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DIREITO CIVIL: OBRIGAÇÕES E CONTRATOS

Índice no CC/2002: PARTE GERAL

Livro I Pessoas
Livro II Dos bens
Livro III Dos fatos Jurídicos

PARTE ESPECIAL

Livro IDo Direito das Obrigações arts. 233 a 420


Dos contratos em Geral arts 422
Das várias espécies de contrato art. 481
Dos atos unilaterais até 886

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES OU PESSOAIS

INTRODUÇÃO

O Direito civil regula as relações jurídicas das pessoas.

O direito pode ser dividido em dois grandes ramos:

a) o grupo dos direitos não patrimoniais, concernentes à pessoa humana, como os


direitos da personalidade (CC, arts. 11 a 21) e os de família, e
b) o grupo dos direitos patrimoniais, que por sua vez, se dividem em reais e
obrigacionais. Os primeiros integram o direito das coisas. Os direitos
obrigacionais, pessoais ou de crédito compõem o direito das obrigações, que será
objeto de nosso estudo.

O CC/2002, na PARTE GERAL,trata, entre outras matérias, das pessoas naturais


e jurídicas, do domicílio, dos bens, dos fatos e negócios jurídicos.

Na PARTE ESPECIAL, versa sobre obrigações e contratos, títulos de crédito,


direito de empresa, sociedades simples e empresariais, direito das coisas, direito de
família, tutela e curatela, direito das sucessões.

 O direito de família disciplina as relações pessoais e patrimoniais da família,


como o casamento, o poder familiar, etc.
 O direito das coisas ou reais trata do vínculo que se estabelece entre as pessoas
e os bens, como a propriedade e o usufruto.
 O direito das obrigações trata do vínculo pessoal entre credores e devedores,
tendo por objeto uma prestação patrimonial.
 E o direito das sucessões regula a transmissão dos bens dos falecidos.
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Além desse quadro padrão, existem setores que se tornaram um direito civil
especial, como o direito autoral, o direito agrário, o direito imobiliário.

Importante estabelecer uma distinção entre DIREITOS OBRIGACIONAIS ou


PESSOAIS E DIREITOS REAIS OU DAS COISAS.

O direito real ou das coisas pode ser definido como o poder jurídico, direto e
imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos (erga omnes).

O direito pessoal consiste num vínculo jurídico pela qual o sujeito ativo pode exigir
do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem,
como elementos o sujeito ativo e o passivo e a prestação (obrigação). Os direitos reais tem,
por outro lado, como elementos essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a relação de poder ou
o poder ativo sobre a coisa, chamado domínio.

No direito das coisas existe um vínculo direto entre uma pessoa e uma coisa,
devendo esse vínculo ser respeitado por todos. No direito das obrigações o vínculo
estabelece-se entre pessoas determinadas, não envolvendo terceiros, alheios à relação
obrigacional.

Além disso, existem as OBRIGAÇÕES HIBRIDAS, que mesclam direitos


obrigacionais e direitos reais, são mistas.

Obrigações híbridas são as “proterrem”, “in rem” ou “ob rem”, também


denominadas obrigações ambulatórias.

São aquelas que nascem independentemente da vontade do devedor, por ser ele
titular de um direito real, movido pelo qual ela segue e recai sobre a coisa. Exemplos arts.
1.286, 1.285 e 1.336, I, todos do Código Civil.

A obrigação propterrem é aquela que recai sobre uma pessoa em razão de sua
qualidade de proprietário ou de titular de um direito real sobre um bem. Segundo Arnoldo
Wald as obrigações propterrem derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os
quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa. É o que ocorre, por
exemplo, com a obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não
prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos ( art. 1.277 do CC).

Propterrem significa “por causa da coisa”. Assim, se o direito de que se origina é


transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título translativo. A transmissão é
automática, independente da intenção específica do transmitente, e o adquirente do direito
real não pode recusar-se a assumi-la. São exemplos da obrigação, que pode ser identificada
em vários dispositivos esparsos do Código Civil, já que não a disciplinou isoladamente: a
obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa
comum (artigo 1.315); a do condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a
fachada do prédio (artigo 1.336, III); a obrigação que tem o dono da coisa perdida de
recompensar e indenizar o descobridor (artigo 1.234); a dos donos de imóveis confinantes,
de concorrerem para as despesas de construção e conservação de tapumes divisórios (artigo
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1.297, § 1º) ou de demarcação entre os prédios (artigo 1.297); a obrigação de dar caução
pelo dano iminente (dano infecto) quando o prédio vizinho estiver ameaçado de ruína
(artigo 1.280); e a obrigação de indenizar benfeitorias (artigo 1.219). Fundamentação:
Artigos 1.219, 1.234, 1.280, 1.297, § 1º, 1.315 e 1.336, III, todos do Código Civil.

1 - DEFINIÇÃO DE OBRIGAÇÃO

“A obrigação é o vínculo pessoal de direito existente entre devedores e credores,


tendo por objeto uma prestação ou contraprestação de conteúdo econômico”.
(Maximilianus Claudius Führer)

“Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de


exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Corresponde
a uma relação de natureza pessoa, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se
pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível”.
(Carlos Roberto Gonçalves)

“A obrigação é uma relação jurídica de caráter pessoal e transitório em que o titular


do crédito pode exigir o cumprimento da prestação de dar, fazer ou não fazer, que poderá
ser executada no patrimônio do devedor, observando-se os princípios da dignidade da
pessoa humana, da solidariedade social e da isonomia”. (Christiano Cassettari)

“O direito das obrigações consiste num complexo de normas que regem relações
jurídicas de ordem patrimonial, que tem por objeto prestações de um sujeito em proveito
de outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto que seu conteúdo é a
prestação patrimonial, ou seja, a ação ou omissão do devedor tendo em vista o interesse do
credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir o seu cumprimento, podendo, para tanto,
movimentar a máquina judiciária, se necessário”. (Carlos Roberto Gonçalves)

O direito das obrigações é o “conjunto de normas (regras e princípios jurídicos)


reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito
passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação
de dar, fazer ou não fazer”. (Pablo Stolzen)

Qual seria o significado da palavra obrigação?

Obrigação significa a própria relação jurídica pessoal que vincula duas pessoas,
credor e devedor, em razão da qual uma fica obrigada a cumprir uma prestação
patrimonial de interesse da outra.

O direito das obrigações exerce grande influência na vida econômica, em razão,


principalmente, da notável frequência das relações jurídicas obrigacionais no moderno
mundo consumerista. Intervém na vida econômica, não só na produção, envolvendo
aquisição de matéria-prima e harmonização da relação capital-trabalho, mas também nas
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relações de consumo, sob diversas modalidades (permuta, compra e venda, locação,


arrendamento, alienação fiduciária etc) e na distribuição e circulação dos bens (contratos
de transporte, armazenagem, revenda, consignação etc .(CRG)

É por meio das relações obrigacionais que se estrutura o regime econômico. O


direito das obrigações retrata a estrutura econômica da sociedade e compreende as relações
jurídicas que constituem projeções da autonomia privada na esfera patrimonial.

O direito das obrigações se estende a todas as atividades de natureza patrimonial,


desde as mais simples às mais complexas.

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Ref. Bibliográficas:

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Teoria geral das obrigações, vol
2, Saraiva

GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. Vol.
Único. Saraiva.

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