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PÓS-GRADUAÇÃO EM

PRÁTICA TRABALHISTA
AVANÇADA

MÓDULO - TEMAS PRÁTICOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO – PARTE I

Coordenador:

Professor Leone Pereira


(@professorleonepereira)

Tutora:

Professora Caroline Leão


(@carol_leaoaraujo.adv)
SEJAM BEM-VINDOS(AS)!
A Pós-Graduação em Prática Trabalhista Avançada do Damásio tem sua
excelência direcionada a todos aqueles que possuem o interesse em se
especializar na área com orientação dos maiores especialistas do país,
proporcionando um conhecimento sólido e sistemático do Direito Material e
Processual do Trabalho.

Ao longo do curso, contando com a participação de professores renomados


que atuam com a jurisprudência e prática trabalhista, construímos o conhecimento
teórico e prático sobre as diferentes matérias que entremeiam os direitos materiais
e processuais do trabalho. Transmitindo uma compreensão sobre seus princípios
gerais e específicos, suas fontes normativas, as características próprias
processuais que a distingue, de forma a assegurar a continuidade de seus estudos,
bem como aplicação prática nessa importante área do direito.

Neste módulo, abordaremos sobre as Práticas Processuais do Direito do


Trabalho.

A Constituição Federal de 1988 garante uma projeção especial aos direitos


sociais. A preocupação com essa garantia já aparece no Preâmbulo da
Constituição, que assinala a função do constituinte originário em “instituir um
Estado Democrático destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade
e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos”.
No artigo 6º da CF/88, encontramos um rol de direitos sociais básicos, dos
quais podemos destacar o trabalho. Com efeito, o Direito do Trabalho é o ramo da
ciência jurídica que objetiva regular as relações de trabalho.

Para abordar o tema, nesta disciplina abordaremos os seguintes tópicos


durante as aulas: 1. Aspectos Práticos da competência territorial e material da
justiça do trabalho. 2. Cálculos Trabalhistas (fases pré-processual e processual). 3.
Aspectos práticos das provas trabalhistas. 4. Aspectos práticos da Teoria Geral dos
Recursos. 5. Aspectos práticos dos embargos de declaração, do agravo de
instrumento e agravo interno. 6. Aspectos práticos da teoria geral da execução. 7.
Aspectos práticos dos procedimentos especiais.

Conte conosco para quaisquer dúvidas, sugestões e/ou esclarecimentos!

Vamos juntos!
Sumário
ASPECTOS PRÁTICOS DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL E MATERIAL ......... 6
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 6
CURIOSIDADES ....................................................................................................................... 7
JURISPRUDÊNCIA .................................................................................................................. 8
DOUTRINA.................................................................................................................................. 9
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 10
CÁLCULOS TRABALHISTAS (FASES PRÉ-PROCESSUAL E PROCESSUAL)
.............................................................................................................................................. 11
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................. 11
CURIOSIDADES ..................................................................................................................... 12
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................ 13
DOUTRINA................................................................................................................................ 15
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 16
ASPECTOS PRÁTICOS DAS PROVAS TRABALHISTAS ...................................... 17
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................. 17
CURIOSIDADE ........................................................................................................................ 17
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................ 18
DOUTRINA................................................................................................................................ 20
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 20
ASPECTOS PRÁTICOS DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS .......................... 21
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................. 21
CURIOSIDADES ..................................................................................................................... 22
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................ 22
DOUTRINA................................................................................................................................ 23
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 23
ASPECTOS PRÁTICOS DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, AGRAVO DE
INSTRUMENTO E AGRAVO INTERNO....................................................................... 24
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................. 24
CURIOSIDADES ..................................................................................................................... 25
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................ 26
DOUTRINA................................................................................................................................ 29
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 29
ASPECTOS PRÁTICOS DA TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO ............................. 30
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................. 30
CURIOSIDADES ..................................................................................................................... 30
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................ 31
DOUTRINA................................................................................................................................ 34
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 34
ASPECTOS PRÁTICOS DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ............................. 35
NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................. 35
CURIOSIDADE ........................................................................................................................ 35
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................ 36
DOUTRINA................................................................................................................................ 38
LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 39
ASPECTOS PRÁTICOS DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL
E MATERIAL

Diante da multiplicidade de conflitos existentes na sociedade, houve


necessidade de se criarem critérios para que os conflitos fossem
distribuídos de forma uniforme aos juízes a fim de que a jurisdição
pudesse atuar com maior efetividade e propiciar ao jurisdicionado um
acesso mais célere e efetivo à jurisdição. Em razão disso, foram criados
critérios definidos em lei, de distribuição da jurisdição entre os diversos
juízes, que é a competência1.
Competência é a medida da jurisdição de cada órgão judicial, é a
divisão dos trabalhos prestados pelo Poder Judiciário no exercício de sua
função jurisdicional, cujo objetivo é a composição da lide.
Jurisdição é uma função/poder do Estado, de quando provocado dar
uma solução impositiva e definitiva aos conflitos, aplicando a ordem jurídica
ao caso concreto. Jurisdição é indivisível – todo juiz tem jurisdição de forma
idêntica.
Com base na teoria geral do direito processual é possível formular
diferentes critérios para a determinação da competência, levando-se em
conta a matéria (ratione materiae), a qualidade das partes (ratione
personae), a função, a hierarquia do órgão julgador, o lugar (ratione loci) e
o valor da causa (causas de alçada).
As regras de competência absoluta atendem ao interesse público, são as
regras de competência material, funcional e em razão da pessoa (quando
a pessoa que está no processo define as regras de competência). A

1
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 16ª ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 217.
incompetência absoluta é declarada de ofício pelo juiz, a qualquer momento
no processo, independentemente de provocação das partes – art. 64, §1º
do CPC.
As regras de competência relativa atendem aos interesses pessoais, e não
público, são as regras de competência territorial.
Os mesmos critérios podem ser trasladados para o direito processual do
trabalho, observando-se algumas peculiaridades.

