Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESTUDO DO DIREITO
II
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
AULA 01
Apresentação da Disciplina
Indicação da Bibliografia
Relação Jurídica
Conceito e conteúdo.
Relações Sociais Comuns e Relação Jurídica: Características e distinções.
Elementos da relação jurídica: sujeitos, objeto, vínculo, garantia e fato
jurídico – noções gerais.1
Conceito e conteúdo:
1
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 165/167 – pg 291/297.
1
A doutrina da Relação Jurídica tem origem em Savigny, para quem a Relação
Jurídica é: “um vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas pode
pretender algo a que a outra está obrigada”. Tal definição encontrou amparo
no nosso Direito, principalmente através de grandes juristas como Pontes de
Miranda e Miguel Reale.
Hans Kelsen discorda, na medida em não enxerga a relação entre pessoas,
mas sim, o vínculo entre fatos entrelaçados por normas jurídicas. O
posicionamento de Kelsen, contudo sempre encontrou acolhida, visto ser
originária do prócer da corrente normativista.
A Relação Jurídica integra o elenco dos conceitos jurídicos fundamentais e vem
a ser o ponto de convergência de diversos componentes do Direito. Aliás,
segundo Paulo Nader, “São as relações jurídicas que dão movimento ao
Direito. Em cada uma ocorre a incidência de normas jurídicas, que definem os
direitos e os deveres dos sujeitos”.
Elementos:
1) Sujeito:
a. Ativo;
b. Passivo.
2) Vínculo
3) Objeto;
4) Garantia;
5) Fato jurídico 2
2
Paulo Nader desconsidera fato jurídico como elemento, pois considera-o mais um
pressuposto das relações jurídicas. Será estudado apropriadamente na Aula 7.
2
Sujeito:
Vínculo:
Objeto:
Garantia:
A partir do conceito de que cada relação jurídica possui sujeito ativo e passivo,
vínculo e objeto, há que se pensar necessariamente em um quarto elemento que
vem aperfeiçoá-la, qual seja a garantia.
Podemos, afirmar, portanto, que a garantia decorre justamente do poder de
coerção da lei. Seja o vínculo a própria lei ou o contrato – que existe, pois a lei
prevê a sua existência – é o fator de coerção que irá propiciar a garantia, visto que
o descumprimento por parte do sujeito passivo em cumprir sua obrigação
acarretar-lhe-á sanção como forma de punição.
Fato Jurídico:
3
Conforme comentado acima, na visão de Paulo Nader, o fato jurídico antecede
a relação jurídica, razão pela qual não pode ser um de seus elementos. Na
verdade, tem fundamento sua assertiva já que, para que possa existir uma
relação jurídica, a mesma deve advir de fato pré-existente.
Em uma visão mais global, o Direito decorre do fato. Se não existir um
elemento causador (fato), não haverá nada a ser avaliado (valor), nem a
necessidade de uma regra (norma) para regular eventual direito.
Como bem define o Prof. José Acir Lessa, “Fato é todo acontecimento que
ocorre no meio social”.3
AULA 02
Relação Jurídica 4
Espécies 5
3
José Acir Lessa Giordano – Direito Civil, 2ª – Parte IV, Cap I - pg 169.
4
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, Cap. XXVII.
5
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, Caps. XXXV e XXXVI./ Paulo Dourado de Gusmão –
Introdução ao Estudo do Direito, Caps, XVII e XVIII.
4
titular do direito. Por isso, diz-se que operam erga omnes (contra todos, para
todos, que atinge a todos). Exemplo: Ocorre com o direito de propriedade ao
qual todos devem respeito.
PESSOAIS: Quando relativas aos direitos das pessoas. A conduta de uma parte
depende da conduta da outra parte. Ocorrem nas relações estabelecidas no Direito
de Família. Exemplo: Pátrio-poder, casamento, etc...;
OBRIGACIONAIS: Quando relativas às prestações, havendo liberdade de
disposição. A conduta de uma parte é o meio de satisfazer o interesse da outra
parte. Ocorrem nos contratos, de modo geral. Exemplo: O contrato de compra e
venda, ao credor, gera a obrigação de entregar a coisa; ao devedor gera a
obrigação de pagar a coisa.
REAIS: Quando relativas às coisas. Nessas relações, sobressaem os poderes e
as faculdades que têm o titular em relação à coisa, colocando-se as demais
pessoas do universo na situação jurídica de não impedir que ele os exerça.
Exemplo: A transferência da propriedade de um titular para outro.
CIVIS: São aquelas estabelecidas pela lei aos particulares e reguladas pelos
direito privado. Exemplo: O art. 159 do C.C. determina: Aquele que, agindo por
ação ou omissão, causar prejuízo a outrem, fica obrigado a indenizar;
5
comerciantes são obrigados a seguir uma ordem uniforme de contabilidade e
escrituração, e a manter livros para essas finalidades;
6
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 196 – pg 342.
7
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 197 – pg 343, 344./ Paulo Dourado de Gusmão –
Introdução ao Estudo do Direito, 102 – 173, 174
8
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 103 – 174.
6
seus efeitos alcançam somente os indivíduos que são parte no
processo.
2. O Direito Processual Penal dispõe sobre a ação penal, ou seja,
o exercício do poder punitivo do Estado e, ao contrário de que
ocorre no cível, a ação pode sofrer alteração no seu decorrer,
atingindo indivíduos que inicialmente não integravam o
processo.
3. Além das distinções clássicas, no Brasil, começa-se a discutir a
existência de relação processual administrativa, o que, num
primeiro instante faz bastante sentido, na medida em que o
processo administrativo segue ritualística bastante similar à do
Direito Processual.9
Relações Jurídicas podem ser ainda: Direito Público (de subordinação) Direito
Privado (de coordenação)
9
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 111 – pg. 182 e 183
7
AULA 03
Relação Jurídica
Elementos externos
Pessoas Naturais e Jurídicas
Personalidade Jurídica – Aquisição e Perda
Comoriência
Natureza Jurídica do Nascituro
Pessoa Jurídica
Desconsideração da Pessoa Jurídica
Análise dos institutos jurídicos à luz do CC/1916 e CC/2003
Elementos externos
PESSOA NATURAL:
10
Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B, pg. 503.
