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CONCEITOS BÁSICOS:
Obrigação lato sensu: toda e qualquer espécie de dever; qualquer regra de conduta
imposta ou atribuída a um conjunto de pessoas.
Obrigação stricto sensu: dever de prestar. A prestação é o núcleo, ponto de partida.
Prestar é dar ou fazer ou não dar ou fazer algo a outrem, amarrado ao poder de
exigência deste em relação àquele. Em outras palavras: Poder de exigir versus dever de
prestar (de caráter patrimonial).
Conteúdo jurídico de uma obrigação: Prestação pessoal econômica. Pessoas que
Toda obrigação abrange um conjunto de dois lados: positivo (credor) e negativo
(devedor).
Características: caráter transitório (começo, meio e fim) e caráter restrito (somente o
devedor deverá ser cobrado, pois há o caráter entre as partes envolvidas).
Obrigação jurídica: todo dever de prestar com caráter patrimonial (dar, fazer, não fazer);
dirigido a pessoas determinadas. Regras dentro do relacionamento. Possui vínculo
jurídico; sanção em caso de descumprimento.
Dever jurídico: comando somado a um comando coercitivo para um número
indeterminado de indivíduos; conotação ampla; toda necessidade imposta à uma pessoa
pelo Direito (comportamento); dirigido a um número indeterminado de indivíduos.
Dever moral: regras de convivência (cultura, costumes, cotidiano); não cria vínculo
jurídico; não obrigam de per si, ou seja, não possuem um meio coercitivo.
Relação obrigacional simples: direito para um; dever para outro.
Relação obrigacional complexa: direitos e deveres para todos. Reciprocidade entre
direitos e deveres. P. ex.: compra e venda (direito de receber e obrigação de pagar;
direito de receber e obrigação de entregar o produto). Deve ater-se à prestação que está
sendo disputada para poder responder “quem é o credor e quem é o devedor?”.
Relação obrigacional como um processo (Karl Larenz – Direito alemão): ter a
obrigação, além da complexidade que ela normalmente representa. Reconhecer os dois
lados, direitos e deveres a todos, entretanto, se deve reconhecer que daquele vínculo
podem surgir obrigações não escritas, mas convencionadas entre as partes.
Finalidades: satisfação do credor (prestação); responsabilização do patrimônio do
devedor e liberação do devedor.
16/02/2021.
23/02/2022.
28/02/2023.
Fontes da Obrigação:
Causa/origem elemento gerador
Vontade (manifestação lícita espontânea do querer; contrato e declarações de vontade
unilaterais de vontade [negócio jurídico]) + ato ilícito (comportamento humano
[ação/omissão] voluntário culposo, contrário ao Direito, causador de prejuízo a outrem
(inclui abuso de Direito).
Lei Dever de prestar não volitivo. A lei é a suprema ratio (Fernando Noronha) do
Direito e é “a fonte imediata de todas as obrigações” (C. R. Gonçalves).
Obrigação Natural:
Trata-se das obrigações com sujeitos e com objetos, mas sem vínculo jurídico, portanto
desprovida de força coercitiva, isto é, sem garantia; sem sanção; sem responsabilidade.
Não está revestida da actio, ou seja, há débito, mas não há responsabilidade.
Sua importância consiste em cumprimento espontâneo da obrigação, resultando no
benefício da soluti retentio ao credor (retenção).
O Código Civil de 2002 não trata especificamente da obrigação natural, mas faz
referências às consequências do cumprimento espontâneo do objeto pelo devedor
(direito de conservação/retenção do credor).
Há duas teorias sobre a natureza da obrigação natural:
Teoria clássica: obrigação jurídica imperfeita; devedor juridicamente vinculado
ao credor, mas este não dispõe de sanção. A principal crítica à esta teoria advém
da máxima sem coercibilidade, inexistência jurídica, pois é ausente o vínculo
jurídico.
Teoria moderna: dever extrajurídico; aspecto moral e social. O cumprimento não
é exigível, mas o adimplemento voluntário produz efeitos jurídicos. (Ver Caio
Mário: tertium genus [3º gênero] entre dever de consciência e dever jurídico).
Historicamente, Jus gentium versus Jus civile:
Pagamento Obrigação Natural liberalidade
Pagamento Obrigação Jurídica (civil) dever jurídico
Pontos para Estudo (fazer as questões da p. 40: TARTUCE. Direito Civil vol. 2. 2022
após o roteiro de estudos):
1- Quais as fontes de uma obrigação jurídica (stricto sensu) reconhecidas pelo
Direito Brasileiro;
São as fontes obrigacionais ao Direito brasileiro: a causa (origem) da obrigação, seu fato
gerador; manifestação livre do querer humano (vontade), o comportamento humano; por
fim, a lei.
