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br/documento/800675227
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
NÚCLEO JURÍDICO
PARECER N. 00045/2022/NJUR/E-CJU/ENGENHARIA/CGU/AGU
PROCESSO N. 08660.020734/2020-03
ORIGEM: 9ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - 9ª SR/PRF/RS
EMENTA: I - DIREITO ADMINISTRATIVO - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS -
LICITAÇÕES E CONTRATOS - TERMO ADITIVO CONTRATUAL - OBEDIÊNCIA AOS
LIMITES DEFINIDOS EM LEI PARA ACRÉSCIMO E/OU SUPRESSÃO - MANUTENÇÃO
DA VANTAGEM OBTIDA COM O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO EM RELAÇÃO AO
ORÇAMENTO BASE - NORMAS APLICÁVEIS: LEI Nº 8.666/93, ARTIGO 65, §1º.
II - NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO DO PROCESSO A FIM DE INFORMAR
ESPECIFICAMENTE A MANUTENÇÃO, OU NÃO, DO PERCENTUAL DE DESCONTO
OBTIDO COM A LICITAÇÃO EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO BASE e A COMPOSIÇÃO
ANALÍTICA DOS CUSTOS NÃO EXTRAÍDOS DE TABELAS OFICIAIS (SINAPI/SICRO).
1. RELATÓRIO
1. A 9ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL - 9ª SR/PRF/RS
submete ao crivo desta Consultoria Jurídica Especializada em Obras e Serviços de Engenharia (em conformidade com o
parágrafo único, do art. 38, da Lei n. 8.666/93 e nos termos da LC n. 73/93, art. 11, IV, b) o presente procedimento para a
formalização de aditivo contratual por meio do qual se pretende realizar modificações qualitativas e quantitativas ao
Contrato n. 15/2021, firmado com a empresa IDEA ENGENHARIA E CONSTRUTORA LTDA, com esteio na Lei n.
8.666, de 1993, e legislação correlata.
2. Inicialmente ressalte-se que a análise em pauta dar-se-á com base exclusivamente nos elementos
acostados até a presente data nestes autos administrativos e restringe-se aos aspectos legais envolvidos no procedimento,
excluídos, portanto, aqueles de natureza técnica. Cabendo tão somente a esta Consultoria, à luz do art. 131 da
Constituição Federal de 1988 e do art. 11 da Lei Complementar n. 73/1993, prestar consultoria sob enfoque estritamente
jurídico, não sendo competência deste Órgão Consultivo o exame da matéria em razão das motivações técnica e
econômica, nem da oportunidade e conveniência da contratação que se pretende efetivar, tampouco exercer auditoria,
fazer avaliação de valor, de mercado ou mesmo invadir o campo relacionado à necessidade material da contratação no
âmbito do órgão assessorado.
3. No mais, em se tratando de ato de aditamento a contrato administrativo, não compete, neste momento,
apreciar a regularidade jurídica do procedimento original – seja licitação, dispensa ou inexigibilidade – que culminou com
a contratação, ou dos eventuais aditamentos anteriores, pois presumivelmente já apreciados prévia e conclusivamente
pelo órgão de assessoramento jurídico, nos termos do art. 38, parágrafo único, da Lei n° 8.666/93 e art. 11, inciso VI, “a”
e “b”, da Lei Complementar n° 73/93.
4. Dentre os documentos que compõem o processo, cabe mencionar, em função da relevância, os seguintes,
conforme informado no endereço de acesso ao processo eletrônico no Sistema SEI fornecido pelo órgão consulente:
https://sei.prf.gov.br/sei/processo_acesso_externo_consulta.php?