11
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 153 – p. 271.
8
O Homem. O Ser Humano. A Pessoa Física.
Pessoa Natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e
obrigações.12
PESSOA JURÍDICA:13
Entidade a que a Lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na
vida jurídica, com personalidade diversa das dos indivíduos que a compõe,
capaz de ser sujeito de direitos e obrigações na ordem civil. Sua personalidade
não se confunde com a personalidade de seus integrantes.
A pessoa jurídica surge para suprir a deficiência humana. Freqüentemente, o
homem não encontra forças suficientes para realizar empreitadas de maior
vulto, de forma que busca se associar a outras pessoas visando a realização e
um objetivo.
Não necessariamente, a pessoa jurídica irá se nortear por finalidades
econômicas, já que, por vezes, indivíduos se unem para realizar atividades
recreativas, religiosas, de caridade ou assistência social, dentre outros.
Comoriência
Em obra recente, Silvio de Salvo Venosa verifica que o novo Código Civil em seu
art. 8º, repete ipsis litteris a redação do art.11 do CC/1916.
12
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B, pg. 505.
13
Sílvio Rodrigues - Direito Civil (Parte Geral), 40 – 85 a 87.
14
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 16 – 35 e 36.
15
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 17 – 37.
9
o Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-se-ão simultaneamente mortos.16
Pessoa Jurídica
Conceito
Classificação
16
Sílvio de Salvo Venosa – Código Civil (Texto Comparado) – pg. 43
17
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 163 – p. 284.
18
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 153 – p. 272.
19
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B3, pg. 508.
20
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 164 – p. 289/290.
10
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional
público.
2. Pessoa Jurídica de Direito Privado – art. 44 C.C.
Formação
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
21
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B3, pg. 513.
11
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o
ato constitutivo.22
Representação
O CC/2003 embora dispense a repetição, em seu art. 46, III, dispõe o seguinte:
Responsabilidade
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Extinção
22
O Código Civil 1916 dispunham sobre a matéria em seu art. 18 (ver Silvio de Salvo Venosa).
12
O C.C./1916 contemplava a extinção da pessoa jurídica. O art. 21 dispunha da
seguinte forma.
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua
dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais
pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
Com sua clareza habitual, Silvio Rodrigues ensina que a disregard theory vem a
ser a defesa jurídica quando se recorre à ficção da pessoa jurídica para enganar
credores, fugir da incidência da lei ou mesmo para encobrir atos ilícitos ou
desonestos. Aponta que essa teoria, muito provavelmente, inspirou a redação
do referido art. 40, do CC. Não obstante, lembra que o art. 28 do Código de
Proteção e Defesa do Consumidor já autoriza o juiz a desconsiderar a persona-
lidade jurídica da sociedade nos casos de abuso, infração da lei, etc, quando
resultar em prejuízo ao consumidor.
23
Sílvio Rodrigues - Direito Civil (Parte Geral), 46 – 96/97.
13
AULA 04
24
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 18 – 39.
14
Toda a pessoa tem capacidade ao nascer (de direito) e esta capacidade, que
mais tarde pode ser de direito e de fato, só termina quando a pessoa morre.
Todo ser humano, desde o seu nascimento até a sua morte tem personalidade,
ou seja, capacidade para ser titular de direitos e obrigações. No entanto, não
quer dizer que todos podem exercer tais direitos, em razão de situações
pessoais.
A lei, tendo em vista a idade, saúde ou o desenvolvimento mental de certas
pessoas, ainda que lhes confira personalidade, não lhes permite o exercício
pessoal de direitos, com o intuito de protegê-los.
Tais pessoas são classificadas como incapazes. Incapacidade nada mais é, do
que o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos que a
lei considera indispensáveis para que possa exercer seus direitos.
Maioridade e Emancipação
Maioridade:25
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.
Emancipação:26
25
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 24 – 54/55.
26
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 25 – 55/59.
15
No caso do inciso I, a emancipação dar-se-á por ato unilateral quando os
responsáveis, reconhecendo que o filho possui maturi-dade suficiente,
proclamam-no plenamente capaz. No entanto, a emancipação enseja na
lavratura de escritura pública, sem a qual o ato não terá validade. A
emancipação dar-se-á, ainda, por decisão judicial. Uma vez requerida a
emancipação, o juiz citará o tutor e o MP para ouvirem a justificação do menor
e decidirá de acordo com o seu livre arbítrio. A sentença, igualmente, deverá
ser registrada.
O inciso II dispõe sobre a emancipação advinda do casamento. O casamento
válido conduz os cônjuges à maioridade e de forma irreversível. Nem a viuvez
ou a separação podem devolver o estado de incapacidade.
Na hipótese prevista no inciso III, pressupõe-se que se o Poder Público
reconheceu a maturidade no indivíduo para representá-lo, como então negar a
sua capacidade civil. Note-se que a emancipação nesse caso dar-se-á não
apenas nos cargos efetivos, como também se o menor assumir cargo de
confiança.
O inciso IV, em que pese ser de pouca aplicabilidade em nosso cotidiano, visto
a natural dificuldade de se chegar ao término da vida universitária antes de se
completar 18 anos, tem fundamento filosófico, pois ocorrendo a hipótese,
presumir-se-á que o indivíduo é merecedor da capacidade civil.
Por fim, o inciso V dispõe que a iniciativa do menor em auferir renda própria e
manter sua subsistência, pode integrar o rol dos capazes. Sua emancipação
nesse caso é automática.
Absolutamente Incapazes:28
27
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 20 – 40/42.
28
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 21 – 42/47.
16
São absolutamente incapazes aqueles que não podem, por si mesmos, praticar
atos jurídicos. O Direito tendo em vista a condição do menor impúbere, a do
psicopata, ou a do surdo-mudo que não pode se externar, despreza sua
vontade, e não lhe dá qualquer efeito como criadora de relações jurídicas.