2- Por que alguns doutrinadores brasileiros consideram a lei “suprema ratio” no
que diz respeito às fontes das obrigações jurídicas;
Alguns doutrinadores adotam esta postura porque a lei é a fonte imediata de todas as
obrigações, inclusive (na concepção de Pereira), “mesmo no campo contratual, não
haveria a força jurígena da manifestação volitiva se não fosse o poder obrigatório que a
lei lhe reconhece”.
3- No que consiste a vontade como fonte das obrigações jurídicas;
Tartuce leciona que na maioria das vezes, “a lei deve estar acompanhada de algo a
mais” (2022, p. 22. Grifo no original) e, para Fernando Noronha, este algo a mais é a
autonomia privada do indivíduo.
Para exemplificar, tem-se que a vontade é a manifestação lícita e espontânea do querer;
como p. ex. contratos e declarações de vontade unilaterais.
4- O que representa o ato ilícito como fonte das obrigações jurídicas;
Tem-se também que a vontade pode ser externada por meio de atos ilícitos
(comportamento humano [ação/omissão] voluntário culposo, contrário ao Direito,
causador de prejuízo a outrem [incluindo o abuso de Direito]).
5- O que é uma obrigação natural;
Trata-se de uma relação em que há sujeitos e objetos, mas não vínculo jurídico.
6- Qual a diferença entre obrigação natural e obrigação jurídica (stricto sensu);
É que a obrigação natural não é revestida de força coercitiva. Significa dizer que não há
garantia, sanção ou responsabilidade. Diz-se que, embora revestida do débito, não há o
dever, por assim dizer.
7- Qual a importância das obrigações naturais para o ordenamento jurídico apesar
de serem desprovidas de actio.
O pagamento espontâneo pelo devedor gera o direito de retenção para o credor, p. ex.: a
gorjeta que se paga ao garçom após o jantar.
02/03/2023.
07/03/2023.
Obrigação de dar:
Conceito: obrigação de entregar ou restituir (o bem é do credor e está em posse
temporária do devedor) algo a alguém.
Característica: obrigação positiva.
Conteúdo: direito obrigacional pessoal (uma conduta exigível).
Importância: obrigação corriqueira.
Modalidades: dar coisa certa X dar coisa incerta.
Nesse sentido, também é a redação dos arts. 238 e 239, do CC/02: “Art. 238. Se a
obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda. Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”.
Frise-se que as regras valem no silêncio das partes que podem, expressamente,
estabelecer regras diferentes (desde que não firam princípios constitucionais e a ordem
jurídica).
Assim, temos que:
Na deterioração do objeto, fala-se em degradação ou depreciação econômica.
Assim, disciplinam os arts. 235 e 236, do CC/02: “Art. 235. Deteriorada a coisa, não
sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o
credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a
reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos”.
Temos, então:
Também é a disciplina dos arts. 239 e 240, do CC/02: “Art. 239. Se a coisa se perder
por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Art. 240.
Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual
se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no
art. 239”.
Dessa forma, temos:
14/03/2023.
3. Obrigação de fazer:
Conceito: é a obrigação de prestar um serviço (atividade, trabalho).
Característica: é uma obrigação positiva.
OBS: pode o devedor ser responsável pela AÇÃO E pelo RESULTADO (serviço +
entrega – vide obrigação de PRAESTARE do Direito Romano)
Não se confunde obrigação de DAR com obrigação de FAZER.
Regra geral: Infungibilidade da obrigação de fazer (confiança + habilidade).
Espécies:
16/03/2023.
OBRIGAÇÕES COMPLEXAS
1. Cumulativas (ou conjuntivas)
Conceito: obrigação que contém pluralidade de objetos e o devedor somente se desonera
com a prestação de todos eles.
Adimplemento: cumprimento de todas as prestações assumidas pelo devedor.
Obs.: sem regulamentação específica no CC/02 porque se submete às obrigações de dar,
fazer e não fazer.
2. Alternativas (ou disjuntiva)
Conceito: obrigação que contém pluralidade de objetos e o devedor se desonera com a
prestação de apenas um deles.
Adimplemento: cumprimento de uma das prestações assumidas pelo devedor.
Conteúdo: obrigações positivas e negativas.
Não se confunde com: 1. Obrigação de dar coisa incerta (pelo caráter de obrigação
genérica) e 2. Obrigações cumulativas.
Requer a “concentração da prestação”: determinar o que será prestado.
Assim, temos que:
Obs.: Não há requisito formal específico para a escolha.
Regras gerais:
artigo 252, parágrafo 1º, CC/02 –INTEGRALIDADE da prestação escolhida
artigo 252, parágrafo 2º, CC/02 –obrigações periódicas = escolha a cada período
artigo 252, parágrafo 3º, CC/02 –PLURALIDADE DE OPTANTES =
ACORDO UNÂNIME ou Juízo
artigo 252, parágrafo 4º, CC/02 –escolha por TERCEIRO –SE NÃO: Juízo
Frise-se o princípio da integralidade: Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por
objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a
pagar, por partes, se assim não se ajustou.
