipo com a empresa
de Steve Jobs, mas os assi-
nantes das outras publicações
ainda precisavam pagar para
lê-las no aparelho.
O acordo chega justamente
no momento em que se procura
AP/Arquivo
PRÉDIO DA Time Warner em Nova York: publicações grátis no iPad
um novo presidente-executivo mandada por um comitê de três
para a Time Inc. Em fevereiro, o executivos que vêm procuran-
então ocupante do cargo, Jack do acalmar os ânimos.
Griffin, foi demitido pelo chefão Segundo o “Wall Street Jour-
da Time Warner, Jeff Bewkes, nal”, que noticiou o acordo, a
devido a uma “diferença de es- Time enfrenta uma crise mesmo
tilos”, segundo seu superior. com queda menor de receita —
Desde então, a editora é co- ainda não são claras as pers-
SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA
Garimpo Digital Games e Pedro Doria Mobilidade Redes Sociais
pectivas de crescimento da edi-
tora nem a forma como está
inserida nos planos de longo pra-
zo da “nave-mãe” Time Warner.
A maior parte do lucro da
Time Inc. vem do pequeno gru-
po de revistas liderado por
“People” e “Sports Illustrated”,
bastante dependentes do mer-
cado doméstico dos EUA. Já o
maior concorrente da editora,
a Hearst Corporation, investiu
recentemente US$ 900 milhões
para comprar (total ou par-
cialmente) cem publicações
em 15 países, procurando se
capitalizar em mercados emer-
gentes como Rússia e China,
que têm maior potencial.
Os analistas de mercado es-
peram resultados estáveis de
receita da Time Warner para o
primeiro trimestre, que serão
anunciados amanhã. A consul-
toria ZenithOptmedia prevê
que os anúncios em revistas
nos EUA cairão 1% este ano. ■
SEXTA-FEIRA SÁBADO
Colunista Convidado Multimídia e Cora Rónai
vendida por US$ 3 bi
Ofertas finais já foram definidas e conclusão
do negócio deve sair ainda esta semana
● NOVA YORK. As ofertas finais gistrou um total de cerca de
para a aquisição da Warner US$ 3 bilhões, segundo três
Music foram definidas ontem pessoas que pediram para
e a empresa pode ser ven- não serem identificadas.
dida ainda esta semana em Ofertas com o mesmo valor
um acordo avaliado em mais de duas grandes empresas do
de US$ 3 bilhões, disse à Reu- setor ficaram abaixo do que a
ters uma fonte que está a par diretoria da companhia es-
das negociações. perava de compradores es-
A terceira rodada de ofertas tratégicos na segunda roda-
está sendo liderada por dois da. Porém, ainda há chance
grupos financeiros concorren- de que companhias se envol-
tes, a Access Industry Hol- vam nas negociações em um
dings, de Len Blavatnik, e uma estágio mais adiantado para
proposta conjunta das com- adquirir alguns dos ativos da
panhias Platinum Equity e Go- Warner.
res Group, de Tom e Alec Go- Apesar de a última rodada
res, conforme duas fontes. de ofertas estar programada
O processo de aquisição para esta semana, não é certo
da Warner Music ocorre em que se chegue a um acordo,
um cenário de queda nas afirmou a primeira fonte.
vendas da empresa, enquan- Todas as partes envolvi-
to executivos tentam pensar das se recusaram a comentar
em novos modelos de negó- o assunto.
cio para garantir o futuro da A diretoria da Warner Mu-
indústria musical. Embora a sic colocou a empresa à ven-
Warner Music continue a ge- da em janeiro, quando con-
rar níveis razoáveis de lucro tratou o Goldman Sachs e o
em seus balanços, a empresa AGM Partners para avalia-
ainda é vista como um in- rem possíveis compradores.
vestimento arriscado em um Desde então, as ações da
mercado acirrado. Warner saltaram quase 60%,
Duas semanas atrás, a se- para US$ 7,47 no fim da se-
gunda rodada de ofertas re- mana passada. ■
Bloomberg/Rick Maiman

LEN BLAVATNIK,
presidente da
Access Industries
Holdings LLC,
uma das
empresas
ofertantes

O GLOBO

MAIS DIGITAL & MÍDIA HOJE NA INTERNET:

oglobo.com.br/digitalemidia

ESPERTALHÕES: André Machado adverte em seu

blog “Segurança Digital” quanto ao perigo de
armadilhas de ‘phishing’ via e-mail aproveitando-
se da notícia da morte de Osama bin Laden
AMÉRICA MÓVIL: Lucro da gigante mexicana de
25mm telecomunicações de Carlos Slim, homem mais
rico do mundo, sobe 12% no primeiro trimestre,
somando quase US$ 2 bilhões
...........................................................................................................................
Acompanhe a cobertura de tecnologia e de mídia no
Twitter: twitter.com/digitalemidia
O GLOBO ● O MUNDO ● PÁGINA 25 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 13 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO 25

. O MUNDO
ECOS DA REVOLUÇÃO DO NILO

Líbios pedem vingança em funeral

Kadafi não comparece a enterro de filho e netos, mas aumenta ofensiva contra rebeldes
Mahmud Turkia/AFP
TRÍPOLI

P
edindo vingança, cerca de
duas mil pessoas acompa-
nharam ontem o enterro de
um filho e três netos do di-
tador da Líbia, Muamar Kadafi, em
Trípoli. Os simpatizantes do gover-
no compareceram munidos de ban-
deiras e fotografias de Kadafi. O
caixão de Saif al-Arabi, filho mais
novo do ditador, foi carregado, co-
berto de flores e envolto na bandei-
ra verde que representa o atual re-
gime, até o sepultamento no cemi-
tério de Hani. Kadafi não compare-
ceu ao enterro, mas o cortejo foi
acompanhado por Saif al-Islam e
Mohammed, filhos do ditador.
Os familiares de Kadafi foram
mortos no sábado, durante um ata-
que aéreo da Otan, a aliança militar
ocidental. A operação gerou uma
nova reviravolta na crise política do
país e aumentou os questionamen-
tos sobre o êxito da estratégia ado-
tada pela Otan.
Em contrapartida, grupos ligados
a Kadafi fizeram ataques a embaixa-
das do Reino Unido e da França. Fo-
ram registradas ofensivas também
contra a missão diplomática dos
EUA em Trípoli e nas instalações da
ONU. Os funcionários das Nações
Unidas deixaram o país, em direção
à Tunísia. A Turquia tam- AFP
bém anunciou a retirada
de seus funcionários da
embaixada em Trípoli
LÍBIOS
CARREGAM caixão Governo sírio prende mais
após a escalada de vio-
lência.
Por sua vez, o governo
de Saif al-Arabi,
filho de Kadafi, de 500 para abafar protestos
da África do Sul conde- em Trípoli
nou o ataque contra a ca-
(acima). Ao lado, Importantes opositores são detidos. Ministério do
sa do filho de Kadafi e
disse que a resolução da Mohammed Interior oferece anistia a quem se entregar à Justiça
ONU que autoriza opera-
ções aéreas na Líbia não (esquerda) e Saif ● DAMASCO. Centenas de sírios foram mais de uma semana, com tanques
inclui o assassinato de al-Islam (direita), presos em diversas cidades do país — também voltaram a bombardear o
civis. De outro lado, o desde domingo, inclusive conheci- bairro antigo da cidade, onde no fi-
ministro de Relações Ex- também filhos de dos ativistas de direitos humanos, nal de semana o governo tomou con-
teriores britânico, Wil- Kadafi, numa nova ofensiva do governo de trole da mesquita de Omari, que
liam Hague, disse, duran- Bashar al-Assad para tentar pôr fim abrigava dezenas de manifestantes.
te visita ao Cairo, que o comparecem ao às manifestações antigoverno que Sem água, eletricidade ou combus-
tempo não está a favor funeral do irmão sacodem o país há sete semanas. Se- tível,um comboio levando ajuda hu-
do regime de Kadafi e gundo fontes do próprio governo, manitária tenta entrar na cidade a par-
que a política prevê um aumento da sendo usados para rastrear os arre- rebeldes disse que Kadafi deveria apenas na cidade de Deraa — epi- tir da Jordânia, que fica a poucos qui-
pressão diplomática, econômica e dores do porto. Foram encontradas ter o mesmo destino. centro do movimento contra Assad lômetros dali.
militar sobre o regime do ditador. duas bombas, mas há indícios da — Nós estamos muito felizes e es- — as forças de segurança prende- Na cidade de Raqqa, no centro do
Ontem, forças ligadas ao gover- presença de um terceiro explosivo. tamos esperando o próximo passo. ram 499 pessoas e mataram 10, ele- país, o proeminente advogado Abda-
no reforçaram o ataque à cidade de A suspeita da presença de bombas Nós queremos que os americanos vando o número de mortos desde o lah Jalil foi preso por criticar a repres-
Misurata, símbolo da resistência ao prejudica a chegada de ajuda ao lo- façam o mesmo com Kadafi — disse início dos protestos a 560. De acordo são exercida pelo governo contra os
governo localizada a 200 km da ca- cal e também a evacuação de es- Ahmed Bani, porta-voz do Conselho com a agência estatal Sana, os mor- manifestantes. Jalil é um dos mais co-
pital, com um bombardeio na re- trangeiros e feridos. Nacional Líbio, órgão político dos tos faziam parte de um “grupo terro- nhecidos opositores ao regime sírio, e
gião do porto. O objetivo era impe- A Organização Internacional para rebeldes, em Benghazi. rista”. Na semana passada, o gover- já em 2007 havia denunciado publica-
dir a chegada de suprimentos para Migração disse que um navio conti- Além do agravamento da crise no já havia prendido outros 500 ma- mente o referendo que permitiu a As-
a cidade, tomada pelos rebeldes. A nua aguardando na costa de Misura- política no país, Kadafi enfrentou nifestantes em Deraa. sad concorrer às eleições presiden-
TV estatal líbia informou que a fina- ta para entregar suprimentos. O ontem mais um revés. A Suíça Após as detenções, o governo de ciais sem a presença da oposição. Ou-
lidade da operação era impedir o porta-voz da organização, Jean-Phi- anunciou o congelamento de ati- Damasco ofereceu anistia aos manifes- tros dois importantes políticos curdos
envio de armas da Otan para os in- lippe Chauzy, disse que ao menos vos potencialmente ilegais ligados tantes que se entregarem. — Abdel Qader al-Jaznawi e Abdel Sa-
surgentes. um explosivo permanecia visível en- ao ditador e que chegam a um mon- “O Ministério do Interior pede mad Ali — também foram presos após
tre o navio e o porto. tante da ordem de 360 milhões de que os cidadãos que foram levados terem apoiado publicamente o movi-

Suíça congela bens — Vamos esperar até o meio-dia

de amanhã (hoje). Ainda temos es-
francos suíços (aproximadamente
US$ 415,8 milhões). Outros políti-
a cometer atos contra a lei se entre-
guem e levem suas armas às autori-
mento de protestos antigoverno. Mas
apesar da repressão, as manifestações

de ditador peranças de que as coisas melho-

● O bombardeio foi suspenso após
novos ataques aéreos da Otan na re-
gião, mas o porto permaneceu fe-
chado ao longo do dia. A Otan infor-
mou que detectores de metal estão
rem — disse o porta-voz.
Os novos desdobramentos da
crise reforçaram a confiança dos
rebeldes no apoio militar do Oci-
dente. O governo líbio não comen-
tou a notícia da morte de Osama
bin Laden, mas um porta-voz dos
cos também tiveram bens congela-
dos, como o ex-presidente do Egito
Hosni Mubarak e o ex-presidente
da Tunísia Zine al-Abidine Ben Ali.
Anteriormente, o governo líbio ha-
via negado que Kadafi tivesse con-
tas na Suíça ou em outros países
estrangeiros.
dades”, anunciou a agência Sana.
Segundo moradores de Deraa, as
forças de segurança fizeram uma
operação de varredura, entrando de
casa em casa, e procurando homens
de menos de 40 anos — que foram
levados a um centro de detenção. Os
militares—- que ocupam a cidade há
continuam em diversas cidades.
No plano diplomático, o ministro
das Relações Exteriores da França,
Alain Juppé, voltou a condenar as
ações do governo de Damasco.
— Se o regime insistir nesse cami-
nho, ele vai cair, um dia ou outro, mas
vai cair—- disse Juppé. ■

Em tribunal, Berlusconi diz que juízes o humilharam

NOTAS
● ACIDENTE NO CONGO
Cem pessoas estão desa-
parecidas na República
Premier italiano comparece a audiência por fraude fiscal, mas qualifica processo de ato subversivo Democrática do Congo,
Alessandro Garofalo/Reuters depois que um barco vi-
● MILÃO. Réu em quatro processos distintos, o pre- alguém que foi eleito pelo povo, democraticamente. rou no Rio Kasai, no cen-
mier italiano, Silvio Berlusconi, voltou a comparecer a Berlusconi ainda classificou as acusações contra tro do país. No ano passa-
um tribunal de Milão no caso Mediatrade, no qual é ele como “pura invenção”. No caso Mediatrade, ele é do, outro barco havia
acusado de fraude fiscal e apropriação indébita. Essa acusado de inflar os preços pagos por direitos tele- afundado no mesmo rio,
foi sua terceira aparição diante de juízes desde o iní- visivos de séries adquiridas nos EUA, e desviar a di- matando 200. Com pou-
cio do ano, depois que o escudo que o protegia da ferença para fundos políticos e contas no exterior. Se cas estradas, o transporte
Justiça foi parcialmente derrubado. Durante a sessão, for culpado, ele pode pegar até 15 anos de prisão. fluvial é popular no país.
que durou três horas e meia, Berlusconi voltou a ne- Segundo o advogado Nicolò Ghedini, o premier fez
gar as acusações de fraude fiscal e apropriação in- uma declaração espontânea de alguns minutos du- ● ATAQUE A TRENS
débita. Antes de entrar na sala, o Cavaliere não per- rante a audiência, na qual explicou que o procedi- Argentinos furiosos com o
deu a chance de atacar os magistrados de Milão — mento adotado pela Mediatrade era perfeitamente atraso de trens metropoli-
responsáveis também pelo caso Ruby, no qual é acu- compatível com o modo de operação do mercado in- tanos colocaram fogo em
sado de prostituição de menor e abuso de poder. ternacional de compra de direitos televisivos. oito vagões, em três dife-
— Há alguma coisa que não está indo na direção Na saída, o Cavaliere foi ovacionado por simpa- rentes estações perto de
certa quando uma democracia tem seus líderes hu- tizantes que o aguardavam na porta do tribunal. Buenos Aires. Num dos
milhados ao terem que passar horas numa corte en- Questionado como havia sido a audiência, o pre- ataques, um grupo empur-
quanto importantes eventos internacionais estão mier se limitou a dizer: “Bem, bem, tudo tranqui- rou para fora do veículo o
acontecendo — afirmou o premier, referindo-se à lo”. Um grupo de membros do Povo Roxo, orga- condutor do trem e um
morte de Osama bin Laden. — Essas são tentativas nização civil anti-Berlusconi, foi afastado pela po- inspetor. Caixas, máquinas
subversivas (dos magistrados). Basta apenas que um lícia. Os manifestantes exibiam cartazes como de venda de bilhetes e câ-
desses golpes funcione para eliminar da vida política “Silvio, desista”, e pediam justiça. BERLUSCONI É abordado por jornalistas na entrada da corte meras foram depredadas.
O GLOBO ● CIÊNCIA ● PÁGINA 26 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 20: 53 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

26 Terça-feira, 3 de maio de 2011

O GLOBO

.
CIÊNCIA

Rede antitempestades
EUA testam novo sistema que acelera previsão de tornados e chuva extrema

U
Reuters/24-04-2011
ma semana depois da
pior onda de tornados já
registrada no mundo, os
Estados Unidos se pre-
param para testar um novo sis-
tema de detecção de tempesta-
des extremas, que funciona pra-
ticamente em tempo real. Em vez
de apenas um grande e poderoso
radar Doppler (como o que existe
no Rio de Janeiro), o sistema é
baseado numa rede de pequenos
radares distribuídos por dezenas
de lugares. O sistema será tes-
tado em Dallas e cidades vizi-
nhas, no Texas.
Entre os dias 27 e 28 de abril
mais de 160 tornados deixaram
um rastro de destruição em sete
estados do sul dos EUA. Abril
teve 600 tornados, o maior nú-
mero desde que começaram os
registros, em 1950. Duzentas e
noventa e cinco pessoas morre-
ram, mas o número de vítimas
poderia ser ainda maior se o país
não contasse com um sistema de
previsão e alerta.

Alerta em menos de
quatro minutos
● Tornados podem se formar em
até cinco minutos. Ainda assim,
muitas vezes esse tempo é con-

Software antecipa formação

AFP

siderado por especialistas suficien-

te para salvar vidas, se houver um
sistema de alerta que treine, avise e
oriente a população. Porém, a série
de tempestades de abril foi tão
violenta e atingiu uma área tão
grande, que muitos tornados e en-
chentes-relâmpago escaparam dos
radares. O novo sistema promete
tornar a detecção de tempestades
violentas e de evolução rápida mais
eficiente.
— Uma rede de pequenos ra-
dares funciona como uma série de
olhos bem atentos. Poderemos an-
tecipar uma tempestade antes que
ela se torne perigosa — diz V. Chan-
drasekar, vice-diretor do Centro de
Pesquisa da Atmosfera dos EUA
(Casa, na sigla em inglês).
Muitos tornados simplesmente
nunca são registrados no radar
Doppler. As antenas do Doppler
captam novas imagens a cada cinco
minutos, mas tornados podem ar-
rasar uma região e desaparecer em
menos tempo do que isso, explica
Edward P. Cravens, diretor do sis-
tema de controle de emergências
do condado de McClain County, em
Oklahoma. O sistema Casa teve um
protótipo testado lá.
— Poderemos acompanhar toda a
evolução de uma tempestade e dar
um alerta em menos de quatro mi-
nutos — observa Cravens.
Para William F. Bunting, diretor
do escritório do Serviço Nacional
de novos engarrafamentos
● Imagine receber, ao sair de casa,
uma mensagem de texto alertando
onde haverá engarrafamentos dali a
pouco mais de meia hora, além da
indicação de vias alternativas. O so-
nho de qualquer motorista já é rea-
lidade para cerca de dez moradores
de San Francisco, na Califórnia. São os
primeiros usuários de um programa
desenvolvido por IBM, Universidade
da Califórnia e pelo Departamento de
Trânsito daquele estado americano.
DESTRUIÇÃO: Em Scooba, Mississippi, um dos 160 tornados que devastaram o O software não ficará restrito por
muito tempo: seus idealizadores es-
sul dos EUA em 27 de abril. Acima, devastação em Pleasant Grove, Alabama peram vê-lo funcionando, em breve,
em todo o mundo.
do Tempo em Fort Worth, Texas, a deria ter grande aplicação no con- A previsão de engarrafamentos é
rede de pequenos radares será ain- trole do trânsito. No Texas, o Casa possível devido à combinação de
da melhor para prever chuvas tor- custará cerca de US$ 250 mil, sem dados do tráfego, colhidos em tem-
renciais e enchentes-relâmpago, contar os gastos com instalação e po real, com registros acumulados
problemas muito mais frequentes manutenção. Molly Thoerner, di- em outras ocasiões. Com isso, é
do que tornados. Segundo espe- retora da Defesa Civil da região de possível prever o trânsito intenso
cialistas, redes semelhantes pode- Dallas-Fort Worth, disse que o Ca- até 40 minutos antes de sua for-
riam ser usadas em outros países. sa poderá também aumentar a mação. Os motoristas são alerta-
O Casa foi desenvolvido pelas precisão dos alertas. Hoje, cerca dos por e-mail e SMS.
universidades do Colorado, Mis- de 80% daqueles referentes à tor- — Se você está na rua e um painel
sissippi e Oklahoma. nado acabam não sendo seguidos avisar “engarrafamento nos pró-
Especialistas em desastres na- por tempestades, o que prejudica ximos oito quilômetros”, você terá
turais disseram que o sistema po- a credibilidade. poucas opções — pondera Naveen
derá detectar tempestades em for- Lamba, da IBM. — Mas, se receber
mação em áreas menores e po- Com o “New York Times” essa informação antes de iniciar o
caminho, poderá decidir por ficar
em casa, sair mais tarde ou es-
colher outro caminho.
Informações sobre a intensidade e
a velocidade do tráfego são forne-
cidas por sensores dispostos pela
estrada. Quando um veículo dirige
dentro desse perímetro monitorado,
provoca uma mudança temporária na
corrente elétrica local. Os dados re-
colhidos desta forma alimentam a
ferramenta de previsão do tráfego.
O software também se baseia em
dados de GPS de smartphones de
seus usuários para saber o seu tempo
de viagem e as rotas preferenciais, e,
assim, recomenda vias alternativas.
A IBM espera expandir mundial-
mente o serviço. Mas sabe que o
acúmulo de usuários em uma re-
gião pode ser problemático. Afinal,
se todos contarem com uma mes-
ma informação sobre rotas alter-
nativas, o engarrafamento será ape-
nas desviado de um ponto para
outro. Para que isso não ocorra, a
empresa prepara outro software,
que calcula como as previsões já
realizadas podem intensificar o
trânsito de ruas indicadas como
opções para os motoristas. ■

Gordura retirada em lipoaspiração

Scott Audette/Reuters

volta em regiões diferentes do corpo
Organismo ‘defende’ a gordura e repõe o número de células, diz pesquisa
● Pesquisadores da Universi-
dade de Columbia, nos Esta-
dos Unidos, chegaram a uma
conclusão inesperada sobre a
lipoaspiração: toda a gordura
removida retorna ao corpo,
mas em partes diferentes de
onde foi retirada.
O estudo foi realizado com
32 mulheres de mais de 30
anos e peso médio. Metade
delas teve uma quantidade
modesta de gordura removida
de quadris e coxas por lipoas-
piração, enquanto a outra par-
te fez dieta. Um ano após o
procedimento, a gordura re-
movida retornou e foi redis-
tribuída pelos membros supe-
riores — em volta dos ombros,
braços e parte superior do
abdômen.
As medidas das mulheres
foram registradas após seis se-
manas, seis meses e um ano do
estudo, o que revelou como o
corpo “defende” a gordura.
Após seis semanas, as pacien-
tes operadas perderam 2,1%
de gordura, contra 0,28% das
mulheres no grupo da dieta,
mas essa diferença desapare-
ceu após um ano. Embora as
coxas das que passaram por
cirurgia tenham permanecido
mais finas após um ano, a gor-
dura havia se acumulado na
região do estômago.
O pesquisador Rudolph Lei-
bel, que estuda obesidade na
Universidade de Columbia,
disse ao “New York Times”
que o corpo controla o nú-
mero de células de gordura
tão cuidadosamente quanto a
quantidade de gordura. Quan-
do uma célula de gordura mor-
re, o corpo produz uma nova
para substituí-la. Com a li-
poaspiração, a estrutura em
rede sob a pele é destruída,
motivo pelo qual as células
ENDEAVOUR:
Lançamento
só após dia 10
● O lançamento do ônibus
espacial Endeavour — na
foto em sua rampa de lan-
não retornam à região do cor- çamento, no Centro Espa-
po de onde foram removidas. cial Kennedy, em Cabo Ca-
Em contrapartida, o corpo naveral, na Flórida — não
compensa sua perda produ- deve acontecer antes do
zindo novas células de gor- dia 10, segundo a Nasa.
dura em outras áreas. A 25 a-e última viagem do
A lipoaspiração é um pro- ônibus espacial estava
cesso bastante agressivo que prevista para sexta-feira
consiste na introdução de um passada, mas técnicos
tubo sob a pele que suga a identificaram um proble-
gordura. Coxas e abdômen — ma de aquecimento na li-
as áreas onde mais se realiza o nha de combustível de
procedimento — encolhem, uma unidade de energia
apresentando um resultado auxiliar, o que obrigou a
que levaria meses de dieta pa- agência espacial a suspen-
ra ser alcançado. der o lançamento.
Apesar dos resultados ques- Uma nova tentativa de-
tionáveis, as mulheres que veria ter acontecido on-
participaram do estudo fica- tem, mas de acordo com a
ram felizes com o tratamento, perícia, será necessário
segundo os pesquisadores. E mais tempo para remo-
as pacientes do grupo de con- ção, nova instalação e tes-
trole também não se sentiram tes com a estrutura da-
desencorajadas — mais da me- nificada.
tade ainda optou por uma li-
poaspiração. ■
O GLOBO ● ● PÁGINA 1 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 17 h
O FIM DE
BIN
LADEN
NOVA-IORQUINOS comemoram na Times Square a morte de Bin Laden: cidade concentrou maior número de vítimas nos ataques de 11 de Setembro. Para Barack Obama, “o mundo está mais seguro”
Festa e alerta nos EUA
após morte de terrorista
Onda de comemoração varre o país em meio a medidas de segurança e advertência
sobre possíveis represálias da al-Qaeda. Destino do corpo de Bin Laden gera polêmica
Fernando Eichenberg
A
Correspondente • WASHINGTON
morte de Osama bin Laden —
personificação do maior símbolo
do terror no mundo — numa ope-
ração das forças americanas no
Paquistão deflagrou uma onda de
comemoração nos Estados Uni-
dos, num momento de patriotis-
mo e comunhão nacional, reacendendo o pres-
tígio político do presidente Barack Obama. Mas
veio acompanhada, também, pelo temor de no-
vos ataques em represália. A segurança nos ae-
roportos e estações de trem foi reforçada. No
exterior, todas as missões diplomáticas dos
EUA foram colocadas em estado de alerta má-
ximo contra o “aumento potencial” da proba-
bilidade de “violência antiamericana”. E mesmo
outras embaixadas estrangeiras, como a brasi-
leira, fecharam mais cedo ontem em Islamabad.
Por outro lado, a ausência de imagens do corpo
e seu sepultamento no mar desataram novas
polêmicas, gerando especulações se o líder ter-
rorista havia sido realmente morto.
— Este é um dia bom para os EUA — disse
Obama, na Casa Branca. — O mundo está
mais seguro. É um lugar melhor devido à
morte de Osama bin Laden.
Grupo já se preparava
para substituir seu líder
● O entusiasmo do presidente, no entanto, vem
acompanhado de preocupação. O diretor da
CIA, Leon Panetta — nomeado futuro secretá-
rio da Defesa — avaliou ontem como “quase
certa” a tentativa de vingança pela morte do
líder da organização terrorista al-Qaeda.
“Bin Laden está morto, mas a al-Qaeda, não.
Os terroristas quase certamente vão tentar vin-
gar sua morte, e nós devemos, e vamos, nos
manter vigilantes e resolutos”, escreveu numa
O GLOBOTERÇA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2011 • 2ª edição
Este é um dia bom para os EUA. O mundo está mais seguro.
É um lugar melhor devido à morte de Osama bin Laden”
POLICIAIS PATRULHAM a Grand Central Station, em Nova York, no dia seguinte à morte de Bin
Laden numa operação militar americana no Paquistão: temor de novos atentados na cidade
mensagem aos seus agentes. “Não descansare-
mos até que o último (terrorista) tenha sido en-
tregue à Justiça. Uma promessa foi cumprida. E
uma guerra será vencida”, concluiu Panetta,
que comandou a Operação Geronimo, que ma-
tou o terrorista.
O grupo fundamentalista islâmico Talibã
confirmou os receios do chefe da agência cen-
tral de inteligência americana, ameaçando os
EUA e líderes políticos paquistaneses.
— Agora, os governantes paquistaneses, o
presidente (Asif Ali) Zardari e o Exército serão
nossos primeiros alvos. Os EUA serão o nosso
Stephen Chernin/AP
segundo alvo — declarou Ehsanullah Ehsan,
porta-voz dos talibãs no Paquistão.
A morte de Bin Laden é considerada por go-
vernantes e analistas como um marco de extre-
mo simbolismo, mas longe de determinar o fim
do terrorismo. Na França, o presidente Nicolas
Sarkozy lembrou que isso não significa a morte
da al-Qaeda. O premier britânico, David Came-
ron, disse que o Ocidente deve ficar vigilante.
— O desaparecimento de Bin Laden não sig-
nifica a decapitação da ameaça terrorista e da
al-Qaeda — reforçou Robert Hass, ex-funcioná-
rio do Departamento de Estado e presidente do
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos
Mary Altaffer/AP
Conselho de Relações Exteriores. — Foi morto
um vírus, mas a doença continua.
A segunda tentativa de assassinato de Bin
Laden foi o seu sepultamento no mar: com
isso, as autoridades tentam matar o mito,
evitando que o local de seu enterro se torne
alvo de peregrinações, afirmam analistas.
Hass adverte que a al-Qaeda já vinha se pre-
parando para a eventualidade da morte de seu
simbólico e principal líder ao promover a des-
centralização de poder e a dispersão de células
de ação. O egípcio Ayman al-Zawahiri, o n o- 2 na
hierarquia do grupo até a morte de Bin Laden,
permanece vivo e em atividade — apesar de
não ter a mesma popularidade de seu mentor.
Além disso, a organização tem um perigoso po-
tencial de ataque a partir de países como Pa-
quistão, Iêmen, Somália ou Argélia.
Nos EUA, as autoridades se anteciparam, au-
mentando a segurança em cidades como Nova
York, Los Angeles, Boston e Chicago. Uma rua
da Times Square, em Nova York, chegou a ser
fechada após um pacote suspeito ser encontra-
do. Mas a secretária de Segurança Interna, Ja-
net Napolitano, descartou no momento a utili-
zação do novo sistema de alerta terrorista —
que passou a usar os níveis elevado e iminente,
em substituição à classificação por cores.
— Só emitiremos alertas quando tivermos
uma informação específica ou crível para trans-
mitir à população americana — afirmou.
O Departamento de Estado, “dada a vola-
tilidade da situação”, aconselhou os cida-
dãos americanos em áreas de risco a limitar
seus deslocamentos e a permanecer distan-
tes de aglomerações. Embaixadas e consu-
lados poderão suspender temporariamente
seus serviços ao público. Num pronuncia-
mento, a secretária de Estado , Hillary Clin-
ton, disse que a mensagem de Washington
aos terroristas permanecerá inalterada, e
“agora com maior ressonância”:
— Vocês não nos derrotarão. Mas vocês po-
dem fazer a escolha de abandonar a al-Qaeda e
participar num processo político pacífico. ■
O GLOBO ● ● PÁGINA 2 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 13 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

2 ●
ESPECIAL O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

O FIM DE

BIN
Osama bin Laden foi responsável “O Kremlin dá boas-vindas ao grande
pelas maiores atrocidades terroristas que sucesso que os Estados Unidos
o mundo já viu. É um grande sucesso que obtiveram na guerra contra o
ele tenha sido encontrado” terrorismo internacional”

LADEN David Cameron, primeiro-ministro britânico Dmitri Medvedev, presidente da Rússia

Como Bin Laden foi morto 200 km

Depois de dez anos de buscas, o governo dos O ESCONDERIJO UZBEQUISTÃO TADJIQUISTÃO

EUA localizou e matou o terrorista mais TURCOMENISTÃO
procurado da História. Logo depois do CHINA
A cidade onde Osama estava Escolas e
atentado às Torres Gêmeas, em dezembro de escondido, fica a 50km ao universidades
2001 o Exército americano perdeu a chance de norte de Islamabad, a capital Academia
do país. Tem cerca de 90 mil Hospitais Militar Cabul
capturar Bin Laden nas montanhas de Tora habitantes e é conhecida no
Bora, no Afeganistão. O terrorista teria fugido país por contar com excelentes Mesquitas 1
após uma trégua entre os soldados dos EUA e instituições de ensino Tora Bora
o Talibã. Três anos antes, no Sudão, depois de
a al-Qaeda ter atacado duas embaixadas em AF
AFEGANISTÃO Islamabad
países africanos (Quênia eTanzânia), os
americanos bombardearam uma fábrica de
medicamentos pensando que ela pertenceria a ABBOTTABAD
AB OT D
Bin Laden, e que ele estaria lá. Mas isso não se Casa ocupada
PAQUISTÃO
m

confirmou: o terrorista provavelmente já pelo terrorista

kora

estaria no Afeganistão.
Kara
ovia

ÍNDIA
Rod

IRÃ

Porta-aviões
CENT
CENTRO 2 Carl-Vinson
Campo de golfe

Muro de 3 metros A POLÊMICA DO CORPO

Líderes muçulmanos reprovaram o fato dos EUA
Muro de terem sepultado no mar o líder da al-Qaeda
5 metros
me O corpo de Bin Laden foi
1 levado para o Afeganistão
2 O corpo foi levado
A casa não tinha para o porta-aviões
COMO FOI A telefone e nem Carl-Vinson. Os
restos mortais
OPERAÇÃO internet
foram lavados
O ataque à casa onde o líder da
al-Qaeda estava escondido teria
começado por volta das 22h30m
de domingo. Os detalhes ainda são
escassos. Segundo as autoridades
ad Na parte norte, CASA DE
de frente para a
norte-americanas, a operação foi rua, os vidros TRÊS
conduzida com helicópteros das janelas são ANDARES
opacos
O corpo foi posto em
um pano branco,
Fontes militares Um muro de 2 metros introduzido em
dizem que quatro de altura cerca o último uma bolsa
helicópteros andar, garantindo a com lastro.
participaram da privacidade de quem Um texto
invasão. Uma força estava lá dentro religioso foi
especial – os Seals – lido e a
teria entrado na casa bolsa,
onde Bin Laden Portão jogada
estava escondido ao mar

A IDENTIFICAÇÃO
IDENTIFIICAÇÃO
Autoridades americanas disseram que vários
métodos foram usados para comprovar a
identidade de Osama bin Laden. Dois métodos
foram especificados
Portão DNA
O lixo era
queimado neste Para fazer o teste de DNA, investigadores
local, e não americanos compararam o material genético do
recolhido corpo de Bin Laden com o de uma de suas
irmãs, que morreu há alguns anos num hospital
americano e cujo material genético foi
deliberadamente guarado. O exame, que
compara áreas específicas do DNA, foi realizado
no Afeganistão e mostrou queue o corpo era
Muro de mesmo de Bin Laden. O DNA A foi comparado
3,5 metros com o de outros paparentes não
ão especificados do
de altura terrorista,
ista, todos dando
da o mesm
mesmo
smo resultado.
o.
Os helicópteros fora
foram
ram recebidos
com tiros mas, mesmo
esmo assim,
mes
a tropa invadiu o edifício.
edif
ed
Muro de Mais tiros
tir foram
f disparados
dis
dispa
3 metros
de altura OS SEALS
Os soldados que
mataram Bin
Cinco pessoas, incluindo Bin Laden, foram Laden, fazem parte
mortas no ataque. Nenhum americano foi de um grupo de
Rifle M4 com elite das Forças
ferido, mas um helicóptero se acidentou e lança-granadas
foi queimado pelos soldados Armadas
americanas, que já
Um de atuou na Segunda
Osama seus filhos Rifle PSG-1 Guerra Mundial, Reconhecimento facial
Submetralhadora com mira no Vietnã, no
Uma mulher – telescópica Foi usado o método padrão, que
supostamente te MP5 Iraque e no comparou minuciosamente
sua esposa – Afeganistão medidas do rosto de Bin Laden,
que teria sido
do Pistola obtidas em fotos, com as da face
usada como 9mm do homem morto no Paquistão.
escudo pelosos A tecnologia de reconhecimento
terroristas facial busca por características
Codificador
Dois mensageiros Mina Binóculo para de mensagens extremamente específicas do rosto
direcional visão noturna por rádio de uma pessoa.

OS PRINCIPAIS ATAQUES DA AL-QAEDA NÚMERO DE MORTES

7 de agosto 12 de outubro 11 de março 12 de CAUSADAS PELA AL-QAEDA* Jordânia
EMBAIXADAS BALI MADRI dezembro 65
Iraque
Caminhões com Bombas Dez bombas ARGÉLIA
bombas são explodem explodem em Dois carros- 2.571
atirados contra numa boate quatro trens bomba Reino Unido 52
embaixadas no lotada de lotados de atingem Espanha
Quênia e na turistas passageiros a escritórios 191
Tanzânia caminho do Afeganistão 96 331
trabalho
Argélia
EUA 201 Indonésia
2.982 215
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Arábia
Saudita Tanzânia Quênia Paquistão
7 de julho 102 11 218 146
11 de setembro LONDRES 29 de outubro
EUA Três trens de metrô e BOMBAS EM AVIÕES PAÍSES COM MAIOR
Membros da um ônibus são Dois pacotes contendo
al-Qaeda sequestram atingidos por bombas. uma bomba cada NÚMERO DE ATAQUES 34 41 47
21
aviões e os atiram Os terroristas eram foram encontrados em 5 5 6 6 6
contra o World Trade imigrantes que viviam aviões cargueiros
Center e o no país, sendo somente saindo do Iêmen a Turquia Marrocos Iêmen Filipinas Jordânia Arábia Paquistão Afeganistão Argélia Iraque
Saudita
Pentágono inspirados pela rede caminho dos EUA
*Classificado por total mortes por agosto 1998 para dezembro 2009
O GLOBO ● ● PÁGINA 3 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 23 h
Terça-feira, 3 de maio de 2011 • 2ª edição
O FIM DE
BIN
LADEN
WASHINGTON
A
informação de que o cor-
po de Osama bin Laden
foi sepultado no mar, di-
vulgada ontem por auto-
ridades americanas, levou líde-
res religiosos a acusarem os EUA
de desrespeito aos preceitos do
Islã e motivou até mesmo espe-
culações de que o líder terrorista
não teria sido morto de fato.
O governo americano disse
que o corpo de Bin Laden foi le-
vado a um porta-aviões e, de lá,
jogado no Mar Arábico, após ser
lavado conforme os costumes is-
lâmicos e receber um funeral re-
ligioso. As preparações levaram
mais de uma hora afirmou John
Brennan, assessor do presidente
americano, Barack Obama, para
o contra-terrorismo.
Fontes do governo dos EUA
dizem que o sepultamento no
mar foi uma solução para a difi-
culdade de encontrar um país
que aceitasse receber o corpo, e
uma maneira de evitar o culto
ao túmulo do terrorista. A Ará-
bia Saudita, onde Bin Laden nas-
ceu, recusou-se a receber o ca-
dáver. O país revogou a naciona-
lidade do terrorista em 1994,
transformando-o em apátrida.
O sepultamento no mar con-
traria o costume islâmico, que
determina que o corpo seja en-
terrado, com a cabeça virada pa-
ra a cidade sagrada de Meca, e
contrasta ainda com o modo co-
mo os EUA lidaram com a morte
de outro grande inimigo, o dita-
dor iraquiano Saddam Hussein,
cujo enforcamento foi divulgado
para que não houvesse dúvidas
quanto à sua morte (mesma prá-
tica usada pelo Exército bolivia-
no com o guerrilheiro argentino
Che Guevara, ou pelos revolucio-
nários romenos que executaram
o ditador Nicolae Ceausescu).
— Os americanos querem hu-
milhar os muçulmanos com es-
se sepultamento, e eu não acho
que isso seja do interesse do go-
verno dos EUA — declarou on-
tem o clérigo libanês Omar Ba-
kri Mohammed.
Falta de imagem
alimenta dúvidas
● O governo dos EUA diz ter con-
sultado especialistas para tomar
a decisão, e para defendê-la invo-
cou a recomendação tradicional-
mente atribuída a Maomé de que
os mortos sejam rapidamente
sepultados. As críticas, no entan-
to, vieram de todas as partes do
mundo islâmico, de acadêmicos
a líderes religiosos.
— Se é verdade que jogaram o
Obama assiste ao ataque em tempo real na Casa Branca
Ação de 40 minutos que matou terrorista e filho é resultado de anos de investigação. Pista surgiu em Guantánamo
● WASHINGTON. Na Casa Branca,
o presidente Barack Obama
acompanhou em tempo real a
operação que pôs fim a uma dé-
cada de caçada a Osama bin La-
den. Num telão na chamada Si-
tuation Room, ele e assessores
acompanharam os Seals —
agentes da tropa de elite da Ma-
rinha americana — descerem
por cordas de helicópteros de
combate no complexo fortifica-
do em Abbottabad, cidade a 50
quilômetros da capital paquista-
nesa, no meio da noite.
— O presidente e assessores
assistiram à operação em te-
lões. Os minutos pareciam de-
morar horas — disse o conse-
lheiro do Segurança Nacional,
John Brennan, ontem. — Se ti-
véssemos a oportunidade de pe-
gá-lo vivo, pegaríamos. Ele esta-
va engajado no tiroteio, não sei
se ele tinha uma arma na mão.
Mansão ficava perto de
academia militar
Os EUA não deram detalhes
da ação de domingo à noite, mas
fontes no governo disseram que
Bin Laden morreu com um tiro
na cabeça e outro no peito. Elas
contaram que 20 a 25 Seals, nu-
ma operação comandada pela
CIA, desceram de helicópteros
Blackhawk e Chinook por cordas
no complexo, usando óculos de
visão noturna. Com Bin Laden
morreram mais três homens —
Amorteea
mortedeOsama
Líderes muçulmanos dizem que decisão americana de sepultar corpo do terrorista
no mar desrespeita lei islâmica; objetivo seria evitar culto a restos mortais
OBAMA DISCUTE com um assessor, na Casa Branca, as informações recebidas da missão que matou Bin Laden: Arábia Saudita, onde terrorista nasceu, se
recusou a receber o corpo; falta de imagens da morte contrasta com divulgação da execução de outro inimigo, o ditador iraquiano Saddam Hussein (no alto)
corpo ao mar, o Islã é oposto —
sentenciou Mahmoud Azab, da
Universidade al-Azhar, no Egito,
principal centro mundial de es-
tudo sunita. — O corpo tem dig-
nidade, seja de uma pessoa as-
sassinada ou que morreu de cau-
sas naturais. Deve-se respeitar o
corpo, de um religioso ou não,
muçulmano ou não.
Sepultamentos no mar são
permitidos no Islã, mas apenas
se o defunto morreu em alto mar,
longe da terra, e o corpo não po-
de ser preservado até a volta ao
continente. Para os muçulmanos
que tomarem Bin Laden como
um deles, seu filho — e uma mu-
lher. Segundo Brennan, ela seria
uma das esposas do terrorista e
teria servido de escudo huma-
no. Uma fonte do governo, no
entanto, desmentiu mais tarde a
informação, dizendo que a espo-
sa do terrorista havia sido ape-
nas ferida.
Os Seals levaram o corpo de
Bin Laden — chamado na ope-
ração pelo codinome “Geroni-
mo”, uma referência ao chefe
apache que lutou contra os
O GLOBO
A cooperação com o Paquistão nos ajudou a
chegar a Bin Laden. Estamos comprometidos
com essa parceria. Achamos que ela é do
interesse da segurança dos EUA”
Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA
um mártir, ou shaid, por ter sido
morto durante uma guerra san-
ta, as orações funerárias seriam
desnecessárias, pois ele seria
considerado para todos os efei-
tos como ainda vivo. Bastaria um
enterro simples, mas em nenhu-
ma hipótese no mar.
— Enterros no mar são per-
mitidos aos muçulmanos em
algumas circunstâncias, mas
essa não é uma delas — afir-
mou ontem o mufti de Dubai,
Mohammed al-Qubaisi.
Bin Laden pertencia ao
wahabismo, uma das corren-
tes mais estritas e radicais do
Reuters
A EDIÇÃO
especial da
revista “Time”
sobre a morte
de Bin Laden
traz um “x”
vermelho sobre
o inimigo
abatido: recurso
foi usado
também com
Hitler (1945);
Saddam
(2003); e Abu
Musab al-
Zarqawi (2006)
EUA no século XIX — identifi-
cado por uma de suas espo-
sas, para o Afeganistão e en-
tregaram os presos ao Paquis-
tão. Segundo os EUA, um heli-
cóptero caiu, mas por proble-
mas técnicos.
Toda a operação durou ape-
nas 40 minutos, mas foi o re-
sultado de anos de investiga-
ção. A pista que levou os EUA
a encerrarem a caçada surgiu
durante os interrogatórios na
prisão de Guantánamo.
Islã, e que se opõe à peregrina-
ção a sepulturas.
Para o professor de Direito In-
ternacional e Comparado da
USP, Masato Ninomiya, a Con-
venção de Genebra (1949), que
trata da identificação e sepulta-
mento dos corpos de soldados
inimigos, não se aplicaria a Bin
Laden, pois ele era um terrorista
que não representava qualquer
nação. A convenção determina
que os países em guerra devem
tentar identificar os corpos na
medida do possível depois de
um minucioso exame. De prefe-
rência, os corpos devem ser en-
Suspeitos de terrorismo reve-
laram o codinome de um prote-
gido de Khalid Sheikh Muham-
mad — acusado de planejar os
atentados de 11 de Setembro —
identificando-o como um men-
sageiro de confiança de Bin La-
den. A inteligência americana
chegou, em 2007, ao nome ver-
dadeiro do mensageiro. Foram
necessários mais dois anos para
descobrir a região onde ele ope-
rava e começar a rastreá-lo.
Finalmente em agosto pas-
sado, as pistas levaram até
uma mansão em Abbottabad,
cidade com 90 mil habitantes
e sede de uma base e de uma
academia militar — esta, a cer-
ca de 700 metros da casa. Nu-
ma rua de terra, a casa era oito
vezes maior do que as demais.
E, apesar de avaliada em US$ 1
milhão, não tinha linha telefô-
nica nem internet.
Paquistão teria enviado
caças de interceptação
Em setembro, a CIA con-
cluiu que havia uma forte pos-
sibilidade de ser Bin Laden.
Foram necessários alguns me-
ses para os agentes se certifi-
carem e Obama dar o sinal ver-
de. Um bombardeio foi descar-
tado: ele reduziria o local a es-
combros e poderia matar ci-
vis. Em 15 de março, Obama
presidiu a primeira das cinco
reuniões de segurança nacio-
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
“Esta foi uma operação unilateral dos Estados
Unidos. Não notificamos antecipadamente
nenhum de nossos parceiros”
Um alto funcionário do Departamento de Defesa dos EUA
Pete Souza/ Casa Branca
terrados conforme os rituais re-
ligiosos do soldado e o local de
sepultamento identificado para
que, após a guerra, os corpos
possam voltar às suas nações.
A falta de uma imagem do ca-
dáver de Bin Laden produziu
também especulações em blogs
e redes sociais sobre a veracida-
de da informação de sua morte.
A Casa Branca afirmou que tem
fotos do corpo, mas não decidiu
ainda se vai divulgá-las. Ontem à
noite, uma busca pela frase “Osa-
ma Bin Laden está morto mes-
mo?” em inglês, no Google, retor-
nava mais de 5 mil resultados. ■
nal para discutir a operação. A
última foi na sexta-feira. Dian-
te de Thomas Donilon, conse-
lheiro de Segurança Nacional,
e de John Brennan, assessor
de Contraterrorismo, deu o
OK final.
O plano, no entanto, não te-
ria sido compartilhado com o
Paquistão. Embora Islamabad
afirme ter participado da mis-
são, ontem vazou a informa-
ção de que, desavisado, o Pa-
quistão enviou caças para in-
terceptar os helicópteros.
— Esta foi uma operação uni-
lateral dos EUA. Não notifica-
mos antecipadamente nenhum
de nossos parceiros — disse um
alto funcionário de Defesa.
Era de tarde nos EUA quando
Obama soube da morte de Bin
Laden e, depois, de sua identi-
ficação por DNA. “Geronimo E-
KIA” (killed in action, morto em
combate), disse um comandan-
te na cena do ataque.
— Nós o pegamos — excla-
mou Obama.
Na sala da CIA, Leon Panetta
— chefe da agência e futuro
secretário de Defesa — co-
mandava a operação militar.
Ele e seus assessores, que
também acompanhavam a
missão, explodiram numa co-
memoração. Na TV, no fim da
noite de domingo, Obama
anunciaria:
— A justiça foi feita. ■
ESPECIAL ●
3
AFP/30-12-2006
CORPO A CORPO
ALFREDO LEONI
‘No fundo,
estamos todos
apreensivos’
● Em entrevista ao GLOBO
por telefone, o embaixador
do Brasil em Islamabad, Al-
fredo Leoni, relatou o clima
de apreensão no Paquistão
após a morte de Bin Laden,
e explicou que a operação
surpreendeu a todos na ca-
pital paquistanesa, pois
ninguém imaginava que o
terrorista saudita estivesse
escondido tão perto dali.
Renata Summa
O GLOBO: A cidade onde
estava escondido Bin La-
den fica relativamente
perto da capital. Em Isla-
mabad, vocês souberam
da operação quando ela
estava em andamento?
ALFREDO LEONI: Não, a
operação pegou a todos
de surpresa. Ninguém po-
dia imaginar que ele esti-
vesse relativamente per-
to da capital. Todos os
que achavam que ele es-
tava no Paquistão acredi-
tavam que ele estava na
fronteira com o Afeganis-
tão. A cidade onde ele es-
tava escondido, Abbotta-
bad, é conhecida por ter
uma grande presença mi-
litar, é a sede de uma
grande academia militar.
Seria um lugar imprová-
vel para a estada dele.
● Como está o clima no
Paquistão após o anúncio
da morte de Bin Laden?
LEONI: O clima passou ini-
cialmente de uma grande
surpresa a uma grande
apreensão, quando soube-
mos da notícia. Já à noite, a
situação é de tranquilida-
de, porque aqui no Paquis-
tão, as manifestações, ata-
ques e atentados normal-
mente ocorrem na parte da
tarde. Todas as embaixa-
das, instituições, os órgãos
do governo entraram em
alerta, com a possibilidade
de um atentado, de retalia-
ções. Trabalhamos só até
as 14 horas (de ontem),
quando começam as rezas
da tarde. Normalmente, é
nessa hora que as coisas
começam a complicar.
● Está havendo manifes-
tações na rua?
LEONI: Por enquanto, o
que está havendo é um
grande debate na TV. Há
muita movimentação nes-
se sentido, mas eu não
soube de nada de maior
consequência. Agora, es-
tamos vivendo uma tran-
quilidade aparente, mas
no fundo, estamos todos
apreensivos.
● O que muda no país com
a morte de Bin Laden?
LEONI: Ele já não estava
bem de saúde. A al-Qaeda
tem novas lideranças, o Ta-
libã tem novas lideranças.
A importância é mais sim-
bólica. Na prática tudo
continuará igual.
O GLOBO ● ● PÁGINA 4 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 16 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

4 ●
ESPECIAL O GLOBO 2ª edição • Terça-feira, 3 de maio de 2011
.

O FIM DE

BIN
Os nova-iorquinos esperaram quase 10 anos por "Se tivéssemos a oportunidade de
esta notícia. Minha esperança é que ela traga um pegá-lo vivo, pegaríamos. Ele estava
desfecho e conforto para quem perdeu pessoas engajado no tiroteio, não sei se ele tinha
amadas no 11/9” uma arma na mão"

LADEN Michael Bloomberg, prefeito de Nova York John Brennan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA

Um presidente
Charles Dharapak/AP

em seu melhor
momento
Criticado pela oposição por sua ‘incompetência
militar’, o democrata Obama larga na frente
para 2012 fazendo o que Bush não conseguiu
Fernando Eichenberg tes insurreições no mundo ára- ceu King.
be e pela polêmica intervenção O ex-governador de Massa-
Correspondente • WASHINGTON

O
na Líbia; e envolvido em bata- chusetts Mitt Romney, um dos
triunfo sobre Osama lhas decisivas na guerra do pré-candidatos republicanos
bin Laden é conside- Afeganistão, o presidente rece- para o pleito de 2012, também
rado um novo alento beu fôlego e argumentos novos aderiu ao clima:
para a imagem políti- para se impor no cenário polí- — Esta é uma grande vitória
ca do presidente americano tico nacional e rebater os ata- para os amantes da liberdade
Barack Obama e uma impor- ques da oposição — que, des- e da justiça em todo o lugar.
tante munição em seus cons- de domingo, perdeu boa parte Parabéns à nossa comunidade
tantes embates domésticos de seu poder de artilharia. de inteligência, aos nossos mi-
com a oposição republicana. litares e ao presidente.
O sucesso da operação contra
o maior inimigo dos EUA des- Presidenciável O ex-bombeiro Tim Brow, lí-
der do grupo conservador
de os atentados de 11 de se-
tembro de 2001 — uma faça- reconhece feito “11/9 Famílias por um EUA Se-
guro e Forte”, é mais um exem-
nha perseguida e não alcança- plo do espírito de conciliação
da pelo presidente George W. ● “Nós vamos matar Bin Laden”, favorável ao presidente:
Bush em dois mandatos con- prometeu o então candidato Ba- — Eu não sou um grande fã
secutivos — é, sem dúvida, rack Obama em 2008, em um de- de Obama, mas ele constante-
OBAMA FAZ um gesto havaiano ao anunciar a morte de Bin Laden: promessas antigas de assassinar terrorista
uma vantagem relevante para bate em meio à campanha pre- mente apoiou os ataques pre-

Desconfiança do governo americano aumenta

o atual titular da Casa Branca, sidencial contra o senador repu- cisos na guerra contra o terror
em sua ambição de manter o blicano John McCain. A inalcan- — admitiu.
cargo nas eleições presiden- çável fuga do líder terrorista se Em seu discurso à nação no

sobre laços do Paquistão com líderes terroristas

ciais do ano que vem. caracterizou como uma afronta domingo à noite, Obama apelou
Constantemente criticado diária a três governos sucessi- para a união nacional. A morte
pelos adversários por sua “in- vos — Bill Clinton, Bush e Oba- de Bin Laden provoca um im-
competência militar” e sua ma. No domingo, não havia cer- pacto psicológico e de fortaleci-
“debilidade estratégica” em teza absoluta de que Bin Laden Casa Branca acredita que Bin Laden contava com sistema de
mento do sentimento nacional
questões de inteligência e se- estava escondido no complexo apoio no país e lança investigação para identificar quem o ajudou
que obviamente será explorado
gurança nacional, Obama mar- residencial de Abbottabad, mas no marketing político democra-
cou um ponto crucial para re- o risco foi assumido. Mesmo ad- ta durante a campanha presi- Fernando Eichenberg ca, Washington desconfia da tipo de apoio ele possa ter ob-
verter o jogo e desacreditar versários políticos, como o re- dencial. Para muitos, George W. lealdade de Islamabad. tido em nível oficial dentro do
seus oponentes. publicano Peter King, presiden- Bush será identificado como o Correspondente Bin Laden estava escondido Paquistão — desconversou.
“As implicações políticas te da Comissão de Segurança In- presidente que declarou a guer-
● WASHINGTON. Enquanto o cor- no Paquistão, em uma residên- Brennan acredita que a mor-
domésticas são consideráveis. terna da Câmara, foram obriga- po sem vida de Osama Bin La- cia de Abbottabad, distante cer- te do principal líder terrorista
ra ao terror, e Obama, como o
Por gerações os republicanos dos a reconhecer o sucesso do den repousa nas profundezas ca de 700 metros de uma impor- mundial provocará “importan-
líder que eliminou Osama Bin
apontaram os democratas co- mandatário do país na Opera- de águas desconhecidas, guer- tante academia militar. Por iro- tes reverberações” na rede da
Laden. Uma percepção que, se
mo fracos em segurança na- ção Bin Laden: ras continuam a desafiar os Es- nia, o chefe militar do Paquistão, al-Qaeda na região.
funcionar e for duradoura, po-
cional e hostis aos militares. — Eu dou todo o crédito ao tados Unidos em superfícies general Ashfaq Parvez Kayani,
derá ter uma significativa in- — Vamos aproveitar essa
(A morte de Osama) agora vai presidente por isso. Foi preci- empoeiradas no Afeganistão, no proclamou em uma visita ao lo- oportunidade para demonstrar
fluência no resultado das urnas
criar obstáculos aos ataques so muita coragem — reconhe- no ano que vem. ■ Iraque ou na Líbia. Um dos mais cal, na semana passada, a “der- ao povo paquistanês, às pessoas
do Partido Republica- Kevin Frayer/AP emblemáticos e determi- rota” das forças do terrorismo. naquela área, que a al-Qaeda é
no, e permitir a Obama nantes embates para as algo do passado. E esperamos
ser mais proximamente políticas externa e de se- EUA querem mostrar que al- enterrar o restante da organiza-
identificado com os mi- gurança nacional do pre- Qaeda pertence ao passado ção junto com Bin Laden.
litares aos olhos do pú- sidente americano, Bara- A operação montada pelos Para Richard Hass, presidente
blico. Quais sejam as ck Obama, é o conflito EUA para chegar até Bin Laden do Conselho de Relações Exte-
consequências que isso disputado nas entranhas não foi informada às autorida- riores, o sentimento antiameri-
possa ter na guerra con- do Afeganistão, contra des paquistanesas, com receio cano no Paquistão ainda é “mui-
tra o terrorismo, foi um militantes do Talibã. de indesejáveis vazamentos. On- to forte”, e a situação dos EUA
golpe político de Oba- A colaboração do go- tem, o assessor da Casa Branca na guerra do Afeganistão se re-
ma e dos democratas verno do Paquistão, on- para assuntos de Segurança In- vela “extremamente difícil”. A Ín-
no caminho para 2012”, de os terroristas buscam terna e Contraterrorismo, John dia, que possui divergências
escreveu o cientista po- refúgio e suporte, é con- Brennan, assegurou que todas fronteiriças com o governo de
lítico Ross Baker, da siderada fundamental pa- as investigações possíveis estão Islamabad, acusou mais uma
Universidade Rutgers. ra a vitória das forças em andamento para descobrir vez ontem o Paquistão de servir
O fim da era Bin La- aliadas. Não é de hoje que tipo de ajuda Bin Laden re- de “santuário” para diferentes
den ocorre em um mo- que o governo america- cebia em seu esconderijo. organizações terroristas. Para
mento difícil e estratégi- no acusa a cumplicidade — Penso que seja inconcebí- Haas, enquanto se perpetuar a
co para Obama. Acossa- de líderes paquistaneses vel que Bin Laden não tenha ti- tensão entre os dois países vizi-
do pela maioria republi- e do serviço de inteligên- do algum sistema de apoio no nhos, o Paquistão não abdicará
cana na Câmara; censu- cia do país (ISI) com as país que permitiu a sua perma- de sua estreita ligação com o
rado pelas suas indeci- milícias rebeldes. Mas, nência por um longo período. terrorismo, dificultando os pla-
sões diante das recen- TROPAS AMERICANAS no Afeganistão assistem ao pronunciamento do presidente agora mais do que nun- Não vou especular sobre que nos americanos. ■

Matar Bin Laden não acaba com a al-Qaeda

Nicholas Kristof
● Faz nove anos e sete meses
desde que Osama bin Laden or-
questrou o 11 de Setembro,
mas uma operação americana
finalmente o matou. É o êxito
mais importante dos Estados
Unidos na guerra contra a al-
Qaeda. Mas matar Bin Laden
não acaba com a rede. O egíp-
cio Ayman al-Zawahiri, o núme-
ro 2 do grupo terrorista, tam-
bém tem tido grande papel. E a
al-Qaeda tem se mostrado mais
uma rede flexível do que uma rí-
gida estrutura organizacional.
A AIQM, versão da al-Qaeda
no Norte da África, é ameaça
real em países como Mali e
Mauritânia, mas a morte de Bin
Laden terá efeitos insignifican-
tes lá. Os terroristas da AIQM
podem admirá-lo, mas creem
ser independentes. E Anwar al-
Awlaki, terrorista no Iêmen liga-
do a Bin Laden, também não vai
querer se deter agora.
A morte de Bin Laden pode-
ria ter importado mais em 2002
ou 2003. Naquela época, em paí-
ses como o Paquistão, muitas
pessoas comuns tinham-no em
alta conta e duvidavam de que
ele tivesse papel central no 11
de Setembro. Aquela visão mu-
dou: a opinião popular ficou
contra ele, e não se veem mais
camisetas com Bin Laden à ven-
da. Alguns ainda têm algum res-
peito por sua capacidade de ter
sido mais esperto que os EUA,
ou são tão antiamericanos que
são a favor de qualquer um de
que nós não gostamos, mas Bin
Laden foi sendo marginalizado
ao longo do tempo.
O declínio da imagem de Bin
Laden significa ainda que ele
não será um mártir em muitos
círculos (apesar de que, se os
americanos aparecerem muito
festivos e triunfantes, dançando
no seu túmulo, podem criar rea-
ção simpática a Bin Laden).
Muitos paquistaneses, iemeni-
tas e afegãos vão dar de om-
bros e ir em frente. A morte de
Bin Laden não vai inspirar as
pessoas, efeito que teria em
2002. E a al-Qaeda já está pas-
sando por uma fase difícil por-
que foi posta de lado com os re-
centes protestos árabes. Com
tudo isso, perder seu grande lí-
der será uma grande pancada.
Será fascinante ver a reação
paquistanesa a uma operação
militar americana. Parece que
Obama realmente se esforçou
para enfatizar que Bin Laden
era inimigo tanto do Paquistão
quanto dos EUA, precisamente
por estar preocupado com a
reação dos paquistaneses.
Uma questão é se a morte de
Bin Laden auxiliará no rastrea-
mento de Zawahiri ou outros lí-
deres e quadros da rede terro-
rista, no Paquistão ou em outro
lugar. Também pode ajudar a
descobrir redes de financia-
mento ao terror. Imagine che-
gar ao laptop de Bin Laden.
Haverá novo ataque da al-
Qaeda? Talvez. Mas, afinal, a re-
de já tem tentado nos acertar. O
desafio é se podemos aprovei-
tar agora e desmantelá-la no Pa-
quistão e no Afeganistão. Se
sim, será mais fácil acabar com
a guerra no Afeganistão com
uma negociação entre o gover-
no Karzai e os talibãs. Apesar
de serem nocivos de várias for-
mas, os talibãs são voltados pa-
ra dentro, sem ligação com ter-
rorismo estrangeiro, exceto por
terem hospedado a al-Qaeda; se
figuras externas como Bin La-
den estão fora do circuito, um
acordo se torna mais viável.
Os EUA e o governo afegão
acreditam num acordo político,
em que os talibãs parem de lu-
tar. Permitir, claro, uma influên-
cia talibã levanta todo tipo de
questão, como o impacto nas
mulheres afegãs. Os talibãs po-
deriam ser uma catástrofe para
elas. Por outro lado, a guerra
também é uma catástrofe para
elas. E há indícios de que os ta-
libãs querem se comprometer
com algumas políticas, como a
escola para as meninas. Isso tu-
do teria de ser negociado.
NICHOLAS KRISTOF é colunista do
“The New York Times”
O GLOBO ● ● PÁGINA 5 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 23: 10 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 • 2ª edição O GLOBO ESPECIAL ●

5

O FIM DE

BIN
Não deixa de ter uma dimensão positiva, no “Apesar das diferenças de opiniões e
momento em que o mundo árabe se manifesta, do agenda, condenamos o assassinato de um
Marrocos ao Golfo, por mais liberdade de guerreiro árabe e rezamos para que sua
expressão, democracia, melhores oportunidades” alma descanse em paz”

LADEN Antonio Patriota, chanceler brasileiro Ismail Haniyeh, primeiro-ministro do movimento Hamas

Oriente Médio
Reuters/17-12-2001

reage com frieza

Morte do terrorista foi pouco comentada numa região atualmente
mais interessada em lutar por democracia do que na jihad
AFP/Banaras Khan
Daniela Kresch
Especial para O GLOBO • TEL AVIV

H
ouve quem jurasse vin-
gança, mas a morte de
Osama bin Laden foi
recebida com uma pi-
tada de frieza pela maioria dos
líderes e cidadãos do Oriente
Médio, tanto pelos que lamenta-
ram o fim do líder da al-Qaeda
quanto pelos que não simpatiza-
vam com ele. Do Egito à Arábia
Saudita, do Marrocos ao Iraque,
a vida seguiu como antes, sem
manifestações de tristeza ou de
alegria. E poucos líderes regio-
nais se pronunciaram, na tenta-
tiva de manter uma neutralida-
de ilusória no pisar de ovos da
politica do mundo árabe.
As reações mais exaltadas
foram as de internautas. Em si-
tes ligados à al-Qaeda, mensa-
gens conspiratórias de incré-
dulos se misturaram às que
prometiam vingança contra
americanos e paquistaneses.
“A América vai sofrer, sendo a
notícia verdadeira ou falsa”,
escreveu um internauta. “Os
leões continuarão leões e vão
seguir os passos de Osama”,
assegurou outro.
Fora do mundo virtual, no
entanto, membros da al-Qaeda
se mostraram preocupados.
No Iêmen, um dos países onde
militantes da rede encontram
mais refúgio, um deles classi-
ficou a morte do líder de “ca-
tástrofe”. A reação do governo
iemenita também foi anônima.
Uma autoridade local chamou
a morte de Bin Laden de “o co- SIMPATIZANTES DE partido pró-talibã no Paquistão protestam contra os EUA após a morte de Bin Laden. No alto, integrantes da al-Qaeda capturados no Afeganistão em 2001
meço do fim do terrorismo”.
“Nós comemoramos essa notí-
cia. Milhões de pessoas vão de civis” afegãos. parast, afirmou esperar que tá mais interessada em demo- “New York Times”, Bin Laden “contra o uso de violência em
dormir em paz esta noite”, O governo do Paquistão — “esse desenvolvimento acabe cracia do que na jihad, a luta morreu “como uma figura às geral e assassinatos” e a favor
completou a autoridade. que foi palco de alguns protes- com a guerra, o conflito e a sagrada contra o Ocidente. margens da transformação que de “um julgamento justo para
No Afeganistão, o presiden- tos ontem pela morte de Bin morte de pessoas inocentes, — A probabilidade de que está transportando o mundo qualquer suspeito de crimes”.
te Hamid Karzai comemorou o Laden — também foi rápido na ajudando a estabelecer paz e vejamos um “dia de fúria” no árabe em direção ao pluralismo
fim de Bin Laden, mas, mais
ainda, o fato de que ele não foi
reação à ação dos EUA, mas
para ressaltar que colaborou
tranquilidade na região”.
A aparente indiferença é si-
mundo árabe em reação ao
assassinato de Osama bin La-
e à auto-expressão”.
Os únicos que condenaram Hamas: um
encontrado em seu país. Isso
provaria, segundo Karzai, que
com os agentes da inteligência
americana. Em comunicado,
nal dos tempos: a região onde
muitos comemoraram a des-
den é muito baixa. Muitos Es-
tados árabes estão imersos
com veemência o assassinato
de Bin Laden foram os “suspei- ‘guerreiro árabe’
o Afeganistão “não é um lugar Islamabad disse que “o Pa- truição das Torres Gêmeas, no em seus próprios problemas tos usuais”: os grupos que su-
de terrorismo”. E que seria a quistão cumpriu um papel sig- fatídico dia 11 de setembro de internos neste momento — postamente mais se identificam ● Na Faixa de Gaza, o Hamas
hora de as forças internacio- nificativo nos esforços para 2001, passou por uma trans- explica o professor Emma- com a visão radical e anti-oci- também reagiu à morte de Bin
nais que ocupam o país há oi- eliminar o terrorismo”. formação radical nos últimos nuel Sivan, da Universidade dental da al-Qaeda. Um deles é a Laden, que o líder do grupo is-
to anos se retirarem. Segundo Até mesmo a reação do Irã dez anos. As recentes revolu- Hebraica de Jerusalém. Irmandade Muçulmana, no Egi- lâmico, Ismail Hanyieh, chamou
ele, “a luta contra o terrorismo foi morna. O porta-voz da ções são prova de que a maio- Para o colunista Roger to, que se opôs à ação dos co- de “guerreiro árabe sagrado”:
não deve acontecer nas casas chancelaria, Ramin Mehman- ria dos cidadãos da região es- Cohen, do jornal americano mandos americanos por ser — Para nós, trata-se da con-
tinuação da política americana
baseada na opressão e no der-

Para Antonio Patriota, ação ‘não deixa de ser positiva’