Na medida em que o negócio jurídico é ato da vontade humana a que a lei
empresta conseqüências, o ato jurídico praticado por pessoa absolutamente
incapaz é nulo de pleno direito (quod nullum est, nullum producit effectum). O
CC/2003 dispõe o seguinte:
1. Os menores de 16 anos:
A lei pressupõe que o indivíduo que antes de alcançar essa idade, não possui
discernimento para distinguir o que convém ou não, de modo que a lei ignora
sua vontade, impedindo que atue de per si na vida jurídica.
Até aí, nenhuma alteração em relação ao CC/1916, cujo art. 5º trazia redação
absolutamente idêntica. Antes dele, as Ordenações mencionavam o varão
menor de 14 anos e a mulher menor de 12, visto que tomava-se por base a
puberdade e não o desenvolvimento intelectual, que efetivamente vai influir na
relação jurídica.
29
Ver Sílvio de Salvo Venosa – Código Civil (Texto Comparado) – pg. 41.
17
Interessante comparar esse instituto jurídico em relação ao ordenamento
anterior. O CC/1916 considerava como válidos os atos praticados pelo amental
em seus intervalos de lucidez. Grande era a confusão na medida em que era
difícil comprovar o fato. Em razão disso, o novo código suprimiu tal
possibilidade.
Relativamente Incapazes:30
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
Art. 6o São incapazes, relativamente a certos atos (art. 147, n.I), ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos (arts. 154 a 156);
II - os pródigos;
III – os silvícolas.
30
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 22 – 48/53.
18
representante (pai ou tutor) que o aconselhará, e se estiver de acordo, o
assistirá.
Diferentemente do menor de 16 anos, a sua vontade é que motivará o ato
jurídico. No entanto, se desassistido por seu representante o ato é passível de
anulação. Todavia, se o menor dolosamente enganar o outro contratante não
poderá se escudar na idade para se eximir. Tal disposição encontra-se no art.
180 do CC/2002.
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato
de obrigar-se, declarou-se maior.
4. Os pródigos.
19
representação ou assistência, onde sua deficiência é suprida pela inteligência
de seu representante.
Direito, por vezes se depara com situações inusitadas e necessitar dar solução
ao problema. Como fazer quando uma pessoa desaparece de seu domicílio sem
deixar paradeiro, ou mesmo, sem deixar representante que, ao menos, tenha
conhecimento de seu destino? Pode parecer incomum num primeiro momento.
Imaginemos, porém, em casos de guerra ou grandes catástrofes, quando não
se pode aferir se efetivamente morreram. Imaginemos, ainda, que essa pessoa
possui bens; a sua ausência há de gerar inevitáveis conseqüências.
A Ausência, portanto, deve ser analisada sob dois prismas. No primeiro caso,
existe a possibilidade de o “ausente” estar vivo, tendo direito, portanto, à
proteção de seus bens. De outro lado, existe a possibilidade de ter morrido,
deixando em aberto o interesse de seus herdeiros que passariam a ter direito
sobre o seu patrimônio.
O legislador buscou proteger seus bens, visando eventual retorno, fixando,
contudo, limites para o seu retorno. A lei prevê três fases: a) curadoria do
ausente; b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva.
1) Curadoria de ausentes.32
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por
mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
2) Sucessão provisória.33
31
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Capítulo IV – 77/84.
32
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 35 – 78/79.
20
Findo o prazo de um ano, publicados os editais, sem que o ausente reapareça,
cresce a presunção de que menos provável será o retorno. Entende a lei, que
se estiver vivo, declinou de retornar, permitindo portanto, que os interessados
possam requerer a abertura provisória de sua sucessão, presumindo o seu
falecimento.
A lei não despreza, contudo, a hipótese de o ausente estar vivo. Assim,
encarando como plausível o seu retorno, busca assegurar seus direitos da
seguinte forma:
A sentença referente a abertura da sucessão provisória somente produz
efeitos decorridos seis meses de sua publicação em diário oficial. Dá-se um
prazo suplementar para que o ausente, tendo ciência das conseqüências de
seu silêncio, resolva aparecer.
Faz-se a partilha dos bens do ausente. Todavia, os herdeiros darão garantias
de sua restituição, compatíveis com seus respectivos quinhões.
A lei veda a venda de bens imóveis do ausente, salvo no caso de
desapropriação, ou em face de ordem judicial para lhes evitar a ruína. O art.
475 do CC/1916 previa a hipótese de conversão de bens em títulos da dívida
pública. Tal possibilidade não mais consta do novo ordenamento cível:
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou
hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
As rendas decorrentes do patrimônio do ausente pertencerão aos herdeiros,
desde que descendentes, ascendentes, cônjuges ou companheiros. Caso
existam terceiros como herdeiros, terão direito a apenas metade da renda,
devendo a outra metade ser poupada para fins de resgate por parte do
ausente em caso de retorno.
3) Sucessão definitiva.34
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento
das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
33
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 36 – 79/81.
34
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 36 – 81/82.
21
sucessão definitiva, terá direito aos bens ainda existentes, no estado em que se
encontrarem.
O CC/1916 previa o prazo de 30 anos. A Lei n.º 2.437/55 reduziu-o para 20 e o
novo códice fechou questão em 10 anos.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou
algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no
estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais
interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e
nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio
do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
AULA 05
22
Domicílio Civil dos Sujeitos de Direito: Conceito, importância da
fixação de domicílio.35
É o ponto central de seus negócios, o lugar de onde ele se irradia para a vida
jurídica.
Espécies de Domicílio:
35
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 49 – 103/112.
36
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 50 – 106.
37
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 52 – 108.
38
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 53 – 108/109.
39
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 51 – 107.
23
negócios que pratica, viver em viagem sem residência fixa. Nesse caso, seu
domicílio será o local onde for encontrado (arts. 72 e 73).
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão,
o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar
onde for encontrada.
Presos: Nesse caso, como não poderia deixar de ser, o domicílio do preso será
o do lugar onde estiver cumprindo a sentença. A lei despreza
momentaneamente a sua residência, visto que a mesma não poderá servir de
base para a prática de atos jurídicos.
24
O CC/2002 traz essa possibilidade no art. 78, cuja redação é a seguinte:
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
40
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 54 – 109/111.
41
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 55 – 111/112.
25
enquanto que o domicílio compreende o de sua residência, acrescido do ânimo
de aí fazer o centro de sua atividade jurídica.42
O fato de uma pessoa ter mais de uma residência não quer dizer que possui
mais de um domicílio. O fator determinante da constituição do domicílio é a
intenção de fazer daquela residência um lugar para agir no mundo jurídico.
Assim, uma casa de praia vem a ser uma residência, porém não será
considerado domicílio; ao passo que residindo em uma cidade, porém tendo
negócios em outro, pode ter outra residência com o animus de utilizá-la como
base para agir, intenção esta que a diferencia como domicílio.
Residência é o local em que a pessoa se encontra de fato, e não de direito, por
não ser o lugar em que tem o centro de seus negócios ou atividade, isto é, o
centro de suas relações jurídicas. Mas, quando nela tem o centro de sua
atividade jurídica, domicílio e residência se confundem. É o local em que, de
modo definitivo, fixa a residência.43
Para vários fins de Direito, é indispensável que a pessoa natural tenha um
domicílio, o qual corresponde ao lugar onde reside com ânimo definitivo.44
AULA 06
Toda relação jurídica, todo direito subjetivo e toda obrigação têm um objeto
(objeto do Direito). De modo amplo pode-se dizer que, sendo o direito a
vinculação de, pelo menos, uma pessoa a outra para que essa satisfaça
interesse legítimo daquela, o objeto do direito é a ação da pessoa que está,
por lei ou contrato, obrigada a praticá-la.45
Maria Helena Diniz destaca a divisão em objeto imediato e objeto mediato.46
Objeto Imediato:
Obrigação de dar
Obrigação de fazer;
42
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 49 – 105.
43
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 153 – p. 273/274
44
Paulo Nader - Introdução ao Estudo do Direito, 163 – p. 287.
45
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 156 – p. 282/283.
46
Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 516/517.
26
Obrigação de não fazer.
Objeto Mediato.
Como bem define Silvio Rodrigues, enquanto coisa é gênero, bem é espécie.
Coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. Como só o
homem tem personalidade, coisa é tudo que existe exteriormente a ele. Bens
são coisas que, sendo úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm
valor econômico.
Noção de Patrimônio.48
47
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 57 – 115/116.
48
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 58 – 116/118.
49
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 59 – 118/119.
27
A operação de classificar consiste na tentativa de agrupar várias espécies de
um gênero, de forma a aproximar as que apresentam um elemento comum e
afastar aquelas que não o apresentam. É procedimento de ordem lógica que
visa facilitar o entendimento de determinado fenômeno.
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Imóveis por sua natureza51: A rigor, somente o solo é imóvel por sua natureza.
50
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Cap II – 121/136.
51
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 61 – p. 122.
52
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 62 – p. 123.
53
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 63 – p. 124/125.
28
Bens imóveis por definição da lei54:
No caso presente, ainda tratamos de ficção da lei, já que esta atribui a condição
de imóveis a determinados direitos em decorrência de situações especiais.
Bens móveis55: Conforme ocorre com os bens imóveis, os bens móveis também
sofrem diferenciação por sua natureza e por lei. O art. 82 do CC/2002 define os
primeiros, ao passo que o art. 83, os últimos.
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Fungíveis: São os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade. “Contrario sensu” infungíveis são os que não
podem. Ex: São fungíveis o café, o dinheiro, o arroz, etc..., e infungíveis,
determinado quadro de Van Gogh, um violino Stradivarius, uma partitura rara
dos Beatles...56
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
Consumíveis: São os que terminam logo com o primeiro uso, havendo imediata
destruição da substância (ex: alimentos); e inconsumíveis – os que podem ser
54
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 64 – p. 125/126.
55
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 65 – p. 126.
56
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 518/ Sílvio Rodrigues –
Direito Civil (Parte Geral), 67 – p. 128/129.
29
utilizados continuadamente, possibilitando que se retirem todas as sua
utilidades, sem atingir sua integridade (ex: roupas).57
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação
da lei ou por vontade das partes.
57
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 518/ Sílvio Rodrigues –
Direito Civil (Parte Geral), 68 – p. 129/130.
58
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 519/ Sílvio Rodrigues –
Direito Civil (Parte Geral), 69 – p. 130/132.
59
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 519
30
com o intuito de produzir certos efeitos dá unidade. Ex: o patrimônio, a
massa falida, a herança, etc.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações
jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa,
dotadas de valor econômico.
60
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Cap III – 137/144.
31
Frutos e produtos se diferenciam, na medida em que o fruto não diminui
quantitativamente o bem, que se renova; ao passo que o produto, a cada
retirada esgota parte do principal.
Por fim, a BENFEITORIA, que para Silvio Rodrigues “É uma espécie de
acessório, constante de obra levada a efeito pelo homem, com o propósito de
conservar, melhorar ou simplesmente embelezar uma coisa determinada”. O
art. 96 do Código Civil tratou a benfeitoria da seguinte forma:
Resta, por fim, analisar os bens sob a ótica do titular do domínio, ou seja, em
relação ao sujeito. O legislador os distingue em públicos e particulares.
BENS PÚBLICOS: São aqueles do domínio nacional, pertencentes à União,
Estados e Municípios. Por exclusão, todos os demais são particulares. Destarte,
de acordo com a pessoa jurídica que pertencerem, poderão ser federais,
estaduais ou municipais.
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.
Quanto ao fim a que se destinam, valemo-nos da redação do art. 99 do novo
Código Civil.