id_acesso_externo=873837&infra_hash=2b025d0a5f22bbe0b305be84a966d1a9
5. Abaixo, a relação de documentos, tal como se encontram no referido sistema de processo eletrônico,
com os respectivos endereços de acesso:
DOCUMENTO TIPO DATA UNIDADE
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https://sapiens.agu.gov.br/documento/800675227 3/14
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ajustes, todas as alterações são bilaterais. A alteração unilateral é, então, uma das chamadas
cláusulas exorbitantes do contrato administrativo e justifica-se em razão do princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse dos particulares. A possibilidade de alterar
condições relativas à execução do contrato deve ser vista com muita reserva, uma vez que atinge
diretamente uni dos pilares da teoria do contrato: a obrigatoriedade de respeitar o que foi
convencionado. No caso do contrato administrativo, a Lei permite tal alteração quando estiver
cabalmente configurada a imperiosa necessidade de alteração, sob pena de ser reputada ilegal a
modificação. É preciso ter em mente que a regra é a alteração bilateral, e não unilateral, muito
embora a impressão possa ser outra. A alteração unilateral é limitada a 25% do valor atualizado
do contrato. O acréscimo do objeto além desse limite é ilegal mesmo com a concordância da outra
parte, não pode ser realizado. A redução de até 25% do valor atualizado do contrato pode ser
unilateral, mas a supressão do objeto além desse percentual só é possível mediante concordância
do contratado, ou seja, deve ser bilateral. Apenas a Administração pode determinar a alteração
unilateral, o particular contratado não. (Renato Geraldo Mendes (coord) - Lei de Licitações e
Contratos Anotada, Zênite, 9ª ed., págs. 1171/1172)
8. A base de cálculo sobre a qual incidem os mencionados percentuais é aquele definido no art. 65, §1º da
LLC, sendo o valor inicial atualizado do contrato. Excluem-se, portanto, eventuais compensações, ou seja, a redução de
determinados itens e o acréscimo de outros para que, no final, o valor resultante das subtrações e adições seja inferior ao
valor inicial do contrato acrescido dos 25% ou 50% mencionados em lei. Em outras palavras: todos os acréscimos
realizados ao longo da execução do contrato deverão ser somados a fim se aferir a obediência à lei, independentemente
das supressões, que também deverão seguir o mesmo raciocínio. Assim se manifesta a jurisprudência da Corte de Contas
da União:
...no âmbito desta Corte, o entendimento de que, para efeito de observância dos limites de
alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei n. 8.666/93, devem ser consideradas as reduções
e supressões de quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de
acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada
um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites
de alteração estabelecidos no supracitado dispositivo legal. (Acórdão 2530/2011-TCU-Plenário
Ministro Relator: José Jorge)
9. Sobre a questão, Valmir Campelo traz exemplo elucidativo:
Em aplicação prática do entendimento, propomos o caso hipotético de uma obra pública
inicialmente contratada por R$100.000,00, em que houve supressões no montante de R$15.000,00
(15%) e serviços acrescidos em um total de R$30.000,00 (30%), o que perfaz um valor atualizado
contratual de R$115.000,00 (ou 15% a mais, no total). O Tribunal de Contas da União considera,
neste caso, segundo entendimento mais recente, que houve infração ao art. 65, §1º, da Lei de
Licitações, por ultrapassagem do limite de acréscimos. (Valmir Campelo, Obras Públicas:
comentários à jurisprudência do TCU, Ed. Fórum, 2ª ed., pág. 44).
2.2 Modificações qualitativas
10. Considerando que, no caso, há a pretensão de alteração qualitativa do objeto do contrato, convém
transcrever o que diz a doutrina acerca da impossibilidade de desnaturação do objeto original do contrato, in verbis:
O Encargo "E" não é imutável e pode, por várias razões, sofrer alterações durante a execução do
contrato. (...) O limite para a alteração qualitativa é a não desnaturação da solução e do objeto
definidos. Não haveria, em princípio, um limite percentual fixo, mas o limite seria a preservação
da solução ("E") identificada para resolver o problema (necessidade). Assim, haveria extrapolação
do limite sempre que a alteração implicasse nova solução e, por decorrência, novo objeto.
Entretanto, para o TCU, o limite é de até 25%, conforme consta da Decisão n. 215/1999 Plenário.
A alteração contratual unilateral deve ser devidamente justificada, e os fundamentos são,
basicamente, dois: (a) mudança superveniente ocorrida em relação à necessidade da
Administração que ensejou o processo de contratação ou (b) necessidade de alteração do próprio
"E". Em outras palavras, ou é o problema (necessidade) que se alterou, ou é a solução para o
problema ("E") que precisa mudar. No primeiro caso (a), pode acontecer que, em razão de uma
situação fática superveniente, haja uma alteração na configuração da necessidade, ou seja, o
problema se altera e, por força disso, a solução definida para resolver o problema se torna
inadequada nos termos inicialmente fixados. Portanto, é preciso alterar o encargo "para melhor
adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado", utilizando os
exatos termos do inc. I do art. 58 da Lei n° 8.666/93. No segundo caso (b), a necessidade
permanece a mesma, ou seja, o problema não se altera, apenas a solução definida para o problema
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é alterada. Quem sofrerá alteração é o "E". A alteração do "E" pode ocorrer, basicamente, por
duas razões: (a) a solução tal como definida se revelou inadequada ou (b) novas condições de
mercado tornaram inaplicável ou desvantajosa a manutenção da solução contratada. Seja qual for
o motivo, a alteração não pode desnaturar a solução ("E"), sob pena de ser reputada ilegal. Na
hipótese (a), pode haver a responsabilização do agente que definiu a solução. (Renato Geraldo
Mendes (coord) - Lei de Licitações e Contratos Anotada, Zênite, 9ª ed., pág. 1166)
11. Obviamente, a análise tanto da solução adotada pelo órgão como do problema identificado na fase interna
do procedimento licitatório diz respeito às questões técnicas ligadas ao mérito e à motivação dos atos administrativos
praticados. Compete a este órgão consultivo tão-somente orientar para que as modificações qualitativas não desnaturem a
solução originalmente pretendida pela Administração. Assim, o órgão deverá observar que somente serão possíveis
alterações no projeto que mantenham as linhas gerais daquilo que foi inicialmente definido nos Estudos Preliminares,
conforme o conteúdo do documento de formalização da demanda. Consequentemente, o órgão está ciente de que a
substituição da solução declarada viável ou do objeto da demanda a ser atendida implicam a necessidade de nova
contratação por meio de novo processo licitatório.
2.3 Empreitada por preço global
12. Há de se observar, ainda, que nos regimes de execução por preço global e de empreitada integral, as
falhas ou omissões alegadas durante a execução do projeto somente poderão ser corrigidas por meio de termo aditivo não
superior a dez por cento do valor total do contrato, como determina o art. 13, II do Decreto n. 7.983, de 2013:
Art. 13. Em caso de adoção dos regimes de empreitada por preço global e de empreitada integral,
deverão ser observadas as seguintes disposições para formação e aceitabilidade dos preços:
(...)
II - deverá constar do edital e do contrato cláusula expressa de concordância do contratado com a
adequação do projeto que integrar o edital de licitação e as alterações contratuais sob alegação de
falhas ou omissões em qualquer das peças, orçamentos, plantas, especificações, memoriais e
estudos técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no seu conjunto, dez por cento
do valor total do contrato, computando-se esse percentual para verificação do limite previsto no §
1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.
13. Portanto, o órgão consulente deverá atentar para as disposições normativas citadas e identificar, conforme
o caso, se nas modificações pretendidas estão incluídas eventuais falhas no projeto e se efetivamente há a observância do
limite previsto no Decreto, vez que a aquiescência da contratada na adequação do projeto transfere a ela a
responsabilidade pelo excesso que tiver sido verificado.
14. Assim, é imprescindível que a justificativa técnica que fundamenta a celebração do Termo Aditivo
contenha informação do percentual que será destinado à correção de falhas do projeto licitado separadamente das
alterações desejadas pela Administração[1]. O somatório das duas compõe o percentual de alteração contratual que
deverá se submeter aos limites legais. Consequentemente, a celebração do aditivo depende da prévia definição das
subestimativas relevantes e da compensação de eventuais itens superestimados que tenham favorecido a empresa
contratada. É o que diz o TCU no Acórdão n. 1977/2013-Plenário:
82. Essa exigência tem como fundamento a tese de que equilíbrio econômico-financeiro do
contrato deve ser sempre analisado de forma global, procedendo-se as compensações entre
os ganhos e perdas do contratado. Pode-se realizar uma analogia com o conceito de
compensação entre preços superestimados e preços subestimados presentes na jurisprudência do
TCU (...)
83. Contribui para o esclarecimento da questão o seguinte trecho do sumário do:
3. Na avaliação econômica do contrato, o eventual sobrepreço existente deve ser apurado de
forma global, isto é, fazendo-se as compensações do preços excessivo de alguns itens com os
descontos verificados em outros, principalmente se os preços são os mesmos oferecidos na
licitação da obra e se pode constatar que a proponente sopesou de forma diferenciada o custo dos
diversos serviços, tirando proveito das possíveis vantagens comparativas, desde que de forma
legítima. Situação diversa ocorre com itens eivados de ilegalidade, tais os que apresentaram
modificação sensível dos parâmetros eleitos na licitação, justificando a impugnação individual do
item anômalo. ( – trecho do sumário)
84. Por analogia aos entendimentos apresentados acima, na avaliação econômica de um
contrato por preço global, eventual subestimativa de quantitativo de um determinado
serviço, pode ser compensada por outros serviços, cujos quantitativos estão superestimados.
Caberá, então, ao gestor avaliar a íntegra da planilha orçamentária, sempre que for
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demandado pelo contratado a aditar um contrato por preço global com a alegação de que os
quantitativos de determinados serviços estão superestimados.
(g.n.)
15. Uma vez concluída a compensação mencionada e encontrado o efetivo percentual efetivo de acréscimo,
compete à Administração verificar se tal índice ultrapassa, ou não, a margem daquilo que foi considerado relevante no
projeto licitado. Em outras palavras: pequenas variações nos quantitativos não permitem a celebração de termo aditivo,
vez que compreendidas no risco do empreendimento transferido à empresa contratada. Os percentuais das pequenas
variações devem ter sido definidos no Projeto Básico a partir das informações coletadas na fase de planejamento da
contratação e na definição do Mapa de Riscos. É o que afirma o Acórdão citado:
9.1.7. quando constatados, após a assinatura do contrato, erros ou omissões no orçamento
relativos a pequenas variações quantitativas nos serviços contratados, em regra, pelo fato de
o objeto ter sido contratado por "preço certo e total", não se mostra adequada a prolação de
termo aditivo, nos termos do ideal estabelecido no art. 6º, inciso VIII, alínea "a", da Lei 8.666/93,
como ainda na cláusula de expressa concordância do contratado com o projeto básico, prevista no
art. 13, inciso II, do Decreto 7.983/2013;
9.1.8. excepcionalmente, de maneira a evitar o enriquecimento sem causa de qualquer das partes,
como também para garantia do valor fundamental da melhor proposta e da isonomia, caso, por
erro ou omissão no orçamento, se encontrarem subestimativas ou superestimativas
relevantes nos quantitativos da planilha orçamentária, poderão ser ajustados termos aditivos
para restabelecer a equação econômico-financeira da avença, situação em que se tomarão os
seguintes cuidados:
(Ac 1977/2013-Plenário - g.n.)
16. Partindo das premissas lançadas pelo TCU, a critério da Administração, cada item ou etapa prevista na
planilha orçamentária deveria fazer referência a percentuais de relevância dos quantitativos para mais e para menos, de
modo que as variações ocorridas dentro da faixa prevista não seriam consideradas relevantes para fins de formalização de
termo aditivo. Exemplificativamente: se para uma etapa do projeto foi prevista uma faixa de + ou -3% (três por cento), a
execução dessa etapa com quantitativos de 2% a mais do que o previsto (em razão de quantitativos subestimados pelo
Projeto Básico) não seria determinante da celebração de Termo Aditivo, vez que compreendida na imprecisão própria da
etapa do empreendimento.
17. Como no presente processo não foram definidos os percentuais de superestimativas e de subestimativas
relevantes, agora compete ao órgão proceder à análise do Projeto e realizar o cálculo dos percentuais de variação
aceitável dos quantitativos.
18. Assim, ao definir os percentuais aplicáveis, o órgão deverá valer-se de critérios técnicos aplicáveis ao
empreendimento executado, tal como a Orientação Técnica n. 04/2011 do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos
que prevê uma margem de erro aceitável de 5% (cinco por cento) na estimativa de custos de um orçamento detalhado
(projeto executivo) e de dez a quinze por cento para o Projeto Básico. Também deverá atentar para o fato de que não pode
restar caracterizado enriquecimento ilícito da Administração de modo que a escolha dos percentuais de subestimativas
relevantes supervenientes à celebração do contrato venha a romper o equilíbrio econômico-financeiro do que foi
inicialmente ajustado.
19. Nesse aspecto, convém mencionar que as previsões de contingências e riscos estipulados pela
Administração no BDI podem ser utilizados como parâmetro para a definição do que se entende por "distorções
relevantes nos quantitativos", muito embora o TCU tenha dado liberdade de apreciação aos gestores nos seguintes termos:
Em exemplo, os contratos podem, com simplicidade, objetivar que erros unitários de quantidade
de até 10% não sejam objeto de qualquer revisão. Menos que isso, esses erros acidentais serão
álea ordinária da contratada. Para que não haja incontáveis pedidos de reequilíbrio decorrentes de
serviços de pequena monta, pode-se, ainda, definir que somente serviços de materialidade
relevante na curva ABC do empreendimento incorrerão como tarja de "erro relevante". Mantém,
assim, a lógica da medição por preço global, ao mesmo tempo em que se veda o enriquecimento
sem causa de qualquer das partes, sem ferir o princípio fundamental da obtenção da melhor
proposta. Situação parecida foi tomada por esta Corte ao apreciar o Acórdão 2.929/2010-Plenário,
quando julgou regular cláusula semelhante. Acredito que outras soluções sejam possíveis.
...
Somente nos casos concretos em que os editais não estabeleçam essas regras é que a equipe de
fiscalização procederá, em uma valoração justa, a licitude da prolação do termo aditivo. Sem
prejuízo de notificar o órgão licitante que tais parâmetros se fazem compulsórios.
O juízo de valor nas subestimativas incluirá a envergadura do erro em relação ao valor
global da avença, em comparação do que seria exigível incluir como risco/contingência em
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2.6 Planilha revisada do contrato
30. Não se deve olvidar, ainda, que toda alteração qualitativa ou quantitativa deve estar acompanhada da
respectiva planilha de custos que apresente todos os itens, quantitativos e valores que devem ser acrescidos e/ou
suprimidos do contrato originalmente celebrado. Compete à fiscalização técnica do contrato o acompanhamento das
necessidades voltadas à conclusão do escopo contratual e atestar no processo os elementos do projeto original que
precisam ser alterados, seja por necessidade superveniente, seja por melhor adequação ao interesse publico. Por outro
lado, à Equipe de Gestão do Contrato cabe, por fim, motivadamente aquiescer - ou não - com a proposta técnica e adotar
as providências administrativas necessárias à formalização do aditivo, conforme o caso.
31. Quanto à juntada das planilhas revisadas do contrato, não existem ressalvas a serem feitas, posto que tais
documentos se encontram nos autos.
2.7 Composição analítica de novos itens
32. Compulsando as planilhas anexadas aos autos, verificou-se a inclusão de itens não cotados
inicialmente no projeto original e isso em função das modificações qualitativas permitidas em lei para a melhor
adequação do empreendimento às necessidades administrativas. Ocorre que a inclusão de novos itens deve seguir as
mesmas regras previstas para a elaboração das planilhas de custo total de referência do projeto original, ou seja,
novos insumos ou serviços acrescidos devem ser acompanhados dos custos unitários de referência, bem como das
respectivas composições de forma analítica. Para os itens existentes nas Tabelas SINAPI/SICRO já existe a referida
composição que pode ser publicamente acessada por todos os interessados por meio de acesso aos sistemas pertinentes.