Competência em razão da matéria e em razão da pessoa


O fundamento da competência em razão da matéria e em razão da pessoa,
da Justiça do Trabalho, encontra-se no artigo 114 da Constituição Federal
(CF/88)2

Competência Territorial da Justiça do Trabalho


A competência territorial é fixada pelo art. 651 da CLT, devendo ter como
parâmetro para ajuizamento da ação trabalhista o último local em que o
empregado prestou serviços ao empregador, ainda que o empregado tenha
sido contratado em outra localidade ou no estrangeiro.

Os limites da competência da justiça trabalhista são constantemente


redefinidos por meio de diferentes julgados sobre o tema. Recentemente,
o Supremo Tribunal Federal decidiu que relações de representação
comercial autônoma não são da competência da justiça laboral.

2
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm >.
Esse foi o entendimento do julgamento do RE 606.003, de relatoria do
Ministro Marco Aurélio de Mello que votou pela incompetência da justiça do
trabalho. No julgamento os ministros sustentam que, nos termos do art. 1º
da Lei nº 4.886/65, não há vínculo de emprego entre um representante
comercial e o representado.
No mesmo sentido os ministros sustentam que a principal característica do
serviço do representante comercial é a autonomia no desenvolvimento de
suas atividades e dessa forma a competência da Justiça Comum para
apreciar o litígio.

Vale a leitura na íntegra:


https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=754
083819

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. RECLAMADAS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. PRESTAÇÃO DE TRABALHO A BORDO DE
NAVIO. CONTRATAÇÃO NO BRASIL. NAVEGAÇÃO EM
ÁGUAS BRASILEIRAS E INTERNACIONAIS. LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL. 1 . A decisão monocrática reconheceu a
transcendência da matéria " Competência da Justiça do
Trabalho. Prestação de trabalho a bordo de navio.
Contratação no Brasil. Navegação em águas brasileiras e
internacionais. Legislação aplicável ", porém negou
provimento ao agravo de instrumento; negou provimento ao
agravo de instrumento quanto ao tema " Contrato por prazo
indeterminado. Matéria fática. Súmula nº 126 do TST ",
ficando prejudicada a análise da transcendência, bem como
negou seguimento ao agravo de instrumento quanto aos
temas " Verbas rescisórias. Multas. FGTS. Contribuições
previdenciárias. Anotação na CTPS. Horas extras.
Remuneração. Reflexos. Devolução de descontos.
Honorários advocatícios ", ficando prejudicada a análise da
transcendência. 2 . Os argumentos da parte não conseguem
desconstituir os fundamentos da decisão monocrática . 3 . No
caso, quanto à Competência da Justiça do Trabalho, única
matéria impugnada por meio do presente agravo, conforme
consignado na decisão agravada, " tendo o reclamante,
brasileiro, sido contratado no Brasil para trabalhar embarcado
em navios, participando de cruzeiros, que percorriam tanto
águas brasileiras quanto estrangeiras, é inafastável a
jurisdição nacional, nos termos do art. 651, § 2º, da CLT.
Aplica-se, outrossim, o Direito do Trabalho Brasileiro, em face
do princípio da norma mais favorável, que foi claramente
incorporado pela Lei 7.064/82 ". 4. Logo, deve ser mantida a
decisão monocrática, pois, consoante nela bem assinalado, a
jurisprudência desta Corte Superior, quanto à hipótese de
trabalhador brasileiro contratado para desenvolver suas
atividades em navios estrangeiros em percursos em águas
nacionais e internacionais, é no mesmo sentido - sendo
competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar o
feito. 5. Agravo a que se nega provimento , com aplicação de
multa" (Ag-AIRR-10646-29.2020.5.15.0001, 6ª Turma,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 06/10/2023).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.
Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
CÁLCULOS TRABALHISTAS (FASES PRÉ-PROCESSUAL
E PROCESSUAL)

O divisor do salário mensal corresponde ao resultado do número de


horas remuneradas por dia multiplicado por 30 dias.

Importante ressaltar que o número de horas remuneradas por dia não


corresponde, necessariamente, a uma jornada de trabalho específica de
um dia da semana. Em verdade, a remuneração do dia é obtida através da
média semanal de horas de trabalho por dia, considerando cada um dos 30
dias, com o mesmo número de horas remuneradas.

De forma que, em uma semana, o salário mensal remunera 6 dias de


trabalho (dias úteis) e 1 dia de repouso.

Assim sendo, o número de horas remuneradas por dia corresponderá ao


número de horas de trabalho por semana dividido por 6 dias úteis.

O divisor, por sua vez, será o resultado do número de horas de trabalho por
dia multiplicado por 30 dias.

Empregado mensalista que trabalha 44 horas por semana, irá


trabalhar por dia:

Logo o DIVISOR será:


Divisor = 44 horas na semana x 30 dias = 220
----------------------------
6 dias na semana
A fórmula do divisor pode ser matematicamente simplificada da seguinte
forma:

Divisor = Horas de trabalho por semana x 5

Dessa forma, os regimes mais comuns de trabalho apresentam os


seguintes divisores:

44 horas semana/6 dias na semana x 30 dias = 220 horas →


simplificando 30/6 = 5
44 horas x 5 = 220 horas
42 horas x 5 = 210 horas
40 horas x 5 = 200 horas
36 horas x 5 = 180 horas
30 horas x 5 = 150 horas
20 horas x 5 = 100 horas

Empregado mensalista que trabalha 44 horas por semana, recebendo um


salário mensal de R$3.520,00:

Divisor 220, logo:

Salário Hora = 3.520 = 16,00 reais por hora


-----------
220
"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. FASE DE EXECUÇÃO.
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA APLICÁVEL AOS
DÉBITOS TRABALHISTAS. OBSERVÂNCIA DO CRITÉRIO
FIXADO NO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. COISA
JULGADA. 1. Com a edição da Lei nº 13.467/2017, que
instituiu a reforma trabalhista, foi incluído o § 7º ao art. 879 da
CLT, que elegeu a TR como índice de correção monetária. A
inconstitucionalidade do referido dispositivo foi questionada
pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do
Trabalho – ANAMATRA, por meio das ADI’s 5.867 e 6.021,
sob o argumento de que a referida norma viola o direito de
propriedade e a proteção do trabalho e do trabalhador. Por
outro lado, o referido dispositivo também foi alvo das ADC’s
58 e 59, em que se buscou a declaração da sua
constitucionalidade. 2. O Plenário do Supremo Tribunal
Federal, no julgamento das mencionadas ações
constitucionais, todas da Relatoria do Ministro Gilmar
Mendes, DEJT 7/4/2021, decidiu, por maioria, julgá-las
parcialmente procedentes, para conferir interpretação,
conforme a Constituição, ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º,
ambos da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017, "
no sentido de considerar que à atualização dos créditos
decorrentes de condenação judicial e à correção dos
depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do
Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução
legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de
juros que vigentes para as condenações cíveis em geral,
quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a
partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do
Código Civil) .". Opostos embargos de declaração em face
dos acórdãos proferidos nas ADCs 58 e 59, o Supremo
Tribunal Federal acolheu parcialmente os declaratórios " tão
somente para sanar o erro material constante da decisão de
julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer
a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do
ajuizamento da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do
Código Civil), sem conferir efeitos infringentes ". Assim, a
incidência da taxa SELIC passou a se dar a partir do
ajuizamento da ação, e não mais da citação, marco temporal
que deve ser observado de ofício pelos magistrados, por
decorrer de erro material na decisão do STF. Observe-se que
em relação à fase judicial, a Corte Suprema foi enfática no
sentido de que a aplicação da taxa Selic não pode ser
cumulada com a de outros índices de atualização monetária,
sob pena de bis in idem . Ainda por maioria, o Tribunal
modulou os efeitos da decisão, ao entendimento de que: (i)
são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão
(na ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação
rescisória) todos os pagamentos realizados utilizando a TR
(IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo
oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive
depósitos judiciais) e os juros da mora de 1% ao mês, assim
como devem ser mantidas e executadas as sentenças
transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua
fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os
juros da mora de 1% ao mês; ii) os processos em curso que
estejam sobrestados na fase de conhecimento
(independentemente de estarem com ou sem sentença,
inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma
retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob
pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial
fundado em interpretação contrária ao posicionamento do
STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e
(iii) igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre
a questão dever-se-ão aplicar eficácia erga omnes e efeito
vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados
em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa
quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros
(omissão expressa ou simples consideração de seguir os
critérios legais). 3. No caso, o presente feito se encontra na
fase de execução e, no acórdão regional, constou
expressamente que " trate-se o presente feito de execução
provisória, considerando que os cálculos observaram o
comando sentencial já transitado em julgado quanto à
correção monetária, até mesmo em observância ao item "8",
I da ementa do STF nos autos das ADCs 58 e 59”. Incólume
o art. 5º, XXII, da Constituição Federal. Agravo conhecido e
desprovido" (Ag-AIRR-10313-78.2020.5.18.0006, 7ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
06/10/2023).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.
Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
ASPECTOS PRÁTICOS DAS PROVAS TRABALHISTAS

Prova é o instrumento processual apto a contribuir para o convencimento


do magistrado acerca da existência de um fato alegado, é um instrumento
de convencimento.
O magistrado é o destinatário final da prova, uma vez que é quem faz sua
última interpretação ou exegese, contudo não pode ser considerado o único
destinatário, uma vez que uma prova levada aos autos pertence ao
processo, logo todos os sujeitos do processo podem ser enxergados como
destinatários da prova.
Na Consolidação das Leis do Trabalho, as provas encontram amparo legal
nos artigos 818 a 830. Sendo aplicáveis os artigos que regulamentam as
provas do Código de Processo Civil de forma subsidiária. Podemos dizer
que o sistema de provas no processo do trabalho é híbrido, composto pelas
normas e provas da CLT combinadas e cumuladas com as do processo
civil.

No processo judicial, a prova da jornada é do empregador e documental,


caso ele tenha mais de vinte empregados. A não juntada dos cartões de
ponto faz presumir a jornada declinada pelo empregado na petição inicial
como verdadeira.
No entanto, os controles de ponto devem refletir a realidade, uma vez que
a jurisprudência uniformizada do TST não tem admitido controles de ponto
britânicos ou invariáveis.
Ponto britânico é a expressão usada quando os horários de entrada e saída
dos funcionários são iguais em todos os dias da semana, sem respeitar os
minutos a mais ou a menos que foram trabalhados.
Os pontos britânicos não são aceitos pois a experiência mostra que é
impossível que os trabalhadores entram e saiam todos os dias nos mesmos
horários.

Nesse sentido Interessante a leitura:


Súmula nº 338 do TST
JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as
Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da
jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada
dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho,
a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res.
121/2003, DJ 21.11.2003)
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento
normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em
20.06.2001)
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são
inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras,
que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se
desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)

"RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL.