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito
privado.
61
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 76/78 – 146/148.
32
OS DE USO COMUM DO POVO: São os bens que qualquer pessoa, cumprindo
os regulamentos, pode utilizar. A listagem prevista no artigo não é restritiva,
pois há, certamente, outros bens públicos de uso comum, como é o caso das
praias e cascatas.62
OS DE USO ESPECIAL: São aqueles destinados a algum serviço da pessoa
jurídica de direito público, ex: quartéis, repartições públicas, etc. A relação do
inciso II tampouco é restritiva, já poderia constar dela a presença dos palácios
onde funcionam a administração federal, estadual e municipal.63
OS DOMINICAIS: São dominicais ou dominiais aqueles que constituem o
patrimônio da pessoa jurídica de direito público. O Poder Público é titular do
bem e equivale-se ao proprietário em relação à pessoa jurídica de direito
privado. Ex: Estradas de ferro, empresas de navegação ou aviação, terras de
marinha e terras devolutas, ilhas, etc.64
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
AULA 07
62
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 519.
63
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 519/520.
64
Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 520.
33
FATO JURÍDICO OU JURÍGENO:65
CLASSIFICAÇÃO (clássica):
Fatos da Natureza: São os que decorrem da natureza, mas que irão trazer
conseqüências jurídicas. Exemplo: O Nascimento e a Morte são fatos naturais,
mas dotados de intrínseco valor jurídico. São chamados ainda fatos jurídicos
Stricto sensu, e são espécie do gênero fatos jurídicos;
Atos Humanos.
Lícitos (atos jurídicos): São lícitos, os voluntários, a que a lei defere os efeitos
almejados pelo agente. A essa espécie de ato jurídico, constituído dentro da lei,
o CC/1916 chamava ato jurídico.
65
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 82/83 – pg.155 a 158.
66
José Acir Lessa Giordano – Direito Civil, 2ª – Parte IV, Cap I - pg 169.
34
Ilícitos (atos ilícitos): De outro pólo, temos o ato praticado pelo agente contra
os ditames legais, culposa ou dolosamente.
Como o nome está a indicar são atos levados a efeito, contra disposição de lei,
assim, por exemplo, o homicídio, o furto, a fraude, a simulação, etc. São atos
que infringem as normas legais instituídas. E, uma vez praticados, geram
relação jurídica, independentemente da vontade do agente. Muitas vezes o ato
ilícito gera efeitos no campo do direito penal e direito civil.
NEGÓCIO JURÍDICO67
67
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Capítulo III – p.169 a 170 / Paulo Nader – Introdução ao
Estudo do Direito, Capítulo XXXIII – p.325 a 332.
68
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 184 – p. 325
35
Segundo Maria Helena Diniz, negócio jurídico é a norma estabelecida pelas
partes, que podem auto-regular, nos limites legais, seus próprios interesses. Ex:
contratos, testamentos, adoção etc.69
A liberdade conferida pela ordem jurídica para que as partes possam contratar
de acordo com sua vontade geram o chamado Princípio da Autonomia da
Vontade. Tal princípio, ao conceder liberdade de escolha ao indivíduo para
realizar negócio jurídico, permite melhor ajustamento nos interesses sociais, ou
seja, a lei não necessita prever todos os acontecimentos sociais, mas sim
outorga a indivíduo a dispor sobre os seus interesse dentro dos limites da lei.
Requisitos de Validade
Há que se atentar, como bem salienta Sílvio Rodrigues que a capacidade nem
sempre é suficiente para permitir que o indivíduo firme negócio jurídico. Há
casos em que a lei traz impedimentos no que tange à legitimação. O tutor ou
curador ainda que tenha capacidade para firmar negócio jurídico, a lei não
permite que possa adquirir qualquer dois bens que esteja sob a sua tutela ou
curatela, isto é, não possuem legitimidade para tal. Da mesma forma, as
sociedades anônimas não podem adquirir suas próprias ações.
Liceidade do Objeto:
69
Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito, 5D – p. 522.
36
A Forma:
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir.
A despeito da regra, são inúmeros os casos em que a lei determina forma
específica, como é o caso da compra e venda de imóveis acima de determinado
valor (art. 108 C.C.)
Classificação:70
A) Unilaterais e Bilaterais;
B) Onerosos e Gratuitos;71
a. No dizer de Silvio Rodrigues “Negócios onerosos são
aqueles em que à vantagem obtida corresponde um
sacrifício”. Quer dizer que nesse caso há reciprocidade de
obrigações, ou seja, ambas as partes tem obrigações para
com a outra. Ex: Contrato de compra e venda.
b. Gratuitos “são os que envolvem sacrifício apenas de uma
das partes pois a outra deles se beneficia”. Uma das partes
tem obrigações, enquanto a outra, apenas benefícios. Ex:
Doação.
70
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 93 – p. 178/179/ Paulo Nader – Introdução ao Estudo do
Direito, 186 – p. 327/328.
71
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 93 – p. 179.
37
a. Solenes, também denominados formais, devem obedecer a
uma forma determinada em lei para obterem validade. Ex:
A adoção depende de escritura pública por força de lei.
b. Não solenes, ou não formais, independem de forma
determinada, de modo que as partes podem optar pela
forma que quiserem. Ex: A venda de bens móveis não é
solene já que se aperfeiçoa mesmo que efetuada
verbalmente.
O novo Código Civil dispõe sobre os defeitos dos negócios jurídicos (arts. 138 a
165), que são, justamente, vícios que comprometem a validade dos referidos atos
jurídicos. Basicamente, são eles:
Erro ou ignorância;
Dolo;
Existe o dolo quando alguém é induzido a erro pela má-fe de outrem. (art.
145)
Coação;
A coação pode se manifestar tanto pelo uso da violência quanto pela pressão
ou constrangimento psicológico. (art. 151 a 155)
Estado de perigo;
Lesão, e;
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores.