Representante da comunidade islâmica no Brasil condena frase de Obama e comemoração da população dos EUA
Fábio Fabrini, Sérgio Roxo e
Fabiula Wurmeister
● BRASÍLIA, SÃO PAULO e FOZ DO
IGUAÇU (PR). O ministro brasilei-
ro das Relações Exteriores, An-
tonio Patriota, classificou on-
tem a ação americana que le-
vou à morte de Osama bin La-
den como “positiva”. Em Brasí-
lia, a morte de Bin Laden pro-
vocou preocupação de órgãos
de segurança quanto a possí-
veis represálias, principalmente
em embaixadas dos Estados
Unidos e de países aliados dos
americanos. Já a comunidade
islâmica no Brasil criticou o
tom de comemoração dos ame-
ricanos em relação à morte do
líder da al-Qaeda.
Antonio Patriota afirmou
que, em conversa, o embaixa-
dor brasileiro no Paquistão, Al-
fredo Leoni, transmitiu-lhe “se-
gurança e tranquilidade”.
— A capital Islamabad é uma
cidade comparativamente se-
gura no Paquistão. Onde há
bastante turbulência, às vezes,
e atentados costuma ser em ou-
tras localidades, embora tam-
bém não tenha deixado de
ocorrer na capital — justificou.
Para ele, a ação que levou à
morte do líder foi “positiva”:
— Não deixa de ter uma di-
mensão interessante e positiva,
no momento em que o mundo
árabe se manifesta, do Marro-
cos ao Golfo, por mais liberdade
de expressão, democracia, me-
lhores oportunidades. A atua-
ção internacional de um perso-
nagem como Bin Laden contri-
buiu direta e indiretamente para
que se estigmatizasse, de certo
modo, o mundo islâmico, e se
caracterizasse esse mundo co-
mo um lugar onde as alternati-
vas seriam entre autocracia e
fundamentalismo islâmico.
A Polícia Militar reforçou on-
tem a segurança em cinco em-
baixadas de Brasília, após o
anúncio da morte de Bin Laden.
Com o temor de algum protes-
to, o número de viaturas que fa-
zem rondas no entorno das re-
presentações de Estados Uni-
dos, Israel, Paquistão, Reino
Unido e França foi aumentado.
O comandante do 5 o- Bata-
lhão da PM, tenente-coronel
Marcus Fialho, disse que o refor-
ço foi enviado por precaução, já
que a corporação não recebeu
pedido oficial nem do Itamaraty
nem das próprias embaixadas.
Representação no Paquistão
trabalhou sob alerta
Até ontem à noite, o Itamara-
ty não havia recebido pedido de
proteção especial para as em-
baixadas brasileiras no exterior.
Na representação em Islama-
bad, próxima ao local em que
Bin Laden foi morto, a seguran-
ça já é feita por fuzileiros navais
brasileiros. Os funcionários tra-
balharam ontem sob alerta e fo-
ram dispensados mais cedo.
Presidente do conselho de
ética da União Nacional das En-
tidades Islâmicas no Brasil, o
xeque Jihad Hassan Hamma-
deh criticou os EUA:
— Outros meios poderiam
ser usados para capturá-lo, por-
que, vivo, ele seria muito mais
útil do que morto. Várias infor-
mações poderiam ser tiradas.
Quem é o sucessor na hierar-
quia (da al-Qaeda)? Podería-
mos ter uma visão muito mais
concreta da organização.
Hammadeh colocou em dúvi-
da a própria veracidade das in-
formações divulgadas. Para o
xeque, o episódio pode fazer
parte de um plano para elevar a
popularidade do presidente Ba-
rack Obama. Hammadeh classi-
ficou ainda como “desrespeito”
a reação do povo americano:
— Nenhuma morte deve
ser comemorada.
O xeque questionou a frase
de Obama de que com a morte
se fez justiça, e disse que a par-
ticipação de muçulmanos no 11
de Setembro não foi provada:
— Justiça é feita quando há
um julgamento, com direito de
defesa — diz, criticando ainda o
fato de o corpo de Bin Laden ter
sido jogado no mar. — O corpo
é sagrado para o muçulmano,
independentemente das atitu-
des da pessoa. Mesmo quando
há condenação por apedreja-
mento, após a morte o corpo
não pode mais ser alterado.
Segundo Hammadeh, a reli-
gião determina que o corpo se-
ja enterrado. A alegação de que
o enterro tem de ser no mesmo
dia da morte não procede, diz.
Para representantes da se-
gunda maior comunidade árabe
do país, em Foz do Iguaçu, a
morte de Bin Laden foi vista co-
mo fato isolado, mas pode fazer
com que a área, constantemen-
te acusada de ter grupos terro-
ristas, entre de novo em foco.
— Até hoje nenhuma das
suspeitas contra a comunidade
árabe da fronteira foi compro-
vada. Mas, agora, a região será
mais uma vez alvo de acusa-
ções — disse o morador Ali Sal-
man Farhat, autor do livro “Ter-
rorista por encomenda”. ■
ramamento do sangue árabe.
Em contraste, a Autoridade
Palestina, liderada pelo modera-
do Fatah, reagiu positivamente,
mesmo que sem entusiasmo. O
porta-voz do governo palestino
na Cisjordânia, Ghassan Khatib,
disse que “se livrar de Bin Laden
é bom para a paz mundial”.
Nem os israelenses — mes-
mo grudados na TV — de-
monstraram muita excitação.
Talvez porque a morte de Bin
Laden tenha sido numa data
anual solene, o Dia do Holo-
causto, no qual Israel lembra a
morte de seis milhões de ju-
deus na Segunda Guerra Mun-
dial. Ou talvez porque muitos
analistas locais acreditem que
a captura e morte de Bin La-
den demoraram muito, e que,
em seu lugar , surgirão outros
líderes, talvez mais extremis-
tas ainda.
Em pronunciamento, o pri-
meiro-ministro Benjamin Neta-
nyahu disse que a ação america-
na foi uma “vitória retumbante
da justiça e da liberdade”. Mas o
ministro da Defesa, Ehud Barak,
alertou para o fato de que a
“guerra contra o terrorismo será
decidida por esforços coletivos
de democracias mundiais que
ainda não chegaram ao fim”. ■
O GLOBO ● ● PÁGINA 6 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 15 h
6 ●
ESPECIAL
.
O FIM DE
BIN
LADEN
Tuiteiro ‘furou’ as agências
Sem saber do que se tratava, vizinho de Bin Laden relatou operação no Twitter;
mensagens sobre execução atingiram pico de 5.106 tweets por segundo no microblog
Bernardo Moura e Patricia Royo
N Gafe de Fox
o momento em que
decidiu acessar o
Twitter para relatar a
estranha movimenta-
ção de helicópteros em sua vi-
zinhança, o paquistanês Shaib
Athar não sabia, mas passaria
a informar, em tempo real, a
operação do governo america-
no que culminou na morte de
Osama bin Laden. O refúgio do
líder da rede al-Qaeda ficava a
poucos metros da casa do
consultor de informática.
“Há um helicóptero dando
rasantes nos céus de Abbotta-
bad à 1h da manhã. Isso é um
evento raro”, postou Athar,
que acrescentou: “Escutei ago-
ra um grande estrondo que ba-
lançou as janelas... Espero que
isso não seja o início de algu-
ma coisa desagradável.”
Após a confirmação da mor-
te de Bin Laden, o perfil do pa-
quistanês (@ReallyVirtual) re-
cebeu uma enxurrada de se-
guidores, entre curiosos, jor-
nalistas e até mesmo mem-
bros do governo americano.
Athar passou cerca de sete ho-
ras relatando a movimentação
de policiais no entorno da for-
taleza montada por Bin Laden
na cidade, até que, cansado,
postou: “Eu não matei Osama.
Me deixem dormir”.
Mais comentado
nas redes sociais
● A primeira mensagem afir-
mando que Bin Laden havia si-
do morto foi postada no Twit-
ter às 23h25m de domingo
(horário de Brasília), por um
ex-integrante da Secretaria de
Defesa dos EUA.
“Uma pessoa de prestígio
me disse que mataram Osama
bin Laden. Caramba”, escre-
veu @KeithUrbahn.
Após as confirmações dos
Anúncio causa euforia de curta duração nos mercados mundiais
Principais bolsas da Ásia e da Europa fecham em alta. Wall Street registra leve queda, enquanto preços do petróleo caem
●NOVA YORK, LONDRES e TÓ-
QUIO. O anúncio da morte de
Osama bin Laden impulsionou
os mercados da Ásia e os mais
importantes da Europa e levou
os principais índice das bolsas
de Nova York a registrar altas
pela manhã. Com o passar do
dia, no entanto, a euforia com a
notícia diminuiu e Wall Street
fechou com leve baixa — Dow
Jones recuou 0,02%, a 12.807
pontos, Standard & Poor’s 500
caiu 0,18%, para 1.361 pontos, e
o tecnológico Nasdaq perdeu
0,33%, a 2.864 pontos. O petró-
leo, cujos preços dispararam
nos últimos meses por causa da
instabilidade no norte da África
e no Oriente Médio, caiu.
— Sua morte não deveria ter
afetado muito os mercados, mas
apenas o fato de pessoas se sen-
tirem um pouco melhor com o
mundo impacta — disse Bryant
Evans, conselheiro de investi-
mentos e gerente de portfólio da
Cozad Asset Management, nos
EUA. — Vemos um grande de-
sempenho do mercado este ano,
o que mostra como a economia
como um todo é o que importa.
Markus Huber, da ETX Capi-
tal, de Londres, disse ao jornal
“El País” que os investidores
veem na morte de Bin Laden
um sinal positivo por agora e
uma razão para comprar:
— Todo mundo é muito po-
sitivo no momento, por isso
há muita liquidez.
A confirmação da morte do
homem mais procurado do
mundo foi bem recebida pelas
bolsas asiáticas. O índice Nik-
sites de notícias, o nome de
Osama Bin Laden invadiu o
Twitter, tornando-se o princi-
pal assunto na rede. Desde a
noite de domingo, termos rela-
cionados à execução do terro-
rista, como #Osama, #obl,
Bush e Abbotabad, domina-
ram os Trending Topics mun-
diais e brasileiros, as listas dos
assuntos mais comentados no
microblog. À meia-noite, a mé-
dia era de 5.106 tweets por se-
gundo, a terceira maior marca
já registrada pelo Twitter.
A morte de Osama não esca-
pou ao bom humor caracterís-
tico dos twitteiros. Internau-
PAINEL ELETRÔNICO em Tóquio mostra o bom resultado da Bolsa japonesa: primeira alta desde o terremoto
kei, de Tóquio, subiu 1,6%, su-
perando os 10 mil pontos pela
primeira vez desde o terremoto
e a tsunami que atingiram o
nordeste do país em 11 de mar-
ço. O índice de Seul também su-
biu 1,6%, enquanto Sydney fe-
chou com um leve ganho de
0,04%. Os mercados não funcio-
naram na China, em Hong Kong,
em Cingapura e na Tailândia.
Na Europa, a Bolsa de Frank-
furt registrou alta de 0,18%. Em
Paris, a oscilação positiva foi de
0,05% e, em Lisboa, foi de 0,48%.
Já em Milão, houve queda de
O GLOBO
Obama bin Laden morreu”
Legenda da rede de TV americana FOX News
tas brincaram com termos co-
mo Jack Bauer, personagem da
série “24 horas”, Wally, prota-
gonista do jogo de busca ‘On-
de está o Wally?’, e Donald
Trump, empresário para quem
Barack Obama mostrou a cer-
tidão de nascimento para pro-
var que é americano.
“Com a morte de Bin Laden,
Wally volta a ser o homem
mais procurado do mundo”,
escreveu @_bruno_miranda.
Nas redes sociais, diversos
internautas brasileiros se
mostraram desconfiados em
relação à morte do terrorista.
“Osama morto e sepultado no
0,09%. Em Madri, a baixa foi de
0,01%. A Bolsa de Londres não
operou por ser feriado.
Analistas não apostam em
impacto duradouro
Já os preços do petróleo —
que subiram 29% em Londres e
22% em Nova York este ano de-
vido às crises no Norte da África
e no Oriente Médio — caíram
após o anúncio feito pelo presi-
dente Barack Obama. O barril do
Brent, de referência para o mer-
cado europeu, chegou a cair 3%
em Londres, para US$ 121,67. No
David Loh/Reuters
mar? Acho que estamos diante
da maior mentira do século”,
postou @RicardoTrampa.
A piada do velório do ex-lí-
der da al-Qaeda na Casa Bran-
ca virou um evento no Facebo-
ok, com mais de 28 mil confir-
mações até o fim da noite de
ontem. Páginas celebrando a
morte de Osama também fo-
ram criadas e rapidamente ga-
nharam milhares de fãs. ■
Toshifumi Kitamura/AFP
fim do dia, o valor ficou em US$
124,36 (-1,70%). Já o tipo leve
americano ficou cotado em Nova
York a US$ 113,52 (-0,41%).
— Os mercados de petróleo
devem ficar mais voláteis, dada
sua maior sensibilidade ao cabo
de guerra entre o risco menor e a
possibilidade de distúrbios isola-
dos em partes do Oriente Médio
e da Ásia central — explicou
Mohamed El-Erian, diretor-exe-
cutivo e vice-diretor de investi-
mentos da Pimco, que adminis-
tra US$ 1,2 trilhão em ativos.
Também houve queda de
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
“Sua morte não deveria ter afetado muito os
mercados, mas apenas o fato de as pessoas se
sentirem um pouco melhor com o mundo
impacta o mercado de ações”
Bryant Evans, conselheiro de investimentos em Illinois
Mark Wilson/Reuters
EM WASHINGTON, um
grupo de pessoas tira
fotos de manchetes de
jornais com a notícia.
Shaib Athar descreveu
operação americana em
primeira mão no Twitter
(ao lado)
commodities consideradas segu-
ras em momentos de turbulên-
cia. No mercado futuro de Nova
York, o ouro registrava queda de
0,42%, a US$ 1.538,90. Para entre-
ga imediata, a onça troy do metal
fechou a US$ 1.556,70, frente aos
US$ 1.556 de sexta-feira.
Mas antes mesmo do fecha-
mento do mercado americano,
que registrou baixa, analistas
alertavam que o impacto posi-
tivo nos mercados teria curta
duração, uma vez que a morte
de Bin Laden praticamente
não interfere nos riscos que as
economias globais já enfren-
tam. Além disso, alguns ressal-
taram temores de que a execu-
ção do terrorista possa provo-
car revanches da al-Qaeda.
“Como outras fontes de eu-
foria, elas têm sempre vida
curta, especialmente devido à
possibilidade de respostas de
extremistas”, afirmou ao jor-
nal britânico “The Indepen-
dent” o estrategista de merca-
do Ben Potter da IG Markets.
Howard Archer, economis-
ta-chefe para o Reino Unido e
a Europa do IHS Global Insight,
concordou: “Eu não vejo um
impacto mais duradouro. Hou-
ve, obviamente, uma resposta
positiva de curto prazo nos
mercados na expectativa de
que sua morte leve a uma re-
dução da ameaça terrorista.
Mas tenho dúvidas de que isso
vá durar. A ameaça terrorista
ainda está aí. E há um risco
real de que a al-Qaeda busque
algo maior como vingança por
Bin Laden”. ■
Terça-feira, 3 de maio de 2011
News ‘mata’
Obama
● WASHINGTON. Em meio
à comoção com a infor-
mação da morte de Osa-
ma bin Laden, a rede
americana de TV Fox
News virou notícia ao
misturar no ar o nome
do terrorista com o do
presidente americano,
Barack Obama. Enquan-
to o apresentador lia as
informações sobre o ca-
so, uma legenda dizia:
“Obama Bin Laden mor-
reu”. A gafe foi parar,
pouco tempo depois,
nos assuntos mais co-
mentados do Twitter. O
site “Huffington
Post” postou
um vídeo com
outra falha da
emissora. Nas
imagens, o
apresentador
diz que o presi-
dente Obama
morreu. Em se-
guida, é corrigi-
do pela colega
de bancada.
A notícia da
morte de Osa-
ma bin Laden
foi divulgada
em tom de co-
memoração e alívio nos
Estados Unidos, onde ta-
bloides e jornais locais
fizeram em suas edições
impressas manchetes
exclamativas como “Pe-
gamos o desgraçado”
(no “Philadelphia Daily
News”) e “Apodreça no
inferno” (“Daily News”,
de Nova York). Mais só-
brios, os jornais tradicio-
nais como o “Washing-
ton Post” e o “New York
Times” destacaram em
suas primeiras páginas a
declaração do presiden-
te Barack Obama de que
“a Justiça foi feita”. Os
jornais também prepara-
ram tiragens especiais
— o “New York Times”
informou em seu perfil
no Twitter que estava
imprimindo 165 mil
exemplares a mais do
que sua tiragem habi-
tual, de 950 mil cópias. A
diretora de Comunica-
ção do jornal disse que
era a primeira vez desde
a Guerra do Golfo que
eles haviam parado as
impressoras.
Os jornais europeus
não conseguiram noticiar
a morte de Bin Laden em
suas edições impressas —
quando o presidente Bara-
ck Obama fez o anúncio
oficial da morte, já eram
3h30m da madrugada em
Londres. Em seus sites,
diários como o espanhol
“El País” e o britânico
“The Guardian” destaca-
ram a comemoração ame-
ricana e analisaram o im-
pacto da morte para o ter-
rorismo internacional. De
maneira geral, sites de jor-
nais árabes noticiaram a
morte de maneira objeti-
va: “Bin Laden morto em
operação militar america-
na no Paquistão”, infor-
mou o “Asharq al-Awsat”,
baseado em Londres. “Bin
Laden... o fim”, escreveu o
pan-árabe “al-Hayat”. Pelo
menos dois veículos des-
tacaram o enterro do ter-
rorista no mar: a rede de
televisão al-Jazeera e o
egípcio “al-Ahram”.
.
O GLOBO ● ● PÁGINA 7 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 49 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO ESPECIAL ●

7

O FIM DE

BIN
Sua morte não marca o fim dos nossos esforços.
Não há dúvida de que a al-Qaeda continuará
procurando nos atacar. Precisamos e vamos
continuar vigilantes em casa e no exterior”
“Bin Laden era o fundador da al-Qaeda, mas sugerir
que estava no comando, sentado numa caverna
com computador, é uma besteira completa. Ele
passou a maior parte do tempo se escondendo”

LADEN Barack Obama, presidente dos Estados Unidos Robert Fisk, escritor e jornalista britânico

Estrela e
Reuters/Hamid Mir/10-11-2001

guia do
terrorismo
global
Americanos levaram 10 anos
para perceber que antigo
aliado virara seu pior inimigo
José Meirelles Passos tadas todas as terras que antes

A
s autoridades america-
nas demoraram um bo-
cado para perceber
quem era, de fato, Osa-
ma bin Laden. Elas levaram
cerca de dez anos para se dar
conta das intenções daquele
que viria a ser o maior e mais
temido inimigo dos Estados
Unidos. E mais 15 para conse-
guir liquidá-lo.
— Só em 1996 nós percebe-
mos que ele era uma figura
bem mais perigosa do que
pensávamos — contou Jack
Cloonan, agente do FBI, a po-
lícia federal americana, que
naquele ano começou a ajudar
a CIA, a agência central de in-
teligência, a montar um grupo
para investigar Bin Laden.
Michael Scheuer, agente es-
pecial da CIA, que em 1996 pas-
sou a chefiar a chamada “Uni-
dade Bin Laden”, endossou tal
admissão, lembrando que,
quando solicitava mais recur-
sos do governo de Bill Clinton
para tal empreitada, sugerindo
ações de caça ao terrorista, era
recebido com descrédito:
— O pessoal (do governo)
achava que estávamos doidos.
pertenciam ao Islã. Dele, Bin La-
den herdou um lema: “Apenas a
‘jihad’ e o rifle: nenhuma nego-
ciação, nenhuma conferência e
nenhum diálogo”.
A CIA chegou a ajudar Bin La-
den a criar um com-
plexo de cavernas
nas montanhas de
Tora Bora, para ser-
vir como base para
os afegãos que com-
batiam os soviéticos
— e que, mais tarde,
serviram ironica-
mente de refúgio pa-
ra os militantes da al-
Qaeda e o próprio
Bin Laden. As pró-
prias tropas ameri-
canas passaram qua-
se dez anos vascu-
lhando aquele terri-
tório, sem achá-lo.
Só em 1998 o pre-
sidente Bill Clinton
levou a sério os aler-
tas feitos pela CIA e
o FBI, declarando-o
“inimigo público nú-
mero um” dos EUA. A ficha caiu
quando o próprio Bin Laden, na-
quele ano, emitiu uma mensa-
gem dizendo que “é dever de to-
do muçulmano matar america-
OSAMA BIN Laden (à esquerda) com o número 2 da al-Qaeda, Ayman
al-Zawahiri. Abaixo, os americanos Joe Pisciotta (à esquerda) e Eric CORPO
Tcotco nos festejos em frente à Casa Branca pela morte do terrorista
AP/Jacquelyn Martin SHIRAZ MAHER
‘Ele poderá virar mártir’
● LONDRES. Pesquisador sê-
nior do Centro Internacio-
nal de Estudos sobre a Ra-
dicalização, do King’s Col-
lege e com experiência de
campo na Arábia Saudita e
em seu país natal, o Pa-
quistão, o acadêmico Shi-
raz Maher afirma que a
morte de Osama bin Laden
ocorre num momento em
que sua influência sobre o
terrorismo islâmico se di-
luíra em função da vida re-
clusa nos últimos dez
anos. Apesar do golpe, a
al-Qaeda permanece.
Fernando Duarte
O GLOBO: Qual será o efeito
Al-Zawahiri, o sucessor da morte de Osama bin La-
den para a al-Qaeda?
SHIRAZ MAHER: Há um va-
A CORPO
fatores que contribuem para
a radicalização de muçulma-
nos permanecem.
● Daí o temor de atentados
em retaliação?
MAHER: Bin Laden poderá
ser usado como pretexto,
sim, inclusive como uma es-
pécie de mártir da causa. E
será muito interessante ver o
que acontecerá nos próxi-
mos dias. Como organização,
a al-Qaeda perdeu muito em
poder, e as recentes revoltas
no mundo árabe isolaram
ainda mais o terrorismo, mas
não é porque morre o líder
que a organização necessa-
riamente definha.
● Quão complicada se
tornou a questão paquis-
tanesa?

Em 86, parceria nos onde quer que os encontre”.

A essa altura, a al-Qaeda já havia
Sem o mesmo carisma, médico egípcio é
lor simbólico muito grande.
Bin Laden era a última das
MAHER: É um vexame para
as autoridades paquistane-

contra a Rússia cometido atentados na Somália,

● Afinal, em 1986 Bin Laden ini-
ciara uma parceria com os EUA
na luta contra as tropas da Rús-
sia, que haviam ocupado o Afe-
ganistão. Naquele ano, Bin La-
den começara a instalar campos
de treinamento de guerrilha na-
quele país para centenas de ho-
mens que arregimentara e que
mantinha com parte da fortuna
que herdara de seu pai, bilioná-
rio, falecido anos antes.
Eles eram treinados por mili-
na Arábia Saudita e inclusive
nos EUA, onde explodiu uma
bomba em 93 no World Trade
Center — que, em 2001, viria a
ser totalmente destruído pelo
ataque terrorista mais espetacu-
lar de todos os tempos. Até en-
tão, o governo americano acha-
va que Bin Laden apenas finan-
ciava o terrorismo. Não o via co-
mo mentor das tragédias.
Ele, então, já tinha se tornado
personagem lendário entre os
radicais islâmicos. A própria
CIA o definira como “a estrela-
considerado mais violento do que Bin Laden
● ISLAMABAD. Com a morte
de Osama Bin Laden, o mé-
dico egípcio Ayman al-
Zawahiri — o atual respon-
sável de planejar ataques
da al-Qaeda e até então nú-
mero 2 do grupo — é a pes-
soa mais cotada para ocu-
par o cargo deixado pelo
terrorista saudita. A substi-
tuição, no entanto, não será
fácil para a al-Qaeda.
Al-Zawahiri é considera-
de crimes cometidos pela
Jihad Islâmica do Egito, um
grupo extremista que ele
fundou na década de 90.
Assim como Bin Laden,
al-Zawahiri está na lista dos
22 terroristas mais procura-
dos pelos EUA desde 2001,
e autoridades americanas
estipularam um prêmio de
US$ 25 milhões pela sua
captura—- o mesmo valor
que era oferecido pela ca-
grandes figuras da al-Qae-
da. Em termos práticos, po-
rém, devemos lembrar que
ele há muito tempo já não
estava mais no comando
das operações, que vinham
sendo conduzidas por seu
tenente, Ayman al-Zawahi-
ri. É um excelente resultado
em termos de relações pú-
blicas para os EUA, mas
não se deve festejar muito
mais do que isso.
● Há uma capacidade de
regeneração?
sas que Bin Laden tenha si-
do encontrado numa cida-
de com presença militar tão
marcante. Só que não se po-
de falar em prova de apoio
ideológico ao terrorismo. O
Paquistão vive uma situa-
ção peculiar, em que as au-
toridades lutam com pro-
blemas graves de seguran-
ça nas áreas tribais da fron-
teira com o Afeganistão ao
mesmo tempo em que não
confiam nos EUA.
● A ação independente dos

tares paquistaneses e america-
nos. O Pentágono fornecia ar-
mas aos homens do saudita
que, na verdade, tinha outros
planos: ele estava criando o seu
próprio exército de terroristas.
A al-Qaeda (“A Base”) seria
fundada oficialmente em 1988
em Peshawar, cidade fronteiriça
do Paquistão, dois anos após o
início daqueles treinamentos.
— Eu descobrira que não era
suficiente lutar apenas no Afega-
nistão, mas que tínhamos de lu-
tar em todas as frentes, contra o
comunismo e também a opres-
são ocidental. Combater o co-
munismo era urgente, mas os
Estados Unidos eram o próximo
alvo — afirmou Bin Laden a um
jornalista francês em 1995.
Ele fora influenciado por Ab-
dullah Azzam, acadêmico islâ-
mico que foi seu mentor na Uni-
versidade Rei Abdulaziz, em Je-
dá, na Arábia Saudita. O mestre
insistia com o discípulo que a
“jihad” (guerra santa) era res-
ponsabilidade de todos os mu-
çulmanos até que fossem resga-
guia do terrorismo global”. Em
julho de 2001, após três anos de
caçada incessante e infrutífera
nas montanhas de Tora Bora, as
autoridades americanas capta-
ram sinais de que Bin Laden es-
tava a ponto de realizar um ata-
que espetacular — sem, porém,
saber onde ocorreria, e como.
Dois meses depois, seus ho-
mens destruiriam as Torre Gê-
meas do World Trade Center,
em Nova York. E Bin Laden pas-
sou de lenda a mito. Daí por
diante, viu-se, claramente, que
ele se tornara chefe de uma mul-
tinacional do terror, com fran-
quias espalhadas pelo globo. A
sua morte aconteceu de uma
forma que, embora possa não
tê-lo transformado em mártir,
deixou no ar muitas dúvidas.
Assim como tardou mais de
uma década para encontrá-lo,
os EUA ainda desconhecem o al-
cance do poder de Bin Laden.
Continua sem saber quantos mi-
litantes a al-Qaeda de fato tem, e
em quantos países permanecem
ativas as suas células. ■
do um homem duro, que
não conta com o carisma
nem o misticismo de que
Bin Laden dispunha para
conseguir manter unidas di-
versas facções da al-Qaeda.
Segundo membros do Tali-
bã, al-Zawahiri tem ainda a
reputação de preferir méto-
dos mais violentos do que
seu predecessor.
Ainda assim, para alguns
especialistas, o cirurgião
egípcio já é, há tempos, o
mentor ideológico da al-
Qaeda. Ele é considerado o
cérebro operacional dos
ataques de 11 de setembro
de 2001 e também é formal-
mente acusado pelos Esta-
dos Unidos de participar
dos ataques às embaixadas
americanas em Dar-es-Sa-
laam, na Tanzânia, e em Nai-
róbi, no Quênia, em 1998.
Além disso, o médico foi
condenado à morte à revelia
por um tribunal do Egito —
que o considerou culpado
.
beça do chefe da al-Qaeda.
Seu paradeiro é desconhe-
cido desde que conseguiu
escapar junto com Bin La-
den das forças americanas
durante a invasão do Afega-
nistão. Ele fez uma breve
aparição em Peshawar em
2003, para logo depois su-
mir novamente. Desde en-
tão, no entanto, o médico
egípcio gravou diversas
mensagens em que faz de-
núncias ao Ocidente. No úl-
timo vídeo, pediu que os
muçulmanos lutassem con-
tra a Otan e as forças ame-
ricanas na Líbia.
Atualmente, estima-se
que al-Zawahiri esteja es-
condido na região de mon-
tanhas na fronteira entre
Paquistão e Afeganistão, lo-
cal onde também acredita-
va-se que estaria Bin Laden.
Há relatos de que sua mu-
lher e filhos teriam sido
mortos num ataque ameri-
cano em 2001.
MAHER: Na verdade, o mo- EUA acirrará os ânimos?
dus operandi da al-Qaeda MAHER: Há setores mais
mudou bastante depois do nacionalistas no Paquistão
11 de Setembro. Até então que veem a soberania do
era hierarquizado, com en- país sendo violada pelos
volvimento direto de Bin La- EUA, ao mesmo tempo em
den. Agora as coisas funcio- que Bin Laden também con-
nam muito mais como uma ta com admiradores no país.
franquia, em que células não Os próximos dias deverão
necessariamente se comuni- ser de muita tensão. Mas co-
cam umas com as outras ou mo culpar o governo ameri-
mesmo se importam muito cano? Capturar ou matar Bin
com a morte de companhei- Laden era crucial para o mo-
ros em outras regiões. E os ral de Washington.
O GLOBO
MAIS MUNDO HOJE NA INTERNET:
oglobo.com.br/mundo
PAQUISTÃO: Mais imagens da fortaleza de Bin Laden
VOTE: O mundo está mais seguro sem Bin Laden,
como diz Obama?
INFOGRÁFICO: Recorde a trajetória do líder máximo
da al-Qaeda
O GLOBO ● ● PÁGINA 8 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 00 h
8 ●
.
O FIM DE
BIN
LADEN
Dorrit Harazim
Especial
Especial para Opara O GLOBO
GLOBO
À
• NOVA• NOVA
YORKYORK
s 2h37m da ma-
drugada de on-
tem Raquel e Mi-
chael Trimarco
decidiram que
era hora de voltar
para casa. O bebê
do casal, Gabriela, tinha visto
e ouvido o suficiente para
quem tem apenas três meses
de vida. Duas horas antes ela
fora embrulhada numa manta
térmica azul celeste e levada
no colo atlético do pai até a es-
quina das ruas Church e Ve-
sey, na região nova-iorquina
de Wall Street, para celebrar a
morte de Osama bin Laden.
As duas ruas fazem frontei-
ra com a pantagruélica terra
de ninguém que substitui as
torres gêmeas do World Trade
Center desde os atentados do
11 de Setembro. E foi ali que se
concentrou a catarse de on-
tem, represada pelos nova-ior-
quinos há dez anos.
Mas passara tanto tempo
desde a apocalíptica manhã
de 2001, que a comemoração
da revanche já tinha até sido
cortada da agenda íntima de
cada um.
Com o inesperado anúncio TORRES GÊMEAS EM CHAMAS após os atentados de 11 de setembro de 2001: uma tragédia que transformou a vida no país e a política mundial
feito pelo presidente Obama,
que ao mesmo tempo ressus-
citou e derrotou a figura som-
bria do maior inimigo indivi-
dual que a nação americana já
teve em 235 anos de história,
vultos de todos os tipos foram
chegando àquele encontro
não marcado.
As primeiras dezenas de jo-
vens saídos de bares começa-
ram a chegar pouco antes da
meia-noite. A eles se juntaram
moradores vizinhos do Ground
Zero, além de insones felizes
em ter o que fazer e patriotas
de ideologias variadas. Cabiam
na calçada em torno do poste
de luz, rapidamente escalado
por um universitário que se ins-
talou no topo e desfraldou a
Star Spangled Banner — é sem-
pre surpreendente constatar o
tanto de americanos que tem
uma bandeira dos Estados Uni-
dos em algum canto da casa.
Duas horas de-
pois, os romeiros
já eram centenas e
t r a n s b o rd a v a m
das calçadas para
as ruas laterais.
A bebê Gabriela,
que participava do
primeiro ato públi-
co de seus três
meses de existên-
cia, não reclamou
dos surtos de pala-
vras de ordem que
irrompiam a seu
redor: “F*** O-sa-
ma, U-S-A, Obama
pegou Osama.”
Nem das cantorias
nos seus tímpanos
— “God Bless
America”, “Ama-
zing Grace” —
nem do empurra-
empurra.
Dez anos atrás,
seu pai ainda era
solteiro, tinha 30
anos e trabalhava
na corretora Ipreo,
instalada num an-
dar alto do prédio
222 da Broadway,
a menos de 50 me-
tros das Torres Gê-
meas. Na manhã
cristalina de 11 de
setembro de 2001
ele assistiu, horro-
rizado, à queda li-
vre de quem sal-
tou para a morte.
— Ele viu muitos, NOVA-IORQUINOS CELEBRAM na Times Square a notícia da morte de Osama bin Laden: nenhum inimigo americano foi tão odiado quanto o terrorista, mostram pesquisas
não só um — infor-
ma em tom baixo a
beldade morena Raquel Santa- nem o cadáver dele merecia t o d e u n i ã o n a c i o n a l q u e ricanos. — Para o castigado apenas o homem mais odiado 100 mil soldados americanos
na, filha de pai baiano e mãe ser respeitado — disse Mi- amalgamou o país no luto, orgulho de ser americano, (a dos Estados Unidos — segun- no Afeganistão. Osama bin La-
americana.
Raquel, dez anos mais jo- e sumir na madrugada. Mora a
vem que o marido, conheceu poucas quadras do Ground que essa os Estados Unidos comparado à queda do Muro chegaram a ser tão execra- quele país, foi jogado ao mar,
Michael no campus da univer- Zero. Parecia sereno.
sidade de Cornell, onde ele re-
tomou os estudos após a fa- da noite de segunda-feira, Ba- justifica — sustenta o vetera- ração e a soma de elementos de US$ 27 milhões de dólares pequena vingança: as Forças
lência da corretora em que r a c k O b a m a c o n v i d o u o s no analista político David Ger- superlativos do caso expli- pelo seu escalpo (US$ 25 mi- Armadas americanas estão ato-
trabalhava.
— Esse cara não tem Deus, alegria de agora, o sentimen- últimos seis presidentes ame- te. Osama bin Laden era não lhões de empresas privadas) anos e ele sequer estava lá. ■
EXPEDIENTE EDIÇÃO: Flavio Henrique Lino e Mariana Timóteo da Costa • REDATORES: Alessandra Duarte, Andrea Freitas da Conceição, Cristina Azevedo, Janaína Lage, Miguel Conde, Renata
Summa, Renato Grandelle, Viviane Nogueira • DIAGRAMAÇÃO: Claudio V. Rocha • INFOGRAFIA: Alvim e Fernando Alvarus
Em NY, celebração
e memórias da dor
No espaço onde ficavam as Torres Gêmeas, destruídas
no 11 de Setembro, moradores da cidade se reúnem
para uma comemoração aguardada por quase dez anos
chael antes de sair da bagunça dez anos atrás.
não voltarão a ter tão cedo. de Berlim.
Em seu discurso-surpresa
americanos a reeditarem, na gen, que assessorou cinco dos cam o júbilo da primeira noi- lhões do governo, US$ 2 mi- ladas no Afeganistão há dez
O GLOBO
Para o castigado orgulho de ser americano,
(a morte de Bin Laden) é um marco tão
positivo que pode ser comparado à queda do
Muro de Berlim”
morte de Bin Laden) é um mar- do pesquisas de opinião, nem den, motivo original da ofensiva
Oportunidade melhor do co tão positivo que pode ser Hitler nem Saddam Hussein militar dos Estados Unidos na-
— O tom celebratório se
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
“É quase como se tivéssemos ganho uma guerra.
Que delícia ser nova-iorquino e ver que estamos
sendo aplaudidos e celebrados por todos os
estrangeiros que vieram para cá, à 1h da manhã!”
David Gergen, analista político Justin Wheeler, nova-iorquino
Reuters/ 11-9-2001
tinha conseguido humilhar a
maior potencia mundial brin-
cando de gato e rato.
Quem o localizou, foi lá e o
matou no mano a mano, com
um tiro na cabeça, foram
membros da unidade de elite
Navy Seals. Sem perder um só
homem. O helicóptero Black
Hawk que se acidentou ainda
foi por eles destruído para
evitar que material sensível
caísse em mãos da al-Qaeda.
Uma operação de alto risco
em terra estrangeira, com ho-
mens de ouro chegando e par-
tindo sem deixar rastro é tudo
o que o ex-presidente Jimmy
Car ter teria desejado em
1980. Sua tentativa de resga-
tar 52 americanos que esta-
vam havia 444 dias em mãos
de militantes xiitas iranianos,
em Teerã, resultou na queda
de três dos oito helicópteros
envolvidos na missão e em oi-
to americanos mortos.
Decisão durante
casamento real
● O tamanho da humilhação
dos Estados Unidos naquele
fiasco de três décadas atrás
contribui para acentuar o sa-
bor da vitória de agora.
— É quase como se tivésse-
mos ganho uma guerra —
exultou Justin Wheeler, boné
dos Knicks na cabeça, ladeado
por um turista italiano, uma
senhora israelense e uma ga-
rota de Nova Jersey. — Que
delícia ser nova-iorquino e ver
que estamos sendo aplaudi-
dos e celebrados por todos os
estrangeiros que vieram para
cá, à 1h da manhã!
Além dos louros políticos e
da página da História america-
na que acaba de cravar, Barack
Obama deve estar saboreando
um aspecto secundário dulcís-
simo do seu golpe de mestre.
Na manhã da sexta-feira passa-
da, 2 bilhões de bípedes dos
cinco continentes e pratica-
mente todos os grandes nomes
da todas as mídias do mundo
se curvaram diante do que foi
considerado o evento mais ele-
trizante do século: o casamen-
to de William e Ka-
Mario Tama/Getty Images/AFP te. Obama sequer
fora convidado,
coitado.
Sabe-se hoje que
Obama perdeu o
casório até na TV.
Justamente naque-
la manhã ele teve o
encontro decisivo
com o seu Conse-
lho de Segurança
Nacional — o quin-
to das últimas seis
semanas, sem que
nada tenha vazado
à imprensa em par-
te por ela estar
com todas as aten-
ções voltadas para
a Abadia de West-
minster — no qual
bateu o martelo e
autorizou o ataque
final à mansão-for-
taleza de Osama
bin Laden.
Agora falta fazer
o resto. Na manhã
de ontem, um re-
pórter da CNN no
Afeganistão per-
guntou a um solda-
do aquartelado em
Kandahar onde ele
estava e o que fazia
no dia do atentado
às Torres Gêmeas,
dez anos atrás.
— Eu? Dez anos
atrás? Ah, sei lá.
Eu estava na sexta
série — respondeu
o recruta.
Ainda há mais de
dos. Foi, também, o mais ca- depois de derrotado. Leva com
A precisão cirúrgica da ope- çado. Apesar da recompensa ele, para o fundo do mar, uma
O GLOBO ESPORTES PÁGINA 1 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 30 h
esportes
● ●
O teatro rubro-negro
TORCEDORES DO FLAMENGO festejam, com a camisa do clube, a conquista do quinto título carioca invicto no Largo da Carioca, que se transformou em palco das comemorações rubro-negras na segunda-feira
Torcedores do Flamengo saem às ruas exibindo a paixão pelo clube no dia seguinte à conquista
do 32 o- título carioca e transformam o Largo da Carioca em palco de uma grande celebração popular
A
Fábio Juppa
versão rubro-negra do
Trem Bala da Colina ga-
nhou novos passageiros
na segunda-feira. Felipe,
Diego Souza e Éder Luís
cederam seus assentos
para Juquinha, Sete Belo
e Tamarindo. Com bom
humor, criatividade, mas
sem perder o respeito pelo rival, a
torcida do Flamengo comemorou on-
tem o quinto título carioca invicto da
história do clube reafirmando seu
amor com camisas e bandeiras por
toda a cidade, mas foi no Largo da Ca-
rioca, tradicional reduto de figuras
folclóricas do Rio, que a festa teve ca-
ráter verdadeiramente popular:
— Trem bala, só conheço de brin-
quedo. Para vir de Nova Iguaçu, pe-
guei o bonde sem freio — divertia-se
o comerciante Ricardo Albuquerque,
exibindo o trem que decorou com ba-
las de diversas marcas e sabores. —
O trajeto é São Januário-Freguesia.
O motorista Itamar Gomes saiu ce-
do de Niterói. Apesar do orçamento
apertado, na hora de festejar dinhei-
ro não foi problema. Comprou meio
quilo de bacalhau e, o que não foi pa-
ra a panela, ele levou para a rua e exi-
biu como troféu. O rabo do peixe, por
exemplo, serviu para alimentar o ani-
mal de estimação do vendedor Lean-
dro Silva, que desfilava pelo entorno
do Convento de Santo Antônio com
Felipe, nome de batismo do caran-
guejo da espécie guaiamum, preso a
uma coleira de barbante, e que exibia
na enorme carapaça o número um
colado com fita durex.
— Com essas garras, ele pegou tu-
do — brincou Leandro, ainda que os
três pênaltis perdidos pelo Vasco te-
nham passado bem longe do goleiro.
— O Felipe deixou eles com medo.
Na celebração democrática do fu-
tebol, havia espaço para todos. Os
BO
OGLO
turistas alemães que foram conhecer
o centro histórico do Rio interrompe-
ram o passeio para observar um gru-
po tirando fotos com um cartaz da
atriz Débora Secco, “vestida” com
uma camisa do Flamengo autografa-
da por uma constelação que ia de Cé-
sar Cielo a Luiza Brunet, de Valeska
Popozuda ao meia Renato Abreu. O
dono da peça era o desempregado
Edson Rosa. Paranaense de nasci-
mento, ele trocou a vida pacata de ci-
dade do interior pelo desafio de ven-
cer na “Selva de Pedra”. Passou por
São Paulo, mas acabou no Rio, onde
foi seduzido pela paixão rubro-negra,
à qual se agarra para enfrentar as di-
ficuldades que a vida lhe impôs.
Mídias sociais
Até Bin Laden entrou no clima da festa
Luna Vale
● Se nas ruas as conversas se di-
vidiam entre a morte de Osama
Bin Laden e a conquista do título
carioca pelo Flamengo, nas mídias
sociais não foi diferente. Embala-
dos pela vitória em cima do maior
rival, os rubro-negros não deram
trégua aos vascaínos e mostraram
criatividade nas provocações via
Twitter e Facebook. A grande
maioria fazia alusão às derrotas do
Vasco para o Flamengo em finais
de campeonato, nos últimos anos,
e à morte do terrorista.
“Bin Laden é o campeão de piadi-
nhas nessa semana, Vasco é vice de
novo!” publicou @profJuan. “Depois
de alguns anos, foram fazer uma fa-
xina na sala de troféus do Vasco e
acharam o esconderijo do Osama”
alfinetou @matribeeiro. O humorista
oglobo.com.br/esportes
— Em 1998, levei um tiro durante
um assalto na Praça XV que atingiu
minha perna direita e comprometeu
meus movimentos. Desde então, não
consegui mais trabalhar — disse.
Dono de uma banca vizinha à esta-
ção do metrô da Carioca ornamenta-
da com uma vistosa bandeira trico-
lor, o jornaleiro Otávio Santoro não
perdeu a pose após a conquista que
fez o Flamengo aumentar para dois a
vantagem de títulos estaduais sobre
o seu Fluminense. Ele se mantinha
impassível, observando o desfile de
todo tipo de torcedores rubro-negros
que entravam em seu raio de visão,
até aparecer o entregador Roberto
Diniz, que, mesmo sem ter o que
@kibeloco brincou com a cobrança
de pênalti de Bernardo, que isolou a
bola: “Acharam o Bin Laden, encon-
traram a caixa-preta da Air France,
mas ainda estão procurando as bo-
las dos pênaltis do Vasco.” Já o
@_Pavan_ comparou o jogo com os
filmes de 007: “Assistir Flamengo x
Vasco é como ver um filme do James
Bond. Você já sabe o final, mas quer
ver como vai acontecer.”
Alguns vascaínos bem-humora-
dos entraram no clima: “Enquanto
acham o Osama no interior do Pa-
quistão, três vascaínos não conse-
guem acertar o gol a 11 metros de
distância”, criticou Luciano Melo.
Outros aproveitaram para desaba-
far: “a última vez que eu tinha fi-
cado tão nervosa assim, foi quan-
do o Vasco foi pra Série B”, disse
@natallia_CRVG. O @cruzmaltinos
mostrou que ainda acredita no ti-
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
comprar, resolveu entrar na banca só
para encarnar no velho amigo.
— Hoje não tenho o que falar, vou
voltar na quinta-feira — provocou Di-
niz, numa “secação” descarada ao
Fluminense, que na véspera decidirá
sua sorte na Copa Libertadores con-
tra o Libertad, em Assunção.
— Vocês são plebeus. Na Liberta-
dores está a elite — rebateu seu San-
toro, negando que vestira a camisa
grená do time de coração para fusti-
gar os rivais. — Tenho muitas, boto
365 dias por ano, doa a quem doer.
Conhecer o gosto do freguês é item
básico para quem vive do comércio.
Seu Santoro aproveitou para lucrar
com a eterna rivalidade que, nos úl-
me: “Aguentar zoação de flamen-
guista nunca é fácil. Mas falta só
meio quilo de maturidade para o
Vasco voltar a ser campeão.” E o
@LuiisFonseca procurou uma ex-
plicação mais lógica para a derro-
ta: “Não estou tirando o mérito do
Flamengo por ter ganho, mas on-
tem o Vasco perdeu porque se re-
cusou a pressionar mais.”
Na tarde de ontem, o assunto
era o quinto mais comentado do
Twitter na cidade, com a expres-
são “meu vice voltou”. Durante o
domingo, “Flamengo Campeão” fi-
cou por 12 horas entre os mais ci-
tados. O link da página oficial do
clube foi postado mais de três mil
vezes, enquanto o post de Ronal-
do Fenômeno: “75% do Brasil está
feliz. Corinthians na final e Flamen-
go campeão.“ foi compartilhado
por mais de 1.200 usuários.
Alexandre Cassiano
timos anos, até arrefeceu com a larga
vantagem de vitórias do Flamengo em
decisões com o Vasco. O analista de
sistemas Israel Amorim foi um dos
que comprou a faixa de vice-campeão
da Taça Rio para dar a um amigo.
— Vou entregar na frente de todo
mundo e dizer: toma aí, vice.
Torcedor até de Corumbá
Contratado para ser o regente da
orquestra e, de quebra, engordar as
receitas do clube, Ronaldinho Gaú-
cho foi um símbolo opaco na con-
quista. Marcou, de falta, o gol que ga-
rantiu o título da Taça Guanabara e a
presença numa eventual final, mas,
numa análise ampla, sua presença foi
quase sempre fator mais marcante
do que o desempenho em campo.
Anulado por Dedé na decisão, o fas-
cínio que desperta ainda faz a direto-
ria acreditar que, em breve, dará re-
torno ao investimento conjunto de
clube, parceira e patrocinador. Num
projeto grandioso como o que o re-
patriou ao Brasil, jogar bem nem
sempre é determinante para o suces-
so da empreitada, mas o contrário
ajudaria a atrair com mais frequência
torcedores como Wagner Pinto, que
ignorou a distância para se manter
fiel à grande paixão. Ele pagou R$ 540
por um pacote para vir de Corumbá
ao Rio. Ao chegar, sábado de manhã,
foi à Gávea, onde gastou mais R$ 360
em duas camisas, fora despesas com
hotel e ingresso, pelo qual desembol-
sou R$ 150 numa agência de turismo.
Enquanto curtia as últimas horas no
Rio, já fazia planos para voltar.
— O Flamengo me fez gastar muito
dinheiro, mas faria tudo de novo. Só
não fico para o jogo contra o Ceará,
na quinta-feira, porque senão minha
justa causa vai estar em cima da me-
sa quando eu voltar — disse, com gel
no cabelo e sorriso de orelha à ore-
lha. — Além de praia e noite na Lapa,
aqui tem o Flamengo. ■
O GLOBO ● ESPORTES ● PÁGINA 2 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 32 h PRETO/BRANCO

2 ESPORTES O GLOBO 03/05/2011

FINANÇAS RUBRO-NEGRAS

FERNANDO
CALAZANS Um ano vencedor
Os mais bonitos para sair do atoleiro
calazans@oglobo.com.br
Vanderlei Luxemburgo defendeu o futebol de
resultados do Flamengo. Mesmo sem Na gestão Patrícia Amorim, clube arrecadou mais e gastou menos com
qualquer discussão em relação à justiça do futebol, mas dívida ainda cresceu. 2011 pode ser divisor de águas
título, houve questionamentos cabíveis à

A
Miguel Caballero
qualidade do futebol apresentado pelo time,
que, até pela aquiescência do treinador, lém da quantidade
de títulos estaduais,
ganhou o nome de “futebol de resultados.” outros dois núme-
Ele disse mais que futebol bonito, aqui, só ros não param de
crescer no Flamen-
Santos e Cruzeiro têm condições de jogar. go: a arrecadação
do clube, com um
Luxemburgo está raciocinando com realismo e, cofre mais cheio a
por esse prisma, não há como discordar dele. Se cada ano, e a gigan-
essa divisão entre futebol bonito e futebol de tesca dívida, que, impulsionada
resultados está mesmo estabelecida, não há outros pelos juros, aumenta até quan-
times que possam seguir o primeiro modelo que do se gasta menos do que se ga-
não sejam o Cruzeiro e o Santos. Está certo. nha. O segundo ano da gestão
Mas o mais interessante no tema, o que mais me de Patrícia Amorim começou
toca, é que os dois times de futebol bonito têm com a vinda de Ronaldinho Gaú-
alcançado também grandes resultados este ano, os cho e um título invicto. Dois fa-
melhores possíveis. Ou não têm? O Santos continua tores com potencial de gerar di-
eliminando todos os rivais na Taça Libertadores e nheiro, o que leva a diretoria a
está na final do Campeonato Paulista; o Cruzeiro prever um novo salto nas recei-
está na final do Campeonato Mineiro e é, tas, mesmo levando-se em conta
simplesmente, o time de melhor campanha na Taça que o clube chegará à metade
Libertadores. Melhor do que isso, até aqui, é da temporada ainda sem o prin-
impossível. cipal patrocinador do uniforme.
As declarações de Luxemburgo não revelam Mas a radiografia financeira
desfeita nem menosprezo ao futebol bonito. (Ainda atual ainda é de um doente
bem). Ele completa que, numa sequência, espera que, paradoxalmente, perde
dar espetáculo também. Luxemburgo e o Flamengo capacidade de respirar mesmo
só poderiam ter proporcionado espetáculos de ganhando mais oxigênio. Na úl-
futebol se Ronaldinho Gaúcho fosse aquele mesmo tima sexta-feira, o Flamengo di-
do Barcelona — e nós sabemos que ele não é. Se vulgou o balanço financeiro de
conseguir os reforços necessários e se forem 2010, o primeiro da nova admi-
reforços de verdade, o Flamengo ainda poderá dar nistração. Embora tenha tido
espetáculo, sim, com a ajuda de Ronaldinho, superávit operacional — fatu-
naturalmente. O futebol espera que o Flamengo rou R$ 9,1 milhões a mais do
chegue a esse ponto, e que outros clubes, não
apenas Santos e Cruzeiro, sigam o caminho do
que o total de despesas —, os
juros de dívidas e empréstimos
fizeram com que o passivo ge-
ral do clube crescesse R$ 21,7
milhões, chegando ao total de
R$ 293,7 milhões.
Investimento no amador
Uma análise do balanço audi-
tado pela empresa Loudon
Blomquist — e disponível a to-
dos os torcedores no site oficial
do clube — revela ainda outros
detalhes da nova gestão. O fute-
bol passou por um arrocho em
2010, tendo consumido R$ 69
milhões (um valor 21,8% menor
que os R$ 88,6 milhões de 2009,
último ano da administração
Márcio Braga). O valor economi-
zado no departamento é prati-
camente igual ao salto do inves-
timentos nos esportes amado-
res e em melhorias no clube,
que consumiram R$ 45,5 mi-
lhões em 2010 (quase o dobro
dos R$ 25,4 milhões de 2009).
A presidente Patrícia Amorim
afirma que o investimento no
futebol em 2011 será maior, e
explica que o aumento dos re-
cursos para os esportes olímpi-
cos aconteceu, principalmente,
para consertar situações que
encontrou quando assumiu.
— Não foi só uma questão de
decisão política, pela importân-
cia que reconheço no amador.
Foi principalmente para reparar
alguns absurdos que encontrei.
O basquete não recebia há qua-
tro meses; a ginástica olímpica,
há oito; o futsal, há seis. A nata-
ção estava em 18 o- lugar no Bra-
sil. O alojamento do remo caía
aos pedaços. Fizemos obras na
Gávea. Há coisas que você não
pode deixar de fazer, são urgen-
tes. Além disso, circunstâncias
como as saídas do Adriano e do
Vágner Love explicam por que o
valor do futebol foi menor. Mas
este ano investimos muito, com
Ronaldinho, Thiago Neves...
Ainda longe dos clube ricos
Patrícia assumiu o Flamengo
num momento em que o clube
pode dar um salto de arrecada-
ção. Em 2010, sem ter lucrado
com venda de jogadores, o Fla-
mengo faturou R$ 128,5 milhões
(7% a mais que em 2009), o que
o deixa ainda bem abaixo de
Corinthians (R$ 212,6 milhões),
São Paulo (R$ 194,7 milhões) e
Internacional (R$ 167 milhões).
É este abismo que a diretoria
planeja diminuir em 2011.
Após a chegada de Ronaldi-
nho Gaúcho, o clube aumentou
a arrecadação com royalties e
licenciamentos (foram 63 mil
camisas oficiais vendidas no
país apenas nos dois meses se-
guintes à chegada do craque),
mas ainda não conseguiu fe-
char com um patrocinador
master na camisa. Os patrocí-
nios expostos na manga da ca-
misa e dentro do número vão
gerar, em 2011, R$ 10,5 milhões.
O clube trabalha com a pers-
pectiva de fechar com um pa-
trocinador master para o se-
gundo semestre, o que renderia
mais cerca de R$ 15 milhões.
Com a possibilidade de fatu-
rar com a venda de um jogador
até o fim do ano, e as luvas re-
cebidas pelo novo contrato de
direitos de transmissão no Bra-
sileiro, a diretoria espera ultra-
passar os R$ 150 milhões de fa-
turamento, meta estabelecida
no orçamento para este ano.
— Confio que vamos passar
disso, a previsão foi antes do Ro-
naldinho vir e deste título. Sabe-
mos que não podemos deixar de
investir, mas temos um compro-
misso com o passivo do clube,
principalmente nessa hora em
que vamos arrecadar mais. O
que aumentou a dívida foi por
juros, penhoras... Não gastamos
mais do que arrecadamos —
completa Patrícia Amorim. ■

Perfis distintos no mesmo bonde

Flamengo. Todos nós lucramos. Mas por enquanto,
na temporada até aqui, só mesmo os times de
Neymar e de Montillo atingiram o ponto em que o
futebol supera o patamar de simples competição.

COMANDANTES EM GUERRA. O resto é

exatamente competição, é disputa, é briga, é vai
ou racha — quando não é guerra mesmo. E não Willians e Wellinton: razões particulares para festejar o título estadual
apenas entre jogadores, como no fim de semana os Fabiano Rocha
casos entre Willians e Allan no Rio, Danilo e Rafael Oliveira*

D
Liédson em São Paulo, entre outros. Até na beira
do campo, a coisa está feia, como mostraram os o campeão do mundo ao jogador
professores Felipão e Tite. novato, estão todos no heterogê-
Podemos dar graças a Deus por eles terem neo bonde rubro-negro. Mas para
respeitado as respectivas áreas técnicas. Imaginem qualquer um deles a conquista de
se eles a abandonam: certamente teriam se domingo teve um certo ineditis-
engalfinhado diante do público e da televisão. Logo mo. É o caso do cascudo Willians
eles, nossos professores, hein... De dentro do espaço e do estreante em títulos Wellinton.
destinado a cada um, os dois ex-amigos ficaram Para o volante, campeão carioca e bra-
dirigindo impropérios um ao outro, com gestos e sileiro em 2009, o troféu foi o primeiro des-
gritos, numa cena altamente edificante para o nosso de que soube que seria pai novamente.
público de futebol, não é? Os comandantes... como — Esse já vai nascer campeão — lem-
são chamados pela mídia esportiva... brou o volante, que já tem um filho.
As expectativas pioram ainda mais se Para Wellinton, revelado no Flamengo,
lembrarmos que, exatamente hoje, no grande este foi o primeiro título como titular.
encontro de rivalidades do ano, teremos Pep — No ano passado, disse que eu não ha-
Guardiola de um lado e José Mourinho do outro. via chegado no clube à toa — lembrou o za-
gueiro que, ao contrário da maioria dos jo-
CRAQUES E CELEBRIDADES. Numa eleição do gadores revelados no clube, não caiu nas
Globoesporte.com, Thiago Neves virou o craque do graças da torcida de imediato. — Fui muito
Campeonato do Rio. Compreendo a animação da cobrado, levava porrada de todo lado.
torcida rubro-negra, mas no próprio time do
Flamengo acho que teve gente jogando mais, como WELLINTON E Willians posam num bonde na Praia da Barra da Tijuca, um dia após o título (*) Do Extra
por exemplo Leonardo Moura e o goleiro Felipe. O
segundo colocado foi outro Felipe, o do Vasco, e o
terceiro, do mesmo time, o jovem Bernardo, que HÁ 50 ANOS José Figueiredo
nem é titular (atenção, Ricardo Gomes...).
Integrantes da categoria de astros e celebridades, 3 DE MAIO DE 1961
como Fred e Ronaldinho Gaúcho, ficaram bem
abaixo.
Brasil e Paraguai voltam a cancha
MUNDO DA FANTASIA. Joseph Blatter e Ricardo
Teixeira fizeram as pazes, e o presidente da Como estava programado, a seleção brasileira — preparando-
Conmebol, Nicolas Leoz, confirmou apoio a Blatter se para a segunda partida contra o Paraguai, hoje à noite —
em mais uma eleição da Fifa. treinou ontem pela manhã, no Estádio Sajonia, fazendo 20
Pronto: bastaram os dois episódios para que minutos de individual dirigido por Paulo Amaral, cabendo a
Blatter mudasse de opinião e passasse a considerar Aimoré comandar a meia hora seguinte de dois toques.
que tudo caminha muito bem, às mil maravilhas,
aqui nos nossos preparativos para a Copa do
Mundo de 2014. Nada como um aconchego político Carona brasileira para guaranis
para o futebol voltar ao mundo da fantasia.
O desportista Alfonso Capurro recepcionou com um jantar,
anteontem, os dirigentes brasileiros que se encontram nesta
capital, à frente o presidente João Havelange. Este ficou ali
Destaques na TV sabendo das dificuldades que enfrentam os guaranis em
relação à Copa do Mundo de 1962. Tomando conhecimento de
REDE GLOBO 10:00 Troféu Maria Lenk de Natação que o govêrno do país vizinho não poderia despender muita
ha50anos@oglobo.com.br

12:00 Tênis: Masters 1000 Madrid

12:45 “Globo esporte”
15:45 Liga dos Campeões:
Barcelona x Real Madrid
BANDEIRANTES
11:15 “Jogo aberto”
SPORTV
10:00 “Redação Sportv”
13:15 “Sportvnews”
14:00 “Arena Sportv”
20:30 Desafio Internacional de
Futsal: Brasil x Ucrânia
22:45 Copa Libertadores:
América-MEX x Santos
00:45 “Sportv news”
SPORTV 2
09:00 Tênis: Masters 1000 Madrid
14:00 Tênis: Masters 1000 Madrid verba para a viagem a Santiago, o presidente da CBD afirmou
que, caso os paraguaios se classifiquem para a Copa, não terão
ESPN BRASIL problemas para o transporte, seguindo a seleção guarani como
10:00 “Pontapé inicial” convidada da seleção brasileira, no mesmo avião especial que
12:00 “Bate-bola”
levará os campeões mundiais até Santiago.
ESPN
15:45 Liga dos Campeões:
Barcelona x Real Madrid Vôo Lima-Rio nas asas da FAB
ESPN HD
15:45 Liga dos Campeões: As equipes brasileiras de volibol, tetracampeãs sul-americanas
Barcelona x Real Madrid invictas, tiveram mais uma vez adiada sua chegada ao Rio. Os
aviões da FAB em que viajarão nossos jogadores sòmente
ESPORTE INTERATIVO
20:00 NBA: Celtics x Miami Heat
deveriam deixar Lima esta manhã, com escalas em Arica e
OBS: Horários e programação Campo Grande, onde possìvelmente haverá pernoite.
fornecidos pelas emissoras
O GLOBO ● ESPORTES ● PÁGINA 3 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 19 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

03/05/2011 ESPORTES O GLOBO 3

CAMPEÃO INVICTO
Editoria de arte

UM CAMPEONATO A CADA DOIS ANOS

Em 20 anos, o Flamengo foi campeão estadual dez vezes
CAMPEÃO
2º 2º 2º 2º 2º
3º 3º 3º
lugar
lu lugar lugar lugar lugar
lugar
lu lugar lugar
6º
lugar 8º
lugar
11º lugar

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Título que fortalece um estilo

Vanderlei Luxemburgo celebra a vitória de sua forma de comandar o Flamengo, diz que o Estadual
inaugura uma nova era no clube e fala como firmou posição para não trazer Adriano e contratar Felipe
Fernando Maia

V
Carlos Eduardo Mansur
anderlei Luxembur-
go sempre deixou
claro em que condi-
ções retornaria ao
Flamengo ou assu-
miria qualquer ou-
tro clube. Queria
estrutura pronta ou
carta branca para
montá-la, queria uma área de
atuação que fosse além do tra-
balho de campo. Queria a ges-
tão técnica do futebol, partici-
pação em decisões que tradi-
cionalmente caberiam a diri-
gentes. Nada mais natural que
ontem ele exaltasse o título es-
tadual como a vitória do mode-
lo que defende, do seu estilo. O
técnico que nunca se esquivou
de dar tom autoral aos traba-
lhos, colocou-se na linha de
frente. Assumiu os riscos de
uma eventual derrota, ainda
mais porque vinha de uma era
de contestações. Como ganhou,
reforçou seus argumentos.
Carioca, Vanderlei reade-
quou seu estilo à cidade. Se
não na forma de trabalhar, ao
menos no traje. Saiu o terno,
entrou a camisa polo. Ontem,
horas após o título e o susto
com a internação de uma filha
para uma cirurgia de pedra no
rim, surgiu para a entrevista
coletiva com camisa social,
calça jeans e chinelo. À primei-
ra vista, um tom informal. Mas
que contrastava com a etique-
ta Prada no calçado.
— O título é um marco de
uma nova era. Não é a era da
Gávea, mas do Ninho do Urubu.
É um novo momento. Hoje, já
há uma condição mínima de re-
pouso, alimentação, treino. Es-
tá sendo criada uma estrutura
profissional. Eu tinha dito à Pa-
trícia Amorim que, para voltar
VANDERLEI LUXEMBURGO ergue os braços durante momento descontraído de sua entrevista coletiva: era de profissionalismo inaugurada
ao Flamengo, era para fazer o
que sei — disse Vanderlei.
Ele parecia enxergar o título
estadual como um acerto de
contas com sua própria histó-
ria no Flamengo. Em 1991, dei-
xou o clube com duras críticas
à estrutura. Em 1995, foi vice
do Estadual após o gol de bar-
riga de Renato Gaúcho pelo
Fluminense. Quando lembra
aquela passagem, mostra res-
sentimento com as liberalida-
des dadas a Romário:
— Na primeira vez, não quis
conviver com salário atrasa-
do, 14 prêmios atrasados, falta
de bola para treinar. Na segun-
da, teve aquela coisa de de-
pender da boa vontade do jo-
gador. O clube é o clube.
A lembrança é gancho para
o treinador assumir o ônus e o
bônus de cada decisão toma-
da em 2011. Embora ressalte
que, com formas diferentes de
falar, ele e a presidente do clu-
be tiveram a mesma opinião,
trata abertamente da posição
que firmou ao dizer não à con-
tratação de Adriano.
— Em 1995, eu disse que o
Flamengo não poderia ficar ór-
fão (aparentemente, queria di-
zer refém) do Romário, que um
jogador não poderia ditar nor-
mas. Não conheço o Adriano,
mas, pelo histórico dele no clu-
be, não cabia nesta filosofia.
Ele teve histórico de conquis-
tas, mas também de coisas que
agora não cabem. O Flamengo
não vai ficar órfão de um joga-
dor novamente, como não vai
ficar do Ronaldinho. O clube é
o clube — disse o técnico.
Na caminhada do Flamengo
de Vanderlei, o goleiro Felipe
foi outra decisão dura. Era re-
jeitado pela diretoria e, segun-
do o treinador, especificamen-
te por Patrícia e pelo vice de
finanças Michel Levy. Ao con-
tar como fez prevalecer sua
vontade, o treinador é nova-
mente revelador.
— Precisava de um goleiro.
O time tem que ter um goleiro
que a bola do jogo seja dele.
Teve resistência da Patrícia e
do Michel. Falei que a gestão
do futebol pertencia ao Lu-
xemburgo. Quem decide é a
comissão técnica. Se fosse pa-
ra eles definirem os jogado-
res, não precisava... E está
sendo bom para o Felipe e pa-
ra o Flamengo.
Por ora, sem jogo bonito
Durante a caminhada no Es-
tadual, o Flamengo teve que
conviver com a expectativa de
um futebol vistoso que não se
concretizou. E Vanderlei con-
corda com a crítica. Mais do
que isso, deixa claro que, no
momento, a ansiedade por um
jogo bonito deve ser deixada
de lado pela torcida.
— No Brasil, você contrata o
Ronaldinho Gaúcho e tem o me-
lhor time do mundo. Não é as-
sim, nosso time está em cons-
trução. Tem muitos times na
nossa frente, com trabalhos
longos. Hoje, futebol bonito só
o Santos pode jogar, pelos joga-
dores que tem. Cruzeiro, Inter-
nacional, Fluminense, todos
têm trabalhos de muitos anos.
Temos que avançar em novas
ações, enriquecer um grupo
que já tem condições de vencer,
que com a sequência vai poder
dar espetáculo — afirmou.
O treinador deixou para o
próprio Ronaldinho Gaúcho a
resposta sobre até que pondo o
astro da companhia vai corres-
ponder ao que se espera dele.
— Se vai chegar ao patamar
de antigamente, não sei. Porque
não depende do técnico. Depen-
de dele, de colocar um desafio,
um objetivo que queira alcan-
çar. Se não tiver mais nada que
queira buscar, não adianta. ■

Thiago quer ser eleito o craque do Carioca CLASSIFICAÇÃO FINAL

Flu é o vice;
Meia rubro-negro celebra fim do fantasma dos pênaltis e se desculpa com o Fluminense Vasco fica em 6 -o
Ivo Gonzalez ● Embora fosse o único
Miguel Caballero do perdi o pênalti contra o Fluminense. clube com chances de

A
tuações decisivas com gols em
clássicos, a penalidade final
que garantiu o título contra o
Vasco e a disposição demons-
trada durante toda a competi-
ção foram cartões de visita que
fizeram Thiago Neves vencer a descon-
fiança inicial dos rubro-negros sobre
um ex-tricolor. Mas, intimamente, o ca-
misa 7 do Flamengo ainda torce por ou-
tro reconhecimento, mais palpável. No
próximo dia 16, quando a Federação
do Rio entregar ao Flamengo a taça do
Campeonato Carioca, será eleito tam-
bém o craque da competição, prêmio
que faz Thiago Neves abrir um sorriso
ao defender, nem tão timidamente, a
escolha do seu nome.
— Olha, acho que tem outros nomes
que merecem. Mas é um título que eu
ainda não tenho, vão entregar na festa
do campeonato, né? Vai ser bom ter
que separar um lugarzinho na pratelei-
ra para mais este troféu, gostaria de ga-
nhar pela primeira vez.
Além de mostrar que a passagem pe-
lo rival não o impede de brilhar com a
camisa rubro-negra, ao marcar o gol do
título na cobrança de pênalti Thiago
exorcizou outro fantasma.
— Foi muito bom a cobrança decisi-
va ter caído no meu pé. Precisava da-
quele pênalti. Eu já tinha lembranças
ruins da final da Libertadores (em
2008, pelo Fluminense contra a LDU) e
na própria semifinal da Taça Rio, quan-
Procurei ficar tranquilo e fui feliz.
Depois da partida, ao comentar seu
primeiro título do Carioca, Thiago Ne-
ves se disse feliz por estar num clube
acostumado a decidir títulos no Rio,
em referência à hegemonia rubro-ne-
gra nos últimos anos. A declaração so-
ou como uma provocação ao seu ex-
clube. Ontem, Thiago Neves pediu des-
culpas a torcedores do Fluminense que
tenham se sentido ofendidos:
— Não tenho nada contra o Flumi-
nense, pelo contrário. Tenho amigos
lá, torço para eles irem bem na Liber-
tadores. Não quis desrespeitar jamais.
Só quis dizer que para jogar no Flamen-
go é preciso ter muita personalidade,
que é um clube acostumado a decidir.
Depois da folga no dia de ontem, os
jogadores do Flamengo se reapresen-
tam hoje à tarde para treinar no Ninho
do Urubu. Na quinta-feira, o time rece-
be o Ceará, no Engenhão, para a pri-
meira partida das oitavas de final da
Copa do Brasil.
A venda de ingressos começa hoje.
Os pontos de venda são as bilheterias
Sul do Engenhão, da Gávea, das Laran-
jeiras, do São Cristóvão, do Tijuca Tênis
Clube, da Arena Multiuso, do Clube Ni-
lopolitano e da Associação Atlético Vo-
lantes de Mesquita, além do site www.in-
gressofacil.com.br. Os preços variam de
R$ 20 a R$ 40, com meia entrada.
A CBF anunciou ontem que o jogo de
volta, no dia 11, será no Estádio Presi-
dente Vargas, em Fortaleza.
tirar o título do Flamengo,
o Vasco terminou o
Carioca em 6 o- lugar e só
seria vice se conquistasse
a Taça Rio e perdido nas
finais. Como o rubro-negro
foi campeão direto, o vice
foi o Fluminense, que
somou 35 pontos nos dois
turnos. O Botafogo foi o
terceiro colocado, com 31.
O Vasco somou 24 pontos
e ficou atrás de Boavista
(26) e Olaria (25).
LIBERTADORES
Santos enfrenta
América hoje
● O Santos teve dificuldades
para chegar a Querétaro, no
México, onde enfrenta o
América-MEX, hoje, às
22h45m, no segundo jogo
das oitavas de final da
Libertadores. Como chovia
forte na Cidade do México, o
avião foi para Acapulco,
depois voltou para a Cidade
do México, de onde seguiu
para Querétaro. Foram 16h
de viagem. O Santos joga
por um empate, pois venceu
THIAGO NEVES acena feliz: ele quer ajudar Flamengo a voltar à Copa Libertadores em casa por 1 a 0.
O GLOBO ● ESPORTES ● PÁGINA 4 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 22: 45 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