PUBLICAÇÃO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. 1. ACIDENTE DE TRABALHO. ACIDENTE
COM SERRA MAKITA. LESÕES NA MÃO DIREITA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INDENIZAÇÕES POR
DANO MORAL. DANOS MATERIAIS E DANO ESTÉTICO
PENSIONAMENTO VITALÍCIO. I. O Tribunal Regional do
Trabalho aplicou a teoria da responsabilidade civil objetiva,
em razão das condições inseguras de trabalho da reclamante,
que operava uma serra ' makita' no momento em que ocorreu
o acidente de trabalho. II. Segundo a pericia, a autora sofreu
lesão corto contusa que comprometeu o 4º e 5º raio da mão
direita, lesionando articulações e tendões do 4º e 5º
quirodáctilo direito. Foi necessário tratamento cirúrgico e
longo período de recuperação. Tais sequelas são definitivas,
e determinam déficit funcional parcial e permanente para
empregada. III. No recurso de revista, a parte recorrente
limitou-se a alegar que a culpa do acidente de trabalho foi
exclusivamente da reclamante e que não estavam reunidos
os requisitos necessários à configuração da responsabilidade
subjetiva. Deixou de atacar, contudo, o fundamento erigido no
acórdão recorrido, qual seja, o de que se aplica a teoria da
responsabilidade objetiva em razão das condições inseguras
de trabalho. IV. Recurso de revista de que não se conhece .
3. QUANTUM INDENIZATÓRIO. DANO MORAL, DANOS
MATERIAIS E DANO ESTÉTICO. I. A parte recorrente não
aponta, no tema, violação a dispositivo nenhum de lei da
Constituição da República, contrariedade a Súmula ou
Orientação Jurisprudencial do TST ou a Súmula Vinculante
do STF, tampouco colaciona arestos para análise de
divergência jurisprudencial, estando, portanto,
desfundamentado o recurso no tema, porquanto não
observadas as exigências do art. 896, "a", "b" e "c", da CLT .
II. Recurso de revista de que não se conhece . 3.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA E HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. I. Para o deferimento da assistência
judiciária gratuita à pessoa natural, é suficiente a declaração
de hipossuficiência econômica, com esteio na Súmula nº 463,
I, do TST. Por outro lado, no tocante aos honorários
advocatícios, há que se observar o entendimento consolidado
no âmbito desta Corte Superior de que é necessária a
ocorrência concomitante de três requisitos: (a) sucumbência
do empregador, (b) comprovação do estado de miserabilidade
jurídica do Reclamante e (c) assistência do trabalhador pelo
sindicato da categoria (existência de credencial sindical).
Esse é o entendimento que se extrai dos arts. 14, 16 e 18 da
Lei nº 5.584/70 e das Súmulas 219, I, e 329 do TST. II. No
caso dos autos, com base no que consta do acórdão regional,
nota-se que não foram preenchidos todos os requisitos da Lei
5.584/70, tendo em vista que a parte reclamante, embora
tenha apresentado declaração da sua situação de
hipossuficiência econômica, não está assistido pelo sindicato
de classe. III. Assim, conclui-se que o Tribunal Regional, ao
considerar suficiente a declaração de pobreza para condenar
a parte reclamada ao pagamento de honorários advocatícios,
contrariou as Súmulas nº 219 e 329 do TST. IV. Recurso de
revista de que conhece e a que se dá provimento" (RR-1160-
54.2012.5.04.0341, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro
Pereira Valadao Lopes, DEJT 12/04/2022).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.

Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
ASPECTOS PRÁTICOS DA TEORIA GERAL DOS
RECURSOS

O Professor Leone Pereira nos ensina que a doutrina define recurso como:
“meio processual idôneo colocado à disposição da parte vencida, do
terceiro prejudicado e do Ministério Público para que a decisão judicial
impugnada seja, na mesma relação jurídico- processual, reformada,
esclarecida, invalidada ou integrada”3.
Sua natureza jurídica é de direito subjetivo processual, sendo um
prolongamento do exercício do direito de ação, meio de impugnação da
decisão na mesma relação jurídico-processual e não de ação autônoma.
Quanto aos princípios que informam os recursos trabalhistas não há
uniformidade doutrinária a respeito de sua enumeração. Não obstante é
possível reconhecer alguns princípios que são comuns ao sistema recursal
do direito processual do trabalho, como o duplo grau de jurisdição,
taxatividade, singularidade (unicidade recursal ou unirrecorribilidade),
fungibilidade, proibição da “reformatio in pejus” e a variabilidade recursal.
Por fim, podemos ressaltar algumas peculiaridades dos recursos
trabalhistas. Os prazos recursais são uniformes segundo o artigo 6º da Lei
5.584/70 que prevê que será de 8 dias, para interpor e contra-arrazoar
qualquer recurso. As decisões interlocutórias são irrecorríveis de forma
imediata/direta. Em regra, são dotados apenas do efeito devolutivo. Os
recursos trabalhistas serão interpostos por simples petição.

3
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais: Editora Casa do Direito,
2022.
O Tribunal Superior do Trabalho editou recentemente um ato conjunto, Ato
Conjunto 3/2020, regulamentando o processamento de casos, no primeiro
grau de jurisdição, de decisão parcial de mérito.
De acordo com a norma, caberá Recurso Ordinário contra a decisão que
julgar parcialmente o mérito, devendo ser aplicadas as regras relativas ao
depósito recursal e ao pagamento das custas processuais.
Nos casos em que houver reforma ou anulação da decisão parcial, com
novo julgamento, a nova decisão será proferida nos próprios autos do
processo autuado na classe “recurso de julgamento parcial”. A nova
decisão deverá ser proferida no prazo de 10 dias.
A parte poderá promover a execução provisória conforme prevê o artigo
356, do CPC/2015. Em não sendo iniciada a execução provisória, ao
retornarem os autos para o primeiro grau, deverá ser certificado o trânsito
em julgado desse capítulo da sentença.