Além dos casos de anulação, temos ainda os casos de nulidade. Uma vez que a
validade do ato jurídico depende dos pressupostos mencionados, sua ausência
acarreta em sua nulidade.73
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio
jurídico simulado.
Nunca é demais lembrar que o ato nulo não gera efeitos (quod nullum
est,nullum producit effectum). Enquanto o ato anulável somente deixa de
produzir efeitos após a sentença, o ato nulo, porquanto decorrente da vontade
do legislador, retroage seus efeitos ao ato invalidado. Tudo o que foi praticado
em decorrência dele perde seus efeitos.
73
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Capítulo VII – p. 282/306.
39
O ato nulo leva a recondução das partes ao estado anterior. Ex: Se uma das
partes não pode dispor de seus bens e os vende, o negócio jurídico é nulo as
importâncias recebidas precisam ser devolvidas. No entanto, por vezes é
impossível a recondução das partes ao estado anterior. Nesse caso, busca-se
obter o equivalente mediante indenização.
AULA 08
Direito Subjetivo.74
Nascimento, aquisição e modificação de direitos (distinção).
Espécies de aquisição: originária e derivada, pelo próprio
adquirente ou por representação, por força de lei e por ato de
vontade.
Análise dos institutos jurídicos à luz do CC/1916 e CC/2002
Nascimento
74
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 147/152 – p. 269./ Sílvio Rodrigues –
Direito Civil (Parte Geral), 85 – 160/164/ Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, Cap XXX – p.
299/309.
75
Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 85 – 160/162
40
Bebendo na fonte de Paulo Nader temos o ensinamento de que “os direitos
subjetivos não são eternos nem imutáveis. Estão sujeitos a uma evolução
análoga à dos seres vivos, pois nascem, duram e perecem”. 76
Se alguns direitos já nascem junto com o indivíduo (direitos personalíssimos),
outros são adquiridos durante a vida. Duas razões permitem o seu surgimento:
76
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 173 – p. 306.
41
Além desses, existem direitos que podem ser adquiridos independentemente do
ato do adquirente ou de seu representante, como nas hipóteses de aluvião.
Também há direitos que podem ser adquiridos para outrem, sem que haja
qualquer representação, e, às vezes, até mesmo sem o conhecimento do
favorecido pela aquisição do direito, como é o caso da estipulação em favor de
terceiro (por exemplo: seguro de vida a ser pago à esposa, filhos, etc.).
Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a
quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o
prometido.
42
defesa. Exemplo: a legítima defesa, o direito de retenção, apropriação das
arras, etc.), mas via de regra, tal defesa se faz por intermédio de ação judicial.
Daí prescrever o art. 75 do Código Civil 1916 que “a todo direito
corresponde uma ação que o assegura”. Através da ação o titular do
direito reclama do Estado uma prestação jurisdicional no sentido de assegurá-
lo. Esse direito, como proclamam os processualistas, é um direito subjetivo
público dirigido contra o Estado e não propriamente contra o réu, mas sim
em face dele.
Só tem, entretanto, direito de pleiteá-la, ou dela defender-se, quem demonstre
legítimo interesse econômico, isto é, apreciável em dinheiro, ou moral,
sendo que este só autoriza a ação quando toque diretamente ao autor, ou a
sua família. O Poder Judiciário não se manifesta sobre questões teóricas, mas
apenas sobre casos específicos, quando demonstrado interesse legítimo, seja
patrimonial ou moral.
77
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 149 – p. 265/267.
43
novos titulares do direito. Nas obrigações, a modificação tanto pode ser em
relação ao sujeito ativo, como ao passivo. Exemplo: quando terceiro assume
a dívida de outrem. Em todos esses casos, a relação jurídica não ficou alterada
em sua substância, mas, apenas, na titularidade do direito. Tem-se, ainda,
modificação subjetiva admitindo-se uma pluralidade dos sujeitos, quando
havia uma pessoa única. Exemplo: quando ao titular do direito outros se
associam, exercendo, conjuntamente, os poderes inerentes à propriedade.
Há direitos, todavia, que não comportam modificação em seu sujeito, por serem
personalíssimos; extinguem-se com a sua morte, sem possibilidade de serem
transmitidos a outrem. São eles: o direito à vida, à honra, ao nome, entre
outros.
AULA 09
45
Posição Jurídica dos Indivíduos:
78
Silvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 2 – p. 06/07.
46
como direito objetivo, ou seja, direito em sentido objetivo”. É objetivo, na
medida em que decorre da norma, expresso em lei. Toda lei ou norma nela
contida é exemplo de direito objetivo.
O direito subjetivo nasce através do fato jurídico, do direito objetivo (norma
agendi). A norma jurídica (direito objetivo-norma agendi) antecede ao direito
subjetivo.
Direito Subjetivo
Elementos:
Para que se tenha direito subjetivo é necessário que haja três elementos
(doutrina de Santiago Dantas):80
Teorias:81
79
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 169 – p. 300/301.
80
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 169 – p. 302.
81
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 171 – p. 303/304.
47
Teoria da Vontade (Bernard Windscheid – 1817/1892) - o direito
subjetivo é “o poder ou o senhorio da vontade reconhecido pela ordem
jurídica”.
Teoria do Interesse (Rudolf Von Jhering – 1818/1892 - o direito
subjetivo seria o “interesse juridicamente protegido”.
Teoria Eclética (Georg Jellinek – 1851/1911) o direito subjetivo
como sendo: “o bem ou interesse protegido pelo reconhecimento do
poder da vontade.”
Teoria da Relação de Dependência - Na doutrina, encontramos
também quem sustente que a natureza do direito subjetivo está
essencialmente na relação de “dependência” formada entre o objeto da
pretensão e seu titular, reconhecida pela ordem jurídica. (Nesse sentido,
alega Antonio Bento Betioli, Introdução ao Direito, que há uma
“exigibilidade garantida, própria do direito subjetivo e a existência de um
dever jurídico correspondente.
Direito Potestativo:
82
Cit. Profª Célia Barbosa Abreu Lawinski – Unesa.