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Rafael Moura cita exemplo do Goiás, derrotado na Sul-Americana em
2010, para alertar Flu do perigo da acomodação no jogo com o Libertad
Vanderlei Luxemburgo rebate as críticas Alexandre Cassiano

A
sobre a indigência técnica do futebol exibido Gian Amato RAFAEL
pela equipe rubro-negra (apesar da elogiável memória de Rafael MOURA
conquista do Estadual invicto), alegando Moura está tão ní- brinca
tida quanto o nú-
que, “no momento, somente Santos e mero 9 em algaris- com Fred,
Cruzeiro podem jogar bonito”. Faltou pouco mos romanos ta- observado
tuado no seu bra-
para repetir a velha e “chamuscada” ç o e s q u e rd o . A por Conca,
ladainha de que quem quer ver espetáculo marca significa o no treino do
recorde na artilha-
deve ir a um show de Ivete Sangalo... ria da Copa Sul-Americana de Fluminense
Outros treinadores já andaram apelando para 2010. E serve para lembrar ontem nas
esta comparação infeliz, lançada por Péricles que, mesmo com todos os
Chamusca — que depois de cunhar tamanha seus gols, e a vantagem de jo- Laranjeiras
bobagem viu sua carreira murchar. Um (triste) gar a final na Argentina poden-
exemplo que me vem logo à cabeça é o de Dunga, do até perder por um gol de di-
em sua passagem pela seleção brasileira. ferença, o Goiás foi derrotado
Nunca, sob o comando dele, o Brasil conseguiu pelo Independiente nos pênal-
praticar um futebol encantador, daqueles de encher tis, depois de perder por 3 a 1
os olhos da torcida. Mas durante três anos ganhou no tempo normal e na prorro-
tudo o que disputou. Ainda que em várias dessas gação. O exemplo veio à tona
conquistas o acaso tenha sido fator determinante ontem, quando o Fluminense
— basta lembrar a claudicante campanha na Copa embarcou para o Paraguai pa-
América e os gols milagrosos e salvadores, em ra enfrentar o Libertad, ama-
momentos decisivos, na Copa das Confederações. nhã, na partida de volta das oi-
Justamente por causa disso, durante todo o tavas de final da Libertadores.
período que antecedeu o Mundial da África do Sul, O tricolor poderá perder por
a discussão futebol-arte x pragmatismo e resultados até um gol que avançará às
esteve na ordem do dia. quartas de final.
O final da novela é conhecido: Dunga abriu mão
do imenso talento dos jovens Paulo Henrique Ganso Emerson rescinde e reclama
e Neymar (que já “voavam” no Santos) e privilegiou Em dez jogos, Rafael fez nove
brucutus como Felipe Melo, Josué, Júlio Baptista, gols e virou o maior artilheiro da
Grafite e que tais. E nós morremos no fim... história da Sul-Americana. O
Goiás caía pelas tabelas no Bra-
POTENCIAL E EXPECTATIVA. Luxemburgo tem em sileiro e terminou rebaixado.
seu vasto e vitorioso currículo a formação de times Mas estava no topo do continen-
que venceram e convenceram, jogando um futebol te no primeiro jogo, em Goiás, nense espera outra batalha passa a ser mais importante ra reclamar da torcida, porque
ao mesmo tempo vistoso e vitorioso, à altura das quando venceu o Independiente em Assunção. Tanto que o clu- que o individualismo nas La- ela não sabe da metade das
melhores tradições da escola brasileira — vide o por 2 a 0. O time que tivesse o be contratou 10 seguranças ranjeiras, o atacante Emerson coisas que aconteceram”.
Cruzeiro tríplice-coroado, em 2003, e o Palmeiras maior placar ao fim dos dois jo- particulares para a viagem. seguirá o seu caminho. Ele e o Com a recuperação de Júlio
bicampeão brasileiro, em 1993/1994. gos venceria. Mas, depois do 3 a — Teremos que esquecer a clube chegaram a um acordo e César, o time deverá ser o
Por isso, quando conta com um elenco onde 1, o time perdeu nos pênaltis (5 arbitragem, a torcida e preser- rescindiram amigavelmente, mesmo da primeira partida
pontificam jogadores talentosos como Ronaldinho a 3). Por isto, Rafael alerta para var a nossa integridade física sem pagamento de multa res- contra o Libertad. Souza con-
Gaúcho, Thiago Neves, Leonardo Moura e Bottinelli, o perigo que a vantagem, inédita — declarou Rafael. cisória. Emerson, que teria tinua de fora e voltou a lamen-
espera-se que não se contente em ganhar um título para o Fluminense na Libertado- Rafael Moura marcou três cantado um funk do Flamengo tar. Deco, recuperado de lesão
estadual (ainda que invicto) com vitórias magras res, representa: gols nas finais de 2010. Um em no ônibus da delegação, em na coxa esquerda, vai para o
por 1 a 0 (Boavista, na final da Taça GB) e decisões — Estou calejado, porque cada jogo e outro nas cobran- Buenos Aires, reclamou da di- banco de reservas. ■
por pênaltis (contra os três grandes). na final da Sul-Americana fize- ças de pênaltis. No Fluminense, retoria em nota à imprensa:
É compreensível que o técnico peça paciência e mos uma diferença de dois ele é o artilheiro do time na Li- “A maneira como fui tratado
alegue que alguns de seus principais jogadores gols e não foi suficiente. Tere- bertadores, com quatro gols: me deixou chateado e acho CORREÇÃO
ainda não estão rendendo tudo o que podem. mos cuidado — disse Rafael. — A artilharia será uma con- que não merecia isto. Faltou
Perfeito. Mas se ele não tratar de ajudá-los, Cuidados dentro e fora de sequência, caso o Fluminense habilidade das pessoas que ● Fluminense venceu o Liber-
definindo de uma vez por todas a escalação titular campo. Depois da violência siga na competição. O time é agora estão lá. E respeito a um tad por 3 a 1 e não 3 a 2 como
e o esquema tático, fica mais difícil... em campo dos jogadores do maior que objetivos pessoais. jogador que fez o gol do título foi publicado no domingo.
Argentinos Juniors, o Flumi- No momento que o coletivo brasileiro. Não tenho nada pa-
QUEM FEZ A DIFERENÇA. Discordo dos que

Após a derrota, provocação Botafogo é

consideraram Thiago Neves o craque do
campeonato. Embora rendendo mais que
Ronaldinho Gaúcho (que continua devendo uma

punido por
atuação de gala), o ex-tricolor me parece distante

e discussão no aeroporto
da forma que já exibiu no Fluminense.
Na minha opinião, quem fez a diferença na equipe

incidentes
rubro-negra foi o goleiro Felipe. E não somente
pelas defesas nos pênaltis, mas também por ter
evitado algumas derrotas e garantido certas

contra Avaí
vitórias, com intervenções dificílimas.
Taxista rubro-negro irrita vaga na Libertadores. Precisa-
mos nos apegar a isto — disse
SOBROU NA TURMA. Independentemente de não
ter conseguido exibir, até agora, o futebol que se espera vascaínos. Para Felipe, faltou o zagueiro Dedé.
O meia Felipe disse discor-
de um elenco tão milionário e estelar, o Flamengo
sobrou na turma. Teria sido o campeão, com folgas, se ‘tranquilidade e competência’ dar dos que entendem que o
time se intimidou diante do
● Loco Abreu, Herrera e Caio

Júnior foram suspensos ontem

o torneio fosse por pontos corridos, superou todos os
grandes rivais (nos pênaltis ou não) e acabou invicto. O
Rodrigo Stafford*
32 o- título estadual foi merecidíssimo e indiscutível.
● A fase do Vasco não é nada
IRONIA. Quem é o fornecedor de material boa. Depois de perder a final
esportivo do Vasco? Pênalty... da Taça Rio para o Flamengo, o
HORA DO CHORO. Meu amigo Paulo César embarque do time para Curiti-
Guimarães, jornalista, professor da FACHA, e ba, onde vai enfrentar o Atléti-
botafoguense chorão leva sua verve enlouquecida co-PR, amanhã, pela Copa do
para as ondas do rádio. Desde ontem, participa do Brasil, foi marcado por um in-
“Conexão”, na Metropolitana AM 1990, diariamente, cidente. Membros da delega-
ao meio-dia. O programa pode ser ouvido também ção, em especial o goleiro Fer-
no link http://www.metropolitana1090.com.br/. nando Prass, não gostaram das
“Vou falar sobre futebol. Com a imparcialidade de brincadeiras do taxista rubro-
sempre. Como no blog, vou ser o ”Renato Maurício negro Hélio Hancio Filho e se
Prado dos pobres, oprimidos e chorões*“. Em envolveram numa discussão.
tempo: Chorão é o c!@#$%̈&*+”. — O Vasco só me dá alegria
Esse é o PC. Vale conferir. — disse Hélio, que ao ver Die-
go Souza, ex-jogador do Fla-
SUPERCRAQUE. A oposto Sheilla, que deu um show mengo, brincou. — Diego Sou-
de bola na final da Superliga feminina de vôlei, onde o za, você é um dos nossos. Vo-
Rio de Janeiro/Unilever conquistou o título, batendo o cê quando vestiu o manto hon-
Sollys/Osasco, por 3 sets a 0, foi eleita a melhor rou. Não merecia vestir isso.
atacante do campeonato pela terceira vez consecutiva,
algo que se repete desde que voltou da Itália, há exatos Reforço no gol
três anos. Não é à toa que, entre as colegas, é chamada O diretor-executivo Rodrigo
de Fenômeno! Sem excesso de peso e noitadas... Caetano reclamou que o taxis-
ta não poderia dizer aquilo.
O MILAGRE QUE FALTAVA. Comenta-se nos Ainda mais exaltado, Fernan-
corredores do Vaticano que havia certa resistência do Prass partiu em direção ao
à beatificação de João Paulo II até que o Fluminense taxista dizendo “você fala o
conseguiu se classificar na Libertadores, “contra que quer, vai ouvir o que não
tudo e contra todos”. Como também já era quer”. Outros taxistas chega-
atribuído ao “santo padre” a fuga do rebaixamento, ram e, ajudados por seguran-
em 2009, e o título brasileiro, em 2010, o conselho ças do clube, separaram Hélio
de clérigos rendeu-se: “A bênção, João de Deus”!!! dos jogadores vascaínos.
— Eu não estou ofendendo
ninguém, sou torcedor e cam-
peão — reclamou Hélio, que é
diretor da torcida Urubuzada
e trabalha no ponto de embar-
que do Santos Dumont.
Entre os jogadores, a ordem
é virar a página do Estadual.
— Estamos jogando uma
competição nacional que dá
FERNANDO PRASS faz defesa durante treino: irritação no aeroporto
goleiro Felipe.
— É uma segunda-feira ruim
e espero que passe logo. Não
tivemos tranquilidade e com-
petência nos pênaltis — disse.
O Vasco contratou, por em-
préstimo, o goleiro Diogo Sil-
va, do Nova Iguaçu. ■
(*) Do Extra
Ivo Gonzalez/4-4-2011
pelo STJD por causa dos
incidentes na partida contra o
Avaí, em que o Botafogo foi
eliminado da Copa do Brasil.
Os dois atacantes cumprirão
suspensão de cinco jogos no
Brasileiro por terem brigado, e
o técnico, um jogo por
desacato ao árbitro. O
Botafogo, multado em R$ 10
mil, vai recorrer da decisão.
Éverton, expulso, cumprirá
também um jogo. No Avaí,
multado em R$ 10 mil, foram
suspensos Marquinhos (cinco
partidas), Rafael Coelho e
Bruno (ambos quatro).
O Botafogo impediu ontem
que o presidente do Crea-RJ,
Agostinho Guerreiro, o
coordenador da Câmara de
Engenharia Elétrica do órgão,
Luiz Antônio Cosenza, e dois
engenheiros vistoriassem o
Engenhão, conforme havia
sido combinado com o
administrador do estádio na
sexta-feira, dia seguinte ao
apagão na partida entre
Fluminense e Libertad.
O vice presidente de
patrimônio do clube, Francisco
Fonseca, afirmou que o
Botafogo produz constantes
relatórios de manutenção e
que o Crea não tinha poder
fiscalizador. ■
O GLOBO ● ESPORTES ● PÁGINA 5 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 23 h PRETO/BRANCO

03/05/2011 ESPORTES O GLOBO 5

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Confira um time só
de jogadores que
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os coadjuvantes
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FÓRMULA-INDY

Will Power, o dono da rua

Em corrida iniciada no domingo, mas prejudicada pela chuva, piloto australiano da Penske confirma seu
talento para ganhar provas em circuitos deste tipo e vence o GP de São Paulo, no Circuito do Anhembi
Nelson Antoine/AP Fotos de Michel Filho

ENCOBERTO, HÉLIO Castroneves, do Brasil, dá um toque no carro do compatriota Vítor Meira (82)

Carol Knoploch passado ficou em terceiro).

O
SÃO PAULO
australiano Will
Power, o rei das
pistas de rua,
venceu ontem a
quarta etapa da
Fórmula-Indy, no
Circuito do
Anhembi, em São
Paulo. O piloto da
Penske, que havia feito a pole
position e se mantido na fren-
te no domingo, quando a cor-
rida teve de ser interrompida
por causa da forte chuva, não
teve dificuldades para obter a
segunda vitória do ano.
Power, que em 2010 venceu
três das quatro corridas em
circuitos de rua, inclusive em
São Paulo (as outras foram em
Saint Petersburg e Toronto),
assumiu a liderança do cam-
peonato, com 168 pontos.
Graham Rahal, da Ganassi, foi
o segundo, seguido por Ray
Briscoe, da Penske. O então lí-
der do campeonato e atual
campeão, Dario Franchitti, da
Ganassi, ficou em quarto, cain-
do para a segunda posição ge-
ral, com 154 pontos.
— A corrida foi divertida
mas o pódio, solitário — disse
o campeão, sobre a falta de pú-
blico, ontem, nas arquibanca-
das. — Meu objetivo é estar de-
terminado e não cometer er-
ros... Esse início de temporada
tem sido bom, mas... — hesitou
Power, já que os próximos qua-
tro GPs serão em ovais.
A Indy segue para as tradi-
cionais 500 Milhas de Indianá-
polis, em sua centésima edi-
ção, a 29 de maio.
— Não sou tão forte em
CADA UM na sua: enquanto Power acelera na Marginal Tietê, as outras pistas estão abertas ao trânsito ovais — admitiu Power.
WILL POWER festeja a vitória
A corrida, que ontem reco-
meçou na 14 a- volta, terminou
no limite de duas horas (e não
nas 75 voltas). O melhor bra-
sileiro foi Vítor Meira, da Foyt,
em 17 o-, duas voltas atrás de
Power. Tony Kanaan, da KV,
que recomeçara a prova com
cinco voltas atrás do líder, ter-
minou em 22 o-, nove voltas de
diferença para o campeão.
GP não prejudica trânsito
Kanaan, que era terceiro no
campeonato, caiu para sexto.
Foi ultrapassado por Oriol Ser-
via (Newman/Haas), que che-
gou a 110 pontos; Mike Conway
(Andretti), com 102; e Ryan
Briscoe (Penske), com 101. Hé-
lio Castroneves, da Penske, no-
ve voltas atrás de Power, ficou
em 21 o- . Raphael Mattos, da
AFS, bateu no muro e abando-
nou. Bia Figueiredo (Dreyer &
Reinbold) teve vários proble-
mas. Chegou a atingir até uma
peça solta do carro de Raphael
e acabou abandonando.
— Corrida esquisita... Fui o
melhor brasileiro e em 17 o- (ano
Que horrível! Até furei o pneu!
O que fiz foi sobreviver, um
exercício de paciência. Em
2012, temos de colocar brasilei-
ros no pódio. Ficamos devendo
ao público — declarou Vitor.
Tony Kanaan admitiu que
não tinha muitas esperanças.
— Acordei ontem de manhã,
com nove voltas atrás do líder
e sabia que não podia fazer
muita coisa — disse o brasilei-
ro, campeão de 2004.
A relargada, temida por con-
ta da chuva que caiu timida-
mente ontem, não fez vítimas.
Os pilotos reduziram a veloci-
dade e Power manteve a lide-
rança. Só foi ameaçado pelo ja-
ponês Takuma Sato, da KV,
que o ultrapassou na volta 25.
Após uma rodada de Rahal, a
organização mostrou bandeira
amarela, e Sato se manteve na
posição. Power caiu para oita-
va colocação na volta de 35,
quando fez um pit stop. Mas
chegou ao terceiro posto já na
volta 45. Depois, esperou os
primeiros colocados fazerem
suas paradas para retomar a li-
derança, na volta 48.
— O Takuma foi agressivo e
eu, conservador. Foi uma boa
jogada, ele foi rápido na pista
molhada — lembrou Power.
A suíça Simona de Silvestro,
da HVM, foi a mais rápida do
circuito (1m39s823), mas ter-
minou em 20 o- , nove voltas
atrás do vencedor.
Segundo a organização, o pi-
co de congestionamento on-
tem, na região do circuito, foi
de 109km, de manhã. A Com-
panhia de Engenharia de Trá-
fego informou que a média pa-
ra o horário, às segundas-fei-
ras, fica entre 110 e 112km. ■

FÓRMULA-1

Webber admite deixar a RBR SURFE

Maya Gabeira no World Tour do Rio

Piloto australiano se mostra insatisfeito com a posição secundária
na equipe, na semana do GP da Turquia, a próxima etapa do Mundial
● ROMA. Poucos dias antes do
GP da Turquia de Fórmula-1,
marcado para domingo, Mark
Webber — contratado da RBR
até o fim do ano — deu a en-
tender ao jornal italiano “La
Stampa” que poderá se apo-
sentar ou mudar de escuderia
em 2012.
— Quando este campeonato
terminar, meu contrato com a
Red Bull também terminará —
afirmou o australiano, quarto
na temporada, com 37 pontos,
ber foi brilhante. Largou em
18 o-. Chegou em terceiro.
Ano passado, o piloto já ha-
via deixado claro que a equipe
o considera em posição secun-
dária em relação a Vettel:
— Estou determinado. No
ano passado, eu lutei pelo títu-
lo, e quero fazê-lo novamente.
Até o momento, Vettel já ob-
teve três poles nas três pro-
vas, com duas vitórias (na Chi-
na, venceu Lewis Hamilton, da
McLaren), mas Webber não te-
etapa marca o começo da tem-
porada europeia, após três
corridas na Ásia. A programa-
ção começará sexta-feira. O
treino de classificação será sá-
bado, às 8h de Brasília, e o GP,
domingo, às 9h.
FIA dá prazo ao Bahrein
Ontem, a Federação Interna-
cional de Automobilismo (FIA)
estendeu o prazo para que o
Bahrein decida se irá realizar
o GP. A prova deveria ter aber-
prorrogação até 3 de junho,
data do Conselho Mundial de
Automobilismo da FIA, em
Barcelona”, divulgou a FIA.
Esta decisão será tomada
após consulta às autoridades
do Bahrein e à FOM (Formula
One Management)”. A FOM é
dirigida pelo megaempresá-
rio inglês Bernie Ecclestone,
que gerencia os direitos co-
merciais da F-1. Caso o GP do
Bahrein seja confirmado e
volte ao calendário, a tempo-
● A surfista Maya Gabeira, de 24 anos, foi convidada para
disputar a quinta etapa do World Tour feminino, o Circuito
Mundial de Surfe. O campeonato será realizado no Rio, na
praia da Barra ou na do Arpoador — dependendo das
condições do mar —, de 12 a 16 de maio.
Conhecida por seu desempenho em ondas grandes, a
carioca vai disputar pela primeira vez uma etapa do
Mundial e está entusiasmada:
— O Rio é minha casa e onde eu aprendi a surfar. Vai ser
muito legal fazer parte de um campeonato tão grande, no
quintal de casa, com minha família e amigos na praia.
NATAÇÃO TÊNIS
Thiago supera Masters 1.000
recorde no Rio de Madri
a
● Thiago Pereira, do ● Resultados (1 - rodada):

31 a menos que o líder e com-
panheiro Sebastian Vettel. —
Não acho que isso dependa
dos resultados. Quero vencer
por mim. Vamos ver. Se a equi-
pe não me quiser mais, terei
de me perguntar: penduro o
capacete ou mudo de equipe?
Na corrida da China, Web-
me o companheiro:
— Sebastian é muito rápido.
Agora, ele tem boa experiên-
cia, mas não é imbatível. Eu
prefiro não falar sobre suas fra-
quezas, mas todos as temos.
O circo está de mudança pa-
ra a Turquia, onde será realiza-
do o GP local, em Istambul. A
to o Mundial, a 13 de março,
mas foi adiada por causa da
crise política do país. O prazo
anterior ia até 1 o- de maio.
“A Federação Internacional
de Automobilismo concedeu
à Federação de Automobilis-
mo do Bahrein e ao Circuito
Internacional do Bahrein a
rada terá 20 GPs, tornando-se
a mais longa da História.
Especulações na categoria
apostam que a prova seria a 20
de novembro, após o GP de
Abu Dhabi (13 de novembro).
Com isso, o GP do Brasil, últi-
ma etapa, passaria de 27 de no-
vembro para 4 de dezembro. ■
Corinthians, quebrou o
recorde brasileiro dos
200m costas (1m58s36), ao
nadar em 1m58s07, ontem,
no Júlio de Lamare. Ele
obteve índice para o
Mundial de Xangai, em
julho. O Troféu Maria Lenk
prossegue hoje, às 10h.
Flavio Cipolla (ITA) 6/4, 6/7
(7/9) e 6/3 Andy Roddick
(EUA), Thiemo De Bakker
(HOL) 2/6, 7/5 e 6/4 Juan
Carlos Ferrero (ESP), John
Isner (EUA) 7/6 (7/5), 4/6 e
7/6 (7/3) Mardy Fish (EUA)
e Pere Riba (ESP) 6/2 e 6/4
Kei Nishikori (JAP).
O GLOBO ● ESPORTES ● PÁGINA 6 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 21: 33 h
6 03/05/2011
LIGA DOS CAMPEÕES
O quarto ato do
Lluis Gene/AFP
clássico eterno
Barcelona recebe Real Madrid
com vantagem de poder perder
por um gol para chegar à final
B
BARCELONA
arcelona e Real
Madrid encerram
a saga de quatro
j o g o s q u e c o m-
pleta hoje 18
dias, mas que se-
rá eterna na his-
tória do futebol
mundial. No Nou
Camp, às 15h45m (horário de
Brasília), o time de Messi en-
trará com a vantagem de po-
der perder por até um gol de
diferença para avançar à final
da Liga dos Campeões. Por
ter perdido a primeira e polê-
mica partida em Madri por 2
a 0, a equipe de Cristiano Ro-
naldo terá uma difícil missão
para seguir na principal com-
petição da Europa. Quem
vencer enfrentará o Schalke
04 ou o Manchester United,
que venceu o primeiro jogo,
na Alemanha, por 2 a 0.
O primeiro ato foi o empate
de 1 a 1 no Campeonato Espa-
nhol, em 16 de abril. Os prota-
gonistas Cristiano Ronaldo e
Messi marcaram no Santiago
Bernabéu. Ambos de pênalti.
MESSI CONTROLA a bola no último treino do Barcelona no Nou Camp antes do jogo com o Real Madrid Na Copa do Rei, em Valência,
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
o globo.com.br/esportes
só Ronaldo marcou. E o Real
foi campeão. Na primeira par-
tida das semifinais da Liga dos
Campeões, na última quarta-
feira, Messi marcou os dois
gols da vitória em plena casa
do Real Madrid. Mas o jogo,
cercado de polêmica, que ter-
minou com José Mourinho,
técnico do Real, e Pepe, za-
gueiro brasileiro, naturalizado
português, expulsos, parece
não ter fim. Mesmo depois de
90 minutos.
Busquet acusado de racismo
Ontem, o diário esportivo
espanhol “Marca” publicou
uma reportagem acusando o
volante Busquet, do Barcelo-
na, de ter feito ofensas racis-
tas ao lateral esquerdo brasi-
leiro Marcelo. O vídeo com o
suposto lance do xingamento
está disponível na Internet.
Segundo a reportagem, de-
pois de disputar uma jogada
com Marcelo, ex-Fluminense,
Busquet pôs a mão na boca e
teria xingado o jogador de
“mono” (macaco).
Depois de insinuar na última
semana que o Barcelona é sem-
pre favorecido pela arbitra-
gem, Mourinho não apareceu
para falar com os jornalistas.
Mas o seu auxiliar, Airto Karan-
ka, criticou a Uefa, que rejeitou
a denúncia do Real Madrid por
conduta antidesportiva e não
puniu o Barcelona.
— Uma entidade que tem
como princípios o respeito e
o jogo limpo... Todos viram
as imagens. Amanhã (hoje)
estará em campo um jogador
que fez insultos racistas, ta-
pando a boca para não ser
visto. E jogadores que não fi-
zeram nada não poderão
atuar — disse Karanka.
Um segundo vídeo mostra-
ria o momento em que Pepe
dá uma entrada violenta em
Daniel Alves, que culminou em
sua expulsão. Em Madrid, to-
dos acreditam que não não
houve contato físico. Em Bar-
celona, a opinião pública e o
clube pensam diferente. De-
pois dos quatro jogos que di-
vidiram o país, Guardiola, téc-
nico do time, só deseja que o
capítulo final chegue ao fim de
maneira tranquila. Ele defen-
deu seus jogadores:
— Acabamos tudo, ainda
bem. Conheço estes atletas e sei
que são honestos. Eles jogam fu-
tebol. Lutam e mostram espírito
guerreiro, mas se fazem coisas
boas ou ruins, e há denúncias,
quem decide é a Uefa. ■
TRANSMISSÃO: Rede Globo e ESPN
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO
José Renato, fundador do Teatro de Arena e diretor de
montagens revolucionárias, morre em SP aos 85 anos • 2
SEGUNDO CADERNO
O inferno de Babenco
O cineasta se prepara para trazer ao Rio ‘Hell’, sua terceira incursão pela direção teatral
HECTOR BABENCO em São Paulo: “‘Hell’ talvez tenha sido o pior livro que eu li, por me apresentar tudo o que eu mais desprezo: consumismo, promiscuidade sexual, excessos. (...) Escolhi o livro por ódio”
M
Rodrigo Fonseca
esmo depois
dos elogios
colhidos nos
palcos de São
Paulo pela
montagem de
“Hell”, Hector
Babenco continua nutrindo um mis-
to de nojo e ódio pela personagem
do best-seller homônimo de Lolita
Pille, que o realizador de “Lúcio Flá-
vio — O passageiro da agonia”
(1977) e “Carandiru” (2003) vem en-
cenar no Teatro dos Quatro, na Gá-
vea, no dia 13. Até 31 de julho, o es-
petáculo fica em cartaz, depurando
a relação sadomasoquista entre Ba-
benco e o livro. Vem de seu asco pe-
lo universo retratado por Lolita a
força cênica desta terceira incursão
do cineasta argentino naturalizado
brasileiro na direção teatral. É sua
mulher, a atriz Bárbara Paz, respon-
sável por apresentar o texto ao ci-
neasta, quem vive a protagonista.
— “Hell” talvez tenha sido o pior
livro que li, por me apresentar, a par-
tir de um viés trágico desnecessaria-
mente abjeto, tudo o que eu mais
desprezo: consumismo, promiscui-
dade sexual, excessos. Eu me vi na
frente de uma heroína suicida que
compartilhava comigo sua desinte-
gração como pessoa. Era a crônica
de uma overdose anunciada. Uma
crônica tão distante, tão distante,
que valia a pena ser visitada. E visi-
tada no palco, pois encenar uma pe-
ça para mim é como fazer uma pau-
sa meditativa para voltar a algum an-
tigo modelo meu de relação com a
criação artística — diz o cineasta. —
Seja no naturalismo, na tragédia ou
na comédia, aquilo que chamamos
de normalidade anda embaçado na
ficção em universos nos quais o bi-
zarro é camuflado. “Hell” não tem
camuflagem. Deixa o bizarro em es-
● PÁGINA 1 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 18: h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Troca de e-mails de diretores de associações de compositores
evidencia a relação próxima entre MinC e Ecad • 10
TERÇA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2011
Michel Filho
Divulgação/Paulo Vainer
tado puro à mostra. pria vaidade, frente consome moda falando tudo sem li-
E isso me dava a à descartabilidade mites — diz Babenco, recém-chega-
possibilidade de fa- da informação. Hell do de uma viagem à Ucrânia.
lar de personagens é o ícone disso. Em Viagem que vai transformar
sobre os quais nin- geral, artistas pau- num filme para celular:
guém se debruça, tam aquilo que vão — Um dia recebi um e-mail de
por estarem ligados adaptar por interes- pessoas que, pela semelhança de so-
à futilidade. Era um se humanitário por brenome, acreditavam serem meus
lixo que valia ser re- seus personagens. primos. Viajei o mundo atrás deles,
ciclado e exposto. Escolhi o livro por mas descobri que nossa relação se
Bárbara Paz se ódio, que eu pude limitava ao nome. Como documentei
transforma em Hell, resolver em cena o percurso com uma camerazinha
patricinha que vira sem uma encena- portátil, vou transformar as memó-
um molambo huma- ção realista. Quan- rias num filminho para a Oi para ser
no ao buscar num do a peça estreou, visto pelo celular.
coquetel de drogas, BÁRBARA PAZ no palco como a patricinha do best-seller de Lolita Pille Leon Cakoff (crítico Três indicações à Palma de Ouro
álcool e sexo um e diretor da Mostra em Cannes, uma vaga na briga pelo
analgésico para de Cinema de São Oscar de diretor em 1986 com “O
seus faniquitos existenciais. Mas passado” (2007), seu último longa, Paulo) me disse: “Acabei de ver seu beijo da Mulher Aranha” e a chance
suas angústias gangrenam quando o ou a esquizofrênica Ana, interpreta- novo filme.” Ele brincava com essa de ter dirigido Jack Nicholson e Me-
jovem Andrea (Paulo Azevedo) tan- da por Maria Luísa Mendonça em voltagem não realista que me fazia ryl Streep (em “Ironweed”, de 1987)
gencia seu caminho. Babenco já cru- “Coração iluminado”, de 1998. Mas associar a personagem a um troca- fazem do currículo de Babenco um
zou com mulheres autodestrutivas Hell extrapola. dor de roupa de butique. Na minha dos mais invejados do cinema bra-
em seus filmes, vide Vera (Mariana — Há um comportamento hoje cabeça, tudo podia se passar num sileiro. Nas artes cênicas, entretanto,
Anghileri), a modelo ciumenta de “O que vem da internet de expor a pró- reservado de loja, que é onde ela sua experiência como diretor passa
por “Louco de amor” (“Fool for lo-
ve”), montada em 1988 com Edson
Celulari e Xuxa Lopes, e “Mais perto”
(“Closer”), encenada em 2000, a con-
Escrito com Beatriz Bracher, próximo filme do diretor evoca seu linfoma vite de Renata Sorrah, com Marco
Ricca, Guta Stresser e José Mayer.
● Nasce de uma parceria com a es- quarto de quimioterapia comigo. Quinzena dos Realizadores do 64º — Sempre me considerei um
critora Beatriz Bracher, autora de Ficávamos de seis a sete horas por Festival de Cannes. aventureiro no teatro. Não há diálo-
“Não falei”, o roteiro que vai mar- dia na sala de um hospital em — Embarcar na escrita de um go entre os textos que montei, eles
car a volta de Hector Babenco aos Seattle. Hoje eu me pergunto se ele roteiro é um casamento, e eu sem- foram respostas a algum momento
longas-metragens quatro anos está vivo. Mas eu fui o fiel depo- pre fui feliz nos matrimônios com da minha vida. “Louco de amor” foi
após o lançamento de “O passa- sitário das histórias que ele conta- meus colegas, como Jorge Durán, em resposta a um encontro com al-
do” (2007): “Meu amigo hindu”. va enquanto éramos submetidos com quem trabalhei em filmes co- go que desconhecia: a nova drama-
Paralelamente à montagem de ao tratamento com todo o tipo de mo “Pixote”, e Jean-Claude Carriè- turgia rural americana, com caubóis
“Hell” no Teatro dos Quatro, Ba- substância química — diz Baben- re, com quem escrevi “Brincando de automóvel e telefone. Queria tra-
benco trabalha com Beatriz numa co. — O filme terá um pedaço in- nos campos do senhor”. Com a zer a dramaturgia de Sam Shepard,
trama que será majoritariamente ternacional. Mas ainda não sei on- Bia, a experiência está sendo mui- aquele John Wayne contemporâneo
ambientada no Brasil, com algu- de vou arrumar recursos. to prazerosa, pois, no fundo, o que genial, para o Brasil. “Closer” foi res-
mas sequências no exterior. Em Premiada no Festival do Rio de eu busco não é um roteirista, e sim posta ao convite da Renata e a um
gestação, o projeto evoca expe- 2009 pelo roteiro de “Os inquili- um companheiro de viagem que texto que me conquistou na primei-
riências reais da luta do cineasta nos”, de Sérgio Bianchi, Beatriz me ouça e me olhe nos olhos di- ra leitura — diz. — Já “Hell” chega
contra um linfoma, hoje curado. também assina “Abismo pratea- zendo o que está errado, o que po- num momento em que estou mais
— Eu tinha um amiguinho hin- do”, longa que o cearense Karim de melhorar. Não suporto um co- observador, tentando compreender
du de uns 7 anos que dividia um Aïnouz exibe no próximo dia 17 na laborador passivo. (R.F.) o que eu realmente quero dizer co-
mo artista. Continua na página 3
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 2 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 41 h PRETO/BRANCO

2
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● SEGUNDO CADERNO O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011

PELO MUNDO
CRISTINA RUIZ-KELLERSMANN, de Berlim Cai o pano: José Renato, criador
Aspargos
O sol brilha, o céu está azul, as mesas dos cafés,
do Teatro de Arena, morre aos 85
bares e restaurantes já estão dispostas nas calça- Diretor estava em cartaz como ator e celebrava o reconhecimento do público
das, as pessoas andam pelas ruas descontraídas e Eliária Andrade/1-7-2008
com um sorriso nos lábios... Sinais que anunciam
a chegada da primavera e, com ela, temperaturas
agradáveis e longos dias dão um novo ritmo à ci-
dade. Com um total de 2.500 parques públicos e
mais de 425 mil árvores, Berlim é uma das cidades
mais verdes da Europa. Nos edifícios são muito co-
muns janelas com vasos de flores, varandas com
arbustos e folhagens e trepadeiras que cobrem as
fachadas de verde. Quem tem varanda em casa JOSÉ RENATO,
desfruta de cada milímetro de área aberta. Aqui é falecido na
proibido desperdiçar dias de calor. Aliás, o povo madrugada
alemão em geral não desperdiça nada. Tudo é usa- de ontem, em
do e aproveitado de forma consciente: a água, a São Paulo:
terra, o espaço e até mesmo os raios de sol. encenações
históricas de
A primavera é a estação A receita tradicional alemã
dos aspargos, vegetal apeli- de aspargos é simples. Cozi- “Eles não usam
dado de “ouro branco”. Mes- do no vapor e servido com black-tie” e
mo sendo possível encontrar batatas novas, presunto defu-
o produto importado de paí- mado e manteiga derretida “Rasga coração”
ses europeus e de outras par- ou molho branco. A bebida
tes do mundo, o alemão tem que acompanha é o vinho

preferência pelo aspargo lo-
cal (branco). A cor do aspar-
go não diz respeito à espécie,
mas ao modo do cultivo. O
branco, mania nacional, é cul-
tivado sem luz do sol.
A Alemanha é o país euro-
peu líder no consumo de as-
pargos: 82 mil toneladas
por ano.
A maior produção do “ali-
mento dos deuses” encontra-
se na região da Baixa Saxô-
nia, com mais de 4.600 hec-
tares de cultivo. Em Berlim e
Brandemburgo, a terceira re-
gião produtora no país, a
maior plantação está em Be-
elitz, cujo solo arenoso e are-
jado é perfeito para o plan-
tio. Os campos de aspargos
ocupam 44% da
área de cultivo
agrícola da re- A Alemanha é
gião. Em 2010, a
colheita em Bee- o país europeu
litz foi de 5,2 to-
neladas por hec-
tare. Pode pare-
cer exagero, mas
consumo de
esta quantidade aspargos: 82
não basta para a
demanda. A pe- mil toneladas
quena cidade de
apenas 12 mil ha-
bitantes é uma
importante referência para a
branco, que não deve ser
muito frutado nem aromáti-
co, para não encobrir o sabor
da comida. Para combinar
melhor com o prato, reco-
menda-se Sauvignon Blanc e
Chardonnay ou Riesling e
Weisser Burgunder. Nesta
época, todo restaurante tem
aspargos no menu em pratos
variados como risoto, sopa e
salada. Ele também é usado
em recheio de massas, em pi-
zzas, em conservas e tem até
quem faça suco e sorvete
com sabor de aspargos.
O aspargo contém muitas
vitaminas importantes e em
doses impressionantes: vita-
minas K, C e E, bem como cál-
cio, folato, fósforo, potássio,
manganês e áci-
dos fólicos. Além
das propriedades
diuréticas, o as-
pargo tem uma
líder no série de substân-
cias antioxidan-
tes que ajudam a
combater o de-
senvolvimento de
doenças crônicas
como as cardio-
vasculares e o
por ano câncer. Mas não é
de hoje que o as-
pargo vem sendo usado co-
A
os 85 anos, José Rena-
to estava vivendo um
momento especial-
mente feliz. Fundador
do Teatro de Arena, diretor de
montagens revolucionárias co-
mo “Eles não usam black-tie”,
“Chapetuba Futebol Clube” e
“Rasga coração”, autor de “Um
edifício chamado 200”, ao lado
de Paulo Pontes e Milton Mo-
raes, ele tinha voltado aos pal-
cos, após 56 anos sem atuar, no
espetáculo “12 homens e uma
sentença”, em São Paulo.
— O sucesso da peça é, es-
pecialmente, o sucesso dele,
que, por ter feito sua trajetória
no teatro como diretor, não ti-
nha provado o reconhecimen-
to das plateias, em especial
dos muito jovens. Reconheci-
mento que agora ele experi-
mentou com uma alegria juve-
nil, que testemunhamos nes-
ses sete meses de temporada
— diz o ator, autor e diretor
Oswaldo Mendes.
Nascido Renato José Péco-
ra em 1926, em São Paulo, ele
se formou em 1950 na primei-
ra turma da Escola de Arte
Dramática (EAD) da USP. Ain-
da estudante, sugeriu o for-
mato em arena para um espe-
táculo. A ideia acabou dando
origem ao Teatro de Arena,
fundado em 1953.
— Inaugurava uma nova esté-
tica, a qual, quando comparada
com o TBC (Teatro Brasileiro de
Comédia), o must da época, pro-
vocava mil reflexões. Não bas-
tasse isso, deu início a uma no-
va dramaturgia, pondo no palco
o trabalhador brasileiro, arris-
cando-se em lançar um novo au-
tor, o ítalo-brasileiro Gianfran-
cesco Guarnieri. Não parou por
aí, encenando Vianinha, Chico
de Assis e convidando Boal para
a equipe. Zé Renato não esco-
lheu o teatro como forma de vi-
da. O teatro é que o escolheu
para garantir sua própria evolu-
ção — diz o crítico de teatro
Hersh Basbaum, autor de “José
Renato — Energia eterna”.
Era 1958 quando José Rena-
to dirigiu seu primeiro grande
CINE PE
sucesso, “Eles não usam bla-
ck-tie”, de Guarnieri. Ele acre-
ditava que teatro não era lu-
gar de propaganda ideológi-
ca. Em primeiro lugar, defen-
dia o compromisso com a di-
versão. Conseguido isso, viria
a obrigação de levar ao públi-
co conteúdo de qualidade —
o que fez com frequência ao
longo de mais de 60 anos de
teatro. No Rio, deu aulas de
direção na UniRio, até se apo-
sentar, em 1996.
Revigorado com a volta à cena
— Zé Renato era quase um
compêndio da história moder-
na do teatro brasileiro — diz
Eduardo Tolentino, diretor de
“12 homens e uma sentença”.
— Foi um privilégio conviver
com ele, sempre muito acessí-
vel, empolgado, com humilda-
de para ouvir outras opiniões,
sem deixar de dar as dele. Es-
tou triste, mas fico muito feliz
por ele ter tido um fim de car-
reira com um espetáculo de
muito sucesso, para o qual con-
tribuiu muito.
A peça continua, mas ele não
sabe como será a substituição.
— A volta à cena o revigorou
muito. Na sessão de domingo,
na qual esteve ótimo, cometeu
um ato falho. Seu personagem
responde que o que o velho
(que morava no andar de cima)
queria era um pouco mais de
tempo. A fala original era que o
velho queria atenção. Acredito
que ele expressou, de forma in-
consciente, o prazer que sentia
e a vontade de prorrogá-lo ao
máximo. Foi um belo cair de pa-
no. Ele foi um desses dinossau-
ros do teatro brasileiro, viveu
para o teatro, amando mais ao
teatro do que a si mesmo.
Após a sessão, José Renato
jantou com o elenco. Em segui-
da, uma amiga levou-o ao Ter-
minal do Tietê, onde pegaria o
ônibus de meia-noite para o
Rio. Passou mal, foi levado ao
pronto-socorro, mas morreu de
infarto na madrugada de on-
tem. O enterro será hoje, no ce-
mitério do Morumbi. ■

Monotonia estética na abertura do festival

cultura do aspargo e para o
turismo interno. Em Beelitz
existem atrações como a Ro-
ta do Aspargo, o Museu Ouro
Branco e a Festa do Aspargo,
este ano programada para o
início de junho.
Nos arredores de Berlim,
cartazes anunciam as planta-
ções de aspargos e locais de
venda do produto. A paisa-
mo medicamento. Há 2.400
anos, Hipócrates, o pai da
medicina, já indicava chá da
planta para tratamento de
problemas diuréticos e como
infusão, para casos de dores
e picadas de abelha.
Comédia de Alain Fresnot, ‘Família vende tudo’ tem trama truncada
O aspargo tem grande va- Divulgação
lor nutritivo e baixo teor de Rodrigo Fonseca força dos tributos no decor-
calorias. meio quilo de aspar- rer do evento.
go tem cerca de 65 calorias. Enviado especial • RECIFE — Comecei no cinema quase

gem das estradas na Alema-
nha é dominada por áreas de
cultivo agrícola. As pequenas
estradas — Landstrasse, al-
ternativas às famosas Auto-
bahn sem limite de velocida-
de, cruzam vilarejos e são la-
deadas por plantações de
grãos, flores e vegetais, e mui-
tos pastos. Também é co-
mum avistar animais como
veados e cegonhas pelo cami-
nho. São quilômetros de es-
tradinhas com árvores robus-
tas formando um arco que dá
a sensação de se estar atra-
vessando um túnel florestal.
Não se sabe exatamente
quando o aspargo surgiu no
planeta. Na Alemanha, o pri-
meiro registro do seu cultivo
data do século XVII, em Stutt-
gart. A história conta que os
egípcios e os gregos já usa-
vam o aspargo para fins tera-
pêuticos. Posteriormente, ro-
manos, franceses, holande-
ses e alemães aderiram a ele.
Hoje, a China é a maior pro-
dutora de aspargos do mun-
do. O vegetal faz parte da ali-
mentação de todos estes po-
vos e cada um deles o prepa-
ra de um jeito.
SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA
Felipe PELO MUNDO
Francisco PELO MUNDO
Hirsch Cristina Ruiz, Bosco
de Berlim
Ele faz jus à fama de light, uma
vez que o corpo gasta mais
calorias na digestão do que
ele contém. O vegetal é deli-
cado e requer cuidados. Ele
deve ser consumido até no
máximo quatro dias após a
colheita, que é feita duas ve-
zes por dia, uma pela manhã
e outra a tarde. Um profissio-
nal experiente pode colher
diariamente entre 80 e 150
quilos de aspargo do solo.
O aspargo é delicioso e im-
batível em termos de nutrien-
tes. Mas tem um porém. A
reação de uma enzima do cor-
po humano, quando em con-
tato com o enxofre do aspar-
go, provoca um cheiro desa-
gradável na urina. Esse efeito
só acontece em pessoas por-
tadoras desta enzima. No
mais, não há contraindicação.
É só aproveitar a época pois,
como diz o ditado alemão,
“Kirschen rot, Spargel tot”. A
traducão seria: cerejas ver-
melhas, aspargos mortos. Ou
seja, quando as cerejas ama-
durecem, termina a época
dos aspargos, que este ano te-
rá a sua última colheita em 24
de junho, Dia de São João.
SÁBADO
Hermano José Miguel
Eduardo Graça, Vianna Wisnik
de Nova York
Eduardo Levy,
de Los Angeles
C
om um roteiro que
renderia no máximo
um esquete de “A pra-
ça é nossa”, “Família
vende tudo”, comédia de Alain
Fresnot, imprimiu monotonia
estética na abertura da sele-
ção competitiva de longas-me-
tragens do 15 o- Cine PE, an-
teontem. Desperdiçando ta-
lentos como os de Lima Duar-
te e Vera Holtz em esboços de
personagens, o novo filme do
diretor de “Desmundo” (2002)
tem inegável capricho visual
graças à fotografia de José Ro-
berto Eliezer. Mas seus atribu-
tos narrativos param por aí.
Centrada no golpe aplicado
por um clã picareta no cantor
breganejo Ivan Claudio (Caco
Ciocler, subaproveitado), sua
trama é truncada: várias situa-
ções dramáticas são abertas
mas não são concluídas. Há
pouca margem para piadas
consistentes. Estrelado, seu
elenco se perde numa tipifica-
ção caricata, da qual só esca-
pa a jovem Marisol Ribeiro (a
Melissa da novela “Morde e
assopra”), unanimidade no
festival por seu desempenho
sóbrio no papel de uma ninfe-
ta que tenta engravidar de
DOMINGO Ivan Claudio. Já se cogita um
Caetano troféu Calunga de melhor
Veloso
coadjuvante para a moça, úni-
ca peça de resistência criativa
na produção.
CACO CIOCLER e Marisol Ribeiro: atriz se destaca no filme
— “Família vende tudo” se-
ria uma comédia de maus cos-
tumes — definiu Fresnot ao
GLOBO antes da sessão. — Fiz
dois filmes, “Lua cheia” e “Ed
Mort”, que eram fábulas. Quan-
do rodei “Desmundo”, experi-
mentei trabalhar com persona-
gens realistas. Achei que seria
um desafio misturar esses dois
enfoques, o fabular e o realista,
numa volta à comédia.
Com distribuição assegura-
da pela Playarte, o filme de
Fresnot, com lançamento co-
mercial agendado para 24 de
junho, foi recebido com risa-
das pela plateia mastodôntica
do Cine PE, com 2,5 mil espec-
tadores por sessão, apesar de
seus cacos.
— O filme não faz sentido
algum. Por isso mesmo é en-
graçado. Adorei — disse a es-
tudante de Medicina Luciana
Valença, ao lado da amiga Ma-
bel Leite, do curso de Publici-
dade, que também se entu-
siasmou pelo longa:
— É bem engraçado.
Fresnot apresentou o filme
no Cine-Teatro Guararapes
após uma afetiva homenagem
à atriz Camilla Pitanga, que
recebeu um Calunga de Ouro
pela carreira. A láurea foi en-
tregue por seu pai, o ator An-
tonio Pitanga. Apesar de toda
a paixão de Camilla no palco e
da delicadeza de sua deferên-
cia ao primeiro cineasta com
quem filmou, Rogério Sgan-
zerla (1946-2004), seu Calun-
ga dourado esbarrou num ve-
lho vício do Cine PE: a cada
noite, na mostra pernambu-
cana, alguém é homenageado,
o que acaba enfraquecendo a
como numa brincadeira. Se é
para continuar, que seja com
paixão — disse Camilla, citando
com entusiasmo seu filme mais
recente: “Eu receberia as piores
notícias de seus lindos lábios”,
de Beto Brant, que começa a
circular no segundo semestre.
Curta sobre Nicolas Behr agrada
Entre os curtas-metragens
em concurso, a experiência
animada “Céu, inferno e ou-
tras partes do corpo”, de Ro-
drigo John, impôs-se na tela
com excelência. O filme im-
pressiona pelo engenho de
sua direção de arte, refletindo
sobre o abandono em meio a
uma sociedade em colapso,
tendo como pano de fundo a
voz do cantor Jamelão nos
acordes de “Loucura”. “Braxi-
lia”, de Danyella Proença, foi
o curta que mais arrebatou
palmas ao documentar o coti-
diano do poeta Nicolas Behr e
as lembranças de seus versos
mimeografados.
Dois longas serão exibidos
hoje em concurso: a ficção “Va-
mos fazer um brinde”, de Sabri-
na Rosa e Cavi Borges, e o do-
cumentário “JMB, o Famigera-
do”, de Luci Alcântara. Na sex-
ta-feira serão anunciados os ga-
nhadores dos Calungas. ■
● O repórter viajou a convite da
organização do festival
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 3 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 33 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO SEGUNDO CADERNO ● 3

Som como dispositivo imaginário

Isabel Butcher

A
linguagem sonora é o
meio pelo qual o artista
plástico Paulo Vivac-
qua tenta despertar a
imaginação do espectador. Na
exposição “Kms5n6j6jw6EH-
kuhuf7ytgEQg4jk46a45h”, que
Paulo Vivacqua abre hoje a mostra ‘Kms5n6j6jw6EHkuhuf7ytgEQg4jk46a45h’ na galeria Laura Marsiaj
tem abertura hoje, às 19h, na ga-
leria Laura Marsiaj, em Ipanema,
Vivacqua apresenta nove traba-
lhos e a instalação “...Hi Hi Hi...”,
feita especialmente para a oca-
sião, usando ou simplesmente
insinuando sons.
O artista propõe ao especta-
dor imaginar uma cena ou um
terceiro elemento para o objeto
e o som apresentados por ele.
— Quando você ouve um
som, ele se torna algo. É como
um jogo de linguagem. Você
imagina através do som e cria
situações sonoras. São narrati-
vas abertas. Crio dispositivos
do imaginário. Isso aqui (apon-
ta para o trabalho que dá nome
à exposição) não é nada, mas
você vê e você projeta coisas
— diz Vivacqua, que é um dos
85 indicados ao Prêmio Pipa de
artes plásticas 2011.
O alto-falante é um elemento
constante em suas obras, as-
sim como fios e materiais acús-
Divulgação
ticos. Geralmente, eles emitem
sons que se fundem com o as-
pecto físico do trabalho. É o ca-
so de “Fios faltantes”, que, se-
gundo Vivacqua, tem um som
mineral, de pedra.
As referências ao som estão
presentes nos seus últimos
trabalhos, mas a obra é muda,
sugerindo ao espectador ir
buscar algum som no baú da
memória. Neste caso, o alto-
falante não exerce sua função
habitual. Ele serve como um
dispositivo para desencadear
a imaginação do espectador. É
o caso, por exemplo, de “Wi-
reless” e “Speakless”. No pri-
meiro, Vivacqua prendeu uma
série de alto-falantes entre
vidros; no segundo, fez um
belo emaranhado de fios. Ne-
nhum som sai, pelo menos
não diretamente.
A sequência de caracteres
A OBRA que dá nome à exposição: mámore, vidro e alto-falante que forma o nome da mostra
é o título de uma música de
30 segundos do projeto britâ-
nico The Tuss, o que pode
ser uma referência à forma-
ção de músico do artista, que
estudava e criava música
acústica contemporânea até
que, para ganhar dinheiro,
caiu na publicidade.
— O som ativa a memória. É
como um filme de terror, tem
que ter a musiquinha, um som
específico que ativa o medo —
explica Vivacqua.
Plástico-bolha e papel-alumínio
O artista seleciona parte do
material que vai usar em suas
obras em passeios à Saara. Vi-
vacqua procura texturas dife-
rentes em tecidos, mas tam-
bém em plástico-bolha ou pa-
pel-alumínio, por exemplo. Pa-
ra envolvê-las, vidros, e como
suporte, mármore, que se
transforma em uma espécie de
altar para a obra e, ao mesmo
tempo, compõe uma paisa-
gem, já que as manchas do
mármore são vistas pelo autor
como nuvens ou gás.
O crítico de arte Felipe Sco-
vino escreveu sobre o traba-
lho de Vivacqua e, no texto “A
Economia da inutilidade”, ex-
plica: “Com ecos originados
em Duchamp e posteriormen-
te reprocessados por Cildo
Meireles, para citar alguns
exemplos, a economia da inu-
tilidade de Vivacqua é mate-
rializada não por meio de ob-
jetos serializados e posterior-
mente deslocados de sua fun-
ção de uso, mas por objetos
executados de forma exclusi-
va e singular, numa fronteira
entre a audácia e o nada.”
Irônico, Vivacqua elimina o
significado original do objeto,
distorcendo-o para que o espec-
tador liberte a imaginação. ■

O inferno de Babenco
Continuação da página 1

A
o montar Shepard,
Babenco arrancou
de Edson Celulari
um desempenho
que margeava a
barbárie e o liris-
mo como um caubói moderno
em colapso afetivo.
— Babenco mergulhou no
texto do Sam Shepard com toda
a força, a contundência e a vio-
lência características daquele
autor. Em nenhum momento ele
quis facilitar aquele universo
tão duro — diz Celulari. — E
não facilitou justamente porque
Babenco entendia a força da-
quele mundo e sabia amplificá-
la como ninguém.
Em 2000, com “Closer”, ao me-
xer nos fragmentos do discurso
amoroso do dramaturgo Patrick
Marber, Babenco impressionou
o ator Marco Ricca — que já di-
rigiu dez peças — pela junção
dos cacos dos corações parti-
dos dos quatro personagens do
texto. Texto este filmado por Mi-
ke Nichols em 2004.
— Há um trâmite no teatro,
diferente do cinema, que são
os ensaios, nos quais se escu-
ta, conversa-se e troca-se cole-
tivamente. Ensaiando com a
gente, Babenco, que vinha do
cinema, parecia estar reapren-
dendo, ou melhor, aprenden-
do com a gente, num processo
muito bonito para um homem
da genialidade dele — elogia
Ricca. — Como Babenco é um
artista criativo, sua passagem
pelo palco é sempre bem-vin-
da ao teatro, pois ele sempre
nos dá alguma invenção.

Bárbara: ‘mulher, profissão atriz’

