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RELAÇÃO

JURÍDICA
A Formadora: Marta Bessa 1
1. OS DIREITOS E DEVERES JURÍDICOS

Noção de relação jurídica

A vida em sociedade realiza-se através de uma


multiplicidade de relações sociais determinadas pela
necessidade de vida em comum.

Quando o Direito intervém para regular essas relações


sociais, elas transformam-se em relações jurídicas.

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A expressão relação jurídica pode ser tomada em vários
sentidos:

Relação jurídica
em sentido amplo em sentido restrito

Toda e qualquer relação da Toda a relação da vida


vida social disciplinada pelo social disciplinada pelo
Direito, isto é, juridicamente Direito, mediante atribuição
relevante. a um sujeito de um Direito
subjetivo e a imposição a
outro de um dever jurídico
ou de uma sujeição.

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Relações jurídicas
abstratas concretas

Quando a relação está defini- Quando estamos perante uma


da em termos genéricos e relação, efetivamente
pode ser aplicada a uma constituída e individualmente
infinidade de casos da mesma determinada.
natureza.

Exemplo: o comprador tem o Exemplo: António


dever de pagar ao vendedor o (comprador) tem o dever de
preço estipulado. pagar a Bento (vendedor) o
preço estipulado no âmbito de
negócio que realizaram.

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A estrutura da relação jurídica

A estrutura da relação jurídica é o seu conteúdo e integra um


Direito subjetivo e um dever jurídico ou uma sujeição.

O conceito de Direito subjetivo não é pacífico, várias são


as teorias que tentam explicar a sua essência e natureza.

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Destacamos as duas principais teorias:

 a teoria da vontade – defendida pelos jurisconsultos alemães


Windscheid e Savigny, que referem que a essência do Direito
subjetivo reside na vontade do individuo e aquele consistirá
«num poder da vontade, conferido ao sujeito pela ordem
jurídica»;

 a teoria do interesse – da autoria do jurista alemão, Ihering,


que considera o interesse, o conteúdo do Direito Subjetivo, e
este será «um interesse juridicamente protegido».

Ambas as teorias evidenciam algumas debilidades, e


várias críticas se ergueram contra elas, dado que nem
uma nem a outra dá uma noção exata da essência do
Direito subjetivo.

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1.2. Direito subjectivo e dever jurídico

Toda a relação jurídica estabelece-se entre sujeitos e dentro


do nexo ou vínculo que une os sujeitos, podemos distinguir:

 lado ativo, que corresponde ao titular do Direito subjetivo

( sujeito ativo);
 lado passivo, que corresponde ao titular do dever jurídico

ou de uma sujeição (sujeito passivo).

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Relação jurídica

Estrutura

Lado passivo
Lado ativo

Direito subjectivo Direito potestativo Sujeição Dever jurídico


propriamente dito

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Direito Subjetivo
Direito subjetivo propriamente
Direito potestativo
dito, ou stricto sensu

Poder de exigir ou de pretender Poder jurídico pertencente ao


de outrem um determinado titular ativo da relação jurídica
comportamento positivo (ação) de, por um ato de livre e
ou negativo (omissão). espontânea vontade, só de per
si, ou integrado por uma
Exemplo: os direitos de crédito, decisão judicial, produzir
o direito de propriedade. determinados efeitos jurídicos
inevitáveis na esfera jurídica
alheia.
Exemplo: servidão em
benefício de prédio encravado.

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 Ao Direito subjetivo propriamente dito, detido
pelo sujeito ativo, corresponde um dever jurídico,
por parte do sujeito passivo, ou seja, a necessidade,
que ele tem de realizar o comportamento a que tem
direito o titular ativo da relação jurídica.

 Ao Direito potestativo detido pelo sujeito ativo,


corresponde uma sujeição, por parte do sujeito
passivo, ou seja, a situação em que ele se
encontra de não poder evitar que determinadas
consequências se produzam na sua esfera
jurídica.

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Tendo em atenção os efeitos jurídicos que os direitos
potestativos tendem a produzir, é corrente dividi-los em:

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Algumas classificações dos direitos subjetivos

Direitos subjetivos
públicos privados
São aqueles Direitos subjetivos São os direitos subjetivos que
que correspondem a relações de correspondem a relações de
Direito Público, isto é, aqueles Direito Privado, isto é, aquelas
direitos que competem ao Estado que se estabelecem entre os
ou a outros entes públicos particulares ou entre estes e o
munidos de autoridade pública Estado ou outros entes públicos,
(ius imperii) e aos cidadãos em mas despidos de autoridade.
face do Estado, enquanto
revestido dessa autoridade. Exemplos: direitos subjetivos
privados do Estado – o direito do
Exemplos: direitos subjetivos públi- Estado a uma prestação, em
cos do Estado – os direitos deste ao virtude de um contrato de compra e
pagamento de impostos; venda com um particular;
direitos subjetivos públicos dos direitos subjetivos privados dos
particulares – o direito de voto. particulares – os direitos dos
cônjuges na relação matrimonial.

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Direitos subjetivos
absolutos relativos

São aqueles que se impõem a São aqueles que se impõem


todas as pessoas (erga omnes), apenas a determinada ou
às quais corresponde um dever determinadas pessoas, às quais
geral de respeito, a que também corresponde o dever de realizar
se costuma chamar obrigação uma conduta que é devida ao
passiva universal. titular do direito.

Exemplo: os direitos reais sobre Exemplo: os direitos de


coisas, como o direito de personalidade, como o direito à
propriedade. vida, o direito ao nome.

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Direitos subjetivos
patrimoniais não patrimoniais
ou pessoais
São aqueles direitos São aqueles direitos sub-
subjetivos que são re- jetivos que não são
dutíveis a dinheiro. suscetíveis de expressão
pecuniária.
Exemplos: os direitos
reais, direitos de crédito. Exemplos: os direitos de
personalidade, os direitos
de família.

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Direitos subjetivos
inatos não inatos

São direitos subjetivos que São os restantes direitos


nascem com a pessoa, que, subjetivos que não se ad-
assim, não necessita de os quirem com o nascimento,
adquirir. mas posteriormente.

Exemplo: a generalidade dos Exemplo: os direitos de


direitos de personalidade – personalidade – direito ao
direito à vida, direito à nome e os direitos de autor.
integridade física, direito à
liberdade.

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O conceito de relação jurídica pressupõe um conjunto de
elementos cuja sistematização tradicional é a seguinte:

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Deste modo, o titular ativo da relação jurídica pode recorrer aos
meios coercivos que a lei põe à sua disposição para obter a
satisfação do seu direito, no caso de violação ou de ameaça de
violação do mesmo.

 
EXEMPLIFICAÇÃO:
A JOANA VENDEU À MARIA UM VELEIRO. ESTABELECEU-SE, ASSIM,
ENTRE AMBAS UMA RELAÇÃO JURÍDICA EM QUE SE DISTINGUEM
OS SEGUINTES ELEMENTOS:
SUJEITOS: JOANA E MARIA
OBJETO: VELEIRO
FACTO JURÍDICO: O CONTRATO DE COMPRA E VENDA
GARANTIA: A FACULDADE QUE CADA UM DOS SUJEITOS DISPÕE
DE RECORRER AO TRIBUNAL PARA OBRIGAR O OUTRO A CUMPRIR
A SUA OBRIGAÇÃO, NO CASO DE RECUSA.

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Os Sujeitos

• Os sujeitos subdividem-se em duas


categorias:

• Sujeito ativo - é o titular do direito subjetivo


• Sujeito passivo – é adstrito à vinculação

art.º 66º C.C.- Personalidade

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Capacidade Jurídica
• O conceito de capacidade jurídica pode ser definido
segundo duas perspetivas diferentes:
• Titularidade - corresponde à capacidade jurídica ou de
gozo e é inerente à personalidade jurídica;
• Exercício de Direitos - corresponde à capacidade de
exercício de direitos ou capacidade de agir (art. 130º e
133º- maioridade e emancipação).

• Art. 67º CC

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Incapacidades - situações excecionais:

• Pode suceder, uma pessoa ser titular de direitos, ou seja, ter


capacidade de gozo, e não os poder exercer, por lhe faltar a
necessária idoneidade para atuar juridicamente, isto é, a
necessária capacidade de exercício de direitos (menores e
dementes).
• Deste modo, não podendo certas pessoas exercer os seus
direitos, é necessário recorrer a certas formas legais de
suprimento da incapacidade de exercício

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• Instituto da Representação Legal – A representação
consiste na admissão de outra pessoa agir em nome
e interesse do incapaz; Juridicamente, é como se
fosse o incapaz a agir. Essa pessoa é designada por
representante legal e é escolhida pela lei (Exemplo:
Quando os pais agem em nome dos filhos menores);
• Instituto da Assistência – A assistência tem mudado
quando a lei permite agir o incapaz, mas exige o
consentimento de outra pessoa ou entidade que se
designa por assistente.

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Incapacidades de Exercício

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Menoridade – art. 122º e ss
A forma de suprimento comum é a representação:
• Pelo poder paternal (Artigo 1877º do Código Civil)
• Pela tutela (Artigo 1921º do Código Civil)

Interdição – art. 138º e ss


Resulta de determinadas deficiências psíquicas ou físicas,
possuídas por certas pessoas, que lhes afetam a vontade e o
normal discernimento para poderem reger-se, tomar
resoluções, dispor dos seus bens, enfim, atuar juridicamente. O
interdito tem um regime jurídico semelhante ao Menor quanto
os meios de suprir a sua incapacidade.

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Inabilitação – art. 152º e ss
O que determina a inabilitação é o mesmo da interdição, mas com
menor gravidade, a que se juntam ainda certos modos habituais
de comportamento, como a prodigalidade, o abuso de bebidas
alcoólicas ou de estupefacientes (sentença judicial).
Esta incapacidade é suprida pelo instituto de assistência.

Incapacidade Acidental – art.257º


Resulta de qualquer causa transitória que leve a pessoa a agir
sem ter consciência dos seus atos.

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O objeto da Relação Jurídica
• é tudo aquilo sobre que incidem os poderes d titular ativo da
relação
Modalidades

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O Facto Jurídico
Efeitos:
- constitutivos
- extintivos
- modificativos

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A Garantia
• conjunto de meios que a lei oferece ao titular
de um direito para a sua efetivação e
conservação

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