48
Direitos potestativos constitutivos:
São aqueles em que o seu titular tem o poder de criar uma relação jurídica por
sua exclusiva manifestação de vontade.
São aqueles em que seu titular tem o poder de extinguir uma relação jurídica,
por sua exclusiva manifestação de vontade.
Exemplos de poder: poder familiar (poder dever instituído aos pais em função
do interesse dos filhos); formas de poder exercidas pelos órgãos do Estado
(não no interesse da Repartição Pública, mas da coletividade). (Miguel Reale,
Lições Preliminares de Direito).
Faculdade jurídica:
49
Como já pudemos aferir em aulas anteriores, a Faculdade Jurídica vem a ser o
poder conferido pelo direito de praticar certo ato sem que haja um dever
jurídico em contrapartida. Ex: faculdade de contratar, faculdade de adquirir,
faculdade de casar, a faculdade de alterar um contrato, a faculdade de alienar
um objeto seu.
83
Idem – (cit. Recaséns Siches, Tratado General de Filosofia Del Derecho).
84
Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. Cap 3 – 1 C, p. 246
50
São conseqüências naturais do direito. Antes de o direito ser adquirido, quem
tem a expectativa de adquiri-lo não pode exercer qualquer de suas
faculdades;
A faculdade pode deixar de ser exercida sem afetar a existência do direito que
integra. O conteúdo de um direito pode ser desfalcado de uma de suas
faculdades que o compõe, sem que o direito deixe de existir;
O direito subjetivo não perde a substância por não ser exercida qualquer uma
das suas faculdades, a menos que outra pessoa, por equívoco ou de modo
consciente, passe a exercê-las ostensivamente, prolongando a sua ação por
tempo que o ordenamento jurídico considere suficiente para que adquira o
direito que corresponde à faculdade jurídica exercida.
85
Paulo D. Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 150 – p. 267/268.
86
Paulo D. Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 150 – p. 267.
87
Idem.
51
Encontra-se na posição jurídica passiva, o sujeito passivo da relação jurídica,
isto é, quem tem o dever jurídico imposto pela norma ou decorrente de um
ato de vontade. Exemplo: o contrato. É a posição em que se encontra aquele
contra quem é dirigida a vontade do sujeito ativo. Em qualquer circunstância,
estará o devedor num ESTADO DE SUJEIÇÃO ao credor (titular do direito),
visto caber a este a faculdade de exigir a satisfação de seu direito, no caso de
inobservância do mesmo.
Dever Jurídico:
Pode-se dizer que o Dever Jurídico equivale à posição jurídica daquele sujeito
que, em decorrência da norma, está obrigado a praticar um ato ou se omitir,
sob pena de ser penalizado. Só há dever jurídico quando há possibilidade de
violação da regra social. Dever jurídico é a conduta exigida.88
O dever jurídico decorre do próprio ordenamento jurídico, que há de prever
obrigações para cada direito existente, independentemente, do tipo da norma
ou da espécie da relação jurídica. Ex: Contrato, onde as partes contraem
obrigações; Norma tributária que exige do contribuinte o pagamento de
determinado imposto.
Ensina Paulo Nader que existem duas correntes divergentes sobre o dever
jurídico. Enquanto a mais antiga o identifica como dever moral, prevalece a
corrente positivista de Kelsen que identifica-o como com as expressões
normativas do direito objetivo. “o dever jurídico não é mais que a
individualização, a particularização de uma norma jurídica aplicada a um
sujeito”, “um indivíduo tem o dever de se conduzir de determinada maneira
quando essa conduta é prescrita pela ordem social”.89
Dentre as várias espécies de obrigações jurídicas, destacam-se:
Dever positivo: Obrigação de dar e fazer;
Dever negativo: Exige omissão. Caso específico da obrigação de não-fazer.
Dever contratual: tem origem nos contratos;
Dever extracontratual ou aquiliano: dever legal decorrente da lei. São
deveres jurídicos extracontratuais, também denominados obrigações
aquilianas, os que se originam de uma norma jurídica. Exemplo: o dano em
um veículo, provocado por colisão, gera direito e dever para as partes
conflitantes.
Dever jurídico permanente: É aquele que não se esgota com o seu
cumprimento. Exemplo: os jurídico-penais, que são ininterruptos.
Dever jurídico transitório ou instantâneo: É aquele que se extingue com o
cumprimento da obrigação. Exemplo: o pagamento de uma dívida faz cessar
o dever jurídico.
Sujeição:
88
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 176 – p. 312/314.
89
Hans Kelsen, Teoria Pura do Direito Vol. I, 225 (cit. Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito,
176 – p. 313)
52
São elementos fundamentais da relação jurídica, o direito e o dever, que
coexistem num plano de igualdade dentro do Direito, sem prevalência de um
sobre o outro.
Todavia, o dever jurídico imposto pelo contrato ou por lei, sujeita-se ao poder
do titular do direito, pois cabe a este exigir a prestação de dar, de fazer ou de
não fazer.
Obrigação:
Ônus:
90
Paulo D. Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 151 – p. 268.
53
Compreende a necessidade que o agente tem de comportar-se de determinado
modo para realizar um interesse próprio. (art 530, I do Código Civil de 1916 /
dispositivo correspondente no Novo Código Civil, art 1245).
54
AULA 10
CCLLLAAASSSSSSIIIFFFIIICCCAAAÇÇÇÃÃÃO
O D
O DO
D OS
O S D
S DIIIR
RE
R EIIIT
E TO
T OS
O S S
S SUUB
UBBJJJE
ET
E TIIIV
T VO
V OS
O S P
S PRRIIIV
R VA
V AD
ADDO
OS
O S S
S SO
S OB
O O A
B O
B O ASSSPPPEEECCCTTTO
O
O
E
EC
E CO
COON
NÔ
N ÔM
Ô MIIIC
M CO
C O
O
Patrimoniais:
Reais: São aqueles que têm por objeto um bem móvel ou imóvel;
Obrigacionais: Conhecidos ainda como de crédito ou pessoais têm por objeto
uma prestação pessoal. Ex: contrato de trabalho;
Sucessórios: São aqueles direitos decorrentes do falecimento de seu titular e
são transmitidos aos seus herdeiros;
Intelectuais: Dizem respeito aos autores e inventores, que têm o privilégio de
explorar sua obra, com exclusão de outras pessoas.