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. REVELIA E
CONFISSÃO FICTA DA ENTIDADE PÚBLICA. ADC 16/DF.
RE 760.931. TEMA 246 DA REPERCUSSÃO GERAL DO
STF. CULPA "IN VIGILANDO". ÔNUS DA PROVA.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. 1.
Confirma-se a decisão monocrática que negou seguimento ao
agravo de instrumento em recurso de revista. 2. Na hipótese,
o acórdão regional foi proferido em sintonia com a Súmula n.º
331, V e VI, do TST e nos limites da decisão do STF na ADC
16/DF (Tema 246 da Repercussão Geral do STF). 3. A
responsabilidade subsidiária da Administração Pública não
decorreu de mero inadimplemento das obrigações
trabalhistas pela empresa prestadora de serviços, mas em
razão da conduta omissiva da entidade pública tomadora de
serviços na fiscalização do adimplemento dessa obrigação,
notadamente, em face de sua revelia e confissão ficta,
premissa fática cujo reexame na via recursal de natureza
extraordinária é vedado pela Súmula n.º 126 do TST. 4.
Consoante a jurisprudência pacífica da SbDI-1 do TST,
incumbe ao ente público, tomador de serviço, o ônus de
comprovar o cumprimento de seu dever contratual e legal de
fiscalizar o adimplemento das obrigações trabalhistas a cargo
da empresa contratada. Incidência do art. 896, § 7º, da CLT.
Agravo a que se nega provimento" (Ag-AIRR-10924-
79.2020.5.15.0017, 1ª Turma, Relator Ministro Amaury
Rodrigues Pinto Junior, DEJT 30/09/2022).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.

Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
ASPECTOS PRÁTICOS DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, AGRAVO DE INSTRUMENTO E AGRAVO
INTERNO

Encontram previsão no art. 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho e


nos arts. 1.022 a 1.026 do Código de Processo Civil, sendo cabível nas
seguintes situações:
a. Para suprir omissão, obscuridade ou contradição do julgado, trata-se
do efeito integrativo ou completivo, que tem por finalidade trazer maior
clareza à decisão;
b. Quando houver denegação de recurso por manifesto equívoco no
exame dos pressupostos recursais objetivos;
c. Para a correção de erro material da decisão;
d. Para fins de prequestionamento, quando tal requisito for necessário
para a interposição de outros recursos.
Serão apresentados em peça única, dirigida ao juízo que prolatou a
decisão. Em regra, não há contrarrazões no bojo dos embargos de
declaração, salvo na hipótese de efeito modificativo ou infringente (art. 897-
A, da CLT).
Estão sujeitos ao juízo de admissibilidade a quo, primeiro juízo de
admissibilidade recursal. Não havendo juízo de admissibilidade ad quem,
uma vez que são opostos e julgados no próprio juízo ou órgão que proferiu
a decisão impugnada.
O prazo para interposição é de 5 dias, sendo de 5 dias também o prazo
para contrarrazões. Não há preparo, hipótese de isenção objetiva,
abrangendo tanto custas quanto depósito recursal (art. 1.023, caput, do
CPC).
Por fim, a oposição dos embargos de declaração interrompe o prazo para
a interposição de outros recursos, exceto nos casos de intempestividade,
irregularidade de representação da parte ou ausência de assinatura (art.
897-A, §3º, da CLT). Se o julgador entender que os embargos são
meramente protelatórios, à parte embargante será aplicada multa de até
2% do valor da causa, e na reiteração dos embargos, de até 10% (art.
1.026, do CPC).
O agravo de instrumento é cabível contra despacho denegatório de
seguimento de recurso no juízo a quo, ou seja, primeiro juízo de
admissibilidade recursal. Não se está diante de recurso que ataca o mérito
de uma decisão. Seu objetivo é fazer com que o recurso seja admitido e
apreciado pelo Tribunal ad quem.
Se o despacho denegatório de seguimento de recurso se der no juízo ad
quem – segundo juízo de admissibilidade recursal – o recurso interposto
para o regular processamento do recurso denegado será o agravo
regimental (interno).
O agravo de instrumento trabalhista encontra previsão no art. 897, b e §§2º
e 4º a 7º, da CLT, devendo ser interposto no prazo de 8 dias. Na fase de
conhecimento o agravo de instrumento é isento de custas, no entanto,
haverá a necessidade do depósito recursal, que corresponderá a 50% do
valor do depósito recursal ao qual pretende destrancar.
Na execução, há a necessidade de recolhimento de custas, nos termos do
art. 789-A, III, da CLT, por seu turno, o depósito recursal somente será
necessário se o juízo ainda não estiver garantido (Súmula 128, II, do TST).

Os embargos declaratórios surgiram no Direito português, como meio de


obstar ou impedir os efeitos de um ato ou decisão judicial. Foram
primeiramente regulados nas Ordenações Afonsinas, Manuelinas e
Filipinas.
São um instituto tipicamente luso-brasileiros e não aparecem nas
legislações atuais estrangeiras. Em geral, os países se valem de diferentes
medidas judiciais, visando à necessidade de aclarar e complementar
decisões.
Como exemplo podemos citar o Código Civil italiano que traz a
possibilidade de correção da sentença em casos de omissão ou erros
materiais de cálculos. No entanto, outros tipos de correção, como as
hipóteses embargáveis no direito brasileiro, devem ser impugnados por
outros meios processuais.

"RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL


PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017.
EXECUÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA
APLICÁVEL AOS DÉBITOS TRABALHISTAS. DECISÃO DO
STF. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. 1. A
matéria detém transcendência jurídica, nos termos do art.
896-A, §1º, IV, da CLT. 2. A Corte Regional determinou a
aplicação do IPCA-E a partir de 30/06/2009, como índice de
correção monetária aplicável aos débitos trabalhistas. 3. Com
a edição da Lei 13.467/2017, que instituiu a reforma
trabalhista, foi incluído o § 7º ao art. 879 da CLT, que elegeu
a TR como índice de correção monetária. A
inconstitucionalidade do referido dispositivo foi questionada
pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do
Trabalho - ANAMATRA, por meio das ADI' s 5.867 e 6.021,
sob o argumento de que a referida norma viola o direito de
propriedade e a proteção do trabalho e do trabalhador. Por
outro lado, o referido dispositivo também foi alvo das ADC' s
58 e 59, em que se buscou a declaração da sua
constitucionalidade. 4. O Plenário do Supremo Tribunal
Federal, no julgamento das mencionadas ações
constitucionais, todas da Relatoria do Ministro Gilmar
Mendes, DEJT 7/4/2021, decidiu, por maioria, julgá-las
parcialmente procedentes, para conferir interpretação,
conforme a Constituição, ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º,
ambos da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de 2017, "no
sentido de considerar que à atualização dos créditos
decorrentes de condenação judicial e à correção dos
depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do
Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução
legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de
juros vigentes para as condenações cíveis em geral, quais
sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir
da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código
Civil.". Opostos embargos de declaração em face dos
acórdãos proferidos nas ADCs 58 e 59, o Supremo Tribunal
Federal acolheu parcialmente os declaratórios "tão somente
para sanar o erro material constante da decisão de
julgamento e do resumo do acórdão, de modo a estabelecer
a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do
ajuizamento da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do
Código Civil), sem conferir efeitos infringentes". Assim, a
incidência da taxa SELIC passou a se dar a partir do
ajuizamento da ação, e não mais da citação, marco temporal
que deve ser observado de ofício pelos magistrados, por
decorrer de erro material na decisão do STF. Observe-se que
em relação à fase judicial, a Corte Suprema foi enfática no
sentido de que a aplicação da taxa Selic não pode ser
cumulada com a aplicação de outros índices de atualização
monetária, sob pena de bis in idem . Ainda por maioria, o
Tribunal modulou os efeitos da decisão, ao entendimento de
que: (i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer
rediscussão (na ação em curso ou em nova demanda,
incluindo ação rescisória) todos os pagamentos realizados
utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo
e modo oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive
depósitos judiciais) e os juros da mora de 1% ao mês, assim
como devem ser mantidas e executadas as sentenças
transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua
fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os
juros da mora de 1% ao mês; ii) os processos em curso que
estejam sobrestados na fase de conhecimento
(independentemente de estarem com ou sem sentença,
inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma
retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob
pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial
fundado em interpretação contrária ao posicionamento do
STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e
(iii) igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre
a questão dever-se-ão aplicar eficácia erga omnes e efeito
vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados
em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa
quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros
(omissão expressa ou simples consideração de seguir os
critérios legais). 5. No presente caso , tendo o Regional fixado
a o IPCA-E como único índice de correção monetária,
contrariamente ao decidido pelo STF, no sentido da
"incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do
ajuizamento da ação , a incidência da taxa SELIC", o recurso
de revista merece conhecimento. Recurso de revista
conhecido por violação do 5º, II, da Constituição da República,
e provido" (RR-100995-83.2018.5.01.0051, 8ª Turma, Relator
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
03/10/2022).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.

Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
ASPECTOS PRÁTICOS DA TEORIA GERAL DA
EXECUÇÃO

No Processo do Trabalho, as sentenças que contêm obrigações de fazer,


não fazer, entregar e pagar quantia certa sempre foram executadas nos
mesmos autos e perante o mesmo juízo. Não obstante essa
intercomunicação de atos processuais, duas correntes doutrinárias se
apresentam a respeito da natureza jurídica da execução de sentença
trabalhista.
A primeira corrente sustenta que a execução de sentença trabalhista é um
“processo”, já que tem início com a instauração de um (novo) processo de
execução de título judicial.
A segunda corrente, por sua vez, sustenta que a execução trabalhista nada
mais é do que simples fase (ou módulo) do processo trabalhista de
conhecimento. Vale dizer que, para os defensores desta corrente não há
um processo autônomo de execução trabalhista.
O título executivo é o documento, que preenche os requisitos previstos na
lei, contendo uma obrigação a ser cumprida, individualizando as partes
devedora e credora da obrigação, com força executiva perante os órgãos
jurisdicionais. Já os títulos executivos extrajudiciais são os títulos criados
pelas próprias partes. Os títulos encontram-se descritos no art. 876, da
CLT.

Em agosto de 2020 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) implantou o


Sistema de Buscas de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud), que veio para
substituir o Bacenjud.
A nova plataforma virtual permite que servidores de todos os ramos do
Poder Judiciário solicitem o bloqueio on-line de ativos dos devedores, trata-
se de um mecanismo mais rápido e eficaz para garantir a prestação
jurisdicional.
O novo sistema permitirá requisitar informações detalhadas sobre extratos
de conta corrente, o envio eletrônico de ordens de bloqueio e requisições
de informações básicas de cadastro e saldo, e os juízes poderão emitir
ordens solicitando informações dos devedores às instituições financeiras.
Podem ser bloqueados tanto os valores em conta corrente como ativos
mobiliários como títulos de renda fixa e ações. Sendo possível a reiteração
automática de ordens de bloqueio.