Entretanto, os insumos/serviços não contemplados nessas tabelas referenciais que vierem a ser incluídos no projeto
devem estar acompanhados do detalhamento do custo unitário do serviço que expresse a descrição, quantidades,
produtividades e custos unitários dos materiais, mão de obra e equipamentos necessários à execução de uma unidade de
medida, conforme determina o art. 2º, II, do Decreto n. 7.983. Existe, ainda, a possibilidade de utilização de outros
sistemas de referência além desses mencionados. Contudo, além da necessidade de prévia aprovação por parte do
Ministério do Planejamento (art. 5º), ainda assim - em função da publicidade, as respectivas composições unitárias devem
ser publicadas na internet e/ou integrar os autos. De todo modo, o valor limite para cada item deverá ser aquele previsto
nos arts. 3º a 6º do mencionado Decreto, a saber:
Art. 3º O custo global de referência de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços e obras
de infraestrutura de transporte, será obtido a partir das composições dos custos unitários previstas
no projeto que integra o edital de licitação, menores ou iguais à mediana de seus
correspondentes nos custos unitários de referência do Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, excetuados os itens caracterizados como
montagem industrial ou que não possam ser considerados como de construção civil.
Parágrafo único. O Sinapi deverá ser mantido pela Caixa Econômica Federal - CEF, segundo
definições técnicas de engenharia da CEF e de pesquisa de preço realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Art. 4º O custo global de referência dos serviços e obras de infraestrutura de transportes será
obtido a partir das composições dos custos unitários previstas no projeto que integra o edital de
licitação, menores ou iguais aos seus correspondentes nos custos unitários de referência do
Sistema de Custos Referenciais de Obras - Sicro, cuja manutenção e divulgação caberá ao
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, excetuados os itens
caracterizados como montagem industrial ou que não possam ser considerados como de
infraestrutura de transportes.
Art. 5º O disposto nos arts. 3º e 4º não impede que os órgãos e entidades da administração pública
federal desenvolvam novos sistemas de referência de custos, desde que demonstrem sua
necessidade por meio de justificativa técnica e os submetam à aprovação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
Parágrafo único. Os novos sistemas de referência de custos somente serão aplicáveis no caso de
incompatibilidade de adoção dos sistemas referidos nos arts. 3º e 4º, incorporando-se às suas
composições de custo unitário os custos de insumos constantes do Sinapi e Sicro.
Art. 6º Em caso de inviabilidade da definição dos custos conforme o disposto nos arts. 3º, 4º e
5º, a estimativa de custo global poderá ser apurada por meio da utilização de dados contidos
em tabela de referência formalmente aprovada por órgãos ou entidades da administração
pública federal em publicações técnicas especializadas, em sistema específico instituído para
o setor ou em pesquisa de mercado.
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33. Por outro lado, após a elaboração das respectivas composições ou utilização das composições dos
sistemas de referência, deve-se aplicar aos novos itens o desconto obtido com a proposta vencedora em relação ao custo
global de referência, como recomenda o Tribunal de Contas da União. Transcreve-se:
156. Tratando-se de solução ou serviço novo, caso seus itens constitutivos de custos possam ser
encontrados ou extraídos do contrato, então seu custo deverá ser projetado a partir desses
parâmetros. O custo dos itens constitutivos que não puderem ser extraídos do contrato deverão ser
estimados por valor de mercado.
157. É razoável supor, como regra, que o custo de determinado item, cotado pela empresa em sua
proposta como integrante de uma determinada composição de custos, seja semelhante ao custo de
mesmo item em outra composição de custos. Portanto, é razoável que essa mesma cotação seja
utilizada para estabelecer os custos de uma solução ou serviço novo, observadas as peculiaridades
de cada um.
158. Apenas para exemplificar, é razoável supor que o custo de um determinado trator de esteiras
seja o mesmo em todas as composições de custos em que compareça, respeitada a variação de sua
produtividade em relação ao serviço específico.
159. Assim, comparecendo esse trator de esteiras como item de custo de um serviço novo, seu
custo deverá ser semelhante àquele já ofertado pela empresa executora, em sua proposta, para
outro serviço.
160. Caso não seja possível extrair do contrato o custo integral da nova solução ou serviço, então
a administração deverá receber proposta da empresa executora para o serviço novo, a qual deverá
respeitar as cotações já ofertadas para itens de composição de custos constantes do projeto básico
e garantir que os demais itens encontrem-se em patamar de igualdade ou inferioridade com os
valores médios de mercado encontrados para mesmo item de custo.
TCU, Ac n. 1019/2007-Plenário (Itens constantes da proposta de deliberação)
34. Desta forma, o órgão deverá diligenciar não apenas por apresentar nos autos a composição dos
custos unitários, mas também por seguir as demais diretrizes pertinentes à fixação dos preços dos insumos do
serviço, mantendo a vantagem econômica decorrente da licitação.
2.8 Justificativa para a celebração do termo aditivo
35. Elemento essencial à correta instrução do procedimento de aditivação do contrato é a manifestação
formal do ordenador de despesas ou de autoridade equivalente na apresentação da justificativa da modificação do
contrato.
36. Relativamente a esse requisito, consta nos autos manifestação da autoridade de atribuição que justifica a
adoção da medida de aditivação do contrato, nos termos do art. 50, §1º da Lei n. 9.784, de 1999.
37. Cabe asseverar que "toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada
pela autoridade competente para celebrar o contrato" (art. 57, §2º). Isso porque constitui crime "admitir, possibilitar ou
dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a
execução dos contratos ... sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos
contratuais" (art. 92).
2.9 Previsão de recursos orçamentários
38. Não se deve olvidar, ainda, de que deve haver previsão de recursos orçamentários que assegurem o
pagamento das obrigações a serem assumidas. Assim é que a existência de previsão orçamentária para o exercício
financeiro em que se realizará a despesa, consoante se vê do inciso II, do art. 167, da Constituição Federal, arts. 7º, §2º,
inciso III, e 38, caput, combinado com o art. 57, caput, da Lei n. 8.666/93 e art. 73 do Decreto-Lei n. 200/67, é condição
prévia a ser observada antes da assunção de quaisquer obrigações financeiras.
39. Nesse passo, as regras pertinentes ao direito financeiro, acima aludidas, vedam a realização de despesa
sem que tenha sido contemplada nas respectivas leis orçamentárias. Isso significa dizer que para a Administração realizar
despesas é imprescindível a existência de previsão orçamentária suficiente para cobri-la.
40. As prescrições antes citadas são relevantes em face das disposições do art. 15, da Lei Complementar n.
101, de 2000, que determina se presumirem “não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público, a geração de
despesa ou assunção de obrigação que não atendam ao disposto nos arts. 16 e 17”.
41. Quanto a esse aspecto, o órgão consulente apresentou declaração de dispensa de necessidade de
apresentação de disponibilidade financeira, uma vez que o valor de supressão será superior ao valor de acréscimo. Assim,
não se apresenta qualquer objeção ao que consta nos autos.
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52. Porém, como exceção, segundo a Orientação Normativa AGU n. 52/2014, "as despesas ordinárias e
rotineiras da Administração, já previstas no orçamento e destinadas à manutenção das ações governamentais
preexistentes, dispensam as exigências previstas nos incisos I e II do art. 16 da Lei Complementar nº 101, de 2000".
2.13 Da Minuta do 1º Termo Aditivo
53. Com relação à minuta proposta pela Administração, as seguintes recomendações se fazem necessárias:
54. Cls. 1.1: Onde se lê "acréscimo de quantitativo", leia-se "acréscimo e supressão de itens e
quantitativos"; e
55. Cls. 4.1: Onde se lê "majoração", leia-se "alteração".
3. CONCLUSÃO
56. Considerando as informações existentes nos autos do Processo n. 08660.020734/2020-03, relativamente
ao Contrato n. 15/2021, celebrado com a empresa IDEA ENGENHARIA E CONSTRUTORA LTDA, e nos limites da
análise jurídica apresentada, que não alcança questões relacionadas aos aspectos técnicos ou do juízo de valor das
competências discricionárias exercidas durante o procedimento, conclui-se pela possibilidade de celebração do Termo
Aditivo desde que atendidas todas as recomendações acima esposadas, especialmente aquelas destacadas em
negrito em cada um dos tópicos desenvolvidos.
Brasília, 14 de janeiro de 2022.
CELSO VERDINI CLARE
ADVOGADO DA UNIÃO
Notas
1. ^ Min. Valmir Campelo, relator do Acórdão n. 1977/2013-P, entende que os erros do projeto que podem gerar
aditivo contratual são apenas aqueles relacionados à álea contratual extraordinária, de modo que apenas "as
grandes variações dos quantitativos, decorrentes de erros ou omissões nos orçamentos que não pudessem ser
detectados pelas licitantes, podem ser considerados como álea extraordinária, enquadrando-se na teoria da
imprevisão" (Item 71). Assim, conclui que "a admissibilidade da celebração de aditivos em obras contratadas
pelo regime de preço global, sob o argumento de quantitativos subestimados ou omissões é situação
excepcionalíssima, aplicável apenas quando não fosse possível ao licitante identificar a discrepância no
quantitativo do serviço com os elementos existentes no projeto básico" (Item 75). Portanto, além da necessidade
de demonstração do grave impacto econômico do erro de projeto, o relator destaca quatro pressupostos
necessários à aditivação por erro nas empreitadas por preço global, a saber: (a) manutenção da vantagem
econômica; (b) manutenção do resultado da licitação se a hipótese de alteração fosse aplicada à licitação; (c)
obediência aos limites percentuais de 10% e de 25%/50%; e (d) ausência de compensação por distorções a
maior em favor da contratada.
2. ^ Dispõe o texto normativo que "A anotação de responsabilidade técnica pelas planilhas orçamentárias deverá
constar do projeto que integrar o edital de licitação, inclusive de suas eventuais alterações". O art. 10 da
Resolução CONFEA n. 1.025, de 2009, disciplina a emissão da ART Complementar para quando "for realizada
alteração contratual que ampliar o objeto, o valor do contrato ou a atividade técnica contratada, ou prorrogar o
prazo de execução". Portanto, por força da Lei n. 6.496, de 1977, sempre que caracterizada situação de emissão
de ART, RRT (Lei 12.378, de 2010) ou TRT (Lei 13.639, de 2018), o profissional responsável deverá providenciar
o registro devido das alterações contratuais.
3. ^ Instrução Normativa SEGES/MP n. 5, de 2017, Anexo VIII-B: "8. O descumprimento das obrigações
trabalhistas ou a não manutenção das condições de habilitação pelo contratado poderá dar ensejo à rescisão
contratual, sem prejuízo das demais sanções. 8.1. A Administração poderá conceder um prazo para que a
contratada regularize suas obrigações trabalhistas ou suas condições de habilitação, sob pena de rescisão
contratual, quando não identificar má-fé ou a incapacidade da empresa de corrigir".
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4. ^ Lei n. 8.666, de 1993: Art. 55 São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: ... XIII - a
obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações
por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
Documento assinado eletronicamente por CELSO VERDINI CLARE, de acordo com os normativos legais aplicáveis.
A
conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 800675227 no endereço eletrônico
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Informações adicionais:
Signatário (a): CELSO VERDINI CLARE.
Data e Hora: 14-01-2022
21:17.
Número de Série: 13542765.
Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv4.
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