91
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/2 – p. 306.
55
Extrapatrimoniais ou Não-Patrimoniais:92
Tais direitos são dotados de valor moral, caso típico do direito à filiação, o
direito ao pátrio poder, o direito à honra. Podem ser direitos personalíssimos ou
direitos familiares propriamente ditos. De todo modo, são inalienáveis,
intransmissíveis, sendo alguns adquiridos pelo nascimento. Extinguem-se com a
morte do titular. Vale como exceptio lembrar que, um direito personalíssimo
pode ser explorado economicamente, embora não possa ser transferido a
outrem, como é o caso do direito à imagem.
CCLLLAAASSSSSSIIIFFFIIICCCAAAÇÇÇÃÃÃO
OD
O DO
D OS
O SD
S DIIIR
RE
R EIIIT
E TO
T OS
O SS
S SU
UB
U BJJJE
B ET
E TIIIV
T VO
V OS
O SP
S PR
RIIIV
R VA
V AD
ADDO
OS
O SQ
S QU
UA
U AN
ANNT
TO
T OÀ
O ÀE
À EFFFIIICCCÁÁÁCCCIIIAAA
São aqueles em que está na situação jurídica passiva uma pessoa ou pessoas
determinadas. Existe uma relação jurídica entre as partes, seja decorrente de
contrato, de ato ilícito ou de imposição legal. Sua eficácia é circunscrita a
determinadas pessoas. São relativos aos direitos de crédito, in personam.
Reflexo das relações jurídicas relativas. Nos Direitos Subjetivos Relativos está
na situação jurídica passiva uma pessoa ou pessoas determinadas. Existe uma
relação jurídica entre as partes (inter pars), seja decorrente de contrato, de ato
ilícito ou de imposição legal.
92
Idem.
93
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/1 – p. 306.
56
Direitos Subjetivos Originários:
Da Inalienabilidade
94
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/3 – p. 307.
95
Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 172/2 – p. 307.
57
inalienáveis eram coisas fora do comércio, que não podem ser objeto de
apropriação individual e que não podem também ser vendidas ou compor o
patrimônio de uma pessoa.
Sub-rogação
Sucessão
58
AULA 11
Direito Adquirido
requisitos subjetivos;
requisitos objetivos.
96
Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 152 – p. 269.
59
Os requisitos subjetivos dizem respeito aos sujeitos do direito subjetivo,
isto é, o sujeito que o exercita (sujeito ativo) e o sujeito em face de quem se
exercita (sujeito passivo). Devem ambos os sujeitos ter legitimação, isto é,
idoneidade para praticar atos de exercício de um determinado direito subjetivo
(legitimação ativa) ou para suportar o exercício do direito (legitimação passiva).
Num ou noutro caso, a legitimação pode ser direta ou indireta, ocorrendo a
primeira quando existe plena coincidência entre o titular do direito ou o sujeito
passivo e aquele que pratica os atos de exercício do direito subjetivo
(capacidade de gozo e de exercício) ou de defesa; e a segunda, quando não
coincidem na mesma pessoa a capacidade de gozo e a de exercício, como no
caso dos absolutamente incapazes, que são representados (na verdade,
substituídos) em todos os atos da vida civil por seus tutores ou curadores ou
são por eles assistidos em certos atos, no caso de incapacidade relativa.
Os requisitos objetivos dizem respeito ao exercício oportuno e
tempestivo do direito subjetivo, isto é, não podem ser exercitados nem
antes de adquiridos, nem depois da época devida, posto que, no primeiro caso,
faltaria legitimação e interesse ilegítimo, e, no último, porque, passado o limite
temporal para o exercício do direito, não teria mais ação para protegê-lo, em
virtude da prescrição, ou até o perderia em definitivo, nos casos de decadência.
Quanto ao ABUSO DO DIREITO, ao contrário da legislação dos outros países
(Código Civil alemão, espanhol, suiço, etc.), o ordenamento jurídico brasileiro
não contém regra genérica, mas o repele em várias passagens.Existem
parâmetros dentro dos quais os direitos podem e devem ser exercidos. Isto
significa dizer que os direitos, na verdade, são relativos; eles não são
absolutos, como podem a princípio parecer, salvo no tocante aos chamados
direitos personalíssimos (direito à vida, à liberdade, à honra, à imagem, ao
nome, etc.). Se os demais direitos fossem absolutos, não sofreriam qualquer
restrição ou limitação ao seu exercício. Sendo relativos, como de fato o são, o
exercício de um direito anormal pelo seu titular, causando prejuízo a outrem, é
considerado abusivo.
Portanto, o ABUSO DE DIREITO é o exercício anormal de um direito pelo
titular, isto é, sem que haja interesse legítimo ou além desse interesse, por
mera rivalidade, concorrência, imoralidade ou para prejudicar a outrem, sem
que o agente se beneficie do resultado, causando, ainda, dano injustificado a
terceiro. Desse conceito podemos extrair alguns requisitos essenciais:
que haja de fato um direito e o seu exercício pelo titular do mesmo;
que tal exercício se faça sem qualquer interesse legítimo ou além desse
interesse;
que o exercício do direito ocorra por mera rivalidade, concorrência ou ainda
para causar prejuízo a outrem;
que o agente não se beneficie do resultado;
que cause dano a terceiros.
60
gases nocivos ou fumaça de forma excessiva, causando incômodo ou prejuízo
aos vizinhos.
Modalidade implícita de ato ilícito, o abuso de direito, porém, com ele não se
confunde, pois o abuso decorre do exercício de um direito, realizado, porém,
de forma imoderada, excessiva, injustificada, causando, assim prejuízo a
outrem.
61