Acolhido pela classe teatral,
Babenco, um fã dos trabalhos
de Enrique Diaz e Felipe Hirsch
nos palcos, hoje testa o talento
de Bárbara como intérprete.
— Conheci a Bárbara mulher,
profissão atriz. Nunca a tinha
visto atuando, pois não vi suas
peças com o Grupo Tapa e nem
vi a novela que ela fez. Lapidei a
peça enquanto ela gravava “Vi-
ver a vida” no Rio, na Globo, e só
depois, no palco, é que eu a des-
cobri como atriz. E me surpreen-
di. A montagem no Rio é uma
forma de compartilhar essa sur-
presa com vocês — diz Baben-
co, que não traça planos espe-
ciais para festejar os 30 anos de
um de seus filmes mais cultua-
dos, “Pixote, a lei do mais fraco”
(1981). — Comigo, os mecanis-
mos emocionais não funcionam
por datas comemorativas. É raro
eu dar presente às minhas filhas
e às demais pessoas que amo
por data de aniversário. Presen-
teio quando encontro algo de
que as pessoas possam gostar.
No meu escritório, tem uma foto
minha em que estou abraçado
com o Fernando Ramos da Silva,
o Pixote, e que morreu cedo. Fer-
nando escreveu na foto: “Hector,
gosto muito de você. Você foi
muito legal.” Não preciso trazer
o Fernando de volta por ser ani-
versário do filme. Ele está comi-
go o tempo todo. Sempre. ■
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO
4
.
● SEGUNDO CADERNO
A força da voz suave
Ao lado do marido, Jim Tomlinson, Stacey Kent renova ‘standards’
‘The lyric’
Jim Tomlinson e Stacey Kent
Luiz Fernando Vianna
J
im Tomlinson é um cara
de sorte. Em 1991, em
Londres, conheceu Sta-
cey Kent, americana co-
mo ele. Além de encontrar
quem até hoje é sua mulher,
encontrou uma cantora de pri-
meiro nível para acompanhá-lo
em seus projetos. “The lyric”,
gravado em 2006 e chegando
agora ao Brasil (com lança-
mento amanhã, às 21h, em
apresentação na Sala São Pau-
lo), é um disco do bom saxofo-
nista Tomlinson featuring a óti-
ma Stacey. E, felizmente, ela es-
tá em dez das 13 faixas.
Intimidade com Jobim
Não está, para tristeza dos
ouvintes brasileiros, nas ver-
sões de “Manhã de carnaval” e
“Outra vez”, mas interpreta
“Corcovado” (ou “Quiet nights”)
com o conhecimento de causa
de quem já gravou vários temas
de Tom Jobim — como no disco
“Brazilian sketches”, também
feito com o marido.
Stacey é herdeira da ala de
intérpretes americanas com vo-
zes sem grande extensão, mas
extremamente envolventes, co-
mo se cantassem ao pé do ou-
‘A thousand suns’
Linkin Park
Sem conseguir restabelecer
o equilíbrio entre rap e rock
que o fez estourar, o grupo
faz o que pode com os vo-
cais de Chester Bennington
e toneladas de efeitos eletrô-
nicos. O CD vem com um
DVD ao vivo. (B.A.)
Cotação: Regular
BAIXE LÁ
● O disco ao vivo dos Goril-
laz, “The fall”, já pode ser
ouvido no site da banda
http://gorillaz.com/
● Vida e obra do sanfoneiro
Sivuca em belo site
http://www.sivuca.com.br/
Fábio Penna capricha no
● se diz que ele “vence a pri-
clipe de “Caixa de sonhos”
http://www.fabiopenna.com/acossa
do/clipe.html
AGENDA
Hoje
• Moska é o convidado da Mostra
Musical Tempo Livre, no Oi Futuro
Ipanema (3201-3010), às 19h. Ele
conversa com o público e com o di-
retor teatral Hamilton Vaz Pereira.
• A banda italiana Akkura se apre-
senta no Solar de Botafogo
(2543-5411), às 21h30m.
• Cláudio Nucci e Zé Renato se
apresentam no projeto Sete em
Ponto, no Teatro Carlos Gomes
(2215-0556), às 19h, com ingres-
sos a R$ 1.
● PÁGINA 4 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 32 h
vido, casos de Julie London e
Blossom Dearie. Parecendo
evocar esta última, há no CD
“Something happens to me”.
“My heart belongs to daddy”
é um bom exemplo do estilo de
Stacey, pois a canção de Cole
Porter, frequentemente grava-
da com muito vigor e malícia,
ganha ternura com ela.
“I got lost in his arms”,
“What are you doing the rest
of your life?” e “Stardust” são
outras músicas que mostram
como Stacey pode ser tão ori-
ginal quanto reverente ao en-
frentar os standards.
É claro que o quarteto lide-
rado por Tomlinson é funda-
mental para o bom resultado
do CD — e, ressalte-se, é do sa-
xofonista a direção musical
dos “discos de carreira” de Sta-
cey. Mas sua voz, paradoxal-
mente suave, é o ponto forte.
Cotação: Ótimo
‘Leve o porto’
Pedro Ivo
Assim como outros jovens
que atuam no Rio, o santis-
ta Pedro Ivo reverencia a
tradição em sambas, ciran-
das, frevos etc. Ao lado de
quatro cantoras, mostra
qualidade. “Ele, o homem”
é um destaque. (L.F.V.)
Cotação: Bom
6 MINUTOS COM Pitty
‘Eu queria quentura, catarse coletiva’
● Depois de gravar seu primei-
ro DVD, “(Des) concerto”, de
2007, em São Paulo, a baiana
Pitty escolheu o Rio para o no-
vo registro, “A trupe delirante
no Circo Voador”, gravado em
dezembro de 2010, que tem
lançamento marcado para o
dia 13. Neste papo, Pitty fala
sobre sua relação com o públi-
co carioca e sobre o conceito
do novo DVD.
• O grupo Toque de Arte é a atra-
ção da série Lapa de Todos os
Sambas, no CCBB (3808-2020),
às 12h30m e às 19h.
Quinta, dia 5
• Elza Soares leva o show “Pixin-
guinha in jazz” ao Teatro Rival
(2240-4469), às 19h30m.
Sexta, dia 6
• O Circo Voador (2533-0354) re-
cebe o soul de Jamie Lidell, às 23h.
• Skank e Chimarruts comandam
O GLOBO
MÚSICA
DISCOS
CRÍTICA
JIM TOMLINSON e Stacey Kent, juntos em mais um projeto de reinterpretação de canções clássicas
‘Fabric live’
Marky
Atração de Coachella, o
mais espetacular DJ brasi-
leiro brilha na série do clu-
be londrino do qual é resi-
dente. Numa mixagem im-
pecável, ele passeia pelos
c a m i n h o s re c e n t e s d o
drum and bass. (C.A.)
Cotação: Bom
O GLOBO: Por que gravar um
DVD no Circo Voador?
PITTY: O Rio e o Circo são mui-
to especiais para a gente. Foi
onde eu fui morar quando saí
de Salvador, para gravar o “Ad-
mirável chip novo”. E o Circo
Voador é um espaço em que a
gente se sente muito em casa,
temos um histórico de shows
catárticos ali. E eu queria isso;
quentura, catarse coletiva.
a noite na Fundição Progresso
(2220-5070), às 23h.
Sábado, dia 7
• Marcelo Camelo lança seu segun-
do disco solo, “Toque dela”, no Cir-
co Voador (2533-0354), às 23h.
• Sandy traz o show “Manuscrito”
ao Vivo Rio (2272-2919), às 22h.
• Wilson Moreira recebe Nélson
Sargento e Agenor de Oliveira no
Lapases (7666-7207), na Lapa,
para uma tarde de samba, às 14h.
• O bloco Sargento Pimenta ocu-
‘Spitfire collection’
Uriah Heep
Banda inglesa da segunda
divisão do hard rock dos
anos 1970, atrás de nomes
como Led Zeppelin e Deep
Purple, o Uriah Heep vale
uma coletânea, com músi-
cas como “Gypsy” e “Spirit
of freedom”. (B.A.)
Cotação: Bom
● Você se preocupou em fazer
um DVD diferente do primeiro?
Sim, sob todos os aspectos:
conceito, edição, repertório.
Não fazia sentido gravar as
mesmas músicas do primeiro. A
ideia era ter um registro mais
roots; simplesmente um show
de rock. Escolhemos músicas
mais agitadas e privilegiamos o
“Chiaroscuro”, que é o disco da
turnê em questão. (B.A.) ■
pa o palco da Fundição Progresso
(2220-5070), às 23h.
Domingo, dia 8
• A Orquestra de Câmara de Han-
nover se apresenta no Teatro Muni-
cipal (2332-9191), às 11h. Na se-
gunda-feira, ela toca de graça no
Pavão-Pavãozinho, às 16h.
• Jerry Adriani e Renato e seus
Blue Caps se apresentam na Praia
de Icaraí (em frente à Praça Getúlio
Vargas), em Niterói, às 20h, em ho-
menagem ao Dia das Mães.
Por Bernardo Araujo, Carlos Albuquerque e Leonardo Lichote
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA
Artes Visuais Música Artes Cênicas Cinema Transcultura
ACORDES
Auxílio luxuoso
● O novo show do Kid
Abelha, “Glitter de
principiante”, que
chega ao Rio no dia
14, no Citibank Hall,
terá textos da drama-
turga Daniela Pereira
de Carvalho. Ela foi
convocada para o tra-
balho pela cantora
Paula Toller, fã de pe-
Divulgação ças suas como “As
próximas horas serão
definitivas”, e tam-
bém por ser profunda
conhecedora da his-
tória do Kid.
Cidade das harpas
● O Rio Harp Festival
chega à 6 a- edição este
mês, com músicos de
países como a França,
a Argentina, a Bélgica e
a Dinamarca. O prodí-
gio Benjamin Creigh-
ton, do País de Gales,
de apenas 13 anos, é
uma das grandes reve-
lações do instrumento.
Ele se apresenta no dia
26, no Museu Nacional
de Belas Artes, tocan-
do música contempo-
rânea e jazz. A progra-
mação do festival está
em www.rioharpfesti
val.com.br.
‘Habemus’ baterista
● A busca da banda de
p ro g - m e t a l D re a m
Theater por um bate-
rista, depois da saída
de Mike Portnoy, fez
tanto sucesso na inter-
net que será lançada
em DVD. O grupo se
decidiu pelo veterano
Mike Mangini, ex-Ste-
ve Vai e Extreme.
CLÁSSICO
Luiz Paulo Horta
Os músicos demitidos
da Orquestra Sinfônica
Brasileira apresentaram-se
sábado em concerto que
lotou a Escola de Música
da UFRJ e que teve a parti-
cipação de instrumentistas
da Petrobras Sinfônica e da
‘O lado brilhante da lua’ orquestra do Teatro Muni-
Tonho Crocco cipal. Tocou-se o Hino Na-
O ex-Ultramen acerta ao be- cional, e Cristina Ortiz, ao
ber da fonte soul-samba ca- piano, conduziu uma emo-
rioca da década de 1970, cionante interpretação do
num tributo a Tim Maia, Cas- Concerto n o- 4 de Beetho-
siano, Black Rio e Originais ven. O clima era de euforia
do Samba — química que e preocupação. Houve dis-
faz valer mesmo as letras cursos indignados, que em
menos inspiradas. (L.L.) nenhum momento escorre-
garam para as ofensas.
Cotação: Bom E assim chegamos a esta
situação esdrúxula, em
que há uma OSB e uma
“OSB do B”. Mas a OSB ori-
Divulgação/ Caroline Bittencourt
ginal está agora montada
nas bases mais frágeis do
mundo, e o pedido dos mú-
sicos para que o maestro
Minczuk se afaste me pare-
ce bem mais próximo da
realidade do que os anún-
cios, de um prodigioso oti-
mismo, publicados pela
Fundação OSB. Também
não ajuda nada a entrevis-
ta do maestro às Páginas
Amarelas de “Veja”, onde
meira batalha de uma
guerra santa contra a me-
diocridade e o corporati-
vismo”. Fica parecendo
uma briga de paulistas
com cariocas.
Nenhuma batalha foi ven-
cida, e não vejo como se
O GLOBO NA INTERNET possa (re)construir uma or-
a oglobo.com.br/cultura questra de costas para a
maioria maciça do meio
• Ouça “Manhã de carnaval” musical brasileiro.
e “Stardust”, do disco
“The lyric”, de Jim Tomlinson ● CONCERTOS. Amanhã, a Sin-
e Stacey Kent fônica de Bamberg toca com um
grande pianista, Till Fellner.
• Leia a íntegra da entrevista Quinta-feira é dia da Orquestra
de Pitty do Festival de Budapeste e de
um recital de Daniel Burlet na
..................................................
NO TWITTER ABL. Sexta-feira, Karabtchevsky
twitter.com/OGlobo_Cultura rege a Petrobras Sinfônica (com
Antonio Meneses).
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
De dentro da cena
● “Rocinha em off, a história
que a mídia não soube ou
não pôde contar” é o
primeiro livro de Carlos Costa,
ex-líder comunitário e
formado em jornalismo.
Carlos conta a disputa pelo
poder na favela. “Estava lá
quando uma autoridade
pública levou um cuspe na
cara durante uma reunião de
moradores”, conta. Duas
editoras disputam o livro.
Os novos portugas
● O escritório do arquiteto
carioca André Piva recebeu,
na sexta-feira, três pedidos
de emprego. Todos de
arquitetos portugueses.
Fundo de memória
● Eduardo Paes anuncia dia 11
o Fundo de Apoio ao
Patrimônio Histórico. Pelo
edital, empresas de
restauração vão poder
recorrer à Secretaria de
Cultura e financiar parte de
obras em imóveis históricos.
A ajuda de custo chegará a
R$ 4 milhões.
Genet da Lapa
● Trinta travestis e drag
queens estão convidados para
a estreia da peça “Os anjos
devem morrer”, no Planetário
da Gávea. A peça conta a vida
de Jean Genet, o escritor do
submundo parisiense na
primeira década do século
passado, e tem climão Lapa.
Carma de ator
● De Dan Stulbach, num caco-
Bolsonaro, no fim de semana
da divertida “39 degraus”:
“Minha família não é promíscua
como a sua”. Um dos colegas
revidou mostrando a raquete
de tênis, alusão ao personagem
que ele fez em “Mulheres
apaixonadas”. Dan riu: “Isso é
um carma na minha vida”.
Chama o COI
● Depois do Eike, o Rio ganhou
outro SOS para seus males: o
Comitê Olímpico Internacional.
É a ele que o carioca está
recorrendo agora para
resolver enchentes da Pça. da
Bandeira e racionalizar a linha
do metrô por Botafogo.
Homens trabalhando
● A blitz da Lei Seca não
recolhe mais seus balões às
5h da manhã. Havia uma
turma trabalhando duro,
bafômetro em punho, às 7h,
sábado, em São Conrado.
Morro Cinelândia
● O sucesso do Cine Carioca
(todas as poltronas de “Rio”
têm estado ocupadas), da
favela Nova Brasília, vai fazer
com que o Complexo do
Alemão ganhe outra sala de
cinema 3D. Ficará na Vila
Cruzeiro. Abre no fim do ano.
Velozes e lucrativos
● O filme “Velozes e furio-
sos 5 — Operação Rio”, ro-
dado parcialmente na cida-
de, foi a maior estreia do
ano nos EUA e no Canadá: a
trama protagonizada por
Vin Diesel faturou US$ 83,63
milhões em seu primeiro
fim de semana em cartaz.
EXPEDIENTE
Editora: Isabel De Luca (ideluca@oglobo.com.br)
Editores assistentes: Bernardo Araujo (bbaraujo@oglobo.com.br), Fátima Sá
(fatima.sa@oglobo.com.br) e Nani Rubin (nani@oglobo.com.br)
Fotografia: Leonardo Aversa (aversa@oglobo.com.br)
Diagramação: Christiana Lee e Cristina Flegner
Telefones/Redação: 2534-5703
Publicidade: 2534-4310 (publicidade@oglobo.com.br)
Correspondência: Rua Irineu Marinho 35, 2º andar. CEP: 20233-900
● PÁGINA 5 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 32 h
GENTE BOA
JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS
A mulher
nua e
os grilos
Uma performance
sobre a
privacidade
A
artista plástica Elen Nas
ficou nua na exposição de
José Tannuri, sexta-feira
na Galeria Tramas, no
Cassino Atlântico, Copacabana. Ela
tirou a roupa e entrou num cilindro
feito de arame farpado, obra de Tan-
nuri. Lá dentro, com uma câmera
pequena na mão, ela filmava partes
do seu corpo, com transmissão si-
multânea num telão logo em frente.
Ao fundo, ouvia-se o cricri dos grilos,
em gravação do DJ Luiz Salles.
● “Penso na relação do corpo
com o limite, a gente está sem-
pre sendo guiado por padrões”,
dizia Elen. “A performance tra-
balha a realidade nua e crua, o
corpo naquele lugar cercado”. A
proposta de Tannuri é justamen-
te questionar a privacidade.
● “A questão das fronteiras, as
barreiras que existem dentro da
gente...”, exemplificava ele. “A
partir daí, mostro a divisão do
mundo que o ser humano faz e is-
so ganha conotação política, so-
cial e econômica”, dizia Tannuri.
“
A mostra de Tannuri
dialoga com os sintomas
de medo e violência que
assolam a população
Felipe Scovino, curador
● Fotos de cacos de vidro sobre
muros e cercas elétricas com a
clássica plaquinha “protegido 24
horas” são outras obras da mos-
tra, que também tem pinturas de
corpos cercados por arames.
● No texto que batizou de “Por
uma condição mais humana de
mundo”, o curador Felipe Scovino
explicava que a mostra de Tannuri
dialoga com “os sintomas de medo
e violência que assolam a popula-
ção”, e formam “um conjunto de
experiências artísticas que apon-
tam o aumento da desconfiança
em relação ao outro”.
● A exposição aconteceu na Tra-
mas, uma das três novas galerias
que transformaram o velho Cas-
sino Atlântico em point de galera
jovem. “Estamos movimentando
o mercado”, contava o jovem
marchand João Sobral.
O furacão Charlie Sheen
● Depois de levar seu
show a áreas devastadas
pelos furacões no Alaba-
ma, o ator Charlie Sheen
disse ontem que pretende
organizar, em parceria
com as autoridades lo-
cais, um evento beneficen-
te para as vítimas.
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
O GLOBO SEGUNDO CADERNO ● 5
Fotos de Marcos Ramos
Restaurado, Canal
100 volta na Copa
Daniela Nader
ANA DE HOLLANDA: no Recife
● A ministra da Cultura Ana
de Hollanda vai ressuscitar,
durante a Copa do Mundo, o
Canal 100, cujo acervo foi
comprado pelo Ministério.
Ela falou à coluna no Recife,
durante o Festival Cine PE.
O GLOBO: O que vai ser feito
do acervo do Canal 100?
Ele está sendo restaurado e
vamos relançá-lo. Onde hou-
ver jogo da Copa do Mundo,
vamos mostrar. Vou convidar
o Pelé para o lançamento.
● Qual a importância dele?
O Canal 100 tinha aquela mu-
siquinha, do “tantantan...tan-
tantan...”, e as imagens inova-
doras do Carlinhos Niemeyer.
Aquela coisa de filmar na altu-
ra das pernas dos jogadores...
Aquele ângulo virou marca,
ELEN NAS, nua no arame farpado: relação do corpo com o limite
criava ansiedade em quem ia
ao cinema assistir.
● O jornal voltará às telas?
Quero fazer uma exibição clás-
sica antes das sessões nos ci-
nemas, mostrar esse futebol
arte, que tinha outro ritmo e
muita gente não conhece.
Quero ver também outros
meios de divulgação.
● A senhora já definiu quem
vai ser homenageado com a
Ordem do Mérito este ano?
Entre as mulheres, acho Lelia
Abramo importantíssima. Pen-
so também em mulheres revo-
JOÃO SOBRAL, da Galeria Tramas: um dos jovens do Cassino Atlântico
lucionárias como Pagu e Leila
Diniz. Queria ver alguém afro-
descendente, quero dar um fo-
co nisso. Clementina de Jesus,
talvez. Mas acho que ela já foi
homenageada.
● Há algum grande projeto pa-
ra o Rio em pauta?
A gente vai lançar logo, logo, a
programação do Teatro Dulci-
na. É uma prioridade. Vamos
reinaugurá-lo ainda este ano,
com a Funarte, e programação
intensa de dança e música.
CURTINHAS
● Ponto final, de Marcelo Taranto,
será exibido hoje, às 11h, na PUC.
● PC Guimarães participa do
“Conexão”, de segunda a sexta,
12h, na Metropolitana AM 1990.
● Dussek grava DVD para o Canal
Brasil, produzido pela Deck, dia 21
de junho, no Oi Casa Grande.
● Alice Pelegatti lança vodka
Blue Spirit amanhã, no Copa.
● Eliane Salek canta hoje, 19h,
no Clube Militar, Cinelândia, no
JOSÉ TANNURI: artista questiona o conceito de privacidade show “Divina Elizeth”.
COM CLEO GUIMARÃES, MARIA FORTUNA E FERNANDA PONTES • E-mail: genteboa@oglobo.com.br
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO
6 ● SEGUNDO CADERNO
.
Zona Sul
> Cine Glória — Praça Luís de Camões, s/nº, Me-
morial Getúlio Vargas, subsolo, Glória — 2556-
1586. O cinema funciona de ter a dom. (116 lu-
gares): Bebês, 14h, 18h; e Marcha da vida, 16h,
20h. R$ 12 (ter, qua e qui) e R$ 14 (sex a dom).
> Cine Joia — Av. Nossa Senhora de Copacabana,
subsolo H, Copacabana — 2236-5624. Sala 1 (87
lugares): Paulo Gracindo - O Bem Amado,
14h30m; Gigante, 17h; O guerreiro Genghis Khan,
19h30m; e Joy Division, 22h. R$ 10.
> Cinemark Botafogo — Praia de Botafogo,
400, Botafogo Praia Shopping, 8° piso, Botafogo —
2237-9485. Sala 1 (124 lugares): Hop — Rebel-
des sem Páscoa, dub, 12h50m, 15h, 17h20m; e
Eu sou o número quatro, 19h40m, 22h10m. Sala
2 (139 lugares): Água para elefantes, 13h30m,
16h20m, 19h, 21h40m. Sala 3 (219 lugares):
Thor, 12h20m, 14h50m, 17h40m, 20h20m. Sala
4 (186 lugares): Rio, dub, 11h10m, 13h40m,
16h10m, 18h30m; e Pânico 4, 20h50m. Sala 5
(290 lugares): Rio, (3-D), dub, 12h10m, 14h30m,
16h50m, 19h10m; leg, 21h30m. Sala 6 (290 lu-
gares): Thor, (3-D), dub, 13h; leg, 15h40m,
18h20m, 21h. R$ 13 (qua), R$ 14 (seg, ter e qui,
até as 17h), R$ 16 (seg, ter e qui, após as 17h), R$
17 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$ 19 (sex a
dom e feriados, após as 17h), R$ 22 (qua, 3-D), R$
23 (seg, ter e qui, 3-D) e R$ 27 (sex a dom e fe-
riados, 3-D). Maiores de 60 anos e crianças me-
nores de 12 pagam meia-entrada. Toda a semana,
na Sessão Desconto, é selecionado um filme nas
sessões das 15h em que o espectador paga R$ 4
(consulte qual é o filme da semana por telefone, no
site www.cinemark.com.br ou no próprio cinema).
> Cinépolis Lagoon — Av. Borges de Medeiros
1.424, Estádio de Remo da Lagoa, Leblon —
3029-2544. Sala 1 (235 lugares): Como você sa-
be, 11h (dom), 13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Sala
2 (150 lugares): Hop — Rebeldes sem Páscoa,
dub, 11h10m (dom), 13h20m, 15h35m,
17h40m; e Eu sou o número quatro, 19h50m,
22h10m. Sala 3 (162 lugares): Água para elefan-
tes, 12h55m, 15h30m, 18h05m, 20h40m. Sala
4 (173 lugares): Rio, (3-D), dub, 11h25m (dom),
13h40m, 15h50m; leg, 18h, 20h10m, 22h20m.
Sala 5 (161 lugares): Rio, (3-D), dub, 12h40m,
14h50m, 17h; e A minha versão do amor, 19h10m
(até qua), 21h50m (até qua). Sala 6 (232 lugares):
Thor, (3-D), 11h30m (dom), 14h, 16h30m, 19h,
21h35m. R$ 19,50 (seg a qui, exceto feriados), R$
23,50 (sex a dom e feriados), R$ 25,50 (seg a qui,
exceto feriados, 3-D) e R$ 29,50 (sex a dom e fe-
riados, 3-D).
> Espaço de Cinema — Rua Voluntários da Pá-
tria, 35, Botafogo — 2266-9952. Sala 1 (267 lu-
gares): A minha versão do amor, 14h, 19h; e Ho-
mens e deuses, 16h40m, 21h40m. Sala 2 (228
lugares): O amor chega tarde, 14h30m, 16h15m,
18h, 19h45m, 21h30m. Sala 3 (104 lugares):
Marcha da vida, 13h50m, 15h30m, 17h,
18h30m; e Nana Caymmi em Rio Sonata, 20h,
21h50m (exceto qua). R$ 15 (seg a qui) e R$ 18
(sex a dom e feriados).
> Espaço Museu da República — Rua do Ca-
tete, 153, Catete — 3826-7984. (90 lugares): Ho-
mens e deuses, 15h20m, 17h40m, 20h. R$ 10
(seg a qui) e R$ 12 (sex a dom e feriados).
> Estação Botafogo — Rua Voluntários da Pá-
tria, 88, Botafogo — 2226-1988. Sala 1 (280 lu-
gares): Incêndios, 14h, 18h40m (até qua); e Cópia
fiel, 16h30m, 21h10m (até qua). Sala 2 (41 lu-
gares): O pequeno Nicolau, 13h, 17h15m; Além
da vida, 14h50m; Biutiful, 19h; e O sequestro de
um herói, 21h40m. Sala 3 (66 lugares): Que mais
posso querer, 13h50m, 17h50m; Bebês,
16h10m, 20h10m; e O retrato de Dorian Gray,
21h50m. R$ 15 (seg a qui) e R$ 18 (sex a dom e
feriados).
> Estação Ipanema — Rua Visconde de Pirajá,
605, Ipanema — 2279-4603. Sala 1 (141 luga-
res): Como você sabe, 14h20m, 16h40m, 19h,
21h20m. Sala 2 (163 lugares): O amor chega tar-
de, 14h (exceto ter e qua), 15h45m, 17h30m,
19h15m, 21h; e Estação Sesc Première (ver pro-
gramação de filmes). R$ 16 (seg a qui) e R$ 20 (sex
a dom e feriados). Para Estação Sesc Première , R$
10.
> Estação Laura Alvim — Av. Vieira Souto,
176, Ipanema — 2267-4307. Sala 1 (73 lugares):
Marcha da vida, 12h50m, 16h20m; Nana Caym-
mi em Rio Sonata, 14h40m, 18h; Cópia fiel,
19h40m; e Que mais posso querer, 21h45m. Sala
2 (37 lugares): Amor?, 13h, 17h30m; A minha ver-
são do amor, 15h, 19h30m; e O discurso do rei,
22h. Sala 3 (45 lugares): Homens e deuses,
14h20m, 16h40m, 19h, 21h20m. R$ 16 (seg a
qui) e R$ 20 (sex a dom e feriados).
> Estação Vivo Gávea — Rua Marquês de São
Vicente, 52, Shopping da Gávea, 4º piso, Gávea —
3875-3011. Sala 1 (79 lugares): Bebês, 13h,
16h40m, 20h20m; e Amor?, 14h30m, 18h20m,
22h. Sala 2 (126 lugares): Como você sabe,
14h20m, 16h50m, 19h10m, 21h30m. Sala 3
(91 lugares): A minha versão do amor, 13h40m,
16h20m, 19h (exceto ter), 21h50m; e Estação
Sesc Cinemateca (ver programação de filmes).Sala
4 (84 lugares): Homens e deuses, 13h30m,
17h40m, 21h40m; e Nana Caymmi em Rio So-
nata, 16h, 20h. Sala 5 (156 lugares): O amor che-
ga tarde, 14h, 15h50m, 17h50m, 19h30m,
21h20m. R$ 18 (seg a qui) e R$ 24 (sex a dom e
feriados). Para Estação Sesc Cinemateca , R$ 10.
> Instituto Moreira Salles — Rua Marquês de
São Vicente, 476, Gávea — 3284-7400. O cinema
funciona de ter a dom. Sala 1 (120 lugares): Amor?,
14h (ter, qua e qui), 16h (ter, qua e qui), 18h (ter e
qui), 20h (ter e qui). R$ 15 (ter, qua e qui) e R$ 17
(sex a dom e feriados). 10.
> Kinoplex Fashion Mall— Estrada da Gávea,
899, Fashion Mall, 2º piso, São Conrado — 2461-
2461. Sala 1 (139 lugares): Água para elefantes,
13h30m (dom), 16h, 18h30m, 21h. Sala 2 (195
lugares): Thor, (3-D), 14h (dom), 16h30m, 19h,
21h30m. Sala 3 (114 lugares): Hop — Rebeldes
sem Páscoa, dub, 14h10m (dom); Rio, dub,
16h10m; e A minha versão do amor, 18h20m,
21h10m. Sala 4 (129 lugares): Como você sabe,
13h50m (dom), 16h20m, 18h50m, 21h20m.
R$ 20 (seg a qui), R$ 24 (sex a dom e feriados),
R$ 26 (seg a qui, 3-D) e R$ 30 (sex a dom e fe-
riados, 3-D).
> Kinoplex Leblon — Av. Afrânio de Melo Fran-
co, 290, Shopping Leblon, 4º piso, Leblon — 2461-
2461. Sala 1 (170 lugares): Rio, dub, 14h10m,
CINEMA
Os endereços das salas de exibição e os preços
das sessões estão na seção Nos Bairros.
Estreia
> ‘Água para elefantes’. “Water for elephants”.
De Francis Lawrence (EUA, 2011). Com Reese Wi-
therspoon, Robert Pattinson, Christoph Waltz.
Drama. Baseado no livro homônimo de Sara
Gruen. Em uma casa de repouso, Jacob Jan-
kowski, de 90 anos, recorda a vida no circo du-
rante o período da Depressão. 122 minutos. Não
recomendado para menores de 14 anos.
Barra: Cinemark Downtown 07: 13h50m,
16h30m, 19h20m, 22h15m. UCI New York Ci-
ty Center 13: 15h25m, 18h, 20h35m (exceto
t e r ) . Vi a Pa r q u e 2 : 1 4 h 1 0 m , 1 6 h 4 0 m ,
19h10m, 21h40m.
Ilha: Cinesystem Ilha Plaza 2: 14h10m,
16h40m, 19h10m, 21h40m.
Zona Norte: Kinoplex Shopping Tijuca 5:
16h15m, 18h45m, 21h15m. UCI Kinoplex 06:
13h35m, 16h10m, 18h45m, 21h20m.
Zona Oeste: Cinesystem Bangu 5: 14h15m,
16h45m, 19h15m, 21h45m.
Zona Sul: Cinemark Botafogo 2: 13h30m,
16h20m, 19h, 21h40m. Cinépolis Lagoon 3:
12h55m, 15h30m, 18h05m, 20h40m. Kino-
plex Fashion Mall 1: 16h, 18h30m, 21h. Le-
blon 1: 16h, 18h30m, 21h. Rio Sul 4:
14h10m, 16h40m, 19h10m, 21h40m. Roxy
1: 16h, 18h30m, 21h. São Luiz 2: 16h20m,
18h50m, 21h20m. Unibanco Arteplex 1: 14h
(até qua), 16h30m, 19h, 21h30m.
> ‘Bollywood dream — O sonho bollywoo-
diano’. “Bollywood dreams”. De Beatriz Seigner
(Brasil/Índia, 2009). Com Paula Braun, Lorena
Lobato, Nataly Cabanas.
Drama. Três atrizes brasileiras decidem tentar a
sorte em Bollywood, indústria cinematográfica
da Índia. 90 minutos. Livre.
Zona Sul: Unibanco Arteplex 3: 14h, 16h, 20h.
> ‘Como você sabe’. “How do You know”. De
James L. Brooks (EUA, 2011). Com Owen Wil-
son, Reese Witherspoon, Jack Nicholson.
Comédia romântica. Aos 27 anos, Lisa Jorgenson se
vê em um triângulo amoroso entre um homem de
negócios e um jogador de beisebol. 116 minutos.
Não recomendado para menores de 10 anos.
Barra: Cinemark Downtown 09: 12h50m,
15h30m, 18h10m, 21h. Espaço Rio Design Vip:
14h10m, 16h40m, 19h10m, 21h40m. UCI New
York City Center 08: 14h20m, 16h50m, 19h20m,
21h50m. Via Parque 4: 16h, 18h30m, 21h.
Ilha: Cinesystem Ilha Plaza 3: 17h30m,
19h50m, 22h10m.
● PÁGINA 6 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 32 h
Este caderno não se responsabiliza por mudanças em preços e horários. Ambos são fornecidos pelos organizadores dos espetáculos.
Como nem todas as casas fornecem a classificação etária, é recomendável a pais e responsáveis a consulta prévia por telefone, fax ou e-mail.
16h10m, 18h10m (dom); e A minha versão do
amor, 18h10m (exceto dom), 21h10m. Sala 2
(171 lugares): Como você sabe, 14h (exceto dom),
16h30m (exceto dom), 19h, 21h30m; e Hop —
Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h30m (dom),
16h40m (dom). Sala 3 (172 lugares): Thor,
13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Sala 4 (161 luga-
res): Rio, (3-D), dub, 13h (dom), 15h10m,
17h20m, 19h30m; leg, 21h45m. R$ 20 (seg a
qui, exceto feriados), R$ 24 (sex a dom e feriados),
R$ 26 (seg a qui, 3-D) e R$ 30 (sex a dom e fe-
riados, 3-D).
> Leblon — Av. Ataulfo de Paiva, 391, lojas A e B,
Leblon — 2461-2461. Sala 1 (640 lugares): Água
para elefantes, 13h30m (dom), 16h, 18h30m,
21h. Sala 2 (300 lugares): Thor, (3-D), dub, 14h;
leg, 16h30m, 19h, 21h30m. R$ 20 (seg a qui, ex-
ceto feriados), R$ 24 (sex a dom e feriados), R$ 26
(seg a qui, exceto feriados, 3-D) e R$ 30 (sex a dom
e feriados, 3-D).
> Rio Sul — Rua Lauro Müller, 116, Shopping Rio
Sul, 4º piso, Botafogo — 2461-2461. Sala 1 (159
lugares): Rio, dub, 14h30m, 16h40m, 18h50m,
21h. Sala 2 (209 lugares): Thor, (3-D), dub, 14h,
16h30m; leg, 19h, 21h30m. Sala 3 (151 lugares):
Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h10m; e Co-
mo você sabe, 16h15m, 18h45m, 21h15m. Sala
4 (156 lugares): Água para elefantes, 14h10m,
16h40m, 19h10m, 21h40m. R$ 14 (qua), R$ 15
(seg, ter e qui, até as 17h), R$ 17 (seg, ter e qui,
após as 17h), R$ 18 (sex a dom e feriados, até as
17h), R$ 20 (sex a dom e feriados, após as 17h),
R$ 23 (seg a qui, 3-D) e R$ 26 (sex a dom e fe-
riados, 3-D).
> Roxy — Av. Nossa Senhora de Copacabana,
945, Copacabana — 2461-2461. Sala 1 (304 lu-
gares): Água para elefantes, 13h30m (dom), 16h,
18h30m, 21h. Sala 2 (306 lugares): Rio, dub,
14h10m, 16h15m (dom); e Como você sabe,
16h15m (exceto dom), 18h45m, 21h15m. Sala 3
(309 lugares): Thor, (3-D), dub, 14h; leg, 16h30m,
19h, 21h30m. R$ 14 (qua), R$ 15 (seg, ter e qui,
até as 17h), R$ 17 (seg, ter e qui, após as 17h), R$
18 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$ 20 (sex a
dom e feriados, após as 17h), R$ 23 (seg a qui, 3-
D) e R$ 27 (sex a dom e feriados, 3-D).
> São Luiz — Rua do Catete, 311, Largo do Ma-
chado — 2461-2461. Sala 1 (140 lugares): Como
você sabe, 14h10m (exceto dom), 16h40m,
19h10m, 21h40m; e Hop — Rebeldes sem Pás-
coa, dub, 14h30m (dom). Sala 2 (258 lugares):
Água para elefantes, 13h50m (dom), 16h20m,
18h50m, 21h20m. Sala 3 (267 lugares): Thor, (3-
D), dub, 14h; leg, 16h30m, 19h, 21h30m. Sala 4
(149 lugares): Rio, (3-D), dub, 13h10m (dom),
15h10m, 17h20m, 19h30m; leg, 21h50m. R$
14 (qua), R$ 15 (seg, ter e qui, até as 17h), R$ 17
(seg, ter e qui, após as 17h), R$ 18 (sex a dom e
feriados, até as 17h), R$ 20 (sex a dom e feriados,
após as 17h), R$ 24 (seg a qui, 3-D) e R$ 28 (sex
a dom e feriados, 3-D).
> Unibanco Arteplex — Praia de Botafogo,
316, Botafogo — 2559-8750. Sala 1 (150 luga-
res): Água para elefantes, 14h (até qua), 16h30m,
19h, 21h30m. Sala 2 (126 lugares): Natimorto,
14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Sala 3 (109 lugares): O
sonho bollywoodiano, 14h, 16h, 20h; e Contracor-
rente, 18h, 22h. Sala 4 (165 lugares): Thor, (3-D),
dub, 13h30m; leg, 16h, 18h30m, 21h. Sala 5
(136 lugares): Bróder, 13h, 16h30m, 20h10m; e
Amor?, 14h40m, 18h10m, 22h. Sala 6 (250 lu-
gares): Rio, 14h30m, 17h, 19h30m, 22h. R$ 14
(qua), R$ 16 (seg, ter e qui), R$ 20 (sex a dom e
feriados), R$ 24 (seg a qui, 3-D) e R$ 26 (sex a dom
e feriados, 3-D).
Barra da Tijuca/Recreio
> Cinemark Downtown — Av. das Américas,
500, Downtown, bloco 17, 2º piso, Barra — 2494-
5004. Sala 01 (143 lugares): Eu sou o número
quatro, 14h05m, 16h35m, 19h10m, 21h40m.
Sala 02 (131 lugares): Hop — Rebeldes sem Pás-
coa, dub, 12h40m, 15h, 17h20m, 19h40m; e So-
brenatural, 22h05m. Sala 03 (261 lugares): Thor,
12h30m, 15h10m, 17h50m, 20h40m. Sala 04
(286 lugares): Rio, (3-D), 11h05m, 13h20m,
15h40m, 18h, 20h20m. Sala 05 (159 lugares):
Rio, dub, 11h30m, 13h45m, 16h05m, 18h30m;
e A minha versão do amor, 20h55m. Sala 06 (156
lugares): Rio, dub, 12h35m, 14h50m, 17h10m; e
Bróder, 19h35m, 21h55m. Sala 07 (172 lugares):
Água para elefantes, 13h50m, 16h30m, 19h20m,
22h15m. Sala 08 (297 lugares): Thor, (3-D), dub,
11h, 13h25m; leg, 16h, 18h40m, 21h30m. Sala
09 (154 lugares): Como você sabe, 12h50m,
15h30m, 18h10m, 21h. Sala 10 (172 lugares):
Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 11h20m; e
Thor, 13h40m, 16h20m, 19h, 21h50m. Sala 11
(145 lugares): Um lugar qualquer, 14h; e A garota
da capa vermelha, 16h10m, 18h35m, 21h10m.
Sala 12 (267 lugares): Rio, (3-D), dub, 12h,
14h25m; e Thor, (3-D), 16h45m, 19h30m,
22h20m. R$ 11 (qua), R$ 14 (seg, ter e qui, até as
17h), R$ 16 (seg, ter e qui, após as 17h; sex a dom
e feriados, até as 17h), R$ 18 (sex a dom e feriados,
após as 17h), R$ 21 (qua, 3-D), R$ 22 (seg, ter e
qui, 3-D) e R$ 24 (sex a dom e feriados, Sala 3-D).
Toda semana, na Sessão Desconto, é selecionado
um filme nas sessões das 15h em que o espectador
paga R$ 4 (consulte qual é o filme da semana pelo
telefone, no site www.cinemark.com.br ou no pró-
prio cinema).
> Cinesystem Recreio Shopping — Av. das
Américas, 19.019, Recreio dos Bandeirantes —
4005-9030. Sala 1 (286 lugares): Rio, dub,
14h20m, 16h40m, 19h, 21h10m. Sala 2 (286
lugares): Thor, dub, 14h, 16h30m, 19h20m,
21h50m. Sala 3 (212 lugares): Rio, dub, 15h; Eu
sou o número quatro, 17h10m, 19h10m; e Pânico
4, 21h30m. Sala 4 (212 lugares): Bróder,
14h10m, 21h40m; e Hop — Rebeldes sem Pás-
coa, dub, 16h20m, 19h30m. R$ 8 (seg), R$ 12
(qua, até as 17h; qui; ter), R$ 14 (sex a dom e fe-
riados, até as 17h; qua, após as 17h) e R$ 16 (sex
a dom e feriados, após as 17h). Promoção do Beijo:
às quintas-feiras, o casal que der um beijo na bi-
lheteria paga R$ 12 (o casal). Promoção Segunda
Maluca: ingresso a R$ 8. Promoções por tempo in-
determinado e não válidas em feriados.
> Espaço Rio Design — Avenida das Américas,
7777, Rio Design Barra, 3º piso, Barra — 2438-
7590. Sala 1 (149 lugares): Thor, (3-D), dub, 14h,
16h30m; leg, 19h, 21h30m. Sala 2 (88 lugares):
Natimorto, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h. Sala Vip
(116 lugares): Como você sabe, 14h10m,
16h40m, 19h10m, 21h40m. R$ 19 (seg a qui),
R$ 24 (sex a dom e feriados), R$ 25 (seg a qui, 3-
D), R$ 29 (sex a dom e feriados, 3-D), R$ 32 (seg
Niterói: Cinemark Plaza Shopping 1: 17h20m,
20h, 22h30m.
Zona Norte: Shopping Iguatemi 5: 16h20m,
18h50m, 21h20m. UCI Kinoplex 04: 16h40m,
19h10m, 21h40m.
Zona Sul: Cinépolis Lagoon 1: 13h30m, 16h,
18h30m, 21h. Estação Ipanema 1: 14h20m,
16h40m, 19h, 21h20m. Estação Vivo Gávea 2:
14h20m, 16h50m, 19h10m, 21h30m. Kinoplex
Fashion Mall 4: 16h20m, 18h50m, 21h20m. Ki-
noplex Leblon 2: 14h, 16h30m, 19h, 21h30m.
Rio Sul 3: 16h15m, 18h45m, 21h15m. Roxy 2:
16h15m, 18h45m, 21h15m. São Luiz 1:
14h10m, 16h40m, 19h10m, 21h40m.
> ‘Marcha da vida’. De Jessica Sanders (Bra-
sil/EUA, 2009).
Documentário. A diretora acompanha a jornada
anual realizada por milhares de jovens de todo o
mundo pelo mesmo caminho que milhões de judeus
atravessaram no passado, mantendo acesa a memó-
ria das vítimas do Holocausto. 81 minutos. Livre.
Barra: Estação Barra Point 2: 17h10m.
Zona Sul: Cine Glória: 16h, 20h. Espaço de Ci-
nema 3: 13h50m, 15h30m, 17h, 18h30m. Es-
tação Laura Alvim 1: 12h50m, 16h20m.
> ‘Natimorto’. De Paulo Machline (Brasil,
2009). Com Simone Spoladore, Betty Gofman,
Lourenço Mutarelli.
Drama. Adaptação do romance de Lourenço Muta-
relli. Um caça-talentos acompanha uma jovem can-
tora a São Paulo para apresentá-la a um renomado
maestro. 92 minutos. Não recomendado para me-
nores de 12 anos.
Barra: Espaço Rio Design 2: 14h, 16h, 18h, 20h,
22h.
Zona Sul: Unibanco Arteplex 2: 14h, 16h, 18h,
20h, 22h.
> ‘Thor’. “Thor”. (EUA, 2011). Com Chris
Hemsworth, Natalie Portman, Anthony Hopkins.
Ação. Baseado nas histórias em quadrinhos da Mar-
vel. Thor é expulso de casa depois de reiniciar uma
antiga guerra e enviado à Terra, onde terá que con-
viver com mortais e aprender a ser um verdadeiro he-
rói. Exibição em 3-D em algumas salas. 114 minu-
tos. Não recomendado para menores de 10 anos.
Baixada: Cinemaxx Unigranrio Caxias 1 (dub):
14h10m, 16h20m, 18h30m, 20h40m. Cinesercla
Nilópolis Square 1 (dub): 14h20m, 16h30m,
18h40m, 20h50m. Iguaçu Top 1 (3-D/dub):
13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Kinoplex Grande Rio
1 (dub): 13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Kinoplex
Grande Rio 5 (3-D/dub): 14h10m, 16h40m,
19h10m, 21h40m. Multiplex Caxias 2 (3-D/dub):
19h30m, 21h45m. Multiplex Caxias 3 (3-D/dub):
14h30m, 16h45m, 19h, 21h15m.
Barra: Cinemark Downtown 03: 12h30m,
15h10m, 17h50m, 20h40m. Cinemark Downtown
08 (3-D): dub, 11h, 13h25m; leg, 16h, 18h40m,
21h30m. Cinemark Downtown 10: 13h40m,
16h20m, 19h, 21h50m. Cinemark Downtown 12
(3-D): 16h45m, 19h30m, 22h20m. Cinesystem
Recreio Shopping 2 (dub): 14h, 16h30m, 19h20m,
21h50m. Espaço Rio Design 1 (3-D): dub, 14h,
16h30m; leg, 19h, 21h30m. UCI New York City
O GLOBO
RIO SHOW
NOS BAIRROS
a qui, Sala VIP) e R$ 40 (sex a dom e feriados, Sala
VIP).
> Estação Barra Point — Av. Armando Lom-
bardi, 350, Barra Point, 3º piso, Barra — 3419-
7431. Sala 1 (165 lugares): Bebês, 14h; Cópia fiel,
15h40m, 19h30m; Nana Caymmi em Rio Sonata,
17h50m; e Que mais posso querer, 21h40m. Sala
2 (165 lugares): Incêndios, 14h40m, 18h50m;
Marcha da vida, 17h10m; e Jogo de poder,
21h20m. R$ 15 (seg a qui) e R$ 18 (sex a dom e
feriados).
> UCI New York City Center — Av. das Amé-
ricas, 5.000, Barra — 2461-1818. Sala 01 (168
lugares): Eu sou o número quatro, dub, 13h10m; e
Sobrenatural, 15h30m, 17h45m, 20h, 22h15m.
Sala 02 (238 lugares): Rio, (3-D), dub, 12h20m
(dom), 14h30m, 16h40m, 18h50m; leg, 21h; e
Balé no Cinema (ver programação de filmes). Sala
03 (383 lugares): Thor, 14h, 16h25m, 19h,
21h25m. Sala 04 (383 lugares): A garota da capa
vermelha, 12h45m (dom), 15h, 17h10m,
19h20m, 21h40m. Sala 05 (299 lugares): Esposa
de mentirinha, dub, 12h10m (dom), 14h35m,
17h05m, 19h35m; e O discurso do rei, 22h. Sala
06 (173 lugares): Rio, dub, 12h (dom), 14h10m,
16h20m, 18h30m; e Sem limites, 21h10m. Sala
07 (158 lugares): Hop — Rebeldes sem Páscoa,
dub, 12h30m (dom), 14h40m, 16h50m,
19h10m; e Bróder, 21h20m. Sala 08 (297 luga-
res): Como você sabe, 14h20m, 16h50m,
19h20m, 21h50m. Sala 09 (159 lugares): As
mães de Chico Xavier, 13h20m, 15h40m; e Pânico
4, 18h20m, 20h40m. Sala 10 (166 lugares): Rio,
dub, 13h50m, 16h, 18h10m; leg, 20h20m,
22h30m. Sala 11 (215 lugares): Eu sou o número
quatro, 12h20m (dom), 14h40m, 17h, 19h20m,
21h40m. Sala 12 (252 lugares): Rio, (3-D), dub,
13h20m, 15h30m, 17h40m (exceto ter); leg,
19h50m (exceto ter), 22h (exceto ter). Sala 13
(383 lugares): Água para elefantes, 12h50m
(dom), 15h25m, 18h, 20h35m (exceto ter). Sala
14 (252 lugares): Thor, (3-D), dub, 12h25m (dom),
14h50m; leg, 17h15m (exceto ter), 19h40m (ex-
ceto ter), 22h05m (exceto ter). Sala 15 (215 luga-
res): Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 12h
(dom), 14h10m, 16h20m, 18h30m; e Sexo sem
compromisso, 20h40m (exceto ter). Sala 16 (166
lugares): Pânico 4, dub, 13h10m, 15h30m,
17h50m; e VIPs, 20h10m (exceto ter), 22h20m
(exceto ter). Sala 17 (297 lugares): Thor, 13h,
15h30m, 18h, 20h30m. Sala 18 (277 lugares):
Thor, 13h30m, 16h, 18h30m, 21h. R$ 13 (qua),
R$ 14 (seg, ter e qui, até às 17h), R$ 18 (seg, ter e
qui, após as 17h; sex a dom e feriados, até as 17h),
R$ 20 (sex a dom e feriados, após as 17h), R$ 23
(seg a qui, 3-D) e R$ 26 (sex a dom e feriados, 3-D).
Sessão Família: sáb, dom e feriados, os ingressos
para as sessões iniciadas até as 13h55m custam
R$ 13. Ticket Família: na compra de quatro ingres-
sos — dois adultos e duas crianças de até 12 anos
—, a família paga R$ 39 para assistir a qualquer
sessão (exceto na sala 3-D) em todos os dias da
semana. Na sala 3-D, o valor do Ticket Família é R$
55. Promoções por tempo indeterminado e não vá-
lidas para sessões em 3-D. Para Balé no Cinema,
R$ 60.
> Via Parque — Av. Ayrton Senna, 3.000, Barra
— 2461-2461. Sala 1 (242 lugares): Rio, dub,
14h, 16h, 18h10m, 20h30m. Sala 2 (311 luga-
res): Água para elefantes, 14h10m, 16h40m,
19h10m, 21h40m. Sala 3 (308 lugares): Thor,
dub, 13h30m (dom), 15h50m, 18h20m,
20h50m. Sala 4 (311 lugares): Como você sabe,
13h30m (dom), 16h, 18h30m, 21h. Sala 5 (313
lugares): Thor, (3-D), dub, 14h, 16h30m; leg, 19h,
21h30m. Sala 6 (242 lugares): Hop — Rebeldes
sem Páscoa, dub, 14h30m, 18h50m; e Rio, dub,
16h40m, 21h10m. R$ 10 (qua e qui), R$ 12 (seg
e ter), R$ 14 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$
17 (sex a dom e feriados, após as 17h), R$ 21 (seg
a qui, 3-D) e R$ 24 (sex a dom e feriados, 3-D).
Maiores de 60 anos e crianças menores de 12 anos
pagam meia-entrada. Segunda Irresistível: ingresso
a R$ 7. Promoções por tempo indeterminado e não
válida para feriados e filmes em 3-D.
Zona Norte
> Cinecarioca Nova Brasília — Rua Nova
Brasília s/n, Bonsucesso. (93 lugares): Thor, (3-D),
dub, 13h, 15h10m, 17h20m, 19h40m, 22h. R$
4 (moradores da região, estudantes e professores) e
R$ 8.
> Cinemark Carioca — Estrada Vicente Carva-
lho, 909, Carioca Shopping, Vicente de Carvalho
— 3688-2340. Sala 1 (282 lugares): Thor, dub,
11h, 13h30m, 16h10m, 18h40m, 21h10m. Sa-
la 2 (188 lugares): Bróder, 13h, 17h50m; e Pâ-
nico 4, dub, 15h10m, 20h. Sala 3 (188 lugares):
127 horas, 14h; e A garota da capa vermelha,
16h, 18h20m, 20h40m. Sala 4 (312 lugares):
Rio, dub, 11h10m, 13h20m, 15h30m, 17h40m,
19h50m, 22h. Sala 5 (312 lugares): Thor, dub,
12h, 14h30m, 17h10m, 19h40m, 22h10m. Sa-
la 6 (228 lugares): Rio, dub, 12h10m, 14h20m; e
Eu sou o número quatro, dub, 16h30m, 19h,
21h30m. Sala 7 (188 lugares): Hop — Rebeldes
sem Páscoa, dub, 15h, 17h20m, 19h30m; e A
minha versão do amor, 21h40m. Sala 8 (282 lu-
gares): Rio, dub, 11h40m, 13h50m, 16h20m,
18h30m; e Sobrenatural, 20h50m. R$ 9 (seg, ter
e qui, até as 17h; qua), R$ 11 (seg, ter e qui, após
as 17h), R$ 14 (sex a dom e feriados, até as 17h)
e R$ 16 (sex a dom e feriados, após as 17h). Toda
semana, na Sessão Desconto, é selecionado um
filme nas sessões das 15h em que o espectador
paga R$ 4 (consulte qual é o filme da semana pelo
telefone, no site www.cinemark.com.br ou no pró-
prio cinema).
> Cinesystem Via Brasil Shopping — Rua
Itapera, 500, Vista Alegre. Sala 1 (143 lugares): In-
vasão do mundo: batalha de Los Angeles, dub,
14h20m; e Esposa de mentirinha, dub, 16h50m,
19h20m; leg, 21h50m. Sala 2 (192 lugares): Hop
— Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h10m, 16h20m,
19h10m, 21h20m. Sala 3 (161 lugares): Rio, dub,
13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Sala 4 (267 luga-
res): Rio, (3-D), dub, 14h, 16h30m, 19h; leg,
21h30m. Sala 5 (213 lugares): Thor, (3-D), dub,
14h30m, 17h, 19h30m; leg, 22h. Sala 6 (184 lu-
gares): Thor, dub, 14h15m, 16h45m, 19h15m;
leg, 21h45m. R$ 10 (ter e qua), R$ 12 (seg e qui),
R$ 16 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$ 18
Center 03: 14h, 16h25m, 19h, 21h25m. UCI New
York City Center 14 (3-D): dub, 14h50m; leg,
17h15m (exceto ter), 19h40m (exceto ter),
22h05m (exceto ter). UCI New York City Center 17:
13h, 15h30m, 18h, 20h30m. UCI New York City
Center 18: 13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Via Par-
que 3 (dub): 15h50m, 18h20m, 20h50m. Via Par-
que 5 (3-D): dub, 14h, 16h30m; leg, 19h,
21h30m.
Ilha: Cinesystem Ilha Plaza 4 (3-D): dub,
14h30m, 17h; leg, 19h30m, 22h.
Niterói: Bay Market 1 (dub): 15h30m, 18h,
20h30m. Bay Market 3 (3-D/dub): 14h, 16h25m,
18h50m, 21h15m. Box Cinemas São Gonçalo 1 (3-
D/dub): 14h, 16h30m, 19h, 21h30m. Box Cinemas
São Gonçalo 8 (dub): 13h, 15h30m, 18h, 20h30m.
Cinemark Plaza Shopping 2: 11h30m, 14h,
16h40m, 19h10m, 21h40m. Cinemark Plaza
Shopping 3 (3-D): dub, 11h05m, 13h40m; leg,
16h10m, 18h40m, 21h10m. Cinemark Plaza
Shopping 7 (3-D): 16h20m, 18h50m, 21h20m.
Zona Norte: Cinecarioca Nova Brasília (3-D/dub):
13h, 15h10m, 17h20m, 19h40m, 22h. Cinemark
Carioca 1 (dub): 11h, 13h30m, 16h10m, 18h40m,
21h10m. Cinemark Carioca 5 (dub): 12h, 14h30m,
17h10m, 19h40m, 22h10m. Cinesystem Via Brasil
Shopping 5 (3-D): dub, 14h30m, 17h, 19h30m;
leg, 22h. Cinesystem Via Brasil Shopping 6: dub,
14h15m, 16h45m, 19h15m; leg, 21h45m. Kino-
plex Nova América 3: 16h, 18h30m, 21h. Kinoplex
Nova América 6 (dub): 15h30m, 18h, 20h30m. Ki-
noplex Nova América 7 (3-D): dub, 14h, 16h30m;
leg, 19h, 21h30m. Kinoplex Shopping Tijuca 1 (3-
D): dub, 14h, 16h30m; leg, 19h, 21h30m. Kino-
plex Shopping Tijuca 6: 16h, 18h30m, 21h. Madu-
reira Shopping 4 (dub): 14h, 16h25m, 18h50m,
21h15m. Shopping Iguatemi 1 (3-D): dub, 14h,
16h30m; leg, 19h, 21h30m. Shopping Iguatemi 4
(dub): 16h, 18h30m, 21h. UCI Kinoplex 03 (3-D):
13h30m, 16h, 18h30m, 21h. UCI Kinoplex 05
(dub): 13h, 15h30m, 18h, 20h30m. UCI Kinoplex
10 (3-D/dub): 14h30m, 17h, 19h30m, 22h.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 1 (3-D): dub, 14h,
16h30m, 19h; leg, 21h30m. Cine 10 Sulacap 2
(dub): 14h20m, 16h50m, 19h10m, 21h40m. Ci-
nesercla Itaguaí 2 (dub): 14h20m, 16h30m,
18h40m, 20h45m. Cinesystem Bangu 1 (3-D):
dub, 14h, 16h30m, 19h; leg, 21h30m. Cinesystem
Bangu 6 (dub): 14h20m, 16h50m, 19h20m, 22h.
Kinoplex West Shopping 1 (dub): 15h30m, 18h,
20h30m. Kinoplex West Shopping 5 (3-D/dub):
13h40m, 16h10m, 18h40m, 21h10m. Star Center
1 (dub): 15h40m, 18h20m, 21h.
Zona Sul: Cinemark Botafogo 3: 12h20m,
14h50m, 17h40m, 20h20m. Cinemark Botafogo 6
(3-D): dub, 13h; leg, 15h40m, 18h20m, 21h. Ci-
népolis Lagoon 6 (3-D): 14h, 16h30m, 19h,
21h35m. Kinoplex Fashion Mall 2 (3-D): 16h30m,
19h, 21h30m. Kinoplex Leblon 3: 13h30m, 16h,
18h30m, 21h. Leblon 2 (3-D): dub, 14h; leg,
16h30m, 19h, 21h30m. Rio Sul 2 (3-D): dub, 14h,
16h30m; leg, 19h, 21h30m. Roxy 3 (3-D): dub,
14h; leg, 16h30m, 19h, 21h30m. São Luiz 3 (3-D):
dub, 14h; leg, 16h30m, 19h, 21h30m. Unibanco
Arteplex 4 (3-D): dub, 13h30m; leg, 16h, 18h30m,
21h.
(sex a dom e feriados, após as 17h; ter e qua, 3-D),
R$ 20 (seg e qui, 3-D) e R$ 23 (sex a dom e fe-
riados, 3-D).
> Kinoplex Nova América — Av. Martin Luther
King Jr., 126, Shopping Nova América, Del Castilho
— 2461-2461. Sala 1 (206 lugares): Rio, dub,
14h40m, 16h50m, 19h, 21h15m. Sala 2 (144
lugares): Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h
(dom), 16h10m (dom); e Eu sou o número quatro,
15h50m (exceto dom), 18h15m, 20h50m. Sala 3
(183 lugares): Thor, 13h30m (dom), 16h,
18h30m, 21h. Sala 4 (155 lugares): A garota da
capa vermelha, 15h10m, 17h20m, 19h30m,
21h40m. Sala 5 (274 lugares): Rio, (3-D), dub,
13h30m (dom), 15h50m, 18h20m, 20h45m.
Sala 6 (311 lugares): Thor, dub, 13h (dom),
15h30m, 18h, 20h30m. Sala 7 (285 lugares):
Thor, (3-D), dub, 14h, 16h30m; leg, 19h,
21h30m. R$ 11 (qua), R$ 13 (seg, ter e qui, exceto
feriados, até as 17h), R$ 15 (seg, ter e qui, exceto
feriados, após as 17h), R$ 17 (sex a dom e feriados,
até as 17h), R$ 19 (sex a dom e feriados, após as
17h), R$ 21 (seg a qui, exceto feriados, 3-D) e R$
24 (sex a dom e feriados, 3-D). Maiores de 60 anos
e crianças menores de 12 anos pagam meia-en-
trada. Segunda Irresistível: ingresso a R$ 7. Pro-
moções por tempo indeterminado e não válidas pa-
ra feriados e sessões em 3-D.
> Kinoplex Shopping Tijuca — Av. Maracanã,
987, Loja 3, Tijuca — 2461-2461. Sala 1 (340
lugares): Thor, (3-D), dub, 14h, 16h30m; leg, 19h,
21h30m. Sala 2 (264 lugares): Rio, dub, 14h15m,
16h25m, 18h35m; e Sobrenatural, 20h45m. Sala
3 (197 lugares): Hop — Rebeldes sem Páscoa,
dub, 13h (dom), 15h; e A garota da capa vermelha,
17h, 19h10m, 21h20m. Sala 4 (264 lugares):
Rio, (3-D), dub, 13h10m (dom), 15h20m,
17h30m, 19h40m; leg, 21h50m. Sala 5 (340 lu-
gares): Água para elefantes, 13h45m (dom),
16h15m, 18h45m, 21h15m. Sala 6 (405 luga-
res): Thor, 13h30m (dom), 16h, 18h30m, 21h. R$
15 (qua; seg, ter e qui, até as 17h), R$ 17 (seg, ter
e qui, após as 17h), R$ 18 (sex a dom e feriados,
até as 17h), R$ 20 (sex a dom e feriados, após as
17h), R$ 24 (seg a qui, 3-D) e R$ 28 (sex a dom e
feriados, 3-D).
> Madureira Shopping — Estrada do Portela,
222, loja 301, Madureira — 2461-2461. Sala 1
(159 lugares): Rio, dub, 14h20m, 16h30m,
18h40m, 20h50m. Sala 2 (161 lugares): Hop —
Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h10m (dom); e Pâ-
nico 4, dub, 16h10m, 18h30m, 21h. Sala 3 (191
lugares): Rio, dub, 13h40m (dom), 16h, 18h10m,
20h20m. Sala 4 (191 lugares): Thor, dub, 14h,
16h25m, 18h50m, 21h15m. R$ 7 (qua, exceto
feriados), R$ 9 (seg, ter e qui) e R$ 12 (sex a dom
e feriados). Segunda Irresistível: ingresso a R$ 7.
Promoções por tempo indeterminado e não válidas
para feriados.
> Ponto Cine — Estrada do Camboatá, 2.300,
Guadalupe Shopping - 1º piso, Guadalupe — 3106-
9995. O cinema funciona de ter a dom. (73 luga-
res): Bróder, 14h, 16h, 18h, 20h. R$ 6.
> Shopping Iguatemi — Rua Barão de São
Francisco, 236, 3º piso, Vila Isabel — 2461-2461.
Sala 1 (240 lugares): Thor, (3-D), dub, 14h,
16h30m; leg, 19h, 21h30m. Sala 2 (156 lugares):
Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h10m,
16h15m (dom); e Eu sou o número quatro,
16h20m (exceto dom), 18h50m, 21h10m. Sala 3
(156 lugares): Rio, dub, 13h50m (dom), 16h10m,
18h20m, 20h30m. Sala 4 (188 lugares): Thor,
dub, 13h30m (dom), 16h, 18h30m, 21h. Sala 5
(155 lugares): Como você sabe, 13h50m (dom),
16h20m, 18h50m, 21h20m. Sala 6 (152 luga-
res): A garota da capa vermelha, 14h, 16h10m,
18h30m, 20h50m. Sala 7 (146 lugares): Rio, dub,
14h40m, 16h50m, 19h; e Pânico 4, 21h10m. R$
9 (qua, exceto feriados), R$ 11 (seg, ter e qui), R$
14 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$ 16 (sex a
dom e feriados, após as 17h), R$ 17 (seg a qui, 3-
D) e R$ 19 (sex a dom e feriados, 3-D). Maiores de
60 anos e crianças menores de 12 anos pagam
meia-entrada. Segunda Irresistível: ingresso a R$
7. Promoções por tempo indeterminado e não vá-
lidas para feriados e sessões em 3-D.
> UCI Kinoplex — Av. Dom Helder Câmara,
5.474, Pátio NorteShopping, Del Castilho — 2461-
0050. Sala 01 (244 lugares): Rio, (3-D), dub,
12h30m (dom), 14h40m, 16h50m, 19h; leg,
21h10m, 23h20m. Sala 02 (182 lugares): Eu sou
o número quatro, dub, 13h, 15h20m, 17h40m; e
Sobrenatural, 20h, 22h15m. Sala 03 (170 luga-
res): Thor, (3-D), 13h30m, 16h (exceto dom),
18h30m (exceto dom), 21h; e Balé no cinema (ver
programação de filmes). Sala 04 (178 lugares):
Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 12h20m
(dom), 14h25m; e Como você sabe, 16h40m,
19h10m, 21h40m. Sala 05 (471 lugares): Thor,
dub, 13h, 15h30m, 18h, 20h30m. Sala 06 (471
lugares): Água para elefantes, 13h35m, 16h10m,
18h45m, 21h20m. Sala 07 (165 lugares): Rio,
dub, 13h40m, 15h50m, 18h10m, 20h20m,
22h30m. Sala 08 (159 lugares): Bróder, 13h30m,
15h35m; e Pânico 4, dub, 17h40m, 20h; leg,
22h20m. Sala 09 (166 lugares): A garota da capa
vermelha, 13h05m, 15h15m, 17h25m, 19h40m,
21h50m. Sala 10 (230 lugares): Thor, (3-D), dub,
12h (dom), 14h30m, 17h, 19h30m, 22h. R$ 10
(qua, exceto feriados), R$ 12 (seg, ter e qui, até as
17h), R$ 14 (seg, ter e qui, após as 17h), R$ 16
(sex a dom e feriados, até as 17h) e R$ 18 (sex a
dom e feriados, após as 17h). Maiores de 60 anos
e crianças menores de 12 anos pagam meia-en-
trada. Sessão Família: R$ 11 (sáb, dom e feriados,
em sessões iniciadas até as 13h55m). Ticket Fa-
mília: na compra de quatro ingressos — dois adul-
tos e duas crianças de até 12 anos —, a família
paga R$ 39 para assistir a qualquer sessão (exceto
na sala 3-D) em todos os dias da semana. Na sala
3-D, o valor do Ticket Família é R$ 53. Promoções
válidas por tempo indeterminado. Promoções por
tempo indeterminado e não válidas para feriados e
sessões em 3-D. Para Balé no Cinema, R$ 60.
Centro
> Caixa Cultural Rio — Av. Almirante Barroso,
25, Centro — 2544-4080. O cinema funciona de
ter a dom. (0 lugares): A luz e o cinema de Rogério
Sganzerla, até 8 de maio (ver programação de fil-
mes). R$ 2.
Redondezas: Cine Show Nova Friburgo 2 (3-D):
dub, 14h10m, 16h30m, 18h50m; leg, 21h10m.
Cine Show Teresópolis 3 (3-D): dub, 14h10m,
16h30m, 18h50m; leg, 21h10m. Cinemaxx Mer-
cado Estação 1 (dub): 21h. Cinemaxx Mercado Es-
tação 2 (dub): 14h20m, 16h40m, 18h50m, 21h.
Continuação
> ‘Além da vida’. “Hereafter”. De Clint Eastwood
(USA, 2010). Com Matt Damon, Cécile De France.
Drama. Um médium, uma jornalista francesa e um
menino inglês protagonizam três tramas vividas entre
o mundo dos vivos e o dos mortos. 129 minutos. Não
recomendado para menores de 12 anos.
Zona Sul: Estação Botafogo 2: 14h50m.
> ‘O amor chega tarde’. “Love comes lately”. De
Jan Schütte (Alemanha/Áustria/EUA, 2007). Com
Otto Tausig, Caroline Aaron, Olivia Thirlby.
Comédia romântica. Baseado em um conto de Isaac
Bashevis Singer. Max Kohn, aclamado escritor de
contos e imigrante austríaco que vive em Nova York,
está chegando aos 80 anos, mas sente que sua vida
está apenas começando. 86 minutos. Não recomen-
dado para menores de 12 anos.
Zona Sul: Espaço de Cinema 2: 14h30m,
16h15m, 18h, 19h45m, 21h30m. Estação
Ipanema 2: 14h (qui), 15h45m, 17h30m,
19h15m, 21h. Estação Vivo Gávea 5: 14h,
15h50m, 17h50m, 19h30m, 21h20m.
> ‘Amor?’. De João Jardim (Brasil, 2010). Com
Eduardo Moscovis, Lilia Cabral, Leticia Colin.
Drama. Uma mistura de documentário e ficção
em que atores e atrizes interpretam o depoimen-
to de pessoas reais. 100 minutos. Não recomen-
dado para menores de 14 anos.
Centro: Cine Santa Teresa: 21h10m.
Zona Sul: Estação Laura Alvim 2: 13h,
17h30m. Estação Vivo Gávea 1: 14h30m,
18h20m, 22h. Instituto Moreira Salles: 14h,
16h, 18h (ter e qui), 20h (ter e qui). Unibanco
Arteplex 5: 14h40m, 18h10m, 22h.
> ‘Bebês’. “Bébé(s)”. De Thomas Balmès
(França, 2010).
Documentário. O filme acompanha quatro bebês
desde o nascimento até o primeiro ano de vida em
seus países e culturas de origem: Mongólia, Namíbia,
Estados Unidos e Japão. 80 minutos. Livre.
Barra: Estação Barra Point 1: 14h.
Zona Sul: Cine Glória: 14h, 18h. Estação Bo-
tafogo 3: 16h10m, 20h10m. Estação Vivo Gá-
vea 1: 13h, 16h40m, 20h20m.
> ‘Biutiful’. “Biutiful”. De Alejandro González
Iñárritu (Espanha/México, 2010). Com Javier
Bardem, Maricel Álvarez, Guillermo Estrella.
Drama. Uxbal está à beira de morte e luta contra
uma dura realidade que o impede de perdoar e
perdoar-se. 147 minutos. Não recomendado pa-
ra menores de 16 anos.
Niterói: Cinemark Plaza Shopping 5: 19h (ter e
qui).
Zona Sul: Estação Botafogo 2: 19h.
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
> Centro Cultural Banco do Brasil — Rua
Primeiro de Março, 66, Centro — 3808-2007. O
cinema funciona de ter a dom. (0 lugares): Cinema
Brasileiro: Anos 2000, 10 questões, até 8 de maio
(ver programação de filmes). R$ 6 (Cinepasse).
> Cine Santa Teresa — Rua Paschoal Carlos
Magno, 136, Largo dos Guimarães, Santa Teresa —
2222-0203. (56 lugares): Bróder, 15h20m,
19h20m; Cópia fiel, 17h10m; e Amor?, 21h10m.
R$ 12 (exceto sáb e dom) e R$ 14 (sáb e dom e
feriados).
> Odeon — Praça Floriano, 7, Centro — 2240-
1093. (600 lugares): O discurso do rei, 14h; Cisne
negro, 16h20m; O retrato de Dorian Gray,
18h30m; e Contracorrente, 20h40m. R$ 12.
Ilha do Governador
> Cinesystem Ilha Plaza — Av. Maestro Paulo
e Silva, 400, Ilha Plaza Shopping - 3º piso, Ilha do
Governador — 2468-8100. Sala 1 (292 lugares):
Rio, dub, 14h, 16h30m, 19h, 21h30m. Sala 2
(206 lugares): Água para elefantes, 14h10m,
16h40m, 19h10m, 21h40m. Sala 3 (206 luga-
res): Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 13h30m,
15h30m; e Como você sabe, 17h30m, 19h50m,
22h10m. Sala 4 (292 lugares): Thor, (3-D), dub,
14h30m, 17h; leg, 19h30m, 22h. R$ 7 (ter e qua,
exceto feriados), R$ 9 (ter e qua, exceto feriados, 3-
D), R$ 12 (seg; qui), R$ 16 (sex a dom e feriados,
até às 17h), R$ 18 (sex a dom e feriados, após as
17h; sex a dom e feriados, 3-D, até as 17h), R$ 20
(seg, 3-D; qui, 3-D) e R$ 23 (sex a dom e feriados,
3-D, após as 17h).
Zona Oeste
> Cine 10 Sulacap — Avenida Marechal Fon-
tenelle, Jardim Sulacap. Sala 1 (406 lugares): Thor,
(3-D), dub, 14h, 16h30m, 19h; leg, 21h30m. Sala
2 (235 lugares): Thor, dub, 14h20m, 16h50m,
19h10m, 21h40m. Sala 3 (255 lugares): Rio, dub,
14h, 16h10m, 18h20m; e Eu sou o número qua-
tro, dub, 21h. Sala 4 (239 lugares): Rio, dub,
14h30m, 16h40m, 18h50m, 21h10m. Sala 5
(137 lugares): Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub,
14h10m, 16h20m, 18h30m; e Sobrenatural,
20h40m. Sala 6 (101 lugares): Bróder, 15h, 17h; e
Homens e deuses, 19h, 21h20m. R$ 6 (ter e qua),
R$ 8 (seg e qui, até as 17h), R$ 10 (ter e qua, 3-D;
seg e qui, após as 17h), R$ 12 (sex a dom e fe-
riados, até as 17h; seg e qui, 3-D. Até as 17h), R$
14 (seg e qui, 3D. Após as 17h; sex a dom e fe-
riados, após as 17h), R$ 16 (sex a dom e feriados,
3D. Até as 17h) e R$ 18 (sex a dom e feriados, 3D.
Após as 17h).
> Cinesercla Pátio Mix Itaguaí — Rodovia
Rio Santos s/n, Itaguaí, Shopping Pátio Mix, 1° piso,
Itaguaí — 3781-8694. Sala 1 (121 lugares): Rio,
dub, 14h20m; e Eu sou o número quatro, dub,
16h30m, 18h30m, 20h30m. Sala 2 (178 luga-
res): Thor, dub, 14h20m, 16h30m, 18h40m,
20h45m. Sala 3 (177 lugares): Rio, dub, 14h40m,
16h40m, 18h40m, 20h40m. Sala 4 (121 luga-
res): Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h30m,
16h30m; e Pânico 4, dub, 18h40m, 20h45m. R$
8 (seg e qua), R$ 10 (ter e qui) e R$ 12 (sex a dom).
Às terças e quintas-feiras, preço único para todos:
R$ 5. Promoção por tempo indeterminado e não
válida para feriados.
> Cinesystem Bangu Shopping — Rua Fon-
seca, 240, loja 145, Bangu — 4005-9030. Sala 1
(371 lugares): Thor, (3-D), dub, 14h, 16h30m,
19h; leg, 21h30m. Sala 2 (368 lugares): Rio, (3-
D), dub, 13h30m, 15h40m, 17h50m, 20h; leg,
22h10m. Sala 3 (197 lugares): Rio, dub, 14h10m,
16h10m, 18h10m; e Pânico 4, dub, 20h10m,
22h20m. Sala 4 (187 lugares): Hop — Rebeldes
sem Páscoa, dub, 13h35m, 15h45m; e Eu sou o
número quatro, dub, 17h55m, 19h55m, 21h55m.
Sala 5 (211 lugares): Água para elefantes,
14h15m, 16h45m, 19h15m, 21h45m. Sala 6
(201 lugares): Thor, dub, 14h20m, 16h50m,
19h20m, 22h. R$ 7 (ter), R$ 10 (ter, 3-D), R$ 20
(seg, qua e qui, 3-D) e R$ 23 (sex a dom e feriados,
3-D). Promoção Terça Mais Cinema: às terças-fei-
ras, todos pagam R$ 7. Nas salas 3-D, R$ 10. Pro-
moção do Beijo: às quintas-feiras, o casal que der
um beijo na bilheteria paga R$ 14 (o casal). Nas
salas 3-D, R$ 20 (o casal). Promoções por tempo
indeterminado e não válidas em feriados.
> Kinoplex West Shopping — Estrada do
Mendanha, 550, loja 401 E, Campo Grande —
2461-2461. Sala 1 (223 lugares): Thor, dub, 13h
(dom), 15h30m, 18h, 20h30m. Sala 2 (221 lu-
gares): Rio, (3-D), dub, 14h40m, 16h50m, 19h,
21h20m. Sala 3 (202 lugares): Rio, dub, 14h10m,
16h20m, 18h30m, 20h50m. Sala 4 (133 luga-
res): Pânico 4, dub, 14h (exceto dom), 16h30m,
18h50m, 21h30m; e Hop — Rebeldes sem Pás-
coa, dub, 14h20m (dom). Sala 5 (285 lugares):
Thor, (3-D), dub, 13h40m, 16h10m, 18h40m,
21h10m. R$ 11 (qua, exceto feriados), R$ 14 (seg,
ter e qui, exceto feriados), R$ 16 (sex a dom e fe-
riados, até às 17h), R$ 18 (sex a dom e feriados,
após às 17h), R$ 21 (seg a qui, exceto feriados, 3-
D) e R$ 24 (sex a dom e feriados, 3-D). Segunda
Irresistível: ingresso a R$ 7. Promoções não válidas
para feriados e sessões em 3-D.
> Star Center Shopping Rio — Av. Geremário
Dantas, 404, Tanque, Jacarepaguá — 3312-5232.
Sala 1 (208 lugares): Thor, dub, 13h (dom),
15h40m, 18h20m, 21h. Sala 2 (148 lugares): Rio,
dub, 14h (dom), 16h10m, 18h20m, 20h30m. Sa-
la 3 (148 lugares): Pânico 4, 14h20m, 16h30m,
18h40m, 20h50m. Sala 4 (148 lugares): Hop —
Rebeldes sem Páscoa, dub, 14h40m, 16h40m; e
Bróder, 18h40m, 20h40m. R$ 6 (qua, exceto fe-
riados), R$ 8 (ter, exceto feriados), R$ 12 (seg e qui)
e R$ 16 (sex a dom e feriados). Quarta-Maluca: to-
da quarta, R$ 12, com meia-entrada para todos.
Promoção por tempo indeterminado e não válida
para feriados.
Baixada
> Cinemaxx Imperial — Rua Dominique Level,
Centro, Paracambi. (272 lugares): Rio, dub, 17h,
19h; e Pânico 4, dub, 21h. R$ 8 (seg a qui, exceto
feriados, até 17h59m), R$ 10 (seg a qui, exceto
feriados, após 18h; sex a dom e feriados, até
17h59m) e R$ 12 (sex a dom e feriados, após
18h). Terça-feira, exceto feriado, todos pagam
meia-entrada.
> Cinemaxx Unigranrio Caxias — Rua Mar-
quês de Herval, 1.216, loja A, box 306, Jardim Vin-
te e Cinco de Agosto, Duque de Caxias — 2672-
> ‘Bróder’. De Jeferson De (Brasil, 2009). Com
Caio Blat, Jonathan Haagensen, Silvio Guindane.
Drama. A história de três amigos da periferia de São
Paulo e suas diferentes escolhas de vida. 93 minutos.
Não recomendado para menores de 14 anos.
Barra: Cinemark Downtown 06: 19h35m,
21h55m. Cinesystem Recreio Shopping 4:
14h10m, 21h40m. UCI New York City Center 07:
21h20m.
Centro: Cine Santa Teresa: 15h20m, 19h20m.
Niterói: Box Cinemas São Gonçalo 3: 19h15m,
21h25m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 2: 13h,
17h50m. Ponto Cine: 14h, 16h, 18h, 20h. UCI
Kinoplex 08: 13h30m, 15h35m.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 6: 15h, 17h. Star
Center 4: 18h40m, 20h40m.
Zona Sul: Unibanco Arteplex 5: 13h, 16h30m,
20h10m.
> ‘Cisne negro’. “Black swan”. De Darren Aro-
nofsky (EUA, 2010). Com Natalie Portman, Vin-
cent Cassel, Mila Kunis.
Drama. O sonho de Nina é ser a primeira bai-
larina da companhia de dança. 107 minutos.
Não recomendado para menores de 16 anos.
Centro: Odeon: 16h20m.
> ‘Contracorrente’. “Contracorriente”. De Javier
Fuentes-León (Peru/França/Colômbia, 2009). Com
Tatiana Astengo, Manolo Cardona, José Chacaltana.
Drama. Em uma pequena vila de pescadores,
Mariela está prestes a ter seu primeiro filho com
Miguel. Até que a chegada de Santiago ameaça
o relacionamento do casal. 100 minutos. Não
recomendado para menores de 14 anos.
Centro: Odeon: 20h40m.
Zona Sul: Unibanco Arteplex 3: 18h, 22h.
> ‘Cópia fiel’. “Copie conforme”. De Abbas Kia-
rostami (França/Itália/Irã, 2010). Com Juliette
Binoche, William Shimell, Angelo Barbagallo.
Drama. Um escritor inglês na meia-idade conhe-
ce uma jovem francesa enquanto está na Itália
para promover seu último livro e embarca com
ela em uma viagem. 106 minutos. Livre.
Barra: Estação Barra Point 1: 15h40m,
19h30m.
Centro: Cine Santa Teresa: 17h10m.
Zona Sul: Estação Botafogo 1: 16h30m, 21h10m
(até qua). Estação Laura Alvim 1: 19h40m.
> ‘O discurso do rei’. “The king’s speech”. De
Tom Hooper (Reino Unido/Austrália, 2010). Com Co-
lin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter.
Drama. Baseado em uma história real. Dono de uma
gagueira que o impede de discursar, o jovem e des-
preparado rei George precisa reencontrar sua voz e
conduzir o país na guerra. 118 minutos. Não reco-
mendado para menores de 12 anos.
Barra: UCI New York City Center 05: 22h.
Centro: Odeon: 14h.
Zona Sul: Estação Laura Alvim 2: 22h.
> ‘Esposa de mentirinha’. “Just go with it”.
De Dennis Dugan (EUA, 2011). Com Adam San-
dler, Jennifer Aniston, Nicole Kidman.
Comédia romântica. Durante uma viagem, Dan-
Terça-feira, 3 de maio de 2011
2875. Sala 1 (120 lugares): Thor, dub, 14h10m,
16h20m, 18h30m, 20h40m. Sala 2 (195 luga-
res): Rio, dub, 14h, 18h; e Hop — Rebeldes sem
Páscoa, dub, 16h, 20h. R$ 8 (seg a qui) e R$ 10
(sex a dom e feriados). Maiores de 60 anos e crian-
ças menores de 12 pagam meia-entrada. Promo-
ção por tempo indeterminado e não válida para fe-
riados: às segundas, quartas e domingos, todos pa-
gam meia-entrada.
> Cinesercla Nilópolis Square — Rua Pro-
fessor Alfredo Gonçalves Filgueiras, 100, Centro, Ni-
lópolis — 2792-0824. Sala 1 (172 lugares): Thor,
dub, 14h20m, 16h30m, 18h40m, 20h50m. Sala
2 (102 lugares): Hop — Rebeldes sem Páscoa,
dub, 14h30m, 16h30m; e Pânico 4, dub,
18h40m, 20h45m. Sala 3 (102 lugares): Rio, dub,
14h40m, 16h40m, 18h40m, 20h40m. R$ 8 (seg
e qua), R$ 10 (ter e qui) e R$ 12 (sex a dom e
feriados). Às terças e quintas-feiras, preço único
para todos: R$ 5. Promoção por tempo indetermi-
nado e não válida para feriados.
> Iguaçu Top — Rua Governador Roberto Silvei-
ra, 540, 2º piso, Centro, Nova Iguaçu — 2461-
2461. Sala 1 (222 lugares): Thor, (3-D), dub,
13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Sala 2 (234 luga-
res): Rio, dub, 14h, 16h10m, 18h20m,
20h30m. Sala 3 (200 lugares): Pânico 4, dub,
14h10m (exceto dom), 16h30m, 18h50m,
21h10m; e Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub,
14h20m (dom). R$ 10 (qua), R$ 12 (seg, ter e
qui), R$ 14 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$
17 (sex a dom e feriados, após as 17h), R$ 18
(seg a qui, 3-D) e R$ 21 (sex a dom e feriados, 3-
D). Maiores de 60 anos e crianças menores de 12
pagam meia-entrada. Segunda Irresistível: R$ 7.
Promoções por tempo indeterminado e não váli-
das para feriados e sessões em 3-D.
> Kinoplex Grande Rio — Rodovia Presidente
Dutra, 4.200, Jardim José Bonifácio, São João de
Meriti — 2461-2461. Sala 1 (304 lugares): Thor,
dub, 13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Sala 2 (305
lugares): Rio, (3-D), dub, 14h, 16h10m, 18h20m,
20h30m. Sala 3 (231 lugares): Hop — Rebeldes
sem Páscoa, dub, 15h; e Eu sou o número quatro,
dub, 17h15m, 19h25m, 21h35m. Sala 4 (232 lu-
gares): Rio, dub, 14h20m, 16h30m, 18h50m,
21h. Sala 5 (304 lugares): Thor, (3-D), dub,
14h10m, 16h40m, 19h10m, 21h40m. Sala 6
(305 lugares): Pânico 4, dub, 14h, 16h20m,
18h40m, 21h10m. R$ 10 (qua), R$ 12 (seg, ter e
qui), R$ 14 (sex a dom e feriados, até as 17h), R$
17 (sex a dom e feriados, após as 17h), R$ 19 (seg
a qui, 3-D) e R$ 22 (sex a dom e feriados, 3-D).
Segunda Irresistível: ingresso a R$ 7. Promoção
não válida para feriados e sessões em 3-D.
> Multiplex Caxias Shopping — Rodovia
Washington Luiz, 2.895, Caxias Shopping, 2º piso,
Parque Duque, Duque de Caxias — 2784-2240.
Sala 1 (392 lugares): Rio, dub, 15h, 17h,
19h30m, 21h30m. Sala 2 (273 lugares): Rio, (3-
D), dub, 13h30m (dom e qua); e Thor, (3-D), dub,
19h30m, 21h45m. Sala 3 (254 lugares): Thor, (3-
D), dub, 14h30m, 16h45m, 19h, 21h15m. Sala 4
(204 lugares): Pânico 4, dub, 15h, 17h15m,
19h30m, 21h45m. Sala 5 (193 lugares): Rio, dub,
16h, 18h, 20h. Sala 6 (193 lugares): Hop — Re-
beldes sem Páscoa, dub, 14h, 16h, 18h; e Eu sou
o número quatro, dub, 20h. R$ 5 (qua), R$ 7 (seg;
qua, 3-D), R$ 9 (seg, 3-D), R$ 10 (ter e qui), R$ 13
(ter e qui, 3-D), R$ 15 (sex a dom e feriados, até as
17h59m) e R$ 17 (sex a dom e feriados, a partir
das 18h).
Niterói/São Gonçalo
> Bay Market — Av. Visconde do Rio Branco,
360, loja 3, Centro — 2461-2461. Sala 1 (221
lugares): Thor, dub, 13h (dom), 15h30m, 18h,
20h30m. Sala 2 (221 lugares): Rio, dub, 14h40m,
16h50m, 19h, 21h10m. Sala 3 (207 lugares):
Thor, (3-D), dub, 14h, 16h25m, 18h50m,
21h15m. Sala 4 (207 lugares): Hop — Rebeldes
sem Páscoa, dub, 14h15m (dom); e A garota da
capa vermelha, 14h20m (exceto dom), 16h30m,
18h40m, 20h50m. R$ 10 (qua, exceto feriados),
R$ 11 (seg, ter e qui; sex a dom e feriados, até as
17h), R$ 13 (sex a dom e feriados, após as 17h),
R$ 17 (seg a qui, 3-D) e R$ 20 (sex a dom e fe-
riados, 3-D). Segunda Irresistível: R$ 7. Promoções
por tempo indeterminado e não válidas para feria-
dos e sessões em 3-D.
> Box Cinemas São Gonçalo Shopping —
Rodovia Niterói-Manilha, Km 8,5, Boa Vista —
2461-2090. Sala 1 (169 lugares): Thor, (3-D), dub,
14h, 16h30m, 19h, 21h30m. Sala 2 (159 luga-
res): Rio, dub, 13h30m, 15h40m, 17h50m, 20h.
Sala 3 (169 lugares): Hop — Rebeldes sem Pás-
coa, dub, 14h50m, 17h; e Bróder, 19h15m,
21h25m. Sala 4 (169 lugares): Eu sou o número
quatro, dub, 14h10m, 16h25m, 18h55m,
21h15m. Sala 5 (169 lugares): Rio, dub, 15h,
17h10m, 19h20m; e Esposa de mentirinha, dub,
21h35m. Sala 6 (169 lugares): Rio, dub, 14h30m,
16h40m, 18h50m, 21h. Sala 7 (215 lugares): Pâ-
nico 4, dub, 13h50m, 16h20m, 18h45m,
21h20m. Sala 8 (215 lugares): Thor, dub, 13h,
15h30m, 18h, 20h30m. R$ 7 (seg), R$ 9 (qua),
R$ 10 (ter e qui) e R$ 14 (sex a dom e feriados).
> Cinemark Plaza Shopping — Rua Quinze de
Novembro, 8, Plaza Shopping, 3º piso, Centro —
2722-3926. Sala 1 (207 lugares): Rio, dub,
10h30m, 12h45m, 15h05m; e Como você sabe,
17h20m, 20h, 22h30m. Sala 2 (301 lugares):
Thor, 11h30m, 14h, 16h40m, 19h10m, 21h40m.
Sala 3 (345 lugares): Thor, (3-D), dub, 11h05m,
13h40m; leg, 16h10m, 18h40m, 21h10m. Sala
4 (345 lugares): Rio, (3-D), dub, 11h, 13h25m,
15h40m, 17h55m; leg, 20h10m, 22h25m. Sala
5 (195 lugares): A garota da capa vermelha,
12h30m, 17h25m (exceto ter e qui), 22h10m; Eu
sou o número quatro, 15h, 19h45m (exceto ter e
qui); e Biutiful, 19h (ter e qui). Sala 6 (225 lugares):
Hop — Rebeldes sem Páscoa, dub, 12h, 14h25m,
16h50m; e Pânico 4, 19h05m, 21h30m. Sala 7
(317 lugares): Rio, (3-D), dub, 11h35m, 13h50m;
e Thor, (3-D), 16h20m, 18h50m, 21h20m. R$ 10
(seg, ter e qui, até as 14h), R$ 12 (sex a dom e
feriados, até as 14h), R$ 15 (seg, ter e qui, das 14h
às 17h; qua), R$ 17 (sex a dom e feriados, das 14h
às 17h; seg, ter e qui, após as 17h), R$ 19 (sex a
dom e feriados, após as 17h), R$ 20 (qua, 3-D), R$
22 (seg, ter e qui, 3-D) e R$ 24 (sex a dom e fe-
riados, 3-D). Toda semana, na Sessão Desconto, é
selecionado um filme nas sessões das 15h em que
o espectador paga R$ 4 (consulte qual é o filme da
semana pelo site www.cinemark.com.br ou no pró-
prio cinema).
ny, um jovem cirurgião plástico, convence sua
assistente a se fazer passar por sua ex-mulher
para conquistar uma garota. 117 minutos. Não
recomendado para menores de 12 anos.
Barra: UCI New York City Center 05 (dub):
14h35m, 17h05m, 19h35m.
Niterói: Box Cinemas São Gonçalo 5 (dub):
21h35m.
Zona Norte: Cinesystem Via Brasil Shopping 1:
dub, 16h50m, 19h20m; leg, 21h50m.
> ‘Eu sou o número quatro’. “I am number
four”. De D.J. Caruso (EUA, 2011). Com Alex
Pettyfer, Teresa Palmer, Kevin Durand.
Ficção científica. Baseado no livro de Pittacus
Lore. Anos atrás, nove crianças ameaçadas pe-
los Mogadorians fugiram do planeta Lorien e se
esconderam na Terra, mas a caçada continuou e
três delas estão mortas. 105 minutos. Não re-
comendado para menores de 12 anos.
Baixada: Kinoplex Grande Rio 3 (dub): 17h15m,
19h25m, 21h35m. Multiplex Caxias 6 (dub): 20h.
Barra: Cinemark Downtown 01: 14h05m,
16h35m, 19h10m, 21h40m. Cinesystem Recreio
Shopping 3: 17h10m, 19h10m. UCI New York City
Center 01 (dub): 13h10m. UCI New York City Center
11: 14h40m, 17h, 19h20m, 21h40m.
Niterói: Box Cinemas São Gonçalo 4 (dub):
14h10m, 16h25m, 18h55m, 21h15m. Cine-
mark Plaza Shopping 5: 15h, 19h45m (qua).
Zona Nor te: Cinemark Carioca 6 (dub):
16h30m, 19h, 21h30m. Kinoplex Nova Amé-
rica 2: 15h50m, 18h15m, 20h50m. Shopping
Iguatemi 2: 16h20m, 18h50m, 21h10m. UCI
Kinoplex 02 (dub): 13h, 15h20m, 17h40m.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 3 (dub): 21h. Ci-
nesercla Itaguaí 1 (dub): 16h30m, 18h30m,
20h30m. Cinesystem Bangu 4 (dub): 17h55m,
19h55m, 21h55m.
Zona Sul: Cinemark Botafogo 1: 19h40m,
22h10m. Cinépolis Lagoon 2: 19h50m, 22h10m.
Redondezas: Cine Show Nova Friburgo 3 (dub):
16h20m, 18h40m. Cine Show Teresópolis 2
(dub): 16h20m, 18h40m. Cinemaxx Mercado
Estação 3 (dub): 18h40m, 20h40m.
> ‘A garota da capa vermelha’. Red riding ho-
od”. De Catherine Hardwicke (EUA, 2011). Com
Amanda Seyfried, Michael Hogan.
Horror. Versão sombria da história de Chapeu-
zinho Vermelho, conto publicado no século XIX
pelos Irmãos Grimm. 100 minutos. Não reco-
mendado para menores de 14 anos.
Barra: Cinemark Downtown 11: 16h10m,
18h35m, 21h10m. UCI New York City Center
04: 15h, 17h10m, 19h20m, 21h40m.
Niterói: Bay Market 4: 14h20m, 16h30m,
18h40m, 20h50m. Cinemark Plaza Shopping
5: 12h30m, 17h25m (qua), 22h10m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 3: 16h,
18h20m, 20h40m. Kinoplex Nova América 4:
15h10m, 17h20m, 19h30m, 21h40m. Kino-
plex Shopping Tijuca 3: 17h, 19h10m,
21h20m. Shopping Iguatemi 6: 14h, 16h10m,
18h30m, 20h50m. UCI Kinoplex 09: 13h05m,
15h15m, 17h25m, 19h40m, 21h50m.
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO
Terça-feira, 3 de maio de 2011
> ‘Homens e deuses’. “Des hommes et des
dieux”. De Xavier Beauvois (França, 2010). Com
Lambert Wilson, Michael Lonsdale.
Drama. Em uma vila, oito monges franceses vivem
em harmonia com a população muçulmana até que
um grupo de trabalhadores estrangeiros é massacra-
do e o pânico assola a região. 122 minutos. Não re-
comendado para menores de 12 anos.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 6: 19h, 21h20m.
Zona Sul: Espaço de Cinema 1: 16h40m,
2 1 h 4 0 m . E s p a ç o M u s e u d a Re p ú b l i c a :
15h20m, 17h40m, 20h. Estação Laura Alvim
3: 14h20m, 16h40m, 19h, 21h20m. Estação
Vivo Gávea 4: 13h30m, 17h40m, 21h40m.
> ‘Hop — Rebeldes sem Páscoa’. “Hop”. De
Tim Hill (EUA, 2011). Vozes de James Marsden,
Elizabeth Perkins, Russell Brand.
Animação. Depois que o coelhinho é atropelado
acidentalmente por um carro, cabe ao motorista
salvar a Páscoa. 97 minutos. Livre.
Baixada: Cinemaxx Unigranrio Caxias 2 (dub): 16h,
20h. Cinesercla Nilópolis Square 2 (dub): 14h30m,
16h30m. Kinoplex Grande Rio 3 (dub): 15h. Mul-
tiplex Caxias 6 (dub): 14h, 16h, 18h.
Barra: Cinemark Downtown 02 (dub): 12h40m,
15h, 17h20m, 19h40m. Cinemark Downtown 10
(dub): 11h20m. Cinesystem Recreio Shopping 4
(dub): 16h20m, 19h30m. UCI New York City Center
07 (dub): 14h40m, 16h50m, 19h10m. UCI New
York City Center 15 (dub): 14h10m, 16h20m,
18h30m. Via Parque 6 (dub): 14h30m, 18h50m.
Ilha: Cinesystem Ilha Plaza 3 (dub): 13h30m,
15h30m.
Niterói: Box Cinemas São Gonçalo 3 (dub):
14h50m, 17h. Cinemark Plaza Shopping 6
(dub): 12h, 14h25m, 16h50m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 7 (dub): 15h,
17h20m, 19h30m. Cinesystem Via Brasil Shopping
2 (dub): 14h10m, 16h20m, 19h10m, 21h20m.
Kinoplex Shopping Tijuca 3 (dub): 15h. Shopping
Iguatemi 2 (dub): 14h10m. UCI Kinoplex 04 (dub):
14h25m.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 5 (dub): 14h10m,
16h20m, 18h30m. Cinesercla Itaguaí 4 (dub):
14h30m, 16h30m. Cinesystem Bangu 4 (dub):
13h35m, 15h45m. Star Center 4 (dub): 14h40m,
16h40m.
Zona Sul: Cinemark Botafogo 1 (dub): 12h50m,
15h, 17h20m. Cinépolis Lagoon 2 (dub): 13h20m,
15h35m, 17h40m. Rio Sul 3 (dub): 14h10m.
Redondezas: Cine Show Nova Friburgo 3 (dub):
14h30m. Cine Show Teresópolis 2 (dub):
14h30m. Top Cine Hipershopping ABC 2 (dub):
14h50m, 16h50m, 18h50m.
> ‘Incêndios’. “Incendies”. De Denis Villeneuve
(Canadá, 2010). Com Lubna Azabal, Mélissa
Désormeaux-Poulin, Maxim Gaudette.
Drama. Adaptação da peça homônima de Wajdi
Mouawad. Na leitura do testamento da mãe, os
gêmeos Simon e Jeanne descobrem que têm um
irmão e que o pai ainda vive. 130 minutos. Não
recomendado para menores de 14 anos.
Barra: Estação Barra Point 2: 14h40m, 18h50m.
Zona Sul: Estação Botafogo 1: 14h, 18h40m (até
qua).
> ‘Jogo de poder’. “Fair game”. De Doug Li-
man (EUA, 2010). Com Naomi Watts, Sean
Penn, Ty Burrell.
Suspense. Baseado nas memórias de Valerie
Plame, agente da CIA que teve sua identidade
secreta revelada por um jornalista durante a in-
vasão dos EUA ao Iraque. 108 minutos. Não re-
comendado para menores de 12 anos.
Barra: Estação Barra Point 2: 21h20m.
> ‘As mães de Chico Xavier’. De Glauber Fi-
lho, Halder Gomes (Brasil, 2011). Com Nelson
Xavier, Caio Blat, Via Negromonte.
Drama. Baseado em histórias reais e inspirado
no livro "Por trás do véu de Isis", de Marcel Souto
Maior. A trajetória de três mães que perderam
seus filhos. 111 minutos. Não recomendado pa-
ra menores de 12 anos.
Barra: UCI New York City Center 09: 13h20m,
15h40m.
> ‘A minha versão do amor’. “Barney’s Ver-
sion”. De Richard J. Lewis (Canadá/Itália, 2010).
Com Paul Giamatti, Dustin Hoffman, Minnie Driver.
Comédia romântica. Baseado no livro de Morde-
cai Richler. A história de Barney Panofsky, um
homem aparentemente normal, cujas confissões
abrangem quatro décadas, dois continentes e
três casamentos. 134 minutos. Não recomenda-
do para menores de 14 anos.
Barra: Cinemark Downtown 05: 20h55m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 7: 21h40m.
Zona Sul: Cinépolis Lagoon 5: 19h10m (até
qua), 21h50m (até qua). Espaço de Cinema 1:
14h, 19h. Estação Laura Alvim 2: 15h,
19h30m. Estação Vivo Gávea 3: 13h40m,
16h20m, 19h (exceto ter), 21h50m. Kinoplex
Fashion Mall 3: 18h20m, 21h10m. Kinoplex
Leblon 1: 18h10m, 21h10m.
> ‘Nana Caymmi em Rio Sonata’. “Rio Sona-
ta: Nana Caymmi”. De Georges Gachot (Suíça,
2010).
Documentário. A trajetória da cantora Nana
Caymmil. 85 minutos. Livre.
Barra: Estação Barra Point 1: 17h50m.
Zona Sul: Espaço de Cinema 3: 20h, 21h50m
(ter e qui). Estação Laura Alvim 1: 14h40m,
18h. Estação Vivo Gávea 4: 16h, 20h.
> ‘Pânico 4’. “Scream 4”. De Wes Craven
(EUA, 2011). Com David Arquette, Neve Camp-
bell, Courteney Cox.
Terror. Dez anos se passaram e Sidney já con-
seguiu deixar o passado para trás. Quando tudo
parecia entrar nos eixos, ela recebe a visita do
esfaqueador mascarado. 111 minutos. Não re-
comendado para menores de 14 anos.
Baixada: Cinemaxx Imperial (dub): 21h. Cinesercla
Nilópolis Square 2 (dub): 18h40m, 20h45m. Iguaçu
Top 3 (dub): 14h10m, 16h30m, 18h50m,
21h10m. Kinoplex Grande Rio 6 (dub): 14h,
16h20m, 18h40m, 21h10m. Multiplex Caxias 4
(dub): 15h, 17h15m, 19h30m, 21h45m.
Barra: Cinesystem Recreio Shopping 3: 21h30m.
UCI New York City Center 09: 18h20m, 20h40m.
UCI New York City Center 16 (dub): 13h10m,
15h30m, 17h50m.
Niterói: Box Cinemas São Gonçalo 7 (dub):
13h50m, 16h20m, 18h45m, 21h20m. Cinemark
Plaza Shopping 6: 19h05m, 21h30m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 2 (dub): 15h10m,
20h. Madureira Shopping 2 (dub): 16h10m,
18h30m, 21h. Shopping Iguatemi 7: 21h10m. UCI
Kinoplex 08: dub, 17h40m, 20h; leg, 22h20m.
Zona Oeste: Cinesercla Itaguaí 4 (dub): 18h40m,
20h45m. Cinesystem Bangu 3 (dub): 20h10m,
22h20m. Kinoplex West Shopping 4 (dub): 14h,
16h30m, 18h50m, 21h30m. Star Center 3:
14h20m, 16h30m, 18h40m, 20h50m.
Zona Sul: Cinemark Botafogo 4: 20h50m.
Redondezas: Cine Show Nova Friburgo 3: 21h.
Cine Show Teresópolis 2: 21h. Top Cine Hi-
pershopping ABC 2 (dub): 20h50m.
> ‘O pequeno Nicolau’. “Le petit Nicolas”. De
Laurent Tirar (França, 2009). Com Maxime Go-
dart, Valérie Lemercier, Kad Merad.
Comédia. Baseado na obra de Jean-Jacques Sempé
e René Goscinny. Nicolau é um garotinho muito ama-
do pelos pais que leva uma vida tranquila até que sua
mãe fica grávida. 91 minutos. Livre.
Zona Sul: Estação Botafogo 2: 13h, 17h15m.
> ‘Que mais posso querer’. “Cosa voglio di
più”. De Silvio Soldini (Itália/Suíça, 2010). Com
Pierfrancesco Favino, Alba Rohrwacher, Giusep-
pe Battiston.
Drama. Um homem e uma mulher começam
uma relação extraconjugal, sem perceber que tu-
do está saindo do controle. 121 minutos. Não
recomendado para menores de 16 anos.
Barra: Estação Barra Point 1: 21h40m.
Zona Sul: Estação Botafogo 3: 13h50m,
17h50m. Estação Laura Alvim 1: 21h45m.
> ‘O retrato de Dorian Gray’. “Dorian Gray”.
De Oliver Parker (Reino Unido, 2011). Com Co-
lin Firth, Ben Barnes, Rebecca Hall.
Suspense. Baseado na obra de Oscar Wilde. Obce-
cado por sua própria beleza e juventude, Dorian acei-
ta que lhe pintem um retrato. 112 minutos. Não re-
comendado para menores de 16 anos.
Centro: Odeon: 18h30m.
Zona Sul: Estação Botafogo 3: 21h50m.
> ‘Rio’. De Carlos Saldanha (EUA, 2011). Vozes de
Anne Hathaway, Jesse Eisenberg, Jamie Foxx.
Animação. Blu é uma arara-azul domesticada
que nunca aprendeu a voar e vive nos Estados
Unidos, até descobrir que existe uma fêmea de
sua espécie no Rio. Exibição em 3-D em algu-
mas salas. 96 minutos. Livre.
Baixada: Cinemaxx Imperial (dub): 17h, 19h. Ci-
nemaxx Unigranrio Caxias 2 (dub): 14h, 18h. Cine-
sercla Nilópolis Square 3 (dub): 14h40m, 16h40m,
18h40m, 20h40m. Iguaçu Top 2 (dub): 14h,
16h10m, 18h20m, 20h30m. Kinoplex Grande Rio
2 (3-D/dub): 14h, 16h10m, 18h20m, 20h30m. Ki-
noplex Grande Rio 4 (dub): 14h20m, 16h30m,
18h50m, 21h. Multiplex Caxias 1 (dub): 15h, 17h,
19h30m, 21h30m. Multiplex Caxias 2 (3-D/dub):
13h30m (qua). Multiplex Caxias 5 (dub): 16h, 18h,
20h.
Barra: Cinemark Downtown 04 (3-D): 11h05m,
13h20m, 15h40m, 18h, 20h20m. Cinemark
Downtown 05 (dub): 11h30m, 13h45m, 16h05m,
18h30m. Cinemark Downtown 06 (dub): 12h35m,
14h50m, 17h10m. Cinemark Downtown 12 (3-
D/dub): 12h, 14h25m. Cinesystem Recreio Shop-
ping 1 (dub): 14h20m, 16h40m, 19h, 21h10m.
Cinesystem Recreio Shopping 3 (dub): 15h. UCI
New York City Center 02 (3-D): dub, 14h30m,
16h40m, 18h50m; leg, 21h. UCI New York City
Center 06 (dub): 14h10m, 16h20m, 18h30m. UCI
New York City Center 10: dub, 13h50m, 16h,
18h10m; leg, 20h20m, 22h30m. UCI New York Ci-
ty Center 12 (3-D): dub, 13h20m, 15h30m,
17h40m (exceto ter); leg, 19h50m (exceto ter), 22h
(exceto ter). Via Parque 1 (dub): 14h, 16h, 18h10m,
20h30m. Via Parque 6 (dub): 16h40m, 21h10m.
Ilha: Cinesystem Ilha Plaza 1 (dub): 14h,
16h30m, 19h, 21h30m.
Niterói: Bay Market 2 (dub): 14h40m, 16h50m,
19h, 21h10m. Box Cinemas São Gonçalo 2 (dub):
● PÁGINA 7 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 31 h
> ‘Cisne negro’ — “Darren Aronofsky li-
berta o demônio que mora na graciosa
Natalie Portman.” (R.F.)
> ‘Contracorrente’ — “Mostra como
uma boa história pode ser contada de ma-
neira eficiente, mesmo com poucos recur-
sos financeiros.” (M.J.)
> ‘Incêndios’ — “Apoiado em roteiro bri-
lhante, interpretações intensas, alta qua-
lidade de fotografia e trilha sonora, Den-
nis Villeneuve exibe forte domínio narra-
tivo.” (S.S.)
> ‘Paulo Gracindo — O Bem Amado’
— “Tem o efeito emotivo de um ’Vinicius’
ao cubo.” (R.F.)
> ‘O pequeno Nicolau’ — “Um filme
inesquecível.” (E.R)
> ‘Rio’ — “É difícil segurar o fôlego frente
à exuberância de seu visual.” (R.F.)
> ‘O sequestro de um herói’ — “Bel-
vaux faz um filme de gênero sem recorrer
aos clichês de thriller policial.” (M.J.)
> ‘Um lugar qualquer’ — “Sofia Coppo-
la faz com delicadeza uma exegese do té-
dio a partir de uma relação de paternida-
de.” (R.F.)
> ‘127 horas’ — Para R.F., o bonequi-
nho aplaude sentado: "A taquicardia na
montagem só amplifica o espírito anár-
quico que norteia a obra de Danny Boyle".
Para M.J., o bonequinho sai: "Boyle trans-
forma o filme em uma colagem de video-
clipes com estética publicitária."
13h30m, 15h40m, 17h50m, 20h. Box Cinemas
São Gonçalo 5 (dub): 15h, 17h10m, 19h20m. Box
Cinemas São Gonçalo 6 (dub): 14h30m, 16h40m,
18h50m, 21h. Cinemark Plaza Shopping 1 (dub):
10h30m, 12h45m, 15h05m. Cinemark Plaza
Shopping 4 (3-D): dub, 11h, 13h25m, 15h40m,
17h55m; leg, 20h10m, 22h25m. Cinemark Plaza
Shopping 7 (3-D/dub): 11h35m, 13h50m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 4 (dub): 11h10m,
13h20m, 15h30m, 17h40m, 19h50m, 22h. Cine-
mark Carioca 6 (dub): 12h10m, 14h20m. Cinemark
Carioca 8 (dub): 11h40m, 13h50m, 16h20m,
18h30m. Cinesystem Via Brasil Shopping 3 (dub):
13h30m, 16h, 18h30m, 21h. Cinesystem Via Bra-
sil Shopping 4 (3-D): dub, 14h, 16h30m, 19h; leg,
21h30m. Kinoplex Nova América 1 (dub): 14h40m,
16h50m, 19h, 21h15m. Kinoplex Nova América 5
(3-D/dub): 15h50m, 18h20m, 20h45m. Kinoplex
Shopping Tijuca 2 (dub): 14h15m, 16h25m,
18h35m. Kinoplex Shopping Tijuca 4 (3-D): dub,
15h20m, 17h30m, 19h40m; leg, 21h50m. Madu-
reira Shopping 1 (dub): 14h20m, 16h30m,
18h40m, 20h50m. Madureira Shopping 3 (dub):
16h, 18h10m, 20h20m. Shopping Iguatemi 3
(dub): 16h10m, 18h20m, 20h30m. Shopping
Iguatemi 7 (dub): 14h40m, 16h50m, 19h. UCI Ki-
noplex 01 (3-D): dub, 14h40m, 16h50m, 19h; leg,
21h10m, 23h20m. UCI Kinoplex 07 (dub):
13h40m, 15h50m, 18h10m, 20h20m, 22h30m.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 3 (dub): 14h,
16h10m, 18h20m. Cine 10 Sulacap 4 (dub):
14h30m, 16h40m, 18h50m, 21h10m. Cinesercla
Itaguaí 1 (dub): 14h20m. Cinesercla Itaguaí 3 (dub):
14h40m, 16h40m, 18h40m, 20h40m. Cinesys-
tem Bangu 2 (3-D): dub, 13h30m, 15h40m,
17h50m, 20h; leg, 22h10m. Cinesystem Bangu 3
(dub): 14h10m, 16h10m, 18h10m. Kinoplex West
Shopping 2 (3-D/dub): 14h40m, 16h50m, 19h,
21h20m. Kinoplex West Shopping 3 (dub):
14h10m, 16h20m, 18h30m, 20h50m. Star Center
2 (dub): 16h10m, 18h20m, 20h30m.
Zona Sul: Cinemark Botafogo 4 (dub): 11h10m,
13h40m, 16h10m, 18h30m. Cinemark Botafogo 5
(3-D): dub, 12h10m, 14h30m, 16h50m,
19h10m; leg, 21h30m. Cinépolis Lagoon 4 (3-D):
dub, 13h40m, 15h50m; leg, 18h, 20h10m,
22h20m. Cinépolis Lagoon 5 (3-D/dub): 12h40m,
14h50m, 17h. Kinoplex Fashion Mall 3 (dub):
16h10m. Kinoplex Leblon 1 (dub): 14h10m,
16h10m. Kinoplex Leblon 4 (3-D): dub, 15h10m,
17h20m, 19h30m; leg, 21h45m. Rio Sul 1 (dub):
14h30m, 16h40m, 18h50m, 21h. Roxy 2 (dub):
14h10m. São Luiz 4 (3-D): dub, 15h10m,
17h20m, 19h30m; leg, 21h50m. Unibanco Arte-
plex 6: 14h30m, 17h, 19h30m, 22h.
Redondezas: Cine Bauhaus 2: 15h, 17h, 19h,
21h. Cine Itaipava (dub): 15h, 17h. Cine Show Nova
Friburgo 1 (dub): 14h, 16h15m, 18h30m,
20h45m. Cine Show Teresópolis 1 (dub): 14h,
16h15m, 18h30m, 20h45m. Cinemaxx Mercado
Estação 1 (dub): 14h30m, 16h30m, 18h30m. Top
Cine Hipershopping ABC 1 (dub): 14h30m,
16h30m, 18h30m, 20h30m.
> ‘Sem limites’. “Limitless”. De Neil Burger
(EUA, 2011). Com Bradley Cooper, Robert De
Niro, Anna Friel.
Suspense. O escritor Eddie Morra sofre há anos
de um bloqueio criativo. Quando um amigo lhe
apresenta a um remédio revolucionário, ele pas-
sa a viver sem limites. 105 minutos. Não reco-
mendado para menores de 14 anos.
Barra: UCI New York City Center 06: 21h10m.
Re d o n d e z a s : Cine Bauhaus 1: 14h30m,
18h45m.
> ‘O sequestro de um herói’. “Rapt”. De Lu-
cas Belvaux (França, 2009). Com Yvan Attal,
Anne Consigny, André Marcon.
Policial. Um industrial é brutalmente sequestrado.
Enquanto ele passa por torturas físicas e psicológicas,
a polícia e a diretoria de sua companhia negociam
um resgate de 50 milhões de euros. 125 minutos.
Não recomendado para menores de 14 anos.
Zona Sul: Estação Botafogo 2: 21h40m.
> ‘Sexo sem compromisso’. “No strings at-
tached”. De Ivan Reitman (EUA, ). Com Natalie
Portman, Ashton Kutcher, Cary Elwes.
Comédia romântica. Amigos de longa data, Em-
ma e Adam quase estragam a amizade quando
transam em uma manhã. 108 minutos. Não re-
comendado para menores de 14 anos.
Barra: UCI New York City Center 15: 20h40m
(exceto ter).
Redondezas: Cine Itaipava: 19h.
> ‘Sobrenatural’. “Insidious”. De James Wan
(EUA, 2010). Com Barbara Hershey, Rose Byr-
ne, Patrick Wilson.
Horror. Uma família tenta impedir que maus es-
píritos aprisionados em seu filho em coma do-
minem sua mente. 102 minutos. Não recomen-
dado para menores de 14 anos.
Barra: Cinemark Downtown 02: 22h05m. UCI
New York City Center 01: 15h30m, 17h45m,
20h, 22h15m.
Zona Norte: Cinemark Carioca 8: 20h50m. Ki-
noplex Shopping Tijuca 2: 20h45m. UCI Kino-
plex 02: 20h, 22h15m.
Zona Oeste: Cine 10 Sulacap 5: 20h40m.
> ‘VIPs’. De Toniko Melo (Brasil, 2010). Com
Wagner Moura, Gisele Fróes, Juliano Cazarré.
Drama. Baseado no livro “VIPS – Histórias reais
de um mentiroso”, de Mariana Caltabiano. O
maior prazer de Marcelo sempre foi imitar as
pessoas e se passar pelos outros. 98 minutos.
Não recomendado para menores de 12 anos.
Barra: UCI New York City Center 16: 20h10m
(exceto ter), 22h20m (exceto ter).
Reapresentação
> ‘127 horas’. “127 hours”. De Danny Boyle
(EUA, 2011). Com James Franco, Lizzy Caplan,
Kate Burton.
Drama. Baseado em uma história real. A luta do
montanhista Aron Ralston para salvar-se depois que
uma pedra solta cai sobre seu braço e o deixa preso
num cânion estreito e isolado de Utah. 94 minutos.
Não recomendado para menores de 16 anos.
Zona Norte: Cinemark Carioca 3: 14h.
> ‘Animais unidos jamais serão vencidos’.
“Konferenz der tiere”. De Reinhard Klooss Hol-
ger Tappe (Alemanha, 2010). Vozes de Ralf Sch-
mitz, Thomas Fritsch.
Animação. Animais são forçados a deixar o lugar
onde vivem por causa da destruição provocada
pelo homem. Exibição em 3-D em algumas sa-
las. 97 minutos. Livre.
Redondezas: Cinemaxx Mercado Estação 3
(dub): 14h40m, 16h50m.
> ‘Gigante’. “Gigante”. De Adrián Biniez (Uru-
guai/Argentina/Alemanha/Espanha, 2009). Com Ho-
racio Camandule, Leonor Svarcas, Fernando Alonso.
Comédia dramática. Jara, um grande e tímido
segurança de supermercado, descobre a faxinei-
O GLOBO
RIO SHOW
O BONEQUINHO VIU...
> ‘Além da vida’ — Para M.A., o bone-
quinho aplaude sentado: “Mais um filme
audacioso de Eastwood, que procura não
se repetir.” Para A.M., o bonequinho dor-
me: “Ouve-se um ou outro suspiro na pla-
teia, mas lá no fundinho bate aquela des-
confiança de que alguma coisa não se en-
caixou bem.”
> ‘Amor?’ — “Mistura-se na tela o melhor
de dois mundos: o ficcional e o documen-
tal.” (R.F.)
> ‘O amor chega tarde’ — “A trama é
abordada com delicadeza e humor.”
(S.S.)
> ‘Bebês’ — “Um bem-humorado tratado
antropológico.” (E.R.)
> ‘Cópia fiel’ — “Realização impecável,
pode frustrar os súditos do diretor irania-
no, mas também seduzir e intrigar por sua
trama bem urdida.” (S.S.)
> ‘O discurso do rei’ — “Não é nada
além da fala de um homem. E é justamen-
te isso que o faz tão interessante.” (A.M.)
> ‘Gigante’ — “Prescinde de palavras pa-
ra contar uma história de gente comum.”
(E.R.)
> ‘Homens e deuses’ — “Uma obra aus-
tera, reflexiva e extremamente contempo-
rânea.” (S.S.)
> ‘Joy Division’ — “O complemento per-
feito para o filme ’Control’.” (T.L.)
> ‘Natimorto’ — Para R.F., o bonequinho
aplaude sentado: “Mutarelli é um formu-
lador de alegorias.” Para R.G., o bonequi-
nho dorme: “O universo de Mutarelli é
mantido, mas o filme deixa transparecer
apenas o esboço.”
> ‘Que mais posso querer’ — “Silvio
Soldini não transforma o longa em libelo
contra o adultério.” (M.A.)
> ‘Thor’ — “Um espetáculo suntuoso que
conjuga realidade dentro de um universo
de fantasia.” (M.A.)
ra Julia pelas câmeras de vigilância e apaixona-
se por ela. 90 minutos. Não recomendado para
menores de 12 anos.
Zona Sul: Cine Joia: 17h.
> ‘O guerreiro Genghis Khan’. “Mongol”. De
Sergei Bodrov (Mongólia/Cazaquistão/Rús-
sia/Alemanha, 2007). Com Tadanobu Asano,
Honglei Sun, Khulan Chuluun.
Drama. Os primeiros anos de vida de Genghis Khan,
que foi escravo antes de se tornar um dos maiores
conquistadores do mundo. 125 minutos. Não reco-
mendado para menores de 16 anos.
Zona Sul: Cine Joia: 19h30m.
> ‘Invasão do mundo: batalha de Los Ange-
les’. “Battle: Los Angeles”. De Jonathan Liebes-
man (EUA, 2011). Com Aaron Eckhart, Michelle
Rodriguez, Bridget Moynahan.
Ficção científica. Grupo de militares luta contra uma
invasão alienígena nas ruas de Los Angeles. Exibição
em 3-D e em 4K em algumas salas. 116 minutos.
Não recomendado para menores de 12 anos.
Zona Norte: Cinesystem Via Brasil Shopping 1
(dub): 14h20m.
> ‘Joy Division’. “Joy division”. De Grant Gee
(EUA/Inglaterra, 2007).
Documentário. A trajetória da banda, que surgiu no
final dos anos 70, em Manchester. 95 minutos. Não
recomendado para menores de 14 anos.
Zona Sul: Cine Joia: 22h.
> ‘Paulo Gracindo — O Bem Amado’. De
Gracindo Junior (Brasil, 2008).
Documentário. Cinebiografia. Através de depoi-
mentos de colegas e amigos e de material de ar-
quivo, o filme recupera parte da trajetória do ator
Paulo Gracindo. 80 minutos. Livre.
Zona Sul: Cine Joia: 14h30m.
> ‘Sucker Punch — Mundo surreal’. “Sucker
Punch”. De Zack Snyder (EUA, 2011). Com Emily
Browning, Abbie Cornish, Vanessa Hudgens.
Aventura. Baby Doll é internada em um sanató-
rio pelo padrasto, de olho na herança deixada
por sua mãe. 111 minutos. Não recomendado
para menores de 14 anos.
Redondezas: Cine Bauhaus 1: 16h30m,
20h45m.
> ‘Um lugar qualquer’. “Somewhere”. De So-
fia Coppola (EUA, 2010). Com Stephen Dorff,
Michelle Monaghan, Chris Pontius.
Drama. Um ator encrenqueiro leva uma vida de ex-
cessos no hotel Chateau Marmont, em Hollywood.
Com a inesperada visita de sua filha de 11 anos, ele
é forçado a rever suas atitudes. 97 minutos. Não re-
comendado para menores de 14 anos.
Barra: Cinemark Downtown 11: 14h.
Extra
> Cinema Brasileiro: Anos 2000, 10 Ques-
tões. A mostra, que começou dia 26 e segue até 8
de maio, exibe cerca de 60 filmes nacionais. Ter, na
Sala 1, às 13h30m: “Carandiru”, de Hector Babenco
(Brasil, 2003). Não recomendado para menores de
16 anos. Às 16h: “Encarnação do demônio, de José
Mojica Marins (Brasil, 2008). Não recomendado pa-
ra menores de 18 anos. Às 18h: “Falsa loura”, de
Carlos Reichenbach (Brasil, 2007). Não recomenda-
do para menores de 16 anos. Às 20h, debate “Que
gêneros são nossos?”, com Daniel Schenker e Rafael
de Luna.
Centro: Centro Cultural Banco do Brasil/Cinema
1 (Rua Primeiro de Março 66, Centro — 3808-
2007). R$ 6.
Grátis >CommediaAll’Italiana.Amostra,queco-
meçahojeesegueaté6demaio,exibeumaretrospec-
tivadopopulargênerodocinemaitaliano.Ter,às16h:
“Uma vida difícil”, de Dino Risi (Itália, 1961). Filmes
não recomendados para menores de 14 anos.
Zona Sul: Espaço Cultural Telezoom (Rua Mário
de Andrade 48, Humaitá — 3497-7620).
> Estação Sesc Première. Exibição da pré-
estreia do filme “Cinco dias sem Nora”, de Ma-
riana Chenilo (México, 2009). Com Fernando
Luján, Silvia Mariscal, Cecilia Suárez. Não re-
coendado para menores de 14 anos.
Zona Sul: Estação Ipanema 2 (Rua Visconde de Pi-
rajá, 605, Ipanema — 2279-4603): ter às 14h.
> Estação Sesc Cinemateca. Exibição do fil-
me “A morte do Bookmaker Chinês”, de John
Cassavetes (EUA, 1976). Não recomendado pa-
ra menores de 14 anos.
Zona Sul: Estação Vivo Gávea 3 (Rua Marquês de
São Vicente 52, Gávea — 3875-3011): ter, às
19h.
> A luz e o cinema de Rogério Sganzerla. A
mostra, que começou dia 26 e segue até 8 de
maio, exibe 24 filmes do cineasta. Ter, na Sala
1, às 19h: “Abismu, de Rogério Sganzerla (Bra-
sil, 1977). 14 anos. Na Sala 2, às 17h30m: “A
miss e o dinossauro — Bastidores da Belair
2005”, documentário de Helena Ignez (Brasil,
2010). Exibição em DVD. Não recomendado pa-
ra menores de 16 anos; e “Brasil”, de Rogério
Sganzerla (Brasil, 1981). Livre.
Centro: Caixa Cultural Rio/Cinema 1 e 2 (Av. Almi-
rante Barroso 25, Centro — 2544-4080). R$ 2.
> ‘Biutiful’ — “É coerente com a obra do
cineasta.” (S.S.)
> ‘Bróder’ — “Conjuga competência téc-
nica e alta voltagem emotiva.” (R.F.)
> ‘Eu sou o número quatro’ — “Não es-
capa dos chavões, mas traz muitos e bons
momentos de ação.” (E.R.)
> ‘O guerreiro Genghis Khan’ — “O
longa tropeça na montagem.” (R.F.)
> ‘Invasão do mundo: Batalha de Los
Angeles’ — “Um longa visualmente ins-
tigante, mas com dramaturgia vazia.”
(R.F.)
> ‘Jogo de poder’ — “Peca pela super-
ficialidade da trama e dos personagens.”
(A.M.)
> ‘Marcha da vida’ — “Um luminoso do-
cumento de resistência contra futuras in-
justiças.” (M.A.)
> ‘A minha versão do amor’ — “Um fil-
me apenas correto.” (R.G.)
> ‘Nana Caymmi em Rio Sonata’ —
“Costura depoimentos com delicadeza,
embora sem refinamento plástico de mon-
tagem.” (R.F.)
> ‘Pânico 4’ — “Não chega ao nível do
primeiro, mas contém momentos antoló-
gicos.” (M.A.)
> ‘O retrato de Dorian Gray’ — “Uma
poderosa crônica ao narcisismo e à obses-
siva busca pela juventude.” (M.A.)
> ‘Sexo sem compromisso’ — “Não é
mais do que um passatempo corriqueiro.”
(T.L.)
> ‘Sobrenatural’ — “O roteiro preserva a
sensação de ameaça constante.” (M.A.)
> ‘Sucker Punch — Mundo surreal’ —
"Uma alegórica jornada pela loucura."
(R.F.)
SHOW
> Akkura. O quinteto italiano que já fez parce-
rias com Moreno Veloso e Domenico Lancellotti
mostra o seu repertório.
Solar de Botafogo: Rua General Polidoro 180,
Botafogo — 2543-5411. Ter, às 21h30m. R$
30 (os 100 primeiros pagantes) e R$ 40. Não
recomendado para menores de 14 anos.
> Bigorna Quinteto. José Carlos Bigorna e seu
grupo tocam clássicos da bossa nova.
Zozô: Av. Pasteur 520, Urca — 2542-9665. Ter,
às 20h. R$ 35. Livre.
> Cláudio Nucci e Zé Renato. Os parceiros
cantam juntos as músicas de seus repertórios no
projeto “7 em Ponto”.
Teatro Carlos Gomes: Praça Tiradentes s/n -,
o ComAnaMariaOliveira,AndréAndrade,ClaudioDell’
Centro — 2215-0556 e 2224-3602. Ter, às
19h. R$ 1. Livre.
> Eliane Salek. A cantora interpreta sucessos
de Elizeth Cardoso.
o
Clube Militar: Av. Rio Branco 251, 3 - andar,
Centro. Ter, às 18h. R$ 20. Livre.
> Influência do jazz trio. João Rebouças (pia-
no) , Luiz Alves (baixo) e Luiz Filipe (bateria) abor-
dam a influência do jazz na música brasileira.
MC Galeria: Rua Francisco Otaviano 55, Arpoa-
dor — 2247-7793. Ter, às 21h. R$ 15. Não re-
comendado para menores de 18 anos.
> Marco Rodrigo. O músico faz o show “Rock’n
Bossa”, com músicas como “Bem me quer mal
me quer” e “Minha flor meu bebê”.
Teatro Café Pequeno: Av. Ataulfo de Paiva 269,
Leblon — 2294-4480. Ter, às 21h. R$ 20. Não
recomendado para menores de 18 anos.
> Mart’nália. A sambista mostra o seu reper-
tório, com sucessos como “Cabide”.
Bom Sujeito: Estrada da Barra 18, sobrado,
Barra — 2491-8955. Ter, às 23h. R$ 30. Não
recomendado para menores de 18 anos.
> Mulheres em Pixinguinha. Sheila Zaguri, Da-
niela Spielman, Neti Szpilman e Thais Bezerra tocam
Pixinguinha.
Centro Cultural Justiça Federal (Teatro): Av. Rio
Branco 241, Centro — 3502-7728 e 8615-
3455 (informações). Ter, às 19h. Até 17 de
maio. R$ 30. Livre.
> Nina Wirtti. A cantora faz o show “Só nós dois
no salão e esta valsa”, com pérolas de artistas como
Orlando Silva e Carmem Miranda.
Semente: Rua Joaquim Silva 138, Lapa —
9781-2451 (informações). Ter, às 21h30m. R$
13 (mulher) e R$ 16 (homem). Não recomen-
dado para menores de 18 anos.
> Samba Carioca. O grupo canta sucessos de
Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Zeca Pagodi-
nho, Nelson Cavaquinho e Cartola, entre outros.
Lapa Na Pressão: Av. Mem de Sá 61, Lapa —
2507-0580 e 2507-0603. Ter, às 20h. R$ 15.
Não recomendado para menores de 18 anos.
> Toque de Arte. Já com dois CDs gravados, o
grupo vocal é a atração de hoje do projeto “Lapa
de Todos os Sambas”.
Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil:
Rua Primeiro de Março 66, Centro — 3808-
2020. Ter, às 12h30m e às 19h. R$ 6. Livre.
> Wanda Sá e Eliana Pittman. As cantoras e
o grupo Maria Filó animam o baile que come-
mora a coroação da rainha da gafieira, Angela
Gel, e a posse do padrinho, Boni.
Estudantina Musical: Praça Tiradentes 79, Cen-
tro — 2232-1149. Ter, às 19h. R$ 15. Não re-
comendado para menores de 18 anos.
EVENTOS
> Mostra Musical Tempo Livre. Paulinho
Moska é o convidado deste mês no evento, em
que artistas conversam com os espectadores e
contam o que gostam de fazer quando não es-
tão em ação nos palcos. O encontro conta com
o diretor, autor, ator e compositor Hamilton Vaz
Pereira, como uma espécie de provocador do
bate-papo.
Oi Futuro Ipanema: Rua Visconde do Pirajá 53,
Ipanema — 3131.3090. Ter, às 19h30min. R$
15. Livre.
DANÇA
Grátis > Flamenco no Instituto Cervantes. O
bailarinoespanholPolVaquerofazumaapresentação
de flamenco acompanhado do também bailarino
Isaac de los Reyes e do cantor Juañares.
Instituto Cervantes: Rua Visconde de Ouro Preto 62,
Botafogo — 3554-5910. Ter, às 19h30m. Livre.
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
SEGUNDO CADERNO
> ‘Água para elefantes’ — “Nada salva
a trama do marasmo melodramático e so-
nolento.” (S.S.)
> ‘Animais unidos jamais serão ven-
cidos’ — “A função educativa é até cum-
prida
a contento, mas a narrativa
sofre.” (T.M.)
> ‘Com você sabe’ — “Carece de vitali-
dade e de diálogos refinados.” (R.F.)
> ‘Esposa de mentirinha’ — “A dupla
Adam Sandler/Jennifer Aniston tem charme
e cria empatia, mas o filme jamais acha um
ritmo.” (R.G.)
> ‘A garota da capa vermelha’ —
“Não consegue equilibrar terror com ro-
mance adolescente.” (M.A.)
> ‘Hop — Rebeldes sem Páscoa’ —
“A experiência é enfadonha tanto para as
crianças, como também para os adultos.”
(M.A.)
> ‘Sem limites’ — “Tem alguns dos mo-
vimentos de câmera mais incríveis dos úl-
timos anos, mas isso não é o bastante.”
(A.M.)
> ‘O sonho bollywoodiano’ — “A su-
posta homenagem à cultura indiana se re-
vela uma exploração de clichês.” (T.M.)
> ‘VIPs’ — “Um mero filme de ação, bem
produzido e com boas atuações, mas su-
perficial.” (A.M.)
> ‘As mães de Chico Xavier’ — “É um
retrocesso narrativo.” (R.F.)
TEATRO
Estreias
> Festival de Teatro Cidade do Rio de Ja-
neiro. No festival, que acontece de 3 a 29 de
maio, serão apresentados 24 espetáculos, sendo
16 adultos e 8 infantis. Hoje, às 21h, será ence-
nado “Tempografia”, que aborda questões como o
tempo e a natureza incompleta das lembranças.
Teatro Princesa Isabel: Av. Princesa Isabel 370,
Copacabana — 2227-3160. Ter a dom, às 21h.
R$ 30. 60 minutos. Livre. Até 29 de maio.
Grátis > ‘Os físicos’. Texto: Friedrich Dürrenmatt.
Tradução: João Marchner. Direção: Silvia Monte.
Orto, Cristina Gaulia, Elizabeth Louro.
Três renomados físicos estão internados em uma
clínica psiquiátrica e cometem crimes.
Centro Cultural do Poder Judiciário: Rua Dom
Manuel 29, Centro — 3133-3366. Seg, ter e
qua, às 19h. Distribuição de senhas às 18h. 90
minutos. Não recomendado para menores de 12
anos. Até 10 de maio. Estreia hoje.
Última semana
> ‘Negro relâmpago perpetuamente livre’.
Texto e direção: Claudio Castro Filho. Com Clau-
dio Serra.
Um relato sobre a amizade entre os poetas Gar-
cía Lorca e Pablo Neruda.
Espaço Sesc: Rua Domingos Ferreira 160, Co-
pacabana — 2548-1088. Ter e qua, às 20h. R$
16. 70 minutos. Não recomendado para meno-
res de 18 anos. Até amanhã.
Continuação
> ‘Os capangas’. Texto: Rodrigo Candelot,
Saulo Rodrigues e Paula Rocha. Direção: Ru-
bens Camelo. Com Charles Paraventi, Mário
Hermeto, Aldo Perrota, Rodrigo Candelot.
Três atores desempregados fazem pequenos pa-
péis para ganhar a vida.
Teatro Candido Mendes: Rua Joana Angélica 63,
Ipanema — 2267-7295. Ter e qua, às 21h. R$
40. 80 minutos. Não recomendado para menores
de 14 anos. Até 13 de julho.
> ‘Loucura — Um autoelogio desconcer-
tante!’. Texto: adaptação da obra de Erasmo de
SÉRIE NOTURNA
Antonín Dvorák
Concerto para violoncelo e
orquestra, em si menor, Op. 104
Igor Stravinsky
Petrushka (1947)
Isaac Karabtchevsky, regente
Antonio Meneses, violoncelo
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50% para terceira idade, estudantes e portadores de necessidades especiais.
LIVRE PARA
TODOS OS
PÚBLICOS
L
● 7
Rotterdam. Direção: Brunna Napoleão. Com
Paula Goja.
Crítica à excessiva dose de razão nas relações
humanas.
Casa de Cultura Laura Alvim: Av. Vieira Souto
176, Ipanema — 2332-2015. Ter e qua, às
21h. R$ 30. 60 minutos. Não orecomendado pa-
ra menores de 12 anos. Até 1 - de junho.
> ‘As moças ou o beijo final’. Texto: Isabel
Câmara. Direção: Vitor Lemos. Com Dâmaris
Grün e Patrícia Vaz.
Duas jovens mulheres dividem um apartamento no
Rio e lutam para se estabelecer na cidade grande.
Espaço Cultural Barteliê: Rua Vinicius de Mo-
raes 190, Ipanema — 2522-1141. Ter, às
20h30m. R$ 12. 80 minutos. Não recomenda-
do para menores de 16 anos. Até 17 de maio.
> ‘Moscou é uma jaula’. Texto: Studio Stanis-
lavski. Direção: Celina Sodré. Com Marcus Fritsch.
O monólogo, que faz uma adaptação de “Guerra
e Paz”, de Tolstoi, mostra Napoleão Bonaparte
sonhando com a tomada de Moscou.
Instituto do Ator: Rua da Lapa 161, Lapa —
2224-8878. Ter, às 20h. R$ 20. 75 minutos.
Não recomendado para menores de 14 anos.
Até 28 de junho.
> ‘A olho nu’. Texto e direção: Duda Gorter.
Com Rose Abdallah e Alexandre Dantas.
Mulher desamparada resolve romper com o
mundo para conseguir resolver suas angústias.
Teatro dos Quatro: Shopping da Gávea. Av. Mar-
quês de São Vicente 52, Gávea — 2239-1095.
Ter e qua, às 21h30m. R$ 60. 70 minutos. Não
recomendado para menores de 14 anos.
> ‘Z.É — Zenas emprovisadas’. Com Fernan-
do Caruso, Gregório Duvivier, Marcelo Adnet e
Rafael Queiroga.
O espetáculo de improvisação conta com esque-
tes e jogos. Os convidados de hoje são Fabio Ra-
bin e Eduardo Andrade.
Vivo Rio: Av. Infante Dom Henrique 85, Aterro do
Flamengo — 4003-1212. Ter, às 20h30m e
22h30m. R$ 30 (setor 2 e frisas) e R$ 100 (setor
VIP e camarote A). 120 minutos. Não recomenda-
do para menores de 15 anos. Até 31 de maio.
EXPOSIÇÃO
Museus e centros culturais
Grátis > Centro Cultural Correios. Rua Visconde
de Itaboraí 20, Centro — 2253-1580. Ter a dom, do
meio-dia às 19h.
Erickson Britto: O artista paraibano expõe 30
esculturas e objetos. Até 22 de maio.
‘Fernando Pessoa, plural como o universo’: A
exposição multissensorial aborda os heterôni-
mos do poeta português. Até 22 de maio.
‘Palavra e imagem’: A mostra reúne 11 álbuns
de arte. Até 22 de maio.
Paola Salgado: A artista apresenta dez esculturas e
quatro painéis de grande formato. Até 22 de maio.
Grátis > Centro Cultural Justiça Federal. Av. Rio
Branco 241, Centro — 3261-2550. Ter a dom, do
meio-dia às 19h.
‘Memórias da cidade’: Imagens do Rio das déca-
das de 50 e 60 do acervo da Agência O Globo. Até
22 de maio.
‘Thomas Henriot no Brasil’: A mostra traz ilus-
trações que o francês Thomas Henriot fez quan-
do passou pelo Brasil. Até 22 de maio.
‘Véus’: Thales Leite mostra 20 fotografias em
preto e branco que partem das redes de proteção
usadas em edifícios em obras. Até 29 de maio.
Grátis > Centro Cultural Banco do Brasil. Rua
Primeiro de Março 66, Centro — 3808-2020. Ter a
dom, das 9h às 21h.
‘I in U — Eu em tu’: Retrospectiva da artista mul-
timídia, cantora e compositora americana Laurie An-
derson, com 31 obras. Até 26 de junho.
> Fundação Eva Klabin. Av. Epitácio Pessoa
2.480, Lagoa — 3202-8550. Ter a dom, das 14h
às 18h. Grátis (menores de 10a anos) e R$ 10.
Projeto Respiração: Na 13- edição do evento, o
convidado é Carlito Carvalhosa, que expõe também
na Galeria Silvia Cintra + Box 4. Até 26 de junho.
> Museu de Arte Moderna. Av. Infante Dom
Henrique 85, Aterro do Flamengo — 2240-
4944. Ter a sex, do meio-dia às 18h. Sáb, dom
e feriados, do meio-dia às 19h. Grátis (até 12
anos) e R$ 8. Dom, ingresso-família a R$ 8.
Grátis ‘29ªBienaldeSãoPaulo—Obrasseleciona-
das’: Com 90 obras de 17 artistas, a mostra é um re-
corte da 29ª Bienal de São Paulo. Até 15 de maio.
Grátis ‘Celebrações/negociações—Fotógrafosafri-
canos na coleção Gilberto Chateaubriand’: A exposi-
ção apresenta 30 imagens registradas de 1950 a
1970 por artistas africanos. Até 15 de maio.
‘Placebo’: O destaque da mostra de Tatiana Grinberg
é uma instalação multissensorial. Até 5 de junho.
Grátis ‘Terceira metade — Manuel Caeiro, Tatiana
Blass e Yonamine’: O projeto inclui exposições, semi-
nários e mostra de cinema. Até 15 de maio.
Coletivas
Grátis > ‘Proposição’. A coletiva inaugura a galeria.
Até 28 de junho.
Luciana Caravello Arte Contemporânea: Rua
Barão de Jaguaribe 387, Ipanema — 2523-4696.
Seg a sex, das 10h às 19h. Sáb, das 11h às 14h.
Individuais
Grátis > ‘Qualquer direção’. Carlito Carvalhosa
apresenta 20 trabalhos inéditos. O artista expõe simul-
taneamente na Fundação Eva Klabin. Até 24 de maio.
Galeria Silvia Cintra + Box 4: Rua das Acácias
104, Gávea — 2521-0426. Seg a sex, das 10h
às 19h. Sáb, do meio-dia às 18h.
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 8 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 31 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

8
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● SEGUNDO CADERNO O GLOBO Terça-feira, 3 de maio de 2011

PATRÍCIA KOGUT
C O N T R O L E R E M O T O

‘O astro’: começam as gravações

10
Para “Mildred
Pierce”, da HBO. O
MURILO ROSA Farpas
último episódio da mostra o prêmio ● Por causa do pronuncia-
● Depois de uma semana de leituras de texto com o sensacional série de melhor mento de Barack Obama, o
com Kate Winslet “Celebrity apprentice” não foi
elenco, Mauro Mendonça Filho e parte da equipe de foi ao ar anteontem, mas, ator coadjuvante ao ar na NBC. Foi o segundo
“O astro” começaram ontem as gravações no Paraná. como a TV paga reprisa que ganhou golpe sofrido por Donald
bastante, quem não viu deve Trump por causa de Obama.
As cidades históricas de Morretes e Antonina se ficar de olho. Vale a pena. no Festival Na véspera, o presidente ame-
transformarão na fictícia Bom Jesus. Rodrigo Lombar- de Cinema ricano tinha alfinetado o apre-
sentador no jantar dos corres-
di e Marcela Muniz estão entre os que embarcaram. de Los Angeles

0
Para “Acredite se pondentes, na Casa Branca.
quiser”, programa por “Como
apresentado por
esquecer”,
Inesquecível... ...Jack Bauer Felipe Folgosi na
Bandeirantes. É filme de Malu O GLOBO NA INTERNET
● “24 horas” acabou há tem-
pos, mas esquecer Jack
● No microblog, internautas
americanos brincavam com a
aquele festival mais velho do
mundo de bizarrices e a de Martino a oglobo.com.br/kogut

Bauer é dureza. Nosso herói ideia de que só um agente pa- dublagem — estranha —

entrou para os trending topics
do Twitter domingo à noite
por causa do anúncio da mor-
te de Osama Bin Laden.
Números 1
● O jogo que decidiu a Taça
Rio (e exibido apenas aqui),
Vasco X Flamengo, deu à Glo-
bo a ótima média de 32 pon-
tos. Em outras praças foi ao
ar Palmeiras X Corinthians
(média de 34 pontos).
Participação
● Arieta Correa fará uma par-
ticipação especial em “Insen-
sato coração”. Ela será Darcy,
uma ladra de obras de arte. A
atriz apareceu em “Viver a vi-
da”, de Manoel Carlos, como
uma enfermeira.
Felipe Moreno
recido com Bauer poderia es- não ajuda muito.
tar por trás de toda a ação de
inteligência que culminou na Andréa Rêgo
captura do terrorista.
A FAMÍLIA gente
boa de Zelito
• Estes são os posts, no ar no
Números 2 Viana está em blog, mais lidos do fim de
● O SBT vem encostando na Re- semana:
peso em Recife
cord à tarde com a reprise de 1. Ex-atriz mirim, Natália Soutto
“Amigas e rivais”. A novela de para prestigiar a
cresce, emagrece e fará “O astro”.
Letícia Dornelles vem obtendo homenagem a ele
entre cinco e seis pontos, o 2. Vanessa Giácomo se veste de
mesmo que “Amor e revolu- no 15 o- Cine PE. noiva mais uma vez na TV.
ção”, exibida no horário nobre. Na foto, no Teatro 3. Pérola Faria estuda piano e
diz: “Queria fazer um musical”.
dos Guararapes,
4. Em “Insensato coração”, Júlio
Testes ele está ao lado
faz as malas e deixa Eunice.
● Há testes em curso no Pro- da mulher, Vera
5. Leandra Leal muda o visual
jac para “A vida da gente”, no- de Paula, e dos para fazer cinema. Veja foto.
vela de Lícia Manzo para as ....................................................
18h. Rafael Cardoso, o Jorgito filhos, Marcos
de “Ti-ti-ti”, é candidato a um twitter.com/PatriciaKogut
Palmeira e Betse
dos principais personagens facebook.com/PatriciaKogutOGlobo
da história. de Paula

COM ELIZABETE ANTUNES E FLORENÇA MAZZA • E-mail: kogut@oglobo.com.br

O GLOBO NA INTERNET: Veja

HOJE NA TV
a grade das emissoras e o resumo das novelas em oglobo.com.br/revistadatv
a
PROGRAMAS FILMES
NATALIA CASTRO TATIANA CONTREIRAS

O poder do dinheiro Uma nova receita na fábrica de chocolates

Record/Michel Angelo Fotos de divulgação
● Da autoria de Cris- ● Clássico da infância de
tianne Fridman e com muita gente, “A fantástica
direção de Alexandre fábrica de chocolates” vol-
Avancini, a nova tra- tou ao noticiário depois
ma da Record acom- que o diretor Tim Burton
panha a vida de um anunciou que faria sua ver-
grupo de amigos que são do livro que deu ori-
fatura uma bolada na gem ao primeiro longa,
loteria: o motorista lançado em 1971. O resul-
Francisco (Guilherme tado é interessante: inter-
Berenguer), o miste- pretado por Johnny Depp
rioso Carlo (André di (quase um amuleto de Bur-
Mauro), o viciado em ton), Willy Wonka chegou
jogo Ivan, a empresá- a ser comparado ao finado
ria Augusta (Denise Michael Jackson por seu
Del Vecchio), o dono comportamento um tanto
de restaurante Severi- infantilizado e seu visual
no (Paulo Cesar Gran- igualmente exótico.
de), a cozinheira Mar- Mas a trama corre como
garida (Amandha previsto. Dono da fantásti- JOHNNY DEPP (de cartola) vive o exótico Willy Wonka no filme
Lee), a taxista Andrea O CASAL Rita (Julianne Trevisol) e Francisco (Guilherme Berenguer) ca fábrica de chocolates
(Simone Spoladore), a que dá nome ao filme, Wonka é um tipo so- gens como Veruca Salt (que já batizou até
doméstica Marizete (Betty Lago), o aposen- personagens agem e reagem como as pes- litário que vive para fabricar doces. Até que banda de rock). No elenco ainda está Hele-
tado Belmiro (Ricardo Petraglia) e o dublê soas que conhecemos. Como se cada um decide abrir as portas de seu palácio e cria na Bonham Carter, que vive a mãe de Char-
Jorge (Sacha Bali). Por conta de um acordo, fosse visto como os dois lados da moeda. O uma promoção que vira a cabeça das crian- lie. O desfecho, como esperado, é de arran-
metade da grana vai para a poupança e a lado luz, o lado sombra, o lado bom e o lado ças no mundo inteiro. Enquanto alguns gas- car lagriminhas de qualquer um. E o bizarro
outra é dividida entre eles, mas cada um de- mau — conta Cristianne. tam rios de dinheiro para conseguir o dese- Willy Wonka — que, durante o filme, acaba
ve cumprir uma missão. Segundo a autora, Ainda no elenco, Julianne Trevisol, Thaís jado ticket dourado que dá acesso à fábrica, revelando uma série de traumas do passa-
o objetivo da história é mostrar como o di- Fersoza, Betty Goulart e Leonardo Vieira, o pequeno e pobre Charlie (Freddie Highmo- do, que o levaram a se dedicar aos choco-
nheiro pode mudar a vida de uma pessoa e entre outros. re) acaba ganhando a chance de mudar sua lates — até ganha um final feliz.
a de quem está ao redor. vida graças a um golpe do destino.
— É uma novela atual no sentido que os “Vidas em jogo”. Novela. Record, 22h15m. Assim como no filme original, os Oompa- “A fantástica fábrica de chocolate” (“Charlie
loompas (funcionários da fábrica) estão lá, and the Chocolate Factory”). EUA, 2005. Direção: Tim
Canal Futura/Divulgação além dos rios de chocolate e de persona- Burton. Aventura. SBT, 17h45m.
‘Sala de notícias em debate’
Jornalismo. Canal Futura, 21h.
A vinicultura no Brasil é o tema deste programa, gravado na
Serra Gaúcha. A jornalista Amanda Pinheiro é a mediadora
da conversa com especialistas que destaca, entre outros
aspectos, a organização da cadeia produtiva de uvas e
vinho no país, a rotina dos produtores rurais envolvidos
neste segmento econômico e o potencial dos vinhos
nacionais no exterior. Na plateia, alunos, professores,
enólogos, produtores rurais e representantes da rede
hoteleira e de restaurantes da Serra.
‘Crash — No limite’ “Eu, meu irmão e nossa ‘O melhor amigo da noiva’
“Crash”. EUA, 2004. Direção: Paul
namorada” “Made of honor”. EUA/Grã Bretanha,
‘Katanga, a guerra do ‘CinePlay’ ‘Sócio PFC’ Haggis. Drama. “Dan in real life”. EUA, 2007. 2008. Direção: Paul Weiland. Comédia
cobre’ Cinema. PlayTV, 20h30m. Esporte. PFC, 23h Direção: Peter Hedges. Drama. romântica.
Vidas que se cruzam. Há quem diga
Documentário. TV5 Monde, 13h
Os atores Caio Blat e Jonathan O programa comemora o aniversário de que “Crash” é genial. Mas muita gente Disputa em família. Steve Carell já Que padrinho é esse? Patrick Dempsey
Em duas partes, o documentário destaca Haagensen falam sobre o filme “Bróder”, 45 anos do ex-goleiro Taffarel, considera o longa, estreia na direção de tinha feito de “O virgem de 40 anos” um (que arranca suspiros com seu McDreamy
a província de Katanga, na África, uma em cartaz nos cinemas do país. Já a relembrando sua carreira no Brasil e Paul Haggis, um pouco superestimado. sucesso quando encarou “Dan in real life” na série “Grey’s anatomy”) protagoniza
das mais ricas regiões de mineração do diretora Beatriz Seigner e a atriz Paula no exterior. No estúdio, Sérgio Lobo Vencedor do Oscar de melhor filme, (no original). Aqui, ele encarna um tipo uma espécie de versão masculina de “O
mundo. No entanto, a multiplicação das Braun comentam o longa “Bollywood recebe a visita do ex-jogador Gilberto “Crash” mostra um acidente de carro em certinho, viúvo e pai de família que acaba casamento do meu melhor amigo”. Aqui,
multinacionais no local contrasta com a Dream — Um sonho bollywoodiano”, co- Alves, ponta-direita mais conhecido Los Angeles que muda a vida de pessoas se encantando pela namorada do irmão, é ele (o padrinho) quem descobre amar a
pobreza extrema da população. produção entre Brasil e Índia. como Búfalo Gil. bem diferentes. Telecine Action, 16h. vivida por Juliette Binoche. Megapix, 22h. noiva. MAX HD, 14h20m.
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 9 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 16: 31 h PRETO/BRANCO

Terça-feira, 3 de maio de 2011 O GLOBO SEGUNDO CADERNO ● 9

HQs
A CABEÇA É A ILHA André Dahmer AGENTE ZERO TREZE Arnaldo Branco e Claudio Mor

DUSTIN Steve Kelley e Jeff Parker LIBERTY MEADOWS Frank Cho

QUE LEGAL! ENTbO ACHO QUE QUEM SABE, ...TALVEZ, ALGUM DIA, UAU! OLHA SÓ TODOS ALGUÉM SEQUESTROU O OUÇAM,SENHORAS E SENHORES!
NjS DOIS AINDA TEMOS QUANDO MORARMOS POSSAMOS SAIR JUNTOS? AQUELES CARROS DE POLÍCIA! O QUE MARC DeRAIL E O JULIUS UMA FORÇA- QUERO UMA REVISTA CUIDADOSA
MORAMOS NA CASA MUITO EM SOZINHOS... ACONTECEU, CHAMOU UMA FORÇA-TAREFA -TAREFA EM TODOS OS POSTOS DE
DOS NOSSOS PAIS! COMUM! SENHOR? ESPECIAL DA POLÍCIA! ESPECIAL DA GASOLINA, CASAS, ARMAZÉNS,
POLÍCIA? FAZENDAS, GALINHEIROS E
CASINHAS DE CACHORRO!
E VOCÊ AÍ, PODE ME
TRAZER UMAS TORRADAS
COM UM CAFE-
ZINHO!

BICHINHOS DE JARDIM Clara Gomes URBANO, O APOSENTADO A. Silvério

LOGODESAFIO HÁ 50 ANOS HORÓSCOPO

CLAUDIA LISBOA
SÔNIA PERDIGÃO JOSÉ FIGUEIREDO

O GLOBO NOTICIAVA EM 3 DE MAIO DE 1961

A M C ● Uma emissão da ÁRIES (21/3 a 20/4) LIBRA (23/9 a 22/10)

A
A DI
A N D T
Foram encontradas 15 palavras: 5 de 5 le-
tras, 5 de 6 letras e 5 de 7 letras, além da
palavra original. Com a sequência de letras
DI foram encontradas 10 palavras.
INSTRUÇÕES: Encontrar a palavra original
utilizando todas as letras contidas apenas no
quadro maior. Com estas mesmas letras, formar
o maior número possível de palavras de 5 letras
ou mais. Achar outras palavras (de 4 letras ou
mais) com o auxílio da sequência de letras do
quadro menor. As letras só poderão ser usadas
uma vez em cada palavra. Não valem verbos,
plurais e nomes próprios.
dinda, dita, nadica.
da, candidata, díada, diana, dica, didata,
sequência de letras DI: adiantada, cândi-
mancada, tamanca; TAMANCADA. Com a
da, tacada; acamada, atacada, cantada,
manta; camada, manacá, manada, mata-
SOLUÇÃO: amada, ataca, atada, manca,
rádio cubana anun- Elemento: fogo. Modalidade: im- Elemento: ar. Modalidade: impul-
ciou ontem que o pulsivo. Signo complementar: sivo. Signo complementar: Áries.
govêrno castrista Libra. Regente: Marte. Regente: Vênus.
evitará atacar a ba- A vontade de realizar algo pode ser tão Ficar o tempo todo se lamentando de
se naval nor te-
americana de
intensa que muitos cuidados necessá-
rios tendem a ser negligenciados. Os
que isto ou aquilo não está bem só ser-
ve para deteriorar a qualidade dos re-
Guantánamo, mas resultados obtidos podem não ser exa- lacionamentos. Com isso, perde-se um
continuará a fazer tamente do jeito que pretendia. É tem- tempo precioso e não se esclarecem as
tentativas pacíficas po de ser mais cuidadoso no plane- dúvidas. É tempo de manter conver-
para obter de volta jamento de suas atividades. sas harmoniosas com as pessoas.
essa parte de seu
território, “usurpa-
da pelo colonialis- TOURO (21/4 a 20/5) ESCORPIÃO (23/10 a 21/11)
mo estaduniden- Elemento: terra. Modalidade: fi- Elemento: água. Modalidade: fixo.
se”. O comentário foi uma réplica às palavras do secretário de Estado Dean xo. Signo complementar: Escor- Signo complementar: Touro. Re-
Rusk, o qual disse que os E.U.A. não intervirão em Cuba, a menos que se pião. Regente: Vênus. gente: Plutão.
tentasse mudar pelo fôrça a situação existente em Guantánamo. A sensação de que tudo está no seu Quando não sentimos mais satisfação
devido lugar nos traz uma enorme com aquilo que estamos fazendo, está
● O govêrno do presidente John Kennedy deu ontem mais um passo no paz de espírito. Não há motivo para na hora de tomar providências que
sentido de conseguir que a Organização dos Estados Americanos (OEA) ser diferente, desde que se fique aten- permitam reverter essa situação. É tem-
empreenda uma ação coletiva contra Cuba. O fato de o porta-voz do De- to para que continue desse mesmo po de fazer mudanças e permitir
partamento de Estado, Lincoln White, ter usado a palavra “comunista” pa- jeito. É tempo de cultivar a confian- que novas possibilidades apare-
ra classificar o regime cubano, suscitou prontamente conjeturas de que os ça e harmonia com as pessoas. çam para restabelecer seu prazer.
Estados Unidos invocariam contra Cuba os tratados em vigor com as re-
públicas americanas. Os membros da OEA, inclusive Cuba, estão obriga-
dos, segundo compromissos oficiais, a empreender ação coletiva em caso GÊMEOS (21/5 a 20/6) SAGITÁRIO (22/11 a 21/12)
de dominação ou contrôle das instituições políticas de qualquer Estado Elemento: ar. Modalidade: mutá- Elemento: fogo. Modalidade: mutá-
americano pelos movimentos comunistas internacionais. O govêrno es- vel. Signo complementar: Sagi- vel. Signo complementar: Gêmeos.
tadunidense está examinando a questão cubana com os mais altos gover- tário. Regente: Mercúrio. Regente: Júpiter.
nantes latino-americanos. Muitas coisas são ditas, mas muito pou- A jornada já foi devidamente planeja-
co tem, de fato, alguma importância. da, agora só falta começar a caminhar,
● O rei Hussein, da Jordânia, anunciou ontem pelo rádio em Amã que se vai Quando, do nada, alguém diz algo inte- passo a passo, até atingir seu objetivo.
casar com a “mulher dos seus sonhos”, por sentir-se muito solteiro. A noi- ressante, que atrai nossa atenção, então Se houver necessidade, alguns ajustes
va foi identificada como uma árabe muçulmana, de nome Muna Al Hussen, temos que parar e ouvir. É tempo de ainda podem ser feitos. É tempo de
mas as notícias da imprensa dizem que se trata de uma inglêsa. identificar e filtrar as informações adequar seus planos para serem
que têm significado para a sua vida. postos em prática.

CÂNCER (21/6 a 22/7) CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1)

CRUZADAS Elemento: água. Modalidade:
impulsivo. Signo complementar:
Capricórnio. Regente: Lua.
Os eventuais aborrecimentos podem
ser neutralizados com uma boa dose
de paciência. Não faz sentido apegar-
nos àquilo que já está causando con-
trariedades. É tempo de se desgar-
rar das coisas que não fazem mais
sentido na sua vida.
Elemento: terra. Modalidade:
impulsivo. Signo complementar:
Câncer. Regente: Saturno.
Ainda que a desconfiança persista, é
preciso ter firmeza e determinação pa-
ra não se desviar do caminho princi-
pal. A incerteza não deverá impedi-lo
de chegar aonde tanto deseja. É tempo
de entender que as dúvidas podem
ajudar no seu aperfeiçoamento.

LEÃO (23/7 a 22/8) AQUÁRIO (21/1 a 19/2)

Elemento: fogo. Modalidade: fi-
xo. Signo complementar: Aquá-
rio. Regente: Sol.
Ao dizer o que pensa é preciso ter em
mente que poderá provocar reações
de desagrado. Quase ninguém está
preparado para comentários negati-
vos. É tempo de entender a dificul-
dade que as pessoas têm em aceitar
as criticas de maneira construtiva.
Elemento: ar. Modalidade: fixo.
Signo complementar: Leão. Re-
gente: Urano.
Chega um momento em que não é
mais possível adiar a criação de novos
planos. É preciso fazer algo que mude
o quadro de estagnação a que chega-
mos. É tempo de confiar na sua ca-
pacidade de promover mudanças
importantes na vida das pessoas.

VIRGEM (23/8 a 22/9) PEIXES (20/2 a 20/3)

Elemento: terra. Modalidade:
mutável. Signo complementar:
Peixes. Regente: Mercúrio.
A impressão que se tem é de que tudo
aquilo que estava confuso agora já es-
tá começando a ser mais bem enten-
dido. À medida que o tempo passa, a
situação fica cada vez mais clara. É
tempo de ter paciência para resol-
ver os assuntos pendentes.
Elemento: água. Modalidade: mu-
tável. Signo complementar: Vir-
gem. Regente: Netuno.
Quando a circunstâncias não estão
muito boas, é preciso fazer algo para
que a situação volte a nos ser favorá-
vel. De nada adianta querer combater
em todas as frentes. É tempo de esco-
lher qual a luta que deve realmen-
te enfrentar.
O GLOBO ● SEGUNDO CADERNO ● PÁGINA 10 - Edição: 3/05/2011 - Impresso: 2/05/2011 — 17: 07 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

10 ●
Terça-feira, 3 de maio de 2011

SEGUNDOCADERNO
O ARNALDO JABOR
Censo 2010 do IBGE nos mostrou o traças ou baratas. E, se você tem algo a dizer
óbvio: mais da metade do país (55%) sobre a vida, diga com sua camiseta, nas es-
não tem saneamento básico, não tampas com frases no peito...”
tem acesso nem a rede de esgotos. Somos vítimas da miséria pelo avesso, por-

A miséria sólida e a
Também nos mostra que somente por volta que poderíamos ter um país muito melhor se
de 2070 (talvez) se resolva o problema da mi- fôssemos mais generosos. Menos egoísmo se-
séria endêmica. E nos prova que a trágica ria bom para o “mercado”. Mais justiça social
doença brasileira que o governo Lula conde- seria até lucrativa para os ricos: educação
nou e utilizou como bandeira continua intac- técnica, melhor mão de obra, mais consumi-

ta, a não ser na mídia e no papo. As reformas
essenciais que qualquer governo moderno
conhece nunca foram realizadas.
Uma vez, escrevi sobre um menino pobre
que fazia malabarismo na rua, diante de meu
carro, e muitos se emocionaram, em cartas e
e-mails. Gosto do texto, mas tive uma sensa-
ção de culpa por fazer sucesso com a miséria
dos outros. De certa forma, eu lucrei. O me-
nininho malabarista (onde estará ele agora?)
enobreceu-me. Ou seja, a miséria me deu as-
sunto e lucro. Para nós, os bacanas, a miséria
é apenas um incômodo “existencial”, uma su-
jeira na paisagem.
Temos de entender como a miséria está “den-
tro” de todos nós. Ali, no carro blindado, diante
do menino, eu fazia parte da miséria. Onde es-
tava a miséria em mim, naquela noite? Estava no
fato de eu ter carro? Talvez estivesse na blinda-
gem, não do carro, mas na blindagem de nossos
corações contra o lado de fora da vida. Não bas-
ta sofrermos com o “absurdo” da miséria. Ela é
uma construção minuciosa por um sistema com-
plexo. A miséria não é absurda, é uma produção.
Transformar a miséria em bandeira política, sem
entender o conjunto que nos inclui, é uma ati-
tude miserável. A miséria está nas emendas do
orçamento, está na sordidez do sistema eleito-
ral, na falsa compaixão dos populistas, nas caras
cínicas, “lombrosianas”, dos ladrões congressis-
tas, está na lei arcaica e sem reformas, está na
atitude gelada dos juristas impassíveis, está nos
garotinhos na rua e nos garotinhos da política.
Há alguns anos, tolerávamos tristemente a
miséria, desde que ela ficasse longe, quieta,
sem interferir na santa paz de nosso escândalo.
A miséria tinha quase uma... “função social”.
Mas, hoje, não adianta mais a eterna canti-
lena do “ah... coitados dos pobres...”. Para en-
tendermos o horror que nos envolve, temos de
analisar as classes dominantes, a estrutura pa-
trimonialista do país, a formação torta do Es-
tado, a tradição histórica de nosso egoísmo.
Livros e filmes devem ser feitos sobre os res-
ponsáveis por nossa fome e pobreza.
‘modernidade líquida’
Os privilegiados têm de se reformar
Cruz
Com a indústria de armas, as drogas, a te- sas noites vazias ou nos bares ameaçados, nos
lefonia, a internet, a miséria foi tocada pela perigos das esquinas, em síndromes de pânico
evolução do capitalismo. A violência é até diante de nossa impotência, no narcisismo
uma trágica “modernização” da miséria. Nin- deslavado que aumenta entre as celebridades,
guém sabe o que fazer com a neomiséria; por na ridícula euforia das sacanagens e nas liber-
isso, a invenção das UPPs foi tão oportuna e dades irrelevantes. A miséria está até na moda
original diante do óbvio: hoje a miséria é gran- — vejam este texto de um catalogo “fashion”:
de demais para ser erradicada — temos de in- “Use uma calça bacana, toda desgastada,
corporá-la. Não tem mais jeito; a miséria tem bata na calça com martelo, dê uma ralada no
de ser integrada à nossa vida. asfalto, ou esfregue a calça com lixa, ou, por
Temos de conviver com ela, pois também fim, atropele seu jeans, passe por cima dele
somos miseráveis na alma, em nossa amarga com o carro (blindado?). A moda pede peças
alegria, em nossa ignorância política, em nos- puídas, como ficam depois de um ataque das
dores. Mas eles só pensam a curto prazo.
Antes, só falava de miséria quem não era mi-
serável, em “fome”, quem comia bem. Agora,
os miseráveis já falam de nós. Antes, não vía-
mos os miseráveis. Hoje, o menino-malabaris-
ta nos vê e quer ser visto. Ele se exibe e isso é
que nos dói (e ele é uma exceção pacífica..). A
outra maneira de aparecer é pela violência. O
medo despertou as elites desatentas..
Assim como a corrupção nos abre os olhos,
denunciando a urgente reforma do poder judi-
ciário paralítico, a violência prova o fracasso
da administração pública. Não resolveremos
nada. Os miseráveis é que vão fazer isso, aos
poucos. E estão se expressando em movimen-
tos de afirmação das periferias. Os marginali-
zados vão sair do horror para serem fontes de
expressão vital. A miséria está nos educando.
E o problema é que ninguém sabe o que fa-
zer. Cada vez mais o mundo vive a dor de um
“mal” difuso e sem culpados claros. Leio a en-
trevista que Zygmunt Bauman deu ao “Esta-
dão”, sábado passado; o filósofo polonês, es-
tudioso da sociedade contemporânea, cria-
dor do conceito de “modernidade líquida”,
diz coisas excelentes em um diagnóstico do
mundo atual, injusto e louco.
Mas, como sempre, na hora das “soluções”,
surge a ingênua impotência cheia de esperan-
ças. O que fazer?
Aí, ele cita o professor Tim Jackson (da Uni-
versidade de Surrey) em sua obra recente. “Re-
definindo a prosperidade” que propõe três cami-
nhos para diminuir a pobreza no mundo:
1. Conscientizar as pessoas de que cresci-
mento econômico tem limites; 2. mudar a ló-
gica social dos governos, para que os cida-
dãos enriqueçam suas vidas por outros meios
que não apenas bens materiais; e 3. conven-
cer os capitalistas a distribuir lucros não ape-
nas segundo critérios financeiros, mas em
função de benefícios sociais e ambientais.
Ótimo! Boa ideia! Agora só falta combinar
com Wall Street e psicanalisar os governantes
das nações poderosas.

‘Nossa amiga no MinC’

André Miranda repercussão da declaração de
Mello: “A fala do Roberto na ma-

O
s dois lados vêm ne-
gando uma proximida-
de desde janeiro. No
entanto, integrantes
das diretorias das associações
que formam o Escritório Central
de Arrecadação e Distribuição
(Ecad) usam termos como “nos-
sa amiga” e “novo momento po-
lítico” quando se referem à atual
gestão do Ministério da Cultura
téria do Estadão causou certa
espécie no MinC, mas nada que
signifique um transtorno ou um
caminho sem volta. Ela já foi de-
vidamente administrada e ab-
Em trocas de e-mails, diretores de associações que compõem o Ecad sorvida. Pelo que estou saben-
do, as pessoas da DDI já se ade-
tratam da relação próxima com a atual gestão do Ministério da Cultura quaram à nova situação.”
DDI é a Diretoria de Direitos In-
telectuais, setor do MinC respon-
sável pela reforma da Lei do Di-
Editoria de Arte

(MinC). Uma série de nove e-

mails a que O GLOBO teve aces-
so mostra como a mudança de
governo foi encarada com oti-
mismo pelos dirigentes do Ecad,
entidade que recolhe e repassa
os direitos dos autores no Brasil
e que sempre se posicionou con-
tra as intenções dos ex-ministros
Gilberto Gil e Juca Ferreira de al-
terar a Lei do Direito Autoral.
Um dos pontos mais polêmicos
do projeto de reforma trata jus-
tamente da criação de um órgão
fiscalizador do Ecad, que vem
sofrendo denúncias de fraudes
(veja quadro). Os e-mails, além
de revelar a suposta vontade do
MinC de ter “uma interlocução
mais próxima” com o Ecad, ain-
da trazem acusações a diretores
de associações que repartiriam
honorários de advogados.
A troca de mensagens ocorreu
entre 20 e 24 de março deste
ano, em meio às discussões so-
bre a continuidade da reforma
da Lei do Direito Autoral, cujo
anteprojeto voltou a debate
quando Ana de Hollanda assu-
miu o MinC, em 1 o- de janeiro,
sob a justificativa de que preci-
sava ser revisto. O primeiro e-
mail foi enviado por José Anto-
nio Perdomo, diretor superinten-
dente da União Brasileira dos
Compositores (UBC). Entre as 24
pessoas copiadas, estavam Ro-
berto Mello (presidente da Asso-
ciação Brasileira de Música e Ar-
tes, a Abramus), Jorge Costa (di-
retor administrativo e financeiro
da Sociedade Brasileira de Admi-
nistração e Proteção de Direitos
Intelectuais, a Socinpro), Marcus
Vinicius de Andrade (presidente
da Associação de Músicos Ar-
ranjadores e Regentes, a Amar),
Fernando Brant (presidente da
UBC), Ronaldo Bastos (diretor
de comunicação da UBC), San-
dra de Sá (diretora vogal da
UBC), Danilo Caymmi (diretor da
Abramus) e Glória Braga (supe-
MENSAGENS POLÊMICAS reito Autoral. Para dirigir a DDI,
Ana de Hollanda nomeou Marcia
Em 20 de março, José Antonio Perdomo, diretor Regina Barbosa, servidora da
superintendente da UBC, escreveu para 24 diretores e Advocacia-Geral da União que in-
integrantes das associações que compõem o Ecad, criticando tegrou o antigo Conselho Nacio-
uma entrevista de Roberto Mello, presidente da Abramus, ao
nal do Direito Autoral (CNDA)
jornal "O Estado de S. Paulo". A partir daí, seguiram trocas de
mensagens entre Perdomo, Mello, Jorge Costa (diretor nos anos 1980. Marcia teria sido
administrativo da Socimpro) e Marcus Vinicius de Andrade indicada ao MinC por Hildebran-
(presidente da Amar). do Pontes Neto, ex-presidente do
CNDA e hoje advogado do Ecad.
A ministra teve uma reunião com
Hildebrando em 27 de janeiro,
em Brasília, supostamente para
convidar o próprio para assumir
a DDI, o que o MinC negou.
Hildebrando é citado na troca
de e-mails como contratado pelo
Ecad para advogar num proces-
so em Brasília. Antes, numa das
mensagens, Perdomo questio-
nou os demais sobre um caso
em que o presidente de uma as-
sociação teria “pressionado um
funcionário/subordinado a divi-
dir com ele os seus honorários
de sucumbência”, que são um
prêmio concedido ao advogado
da parte vencedora. Andrade
também tratou da questão, di-
zendo que a partilha dos hono-
rários nos processos do Ecad é
“uma prática corrente”, “inclusi-
rintendente executiva do Ecad). vínhamos fazendo até a chegada ve envolvendo vários advoga-
UBC, Abramus, Socinpro e Amar do atual governo. Ninguém ga- dos, até de sociedades”. “Diante
são as quatro principais associa-
ções, de um total de nove, com
nhou nada até agora. Não sabe-
mos o que vem pela frente. Mas
Uma semana de denúncias disso, faço questão de que discu-
tamos a fundo esse assunto, pa-
poder de voto no Ecad. sabemos que vamos ter muito ● Há uma semana, O GLO- de é motorista de ônibus ra aclarar erros do passado e
Perdomo escreveu para criti- trabalho quando o Congresso BO revelou o pagamento em Bagé (RS) e afirma coibir erros futuros”, escreveu.
car entrevista de Roberto Mello Nacional começar a trabalhar.” de quase R$ 130 mil du- nunca ter composto uma Perdomo, Andrade e Mello
ao jornal “O Estado de S. Paulo”, O segundo comentário foi de rante dois anos para Mil- única canção. não retornaram os pedidos de
em que ele afirmara que o MinC Andrade, numa mensagem em ton Coitinho dos Santos, Na última sexta-feira, entrevista do GLOBO até o fe-
do governo Lula foi “completa- que analisa o panorama do MinC um suposto compositor depois de questionado pe- chamento desta edição. Jorge
mente desaparelhado”. Por e- no governo Dilma: “... a Comis- que estava inscrito no sis- lo GLOBO por dois meses, Costa disse apenas que se limita
mail, Perdomo disse: “Roberto, são (de Comunicação do Ecad) é tema Ecad com 24 trilhas o Ecad assumiu que inves- ao que está escrito em seu e-
lamentável a sua declaração (...). necessária para que afinemos sonoras, entre elas as de tiga mais um caso de pos- mail. Já o MinC enviou nota em
Muito triste e decepcionante ver nosso discurso público, princi- “Deus e o diabo na Terra sível fraude em seu siste- que “repudia quaisquer insinua-
o presidente da Abramus colo- palmente diante das responsabi- do Sol”, “Romance” e “Didi ma, desta vez o de uma fa- ções de que seus integrantes
car a sua vaidade e ego acima da lidades que o novo momento po- quer ser criança”, filmes mília com sobrenome Sil- atendam a interesses ilegítimos
causa nobre que é a defesa (...) lítico nos impõe. Falei ontem cujas músicas não foram va, registrada em Minas ou ilegais”. E lembra que “nos úl-
dos direitos autorais.” com a nossa amiga do MinC, que feitas por ele. Coitinho, Gerais na Socinpro com timos meses, dirigentes da pas-
A primeira resposta veio de me garantiu que o ministério es- que seria associado à mais de 600 canções, mui- ta vêm defendendo em declara-
Jorge Costa: “Precisamos ser tá querendo ter conosco uma in- União Brasileira dos Com- tas delas homônimas de ções públicas o imperativo de
mais coerentes, verdadeiros e terlocução mais próxima...” positores (UBC), na verda- composições famosas. supervisionar as atividades de
agir de forma organizada como Andrade comentou ainda a gestão coletiva”. ■
 Terça-feira, 3 de maio de 2011

O GLOBO
oglobo.com.br/megazine

Depois dos barracos, Alexandre Mortágua

quer distância do noticiário trash

● VITINHO na
Marcelo Camelo e o sonho de ter uma
laje de casa, em banda com a namorada, Mallu Magalhães
Vigário Geral: fã
de pagode, de
Renato Russo e
da própria mãe
Reitor eleito da UFRJ fala sobre o plano
de levar todos os cursos para o Fundão

O GAROTO DOS

6 MILHÕES
Quem é Vitinho, o funkeiro DE CLIQUES
de 18 anos que criou o
grupo Avassaladores,
fenômeno na internet
índice
P O
Alexandre Mortágua
ode chamar de tosco, baixo nível... Eles que todo mundo co-
nhece é aquele dos si-
não querem saber. Os Avassaladores es- tes de fofoca, o “filho do ex-cra-
que de futebol Edmundo com a
tão surfando no sucesso do clipe “Sou fo- ex-modelo Cristina Mortágua”.
Muita gente nem se liga que ele
da”. São cerca de seis milhões de views no You- é um garoto de 16 anos, que
mora com a avó no bairro de Vi-
Tube, além de vídeos com respostas, paródias la Valqueire e tem na moda a
paixão da sua vida. Este adoles-
etc. — um autêntico megahit. Mas, na nossa ma- cente vale a pena conhecer.
téria de capa, a repórter Marina Cohen conta o
Alexandre morava com Cristi-
na na Barra da Tijuca e estudava
no colégio Anglo-Americano.
Mas tudo mudou em fevereiro,
quando ele foi a uma delegacia
prestar queixa contra a própria
mãe, por lesão corporal. Naquele
momento, câmeras de segurança
registraram a ex-modelo entrar
na unidade e bater no menino.
Alexandre teve que se mudar pa-
ra a casa da avó, costureira. Junto

APENAS UM
que pouca gente sabe: na vida real, o cantor des-
se funk, Victor Hugo, é o oposto de seu perso-
nagem, Vitinho. Aos 18 anos, o garoto está noi-

GAROTO
vo, mora com a mãe em Vigário Geral, é fã de
Renato Russo e, nas horas vagas, pega o seu ca-
vaquinho para tocar... pagode!
Marina Cohen » marina.cohen@oglobo.com.br
● WILLIAM HELAL FILHO

Por trás do barraco com a mãe,

Maria Rita fala
de Elis, sua mãe 9 Procuram-se
engenheiros civis 18 Cristina Mortágua, tem um cara
de 16 anos que lê Dostoiévski e
SIGA A GENTE NO TWITTER.COM/REVISTAMEGAZINE
quer ser estilista. Conheça
KLUBE DA ORTOGRAFIA
Editora VALQUÍRIA DAHER
(valdaher@oglobo.com.br) Alexandre Mortágua
Editores assistentes ALESSANDRO

FONÉTICA - KOFO SOLER (asoler@oglobo.com.br) e

WILLIAM HELAL FILHO
(william@oglobo.com.br)
Por meio deste anúncio fica lançada a ideia da fun- Projeto gráfico TELIO NAVEGA
dação de uma organização, que terá como meta uma (telio@oglobo.com.br)
Diagramação BRUNA CAPURRO
reforma da atual ortografia da língua portuguesa, de (bruna.capurro@oglobo.com.br)
modo que a língua portuguesa se torne uma língua de Telefone/Redação 2534-5000
ortografia fonética, o que fará menos difícil a erradi- Telefone/Publicidade 2534-4310
(publicidade@oglobo.com.br)
cação do analfabetismo entre os usuários da língua Correspondência Rua Irineu Marinho
portuguesa. 35/2 -oandar CEP: 20230-901
Desde já fica lançada, também, a ideia de uma cam- Iconografia WALTER MOREIRA
Foto da capa ANA BRANCO
panha, posterior à vitória da campanha do “KOFO”, por
uma reforma gramatical, visando tornar a língua por-
tuguesa uma língua regular. Será uma campanha pela
fundação do “KLUBE DA GRAMÁTICA REGULAR - KLU-
GRARE”, o qual terá como objetivo lutar pela regulariza-
ção da língua portuguesa.
Se tu quiseres saber mais a respeito do que se
trata, mesmo que seja só por curiosidade, acesse
“www.novafonetica.com”
Rio, 08 de março de 2011

2 ● MEGAZINE

com a enorme repercussão do
caso na imprensa veio a troca
para outro colégio, o Desafio, o
que para qualquer um é um
processo duro.
— As circunstâncias da mi-
nha mudança não foram le-
gais, mas estou me adaptando.
O estranho é que o colégio é
pequeno, e tenho que ver a ca-
ra de todo mundo toda hora.
Por enquanto só falo com
umas três pessoas — conta
Alexandre, que está cursando
o primeiro ano do ensino mé-
dio pela segunda vez. — Fi-
quei sabendo onde iria estu-
dar no dia anterior. Só disse
para a minha avó “Me põe em
qualquer lugar rápido para
não dar confusão na Justiça”.
Pois é. Se tem algo que Ale-
xandre não aguenta mais é
barraco. Logo que nasceu,
Cristina o submeteu a um teste
de DNA para provar que é fi-
lho de Edmundo. Aos 15 anos,
fotos sensuais que fez ao lado
da ex-modelo foram alvo de
críticas. Então vieram a confu-
são da delegacia e a revelação
pública da homossexualidade
dele, feita pela mãe numa en-
trevista na TV. Para completar,
no fim de março o deputado
federal Jair Bolsonaro — aque-
Letícia Pontual
perfil
le mesmo gênio da polêmica veio me xoxar no Twitter, di-
com Preta Gil no programa zendo que o vestido estava
“CQC”, da Band — disse a horrível. E ainda faziam ques-
uma rádio paulista que o ra- tão de colocar a minha arro-
paz seria gay por conta do am- ba (@amortagua) para que
biente em que foi criado. eu visse. Poxa, se vai me xo-
— Diria poucas e boas ca- xar, pelo menos xoxa longe!
so me encontrasse com ele. — reclama o rapaz.
Se você foi eleito pelo povo, Alexandre sonha em ter
tem que defender todos, não uma linha de roupas para ho-
só os héteros — manda ver. mens e mulheres no futuro.
O carioca diz que a mãe foi Ele garante que a influência
a primeira a saber que ele era veio da mãe, ex-modelo.
gay e que o assunto nunca foi — Por eu ter crescido nesse
tabu em casa. A família sou- meio, as pessoas sempre me
be aos poucos; depois, o Bra- perguntavam o que eu acha-
sil todo. va disso ou daquilo. Para não
— Nunca me preocupei em parecer um idiota, pesquisa-
esconder, até porque é só con- va. Acabei me interessando.
versar cinco minutos comigo Ah, e Alexandre avisa que

● ALEXANDRE em
frente à parede do ateliê
de costura da avó, que
ele pintou de preto para
transformar em quarto
“
para sacar. Mas também não não adianta adicioná-lo no Fa-
foi tão fácil sair do armário. Eu cebook nem abordá-lo pelo
estava acabando Twitter, pois só
com o sonho de “replies” ele
materno de ver o recebe uns dez
f i l h o c a s a d o, por hora. Quem
com filhos — quiser conhecer
afirma Alexan- melhor o garoto
dre. — Puxei a Gostaria de não precisa pro-
coragem da mi- curar as polêmi-
nha mãe. Quan- ser um cas de sua vida
do nasci, não ti- na internet. Bas-
nha pai, e ela lu- estilista ta saber que ele
tou por isso, mes-
mo levando fa-
famoso, mas frequenta festas
como Buati e I
ma de “maria
chuteira”.
não o filho de Love Pop; curte
rock antigo, tipo
Agora, passa-
dos os vendavais
Fulano com Queen e Iggy
Pop; é viciado
e reconciliado Sicrana. nas revistas de
com a mãe, Ale- moda “Elle” e
xandre pode se Alexandre Mortágua “Vogue”; lê de
dedicar à moda Dostoiévski a
e a tocar a vida Lolita Pille; e,
normalmente. Bem, quase... apesar do porte atlético e de ter
Fazendo curso de costura des- praticado handebol por seis
de o ano passado, ele viu em anos, o-dei-a esportes (leva até
um convite para criar o vesti- atestado médico para ter dis-
do de uma “celebridade” a pensa da aula de educação fí-
chance de fazer seu début. A sica). É importante saber tam-
pessoa em questão era a tran- bém que, se pudesse escolher,
sexual e ex-BBB Ariadna. Ela Alexandre Mortágua diz que
pediu um “vestido curto, que não seria famoso.
chamasse a atenção, com — Gostaria de ser um esti-
mangas que lembrassem lista famoso, mas não o filho
asas”, para uma performance de Fulano com Sicrana. Isso
em Recife. Claro que a aventu- só não me incomoda porque
ra não passaria incólume. é verdade. Por enquanto, te-
— É uma boa exposição nho 16 anos e não tenho
para quem quer colocar seu mais nada para acrescentar.
nome na praça. Muita gente Eu ainda sou só isso.

MEGAZINE ● 3

A banda e a festa Criolina*
A Banda Criolina (foto) costura o local
com o global. Idealizado pelo casal de
maranhenses Ale Muniz e Luciana
Simões, o grupo junta ritmos
regionais tipo toada, merengue e
carimbó a gêneros do mainstream
como rock, funk e ska. Tudo isso com
atitude, letras ousadas e pegada
muito dançante. No line up deste
sábado no Teatro Rival, a banda se
une ao DJ Barata, da Festa Criolina,
que faz sucesso na noite de São
Paulo e Brasília recebendo músicos
do mundo inteiro em noites cheias de
groove. Vai bombar! A partir de
23h30. R$ 50 (tem meia). Os 150
primeiros pagam R$ 30.
SHOW
ROMÂNTICO E SAFADO*
Se o show do americano Ja-
mie Lidell for tão romântico e
pervertido quanto seu último
disco, “Compass”, então a
noite de sexta-feira vai ser im-
perdível. O soulman baixa no
Circo Voador, trazido pelo
mesmo projeto Queremos que
promoveu o baile de groove do
cantor Mayer Hawthorne, em
janeiro deste ano. Par-tiu! Às
22h, R$ 50 (sem meia).
MÚSICA LATINA*
Amanhã tem muito choro, mi-
longas, festejos e outros gêne-
ros latinos no show da banda
Los Cuatro, no Semente,
21h30, R$ 16 (sem meia).
FLO RIDA NO RIO
Depois das boas vendas dos
discos “Mail on Sunday” e
“R.O.O.T.S.”, o rapper ameri-
cano Flo Rida amargou um
fracasso comercial ao lançar
seu último disco, o pretensio-
so “Only one Flo (Part 1)”. Na
sexta, o cantor de hits como
“Right round” tenta levantar a
moral no palco do Vivo Rio. Às
23h, R$ 200 (tem meia).
* Não recomendado para menores de 18 anos.
4 ● MEGAZINE
qualé? ‘TUDO É WILLIAM HELAL FILHO
EVENTO
ROCK BOLA NO RIVAL
O quarteto do programa
“Rock bola”, da Oi FM, leva
sua troca infinita de piadas e
provocações sobre futebol
para o palco do Teatro Rival,
onde eles fazem uma série
de talk shows semanais. A
partir de hoje, às 19h30,
R$ 40 (tem meia). Os 200
primeiros pagam R$ 30.
PISTA
O TECHNO DE KAMMY*
Conhecida de festivais mundo
afora, a top DJ brasileira Kam-
my faz um set de techno in-
fernal no Fosfobox, sexta-feira,
quando as festas Awake e Bla-
cksheep se juntam no clube
de Copa. R$ 40 (R$ 30 com
nome na lista até 1h).
FESTA DE FORMATURA*
Sexta agora a Pop Up chega
arrumada para uma festa de
formatura no estilo dos filmes
de high school americanos.
Vai ter até mesa de ponche e
Rei e Rainha da “prom”. No
Teatro Odisseia, 23h, R$ 30
(R$ 20 com nome na lista).
Divulgação
ROUBADO. É
DOS OUTROS’
William Helal Filho » william@oglobo.com.br
E
ntrevistas por e-mail sem-
pre deixam a impressão
de que alguns assuntos
foram pouco explorados, mas es-
te papo eletrônico com Marcelo
Camelo foi ótimo. O cantor de 33
anos, que acaba de lançar o se-
gundo disco solo, “Toque dela”,
disse que está meio preocupado
SARGENTO PIMENTA* com o show deste sábado, no
Bombou demais o desfile do Circo Voador (“tenho medo de o
Sargento Pimenta no último pessoal não ir”). Ele também fa-
carnaval, e o bloco aproveita o lou bastante sobre seu processo
sucesso para fazer shows ao de criação (“Tudo é roubado”),
longo do ano. Sábado, a ban- os planos de formar uma banda
da leva suas versões incendiá-
com a namorada, Mallu Maga-
rias de hits dos Beatles à festa
lhães, e a raiva que desperta em
Verde e Amarelo, do DJ Janot.
muitas pessoas (“Nunca imagi-
Fundição Progresso, 22h, R$
40 (tem meia). nei que fazendo arte a gente po-
deria colecionar ódio”).
MOSTRA O show começa a partir de
22h, com abertura da banda Me
UM NOVO MUNDO And The Elephant. Os ingressos
Na mostra “Introdução ao
custam R$ 80 (tem meia).
Terceiro Mundo”, Marilá
Dardot cria um país novo,
com bandeira, objetos e ver- O GLOBO: Agora que você pas-
betes próprios. É tudo arte. sa muito mais tempo em São
A partir de hoje, 10h, no Paulo, o que significa esse pri-
CCBB. De graça. meiro show da turnê no Rio?
MARCELO CAMELO: Tenho
CINEMA
um pouco de medo de o pessoal
» william@oglobo.com.br
não ir, de não dar a importância
JORGE DURAN E O AMOR
Cinco anos depois do maravi- que eu dou. Toquei muito no Rio,
e isso pode diminuir o interesse,
lhoso “Proibido proibir”, o di-
retor Jorge Durán estreia, sex- de certa forma. Torço pra que as
ta, o longa “Não se pode viver pessoas estejam lá. Trabalhamos
sem amor”. É a história de para que o show seja lindo. O
uma criança percorrendo o Hurtmold (grupo que acompa-
Rio em busca do pai, que o nha Camelo) com um naipe de
abandonou. No elenco, Cauã
metais cria uma sonoridade mui-
Reymond e Maria Ribeiro.
to diferente e própria.
Num show, o cantor Marcelo
Jeneci disse que ficou emocio-
nado quando viu o vídeo de
lua de mel de uma fã editado
com música dele. Você recebe
esse tipo de retorno? Como os
fãs abraçam sua música?
CAMELO: Tem pessoas que ta-
tuam frases, símbolos, desenhos
relacionados à minha música, e
há no outro extremo gente que
usa minha pessoa para suscitar
coisas ruins, raiva. Exige uma es-
pécie de sabedoria, de a gente
filtrar aquilo que nos empurra
para frente do que nos coloca
para baixo. Gosto muito das ver-
sões das minhas músicas que as
pessoas fazem. Em grupo, saraus
de música, rodinhas de violão
ou mesmo sozinhos num quarto.
É bonito demais de se ver.
Quando rola matéria sobre vo-
cê na web, muita gente lê e gos-
ta, mas tem uma galera que dei-
xa claro nos comentários que o
detesta. Seus fãs são dedicados,
mas seus detratores também.
De onde vem isso?
CAMELO: Nunca imaginei que
fazendo arte a gente poderia
colecionar ódio. A música exer-
ce funções diferentes na vida
das pessoas. Tem música para
tudo, não é? Para fazer festa,
curtir fossa, estar junto, estar so-
zinho, tomar banho, dormir, re-
fletir, mergulhar... Percebo que
os embates estéticos ignoram a
diversidade dessa função e

Marcelo Camelo, que faz show sábado no Circo, explica como escreve suas músicas usando
frases que escuta por aí e diz que sonha montar grupo com a namorada, Mallu Magalhães
● MARCELO CAMELO,
que leva o disco
“Toque dela” à Lapa
também do conjunto “percep-
tor” de cada um. Quem sente
necessidade de impor uma
opinião em geral não gosta do
encontro com o diverso.
Por que você tem pouca pre-
sença nas redes sociais? Não
faz o próprio Twitter, por
exemplo.
CAMELO: Eu fiquei para trás
na curva da rede social. Não
consegui acompanhar. Uso pa-
ra consumir informação e
mostrar meu trabalho. Mas
Twitter, Facebook, as redes so-
ciais que lidam com um tipo
de informação cotidiana, noti-
ciosa, não dialogam muito
bem com a natureza do que
gosto de fazer. Prefiro guardar
meus pensamentos, minhas
ideias, até que delas haja algu-
ma coisa transformada. Até
que a ideia seja um sentimen-
to com a coisa e não um pen-
samento sobre a coisa.
E como usuário, que sites fre-
quenta na web?
CAMELO: Vejo muito docu-
mentário, adoro o Documen-
taryheaven.com. Recentemen-
te, descobri também o coleti-
vo chamado New Jedi Order,
que faz vídeos e sites e músi-
cas muito diferentes. Fiquei
apaixonado e tenho pensado
em como trabalhar com eles.
Ta m b é m d e s c o b r i o T h e
Growlers, que virou a minha
banda de rock mais ouvida es-
te ano... Então, vou juntando
as dicas dos amigos com a sor-
te da navegação.
O Keith Richards, dos Rolling
Stones, disse que pesca músi-
cas do cotidiano. Transforma
frases que escuta em versos.
Seu processo é parecido?
CAMELO: Tudo é roubado, né?
Tudo é dos outros, só que do
meu jeito. Tenho anotado frases
da TV que, fora de contexto, fi-
cam lindas. Mas, na hora de fa-
zer música, puxo da memória e
vem tudo trocado, que é o que
interessa. Também acho demais
ouvir uma coisa errada e dar ou-
tro sentido, meio cruzado. Outro
dia, num filme, o cara disse “ela
pode ficar com a gente, no nos-
so vasto labirinto, à beira de um
precipício.” Esse tipo de poética
solta me interessa muito. São co-
mo minioráculos que estão mais
nos olhos de quem vê.
Sobre a Mallu Magalhães, o
que você aprendeu com ela?
CAMELO: Aprendemos um
com o outro todo dia. Aprendi
uma naturalidade no proceder.
O jeito dela de fazer música lem-
bra uma cena do filme “Reis de
Dogtown”: o moleque mais no-
vo, talentoso, dando a primeira
volta de skate moderno para
uma plateia atônita. Cada mano-
bra ia se desdobrando como se
o skate fosse o que está dentro
dele, e não o que está sob os
pés. A Mallu, como aquele guri,
vai fazendo enquanto faz.
Ela vai participar da sua tur-
nê de alguma forma?
CAMELO: Espero que ela possa
ir a muitos shows, mas não há
entrevista
Simone Marinho
nada planejado. Pensamos mui-
to em montar nossa banda, que
é um sonho de quando nos co-
nhecemos. Ela vai gravar um dis-
co de repertório inédito. Quem
sabe não ajeitamos isso para o
próximo trabalho nosso?
Sobre os Los Hermanos, qual
foi o show mais maneiro? De
que você sente saudades?
CAMELO: Foram dez anos e
muitos momentos. Impossível
assinalar um só show. Nunca
vou me esquecer do primeiro. A
gente era garoto e montou tudo
sozinho. A banda com aquela
estética, as músicas, as letras, as
roupas, o panfleto... Alugamos a
casa, arrumamos a banda de
abertura, convidamos amigos.
A sensação de aquilo ter dado
certo foi inesquecível.
Tem espaço para músicas dos
Hermanos no show?
CAMELO: Sempre terá espaço
para tudo. O show é uma esco-
lha, e as escolhas mudam. En-
tão, me sinto livre até para fa-
zer show tocando só Lady Ga-
ga, que dirá Los Hermanos.
MEGAZINE ● 5
 liquidificador ELES SABEM
LISTA
ANDRÉ MIRANDA • EDUARDO ALMEIDA • TÉLIO NAVEGA

DA SEMANA RIR DE SI

Imagens de divulgação
Na última sexta-fei-

MESMOS
ra, “Thor” entrou em
cartaz, dando início à
maratona de heróis
no cinema. Mas
quais ainda faltam

Uma vozinha doce

ganhar seus filmes?
■ LOBO. “O último czar- Leonardo Cazes » leonardo.cazes@oglobo.com.br
niano” é a melhor história de “Chalala”, a canção que toca limpo, com letras em português

acerto de contas já escrita.
■ SANDMAN. Talvez a
saga dos Perpétuos caia melhor
numa série de TV, mas algo pre-
cisa sair da HQ de Neil Gaiman.
■ MANTO E ADA-
GA. A HQ do casal de jovens
— ela loura, ele negro — que
enfrenta, como unha e carne, os
criminosos, daria um bom filme.
■ DEMOLIDOR. O
que foi feito precisa ser des-
considerado, né?
•Com Ja-
na abertura da série “Aline”, da
TV Globo, já está virando hit: tu-
do por aquela vozinha doce co-
brindo uma mistura de jazz e
pop que comprova o título do
segundo disco da cantora Blu-
bell. “Eu sou do tempo em que a
gente se telefonava” (YB Music),
lançado este ano, foge de algu-
mas convenções da música bra-
sileira em que tropicália e sam-
ba predominam. Acompanhada
de uma banda impecável nas
execuções, Blubell faz um som
■ EX-DOIDO. Disponível para download gratuito em
H
e inglês, que preenche qualquer oje eles têm mais de 90
canto de qualquer ambiente. mil seguidores e aca-
A moça fez um ótimo show na baram de lançar um li-
semana passada, no Solar de Bo- vro, mas tudo começou numa
tafogo, no Rio, com direito à par- noite de tédio em 2009. Estu-
ticipação da dupla Letuce, e re- dantes da Unicamp e nerds as-
pete a dose nesta sexta, na Livra- sumidos, Ivan Baroni e Paulo
ria Cultura do Shopping Villa-Lo- Pourrat estavam em casa e, sem
bos, em São Paulo. Além de muito o que fazer, trocavam pia-
“Chalala”, no disco se destacam das sobre o mundo dos geeks
“Música” (que caberia perfeita- via internet. Foi quando decidi-
mente na trilha de um romance ram criar o perfil @PiadasNerds
dos anos 1950) e “1,2,3,5” (com no Twitter. Menos de dois anos
vocais de Baby do Brasil). e milhares de RTs depois, os
posts de 140 caracteres viraram
um livro de 140 páginas. “Pia-
liqui@oglobo.com.br
a criação do perfil no Twitter.
Ivan, Luiz Fernando e Paulo
cursam Estatística, Licenciatura
em Matemática e Física, respec-
tivamente. Nerds desde que se
entendem por gente, eles eram
os “técnicos” que consertavam
os computadores dos amigos,
amavam games, gibis e tudo
mais do universo dessa tribo.
Quando decidiram se unir, cada
um já tinha uma vasta bagagem
de piadas, mas, volta e meia,
eles fazem brainstorms a fim de
renovar o estoque. Para chegar
aos “trending topics” (o “topo

mes Franco
como princi-
pal ator “hu-
mano”, o filme “Rise of
the Planet of the Apes”
já tem trailer. E, pelo vis-
to, parece bom. Depois
da empreitada frustrada
de Tim Burton há dez
anos, parece que a nova
tentativa de revitalizar a
franquia “O planeta dos
macacos” agora vai.
• Quer dizer
que, como
revelado se-
mana passa-
da, o Super-Homem não
é mais cidadão america-
no? Mas no governo Bush
ele era, né? E o que o
kryptoniano vai fazer com
o uniforme? Jogar no lixo?
Só não o jogue em Go-
tham City. Vai que Bruce
Wayne resolve trocar de
roupa, na provocação?
das nerds” (Verus Editora) traz do mundo” na internet), eles
<http://criolo.art.br/criolononaorelhahotsite>, o CD “Nó na ore-
uma coleção das melhores ane- criaram até novelas. “Metil ma-
lha” traz o cantor Criolo diferente, sem o sobrenome, Doido, que
dotas publicadas na web. tou um cara” fez sucesso, assim
o revelou. O rap está lá, mas há espaço também para misturar
No meio das brincadeiras como as piadas sobre datas co-
soul com samba. E até para cantar a belíssima
tem muita coisa fácil de enten- memorativas.
“Não existe amor em SP”. Já sabíamos, Criolo.
der. Por exemplo: a mãe do — Quando a gente se junta,
nerd não diz “Vá com Deus”, sai muita besteira — conta
■ ALMA SUBURBANA. Depois da ■ GUIA GLEEK. As amigas Erin mas, sim, “Que a força esteja Ivan. — Nós também damos
consagração da crítica por “Sábado dos Balser e Suzanne Gardner resolveram com você”. Folheando as pági- crédito para piadas que os se-
meus amores”, o niteroiense Marcello prestar uma baita homenagem ao se- nas, você também vai saber que guidores nos mandam, se fo-
Quintanilha volta a contar histórias em riado preferido das duas no livro rica- o grande epitáfio do nerd é “En- rem boas. É uma forma de for-
quadrinhos sobre a vida comum de mente ilustrado “Glee – guia na oficial fim, off-line” ou que “malandro talecer a colaboração.
pessoas comuns em “Almas públicas” da série” (Rai Editora). Blogueiras e, é o Mario, que tira dinheiro de Com tantos seguidores retui-
(Conrad). São sete HQs, três delas iné- claro, gleeks, elas revelam como o pro- tijolo”. Só que algumas piadas tando o besteirol, não faltam
ditas — as outras haviam saído no já grama exibido pelo canal Fox surgiu, não são para qualquer um. ofertas para que eles enviem
fora de catálogo entrevistam o — As pessoas, às vezes, man- tweets promocionais em troca
“Fealdade de Fa- elenco e ainda dam mensagens dizendo “não de pagamento. Mas o trio, que,
biano Gorila” —, contam as histó- entendi” ou “nossa! Tive que pe- ao menos por enquanto, não
dir pra explicar”. Temos muito planeja viver disso, recusa.
onde o autor faz rias de algumas
uma espécie de das músicas gra- seguidor de ensino médio e, às — Não aceitamos esse tipo
crônica visual so- vadas pelo coral vezes, fazemos piadas mais de propaganda. Se quisermos
bre o subúrbio, o Glee, como “Don’t complexas de química ou mate- ganhar dinheiro, não vai ser
futebol, o samba. stop believin’”. mática, e o coitado boia. Essas a dessa maneira. O livro é uma
gente chama de hardcore — opção alternativa de lucrar
ÓTIMO: Pode colocar RAZOÁVEL: Aperte RUIM: Não vale a pena
conta Luiz Fernando Giolo, que com o nosso sucesso na rede
na rotação máxima. o botão com calma. nem ligar na tomada. entrou para a gangue logo após — explica Luiz Fernando.

6 ● MEGAZINE
 livro
Coletivo que criou o perfil @PiadasNerds no Twitter lança
livro de 140 páginas com uma seleção de anedotas:
“Quando a gente se junta, sai muita besteira”

Editoria de arte
As melhores
tiradas do livro
■ NAMORADO SMEAGOL:
Grudento, pegajoso e fica te cha-
mando de “minha preciosa”.

■ NAMORADO DARTH VA-

DER: Fica fungando no seu
cangote e te dando arrepios.

■ FÍSICA: O que a mulher do

Einstein disse quando o viu pelado?
“Uau, que físico!”

■ FÍSICA II: Aladim: — Jasmi-

ne, este é o gênio da lâmpada!
Jasmine: — Jura?! Prazer em co-
nhecê-lo, sr. Thomas Edison!

■ CARNAVAL: Nerds boêmios

se preparando para a folia:
— Este ano vou de Internet Ex-
plorer, vou passar o carnaval to-
do travado.
— Já eu vou vestido de Firefox e
vou passar a noite toda de fogo.
— E eu vou de Google. É que o
Google Chrome.

■ BIOLOGIA: Qual a principal

diferença entre biologia e mate-
mática? É que na biologia “divi-
são” e “multiplicação” são sinô-
nimos.

MEGAZINE ● 7
8 ● MEGAZINE
 DE BEM COM O PASSADO
Marina Cohen » marina.cohen@oglobo.com.br
● A CANTORA
Maria Rita é
sabatinada
pelos nossos
conselheiros
jovens
Em papo com o Conselho, Maria Rita, que toca sábado no Citibank Hall, comenta eternas
comparações com a mãe: “Não imito ninguém, mas, se fosse o caso, só eu poderia imitá-la”
E
m nosso primeiro en-
contro com o atual
Conselho Jovem, fize-
mos a pergunta básica:
quem gostariam de entrevis-
tar? A resposta veio em unís-
sono: Maria Rita! Pouco tem-
po depois, anunciou-se o
show da cantora para este sá-
bado, no Citibank Hall (meia
entre R$ 40 e R$ 65). Era a
deixa que buscávamos. Con-
fira o que rolou no papo.
GABRIEL GORINI: Sempre
quis ser cantora?
MARIA RITA: A música
sempre esteve no meu dia a
dia, mas aprendi a respeitá-
la. Meu pai (o músico César
Camargo Mariano) dizia que
música tinha “M” maiúsculo.
Para nós, ela era a comida e
a casa. Não dava para eu sair
cantando só por achar legal.
Precisei ter certeza de que
nada mais me completaria.
VINÍCIUS BARROZO: No
Twitter (@MROFICIAL) vo-
cê tem 300 mil seguidores.
Se sente próxima dos fãs?
MARIA RITA: Já estive mais en-
volvida com o Twitter, mas me
sentia num serviço de atendi-
mento ao consumidor. A proxi-
midade com os fãs acalma os
ânimos. Mas me policio, porque
meu foco é a arte, não a fama.
Me incomoda as pessoas quere-
rem saber do meu filho.
JÉSSICA MENDONÇA: Como
encara as comparações com
sua mãe, Elis Regina?
MARIA RITA: A agressividade
das pessoas ao falar disso me
chateia. Antes eu ouvia calada,
mas hoje, com 10 anos de car-
reira, respondo à altura. Como
assim vai me chamar de “imita-
dora oficial da Elis Regina”? Não
imito ninguém, mas, se fosse o
caso, só eu poderia imitá-la.
JÉSSICA MENDONÇA: Você
foi morar nos EUA aos 16
anos para fugir disso?
MARIA RITA: Meu pai quis ex-
plorar possibilidades profissio-
nais, e eu aproveitei para me
compreender no mundo sem a
sombra da mamãe. Ser filha da
Elis Regina tem seu lado nega-
tivo. Na época, não sabia afir-
mar se alguém era meu amigo
ou amigo da filha dela.
O GLOBO: O projeto Redesco-
brindo Elis, programado para
2012, terá cinco shows seus
cantando o repertório dela...
MARIA RITA: Não é certo que
vai rolar. Eu e meu irmão João
Marcelo temos há muito tempo
a vontade de fazer uma home-
nagem, pois temos a dívida de
perpetuar o nome dela. Mas não
sei se meu coração aguenta!
ROBERTA THOMAZ: Como
foi a Maria Rita adolescente?
MARIA RITA: CDF e insegura.
Era gordinha, tinha cabelo
feio e usava óculos enormes.
Estudava muito e saía pouco.
JÉSSICA LOPES: Você fez seu
primeiro ensaio sensual para
a revista “Alfa” de março. Por
que aceitou?
MARIA RITA: Eles me deram li-
berdade de escolher o fotógrafo,
Hugo Prata. Foi um desafio.
Num momento tive que pedir
para esvaziarem o local. Mas o
ensaio foi mais ousado do que
apareceu na revista. Devem es-
tar achando que eu sou careta!
VINÍCIUS: Como vai ser o
show do Rio, no dia 7?
entrevista
Fotos de Marina Cohen
MARIA RITA: Vou tocar os
três CDs e mais um pouco.
Será a oportunidade de
mostrar músicas que eu
gosto de cantarolar, como
“Nem um dia”, do Djavan.
LAURA TARDIN: Quando
você canta, é para al-
guém? Ou faz pela arte?
MARIA RITA: Sempre fiz só
pela arte, até a turnê de
“Samba meu”, quando co-
mecei a perceber a música
chegando ao público. A res-
ponsabilidade pesou. As pes-
soas economizam dinheiro,
colocam perfume, tudo para
me ver cantar.
O GLOBO: Nos últimos cin-
co anos, muitas cantoras
surgiram. O que é preciso
para se manter em cena?
MARIA RITA: Dedicação e
pé no chão. Tem que ter no-
ção de que nada está garan-
tido, por isso, em casa, não
tenho troféus (são seis Gram-
mys Latinos) à vista. Desta sa-
fra, gosto da Roberta Sá.
MEGAZINE ● 9
capa

VITINHO VS.
Ana Branco
Marina Cohen » marina.cohen@oglobo.com.br

N Como nos “duelos” dos clipes que fizeram seu grupo de

o clipe mais bombado
do momento na inter-
net, o da música “Sou
foda”, com cerca de 6 milhões 18 anos se divide entre o personagem marrento que criou
de visualizações só no YouTube,
o funkeiro Vitinho aparece mar-
rento, mordendo os lábios, le-
vantando a camisa... Ele inter-
● A CARTA de oito metros que o
preta bem. Victor Hugo Vieira de
cantor ganhou de uma fã. A
Souza, na real, não tem nada de namorada, Manoela, ficou bolada
boladão. Nem esculacha nin-
guém, como canta no hit do seu
grupo, o Avassaladores. Morador
de Vigário Geral, o garoto de 18
anos já terminou o ensino mé-
dio, quer fazer faculdade, é fã de
Renato Russo, está noivo e diz
que tudo que faz é pela mãe.
— Qualquer coisa que eu pu-
der vou dar a ela. Minha mãe lu-
tou muito por mim. Você pensa
que é fácil criar um filho com es-
sa parada de criminalidade na
porta de casa? Ela foi um exem-
plo, e sei que ainda vou lhe dar
muito orgulho — manda Viti-
nho, que, com menos de 1 ano de oito metros que Vitinho rece- — A gente nunca levou fé na
de idade, perdeu o pai, envolvi- beu de uma fã apaixonada. música, ela é muito parada para
do com o tráfico de drogas. — A vida real é diferente — o mundo do funk. Gravamos o
A noiva, Manoela dos Santos deixa claro o garoto que, há clipe de bobeira e, quando vi-
Rocha, de 17 anos, já estava ao cinco meses, se mudou para mos o resultado, achamos feião.
seu lado quando ele compôs o uma casa maior e já está cons- Só que o pessoal começou a
hit apimentado — que Vitinho, truindo outra com dinheiro zoar, e deu no que deu. Antes,
inegavelmente bom menino, poupado. — Em casa, eu sou fazíamos poucos shows, em pa-
chegou a chamar por um tempo o Victor, o cara que paga as godes ou festinhas. Raramente
de “Sou brabo”, a fim de passar contas e arruma a sala. tínhamos cachê — lembra o
pelo crivo de rádios e imprensa. O Avassaladores, grupo que, cantor, mandando avisar que es-
Ela não só confirma o tempera- além dele, tem o DJ Napô e tá aceitando sugestões pelo Twit-
mento fofo do rapaz como ga- três dançarinos, existe há cin- ter (@vitimsoufoda) de como fa-
rante: marra não é com ele. co anos, e o famoso clipe, há zer o clipe de “Sou delas”.
— Gosto desse jeito extro- mais de um. Porém, a coisa es- Graças à web, o fenômeno
vertido e brincalhão dele. Para tourou mesmo em outubro, chegou aonde o grupo nunca
falar a verdade, sou eu que quando o site de humor “Não sonhou: as boates alternativas.
mando na relação! — ela diz. Salvo” postou o vídeo. Fora os Na festa Way Out, mês passado
Manu sabe que funkeiro que é milhões de acessos, o funk ga- no Espaço Acústica, quase mil
funkeiro tira onda de pegador nhou dúzias de versões, tipo pessoas se acotovelaram para
no palco, mas que, muitas vezes, “Sou foda vs. Like a G6”, “Re- dançar ao som dos caras.
é só tipo. Mesmo assim, ela não becca Black vs. Avassalado- — Faço show para roqueiro,
gostou do título da música nova res” e “Sofoda Card Captors”, sertanejo, playboy... A única di-
do grupo, “Sou delas” (“Ele tem com mais de um milhão de vi- ferença é que o público da Zo-
que ser só meu!”), nem da carta sualizações cada. na Sul é mais caloroso. Para

10 ● MEGAZINE
 Fotos de divulgação/I Hate Flash
VICTOR HUGO
funk, o Avassaladores, bombar na internet, o garoto de
u e uma vida real de bom moço, ao lado da noiva e da mãe
● DURANTE o show
na festa Way Out,
Vitinho é assediado
por frequentadores.
Ao lado, dança com
integrantes do grupo
quem cantava em churrasca-
ria, cantar em boate bacana é O que dizem
demais — empolga-se Vitinho.
A repercussão do clipe mo- sobre o grupo
tivou uma série de respostas
■ MC LEONARDO: “Os
femininas, também no Youtu-
Avassaladores são os Mamo-
be. No funk mais engraçado,
nas Assassinas do funk. O ví-
MC Penélope rebate cada ver-
deo está competindo no YouTu-
so com uma zoação. Mas o
be com clipes de Ivete Sangalo
cantor faz pouco caso:
e Luan Santana. É um exemplo
— É recalque, gente que quer
se aproveitar da nossa fama —
da pluralidade do funk. Nin-
guém precisa ser politizado ou
dispara, revelando que tem fun-
keiro veterano olhando torto pa-
politicamente correto. O MC
Lacraia, por exemplo, é negro,
ra eles. — A gente está estouran-
travesti e favelado e faz suces-
do. Aconteceu a mesma coisa
so. O funk não tem preconceito.
com o Restart, que começou já
Não pede para você ser bonito
ganhando um monte de prê-
nem inteligente.” (Leonardo é
mios. Aliás, coloca aí... Eu ia
autor de “Rap das Armas” com
adorar gravar com o Restart.
o irmão, MC Junior).
Pode ser. Mas é fato que um
convite público no Facebook,
■ JOÃO BRASIL: O Viti-
com quase dez mil confirma-
nho criou um clássico do funk
dos, pede votos para os Avassa-
carioca. O clipe é sensacional,
ladores na tentativa de desban-
de estética despretensiosa, low-
car os coloridos no próximo Prê-
fi. A letra é uma aula de autoes-
mio Multishow. A maldade com
tima, a música tem um refrão
o Restart é evidente: na catego-
pegajoso de melodia marcante
ria cantora a turma pró-Vitinho
e tem também dança de funk
sugere o voto em Pe Lanza...
carioca. O vídeo e a música são
Independentemente do prê-
um misto de malícia e ingenui-
mio, o garoto de Vigário está fa-
dade. Se alguém chamar de
zendo fama. O curioso é que o
baixaria, é por puro preconceito
funk veio de onda. Dos 4 aos 15
e falta de humor.” (João Brasil é
anos, era um dedicado atleta
DJ e produtor musical).
de caratê. Ganhava um salário
mínimo por mês para competir
■ SILVIO ESSINGER: “O
pela seleção brasileira e chegou
vídeo é muito tosco e engraça-
a faturar medalhas em torneios
do. Não dá para levar a sério.
nacionais. Até quebrar o braço
Em todo caso, é bonito ver co-
jogando futebol.
mo o funk tomou conta do You-
— Entrei no funk por acaso,
Tube. O mais legal dessa his-
mas não ouço em casa. Curto
tória são as respostas à música
mesmo Renato Russo, Cazu-
no site. Antigamente, essas
za... Na hora de relaxar, tomo
respostas se restringiam aos
uma cervejinha, pego o cava-
bailes, como no caso daquele
quinho e faço um pagode.
funk ‘Lanchinho da madruga-
Depois de lançar o segundo
da’, machista pra caramba,
hit, Vitinho já está correndo
dos Magrinhos. Agora, é bateu,
atrás do próximo: quer regra-
levou.” (Silvio Essinger é jor-
var “Mais uma vez”, de Russo.
nalista e autor de “Batidão:
— É uma música que diz
uma história do funk”).
muito sobre o grupo. Quem
acredita sempre alcança.
Ana Branco
● UMA PARTE
da enorme coleção
de bonés de Vitinho
MEGAZINE ● 11
música
ELES JURAM QUE É BRINCADEIRA
Lauro Neto » lauro.neto@oglobo.com.br
E
les são politicamente in-
corretos e não têm papas
na língua. Para grande
parte das mulheres, MC Fox e
Mac Mãe representam o pior ti-
po de machista. Já as “cocotas”
que dão mole para eles em seus
shows acham engraçadas as le-
tras escrachadas do CD “Stron-
dando a porra toda”, lançado há
duas semanas pela gravadora
Universal. Os versos “Entende-
mos mais das mulheres do que
Chico Buarque/ A Garota de Ipa-
nema se perde pra mim/ Bebe-
mos mais chope do que Tom Jo-
bim”, de “Ah mulheres...”, músi-
ca que abre o CD, já escancaram
a “humildade” da dupla.
— Não queremos nos compa-
12 ● MEGAZINE
Marcelo Carnaval
●MAC MÃE e MC Fox
no Pontão do Leblon:
CD novo e polêmico
rar a ninguém. É só brincadeira da stronda music, espécie de ver- nadas stronda, mas a resistên- A que ama o marido e a que
de dois versadores apaixona- são nacional do que há de mais cia feminina aos dois ainda é dá pro personal”, de “Tem mu-
dos pela mulher brasileira. To- cafajeste (“pimp”) no hip hop grande. A paulista Renata Mo- leh”. Primeira música de traba-
das que passaram por nossa vi- americano. Quando começa- reno faz parte dela. lho do novo CD, a faixa está
da gostaram — tira onda Rodri- ram a compor, há sete anos, até — É um total absurdo isso bombando nas rádios. A cario-
go Raposo, o Fox, que abando- usavam bases musicais de caras que eles cantam. Me sinto des- ca Carolina Melo dá risadas e
nou o mercado financeiro para como Snoop Dogg, ícone do respeitada como mulher — faz elogios aos dois:
se dedicar ao ócio criativo. Gangsta Rap. Agora, gravaram ela critica. — Os caras mandam bem
Vagabundos iluminados, co- hits como “Barro” e “Vivo par Assim como muitas meni- nas rimas e são engraçados.
mo se intitulam no CD, os dois, mulé” com batidas inéditas. nas, Renata detestou, por Só mulher mal amada não gos-
também conhecidos como Pre- Fox e Mãe influenciaram de- exemplo, os versos “Tem a mu- ta — diverte-se Carolina.
xeca Bangers, são precursores zenas de duplas autodenomi- leh que finge ser intelectual / Autodenominado um “anjo
Acusados de machismo por mulheres que consideram suas letras
ofensivas, MC Fox e Mac Mãe, precursores da “stronda music”, lançam
novo e polêmico álbum, com arsenal de letras politicamente incorretas

Mais próximos ao funk
Apontados pelo antropó-
logo Hermano Viana como
uma das cinco grandes pro-
messas da música na déca-
da, o Bonde da Stronda
(BDS) tem uma legião de
quase 70 mil seguidores no
Twitter. Os caras já faziam
— Começamos há cinco
anos, inspirados no Fox e no
Mãe, mas depois passamos a
compor músicas românticas
também. Alternamos com
as pesadas, sempre falando
de mulher como um ser su-
perior — explica DiegoVilla-
matheus
coluna do
MATHEUS SOUZA
OU TEXTOS-SEM-TEMÁTICA-PRÉ-DETERMINADA-QUE-PODEM-SAIR-BONS-OU-RUINS-
MAS-SÃO-UMA-INTERESSANTE-ATIVIDADE-PARA-UMA-TERÇA-FEIRA-AFINAL-EXISTEM-
POUCAS-COISAS-BOAS-PARA-SE-FAZER-NUMA-TERÇA-ALÉM-DE-PEDIR-PIZZA

sucesso há um tempo, mas
estouraram depois de gra-
var o clipe “Mansão thug
stronda”, com Mr. Catra, um
hit no YouTube com mais
de 9,5 milhões de views.
O funkeiro também fará
uma participação em “Kings-
tar”, faixa do novo CD de Mr.
Thug e Méqui Stronda. Não
por acaso, o álbum “Profe-
cia” será lançado no Dia dos
Namorados, pela Galerão
Records. É uma aposta na li-
nha stronda melody.
No show da Tiê
nueva, o Mr. Thug.
Os dois dividem um apê
na Barra e se sustentam
com a grana que ganham
Um jovem casal. Guilherme e Bruna. Namoram há dois anos e meio e
nos shows (a agenda deles
está lotada até ano que estão no Teatro Rival esperando pelo começo do show da Tiê. Ele adora
vem). Sábado, rola um no a cantora. Ela não a conhece direito, mas resolveu acompanhar o na-
Clube Recreativo Caxiense,
morado por curtir o lugar.
em Duque de Caxias. Aos
18 anos, Leonardo Schulz, Ele: — Eu gosto de show sentado. Me dá a perestimado.
o Méqui Stronda, também impressão de que eu sou maduro. Ela: — Anne, Scarlett e Emma Stone!
comanda uma empresa de Ele: — Pra que tanta mulher? Eu não vou
confecção e design, a XXT, Ela: — Eu gosto de comer em shows sen- saber lidar com as três ao mesmo tempo, vou
gíria sem vogais de signifi- tados. Posso pedir uma linguiça acebolada ou acabar deixando elas entediadas. Melhor
cado impublicável. você vai terminar tudo comigo porque sou poupá-las da tentativa frustrada.
uma gordinha sem limites? Ela: — Ok, te ofereço as três, alternada-
Domingos Peixoto

Ele: — Você pode comer uma tonelada de lin-
guiça e eu vou continuar gostando de você.
O show começa.
Ela: — Então é com ela que você quer gastar
sua terceira e última vaga do nosso jogo da
"Traição Permitida"?
Ele: — Aham.
Ela: — Então tá fechado. Se um dia você me
trair com a Scarlett Johansson, a Anne Hathaway
ou a Tiê, eu sou obrigada a te perdoar.
Ele: — Sim. E se um dia você me trair com o
● MR. THUG e Méqui Stronda Rupert Grint, o Robert Pattinson ou o Robert
lançam CD mês que vem
mente, cada mês você namora uma. E pode
somar na oferta descontos vitalícios no Out-
back. Costelinha com barbecue de graça pro
resto da sua vida!
Ele: — Me tira uma dúvida: as três, quando
não for mês delas, vão poder ficar com outros
caras? Porque você me conhece, sou meio
possessivo.
Ela: — Não, nos meses que elas não são
suas, se internam num convento, tamanha a
paixão que elas têm por você.
Ele: — Não sei, acho que não me sentiria

pornográfico mal interpreta-
do” que deixa os pais de famí-
lia perplexos (na faixa “Samu-
rai do Kamasutra”), Vítor Cas-
tro Neves, o Mac Mãe, critica a
hipocrisia de mulheres que
cantam baixarias em inglês
sem se ligar no significado,
mas reclamam dos palavrões
em bom português.
— O Brasil ainda tem tabus
com palavrões, sexo e drogas.
Não gosto dessa postura puri-
tana e hipócrita no país do car-
naval e da bunda de fora. Mui-
ta gente tem preguiça de ouvir
o CD e acha que a gente só fala
de mulher — dispara Mãe.
Ex-alunos do Colégio Santo
Agostinho e da PUC, os “plays-
sons” moradores de bairro no-
bre também criticam persona-
gens do círculo social em que
vivem, como na conhecida
“Mauriçoca” e na inédita “Pa-
parazzi”, um recado à indústria
das (pseudo)celebridades.
— Criticamos a indústria e
quem consome essa porcaria,
desde a empregada à patroa. O
fato de o Chico Buarque ser um
ótimo músico não quer dizer
que uma foto dele saindo do
mar com uma mulher tenha al-
guma relevância — diz Fox.
O GLOBO NA INTERNET
a Entreviste as duplas ao vivo
hoje, às 18h, pelo Live Stream
oglobo.com.br/megazine
Downey Jr, também sou obrigado a te perdoar.
Ela: — Minha lista é tããããão mais vantajosa
que a sua!
Ele: — Você reparou que só tem nomes que
começam com "R" na sua lista? Quer botar o
Ratinho de brinde? Eu deixo.
Ela sorri.
Ela: — Ela é uma gracinha, mas você devia
ter colocado uma Natalie Portman como sua
terceira opção.
Ele: — Eu não troco a Tiê por quase nada.
Olha a voz dela! Olha esse sotaquezinho pau-
lista! Tem coisa mais fofa neste mundo?
Ela: — Ok, vamos imaginar um mundo hipo-
tético onde Tiê e Scarlett Johansson quisessem se
casar com você. Como qual você ficaria?
Ele: — Tiê. A Scarlett tem cara de devassa,
ia me trair o tempo todo com um Benício Del
Toro da vida.
Ela: — Ok, eu te ofereço Anne Hathaway E
Scarlett Johansson. As duas ou a Tiê?
Ele: — Tiê. Esse negócio de mènage é su-
» omatheussouza@gmail.com + twitter.com/omatheussouza
bem de fazer elas se privarem tanto da vida
por minha causa.
Ela: — Não, elas fazem isso de bom grado!
Elas adoram o convento.
Ele: — Nah, duvido. No fundo, no fundo,
elas se sentem tristes.
Ela: — Esse é um mundo hipotético criado por
mim, eu dito as regras! Você não pode duvidar!
Ele: — Mas a parte do barbecue é sedutora.
Ela: — Tá, esquece a mulherada. Você prefere
a Tiê ou descontos vitalícios no Outback, mais
um Ipad, mais uma viagem pra Nova York com
tudo pago e ações do Google e do Facebook?
Ele: — Boa oferta. Mas eu adoro essa música
que ela ta tocando agora. Fico com a Tiê.
Ela: — Meu Deus, não tem nada no mundo
que você prefira do que ela?
Ele: — Claro que tem.
Ela: — O quê?
Ele: — Você.
Ela sorri.
Ele: — E um estoque de batata frita infinito.

MEGAZINE ● 13
prova HISTÓRIA economicamente o país, permitindo a fi-
xação das fronteiras internacionais ita-
lianas e sua unificação interna.
● QUESTÃO 1 c) Impediu o surgimento de fluxos de
Durante o governo imperial de D. Pedro II, foi aprovada a emigração de camponeses para o conti-
Lei de Terras. Essa lei estabelecia que, a partir de então, as nente americano, através da implanta-
terras públicas só poderiam tornar-se propriedade privada ção de uma política de fechamento das
por meio da compra, e não mais por doação ou posse. Os suas fronteiras.
d) Ameaçou a integridade territorial da
preços foram fixados em um patamar elevado, exigindo-se,
Igreja resultando no "Risorgimento", pro-
também, a demarcação e registro de todas as terras, o que
envolvia altos custos para os proprietários ou posseiros. cesso em que segmentos ligados à Igreja
Baseando-se no enunciado acima, assinale a alternativa defenderam a Itália independente.
que contextualiza, corretamente, os interesses que esta-
vam em jogo na aprovação da Lei de Terras: ● QUESTÃO 3
a) Para garantir os interesses do Brasil nas áreas de fron-
teiras com os países platinos, ameaçadas pelas rivalidades
históricas na região, foi necessário estimular a imigração eu-
ropeia, garantindo o acesso à terra aos recém-chegados.
b) O projeto de abolição da escravatura estava relacionado
à formação de pequenas propriedades, trabalhadas com
mão de obra familiar, destinada ao abastecimento do mer-
cado interno, o que poderia inviabilizar a expansão dos ne-
gócios agroexportadores.
c) Para garantir o suprimento de mão de obra necessária às
atividades de agroexportação e manter sua supremacia co-
mo classe dominante, os grandes proprietários não pode- Dolores Ibárruri, La Passionária, discursando em Madrid
riam permitir o surgimento de pequenas propriedades fa- após sua volta do exílio
miliares, fossem elas de ex-escravos, de imigrantes ou de “Operários! Camponeses! Antifascistas!
homens pobres livres. Patriotas! Espanhóis... Diante da suble-
d) A Lei de Terras objetivava acabar com os intensos con- vação militar fascista, todos em armas
flitos pela posse da terra, gerados com a escassez de mão para defender a República, defender as
de obra, a abolição da escravatura, a entrada de imigrantes liberdades populares e as conquistas de-
europeus e a pressão dos homens pobres livres, que amea- mocráticas do povo.
çavam a estabilidade política do Segundo Império. Os proletários e os camponeses das mais
distintas cidades da Espanha se incorpo-
ram nesta luta contra os inimigos da Re-
● QUESTÃO 2
pública, pois o povo sabe a gravidade do
momento atual. Os comunistas, os socia-
listas, os anarquistas, os republicanos
democratas, os soldados e as forças fiéis
à causa republicana já impuseram as pri-
meiras derrotas aos fascistas.
Todo o país vibra de indignação diante
destes desalmados que querem transfor-
mar a Espanha democrática e popular
em um inferno de terror e morte.
Mas, não Passarão!”
(Dolores Ibárruri, La Passionária, Pronunciamento em 19
de julho de 1936.)
O discurso inflamado de Dolores Ibárru-
ri, denominada, “La Passionária”, uma
das lideranças mais expressivas do Par-
tido Comunista da Espanha, não impe-
diu que a Guerra Civil levasse ao poder o
Generalíssimo Francisco Franco. Sobre
este conturbado período da história, as-
sinale a resposta correta:
a) “Guernica”, certamente o trabalho
mais conhecido de Pablo Picasso, é tido
como obra-síntese da pintura contempo-
Mapa da Itália após a Unificação rânea e através da qual o autor expressa
“Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos.”
seu apoio aos falangistas.
(D’AZEGLIO, Massimo (1792-1866). Apud: HOBSBAWM, E. A era do capital: 1848- b) O caráter periférico da Espanha, espe-
1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.)
cialmente em função de seu atraso eco-
Essa frase traduz uma particularidade da construção da uni- nômico, impediu que a Guerra Civil Espa-
dade italiana ocorrida na segunda metade do século XIX, nhola tivesse uma possível vinculação
tendo sido um processo tardio, considerando o contexto his- com o quadro político europeu da época.
tórico europeu. Sobre esta unificação, é correto afirmar: c) Na Guerra Civil Espanhola, a total au-
a) O norte liderou a unificação a partir de uma monarquia sência de solidariedade internacional com
liberal industrializando-se com mão de obra barata do sul. a república espanhola contrastou com o
b) A proclamação da república por Giuseppe Garibaldi, lí- apoio explícito de Hitler e Mussolini à su-
der do movimento carbonário e republicano, estabilizou blevação da direita antidemocrática.
14 ● MEGAZINE
Opinião do professor
César Augusto Menezes • GPI
P
reparamos este teste para você, que vem sonhando
com o conceito A no 1 o- Exame de Qualificação da
Uerj. A maior parte das questões enfoca a contem-
poraneidade dentro do contexto da vida nacional, favore-
cendo a análise e a interpretação, recurso utilizado pela
banca da Uerj em grandes proporções. Esperamos, com is-
so, levar o candidato a aprender a raciocinar historicamen-
te, fazendo ilações, associações e interpretações, em detri-
mento da memorização do fato em si, o que certamente lhe
facilitará o caminho para a universidade. Que você apro-
veite bem esta oportunidade de testar suas habilidades, na
área das ciências humanas em geral e da história, em par-
ticular. Boa sorte!
d) A Guerra Civil Espanhola foi o d) A mentalidade de massa e o
prelúdio da Segunda Guerra pro- Estado de massa foram caracte-
vocando a expectativa mundial e rísticas típicas da Era Vargas,
a participação de militares e civis uma vez que o líder não exercia
de vários países através das bri- qualquer personalismo carismáti-
gadas internacionais. co, sendo as formas corporativas
o único instrumento de controle
● QUESTÃO 4 da sociedade.
“A partir do golpe de 1930 fora
possível apresentar inovações em ● QUESTÃO 5
todas as esferas de poder, de tal “Eram anáguas, ternos jaquetão,
modo que, impulsionados pela discos 78, o ‘Ratão’ cantava bo-
corroída imagem da República leros e era metido a dançar tango,
Velha, os assim chamados "revo- baile de formatura com a orques-
lucionários de 30" puderam, com tra do Osvaldo Borba ou do Seve-
o apoio popular, acabar com a rino Araújo. Eram madrugadas
existência dos partidos políticos, ainda pouco trilhadas; era uma
o produto-tipo da cultura política esperança de ser, uma ânsia de
liberal. Com o golpe de 1930, se- existir, era aquela repressão se-
quer houve um partido para a ar- xual, tudo proibido (o grande dra-
regimentação das massas que, ma histórico de minha geração foi
não só começaram a identificar- o de ter sido a última geração sol-
se prontamente com a proposta teira antes da pílula...). Era a um
de um estado totalitário, como dar bola definido, de ficar olhan-
demonstravam cada vez mais seu do, olhando, olhando. Recordo
clamor por Getúlio Vargas.” decotes, apertões, vexames pe-
(CANCELLI, Elizabeth. O mundo da violência: a quenos ou grandes, usos indevi-
polícia na Era Vargas. Brasília. Editora da Uni- dos de Fernando Albuerne, os fo-
versidade de Brasília, 1994.) xes de Nat King Cole e a Orquestra
de Rui Rey. Era beijar a mão da
Com referência às “inovações em mãe da dona da festa mesmo sem
todas as esferas de poder” a que o conhecê-la. É a memória a neces-
texto se refere, podemos afirmar: sitar de fixar um tempo, uma du-
a) Os revolucionários de 1930 ração, um clarão que passou. É
mantiveram instituições políticas uma estranha forma de voltar, per-
liberais, como o sistema partidá- manência terapêutica no passado,
rio da República Velha. uma ponta de saudade, um des-
b) Vargas, depois de liderar a Re- pedir de épocas, a consciência do-
volução de 1930, e especial- rida do tempo.”
mente depois de promover o gol- (TÁVOLA, Artur. “Na Década de 50”. In Mevitevendo.
pe do Estado Novo, criou um re- Rio de Janeiro: Salamandra, 1978. p. 65.)
gime democrático onde os sindi-
catos exerciam a intermediação A década de 50 continua, ainda
entre a sociedade e o Estado. hoje, a despertar controvérsias
c) O golpe de 1937 veio a ser a entre escritores, cronistas e histo-
comprovação definitiva das ca- riadores.
racterísticas centralistas e auto- A respeito do contexto cultural bra-
ritárias que vinham se desenhan- sileiro nas décadas de 1950/60,
do desde a Revolução de 1930. leia as afirmativas abaixo:
I.Era grande o número de emis-
soras de rádio, com programas
de auditório, radionovelas, fã-
clubes, concursos de rainha do
rádio, programas de humorismo
e musicais de grande audiência,
que passariam a concorrer com a
televisão a partir dos anos 50.
II.O tropicalismo surgiu, no final
da década de 1950, como reação
à crescente influência da música
norte-americana, sobretudo do ja-
zz, do foxtrote e do rock, criando a
chamada "música de protesto".
III.O surgimento da Bossa Nova,
que ainda hoje marca a música po-
pular brasileira, agitou os meios
musicais, fazendo sucesso com um
novo som, influenciado pelo jazz e
pela música erudita, e surpreen-
dendo os mais conservadores.
IV.No campo do cinema, apesar
da grande influência das produ-
ções de Hollywood no comporta-
mento das pessoas, surgiu o Cine-
ma Novo, com uma produção
mais intelectualizada e com preo-
cupações sociais, renovando a lin-
guagem do cinema com poucos
recursos técnicos e financeiros.
V.Os novos hábitos também não de-
pendiam da cultura formal: o hot-
dog, a coca-cola, a calça jeans e o
rock and roll tornaram-se marcas de
adesão a um modo próprio de en-
carar o mundo. Era a juventude
transviada de James Dean e Elvis
Presley que chegava ao Brasil.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II, III e IV;
b) I, III, IV e V;
c) I, II, IV e V;
d) I, II, III e V.
QUESTÃO 6
● rado em 25/08/2009.)
Propaganda oficial durante o regime militar
Os slogans acima, divulgados
em todo o país através de outdo-
ors, adesivos de carros, músicas
e cartazes, referem-se:
a) ao Brasil do “Milagre Econômi-
co” e dos “grandes projetos” do
governo Médici na década de 70;
b) ao Nacionalismo Desenvolvi-
mentista do governo de JK com a
sua política de “50 anos em 5”;
c) à campanha orientada pela
AERP (Assessoria Especial de Re-
lações Públicas) do governo Fi-
gueiredo para possibilitar uma
abertura política lenta e gradual;
d) à política do governo Castelo
Branco no combate aos subver-
sivos e na defesa do movimento
de março de 1964.
● QUESTÃO 7
Observe a caricatura abaixo:
(Fonte: Belmonte, Caricatura dos tempos. São
Paulo: Círculo do Livro/Melhoramentos,
1982.)
A caricatura datada de 1946 re-
trata um aspecto do conflito ára-
be-israelense, ainda existente
nos dias de hoje. Sobre a história
de árabes e judeus no século XX,
é correto afirmar:
a) O processo de dispersão dos
judeus pelo mundo teve início
com as perseguições dos nazis-
tas durante a Segunda Guerra
Mundial.
b) Foi durante o século XIX que
os árabes organizaram o Movi-
mento Sionista, visando à cons-
trução da nação palestina.
c) Em 1947, a ONU aprovou
projeto de divisão do território
palestino definindo áreas para
palestinos e judeus.
d) No ano 1989, após o Acordo
de Camp David, a ONU, tratando
de estabelecer a paz na região,
criou o Estado da Palestina, no-
meando Yasser Arafat para go-
verná-lo.
● QUESTÃO 8
“O mais recente pacote de docu-
mentos secretos sobre o Brasil
divulgado pelo governo dos Esta-
dos Unidos comprova a tese que
a viúva do ex-presidente João
Goulart, Maria Thereza, e seus
dois filhos, João Vicente e Deni-
se, defendem na Justiça brasilei-
ra, ao reivindicar R$ 3,4 bilhões
como compensação por danos
morais e materiais: a de que o
governo americano deu apoio fi-
nanceiro, material e político ao
golpe militar em 1964.”
(José Meireles Passos. O GLO-
BO, 3 de julho de 2007.)
“No movimento de 64, a ideolo-
gia política foi puramente a de
preservar o regime democrático.
Essa foi a grande mola que con-
duziu o movimento.”
(Depoimento do General Antônio
Bandeira. In: D’Araújo, Maria
Celina et al. Visões do Golpe: a
memória militar sobre 1964. Rio
de Janeiro: Relume-Dumará,
1994, p. 225.)
Analisando os dois textos e con-
siderando a tendência interpreta-
tiva da História, na atualidade, é
correto afirmar que:
a) os documentos e os testemu-
nhos apresentados, mesmo con-
siderando a realidade política
brasileira vivida a partir de 1964,
comprovam a presença da subje-
tividade na interpretação históri-
ca.
b) a real compreensão do envol-
vimento norte-americano no gol-
pe de 64 fundamenta-se, agora,
no conhecimento histórico, pelos
documentos apresentados, o que
impede qualquer análise revisio-
nista futura.
c) renovação metodológica, de-
corrente da valorização da Histó-
ria Oral no Brasil, propiciou um
novo entendimento a respeito da
participação democrática dos
EUA e dos militares no movimen-
to de 1964.
d) a marca da objetividade, nos
estudos históricos, comprova a
validade da opinião apresentada,
evitando uma versão partidária
da História.
● QUESTÃO 9
Observe as imagens:
As imagens acima revelam mu-
danças significativas do desen-
volvimento tecnológico, ocorrido
nos séculos XX e XXI.
I.A partir do século XX o avanço
tecnológico desencadeou uma
onda de transformações sociais,
culturais, políticas e econômicas,
imprimindo ao mundo novas rela-
ções de poder.
II.O distanciamento de boa parte
da população mundial do acesso
à escolaridade é algo do passado,
uma vez que o analfabetismo foi
erradicado, e a grande preocupa-
ção é com a exclusão digital.
III.A vida de conforto e comodida-
de na modernidade acaba por
acentuar as diferenças sociais,
culturais e econômicas, criando
um verdadeiro abismo entre os
povos e entre as populações de
um mesmo país.
Assinale:
a) se somente as afirmativas I e II
estiverem corretas.
b) se somente as afirmativas II e
III estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
● QUESTÃO 10
Presidente Salvador Allende re- População de Nova York assiste
sistindo ao bombardeio do Palá- ao incêndio nas Torres do WTC,
cio de La Moneda, em 11 de se- em 11 de setembro de 2001.
tembro de 1973. (oglobo.globo.com, capturado em
(TAVARES, F. O Dia em que Getúlio matou Al- 25/08/2009.)
lende. 4a ed. Rio de Janeiro: Record. 2004.)
As fotografias publicadas pela imprensa brasileira, embora separadas
no tempo, guardam algumas semelhanças, dentre as quais podemos
afirmar que:
a) nos dois episódios, grupos extremistas islâmicos estavam envolvidos.
b) tanto no episódio chileno como no de Nova York, os governantes
acabaram sendo depostos.
c) ambos tiveram, no âmago da questão, o poderio imperialista norte-
americano.
d) são episódios isolados e sem qualquer consequência futura.
● QUESTÃO 11
Observe a foto:
Os presidentes
Luiz Inácio Lula da
Silva e Barack
Obama encon-
tram-se na Casa
Branca.
(oglobo.globo.com, captu-
Tendo em vista as
relações do Brasil
com os blocos eco-
nômicos e organis-
mos comerciais e
financeiros do
mundo contemporâneo, a política externa do governo Luiz Inácio Lula
da Silva, em linhas gerais, vem caracterizando-se:
a) pelo abandono do Nafta, em vista da participação ativa no Bric.
b) pela oposição permanente à OMC, devido a pressões do FMI.
c) pela preservação da liderança no Mercosul, ao mesmo tempo em
que busca fortalecer o G20 e mudar a composição do conselho de
segurança da ONU.
d) pela participação ativa nos fóruns da União Europeia, buscando o
fortalecimento da Alca.
GABARITO
1.C.2.A.3.D.4.C.5.B.
6.A.7.C.8.A.9.C.10.C.11.C.
O GLOBO NA INTERNET
a Leia o gabarito comentado
oglobo.com.br/educacao/ vestibular/lista_gabaritos.asp
MEGAZINE ● 15
no campus
TODA A UFRJ RUMO AO FUNDÃO
Lauro Neto » lauro.neto@oglobo.com.br
Em entrevista a estudantes, Carlos Levi, novo reitor da universidade, fala sobre
o projeto de transferir os cursos de graduação para a Cidade Universitária
C
aso seja ratificado como
novo reitor da UFRJ pelo
MEC (nos últimos anos,
apenas uma vez a escolha da
comunidade acadêmica não foi
respeitada), Carlos Antônio Levi
receberá em 1 o- de julho, das
mãos do seu maior apoiador,
Aloísio Teixeira, o desafio de dar
novos rumos à maior universida-
de federal do Brasil. E, como es-
ses rumos apontam para a Ilha
do Fundão, para onde deve mi-
grar boa parte dos cursos de gra-
duação dos outros campi, a Me-
gazine levou três estudantes de
áreas diferentes e uma forman-
da do CAp-UFRJ para entrevistar
o novo reitor no Laboratório de
Tecnologia Oceânica, uma ilha
de excelência da Coppe, bem
distante dos problemas da Praia
Vermelha, do Largo de São Fran-
cisco e do Campo de Santana.
Na entrevista, Levi percebeu
que terá de lidar não só com
questões como a recuperação
da capela incendiada no Palá-
cio Universitário e do prédio
anexo de Serviço Social, cujo te-
to desabou por causa de cupins,
mas com a insatisfação dos alu-
nos. Veja como foi o papo.
● DIEGO NEMER, do IFCS
16 ● MEGAZINE
Fotos de Simone Marinho
Quais são seus planos para a
Praia Vermelha? (Daniel Fraiha, ● CARLOS LEVI:
5 o- período de Jornalismo) investimentos no Fundão
CARLOS LEVI: Você quer sa- serão prioridade
ber se eu quero transferir todo
mundo à força? No médio e
longo prazos, vamos buscar
criar as condições para trans-
ferir as unidades que assim de-
cidirem através de suas con-
gregações, porque essa é a de-
cisão do nosso Conselho Uni-
versitário (Consuni). Neste
momento, abriu-se uma janela
de oportunidades por conta
dos recursos do Reuni, e a
gente está em condições de
construir alguns prédios. As
obras da Faculdade de Educa-
ção, que já se decidiu pela sua
transferência para cá, estão li-
citadas e devem ficar prontas
em dois anos. A Faculdade de
Administração e Ciências Con-
tábeis também tomou essa de-
cisão, bem como a decania do
Centro de Ciências Jurídicas e
Econômicas.
Mas os alunos dessas unida-
des foram ouvidos? (Daniel)
LEVI: (Pausa e silêncio). Imagi-
no que a congregação tenha a
sua representação estudantil, e a
lógica da decisão inclui essa par-
ticipação. Não posso afirmar co-
mo se manifestaram as represen-
tações, se foram a favor ou con-
tra. Mas acho que a transferên-
cia não vai afetar o aluno que
hoje estuda nos outros campi.
Se toda a Praia Vermelha op-
tar por vir, o que seria feito
com o terreno? (Daniel)
LEVI: A ideia é construir um
centro cultural, de convenções e
eventos, ao qual o Canecão se-
ria provavelmente incorporado.
Mas isso ainda vai ser objeto de
uma longa discussão. O Palácio
Universitário, por todas as razões
que a gente viu recentemente, é
inadequado para os usos acadê-
micos, por ser uma joia de arqui-
tetura. Utilizá-lo para fins acadê-
micos é um desgaste, uma de-
predação, incompatível com o
patrimônio histórico e artístico
que ele representa.
E quais as suas propostas para
o IFCS, já que grande parte do
Instituto de Ciências Sociais é
contra a ida para o Fundão?
(Diego Nemer, 7 o- período de
Ciências Sociais)
LEVI: Se a comunidade do IFCS
decidir ficar lá, vamos respeitar
a decisão. O Instituto de História,
ao contrário, já tomou a decisão
de se transferir para o Fundão, e
estamos comprometidos em
buscar os recursos para viabili-
zar essa transferência. Como es-
tamos empenhados em cons-
truir uma Cidade Universitária,
os investimentos em instalações
permanentes vão ser priorizados
aqui. Isso não significa que dei-
xarão de ser atendidas as neces-
sidades de conservação das
atuais instalações.
Há previsão de ampliação do
alojamento, de bolsas de assis-
tência estudantil e da oferta de
refeições no bandejão para
atender essa nova demanda?
(Heloísa Calazans, 8 o- período
de Medicina)
LEVI: Temos uma cozinha in-
dustrial, que está em fase final
● DANIEL FRAIHA, da ECO
truturação e expansão do go- Qual o futuro do HU? (Heloísa)
verno foi feito para professo- LEVI: Sou otimista em relação
res universitário, e não foi con- à situação atual, pois há indí-
templada nenhuma cláusula cios de que finalmente há um
que incluísse professores do programa semelhante ao Reu-
ensino médio. ni para a recuperação e a ex-
pansão dos hospitais das uni-
E isso vai ser feito? (Marina) versidades federais, que pre-
LEVI: Há duas linhas de atua- tende aportar recursos para
ção possíveis: uma é garantir garantir a plena recuperação
a equivalência do professor dessas unidades. Há um hori-
do CAp com o professor do 3 o- zonte de médio prazo de inte-
● HELOÍSA, da Medicina ● MARINA COSTA, do CAp
grau, beneficiando-os com ração e revitalização dos HUs,
todos os direitos e oportuni- e a UFRJ não vai perder essa
de instalação e deve começar a dades que são garantidos a e se deve a uma decisão do oportunidade de recuperar os
operar em breve. Vai ser licitada estes; a outra é ampliar o qua- Ministério do Planejamento, seus. Além disso, a administra-
uma empresa responsável pela dro de professores de ensino contra a qual a universidade ção central irá se empenhar, e
produção da alimentação lá médio para completar as ne- não pode adotar nenhuma eu assumo, desde já, o com-
dentro. A incorporação de no- cessidades atuais e futuras do providência. Para minimizar promisso de aportar recursos,
vos restaurantes-satélites é o nosso CAp. Em relação à falta os prejuízos, a administração obviamente de forma limitada
que interessa, e o do Centro de de pagamento durante estes da UFRJ tentou pagá-los atra- por parte do orçamento pró-
Tecnologia deve entrar em ope- três meses, é uma decisão vés de uma folha de terceiri- prio, para a recuperação do
ração em breve. Em relação ao que transcende a nossa capa- zados enquanto a situação Hospital Universitário Clemen-
alojamento, deve começar a cidade de interferência direta não se resolve. tino Fraga Filho.
obra de construção do prédio
de residências dos universitá-
rios numa área central, ao lado
do prédio de Física, com 260
novas unidades e restaurante
no térreo. Também já avançado
o detalhamento do projeto para
uma reforma bem ampla do
prédio atual dos alojamentos e
de um novo prédio na área da
faculdade de letras. Por fim,
com a nova lógica de acesso à
universidade, com reserva de
20% a alunos da rede pública,
há um compromisso institucio-
nal para garantir de maneira
plena bolsas de permanência e
inclusão digital.
Sabendo que o CAp é uma es-
cola pública de excelência e la-
boratório para a UFRJ, mas que
eu corro risco de não ver toda a
matéria para o Enem porque os
professores estão em greve de
forma justa, já que 28% não re-
ceberam salário este ano, o que
senhor pretende fazer para que
isso não se repita? (Marina Cos-
ta, 3 o- ano do CAp)
LEVI: Todo o empenho já vem
sendo feito para tentar resol-
ver essa dificuldade e garantir
a incorporação de professores
permanentes do quadro do-
cente do CAp. A dificuldade é
que todo o programa de rees-
MEGAZINE ● 17
guia de profissões Gustavo Stephan

Com o país em crescimento, mercado está superaquecido

● GUSTAVO NÓBREGA,

para engenheiros civis, em obras leves ou grandes projetos Carolina Reis e Leonam
Studart: projetos no IME

CARREIRA EM CONSTRUÇÃO
Lauro Neto » lauro.neto@oglobo.com.br

V
ocê sabia que a enge-
nharia civil nasceu em
1792, na Real Academia
de Artilharia, Fortificação e De-
senho, da necessidade de diver-
sificar a produção dos engenhei-
ros militares? De projetistas de
fortalezas, eles passaram a ser re-
quisitados para as obras civis do
Brasil Colônia. Mais de dois sé-
culos depois, o Instituto Militar
de Engenharia (IME) continua
como referência nacional na for-
mação de engenheiros, que já
não projetam mais fortes, mas
precisam edificar um país que
não para de crescer.
Gustavo Nóbrega, de 22 anos,
não tinha ideia disso quando de-
cidiu vir do Recife para o Rio pa-
ra estudar no IME, há cinco
anos. Ralou para entrar e, já em
2008, ajudou a criar a empresa
júnior da instituição. Aluno civil
do 5 o- ano de Engenharia de For-
tificação e Construção (nome
dado pelo IME à Engenharia Ci-
vil), Gustavo toca dois projetos:
a construção da sede de uma
ONG em Magé e a reforma do
Parque Regional de Manuten-
ção na Vila Militar de Deodoro:
— É a possibilidade de colo-
car em prática o que aprende-
mos. Meu diploma será curinga.
Tem gente que trabalhará em lu-
gares que vão do Google à Uni-
lever, passando por mercado fi-
nanceiro e consultorias. Quero
montar uma empresa de cons-
trução civil e gerenciá-la.
Oportunidades não faltam no
mercado aquecido. O major
Marcelo Reis, coordenador de
graduação de Engenharia de
Fortificação do IME, descreve o
perfil procurado:
— O mercado busca profis-
sionais transdisciplinares e ge-
neralistas, que dominem as
áreas da construção civil, des-
de recursos hídricos a estrutu-
ras, passando por geotecnia e
estradas. Por isso, damos ênfa-
se a todas elas no IME.
Os alunos que ingressam ali
para seguir carreira militar ainda
têm a vantagem de poder traba-
lhar em grandes obras do Exér-
cito, como a duplicação da BR-
101 Nordeste e a transposição
do Rio São Francisco. A partir do
4 o- ano, eles visitam esses empre-
endimentos e outros na região
Norte, a fim de desenvolver pro-
jetos para comunidades ribeiri-
nhas e nas fronteiras.
— Se eu não fosse militar, não
teria a chance de, formada, sair
trabalhando em obras com tão
alto grau de responsabilidade e
que contam muito no currículo
— diz Carolina Reis, do 4 o- ano.
Leonam Studart, do 5 o- ano,
escolheu o mesmo caminho:
— Estou estagiando na obra
da Vila Olímpica para os Jogos
Militares, que posteriormente se-
rá usada nas Olimpíadas. Me sin-
to útil por ajudar em obras que
vão fazer o Brasil crescer.
O GLOBO NA INTERNET
VÍDEO O dia a dia do
trabalho de um engenheiro civil
oglobo.com.br/educacao

18 ● MEGAZINE
A carreira
O mercado está supera-
quecido e em franca ex-
pansão, com o crescimen-
to econômico do país. Há
carência de mão de obra
qualificada, e as oportuni-
dades se multiplicam na
construção pesada, como
em obras do Programa de
Aceleração do Cresci-
mento (PAC), na esfera
governamental e em em-
preendimentos imobiliá-
rios do setor privado. Os
engenheiros civis tam-
bém podem dar consulto-
ria em projetos diversos.
Como a demanda é gran-
de, e há déficit de profis-
sionais capacitados, a re-
muneração tende a ser
boa. Um engenheiro jú-
nior pode ganhar entre R$
3.600 e R$ 4.200. No IME,
um recém-formado ganha
cerca de R$ 6 mil como
salário inicial.
Tira-dúvidas
Quais as maiores carências
do mercado? (Clebio Bra-
gança, estudante da Estácio
de Sá, campus Akxe)
MAJOR MARCELO REIS:
Há demanda tanto na área
de construção leve quanto
na pesada. Em função dos
níveis de crescimento do
país e da necessidade de in-
vestimentos em infraestrutu-
ra (estradas, ferrovias, aero-
portos, hidrovias, portos,
obras para geração, transmis-
são e distribuição de energia,
saneamento), assim como
para reduzir o “custo Brasil”
e manter o país dentro des-
ses índices de crescimento,
há uma grande procura para
a área de construção pesada,
com demandas para enge-
nheiros geotécnicos; de es-
truturas; de recursos hídri-
O curso
A duração média do
curso de engenharia é de
cinco anos. Os dois pri-
meiros, de ciclo básico,
oferecem disciplinas co-
muns a todas as habilita-
ções, como física experi-
mental, química, cálculo
diferencial e integral, ál-
gebra linear, mecânica e Faça engenharia civil na
computação. A formação
básica de um engenheiro
é calcada em matemáti-
estácio e construa uma
ca e física. Nos três anos
de Engenharia Civil, estu-
dam-se disciplinas como
carreira de sucesso.
resistência dos materiais,
teoria das estruturas, to-
pografia aplicada, hidráu-
lica, hidrologia e geolo-
gia. Dependendo do cur-
so, há ênfase em recursos
hídricos, estruturas ou
geotecnia. Há estágio
obrigatório, com carga de Diferenciais do curso de
160 horas, como parte do
Engenharia Civil da Estácio:
currículo.
Curso moderno e atualizado
que inclui também disciplinas de
Engenharia de Produção e
de Engenharia Ambiental para
contemplar duas áreas que, hoje,
cos, meio ambiente e sanea- oferecem diversas oportunidades
mento; e de transportes. Por
de trabalho: a industrialização da
outro lado, existe um déficit
construção e a sustentabilidade.
habitacional, várias linhas de
financiamento e alta especu-
lação imobiliária que garan-
tem, no curto prazo, uma de- P R OVA
manda para os especialistas
em edificações.
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Penny, Penny, Penny
“Knock! Knock! Knock!” Penny! “Kno-
ck! Knock! Knock!” Penny! “Knock!
Knock Knock!” Penny!!!!! Muito bom!
Leticia Manhaes Mury Gomes
Bazinga! Blá-blá-blá! Bazinga! Fantás-
tico, adoro! Antonio Gregorio
Fourny Soares
Sou fã dela, muito gata! Matheus
Rodrigues
Cara, isso é que é um seriado! Entre-
tenimento! Eu adoro a série! Morro
de rir com o Sheldon! Mas achei a
matéria péssima. Não diz nada! Ma-
ria Lucia de Medina
Depois de “The Big Bang Theory”, ser
nerd virou moda. O que mais se vê
por aí é nerd modinha, que não faz a
mínima ideia do que é ser nerd de
verdade. J-Chist, no site da Mega
Ser musa geek não é fácil. Kari Byron
(“Mythbusters”) que o diga... Clau-
dio Malagrino
Em relação à atriz, é meio estranho
as pessoas buscarem tanto a fama e
depois se dizerem insatisfeitas... Se
queria liberdade deveria ser escritu-
rária do Banco do Brasil. Ninguém
encheria o saco... Kjungle, no site
da Mega
Entrevista com o secretário
estadual de Educação
Foi notícia que, em São Paulo, fracas-
sou o plano de bônus e metas na edu-
cação. E agora, secretário? O senhor
vai esperar três anos para chegar à
mesma conclusão? Valter Luis
Coluna do Matheus
Continuo acompanhando sua coluna,
me divertindo e aprendendo muitas
coisas também. Toda terça tenho uma
orverdose de riso. Adoro! Jackie Jr.
● CORREÇÃO: Diferentemente do que foi
publicado na edição passada, o nome do edi-
tor do site Jovem Nerd é Alexandre Ottoni.
20 ● MEGAZINE
Envie carta, foto, desenho, poesia, vídeo ou que mais quiser, com nome
completo, idade e lugar onde estuda, pelo nosso site (oglobo.com.br/megazine)
ou por e-mail (megazine@oglobo.com.br); Orkut (comunidade “Megazine”);
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Sua contribuição poderá ser publicada aqui nesta página ou na internet.
Quer sua redação
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_A_Z vão propor um tema de re-
dação no site de Vestibular (oglo-
bo.com.br/educacao/vestibular)
e corrigirão dois textos. Envie pe-
la ferramenta Eu-repórter.
Clara Goldenstein, de 16 anos, estuda no Eliezer Steinbarg Max Nordau Bombou na rede
Semana passada, uma matéria
sobre Kristen Stewart, a Bella, di-
zendo que gostaria de ter “vomi-
tado sangue” em “A Saga Crepús-
culo: Amanhecer — Parte 1” foi a
mais lida no site da Megazine. No
site de Educação, a notícia sobre
a queda do teto de um prédio
anexo da Escola de Serviço So-
cial da UFRJ, na Praia Vermelha
foi uma das mais comentadas.
Kristen
Essa atriz é completamente sem
tempero. Fraquíssima, como uma
da novela das seis. Rmatias
Se a moça aí achou que ficou
mamão com açúcar, imagine pa-
ra o pessoal que gosta de ver
Rambo etc. Fernando BRRJ
UFRJ
Arruinaram os prédios da UFRJ.
Esse foi o pior reitor da história da
universidade. Vergonha do nível a
que chegamos. Praguinho
É um descaso com o patrimônio
público! Este reitor deveria ser in-
Jonatan Zylbersztejn estuda no Instituto de Tecnologia ORT
vestigado. Luz_das_estrelas
O GLOBO

RAZAO
SOCIAL
3 D E M A I O 2 0 1 1 • N -o 117 | oglobo.com.br/blogs/razaosocial

Nivaldo
Manuel e José
Divino: agora
com carteira
assinada

Há vida depois
da escravidão
Resgatados de trabalho análogo
ao escravo vão ajudar a construir
estádio para a Copa, em Cuiabá
2 ● Razão Social O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
 Editorial Índice

E
Divulgação

screvo este editorial no dia do casa-

mento do século, do príncipe com a ple-
beia, comemorado com muitas pom-
pas e uma cobertura da mídia à altura
6
Coleção da Arezzo,
(às vezes até mais do que isso) do acontecimen- feita com peles de
animais, causa
to. Para os especialistas em economia, foi tam- revolta de
bém a oportunidade de a família real revitali- internautas e abre
uma discussão
zar seu "negócio", que andava mal das pernas
sobre o tema
depois do "case" Diana. A essa altura, vocês já
devem estar se perguntando porque eu (tam-
bém) estou falando sobre isso. Já explico: é
Carlos Ivan
que, por coincidência ou não, acabo de receber
o livro recém-lançado pelo pai do noivo, o prín-
cipe Charles, com o sugestivo título "Harmony -
A Revolução da Sustentabilidade" (Editora Else-
8
Natura aproveita
vier). É claro que ainda não consegui ler, mas a pacificação de
curiosidade foi tanta que já o andei folheando. comunidades de
baixa renda no Rio
Primeiro na linha de sucessão do trono britâni- para marcar posição
co, o príncipe de Gales sempre preservou em e fazer negócio com
sua imagem a preocupação pelo meio ambien- a base da pirâmide

te. Com ajuda de dois fieis escudeiros, ele dei-

xa isso bem claro neste livro. Fala em desequi-
líbrio da natureza, alerta para uma revolução Martha Neiva Moreira

14
iminente e aponta os culpados: nós. O livro é
grande (330 páginas) e bem cuidado, com fo-
tos, muitas histórias, muitas pesquisas e, diferen-
temente das demais publicações sobre aqueci- Em Parintins, ilha
amazônica,
mento global, que nos deixam sempre com um pequenos
gosto amargo de derrota na boca, este aponta su- extrativistas de
madeira pedem em
gestões. Bem, agora voltamos à pergunta: o que Fórum a legalização
tem o lançamento do livro com aquela extrava- de seu processo
gante cerimônia? Nada, ora. Só coincidência.
Amelia Gonzalez, editora

O GLOBO Razão Social

Editor: Amelia Gonzalez (amelia@oglobo.com.br) • Repórteres: Camila Nobrega (camila.nobrega@oglobo.com.br) e Martha Neiva Moreira (martha.moreira@oglobo.com.br) • Projeto Gráfico: Andréa
Paracat • Diagramação:Jacqueline Donola • Capa: Camila Nobrega • Contatos para consultas sobre o espaço publicitário: 21 2534-5500 e-mail: publicidade@oglobo.com.br • Correspondência: Rua
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As reportagens publicadas na revista Razão Social têm conteúdo estritamente jornalístico não cabendo, sob hipótese alguma, a divulgação de material de cunho publicitário sob forma de reportagem.

Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO Razão Social ● 3

 Entrevista /Adriano Campolina
‘Mudanças no clima também
Desastres ambientais passam a ser foco da ActionAid
Amelia Gonzalez
amelia@oglobo.com.br
Há 38 anos atuando fortemente para ten-
tar ajudar comunidades muito pobres, es-
pecialmente da África e Índia, na extinção
da pobreza extrema, a ONG inglesa Actio-
nAid mudou o foco. Certa de que os desas-
tres ambientais, cada vez mais iminentes,
estão profundamente conectados com a
miséria, este ano todas as atividades da
ONG têm a questão socioambiental muito
presente. Engenheiro agrônomo, mineiro,
Adriano Campolina ficou muitos anos à
frente da diretoria de segurança alimentar
da entidade e hoje está, há pouco mais de
dois meses, na diretoria da ActionAid aqui
no Brasil. Para ele, a questão ambiental não
é só o meio ambiente: está profundamente
ligada à nova pobreza, contra a qual o Bra-
sil terá que aprender a lutar.
O GLOBO: O que fez a ActionAid passar a pensar
em estratégias também para ajudar comunidades
a não serem atingidas pelos desastres naturais?
ADRIANO CAMPOLINA: Nosso foco sempre foi o
combate à pobreza, mas fomos percebendo que a
forma como se faz isso precisava mudar. Essa
questão ambiental começou a ficar muito mais
aguda recentemente. É mais ou menos assim:
podemos fazer um trabalho junto aos agricultores,
envolvendo mais as mulheres no processo,
ajudando a fazer uma agricultura mais sustentável.
Mas, e se não chove? E se chove demais? E se vem
uma tsunami? Em 2008 tivemos uma crise
financeira mas também uma crise climática muito
forte, com mais incêndio, secas, enchentes,
desastres naturais com os quais não estávamos
habituados. E começamos a perceber, no trabalho
feito com as próprias comunidades, o drama do
impacto causado pelas mudanças climáticas. A
4 ● Razão Social
crise financeira traz o desemprego, mas a crise
ambiental tira o território porque a casa inunda e a
pessoa passa a não ter o que comer porque não há
como produzir alimentos em terrenos .
O GLOBO: E esse tipo de situação dramática
acaba sempre prejudicando os mais pobres, não?
CAMPOLINA: Na verdade, clima e poder estão
muito relacionados. Você vê: quem são os mais
vulneráveis quando tem enchentes? São os que
moram na beira do rio ou em favelas. Mas eles só
moram aí porque não têm dinheiro para comprar
uma casa mais para cima. Tem um exemplo
recente que pode ilustrar bem essa vulnerabilidade
dos mais pobres: veja o terremoto que aconteceu
no Japão e o terremoto que aconteceu no Haiti. O
do Japão foi mais forte e morreu menos gente do
que no Haiti. Estive em Porto Príncipe uma semana
depois do terremoto: a cidade caiu. E o poder do
país tanto para negociar com os doadores como
para ajudar a população é muito menor. Mas essa é
só uma faceta dessa relação de natureza e poder,
há outras.
O GLOBO: Quais são as outras facetas?
CAMPOLINA: O acesso aos recursos, por exemplo.
Quem tem mais acesso aos recursos para diminuir
sua vulnerabilidade e ficar mais resistente àquela
situação são, justamente, as pessoas que precisam
menos. O fazendeiro que tem dez mil hectares de
soja tem mais recursos próprios e acesso aos
recursos públicos com mais facilidade do que o
agricultor do semiárido que tem 10 hectares.
O GLOBO: Bem, não me parece que essa seja uma
questão muito fácil de resolver. Como a ActionAid ao invés de plantar só feijão, é possível buscar
pretende se envolver nisso? sistemas mais diversificados, que tenham plantio de
CAMPOLINA: Antes de mais nada, nós queremos várias espécies de plantas. Se você diversifica, a
trabalhar, sempre junto com as comunidades, para chance de sucesso é maior e, por outro lado, a
tentar diminuir sua vulnerabilidade às mudanças produção sustentável, por si mesma, aumenta a
climáticas. Primeiro, buscando formas de produção resiliência. Sabe aquela velha história do cesto
que sejam menos suscetíveis. Como por exemplo: cheio de ovos? Se você põe todos os ovos num
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
m geram exclusão’
Simone Marinho
companheiro que tem os mesmos direitos.
O GLOBO: Esse tipo de produção diversificada na
agricultura é cada vez menos comum, não?
CAMPOLINA: Mas é muito importante para todo
mundo que os pequenos agricultores lutem para
continuar preservando seus pedaços de terra e
produzindo, mesmo sofrendo uma pressão danada
por parte daqueles que querem só plantar
eucalipto, por exemplo. Porque quanto menos
diverso é o ecossistema, mais vulnerável ele fica às
enchentes e secas. A ironia de tudo é que, ao ficar
vulnerável, quem sofre mais não é o eucaliptal ou
“
o dono do eucaliptal: é aquela comunidade
porque ela já é excluída, já está numa região de
maior vulnerabilidade, de maior exclusão. É
exclusão antiga, de 500 anos: vêm os filhos dos
fazendeiros querendo mais terra e vão jogando os
produtores para os cantos. Quando tem uma chuva
violenta, o que acontece? A sede da fazenda vai
muito bem, a não ser em casos extremos, claro.
Onde é que você vai ver desmoronamento, onde
O fazendeiro que não vai passar mais carro? Naquela estradinha
tem dez mil vicinal. A estrada boa, em geral continua boa.,
Aquele cara que está lá resistindo, produzindo seu
hectares de soja milho, seu leite.. quando vem o desastre climático
tem mais recursos é ele o primeiro que vai ficar sem renda. Porque o
caminhão da cooperativa não consegue chegar lá
próprios e acesso para comprar o leite, porque o feijão vai estragar,
aos recursos porque a erosão na terra dele é maior porque o
pobre vai para a pirambeira enquanto o o
públicos com mais agricultor rico vai para o platô.
facilidade do que o
agricultor do O GLOBO: Você fala em crise alimentar, o diretor
do Banco Mundial, John Briscol, fez um alerta
semiárido que tem sobre isso em pronunciamento no início do mês.
dez hectares. Quais são as causas dessa crise?
CAMPOLINA: Uma delas é a concentração de
Adriano Campolina mercados do alimento. Você tem hoje — no
mundo inteiro, não é só aqui no Brasil — uma
cesto só e ele cai no chão, perde tudo. Já se você concentração nos setores. Desde a venda das
distribui em dois cestos, o prejuízo será menor. sementes para o agricultor até a venda de insumos
Trabalhamos também a questão do manejo, o para o agricultor; desde o recolhimento da
aproveitamento da água da chuva e, produção do agricultor até a transformação, o
principalmente, trabalhamos no sentido de agregar valor e depois distribuir isso para o varejo.
organizar as pessoas para que elas percebam que Todos esses setores se concentraram. Você tem
têm direitos e que possam ver o vizinho como um hoje muito menos produtores de sementes, muito
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
menos produtores de insumos e muito menos
supermercados, com o argumento de que,
concentrando, a comida vai sair mais barata. Mas,
no fim das contas, essa concentração leva a um
poder de barganha das empresas tão grande que
elas conseguem comprar mais barato do agricultor
e vender mais caro para o consumidor. A outra
causa é o aumento da demanda, mesmo. O fato de
você ter incluído no Brasil, China e Índia, muito
mais pessoas que aumentaram a procura por
alimentos. E tem ainda o aumento da demanda de
alimentos para fazer combustível. E a questão
climática, com os desastres naturais diminuindo o
espaço da produção agrícola.
O GLOBO: O relatório do IPCC, em 2007, ajudou a
ActionAid a mudar sua estratégia?
CAMPOLINA: Sem dúvida. O Protocolo de Kioto
era quase só uma agenda ambiental, o IPCC abriu
os nossos olhos no sentido técnico. Mas as próprias
comunidades foram nosso principal termômetro.
Quando visitávamos para oferecer possibilidades
de ajuda, em vez de as pessoas trazerem só
questões como falta de estrada ou de emprego,
começamos a ouvir que a safra tinha sido perdida
por causa de seca ou enchente.
O GLOBO: Seus apoiadores estão de acordo com
essa necessidade de mudar a estratégia?
CAMPOLINA: Com certeza. A sustentabilidade
virou uma questão da sociedade. E a gente quer
trabalhar com campanhas, vincular o tema da
pobreza com o tema ambiental. O Brasil começa a
superar a pobreza, mas vai passar pelo desafio da
pobreza da exclusão gerada pelas mudanças
climáticas. Se a temperatura no Nordeste aumentar
em 3 graus, como está previsto num relatório feito
pela Embrapa, a área de feijão vai diminuir
profundamente,ou seja, aumenta muito a
possibilidade de quebrar a safra do feijão. Assim
também no semiárido, na Caatinga, que são
justamente as áreas que mais sofrem. Estamos
trabalhando com esse cenário, em mitigação e
adaptação. Porque já estamos no meio da crise,
começando a sofrer os efeitos. Se for olhar a
recorrência desses fenômenos, já não parece mais
um ponto fora da curva.
Razão Social ● 5
Moda
Por trás do glamour, deba
Camila Nobrega
camila.nobrega@oglobo.com.br
Acostumado com o dia a dia da negociação de pe-
les exóticas para serem transformadas em artigos de
luxo, como bolsas e sapatos, entre outros, Adilson
Mendes se surpreendeu com a onda de protestos de
consumidores nas redes sociais contra a grife Arezzo,
no mês passado. A empresa pôs nas lojas sapatos
adornados com peles de coelhos e raposas e abriu
assim uma enorme discussão sobre direitos dos ani-
mais, biodiversidade e a imagem de empresas que
usam produtos com adornos que precisam de sacri-
fício animal. Frente à polêmica, a Arezzo tomou um
atitude radical: recolheu os produtos, que faziam par-
te da coleção de inverno Pelemania, afirmando, no
entanto, que todas as peles eram de origem legaliza-
da e certificada. Mas a discussão gerada entre con-
sumidores, pessoas que trabalham no ramo e defen-
sores do bem-estar animal, está longe de ter fim.
Para Mendes, por exemplo, atual representante de
uma empresa que importa peles de coelho e as re-
vende para grifes nacionais, os protestos foram sem
sentido. Na página oficial da Arezzo no Facebook, os
consumidores postaram mais de quinhentos comen-
tários criticando a coleção Pelemania. E o assunto fi-
cou entre os mais comentados do Twitter durante
duas semanas. Um paradoxo social, segundo Men-
des. Ele, que foi criador de chinchilas para venda da
pele no mercado nacional e possui até um site sobre
o assunto (chinchila.com.br), lembra que o produto
só existe porque há demanda e a criação dos animais
em cativeiro é permitida pela legislação nacional. No
caso dos coelhos, os criadouros costumam usar a pe-
le dos animais que são abatidos para alimentação hu-
mana. Mas, no caso das chinchilas, a criação é essen-
cialmente voltada para comercialização da pele:
— Os criadores se adequaram, porque essa discus-
são existe há pelo menos 40 anos. Todos são legali-
zados e os animais têm que ser bem tratados. Não há
motivo para usar produtos de couro, e não usar peles
exóticas. Além disso, aposto que muitas dessas pes-
soas usam carros altamente poluidores e produtos
que acabam com a biodiversidade animal, mas estão
apontando o dedo para as peles.
Segundo Mendes, a redução dos maus-tratos no se-
tor não responde apenas a uma lógica social, mas
também econômica. Se o animal foi maltratado, a pe-
le pode ser de menor qualidade. Para agradar à alta
classe de consumidoras de casacos de pele do ani-
mal, são necessárias cerca de 200 chinchilas em con-
6 ● Razão Social
dições mais ou menos uniformes. E, de acordo com
ele, as grandes marcas exigem dos fornecedores
boas práticas nesse sentido, porque sabem que po-
dem ser questionadas lá na frente.
A Arezzo não contava com uma reação tão forte
envolvendo questionamentos sobre maus tratos aos
animais, resposta provocada, possivelmente, pela
onda de preocupação ambiental que tem se tornado
cada vez maior. Isso fica claro com as declarações
do presidente da empresa, Anderson Birman (ele
não quis dar entrevista para esta reportagem), que
disse não ter entendido o motivo da revolta dos con-
sumidores e fez questão de ressaltar que os produ-
tos eram de origem legal e certificada. Ele ainda
acrescentou: se era o que todos queriam, os produ-
tos seriam retirados. Em vez de acalmar, os ânimos
se exaltaram ainda mais.
Logo que pôs nas vitrines das lojas os quatro pro-
dutos da coleção Pelemania, a grife foi bombardeada
pelos internautas. “Que feio usar peles de animais.
Não esperava isso de vocês”, disse uma das segui-
doras da grife no Twitter. “Nunca mais compro nada
nas lojas da Arezzo”, postou outra consumidora,
dessa vez na página do Facebook, acendendo assim
um alerta vermelho para o orçamento da corpora-
ção. Logo veio a resposta. A Arezzo divulgou um co-
municado oficial à imprensa e na própria página do
Facebook, avisando que iria recolher das lojas os
produtos da coleção Pelemania.
No informe final, que ainda está disponível no en-
dereço facebook.com/arezzo.oficial, a grife afirma:
“Em respeito aos consumidores e por acreditar na
pluralidade das opiniões, a Arezzo reitera que não
comercializará mais em suas lojas qualquer produto
com pelo de animais. Para que não pairem dúvidas,
a empresa determinou também a suspensão da ven-
da de produtos com pelo sintético, finalizando de-
finitivamente o tema Pelemania nas nossas lojas.”
Na verdade, a Arezzo deve ter se espelhado em
outros exemplos que não provocaram tanto ruído.
Afinal, o uso de peles exóticas tem sido comum no
mundo da moda. Nas edições de inverno de 2011 dos
principais eventos de moda no Brasil, por exemplo,
muitas marcas desfilaram peles em suas coleções e
foram amplamente noticiadas, sem terem sido alvos
de protestos. O estilista Samuel Cirnansck desfilou
na passarela casacos feitos com pelo de coelho e ou-
tros sintéticos. Victor Dzenk usou pele de chinchila.
Já Patrícia Viera, acostumada a produzir peças de
couro de animais criados somente para abate, usou
pele de cabra da Mongólia. E Carlos Miele e Giulia
Borges também apostaram nos pelos de animais.
O Brasil não apenas importa, como exporta uma
grande quantidade de peles. No site do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, consta
que, em 2010, o país exportou US$ 29 milhões em pe-
leteria. Isso inclui desde pele em bruto, curtida, peda-
ços, até vestuários e artefatos com pele, sem discrimi-
nação por espécie animal. Só na Associação Nacional de
Criadores de Chinchilas (Achila), há mais de 400 esta-
belecimentos cadastrados.
Ou seja: ao contrário do que muitos internautas pre-
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011

ate sobre a vida animal
garam nas redes sociais, não se trata de um mercado
negro, ou sequer informal. A maior parte desses cria-
dores é legalizada, registrada e está até aberta a visi-
tação. É o que explica o analista ambiental do Ibama,
Carlos Lusada:
— Os criadores precisam ser autorizados pelo go-
verno do estado em que estão localizados e também
pelo Ibama. Mas, se estiver tudo certo, não é crime
criar animais em cativeiro para uso das peles. O dia
em que o Congresso Nacional resolver proibir, o Iba-
ma vai fiscalizar e punir. Mas, hoje, o que fazemos é
acompanhar as condições legais dos criadouros.
Lusada garantiu que a criação de animais em ca-
tiveiro cujo fim é a comercialização das peles não
tem impacto algum na biodiversidade. As empresas
são obrigadas por lei a usar animais como matriz, e
só vender aqueles nascidos por reprodução assisti-
da, em cativeiro. Ainda segundo o analista, o Ibama
é responsável apenas pelos criadores nacionais de
animais silvestres. Nesse quesito, o Brasil se atém
principalmente aos jacarés, também usados para fa-
bricação de artigos de luxo.
Já as peles de raposas são sempre importadas,
pois não há criadores nacionais. Nesse caso, o Iba-
ma fiscaliza apenas a documentação. O mesmo ocor-
re com outros animais, como cobras. Na prática, se
a legislação do país exportador permite a atuação
daquele criadouro, o Brasil pode importar. E aí, a
questão do bem-estar animal depende do tratamen-
to cobrado — ou não — por cada nação.
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
Sobre os animais abatidos para servir de alimenta-
ção humana, quem responde é o Ministério da Agri-
cultura. Até hoje, está em vigor o decreto 24.645, que
data de 1934 e serve de base para a criação de animais.
Lá estão exigências, como as de o animal não passar
fome, ser transportado de forma correta, sem gerar es-
tresse desnecessário, e não sofrer maus-tratos. E há
também a Instrução Normativa nº3, que obriga a im-
plementação do abate humanitário. Segundo a direto-
ra da Comissão de Bem-Estar animal do ministério, An-
dréa Parrilla, trata-se de garantir que os animais não
sofram na hora de morrer:
— O animal não pode estar sensível na hora do
abate. Isso é o mínimo que se pode exigir. Nossos
fiscais atuam diretamente nos frigoríficos e, se a em-
presa não cumpre a lei, é multada, recebe um auto
de infração e assim por diante.
Nessas normas são amparados bovinos — cujo
couro também é usado para fabricação de bolsas,
sapatos, casacos e outros acessórios — suínos, aves
e também os coelhos, muito usados para fabricação
de casacos e sapatos. Já as chinchilas...
— Se o Ibama não responde por elas, me parece que
as chinchilas estão à sombra. É um animal considera-
do doméstico, e a Agricultura é responsável apenas pe-
los animais que se destinam à alimentação.
Como cães e gatos, as chinchilas entram num limbo.
Em defesa delas, surgem, no entanto, as ONGs como a
Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, sigla em
inglês), que acompanham a questão bem de perto e não
se atêm às legislações dos países. É o que explica a ge-
rente de campanhas da instituição, Ingrid Eder, que se
Arquivo
surpreendeu positivamente com a reação dos brasilei-
ros após o lançamento da campanha da Arezzo:
— É tudo legalizado, é o que os produtores e as
grifes argumentam. Mas, será que precisamos matar
animais, apenas para colocar um pomponzinho no
sapato? É uma discussão que precisamos ampliar, e
que está acontecendo no mundo todo. O Brasil é o
segundo maior exportador de chinchilas.
Ingrid ressaltou que cães e gatos, embora ainda
sofram maus-tratos, são mais protegidos, por serem
os mais domesticados. Ela lembrou, porém, que não
apenas os animais fofos devem ser bem tratados. Os
bois, por exemplo, têm previsto o abate humanitá-
rio, mas isso nem sempre acontece. E eles fazem par-
te da mesa do brasileiro diariamente, além de vira-
rem matéria prima para artigos de moda.
Para os que estão se perguntando sobre uma al-
ternativa, Ingrid as tem na ponta da língua: couro ve-
getal ou materiais sintéticos. Há quem diga que
substituem perfeitamente as peles. Outros garantem
que não.
E voltamos à discussão inicial.
Peles sintéticas e couro
vegetal são alternativas
No mundo todo, sociedades protetoras dos animais
pedem a empresas e consumidoras para optarem por
alternativas às peles exóticas. No Brasil, ONGs argu-
mentam que, com o inverno tropical ameno, as peles
poderiam até ser abolidas. Outra opção é o uso de peles
sintéticas, produzidas pela indústria têxtil. Atualmente,
há imitações muito boas da pele animal. E consumido-
ras que afirmam que são mais leves, práticas e fáceis de
cuidar. No que diz respeito ao couro de boi, também há
opções. O couro sintético é uma delas. Mas, segundo
especialistas, ele tem um porém, é feito de PVC, um de-
rivado do petróleo. Já, se ouvir falar em couro ecoló-
gico, não se engane. Não quer dizer necessariamente
que poupa os animais. Muitas vezes, trata-se de couro
de origem animal, mas produzido por uma empresa que
polui menos durante a fabricação. Por fim, os conside-
rados mais ecológicos de fato são os couros vegetais,
feitos a partir da borracha das seringueiras. Basta per-
guntar aos vendedores, antes de comprar.
Razão Social ● 7
Oportunidade
Martha Neiva Moreira
martha.moreira@oglobo.com.br
Érica Oliveira, 25 anos,
acordou por volta das 7h na
sexta-feira passada para mais
um dia de tarefas do lar: cui-
dar do bebê, fazer almoço e
jantar, arrumar a casa, entre
outras funções domésticas.
Moradora do Morro dos Mi-
neiros, no Complexo do Ale-
mão, ela ficou surpresa, po-
rém, ao sair de casa e perce-
ber que havia quatro tendas
armadas com mulheres se ma-
quiando na sua rua. Não per-
deu tempo. Foi até lá para ver
o que era. As maquiagens, ela
já conhecia: eram da Natura.
Já viu amigas vendendo. As
tendas foram novidade. E são
mesmo. Fazem parte de uma
estratégia recente da Natura
batizada de “Projeto Comuni-
dade”. O objetivo é cadastrar
novas consultoras em comu-
nidades de baixa renda da ci-
dade. Com Érica funcionou
em cheio. Depois de ir e voltar
três vezes em casa, ela resol-
veu fazer o cadastro e se tor-
nou mais uma entre as 1.033
mil consultoras já cadastra-
das pela empresa no país. Vai
receber um kit demonstração,
alguns produtos Natura, e te-
rá que desembolsar pouco
mais de R$ 300.
— Cuido da casa e do bebê.
É uma oportunidade de eu ter
um dinheiro só meu — disse.
O projeto começou a funcio-
nar recentemente e a empresa
ainda não tem a quantidade de
novos cadastros. Mas uma ino-
vação nesta estratégia vai faci-
litar que a Natura alcance sua
meta: atingir o universo de pes-
soas que moram em comunida-
des no Rio. Além das tendas
com atrações culturais e cursos
rápidos de maquiagem, cabelei-
reiros etc, a companhia criou
uma linha de microcrédito, em
parceria com o Santander. Os
juros são de 2% e a fatura pode
ser paga de forma parcelada.
A de Jaciara Azevedo, 43
anos, será em quatro vezes.
8 ● Razão Social
Comunidades em
paz, negócios em alta
Ela pediu um empréstimo de
R$ 500 (valor máximo). Com o
dinheiro, comprou produtos e
pretende vendê-los para con-
seguir pagar uma dívida e lim-
par o nome no Serviço de Pro-
teção ao Crédito (SPC). Ela ga-
nhou também uma conta no
banco, mas como sua dívida
ultrapassava o valor do em-
préstimo, teve que encontrar
um avalista. Esta é a regra.
Chamou uma amiga, que pe-
diu R$ 300 e também se tor-
nou consultora. As duas jun-
tas pediram R$ 800.
— Mesmo com os juros va-
le a pena, pois vou vender os
produtos e poder ganhar
uma renda a mais para pagar
o que devo — contou Jacia-
ra, que vai participar de um
curso de orientação financei-
ra promovido pela empresa
onde vai aprender a contro-
lar seus gastos e gerenciar o
Fotos de Carlos Ivan
AS TENDAS no
Alemão
oferecem
atrações além
da oportunidade
para mulheres
como Erica
Oliveira se
tornarem
consultoras
estoque de produtos.
Depois de fazer o cadas-
tro em uma tenda na Cidade
de Deus, onde mora, Jaciara
foi encaminhada a uma
agência do Santander para
abrir a conta. Recebeu, ao fi-
nal, um carnê com as quatro
parcelas para pagar, no va-
lor de R$ 220.
Até o mês passado, pes-
soas com nome sujo na pra-
ça não podiam ser consulto-
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
ras da Natura. Mas a empresa
teve que flexibilizar para con-
seguir abocanhar consultoras
da base da pirâmide, como ex-
plica Luis Bueno, diretor re-
gional da companhia:
— Há um ano estudamos o
perfil dos moradores das co-
munidades de baixa renda do
Rio. A pesquisa que fizemos
mostrou que a maioria das
mulheres não tem trabalho
formal e tem nome no SPC. Ou
seja, não existem para o mer-
cado de trabalho e, muito me-
nos, para bancos. Mas desco-
brimos também que não fa-
zem dívida por má fé, mas por
falta de conhecimento. E, co-
mo não têm conta em banco e
nem trabalho, o fato de esta-
rem no SPC não afeta a vida
delas. Resolvemos, então, fle-
xibilizar e dar a oportunidade
para elas também de serem
nossas consultoras.
Se, para mulheres como Ja-
ciara e Érica, vender Natura é
uma possibilidade de ter uma
ou mais fontes de renda, para
a empresa, atrair pessoas co-
mo elas é uma oportunidade
de negócio. As tendas dão vi-
sibilidade à marca para um
novo público consumidor
que, na opinião de Bueno, es-
tá em pleno processo de res-
gate da cidadania em função
da pacificação de algumas co-
munidades. Embora a empre-
sa não divulgue o valor do in-
vestimento no projeto, dá pa-
ra se ter uma ideia do retorno
pelo potencial de pessoas que
podem ser atingidas por ele:
dois milhões, segundo dados
da Natura.
NATURA www.natura.net
 DPZ
RAIMUNDA

D. RAIMUNDA É
A GENTE PODE A PROVA DE QUE
mEnos a EsPErPERDER TUDO NA VIDA,
anÇa.
D. Raim unda tinha 17 an
O tráfico també os quando entr
m levou dois fil ou para o tráfico
hos seus. Mas, no Morro da Pr
o que passou e co m ovidência.
tocar a vida para o el a diz, o importan
SESI Cidadania fren te. Aos 58 anos te é esquecer
: inglês, espanh ela obteve quat
a vida das pess o l, informática e ro diplomas no
oas é o trabalho educação orçam
em parceria co do SE SI Cidadania, um en tá ria . Transformar
m o setor públic a iniciativa do Si
transformador, o nas comunid stema FIRJAN
que promove ci ades com UPPs.
sobretudo espe da da nia, educação e É um tr abalho
rança. O Sistem qualidade de vi
vida de pessoas a FIRJAN tem gr da. Promove
como a D. Raim ande orgulho de
unda, informan estar presente
do, formando, na
transformando
.

Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO

informa, forma, transforma. Razão Social ● 9
Capa
Trabalho digno em cons
Parceria público-privada empregará resgatados de trabalho
análogo à escravidão em estádio da Copa em Cuiabá
Camila Nobrega
camila.nobrega@oglobo.com.br
EnviadaespecialaCuiabá(MT)
Se não fosse pela promessa de trabalho anunciada
pelo Ministério do Trabalho e Emprego na comuni-
dade de Chumbo, provavelmente teríamos andado
muito até conseguir um único depoimento para esta
reportagem. Estamos na cidade de Poconé, interior
do Mato Grosso, procurando pessoas resgatadas de
trabalho análogo à escravidão. O assunto, árido, é
muito entranhado na vida de famílias inteiras do vi-
larejo, mas é difícil achar quem fale abertamente so-
bre ele. A expressão ecoa silenciosa naquelas ruelas
de terra batida e esburacada. Mas cerca de trinta
rostos ansiosos estavam a postos, na porta da única
escola de Chumbo, quando chegamos por lá. Eles se
enfileiravam em busca do emprego que veio no pa-
cote de um projeto, parceria entre o MTE e as cons-
trutoras Santa Bárbara Engenharia e Mendes Júnior.
Queriam fazer parte do time de 25 egressos do tra-
balho escravo que vão participar da construção de
um dos estádios da Copa do Mundo de 2014, em
Cuiabá daqui a duas semanas. Para eles, mais do que
pôr de pé um símbolo de orgulho local, a oportuni-
dade é de reerguer a própria dignidade.
Um dos candidatos já aprovados pela seleção fei-
ta pelo MTE é Nivaldo Inácio da Silva, de 38 anos,
que a partir do dia 18 de maio vai ter sua carteira de
trabalho assinada pela primeira vez por conta do
projeto, que faz parte da Ação Integrada da superin-
tendência do MTE no Mato Grosso. Nivaldo vai ser
empregado no consórcio das construtoras respon-
sáveis pelo estádio, que leva o nome de Arena Pan-
tanal. Ele passou por uma situação degradante de
trabalho no mês passado. Junto com outros 35 mo-
radores de Poconé, foi atraído por um gato (alicia-
dor de mão de obra) de uma fazenda de plantação de
algodão, do município de Primavera, a cerca de 180
km dali. Eles alugaram um ônibus por conta própria
para chegar à fazenda, mas Nivaldo contou que não
esquece o momento em que o gato abriu a porteira,
e os levou, no escuro, para um alojamento:
— Era um breu. Só dava para ver que tinha um
galpão grande, e muita gente. Quando coloquei meu
colchonete no chão, senti um cheiro muito ruim e vi
10 ● Razão Social
que tinha uma lama embaixo — de olhos fechados,
Nivaldo contorcia o rosto numa careta, enquanto
continuava a contar sua história — Quando come-
çou a clarear, eu vi os porcos perto de nós. Foi aí que
entendi. Estávamos numa pocilga. Era o que chama-
vam de alojamento. Me senti muito humilhado.
Nivaldo e os outros trabalhadores capinavam fi-
leiras de cerca de 3,5 km de algodão por dia, para
ganhar R$ 10. Não tinham direito à água potável ou
local para tomar banho e tinham alimentação pre-
cária. Em alguns dias, somente arroz e feijão frios
eram servidos. Quando havia carne, geralmente era
de tatu, extremamente malcheirosa. Nem banheiro
havia na fazenda, que, nesse caso, respondia por
mais de uma característica que configura trabalho
análogo à escravidão. Havia ali trabalho exaustivo,
degradante (desrespeitando os direitos humanos) e
ainda alojamento precário. Por isso, os funcionários
resolveram se juntar e denunciar a fazenda. Junta-
ram dinheiro e enviaram um deles à cidade. O em-
pregador descobriu e mandou todos de volta a Po-
coné em um ônibus, para fugir da fiscalização. Mas,
na semana seguinte, o Grupo Móvel de Combate ao
Trabalho Escravo do MTE esteve no local e se de-
parou com as condições de alojamento. A fazenda
foi autuada.
Esse foi o pior caso, segundo Nivaldo, mas não o
primeiro pelo qual passou. E, se não houvesse outra
opção, provavelmente não seria o último. O cenário
de Poconé é de um vilarejo tomado pela poeira ver-
melha que jorra do chão rachado pelo calor, com a
passagem de bicicletas, o principal meio de transpor-
te local. As casas, quase uniformes, alinhadas lado a
lado com tijolos aparentes e varaus quase vazios,
mostram que ali a escassez é palavra fácil e o lema é
a sobrevivência. Não há sinal de desenvolvimento,
nem de emprego, a não ser uma usina de álcool pró-
xima, a Alcopan, onde quase todos os moradores já
trabalharam. Mas, como muitos empregadores na re-
gião, a empresa também já foi autuada por irregula-
ridades trabalhistas.
Por isso, os trabalhadores estão na expectativa pa-
ra saber como será a construção da Arena Pantanal.
Além de serem contratados formalmente, eles terão
direito a uma capacitação oferecida pela empresa, já
que nunca atuaram na construção civil. Como os de-
mais funcionários da concessionária, terão direito a
alojamento e refeições (café da manhã, almoço e jan-
tar). E o salário está sendo fechado, mas será em torno
de R$ 680. Haverá também aulas de alfabetização por
um ano. Eles só sabem assinar os próprios nomes, e
nem todos têm documentos. Segundo Manuel Louri-
val, de 42 anos, porém, por enquanto, eles ainda estão
“cabreiros”, como ele mesmo fala. Manuel diz que só
acredita nessas condições, vendo:
— Sei como são essas promessas, então vou esperar
chegar a hora, para saber se é tudo verdade. É chato ter
que ir pra Cuiabá e ficar longe da família. Mas aqui não
tem emprego, eu ia acabar noutra fazenda. E bem quero
aprender a juntar as letrinhas (risos) — disse ele, um dos
que fez questão de dar entrevista dentro da escola de
Chumbo, mesmo sem nunca tê-la frequentado.
Manuel foi resgatado pelo Grupo Móvel há quase dois
anos, e desde então está cadastrado na superintendência
do MTE no Mato Grosso, para participar da chamada
Ação Integrada, cujo objetivo é reinserir os egressos de
trabalho escravo no mercado de trabalho, com condi-
ções dignas. O trabalhador, no entanto, é um dos mais
desconfiados de qualquer tipo de empresa. Desconfia até
dos benefícios do trabalho do Grupo Móvel. Quando foi
resgatado, ganhava em torno de R$ 900 numa usina de
álcool cujo nome não se lembra (ele já passou por muitas
parecidas) e, embora fosse submetido ao trabalho exaus-
tivo com condições péssimas de alojamento, não se quei-
xa. Acha que é o normal.
Segundo o superintendente do Trabalho e Emprego
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
 Camila Nobrega
strução
Escravidão do
século XXI
A lei 10.803, de dezem-
bro de 2003, modificou o
artigo 149 do Código Penal
Brasileiro, trazendo alte-
rações ao conceito de tra-
balho escravo. Até então,
era difícil punir empresas,
pois a expressão estava li-
gada apenas ao cercea-
mento da liberdade de ir e
vir. Com a nova lei, surgiu
uma definição nova, que
hoje é chamada de condi-
ção análoga à escravidão.
Pode ser relativa a traba-
lho exaustivo, não cumpri-
OBRAS do mento dos direitos huma-
estádio nos, servidão por dívida e
terminarão condição degratante, co-
mo alimentação e aloja-
em 2012
mento precários.

do Mato Grosso, Valdiney Arruda, é comum que os
egressos de trabalho análogo à escravidão saibam
muito pouco sobre seus direitos trabalhistas e aceitem
abusos como parte da cultura regional. Esse foi o prin-
cipal motivo que o levou a idealizar uma parceria pú-
blico-privada que pudesse dar uma nova oportunida-
de a essas pessoas. É a maior ação pública neste sen-
tido em todo o Brasil, segundo o próprio MTE. Para
Valdiney, a Ação Integrada é uma forma de dar aos
egressos noções reais de cidadania:
— Se não há inclusão pelo trabalho, após o resgate,
eles ficam vulneráveis novamente. E a parceria públi-
co-privada funciona bem para trabalhadores e para as
empresas que os recebem. É uma ação de responsa-
bilidade social que dá visibilidade, e, em geral, eles são
bons funcionários, porque estão recebendo um trata-
mento que não conheciam. É um projeto piloto, que
pode ser ampliado para outras regiões do país.
O superintendente já deu até palestra sobre o as-
sunto na Organização Internacional do Trabalho,
que nos últimos anos tem reconhecido o esforço do
Brasil para combater o trabalho escravo. O progra-
ma do Mato Grosso entrou em prática em 2009 e até
hoje mais de vinte empresas locais já receberam
egressos. O apoio para alojamento, em alguns casos,
vem da Pastoral da Terra de Cuiabá, que abre seus
alojamentos para trabalhadores que tenham sido
deslocados da cidade natal.
Foi lá que Carlito da Silva Leite, de 29 anos, foi re-
cebido, enquanto fazia uma capacitação em eletricida-
de, no ano passado. E foi na Pastoral também que nos
recebeu para a entrevista. Carlito havia sido resgatado
da usina Bio Auto, localizada no município de Mutum, a
400km de Cuiabá. Lá, ele trabalhava na plantação de pi-
nhão manso, para produzir biosiesel. O produto é um
dos supra sumo no que diz respeito aos combustíveis
verdes. E comumente é chamado de sustentável. Mas o
braço social da usina era precário. Carlito passou nove
meses numa rotina exaustiva de trabalho, não tinha co-
mida nem alojamento dignos. Mas, depois disso tudo,
foi um dos primeiros beneficiados pelo programa do
MTE no Mato Grosso. E hoje ganha cerca de R$ 1.200,
com carteira assinada, numa companhia que cuida da
iluminação pública de Cuiabá.
— Quando assinaram minha carteira, nossa, foi
muito bom. É muito humilhante ser tratado como
um...um..., você sabe, tipo um escravo — disse ele,
pedindo um minuto para atender a uma chamada no
celular, embalada pelo toque de Bruno e Ramalho,
ídolos da música sertaneja local. — Agora eu posso
ter celular e tenho rádio em casa também.
O recomeço, no entanto, não é fácil. Por isso, os
egressos que vão trabalhar na construção do estádio
ficarão por algumas semanas na Pastoral, até que os
alojamentos da empresa fiquem prontos. Lá eles rece-
berão acompanhamento de profissionais e terão pales-
tras sobre cidadania. Por enquanto, quem está arru-
mando as malas são os 25 da primeira leva de contra-
tados, que começa daqui a duas semanas. Mas está pre-
visto que haja outras turmas. Segundo o gerente de con-
trato do consórcio Santa Bárbara Engenharia e Mendes
Júnior, Eymard França, cerca de cem egressos farão par-
te da construção da Arena Pantanal até a inauguração:
— Além de egressos, temos ex-detentos conosco. São
12 atualmente. Todos eles, junto com os demais funcio-
nários e a comunidade do entorno da obra, terão aces-
so a capacitações. Já formamos a primeira turma de
carpinteiros este ano. Não podemos obrigar ninguém,
depende muito da vontade que cada pessoa tem de
crescer. E a ideia é abrir vagas também para mulheres
este ano. Faltam empregos para elas na região.
Em visita ao local, não tivemos acesso às insta-
lações das obras, pois o contrato com o MTE ainda
estava sendo firmado. De fora, foi possível perce-
ber que alojamentos estão sendo erguidos para os
funcionários. Um operário que estava trabalhando
no local e não quis ser identificado afirmou que as
refeições e o tratamento dado aos funcionários são
satisfatórios. Ele e os companheiros usavam equi-
pamento de proteção e uniforme, previsto em lei. A
Arena Pantanal, ou novo Verdão, como é conhecida
em Cuiabá, tem previsão de inauguração para de-
zembro de 2012 e fica localizada no centro da ci-
dade. É uma das meninas dos olhos do estado.
Continua na página 12
O GLOBO NA INTERNET
VÍDEO Depoimentos dos trabalhadores
oglobo.com.br/blogs/razaosocial

Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO Razão Social ● 11

Capa
“Mudança está nas empresas”
Camila Nobrega
camila.nobrega@oglobo.com.br
Desde 2003, quando houve mu-
danças na legislação e o trabalho
análogo à escravidão pôde ser
bem definido juridicamente, o au-
ditor fiscal do Ministério do Tra-
balho e Emprego (MTE) Marcelo
Campos acompanha diretamente
a tentativa do país de erradicar o
problema. Hoje ele trabalha em
Minas Gerais, após seis anos à
frente do Grupo Móvel de Com-
bate ao Trabalho Escravo. Um
dos maiores especialistas no as-
sunto, Campos afirma que capa-
citação é só uma forma de redu-
zir esses casos. Para ele, o cerne
da questão é outro: a responsabi-
lidade social das empresas.
O GLOBO: Atualmente, o que é o
trabalho análogo à escravidão?
MARCELO CAMPOS: São três
circunstâncias que podem caracterizá-
lo. A primeira é o trabalho forçado,
quando há violência. O segundo caso é
a servidão por dívida, quando os
trabalhadores são atraídos e cobrados
de coisas como alimentação,
alojamento e etc. Eles ficam presos ao
patrão, sem conseguir pagar a dívida. A
terceira situação é o trabalho exaustivo,
quando trabalha-se mais de dez horas
(oito, mais duas extras aceitáveis) por
dia. Também se aplica se há muito
trabalho concentrado em poucas horas.
E, por último, vem o trabalho
degradante. Nesse caso, as pessoas têm
suprimidas as condições mínimas de
dignidade. Há casos em que não há
sequer água potável. É quando a vítima
está desumanizada.
O GLOBO:Você coordenou o Grupo
Móvel por seis anos. Lembra-se de
alguma situação que o marcou, em
12 ● Razão Social
uma das fiscalizações que
resgataram trabalhadores?
CAMPOS: Mais de um. Você não
imagina o que é um alojamento
precário no setor sucroalcooleiro, por
exemplo. Há galpões pequenos onde
já vi até 200 pessoas se apertarem
para viver. Já abri a porta e tive
vontade de vomitar. Muitos chegam a
ser pior que um galinheiro. É muito
impactante quando há presença de
mulheres e crianças. Já as encontrei
em currais e pocilgas.
O GLOBO: O motivo de uma pessoa
se submeter a essas condições é
exclusivamente a necessidade de
trabalho?
CAMPOS: A necessidade e a falta de
conhecimento dos seus direitos, como
ser humano. Nem todos gostam, por
exemplo, da chegada do Grupo Móvel.
Muitos não veem esse tipo de situação
como absurda. É comum que
empregadores digam que algumas
características fazem parte da cultura
local, do campo. Mas não pode ser
justificativa. Por outro lado, há de fato a
falta de qualificação, de acesso à
educação. Muitos são analfabetos, e
Divulgação
acabam aceitando as ofertas dos gatos
e até assinando contratos, sem saber
do que se trata.
O GLOBO: Mesmo após o resgate,
não raro os trabalhadores voltam
para situações análogas à
escravidão. A forma de acabar com
este ciclo é a capacitação?
CAMPOS: Aumentar o nível de
escolaridade e dar capacitações é
uma saída. Mas não é isso que vai
acabar com o trabalho escravo. Um
cortador de cana que trabalha na
atividade há anos é uma pessoa
qualificada. E o mesmo acontece em
muitos outros setores. Ele não precisa
necessariamente ganhar qualificação
e partir para outra área. Essa pessoa
pode voltar a ser cortadora de cana,
se for contratada decentemente. Os
egressos não podem ser vitimados,
porque atividades na agricultura são
dignas, se a legislação trabalhista for
respeitada. A questão é que as
empresas precisam garantir o que é
fundamental. Não estou falando de
um trabalho suíço. São elementos
bem mais básicos, ligados à dignidade
do ser humano.
“
O poder público pune,
corta financiamentos do
BNDES e impõe multas.
Mas o grande controle é
o econômico, e pode ser
feito pela sociedade
civil. Todo mundo pode
olhar e saber o custo
social de produtos de
determinadas empresas.
O GLOBO: Como o senhor vê os
programas de reinserção, como o do
Mato Grosso?
CAMPOS: O programa do Mato Grosso
é o mais desenvolvido no país. É
importante dar oportunidade a
trabalhadores que queiram se qualificar.
Eles não ficam tão vulneráveis depois
de serem resgatados. Mas é preciso
pensar nas pessoas mais velhas, e
naqueles que simplesmente querem
continuar atuando na atividade. Não é
fácil colocar essas pessoas para
aprender outro ofício, nem necessário.
Elas são importantes na produção.
O GLOBO: E quais são as principais
ferramentas de pressão para
mudança de postura das empresas?
CAMPOS: O poder público pune, corta
financiamentos do BNDES e impõe
multas. Mas o grande controle é o
econômico, e pode ser feito pela
sociedade civil. O capital não se move
para garantir direitos por critérios
humanitários. Por isso, um bom meio
de controle é a lista suja do MTE. Todo
mundo pode olhar e saber o custo
social de produtos de determinadas
empresas.
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
 Razão & Cidadania
Desigualdade
Em 2008, quase metade das crianças
afrodescendentes de 6 a 10 anos estava
fora da série adequada, contra 40,4%
das brancas. Na faixa de 11 a 14 anos,
o percentual de pretos e pardos
atrasados subiu para 62, 3%. São dados
do Relatório Anual das Desigualdades
Raciais lançado no dia 19. Mas houve
avanços: a média de anos de estudos
das pessoas pretas e pardas acima de
15 anos passou de 3,6 anos de estudo,
em 1988, para 6,5, em 2008.
Festa cigana
Se você nunca viu uma
festa cigana, a grande
oportunidade é no
próximo dia 24, dia em
que eles comemoram
sua santa padroeira.
Este ano vai ser às 19h
no Arpoador, com o
violinista Allyrio Mello
Jr. homenageando
negros, judeus, índios e
ciganos.
A Turma da Febeca
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
Como lidar?
Pesquisa da Unesco de
2004 mostra que 39,6%
dos estudantes de sexo
masculino não gostariam
de ter um colega
homossexual. 60% dos
mestres afirmaram não
saber como lidar com essa
questão na sala de aula. O
tema será debatido
amanhã no Congresso, na
Semana de Ação Mundial.
Escola paraolímpica
O Vasco da Gama tem uma escola
paraolímpica, que visa também as
Olimpíadas de 2016, sem
esquecer as de Londres, em
2012. Já são 87 inscritos e três
modalidades: natação (o carro
chefe); futebol de 7 (para pessoas
com paralisia cerebral) e vôlei
sentado. Inscrições abertas:
paraolimpico@crvascodagama.com
ou pelos telefones 21-2176-
7328/7391.
MarciadeAlmeida
3 perguntas para
BEKELE GELETA
Bekele Geleta, secretário-geral da
Federação Internacional da Cruz
Vermelha, esteve no Brasil, semana
passada e falou à coluna com
exclusividade:
O GLOBO: Como a Cruz Vermelha fará a
migração provocada por guerras e
catástrofes naturais?
BEKELE GELETA: Procuramos fortalecer a CV em todos
os países, e nesses em que há deslocamentos em
massa,procuramos, sempre, aumentar o número de
voluntários, funcionários e parceiros internacionais com
aquele governo.
O GLOBO: Em janeiro, nas enchentes da região serrana do
Rio, a CV chegou a devolver caminhões com donativos
porque não tinha infraestrutura para organizá-los..
GELETA: O que acontece é que durante os últimos 30
anos, a CV no Brasil foi nula, não tinha uma participação
condizente com o setor internacional da entidade..
O GLOBO: E agora, o que muda??
GELETA: Houve uma troca interna geral, com um novo
presidente. Na quinta-feira fomos ao Congresso Nacional, em
Brasília, e também assinamos um acordo com o Ministério
da Integração. O governo está interessado nessa parceria, em
fortalecer a CV aqui, mas é preciso que a sociedade civil e a
mídia participem, pois sem elas, nada acontece.
DeVictorKlier
Razão Social ● 13
Parintins
Extrativistas querem
legalizar madeira
Martha Neiva Moreira
martha.moreira@oglobo.com.br
PARINTINS, AM — Na garagem de uma pequena
casa azul, quatro homens trabalham em meio à ser-
ragem suspensa no ar. Espalhadas pelas paredes, de-
zenas de ripas aguardam para serem transformadas
em cadeiras, mesas, sofás etc. pelas mãos de Domin-
gos Brasil e sua equipe de marceneiros. Entre as ri-
pas não há madeira nobre e menos de 30% têm ori-
gem legal. A situação se repete em outras 50 mar-
cenarias próximas. Reunidas, elas compõem uma es-
pécie de pólo moveleiro de Parintins, onde estamos.
Mesmo com capacidade para produzir em escala, os
donos do negócio não pensam em aumentar a pro-
dução por enquanto. Querem, antes, poder comprar
facilmente tábuas com selo de origem, exigência ca-
da vez mais frequente do mercado e nada fácil de
encontrar por ali. A madeira que usam é retirada da
mata por grupos de pequenos extrativistas, que tra-
balham quase sempre à noite, na clandestinidade.
Até pouco tempo, estar à margem da lei não inco-
modava ninguém da região, mas os ventos de mu-
dança sopraram na ilha amazônica e hoje, tanto
quem usa madeira na produção quanto quem a ex-
trai, tem um desejo comum: trabalhar na legalida-
de.
Esta consciência é nova e motivada pela noção de
Extração planejada
A técnica de manejo sustentável nada mais é
do que fazer uma extração planejada dos pro-
dutos florestais. Antes de começar é necessá-
rio realizar um inventário de espécies. Depois,
no caso da extração da madeira, faz-se o corte
de árvores respeitando diâmetro do tronco,
idade da planta, espécie e a frequência em que
ocorre numa determinada região. Só 30 anos
depois é que volta-se à mesma árvore, respei-
tando assim o ciclo natural de crescimento.
14 ● Razão Social
que a floresta vale mais em pé do que derrubada.
Diferente de quem vive nos grandes centros urba-
nos, para o morador da floresta a ideia de susten-
tabilidade faz sentido, como explica Paulo Almeida,
pesquisador do Imazon, ONG que atua na região rea-
lizando pesquisas e capacitação:
— Há 20 anos venho trabalhando na região ama-
zônica e observo que o êxodo que havia da floresta
para as cidades tem diminuído ao longo do tempo.
As fronteiras de trabalho estão ficando mais distan-
tes, a locomoção ali não é fácil e, as famílias come-
çaram a perceber que podem se fixar na floresta e
viver dela, conservando a mata. O que falta, agora,
para eles, é uma política de incentivos para explorar
a mata por meio de manejo sustentável.
Foi exatamente este pedido que um grupo de 500
pequenos extrativistas e produtores que usam ma-
téria prima florestal fez à Ministra do Meio Ambiente
Isabella Teixeira, no mês passado. Eles estiveram no
“Grande encontro em defesa da floresta, dos povos e
da produção sustentável”, promovido pelo Fórum
Amazônia Sustentável (FAS) e o Grupo de Trabalho
Amazônico (GTA), em Parintins. Em um auditório de
uma escola pública, ela ouviu atenta a dez relatos de
extrativistas do Amapá, Acre, Amazônia e Pará, que
trabalham com extração de madeiras e outros recur-
sos naturais. Ao final, o recado que deram foi um só:
se o processo de regularização fundiária não for fa-
cilitado será difícil criar uma economia de base flo-
restal comunitária e sustentável na região.
Os extrativistas querem mais agilidade e flexibi-
lidade no programa Terra Legal, criado pelo governo
federal em 2009 para regularizar as terras públicas
que não estão em áreas de conservação ou terras
indígenas. A ministra Isabella Teixeira foi sensível
aos apelos e disse que vai analisar a questão da re-
gularização fundiária com cuidado. Ela informou ain-
da que o Instituto Chico Mendes pôs em consulta pú-
blica recentemente uma portaria que busca facilitar
o processo de manejo florestal comunitário.
— Não escutei ninguém pedir para dar um jeiti-
nho, como acontecia há 20 anos. Todo mundo aqui
quer atuar legalmente. Vamos trabalhar juntos para
isso acontecer — disse a ministra.
Atualmente, são retirados 14 milhões de metros
cúbicos de madeira por ano — o equivalente a mais
ou menos dois milhões de árvores — em toda a Ama-
zônia. São 71 pólos madeireiros, que reúnem cerca
de 2.200 indústrias. Cerca de 85% desta produção é
ilegal, segundo dados do Imazon. A extração legal fi-
ca por conta de 902 iniciativas de manejo florestal já
mapeadas pela entidade. Cerca de 325 delas são de
produtos não madeireiros. Todas são projetos pilo-
tos aprovados em um edital do Ibama e que, segun-
do Paulo Almeida, poderiam ser replicados por ou-
tras comunidades extrativistas caso a questão fun-
diária fosse resolvida.
Para ser aprovado, um projeto de manejo susten-
tável precisa apresentar o documento de posse da
terra onde será desenvolvido. O processo é longo e
pode durar anos. Para se ter uma ideia, nenhuma
das 902 comunidades que fazem hoje o manejo flo-
restal na Amazônia conseguiram o documento pelo
processo de rotina. As que estão em reservas públi-
cas extrativistas, são dispensadas de apresentá-lo.
As que estão em terras da união, receberam o papel
por doação de prefeituras.
Ademir Umberto Leal, presidente da Associação
dos Pequenos Extratores de Madeira de Parintins,
que foi ao encontro, tenta há anos aprovar um plano
de manejo madeireiro sustentável. Mas esbarra exa-
tamente na burocracia.
— Há mais de cinco anos tenho um plano de ma-
nejo para aprovar. Mas não consigo, pois a toda hora
me exigem uma nova documentação e pedem para
eu enviar o projeto para outro órgão. É um jogo de
empurra e isso se repete com muitos outros extra-
tivistas filiados à Associação. — contou Leal, que
nos poucos minutos que teve para dar seu recado à
ministra pediu que ela tenha um olhar diferenciado
para os pequenos extrativistas como ele: — Não po-
demos ser tratados da mesma forma que os grandes
madeireiros. Um olhar diferenciado e incentivos pa-
ra a nossa atividade pode nos ajudar a contribuir
com a preservação da floresta e o desenvolvimento
da região.
Leia-se por incentivos, linhas de crédito e assis-
tência técnica, outros gargalos para o desenvolvi-
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011

DOMINGOS BRASIL não consegue usar madeira legal nas peças que produz na marcenaria em Parintins
“ “
Não podemos ser tratados da
mesma forma que os grandes
madeireiros. Queremos um olhar
diferenciado
Ademir Humebrto Leal
mento de projetos de manejo comunitário e, tam-
bém, para a ampliação dos negócios que usam pro-
dutos florestais como matéria prima, como o pólo
moveleiro de Parintins.
— Se o governo facilitar o desenvolvimento de
planos de manejo teremos madeira legal para com-
prar. Além de conseguirmos um preço melhor de
mercado de móveis, trabalhar com madeira legal po-
de nos facilitar também ter linhas de crédito para
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
Fotos de:Martha Neiva Moreira
Não escutei ninguém pedir para
dar um jeitinho, como acontecia
há 20 anos. Todo mundo quer
atuar legalmente
Isabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente
equipar melhor nossas marcenarias e ampliar nosso
negócio. O apelo dos pequenos extrativistas tem
que ser ouvido para que toda a cadeia possa se de-
senvolver — contou Domingos Brasil, dono da Bra-
silmóveis, que desembolsa R$ 500 pelo metro cúbico
de cedro ou o até dobro disso se a madeira for de
origem legal.
Paulo Almeida, do Imazon, reconhece que regula-
rizar as terras na região amazônica não é um pro-
Debate e diálogo marcou
fundação do FAS
Foi a partir de muito debate e intenso diá-
logo que em 2007, em Belém, foi criado o Fó-
rum Amazônia Sustentável. Cerca de 80 em-
presários e ongueiros passaram dois dias reu-
nidos na cidade para criar uma Carta Compro-
misso que traria os princípios e valores vol-
tados à criação de propostas em prol da Ama-
zônia. Conseguiram. Hoje, quem quiser se as-
sociar ao FAS deve assinar a Carta (forumama-
zoniasustentável.org.br). Desde então, a enti-
dade vem articulando diferentes setores e
propondo agendas para a promoção do de-
senvolvimento sustentável da Amazônia. Em
2009, por exemplo, o Fórum produziu uma
carta de compromisso para combater as mu-
danças climáticas. No documento, empresas
do porte da Vale se comprometeram a incluir
na estratégia de investimentos a escolha de
opções que promovam a redução das emis-
sões nos processos produtivos.
cesso simples. Leva tempo, exige investimento alto e
tecnologia. Desde junho de 2009, quando começou a
funcionar, o Terra Legal concedeu 611 títulos rurais
e 48 urbanos. Por isso, ele defende que para ter um
plano de manejo aprovado, os pequenos proprietá-
rios façam apenas o CAR (Cadastro Rural). O cadas-
tro pode ser feito em formulários on-line a localiza-
ção, tamanho e o que é produzido em sua terra. De-
pois, os órgãos ambientais monitoram.
Para os extrativistas que compareceram ao Gran-
de Encontro de Parintins, a solução passa pela cria-
ção de um sistema de atendimento comunitário que
integre vários órgãos e evite o jogo de empurra do
qual são vítimas constante. Essa sugestão foi reuni-
da a uma série de outras reivindicações em um do-
cumento que representantes do GTA e FAS enviarão
ao Ministério do Meio Ambiente ainda esta semana.
Eles pedem a criação de mais áreas protegidas de
uso sustentável na Amazônia, assistência técnica flo-
restal, fomento à criação de cooperativa de crédito,
implantação de balcão de negócios com ênfase na
economia solidária e no comércio justo, criação de
sistemas estaduais de comercialização da agricultu-
ra familiar e mais forma para o Instituto de Coloni-
zação e Reforma Agrária (Incra).
Para Rubens Gomes, presidente do GTA, com este
conjunto de reivindicações os pequenos extrativis-
tas pretendem sair da invisibilidade:
— Até então eram invisíveis para o governo. Ago-
ra querem ser reconhecidos, assumindo responsa-
bilidades, e fazer parte de uma política pública de
inclusão social.
A repórter viajou a convite do
Fórum Amazônia Sustentável
Razão Social ● 15
 Notas

Vídeo pretende ser carbono zero Ousar a riqueza!

Em co-produção Na sua 5 a- edição, o Fórum Mundial de Lille, na França,

Divulgação
com o canal vai focar uma forma de as empresas criarem uma riqueza
Amazon Sat, a mais equilibrada e sustentável. O encontro se chama
produtora "Ousar a riqueza" e vai acontecer em novembro tendo
Código Solar vai como pano de fundo pesquisa dando conta de que, para a
fazer um vídeo opinião pública, as empresas criam riqueza para si às
sobre a custas das comunidades.
Amazônia que
será divulgado
nos canais
da TV
Sesc/Senado e
Discussão sobre Ecosofia
TV Brasil. A Em 1990 o filósofo francês Félix Guatarri já anunciava
equipe vai sair em seu livro "As três ecologias", que o que está em
do Rio em questão “é a maneira de viver daqui em diante sobre esse
junho e vai planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-
percorrer todos científicas e do considerável
os cantões da crescimento demográfico”. Guatarri
região. O anunciou o termo Ecosofia para
diferencial é significar a relação entre o meio-
que, na volta, ambiente, as relações sociais e a
vai computar o subjetividade humana. Quase vinte
carbono que anos depois, Michel Maffesoli (em
emitiu e plantar cima), sociólogo conterrâneo de
árvores. Guatarri, trouxe ao Brasil uma
discussão sobre o tema. Convidado
pela Petrobras para apresentar o
conceito, na quinta-feira passada na
Universidade Petrobras, Maffesoli
disse que ecosofia é "uma forma de
resumir a grande mudança de
É bom lembrar paradigma que nossa sociedade terá
que enfrentar". Já Derrick de
Kerckhove (ao lado), professor
Em 2007, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente canadense, também convidado,
(Pnuma) lançou um relatório que serviu como um alerta. Vinte disse que o conceito começou a ser
anos depois da publicação do texto “Nosso Futuro Comum”, pensado por MacLuhan: "A ida do
escrito durante a reunião de representantes de 21 países na homem à Lua deu-nos a ideia da
Comissão Brundtland, muitos desafios ainda continuavam fragilidade da Terra“.
arriscando a vida do homem na Terra. “Não há nenhuma grande
questão levantada em Nosso Futuro Comum cujas tendências
previstas sejam favoráveis”, diz o texto do relatório do Pnuma que
recebeu o nome de GEO-4. Os pontos positivos apontados nesse
texto eram: o corte em 95% da produção de químicos danosos à Escola verde Rio+20
camada de ozônio; um tratado de redução de emissão de gases Com uma estrutura Três grupos de trabalho vão
do efeito estufa; a ampliação de áreas terrestres de proteção voltada para a fazer farão a interlocução
ambiental cobrindo 125 da Terra e a geração de novos preocupação com o meio entre os setores público,
instrumentos que cobrem temas iportantes para o meio ambiente. ambiente, será inaugurada privado e sociedade para
Entretanto, diz o relatório, problemas novos surgiram e dia 7, em Santa Cruz, preparar a Conferência
instituições como o próprio Pnuma, estabelecidas para combater Zona Oeste do Rio, o Rio+20. Quinta-feira
a causa deles, permanecem fracas e com poucos recursos. 2007 projeto piloto da primeira passada houve um encontro
foi o primeiro ano da história humana em que mais da metade escola Padrão Verde da promovido pela FBDS para
das pessoas passaram a viver em cidades. América Latina. discutir o tema, no Rio.

16 ● Razão Social O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011

Responsabilidade social
LINHADEPRODUÇÃOdeumfornecedordefrutasdoGarantiadeOrigem
Varejoabreportasapequenos
CamilaNobrega
camila.nobrega@oglobo.com.br
Em tempos de valorização de
produtos locais e dos pequenos
fornecedores, as redes de varejo
ainda são praticamente domina-
das pelas grandes marcas no
Brasil. Algumas cadeias de su-
permercados estimam que cerca
de 20% de seus produtos sejam
oriundos de pequenos produto-
res. Mas, segundo especialistas,
o percentual não chegaria a 10%.
Assim, cerca de 90% dos produ-
tos que chegam às casas de bra-
sileiros são produzidos por um
pequeno número de megaem-
presas. A boa notícia é que, para
mudar o cenário, gigantes do va-
rejo nacional têm investido em
estratégias de responsabilidade
social para ampliar a rede de mi-
cro e pequenos fornecedores.
É o caso do Pão de Açúcar,
que está investindo na expansão
de um programa que mantém
desde 2002, o Caras do Brasil.
Segundo a rede, o projeto está
presente em 56 lojas da empre-
sa. O número ainda é pequeno,
tendo em vista que, em todo o
Brasil, o Pão de Açúcar possui
148 supermercados. Sem contar
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
as outras bandeiras do grupo,
com mais de 500 lojas. Segundo
a coordenadora do programa,
Patrícia Santana, porém, o obje-
tivo é ampliar cada vez mais o
espaço para os pequenos:
— Eles têm dificuldades lo-
gísticas, e até em relação à pre-
cificação. Acompanhamos cada
fornecedor. Tenho uma produ-
tora de artigos feitos de jornal
cujas vendas estão caindo há
mais de um ano, por exemplo.
Estamos trabalhando com ela,
para aprimorar o produto.
Como qualquer outro produ-
to comercializado pela rede, os
artigos que recebem o selo do
Caras do Brasil precisam ter
boa saída nas lojas, para que o
projeto se sustente. Segundo
dados do programa, as vendas
cresceram 20% em 2010, mas o
Pão de Açúcar não divulga, no
entanto, lucros obtidos pela re-
de, nem confirma que há lucros.
A empresa também não informa
por qual porcentagem de ven-
das o projeto responde dentro
da bandeira. Sem isso, não é
possível ter noção da real aber-
tura das lojas do Pão de Açúcar
às pequenas marcas.
O economista Christian Tra-
Divulgação
AGROINDÚSTRIACuiuiuéumadasempresasquelevaoseloCarasdoBrasil
vassos, que acaba de defender
uma tese ainda inédita de mes-
trado na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, tendo
como estudo de caso o Caras
do Brasil, também não teve
acesso às informações. Travas-
sos acredita, no entanto, que,
em qualquer grande rede de va-
rejo, pequenas marcas não che-
guem a 10% das vendas totais:
— Como a base de pequenos
fornecedores ainda é pequena,
as cadeias de supermercado
podem preferir não divulgar
percentuais. Mas essas iniciati-
vas de grandes varejistas são
essenciais para abrir as portas
a pequenos fornecedores. Eles
precisam de apoio para crescer,
se não acabam esmagados.
Travassos entrevistou 29 for-
necedores do Pão de Açúcar.
Para eles, desde que se torna-
ram membros do projeto, hou-
ve grande aumento da produ-
ção. Segundo Adriano Rodri-
gues, dono da marca Mel de Te-
resópólis, o maior ganho é no
aumento das vendas. Não há
ainda capacitações dadas pelo
Pão de Açúcar, o que é objetivo
futuro do projeto, mas só o es-
coamento da produção, aliado à
visibilidade, já faz diferença.
— Quase 70% da produção
vão para o projeto. O Caras do
Brasil foi um divisor de águas.
Eu não tinha acesso a grandes
redes. Agora, o que continua
sendo dificuldade é a logística.
Só consegui entrar no projeto
porque tenho uma transporta-
dora que leva os produtos até o
centro de distribuição da rede.
Outros varejistas têm progra-
mas similares, como o Walmart,
que acaba de lançar o Clube
dos Produtores no Rio de Janei-
ro, e o Carrefour, com o selo Ga-
rantia de Origem. Já o Mundo
Verde não tem um projeto espe-
cífico, mas afirma que possui a
relação com os pequenos forne-
cedores incorporada à gestão.
Em todos, as exigências são
parecidas, e, embora pareçam
simples, demandam uma estru-
tura que alguns pequenos pro-
dutores não têm. Além de fazer
a entrega nos centros de distri-
buição, eles precisam emitir no-
tas fiscais e assinar carteira de
todos os funcionários. Precisam
também ter as licenças ambien-
tais e relativas à agricultura.
Muitos sequer sabem da exis-
tência de licenças tão específi-
Divulgação
cas, como explicou Rosângela
Ribeiro, responsável por cadas-
tramentos e contratos no Mun-
do Verde:
— Qualquer candidato a for-
necedor pode se inscrever no
site. Damos o caminho para que
eles possam resolver as buro-
cracias. Muitas vezes, o proble-
ma é falta de informação.
O mesmo acontece no Wal-
mart, segundo o vice-presidente
de Perecíveis, Alain Benvenuti:
— Cerca de 12% das nossas
vendas de hortifrutigranjeiros
vêm dos pequenos. Nosso obje-
tivo é chegar aos 70% até 2016.
O Carrefour informou, por e-
mail, que dá apoio para que pe-
quenos fornecedores se enqua-
drem nas exigências legais e so-
cioambientais do Garantia de
Origem, que tem uma equipe de
veterinários, zootecnistas e
agrônomos, responsáveis pelo
monitoramento das atividades.
Fornecedores das três redes
de varejo ratificaram, porém,
que falta apoio para facilitar a lo-
gística e capacitar gestores, a
fim de alavancar as pequenas
marcas. Já os consumidores po-
dem ajudar priorizando esses
produtos nas compras.
Razão Social ● 17
 Você pode ajudar

• Baterias piratas para celular •O cigarro é fator de risco para

duram menos e podem conter
dez vezes mais mercúrio que as
baterias vendidas legalmente
no Brasil. O mercúrio é um dos
metais mais tóxicos que exis-
tem e ataca gravemente o sis-
tema nervoso. Evitar as piratas
é bom para o seu bolso e mais
ainda para sua saúde e a do
planeta, já que 60% do lixo
brasileiro vão para lixões onde o
mercúrio destas pilhas vai po-
luir o solo e o lençol de água.
• Pequenas despesas pesam
muito no orçamento. Uma pes-
soa que economize R$ 1 por dia,
durante 66 anos de sua vida,
e coloque este dinheiro na
poupança, acumulará R$
284 mil ao final desse perío-
do.
• Troque o carro 2.0 por um
carro 1.0, o que reduz emissão
de CO2, gás causador do
aquecimento global. Mas, veja
bem: não é qualquer carro 1.0
que emite menos. Para saber
exatamente qual o tipo de
carro é melhor para quem quer
ajudar o meio ambiente, existe
uma lista que pode ser
encontrada no site
servicos.ibama.gov.br/
ctf/publico/sel
_marca_modelo_rvep.php
Fotos de arquivo
•Um litro de óleo jogado na pia
polui até 25 mil litros de água e
pode provocar entupimento das
tubulações nas redes de esgoto,
aumentando em até 45% os
custos de tratamento. É possí-
vel entregar este óleo usado para
reciclar: acompanhe, pela Inter-
net, algumas campanhas de
empresas que fazem isto.
mais de 20 doenças. Além dis-
so, causa forte impacto no orça-
mento doméstico. O gasto mé-
dio com cigarro para um casal
de fumantes no Brasil chega a R$
1.495,20 por ano. O ano base
desta pesquisa foi 2008, quan-
do o salário mínimo era de R$
415. Ou seja, o gasto anual de
um casal fumante transforma
em fumaça quatro meses de sa-
lário mínimo.
•Ao reciclar as latinhas de alumí-
nio que consome por ano, cada
brasileiro, em média, contribui
evitando a emissão de 78 g de
CO2. Isso significa que só a po-
pulação de São Paulo, reciclan-
do todas as suas latinhas, pode-
ria contribuir, em um ano, com
858 toneladas a menos de CO2
na atmosfera. Equivalente a
4.500 árvores da Mata Atlânti-
ca.
•De cada dez caminhões de lixo
recolhido no Brasil, apenas um
vai para reciclagem. Escolher
produtos com menos embala-
gens e enviar tudo que puder
para reciclagem ajudam a redu-
zir a montanha de lixo.
• Fazer compra parcelada com ju-
ros sai caro e é sempre um risco.
Não olhe apenas a prestação,
mas o preço final parcelado.
Muitas vezes, com o valor final
daria para comprar até três do
mesmo produto. Isso quer dizer
que você vai trabalhar muito
mais para comprar a mesma
coisa.Só parcele ou tome em-
prestado se você realmente pre-
cisar.

Você sabia que...

A cada ano, 671 milhões de quilos de
plástico são produzidos no mundo. E há
18 mil garrafas de plástico que flutuam
sobre cada quilômetro quadrado do
Oceano Atlântico

18 ● Razão Social O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011


Educação
A ética da
convivência
Martha Neiva Moreira
martha.moreira@oglobo.com.br
Dalva Rodrigues está de
mudança. Terá que sair do ca-
sarão da Rua Fonte da Sauda-
de, na Lagoa, onde oferece
atendimento especializado
para 80 crianças, jovens e
adultos com Síndrome de
Down. Há 36 anos ela dirige a
escola que fundou, a Colibri, e
agora busca um novo endere-
ço para se estabelecer porque
o proprietário pediu o imóvel.
Há tempos a instituição passa
por dificuldades. A dívida de
IPTU chega a R$ 120 mil, mas
Dalva não desanima e os pais
agradecem porque temem ter
que matricular os filhos em
uma escola regular. Mais do
que o fim de um projeto de vi-
da, que beneficiou inúmeras
famílias, a ameaça de fecha-
mento da Colibri traz à tona
um tema que, no debate sobre
Educação no país, acaba fi-
cando à margem: o da inclu-
são de portadores de necessi-
dades especiais no sistema
formal de ensino. A prática se
baseia na ideia de criar condi-
ções para que as diferenças
se encontrem e convivam em
harmonia, princípio de uma
sociedade mais justa e sus-
tentável.
Desde 1996, quando foi san-
cionada a Lei de Diretrizes e
Base da Educação (LDB), é de-
ver do Estado oferecer “aten-
dimento educacional especia-
lizado gratuito aos educandos
com necessidades especiais,
preferencialmente na rede re-
gular de ensino”. No entanto,
na prática, o que ocorre é que
os pais ainda ficam apreensi-
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
vos em ver seus filhos em
uma turma convencional.
— Tenho muitos alunos cu-
jos pais nunca tentaram colo-
cá-los em uma escola regu-
lar— conta Dalva.
É o caso de Maria do Carmo
Germano, mãe de Solange,
que hoje tem 43 anos e fre-
quenta a Colibri desde 1986.
Ela disse que a filha jamais en-
trou numa escola tradicional
e os conhecimentos que
aprendeu, como escrever o
nome por exemplo, foi ela ou
as professoras da Colibri que
ensinaram.
Ex-secretária municipal de
Educação do Rio de Janeiro e
consultora na área de ensino,
Regina de Assis defende que
crianças surdas, cegas e com
Síndrome de Down frequen-
tem a escola regular. Ela en-
tende que não há razão para
segregá-los, pois, embora pos-
sam ter algum comprometi-
mento cognitivo ou de lingua-
gem, têm condições afetivas
para conviver socialmente.
Nas redes públicas de ensi-
no, por exigência da LDB, é
obrigatório que as escolas
mantenham classes ou salas
especiais para que alunos
portadores de deficiência te-
nham atendimento especiali-
zado, além das aulas regula-
res caso necessário. Mesmo
assim, segundo informações
do site da Secretaria Munici-
pal de Educação do Rio, há
pouco mais de cinco mil alu-
nos matriculados nas classes
de Educação Especial na rede,
menos de 1% do total de ma-
trículas, hoje em 640 mil.
A quantidade relativamente
pequena encontra justificativa
Carlos Ivan
no que hoje faz parte do dis-
curso dos pais de crianças da
Colibri. Eles temem não en-
contrar nas escolas conven-
cionais profissionais prepara-
dos para lidar com as necessi-
dades dos filhos. A tarefa exige
especialização. O que, segun-
do Regina de Assis, ainda dei-
xa a desejar tanto na rede pú-
blica quanto na particular:
— Os professores não são
bem preparados para trabalhar
com essas crianças nos cursos
de formação e ainda são pou-
cos os que buscam especializa-
ção. Os sistemas de ensino de-
veriam capacitá-los, o que tam-
bém ainda não acontece como
deveria. Nem na rede pública e
muito menos na particular, que
é preconceituosa. O que está
em jogo é um direito dessas
crianças, previsto em lei, de re-
ceber educação que atenda às NA COLIBRI cerca de 80 crianças e jovens com Síndrome de
suas necessidades. As famílias Down são atendidas por profissionais especializados
podem exigir isso.
Iara Ferreira do Santos, mãe
de Tuany, 13 anos, também alu- po de problema gera estresse. do Ministério da Cultura, refle-
no da Colibri, levou durante al- A nossa relação com o profes- xo de uma sociedade que ainda
guns meses a filha a uma escola sor e com a escola precisa ser não conseguiu consolidar um
da rede municipal do Rio. A ex- de muita confiança. senso de justiça social:
periência não foi boa. Daniela Nobre, mãe de To- — Vivemos um momento
— Esta escola tinha as tais más, 9 anos, tem insistido. Ela de inclusão econômica e re-
salas especiais, mas mesmo matriculou o menino no início dução de indicadores de po-
assim minha filha não se do ano na rede pública e diz breza. Somos protagonistas
adaptou. A professora não era que não está sendo fácil. O mundiais no que se refere às
preparada para lidar com ela, menino tem dificuldade para preocupações ambientais.
achava minha filha muito pir- se adaptar e, ela, medo de pre- Mas ainda não conseguimos
racenta e dizia isso para mim. conceito das outras crianças melhorar nossa consciência
Até que um dia, cheguei para com ele. Mas quer insistir, ética. Os cadeirantes têm sua
pegá-la e quando olhei pelo vi- pois acha que a oportunidade mobilidade comprometida
dro da sala vi que tinha outras é única para seu filho desen- porque a nossa sociedade não
crianças segurando a porta volver alguma autonomia e cria condições para ele sobre-
para ela não sair. Não tinha para as outras crianças terem viver com dignidade. Acho
ninguém na sala. Esse tipo de contanto com o diferente. que uma sociedade que prega
situação pode até ser corri- A apreensão de Daniela é pa- a sustentabilidade deve tratar
queira, mas para famílias que ra Marta Porto, secretária de Ci- quem tem necessidades dife-
criam crianças com algum ti- dadania e Diversidade Cultural rentes de forma diferenciada.
Razão Social ● 19
 Pelo Mundo.com
Samsung verde
O grupo Samsung, da Coreia do Sul,
afirmou, no final de abril, que irá investir
US$ 7 bilhões para construir um parque
industrial energético verde no país,
produzindo geradores de energia eólica,
baterias solares e sistemas de
armazenamento de energia. De acordo
com a nota publicada no site Carbono
Brasil, o complexo será construído na
área de Saemangeum, na costa Oeste. O
grupo Samsung é o maior conglomerado
empresarial da Coreia do Sul, com cerca
de 70 afiliadas. A empresa está se
expandindo para novos setores, como o
de células solares, em busca novas
tecnologias de desenvolvimento.
Ranking por emissões
Pela primeira vez, as 300 maiores
empresas da Europa foram classificadas
de acordo com as suas emissões de
gases de efeito estufa. Segundo
reportagem publicada no site Ambiente
Brasil, o foco do ranking são os
melhores e piores, não apenas em
relação às emissões, mas também na
transparência sobre essas informações.
Os britânicos da Environmental
Investment Organisation (EIO), um
organismo de pesquisas independente,
empregaram como metodologia a
revelação pública de informações,
segundo os padrões do GHG Protocol.
Cento e vinte e nove das trezentas
empresas forneceram informações. No
topo do ranking, por divulgar
publicamente dados completos, está a
gigante financeira britânica Aviva,
seguida da alemã Aegon (um dos
maiores grupos seguradores do mundo).
Blog
A polêmica criada em torno da grife
Arezzo devido ao uso de peles de
animais em peças da coleção de
inverno foi o post mais comentado no
blog do Razão Social nas últimas duas
semanas. Após a empresa afirmar que
trabalhava com peles legalizadas e
certificadas, os internautas apontaram
dúvidas sobre a legislação brasileira
nesse sentido (ver matéria na página 6
e 7), e alguns criticaram a atitude da
Arezzo. O presidente da empresa
afirmou que recolheria os produtos,
porque era a vontade dos
consumidores. Além desse tópico, outro
post que gerou comentários foi o de
uma campanha para recolhimento de
eletroeletrônicos para reciclagem, no
Rio de Janeiro.
20 ● Razão Social
O maior emissor europeu que possui
informações disponíveis é a E.ON.
Pedalada que vale almoço
Um casal de leitores do Razão Social
esteve em Copenhague, na Dinamarca,
em março, e se surpreendeu com a
quantidade de novos projetos
envolvendo bicicletas.Nas ruas, a moda
já é antiga, mas agora está invadindo
estabelecimentos. Há bares onde a
pessoa pode entrar de bicicleta, e há
geração de energia a partir da pedalada
em estabelecimentos como hotéis e
academias. Um dos hoteis que entrou
na onda é o Crown Plaza, que
disponibiliza bicicletas ligadas a um
gerador de eletricidade para os hóspedes
voluntários. A cada 10 Watts/hora de
eletricidade produzida, o hotel dá um
Arezzo
“Se não é isso que o consumidor quer,
pedimos desculpas.’ Não é isso que a
Arezzo deveria querer, muito antes de ter
sequer pensado na hipótese de usar
essas peles nos produtos.”
Felipe Proença
“Em seu site, a Arezzo alega: ’Não
entendemos como nossa
responsabilidade o debate de uma
causa tão ampla e controversa’.
Entendo que realmente à Arezzo não
tem a responsabilidade sobre o
debate, mas, quando ela escolhe
lançar uma coleção com peles, ela já
está tomando parte nessa discussão e
AFP
generoso vale-refeição de 26 euros,
aproximadamente R$ 60 reais, a serem
usados no restaurante do próprio
estabelecimento. O hotel disponibiliza
informações sobre seus projetos
socioambientais no site
www.cpcopenhagen.dk
Pedalada II
Ainda no incentivo à pedalada, o bordel
Maison Denvie, em Berlim, na Alemanha,
encontrou um modo criativo de atrair
clientes preocupados com o aquecimento
global e com a crise econômica. O
estabelecimento começou a oferecer
desconto para clientes que usarem
bicicletas para chegar ao local e causou
furor no Twitter de jovens ativistas
ambientais — e de não ativistas também.
Consumidores que chegarem ao bordel
deve ser responsável pela posição
que assume. Retirar a coleção é um
começo, mas, infelizmente, isso não
vai desfazer o dano já feito à vida dos
animais que ela encomendou.
Felipe Dias
“Quer dizer que eles acham que
porque o matadouro é
regulamentado, tá tudo bem matar
coelho e raposa pra fazer sapato, que
se pode fazer com muitos outros
materiais? Faria mais sentido até se
fosse boicote da equipe da empresa
mesmo contra a marca. Estamos no
auge da conscientização ambiental
no mundo todo. Ou os funcionários
são cegos e surdos ou querem
boicotar a empresa em que
pedalando, ou que tiverem comprovação
de que usaram o de meio de transporte
público, recebem 5 euros de desconto
sobre os tabelados 70 euros (mais de R$
150) para 45 minutos.
50 anos da WWF
A WWF Brasil completou 50 anos de
atuação no país, o que tornou a
instituição um dos tópicos ambientais
mais comentados na semana passada.
Crise alimentar na Líbia
O Programa Mundial de Alimentos deu
alerta na semana passada sobre uma
possível crise alimentar em grande escala
na Líbia, nos próximos 45 a 60 dias.
Segundo o boletim online das Nações
Unidas, há urgência em garantir o
restabelecimento de fornecimento de
água em algumas regiões, de
eletricidade, e de transporte de alimentos
básicos. Mesmo na guerra, afirmam
especialistas, é importante manter os
direitos básicos dos seres humanos.
Terras para camponeses
O governo colombiano está recebendo
pressões para aprovar um projeto de lei
que garanta restituição de terras a
camponeses do país. O projeto está sendo
debatido no Congresso Nacional e,
segundo o site da agência de notícias IPS
news, tomou conta não apenas de jornais
e revistas, como também das mídias
sociais do país. Camponeses e fazendeiros
retirados de suas terras à força, por conta
de projetos de desenvolvimento, estão
lutando por indenizações. Na semana
passada, eles entregaram um documento
oficial ao governo.
trabalham. Não dou mais 1 centavo
por nada da Arezzo”.
Danielle Albuquerque
Eletroeletrônicos
“Precisamos de um posto de
recolhimento aqui Barra da Tijuca. Ou
então, a campanha poderia ser feita em
um lugar onde se possa estacionar com
os equipamentos. Os postos da Justiça
Federal ficam em locais muito
complicados. Como levar um HD ou
uma impressora pelo Centro da cidade?
Espero que atentem para esse detalhe,
pois até um microondas eu tenho para
descarte.”
Racia
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
 Atitudes que dão certo
NEXTEL
PROJETO: Inaugurou o Instituto Nextel
Campinas com investimento de R$
500 mil. Em parceria com a
Associação Nazarena Assistencial
(ANA), a entidade vai oferecer
formação profissional para jovens da
região.
LANGAK
PROJETO:Começou ontem a distribuir
saquinhos com sementes de Ipê em
cada loja da rede para serem plantadas
em homenagem ao Dia das Mães.
INSTITUTO ITAÚ SOCIAL
PROJETO: Vai promover encontros em 31
municípios para debater temas
relacionados aos direitos da criança e
adolescente no país.
MASP
PROJETO:Em parceria com o Instituto
Votorantim vai criar um curso gratuito
de formação de mediadores de cultura.
Com duração de três meses, as aulas
terão módulos teóricos e práticos nas
áreas de cinema e vídeo; teatro e
oficina de teatro; música brasileira;
mediação para públicos específicos;
história da arte e desenho. Os
participantes receberão Bilhete Único
para o transporte.Mais informações no
site http://masp.art.br.
CARE BRASIL
PROJETO: Vai promover, a partir da
próxima quinta-feira, um seminário
para discutir prevenção de desastres
em São Gonçalo. O evento terá
palestras de dez especialistas e será
realizado no auditório da Ordem dos
Advogados do Brasil (Travessa
Euzelina, 100, Bairro Zé Garoto).
GRSA - SOLUÇÕES EM
ALIMENTAÇÃO E SERVIÇOS DE
SUPORTE
PROJETO: Serve 2.700 refeições diárias
para 1.200 pessoas, em São Paulo.
LIQUIGÁS DISTRIBUIDORA
PROJETO: Gerou créditos pelo
mecanismo de compensação de
emissões por redução de poluentes de
fontes móveis, reconhecidos pela
Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo – CETESB.
Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO
DIA DE GLÓRIA para a orquestra
Os 85 integrantes da Orquestra Sinfônica Jovem da
Fundação CSN viveram uma experiência única mês
passado. Eles gravaram um CD com a participação de três
grandes nomes da MPB: Dori Caymmi, Nelson Ayres e
Renato Braz. A orquestra é formada por jovens alunos da
rede pública da região de Volta Redonda. A CSN investe
R$ 1,3 milhões por ano no projeto.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PROJETO:Criou projeto de compartilhamento
de bicicletas no campus.
CASAS BAHIA
PROJETO: Já destinou mais de 30 mil
toneladas de resíduos para reciclagem.
FUNDAÇÃO ARCELOMITTAL
PROJETO:Em parceria com a prefeitura de
Cariacica, Espírito Santo, criou o projeto
Mobilização. A iniciativa tem o objetivo
de realizar atividades em escolas
públicas da região para alavancar o
sucesso escolar dos alunos.
SHOPPING METRÔ DE TATUAPÉ
PROJETO:Acaba de conquistar o
certificado Brasindoor, da Sociedade
Brasileira de Meio Ambiente e Controle
de Qualidade do Ar e Interiores .
ETH BIOENERGIA
PROJETO: Lançou o Programa
Sustentabilidade Local em Perolândia,
Goiás. O projeto vai fomentar ações
sociais e ambientais no município.
Divulgação
ASSOCIAÇÃO DE MARICULTORES DA
RASA
PROJETO: Inaugurou a terceira fazenda
marinha em operação em Búzios, no Rio
de Janeiro. A nova unidade, no bairro da
Rasa, já começou a produção de ostras e
mexilhões e foi implantada pela prefeitura
do município em parceria com pescadores
artesanais. A fazenda vai beneficiar dez
famílias diretamente e deve produzir nos
primeiros seis meses 200kg de mexilhão.
TIM
PROJETO: Promove oficinas de música em
escolas públicas de comunidades de
baixa renda do Rio de Janeiro.
FARMANGUINHOS
PROJETO: Assinou um protocolo de
intenções com a Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro
para criar medicamentos a partir de
espécies da Mata Atlântica
FURNAS
PROJETO:Recicla por ano 450 toneladas
de lixo em suas unidades e gera renda
para 500 famílias de catadores.
Cartas
CSA
Como leitor assíduo do caderno Razão Social,
gostaria de felicitá-las pela reportagem a res-
peito dos impactos ambientais da CSA em San-
ta Cruz. Trata-se de uma questão muito séria e
desconhecida ainda de grande parte da popu-
lação carioca. Poucos sabem, por exemplo, que
a gigantesca siderúrgica deverá provocar um
fortíssimo aumento das emissões de gases do
efeito estufa no Rio de Janeiro. Por isso, ma-
térias como essa são de especial importância
para contribuir para o esclarecimento desse
problema. Como cidadão e historiador, preocu-
pado com as questões ambientais e sociais, ve-
nho manifestar meu apoio ao artigo e incentivo
a futuros textos que abordem o mesmo tema.
Inoã Pierre Carvalho historiador, por e-mail
Razão e Cidadania
Gostaria de agradecer a colunista Márcia de Al-
meida, em nome do povo cigano, pela matéria
do dia 5 de abril.Pela primeira vez na vida vejo
uma jornalista se preocupar em denunciar o
descaso governamental a que o povo cigano
tem sido submetido há séculos.Ao chegar em
Brasília, pude constatar a preocupação do novo
governo em querer solucionar não somente o
problema do SUS, mas também os direitos ci-
ganos como cidadãos. A matéria balançou a
consciência de quem agora está no poder. Obri-
gada ao jornal O Globo e, acima de tudo, à co-
lunista que teve a sensibilidade de enxergar e
se sensibilizar com a causa cigana. Desejo a
coluna tenha muito sucesso. Ela ajudará a to-
dos que de alguma forma sofrem qualquer for-
ma de preconceito e discriminação.Minha eter-
na gratidão
Mirian Stanescon Batuli Cigana Kalderash, presidente da
Fundação Santa Sara Kali e delegada e conselheira da
Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ
Agradecimento
Escrevo para agradecer o respeito e a correção
de vocês, na divulgação da ideia do saquinho
de jornal, no caderno do dia 19 de abril de
2011. Desde que postei essa invenção no meu
blog, em dezembro de 2009, tive o post co-
piado em milhares de sites que não citam a
fonte da novidade. Claro que minha intenção é
ensinar ao maior número possível de gente,
mas gostaria também que as soubessem de
onde veio a ideia. Por isso fiquei tão surpresa
com as fotos creditadas corretamente, o ende-
reço do De Verde Casa escrito certinho, e ainda
a dica: “vá até o blog e pesquise saquinho de
jornal”. Parabéns pelo profissionalismo.
Juliana criadora do blog DeVerdeCasa
Razão Social ● 21
 Resenhas/Amelia Gonzalez
As garotas da fábrica
Autora: Leslie T. Chang;Editora
Intrínseca; 373 páginas
O livro pode ser lido como uma obra
dramática, como um livro de negócios
ou como um documento histórico im-
pressionante sobre a formação de uma
nova geração. A autora, uma jornalista
filha de chineses que já foi correspon-
dente em Pequim, aproveita a facilidade
com que, por profissão, se aproxima das
pessoas e das palavras, para traçar um
perfil dos 130 milhões de trabalhadores
migrantes que a China tinha na época
em que o livro foi escrito, 2008. Hoje, es-
te número deve ser maior. “Numa das
pesquisas divulgadas, os homens apon-
tavam como principal motivo para mi-
Solar
Autor: Ian McEwan;Editora
Companhia das Letras;338 páginas
“Como podemos seguir mais devagar e
parar ao mesmo tempo em que preser-
vamos nossa civilização e continuamos
a arrancar milhões de pessoas das gar-
ras da pobreza?... Não se deixem levar
pela ilusão de que a economia mundial e
as bolsas de ações podem existir sem re-
Muito além da Responsabilidade Social
Autores: Jeffrey Hollender e Bill
Breen;Editora Elsevier;212 páginas
Otimistas, os autores desta publicação
acreditam que “estamos realmente vi-
vendo uma era onde um novo tipo de
empresas, movidas por valores, está
criando uma forma melhor de capitalis-
mo.” Para isso, eles recolheram alguns
bons exemplos que, se não comprovam
22 ● Razão Social
grar o desejo de ter uma renda mais alta,
enquanto as mulheres sonhavam com
mais experiência de vida”.
Chang se aproveita ainda do fato de fa-
lar bem a língua e descreve com riqueza
de detalhes a cidade de Dongguan, para
onde convergiram enormes fábricas, en-
tre elas a Yue Yuen, de tênis, que abriga
70 mil pessoas com menos de 30 anos
em seus aposentos. “São necessários
duzentos pares de mãos para fazer um
tênis”, escreve Chang. E, se você usa es-
te tipo de calçado, é bem provável que
já tenha usado um par produzido naque-
la fábrica porque um terço dos calçados
do mundo é produzido na província de
Guangdong e a fábrica Yue Yuen é a
maior de todas.
Leslie Chang também traça um perfil da
lação com o meio ambiente do mundo...
O planeta está doente e sua cura é uma
tarefa urgente e cara” Estas frases pode-
riam estar em qualquer livro ou discur-
so de cientistas sobre os desafios que a
Terra está enfrentando diante do aque-
cimento global, mas... não. Elas foram
proferidas pelo personagem Michael
Beard, um físico britânico criado pelo
escritor Ian McEwan para o romance
“Solar”.
totalmente sua tese, fazem pensar na
possibilidade de estarmos vivendo, sim,
bons ares de mudanças. E mais: é gra-
tificante ler, por exemplo, que “a RE está
em alta” e que “poucas grandes empre-
sas podem se permitir ignorá-la atual-
mente”. Mesmo que ainda seja apenas
um mantra, desses que a gente tenta re-
petir para fazer virar realidade.
A folhas tantas, surgem explicações
bem concretas que podem justificar a
história da China a partir da história de
sua própria família, e ajuda o leitor a re-
fletir sobre os vínculos pessoais de uma
civilização que caminha a passos de gi-
gante. “Os vínculos pessoais se desfa-
ziam: na confusão da guerra, a coisa
mais fácil do mundo era perder contato
com alguém”. Este mesmo fenômeno, de
falta de contato, Chang encontrou tam-
bém durante o tempo em que esteve no
país para pesquisar sobre seu livro. As
garotas da fábrica têm pouco vínculo
com suas famílias quando se desligam
do ambiente rural para ganhar a vida na
cidade grande. Quando conseguem,
compram um celular e aquele fica sendo
o elo de ligação delas com o mundo:
quando perdem o aparelho, acaba esse
elo de ligação.
Seguindo um estilo cáustico que carac-
teriza seus textos, o autor personifica a
polêmica em torno das questões sobre o
meio ambiente num homem de caráter
duvidoso e que só está preocupado
mesmo é com os próprios dilemas par-
ticulares. O livro vale a pena ser lido,
mesmo por quem leva a sério a discus-
são climática. Pode servir para divertir
e para refletir: afinal, será mesmo tão fic-
cional assim a atitude do protagonista?
atual corrida empresarial por negócios
“verdes”: “A receita de empresas de
energia solar, eólica, biocombustível e
células de combustível saltou de US$ 40
bilhões, em 2005, para US$ 70 bilhões,
em 2007.” No mais, é imperdível o pre-
fácio, escrito pelo economista e filósofo
Peter Senge, que alerta para a necessi-
dade de se ter líderes empresariais co-
nectados com essa transição, que pode
ser histórica.
O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011
 Artigo Flávia Ribeiro*

A sustentabilidade e a ética dos animais

Em pleno século XXI, é perplexa a
discussão do desenvolvimento sus-
tentável em suas três dimensões (so-
cial, econômica e ambiental), sem con-
siderar o resultado da interação do
homem com os animais. Consultorias
para grandes organizações no Brasil
deparam-se, em muitos casos, com a
fragmentação da leitura do cenário do
desenvolvimento sustentável, igno-
rando a relação do homem com o
ecossistema local, especialmente em
projetos de impacto considerável no
meio ambiente.
Recentemente, o Congresso Inter-
nacional de Bem-Estar Animal, organi-
zado pela Associação Médico Veteri-
nária Brasileira de Bem-Estar Animal e
realizado na USP, apresentou conflitos
éticos na abordagem do limite do ho-
mem em promover o bem-estar dos
animais e o desenvolvimento econô-
mico. Mas a sociedade ainda não sabe
como prosseguir. É visível a grande
oportunidade de reflexão sobre temas
noticiados pela mídia, como a invasão
de animais exóticos em grandes pro-
priedades rurais, devido à atitude de
criadores irresponsáveis dentro de
Áreas de Proteção Ambiental.
Foi o caso dos javalis - vistos com
bons olhos pela indústria por sua car-
ne de alto valor comercial, mas que,
sem predadores, fugiram para a APA
de Macaé de Cima em Nova Friburgo.
Devido à intervenção inadequada do
homem na natureza e à criação ilegal
de 600 javalis em uma fazenda dentro
desta APA, os animais estão migrando
e os fazendeiros não conseguem con-
trolar a população da espécie no local.
Afinal de contas, se uma área é devas-
tada, se uma audiência pública des-
considera o impacto ambiental e o res-
peito à fauna em uma região, de quem
é a responsabilidade? Dos homens ou
dos animais?
Somos espectadores, neste caso,
dos javalis que partiram de seu habi-
tat natural para grandes propriedades
pela ação gananciosa do homem. Que
EIA-RIMA para os grandes empreendi-
mentos do país, que indicadores so-
cioambientais expressam, quantificam
e avaliam os impactos gerados nos
ecossistemas de forma a abranger, es-
pecificamente, o respeito aos animais?
As empresas estão preocupadas em
atender a questões legais, importan-
tes e necessárias no Estado Democrá-
tico de Direito, mas deveriam olhar –
sob a ética do cuidado, para a relação
do homem com os animais, sejam eles
silvestres, de estimação, de produção,
ou de transporte, entre outros.
Serei ousada. Lanço o desafio de se
pensar sobre a inserção da questão do
bem-estar animal como um indicador
nos relatórios de sustentabilidade em-
presariais. É urgente cobrar da iniciati-
va pública e privada uma postura mais
transparente, inovadora e relacional pa-
ra se medir o impacto direto do tema no
recebimento das licenças prévia, de ins-
talação e operação de empreendimen-
tos. A palavra-chave é respeito. E, con-
sequentemente, harmonia, se cumprido
o protocolo ético.
Fala-se em 3Rs exaustivamente para
a indústria de consumo, mas este con-
ceito pode ser bem mais explorado
sob a ótica do bem-estar animal. A ne-
cessidade de manutenção e garantia
do bem-estar dos animais em nosso
planeta é um jogo, sem dúvida, do ga-
nha-ganha. É peça fundamental para a
boa convivência de todas as espécies
e o controle de ameaças e desequilí-
brios gerados na natureza pela ação
inconsequente do homem. Direta ou
indiretamente, todos nós estamos na
matriz do desenvolvimento acelera-
díssimo previsto para as próximas dé-
cadas e não podemos simplesmente
fechar os olhos para essa questão.
Desenvolvimento sustentável é a ca-
pacidade de suprir as necessidades da
geração atual, sem comprometer o aten-
dimento de necessidades das futuras
gerações. Portanto, devemos conside-
rar nossas atitudes em relação à explo-
ração, uso e consumo dos animais de
forma responsável e humanitária.
São muitos os caminhos para esta-
belecermos o início deste diálogo so-
bre sustentabilidade e ética em rela-
ção aos animais. Uma conversa que
deve ser plural, simples e respeitosa.
Por que não estimularmos o turismo
sustentável, como a observação de
baleias e pássaros? Ganha a comuni-
dade com a geração de renda, ganham
os animais e as pessoas que podem ex-
perimentar emoções e sentimentos
maravilhosos. Os resultados para o
governo, empresas, ONGS e sociedade
civil são inimagináveis.
A ética está presente em todos os
momentos de nossa vida. Convido a
todos que, em cada escolha, sejam
conscientes e coerentes, e adotem os
valores universais para a proteção
também dos animais. Estamos segu-
ros de que podemos quebrar paradig-
mas e multiplicar experiências positi-
vas no avanço para a questão do bem-
estar animal e o desenvolvimento sus-
tentável. O tema é indivisível, urgente
e inadiável entre os que desejam ser
precursores neste processo de evolu-
ção para a construção de um mundo
melhor.
* Jornalista e Gerente de Comunicação
da WSPA – Sociedade Mundial de
Proteção Animal

17.05.2011 Próxima edição

Carlos Ivan Arquivo
Projeto A polêmica
"Arquitetos de Projeto do Estado do Ceará, criada em
família" ajuda publicado pelo Razão Social torno da
moradores a no ano passado, promete extinção das
reformar utilizar as ondas do mar sardinhas,
casas para produção de energia peixe
populares no renovável ainda este ano predileto dos
Vital Brazil, cariocas
em Niterói

Terça-feira, 3 de maio de 2011 ● O GLOBO Razão Social ● 23

16783101+ Larg.:23.4975cm Alt.:26.9972cm

24 ● Razão Social O GLOBO ● Terça-feira, 3 de maio de 2011