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA


INTERPOSTO PELOS LITISCONSORTES. ATO DITO
COATOR PROFERIDO NA VIGÊNCIA DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 2015. EXECUÇÃO. PENHORA
SOBRE SALÁRIO. LEGALIDADE. ARTIGOS 833, IV, § 2º, E
529, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
INAPLICABILIDADE DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL
Nº 153 DA SBDI-II DO TST. CONHECIMENTO E
PROVIMENTO. I. O artigo 833, IV e § 2º, do Código de
Processo Civil de 2015, ao permitir apenhorade parte de
salários, proventos e pensões para pagamento de prestação
alimentícia, seja qual for a sua origem, admite apenhorapara
a satisfação do crédito trabalhista, de inequívoco caráter
alimentar. II. No caso concreto, o ato impugnado via mandado
de segurança consiste na decisão proferida nos autos da
ação matriz, no curso da execução, em 21 de outubro de
2020, que manteve o bloqueio de ativos financeiros
efetivados, via Sisbajud, na conta corrente da parte
impetrante, bem como determinou a penhora mensal de 30%
(trinta por centos) de seus vencimentos. III. Na ação
mandamental, sustentou a parte impetrante - ora recorrida -
que " o salário é impenhorável de acordo com o art. 833, IV,
do CPC. A impenhorabilidade prevista no referido dispositivo
comporta exceção apenas nos casos que envolvem
prestação alimentícia, verba que não se confunde com os
créditos trabalhistas, a despeito da natureza alimentar destes
últimos". Pleiteou, inaudita altera parte , a suspensão do ato
impugnado. IV. Distribuído o feito, o Desembargador Relator,
por meio de decisão unipessoal, deferiu a liminar pretendida,
determinando a cassação da decisão, sob o fundamento, em
síntese, de que " é incabível a constrição sobre o salário do
executado, independentemente do valor por ele auferido e
ainda que inexistam outros meios de obtenção de valores
para pagamento do crédito detido pelo agravante ".
Posteriormente, a Seção Especializada em Dissídios
Individuais do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região,
por unanimidade, conheceu do mandamus e, no mérito, deu-
lhe provimento, confirmando os fundamentos já exarados na
decisão liminar. Contra essa decisão, recorreram os
litisconsortes, por meio do vertente recurso ordinário,
pleiteando que " seja reestabelecida a ordem de bloqueio de
30% dos salários, liberando aos litisconsortes/exequentes os
valores que lhe são devidos oriundos da execução no
processo principal ". V. Quanto ao cabimento do mandado de
segurança no caso concreto, verifica-se que o ato dito coator
é capaz de produzir efeitos extraprocessuais lesivos à esfera
jurídica da parte impetrante, o que enseja o cabimento do
mandado de segurança. VI. Isso porque, não obstante contra
a decisão impugnada fossem oponíveis embargos à
execução, tal instituto tem natureza jurídica de ação, além de
exigir a garantia do juízo, não possuindo aptidão para, de
plano, sustar os efeitos exógenos da decisão. VII. No mérito,
não se constata a ilegalidade ou a abusividade do ato
impugnado, porquanto observado o disposto no artigo 833, IV
e § 2º, do Código de Processo Civil de 2015, o qual permite a
penhora de parcelas salariais para adimplemento de créditos
de natureza alimentícia de qualquer natureza, dentre os quais
se encontram os de caráter trabalhista. Nessa diretriz, sinaliza
a redação da Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-II,
com redação dada pela Resolução 220/2017. Precedentes da
SBDI-II do TST. VIII. Assim, afigura-se imperiosa a reforma
do acórdão proferido pelo Tribunal Regional, a fim de
restabelecer os efeitos do ato coator, que determinou a
penhora de 30% da remuneração líquida da parte impetrante,
nos termos em que proferido. No que toca ao pedido recursal
formulado pelas partes litisconsortes no sentido de liberação
imediata de valores, o exame desse pleito incumbe à
autoridade coatora, nos termos da decisão atacada, que
assim dispôs " nada sendo requerido, liberem-se as quantias
bloqueadas aos exequentes ", sob pena de, em sede
mandamental, este Colegiado adentrar na função inerente ao
juiz natural para a causa. IX. Recurso ordinário de que se
conhece e a que se dá provimento" (ROT-2904-
37.2020.5.12.0000, Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes,
DEJT 23/09/2022).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.

Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
ASPECTOS PRÁTICOS DOS PROCEDIMENTOS
ESPECIAIS

Conforme dispõe o art. 1º da Instrução Normativa 27/2005 do TST, a ação


rescisória, o mandado de segurança, o habeas corpus, o habeas data, a
ação cautelar e a ação de consignação em pagamento, observarão
aspectos procedimentais peculiares por se tratar de ações de ritos
especiais.
O inquérito judicial para apuração de falta grave consiste numa ação de rito
especial trabalhista, de jurisdição contenciosa destinada a pôr fim ao
contrato de trabalho do empregado estável. Em razão disso, a natureza do
inquérito é de ação constitutiva negativa ou desconstitutiva do contrato de
trabalho . Encontra previsão nos artigos 494, 853 a 855, da CLT.
A ação rescisória é uma ação especial, que tem por objeto desconstituir ou
anular uma decisão judicial de mérito transitada em julgado, pela existência
de vícios em seu bojo. A natureza jurídica da ação rescisória é de ação de
impugnação autônoma, pois cria uma relação jurídica processual.
Por sua vez, o mandado de segurança, previsto expressamente no inciso
LXIX, do art. 5º da Constituição Federal, e regulamentado pela Lei
12.016/2009, tem como objetivo a tutela de direito líquido e certo, em face
de lesão ou ameaça de lesão, por ato ou omissão de autoridade, não
amparados por habeas data ou habeas corpus.

Como nos ensina o professor Leone Pereira, dissídio coletivo pode ser
conceituado como “o processo coletivo ajuizado no Poder Judiciário
Trabalhista que tem por objeto interesses gerais e abstratos das categorias
profissionais e econômicas envolvidas.”
Os conflitos coletivos, que ensejam o dissídio, podem ser classificados de
duas formas: a) conflito coletivo de natureza jurídica ou de direito, que tem
por objeto a interpretação ou aplicação de direito já existente, previsto em
sentença normativa, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de
trabalho ou regulamento empresarial; e o b) conflito coletivo de natureza
econômica ou de interesse que tem por objeto a criação de novas
condições de trabalho.
O Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho apresenta, dentre as
classificações do dissídio coletivo, o relacionado à greve, que, segundo o
autor, ostenta a natureza mista.

"I - AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO


DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. Demonstrado o desacerto
da decisão agravada na análise da transcendência da causa,
porquanto, nos termos do art. 896-A, §1º, IV, da CLT,
constata-se a transcendência jurídica. Agravo provido para
prosseguir na análise do agravo de instrumento. II- AGRAVO
DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. PLANO DE SAÚDE.
DISSÍDIO COLETIVO REVISIONAL Nº 1000295-
05.2017.5.00.0000. ALTERAÇÃO DA CLÁUSULA 28 DO
ACT DE 2017/2018. COBRANÇA DE MENSALIDADE E
COPARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS ATIVOS E
APOSENTADOS. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. No caso
dos autos , debate-se a alteração da cláusula 28 do acordo
coletivo de trabalho 2017/2018, celebrado entre a ECT e o
Sindicato da categoria profissional, por determinação de
sentença normativa proferida pela SDC desta Corte Superior,
que passou a autorizar a cobrança de mensalidade e
coparticipação dos beneficiários ativos e aposentados no
custeio do plano de saúde fornecido pela ECT. Trata-se de
questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista, circunstância apta a caracterizar a transcendência
jurídica do recurso, nos termos do art. 896-A, §1º, IV, da CLT.
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS -
ECT. PLANO DE SAÚDE. DISSÍDIO COLETIVO
REVISIONAL Nº 1000295-05.2017.5.00.0000. ALTERAÇÃO
DA CLÁUSULA 28 DO ACT DE 2017/2018. COBRANÇA DE
MENSALIDADE E COPARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS
ATIVOS E APOSENTADOS. Ao julgar o Dissídio Coletivo n.º
1000295-05.2017.5.00.0000, a Seção de Dissídios Coletivos
desta Corte Superior proferiu Sentença Normativa que alterou
a cláusula 28 do acordo coletivo do trabalho 2017/2018, a qual
passou a autorizar, expressamente, a cobrança de
mensalidade e coparticipação de empregados ativos e
aposentados, no custeio do plano de saúde fornecido pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT. No
mencionado julgado, após a análise das peculiaridades do
caso concreto, foi constatada a inviabilidade de manutenção
do plano de saúde nas condições inicialmente pactuadas,
frente ao desequilíbrio da relação contratual, e da
possibilidade de insolvência da empresa, a qual poderia
alcançar a sobrevivência do plano de saúde. Nesse sentido,
foi destacado que "o princípio pacta sunt servanda encontra
limites quando da existência de alteração das condições
econômicas no momento da execução do contrato, nos
termos da teoria da imprevisão rebus sic stantibus ". Deste
modo, a fim de garantir a viabilidade econômica necessária
para manutenção do referido benefício de assistência à
saúde, a Seção de Dissídios Coletivos do TST decidiu alterar
a cláusula 28 do ACT 2017/2018. Ressalte-se que a alteração
da cláusula contratual em análise decorreu de decisão
judicial, a qual levou em consideração a necessidade de
reequilíbrio econômico-financeiro da reclamada com o fim de
garantir a continuidade do plano de saúde e, dessa forma,
resguardar os direitos sociais dos beneficiários, não havendo
que se falar em alteração contratual unilateral e lesiva do
contrato de trabalho, nos termos do art. 468 da CLT. Decisão
regional em consonância com a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho. Óbice da Súmula 333 do TST. Agravo
de instrumento não provido" (Ag-AIRR-1003-
70.2020.5.09.0015, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar
Leite de Carvalho, DEJT 30/09/2022).

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais:


Casa do Direito, 2022.

Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Código de Processo Civil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a leitura deste material e o acompanhamento das videoaulas ministradas
pelo(s) professor(es), finalize o seu aprendizado efetuando a atividade
autoinstrucional, disponível na área do aluno, no menu plataforma de atividades
no link “provas e atividades”. O gabarito será visualizado, conforme a programação
do cronograma da disciplina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 8ª ed. Minas Gerais: Editora
Casa do Direito, 2022.

PEREIRA, Leone. Prática Trabalhista – Prática Jurídica. 12ª ed. São Paulo: Editora
Rideel, 2022.

PEREIRA, Leone; et al. Vade Mecum Trabalhista. 1ª ed. São Paulo: Editora Rideel,
2022.

PEREIRA, Leone; SCALERCIO, Marcos; SANTIAGO, Renato. Temas Atuais de


Direito e Processo do Trabalho – Teoria e Prática. São Paulo: Editora Letramento,
2022.

PEREIRA, Leone; SCALERCIO, Marcos; SANTIAGO, Renato. Organizadores –


Dicionário Laboral. 1ª ed. Minas Gerais: Casa do Direito, 2022.

PEREIRA, Leone; SCALERCIO, Marcos; SANTIAGO, Renato. CLT – Consolidação


das Leis do Trabalho – Comentada. 1ª ed. Salvador: Editora JusPodvim, 2022.

PEREIRA, Leone; SCALERCIO, Marcos; MINTO, Tulio. Súmulas e OJs


Organizadas para 2ª fase da OAB. 1ª ed., 2022.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito Processual do Trabalho. 9ª ed.
São Paulo: Saraivajur, 2020.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 20ª ed.
São Paulo: Editora Saraivajur, 2022.

MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 44ª ed. São Paulo:
Saraivajur, 2022.

SCHIAVI, Mauro. Manual Didático de Direito Processual do Trabalho. 2ª ed.


Salvador: Juspodivm, 2022.

SCHIAVI, Mauro. A reforma trabalhista e o processo do trabalho. 3ª ed. São Paulo:


LTr, 2018.

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