21/03/2023.
Obrigação pura e simples: Obrigação que não contém cláusula limitadora da eficácia.
Contém apenas os elementos essenciais (sujeitos, objeto e vínculo jurídico).
Não depende de circunstância adicional para a sua execução.
Obrigação com elemento acidental: Obrigação que contém cláusula limitadora da
eficácia.
Decorre da vontade exclusiva entre as partes.
Elemento acidental vincula as partes (condição, termo, modo).
Obrigação condicional:
Conceito: obrigação cujo implemento está subordinado a uma condição.
Conteúdo: início ou fim da eficácia atrelada a um evento futuro e incerto.
Pluralidade de condições: Conjuntiva (ocorrer ao mesmo tempo) ou disjuntiva
(ocorrer uma ou outra).
Pressupostos: licitude e possibilidade (vide artigos: 122; 123, I; 124, do CC/2002).
Espécies:
Condição suspensiva: art. 125, CC/02. Expectativa de direito e de dever.
Até a ocorrência do evento futuro e incerto não há aquisição ou exercício do
direito, pois o dever está suspenso até que sobrevenha a condição.
Exigibilidade: art. 332, CC/02: momento da ocorrência do evento futuro e
incerto (ciência do devedor X poder de exigir do credor).
Interpretação invertida: art. 129, CC/02, verbis: “Reputa-se verificada, quanto
aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado
pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a
condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu
implemento”.
Teoria dos riscos: art. 234, CC/02: análise da presença ou ausência da culpa do
devedor.
Condição resolutiva: art. 127, CC/02. Extinção da aquisição e do exercício do direito.
Até a ocorrência do evento futuro e incerto há vínculo jurídico e a
aquisição/exercício do direito.
Ocorrência do evento futuro e incerto, culminando no encerramento da eficácia
e, consequentemente, do vínculo jurídico.
Expectativa de conservação do direito.
Obrigação a termo:
Conceito: obrigação cujo implemento está subordinado a um termo.
Conteúdo: lapso temporal que subordina o início ou fim da eficácia à ocorrência de um
evento futuro e certo.
Pressupostos: licitude e possibilidade.
Obrigação sem termo: art. 331, do CC/02, verbis: “Salvo disposição legal em contrário,
não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo
imediatamente”.
Termo inicial (dies ad quo): art. 131, do CC/02. Suspende o exercício do direito, mas
permite a sua aquisição.
Aquisição do direito ocorre no momento da formação da relação jurídica
obrigacional.
Exercício suspenso até a ocorrência do evento futuro e certo.
Exigibilidade: art. 132, do CC/02.
Termo final (dies ad quem): Encerra a eficácia da relação jurídica obrigacional.
Aquisição e exercício do direito ocorrem no momento da formação da relação
jurídica obrigacional.
Eficácia da relação jurídica se encerra com a ocorrência do evento futuro e
certo.
Importância: inexecução das obrigações. Princípio dies interpellat pro homine
para a constituição em mora ou configuração do inadimplemento.
Obrigação modal:
Conceito: é a obrigação que onera o beneficiado (credor) em um encargo (atenção: RJO
gratuita, isto é, sem contraprestação [doação, p. ex.]).
Modo ou encargo: ação em favor de outrem para atender a uma certa finalidade.
Exigibilidade: aquisição e exercício do direito exigíveis desde logo (vide art. 136, do
CC/02).
Exigibilidade do encargo: ação para anulação por descumprimento ou ação para exigir
o cumprimento forçado.
23/03/2023.
Obrigação divisível:
Conceito: é a obrigação que permite ao credor exigir e receber a prestação em partes.
Regra geral: admitem a divisibilidade as coisas fungíveis e as obrigações de fazer que
possam ser cumpridas em etapas.
Obs.: se for obrigação única: para cumprir em partes previsão expressa.
Obrigação indivisível:
Conceito: é a obrigação que contém uma prestação não suscetível de fracionamento.
Regra geral: versa sobre bens/serviços infungíveis.
Obs.: se for uma obrigação única cumprimento integral, por conta da própria
natureza do objeto da obrigação.
Remissão: dívida remitida. Perdoada.
28/03/2023.
30/03/2023.
Remissão da solidariedade: quando a autonomia privada renuncia a solidariedade, cada
devedor pagará sua quota.
Remissão da quota: o devedor é perdoado e a parte que cabe aquele devedor é abatida
do valor total.
Remissão da dívida: nada a pagar por parte de nenhum dos devedores.
ATENÇÃO: